UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Cláudia Carolina Santos Ribeiro de Assis Danielly Nunes Bastos Egiane Natália Faria Sena Herculano Felipe Ribeiro de Amorim HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: o enfermeiro da atenção primária interferindo no ciclo vicioso de degradação renal Governador Valadares 2009 CLÁUDIA CAROLINA SANTOS RIBEIRO DE ASSIS DANIIELLY NUNES BASTOS EGIANE NATÁLIA FARIA SENA HERCULANO FELIPE RIBEIRO DE AMORIM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: o enfermeiro da atenção primária interferindo no ciclo vicioso de degradação renal Trabalho de conclusão curso constituído de revisão bibliográfica submetida ao Curso de Enfermagem da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª Êrick da Silva Ramalho Governador Valadares 2009 CLÁUDIA CAROLINA SANTOS RIBEIRO DE ASSIS DANIIELLY NUNES BASTOS EGIANE NATÁLIA FARIA SENA HERCULANO FELIPE RIBEIRO DE AMORIM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: o enfermeiro da atenção primária interferindo no ciclo vicioso de degradação renal Trabalho de conclusão curso constituído de revisão bibliográfica submetida ao Curso de Enfermagem da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem. Governador Valadares, ____ de ___________ de____. Banca Examinadora: ______________________________________ Profª: Êrick da Silva Ramalho – Orientadora Universidade Vale do Rio Doce ______________________________________ Profª: Denise Dias Cardoso Universidade Vale do Rio Doce ______________________________________ Profª: Flávia Rodrigues Pereira Universidade Vale do Rio Doce ______________________________________ Profª: Tatiana Heidi Oliveira Universidade Vale do Rio Doce Dedicamos este trabalho a todos que acreditam em nosso potencial e que contribuíram para alcançarmos nossos objetivos. Em especial aos nossos pais que formaram a torcida mais fiel a cada novo desafio, vibrando quando vencíamos, nos ajudando a levantar a cada derrota, que nos acolheram e saudaram com palavras de conforto e incentivo. Enfim, agora vestidos de emoção e com os corações inebriados pelo sabor da vitória. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, que nos deu a vida com capacidade de pensar, descobrir, discernir, criar e questionar. Àquele que se fez presente em todos os momentos, mostrando-nos sempre o melhor caminho a seguir. Aos colegas, pois nesse pátio de construção de conhecimentos concretizamo-nos como mentes pensantes elaborando profissionais humanos através das vivencias diárias de cotidianos culturais, que perpassam mundos parecidos, mas tão diferentes. Seria um infortúnio não se lembrar da orientadora e dos professores, agentes da educação, com qual crescemos humanisticamente. Obrigado pela perseverança, paciência, versatilidade e inovação. Aqui estamos, como sobreviventes de uma longa jornada árdua, mas valiosa, muito mais entendidos, fortes e hábeis, com coragem suficiente para atuar profissionalmente e com ética para uma assistência mais qualificada e para uma enfermagem melhor estruturada e valorizada. Obrigado Senhor, por abençoar as nossas vidas. “É melhor tentar e falhar, que preocupar-se a ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver...” Martin Luther King RESUMO O presente trabalho propõe uma reflexão acerca da prevenção da Doença Renal Crônica com base nos pressupostos da integralidade, adscrição da população e ação do profissional enfermeiro dentro da equipe com o enfoque preventivo. A hipertensão arterial é uma das principais causas de insuficiência renal crônica e a associação dessas duas situações clínicas aumenta consideravelmente o risco cardiovascular e hoje constituem um grave problema de saúde pública mundial, com exponencial aumento de incidência e prevalência. Os principais mecanismos da hipertensão arterial na insuficiência renal crônica são a sobrecarga salina e de volume, além do aumento de atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona e disfunção endotelial. A Estratégia de Saúde da Família tornou-se o modelo assistencial da atenção primária à saúde no Brasil e os profissionais que compõem as equipes são responsáveis pelo primeiro contato com os pacientes. Nesse contexto o enfermeiro atua como educador em saúde e interfere no ciclo vicioso de degradação renal através da ação conjunta ao paciente nos fatores de risco modificáveis. Por serem patologias de grande importância e por sua relação com as altas taxas de morbidade e mortalidade esta pesquisa busca relacionar a hipertensão arterial sistêmica como fator causal da Doença Renal Crônica ressaltando a importância da atuação do profissional enfermeiro na atenção primária à saúde. Palavras-chave: Enfermeiro. Hipertensão Arterial Sistêmica. Doença Renal Crônica. Atenção primária. ABSTRACT This work proposes a reflection on the Prevention of Chronic Kidney Disease from the requirements of completeness, and allegiance of the population share of the professional nurse within the team to focus on prevention. Hypertension is a major cause of chronic renal failure and the association of these two clinical conditions greatly increases the cardiovascular risk and currently constitute a serious public health problem worldwide, with an exponential increase in the incidence and prevalence. The main mechanisms of hypertension in chronic renal failure are overloading and saline volume, plus an increased activity of the reninangiotensin-aldosterone system and endothelial dysfunction. The Health Strategy for the Family has become the model of care of primary care in Brazil and the professionals who make up the teams are responsible for first contact with patients. In this context the nurse acts as a health educator and interfere in the vicious cycle of renal degradation of joint action by the patient in modifiable risk factors. Because they are diseases of great importance and its relation to the high rates of morbidity and mortality, this research seeks to relate to hypertension as a causal factor of chronic kidney disease emphasizing the importance of the role of professional nurses in primary health care. Key-words: Nurse. Hypertension. Chronic Kidney Disease. Primary Care. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação da hipertensão arterial.......................................................................13 Tabela 2 – Recomendações para a monitorização e acompanhamento dos pacientes hipertensos................................................................................................................................14 Tabela 3 – Estadiamento da Doença Renal Crônica através da filtração glomerular.............. 21 LISTA DE SIGLAS CG – Cockcroft-Gault COFEN – Conselho Federal de Enfermagem DASH – Dietary Approaches to Stop Hypertension DRC - Doença Renal Crônica DRCT - Doença Renal Crônica Terminal ESF – Estratégia de Saúde da Família FG – Filtração Glomerular HA – Hipertensão Arterial HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica IFKF - International Federation of Kidney Foundations IMC – Índice de Massa Corporal ISN - International Society of Nephrology JNC - Joint National Committee on the Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of Higth Blood Pressure MDRD – Modification of Diet in Renal Disease MS – Ministério da Saúde NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da Família OMS – Organização Mundial da Saúde PA – Pressão Arterial PAD – Pressão Arterial Diastólica PAS – Pressão Arterial Sistólica PSF – Programa de Saúde da Família SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem SBN – Sociedade Brasileira de Nefrologia SISHIPERDIA – Sistema de Informação de Hipertensão e Diabetes SUS – Sistema Único de Saúde TSR – Terapia de Substituição Renal USF – Unidade de Saúde da Família SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 111 2 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA .................................................................... 13 3 DEGRADAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL .......................................................................... 16 4 DOENÇA RENAL CRÔNICA ........................................................................................... 19 5 SUS: UM BREVE HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO NA ATENÇÃO AO HIPERTENSO .................................................................................................................................................. 23 6 MUDANÇA DE HÁBITO: TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO ................... 26 6.1 EXERCÍCIO FÍSICO.......................................................................................................... 26 6.2 TABAGISMO ..................................................................................................................... 28 6.3 TERAPIA ALIMENTAR E CONTROLE DE PESO ......................................................... 29 6.3.1 Suplementação de Potássio, Cálcio e Magnésio .......................................................... 32 6.4 ESTRESSE ......................................................................................................................... 32 6.5 ETILISMO .......................................................................................................................... 33 7 O ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA, COMO INSTRUMENTO PARA PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DA SAÚDE E INTERVENÇÃO NO SURGIMENTO DA DOENÇA RENAL .................................................................................................................. 35 8 METODOLOGIA................................................................................................................ 40 9 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 41 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 43 ANEXOS ................................................................................................................................. 51 11 1 INTRODUÇÃO Abreu (2006), o Brasil (2006), Bregman (2007) e Lugon (2009) descrevem a Doença Renal Crônica (DRC) como uma doença crônico-degenerativa de importância mundial e um sério problema de saúde pública no Brasil, que tem como uma das principais causas, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). De acordo com Brasil (2009) a atenção primária tem a saúde da família como estratégia prioritária para sua organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e possui como fundamento possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada preferencial do sistema de saúde. Sua atuação se dá por meio da prevenção de doenças e promoção de saúde junto à comunidade. Em destaque nesse contexto de atenção primária do Sistema Único de Saúde, existe um profissional de saúde titular de ensino superior denominado enfermeiro com atribuições específicas no contexto de prevenção e promoção da saúde. Tendo em vista esse panorama, questionou-se: qual a relação entre Hipertensão Arterial Sistêmica e Doença Renal Crônica e a função do enfermeiro da atenção primária nesse processo? Realizou-se então uma extensa pesquisa em base de dados de cunho científico da internet e livros afins para estabelecer e descrever a HAS como causadora da DRC e o importante papel do enfermeiro da atenção primária. Os primeiros estudos sobre Doença Renal Crônica foram feitos por Richard Bright em 1836 no Guy’s Hospital na Inglaterra, através da análise das características morfológicas dos rins de um paciente autopsiado, portador de Hipertensão Arterial Sistêmica (FILHO; BRITO, 2006). Filho e Brito (2006) afirmam que levantamentos epidemiológicos sugerem a existência atual de aproximadamente um milhão de pessoas com doença renal crônica terminal (DRCT), submetidas à terapia de substituição renal (TSR), em todo mundo. As projeções indicam que esse número deverá duplicar em um período de apenas cinco anos. Esses dados levantam discussão a respeito do prognóstico dessa epidemia, sendo assim a Internacional Society of Nephrology (ISN) e a Internacional Federation of Kidney Foundations (IFKF) estimaram a ocorrência de 36 milhões de óbitos por DRC e doenças vasculares até o ano de 2015. Bortolotto (2008) relata que uma das principais causas para o desenvolvimento de DRC é o expressivo crescimento do número de casos de Hipertensão Arterial Sistêmica. Filho e Brito (2006) acreditam que no mundo os eventos cardiovasculares são os principais 12 responsáveis pela mortalidade de indivíduos com DRCT, aumentando em até 20 vezes as chances de óbito nesses pacientes, além de concordarem também, que a hipertensão arterial não pode deixar de ser mencionada, pelo fato de acometer cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e corresponder a 35,8% do diagnóstico de base dos pacientes em diálise, liderando o ranking de causas da DRC no Brasil de acordo com o censo de 2008 da Sociedade Brasileira de Nefrologia Outro fator importante para o crescimento de casos de DRC é o aumento na expectativa de vida da população mundial, devido ao decréscimo fisiológico da função renal em 10% a cada dez anos após os 40 anos de idade (GUYTON; HALL, 2006). O Censo de Diálise de 2006 da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) levanta dados como os gastos com Terapia Renal Substitutiva que no Brasil superaram 1 bilhão de reais no ano de 2006, e tal valor refere-se à fonte pagadora 87,2% dos recursos para tratamento dialítico provenientes do Sistema Único de Saúde. Complementando, o Censo de Diálise de 2008 da Sociedade Brasileira de Nefrologia afirma que existem hoje, no Brasil, 87.044 pacientes em tratamento dialítico por ano, representando uma prevalência de 468 pacientes por milhão de pessoas (pmp) e estima-se que o número de pacientes novos por ano seja de 26.177. Sendo assim, esse trabalho teve como objetivo geral, relacionar a hipertensão arterial sistêmica como fator causal da Doença Renal Crônica ressaltando a importância da atuação do profissional enfermeiro na atenção primária à saúde, e como específicos explanar aspectos fisiopatológicos da doença renal crônica ocasionada pela hipertensão arterial sistêmica e características desse processo. Identificar e especificar a função do profissional enfermeiro na atenção primária diante do paciente hipertenso na prevenção da DRC. Incentivo o uso dos métodos existentes e mais atuais, para determinação da filtração glomerular, possibilitando o diagnóstico e estadiamento precoce da DRC. Levantar as medidas de prevenção a serem aplicadas a pacientes hipertensos para que não desenvolvam ou agravem o quadro de DRC. Portanto, com essa análise espera-se servir de motivação para a criação de um programa em nível de atenção primária para a prevenção de Doença Renal Crônica em pacientes com risco em potencial e ainda como base de dados de pesquisa para a comunidade acadêmica e profissional da área da saúde. 13 2 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Brasil (2006) retrata a hipertensão arterial sistêmica como um grave problema de saúde pública. Corroborando com o apresentado, a IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2002) ressalta a hipertensão arterial como uma doença multifatorial que apresenta elevado custo médico-social, principalmente por sua participação em complicações tais como: as cerebrovasculares; a doença arterial coronária; a insuficiência cardíaca; a insuficiência renal crônica e a doença vascular de extremidades. Para ser caracterizado como hipertenso é necessário apresentar uma pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão diastólica maior ou igual a 90mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva. (BRASIL, 2006). O JNC (Joint National Committee on the Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of Higtb Blood Pressure, 2003) afirma ainda que, o diagnostico de hipertensão deve basear-se na medida de duas ou mais mensurações da pressão arterial, obtidas em dois ou mais contatos com o profissional de saúde, depois de uma avaliação inicial (MINAS GERAIS, 2006). Estadia-se níveis pressóricos para maiores de 18 anos conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) de acordo com a tabela1. Tabela 1 – Classificação da hipertensão arterial Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130-139 85-89 Hipertensão estágio 1 140-159 90-99 Hipertensão estágio 2 160-179 100-109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90 Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2006 Ainda em acordo com a diretriz supracitada, quando as pressões sistólica e diastólica de um paciente situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial. 14 Smeltzer e Bare (2005) e, Minas Gerais (2006) através da Linha-guia hipertensão e diabetes, classificam a HAS como hipertensão primária, quando o motivo para a elevação na pressão arterial não pode ser identificado e hipertensão secundária, quando a pressão arterial elevada é decorrente de uma causa identificada, como o estreitamento das artérias renais, doença parenquimatosa renal, determinados medicamentos, gestação e coarctação da aorta. Afirmam também que o primeiro caso é o mais incidente na população mundial. Levando em consideração essa condição multifatorial a HAS pode ser resultado de: a) atividade aumentada do sistema nervoso simpático; b) reabsorção renal de sódio, cloreto e água aumentada ligada a uma variação genética das vias pelas quais os rins manuseiam o sódio; c) atividade aumentada do sistema renina-angiotensina-aldosterona, resultando em expansão do volume de líquidos extracelular e resistência vascular sistêmica aumentada; d) vasodilatação diminuída das arteríolas ligadas à disfunção do endotélio vascular; e) resistência a ação da insulina, que pode ser fator comum ligando a hipertensão, diabetes melito do tipo 2, hipertrigliceridemia, obesidade e intolerância a glicose (SMELTZER; BARE, 2005). O JNC também desenvolveu recomendações para a monitorização e acompanhamento dos pacientes hipertensos de acordo com leituras iniciais da pressão arterial no momento do diagnostico (MNAS GERAIS, 2006). Tabela 2 – Recomendações para a monitorização e acompanhamento dos pacientes hipertensos Pressão Arterial Inicial (mmHg) Sistólica Diastólica Acompanhamento recomendado <130 <85 Rever em 2 anos 130-139 85-89 Rever em 1 ano 140-159 90-99 Confirmar dentro de 2 meses 160-179 100-109 Avaliar ou referir para instituição de cuidados dentro de 1 mês ≥ 180 ≥ 110 Avaliar ou referir para fonte de tratamento imediatamente ou dentro de uma semana, dependendo da situação clínica. Fonte: Minas gerais – 2006 15 A conduta a ser adotada diante de uma doença crônica como a hipertensão arterial é permanente, a adesão ao plano terapêutico ocorre à medida que o cliente conhece a patologia e suas consequências em longo prazo e os benefícios decorrentes do alcance e da manutenção do tratamento que tem como objetivo a melhora na qualidade de vida, a prevenção de complicações agudas e crônicas relacionadas direta ou indiretamente com a HAS, tratamento das doenças concomitantes e redução da mortalidade (MINAS GERAIS, 2006). De acordo com a Linha-Guia da Secretaria de Estado da Saúde, um dos critérios para recomendação do esquema terapêutico para os fatores modificáveis e não modificáveis e a classificação quanto a lesões em órgãos-alvo e o risco cardiovascular, estratificam-se os riscos da seguinte maneira: a) risco baixo – paciente sem fatores de risco e sem lesão em órgãos alvo com hipertensão leve: PAS 140-159 ou PAD 90-99. Em contrapartida esse mesmo paciente pode ser classificado como risco médio, caso os níveis tensionais encontre-se em Hipertensão moderada: PAS 160-179 ou PAD 100-109 ou ainda, em risco alto nos casos de Hipertensão grave: PAS >180 ou PAD >110; b) risco médio – paciente com presença de fatores de risco (não incluindo diabetes mellitus) e sem lesão em órgãos-alvo com níveis pressóricos entre 140-179 de PAS e PAD 90-109 ou risco muito alto nos casos de hipertensão grave: PAS >180 ou PAD >110; c) risco alto – pacientes com três ou mais fatores de risco ou lesões nos órgãos alvos com níveis tensionais entre 140-179 de PAS e PAD 90-109 ou risco muito alto nos casos de hipertensão grave: PAS >180 ou PAD >110; d) risco muito alto – pacientes hipertensos com condições clínicas associadas, incluindo doença cardiovascular ou renal. Sendo assim a mudança no estilo de vida é fundamental para minimizar os prejuízos causados pelos fatores de risco modificáveis - o sedentarismo, o padrão alimentar inadequado, o tabagismo, o alcoolismo, o estresse e o excesso de peso, diminuindo as chances de acometimento ou agravamento de um quadro patológico e principalmente pela associação com os fatores de risco não modificáveis – idade, hereditariedade e raça (BRASIL, 2006; MINAS GERAIS, 2006). . 16 3 DEGRADAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL Como descrevem Spence (1991) e Constanzo (1999), os rins são dois órgãos marromavermelhados situados na parede posterior da cavidade abdominal, um em cada lado da coluna vertebral, tendo como principal função eliminar do corpo uma grande quantidade de produtos de metabolismo tais como a uréia, o ácido úrico e a creatinina. Além disso, conservam ou eliminam água e eletrólitos conforme necessário para que o balanço interno dessas substâncias se mantenha. Smeltzer e Bare (2005) relatam que a urina é formada nos néfrons através de um complexo processo de três etapas: filtração, reabsorção tubular e secreção tubular, onde as várias substâncias são normalmente filtradas pelo glomérulo, reabsorvidas pelos túbulos e excretadas na urina. Guyton e Hall (2006) acrescentam ainda que um rim seja composto por cerca de 1 milhão de néfrons e que cada um é capaz de produzir urina, porém uma vez lesionados não são capazes de regenerar-se, isso pode acontecer por doenças, lesões ou pelo próprio envelhecimento onde após os 40 anos de idade o numero de néfrons diminui 10% a cada dez anos e isso ocorre fisiologicamente. Sem os rins, não há meios para se remover fisiologicamente do sangue varias substâncias. Como consequência, elas se acumulam no sangue e no líquido intersticial, nessa situação o meio interno pode se modificar, fazendo com que as células não funcionem por muito tempo levando a uma Insuficiência Renal Crônica (IRC), que é o resultado da perda irreversível de grande número de néfrons funcionantes, cerca de 70 a 80%. Para se prevenir a morte torna-se necessário o transplante dos rins ou a ou o uso de terapia dialítica para remoção das substancias nocivas do sangue (SPENCE, 1991). Carmo (2004) afirma que os rins são órgãos fundamentais para a manutenção da homeostase do corpo humano. Dessa forma, não é surpresa que ocorra o comprometimento de essencialmente todos os outros órgãos do organismo, uma vez que ocorre a queda progressiva do ritmo de filtração glomerular observada na doença renal crônica e há consequente perda das funções regulatórias, excretórias e endócrinas. Segundo Smeltzer e Bare (2005) a HAS está entre as doenças mais comuns que levam a DRC. Delgado e Ornellas (2005) ressaltam que ela, juntamente com o Diabetes, são responsáveis por grande parte dos pacientes em programas de diálise e transplante em todo o mundo. 17 Em 1836 Richard Bright iniciou os primeiros estudos sobre a doença renal crônica (DRC), analisando as características morfológicas dos rins de um paciente autopsiado, portador de hipertensão arterial sistêmica (FILHO; BRITO, 2006). Delgado e Ornellas (2005) citando Talbot e Smith (1940) e Perera (1955) demonstraram em seus estudos que o dano renal parenquimatoso poderia ser ocasionado pela hipertensão arterial. Em consonância com o disposto anteriormente, Nunes (2007) afirma que com o passar dos anos, a persistência de níveis pressóricos elevados determina alterações estruturais progressivas nas artérias e arteríolas renais. A hipertensão lesa e leva à progressão das lesões em direção à insuficiência renal por um mecanismo denominado nefrosclerose, um tipo de lesão vascular que afeta a função e a estrutura das menores artérias e das arteríolas aferentes do rim, através do espessamento de suas paredes. Acredita-se que comece por vazamento de plasma através da membrana íntima desses vasos, causando depósitos de fibrina nas suas camadas médias, seguido por espessamento progressivo da parede do vaso, que leva finalmente, à constrição desses vasos e em alguns casos, à sua oclusão (GUYTON; HALL, 2006, p. 408). Ademais, a nefrosclerose favorece a adesão de placas de gorduras na sua superfície no leito vascular e caracteriza-se como uma complicação muito frequente da história natural da hipertensão essencial de longa duração, como articulam Francischetti, Sanjuliani e Abreu (2005). Em condições fisiologicamente habituais, a resistência vascular por meio da constrição da arteríola aferente segundo Delgado e Ornellas (2005) constituem o mecanismo normal de defesa do glomérulo contra a transmissão da hipertensão sistêmica ao capilar glomerular, que no somatório ao efeito nefrosclerótico resulta na diminuição do lúmen arteriolar com consequente isquemia tornando inapto a perfusão e posterior esclerose global do glomérulo com perda do néfron. Para Guyton e Hall (2006), o rim não pode regenerar novos néfrons. Portanto, com a lesão renal, doença ou envelhecimento, há um gradual declínio no número de néfrons. Devido à redução de massa funcionante, o rim desenvolve uma adaptação a qual é desencadeada fundamentalmente pelo peptídeo angiotensina II, que atua hemodinamicamente no rim determinando constrição mais acentuada da arteríola eferente, como citado por Delgado e Ornellas (2005), ocasionando um aumento na resistência ao fluxo de saída dos capilares glomerulares. Isso eleva a pressão hidrostática no glomérulo, culminando no aumento da taxa 18 de filtração glomerular. Essas alterações lesam o capilar por agressão mecânica e resultarão em posterior esclerose. Segundo Guyton e Hall (2006), ao ser efetivada a constrição das arteríolas eferentes, um menor fluxo sanguíneo chega aos capilares peritubulares ocasionando diminuição de sua pressão hidrostática e aumento da pressão coloidosmótica, o que aumenta a reabsorção de sódio e água. Portanto, se a constrição das arteríolas eferentes é grave, maior que três vezes o normal, a pressão coloidosmótica excede a pressão hidrostática, fazendo com que a força líquida de filtração diminua causando uma redução na taxa de filtração glomerular, caracterizando-se num ciclo vicioso de perda progressiva e irreversível da função renal. A angiotensina II induz síntese protéica, hipertrofia e hiperplasia através de sua atividade biológica sobre as células glomerulares, tubulares e intersticiais. Ela possui outra ação importante, a de alterar a permiseletividade da parede capilar modificando sua constituição protéica e causando proteinúria. Normalmente, o túbulo proximal é responsável pela reabsorção de cerca de 65% da quantidade de água filtrada nos capilares glomerulares e, com ela, os aminoácidos são quase inteiramente reabsorvidos. Quando há presença de proteinúria as células tubulares proliferam em razão de substâncias vasoativas e proinflamatórias geradas pela filtração de proteínas e que ainda não possuem um mecanismo totalmente conhecido. O fato é que estas sustâncias determinam a migração de macrófagos e linfócitos para o interstício renal, onde eles promovem síntese de matriz extracelular e fibrose. Ao término desses processos, são evidenciados os marcadores clínicos mais importantes na evolução das nefropatias: hipertensão arterial e proteinúria (GUYTON; HALL, 2006). 19 4 DOENÇA RENAL CRÔNICA Para Lugon (2009) o mundo está enfrentando uma epidemia da doença renal crônica. Doença que segundo Brasil (2006) consiste na lesão, perda progressiva e irreversível da função dos rins e torna-se a cada ano uma tendência cada vez mais crescente em nossa realidade em detrimento ao estilo de vida socioeconômico-cultural e o processo saúdeadoecimento através das doenças crônico-degenerativas enfrentadas pela população humana, levando a dependência de métodos e/ou processos para que o sistema renal desempenhe suas funções. Possui aumento contínuo da incidência concretizando-se como um grande problema para os sistemas públicos de saúde de todo o mundo (FILHO, 2008). À medida que nossa população envelhece, seu perfil epidemiológico muda e nessa transição as patologias ditas crônico-degenerativas galgam um amplo expectro de disseminação mundial e tem aumentado, de forma desproporcional, em populações pobres e desfavorecidas dos países em desenvolvimento (BRASIL, 2002). Segundo Smeltzer e Bare (2005) a Hipertensão arterial sistêmica esta entre as doenças que mais levam pacientes a programas de diálise e transplante em todo o mundo. A taxa de declínio da função renal e a progressão da insuficiência renal crônica estão relacionadas com um distúrbio subjacente, com a excreção urinária e com a presença de hipertensão. A doença tende a progredir mais rapidamente no paciente que excreta quantidade significativa de proteína ou que apresenta pressão arterial elevada, comparado àquele sem esses distúrbios (DELGADO; ORNELLAS, 2005). Dados do Censo de Diálise da Sociedade Brasileira de Nefrologia em 2008 estimou que o número de pacientes em tratamento dialítico subiu de 73.605 em janeiro de 2007 para 87.044 em março de 2008, e o Censo de 2006 relata que os gastos com Terapia Renal Substitutiva no Brasil superaram 1 bilhão de reais e que a principal fonte pagadora é o SUS, perfazendo cerca 87,2% dos recursos para tratamento dialítico. Por isso, Filho (2008) ressalta que a identificação precoce e o manejo nefrológico adequado de pacientes com DRC moderada têm sido reconhecidos cada vez mais como importantes oportunidades de impedir a sua progressão. Em adultos assintomáticos a proteinúria é um achado laboratorial comum, que em nenhuma circunstância deve ser menosprezado e caracteriza-se numa condição em que a urina contém uma quantidade anormal de proteínas e sua persistência pode traduzir nefropatia 20 primária ou secundária a alguma doença sistêmica (ASSIS; CARNEIRO, 2006; OLIVEIRA et al., 2008). Oliveira et al. (2008) apontam que a proteinúria pode representar os estágios iniciais de doença renal crônica, ser um marcador ou mesmo fator de risco para a doença cardiovascular e que os indivíduos que apresentam proteinúria têm risco de morte aumentado. Para eles, hipertensos e diabéticos são uma população alvo, em que se deve monitorizar regularmente a proteinúria, já que a sua presença condiciona um pior prognóstico, uma vez que, ela é um marcador de doença renal e constitui um fator de risco independente para a sua progressão, de acordo com Alves (2004). A proteinúria glomerular resulta do aumento da filtração de macromoléculas através da barreira de filtração glomerular. Diante de uma suspeita de proteinúria, deve-se inicialmente determinar se ela é persistente ou funcional. Uma proteinúria é dita persistente quando é determinada em pelo menos duas amostras urinárias num período de 30 dias e frequentemente se associa com uma patologia renal subjacente (ASSIS; CARNEIRO, 2006; OLIVEIRA et al., 2008). Para Romão Junior (2007) a depuração de creatinina em urina de 24 horas é um exame muito preciso, porém inconveniente na prática clínica diária, por grandes chances de erro, pelo grande tempo despendido, pela dificuldade de coleta adequada e pelo custo. Durante a coleta é desprezada a 1ª urina da manhã em que se começa o exame e colhe-se a urina toda do dia e a 1ª da manhã seguinte. Conforme relata Oliveira et al. (2008) a proteinúria é definida como a excreção urinária de proteínas superior a 150 mg por dia em volume urinário de 24 horas. Podem-se usar as tiras teste que medem a concentração de proteínas através de uma reação colorimétrica, entre as proteínas e o azul de tetrabromofenol, produzindo diferentes gradações de verde de acordo com a concentração de proteínas da amostra. Os resultados são apresentados numa escala de 0 a +++ ou ++++, de acordo com o fabricante. Alves (2004) partilha dessa idéia, mas ressalta que dependendo da metodologia utilizada, possam ser considerados normais valores abaixo de 300 mg em urina de 24 horas. Valores basais elevados de proteinúria se associam a um mais rápido declínio da função renal, pois ela contribui diretamente para a progressão da doença renal através de toxicidade tubular. As células tubulares epiteliais ao ficarem expostas às proteínas plasmáticas libertam uma variedade de citocinas pró-inflamatórias e de proteínas da matriz extracelular, que resultam em inflamação intersticial e fibrose. Dessa forma, se pode explicar o 21 aparecimento e a importância de lesão tubulo-intersticial nas situações em que a agressão primária é dirigida ao glomérulo (OLIVEIRA et al., 2008). Bastos (2008) utiliza-se de Kidney Disease Outcomes Quality Initiative da National Kidney Foundation American definindo o portador de DRC como todo indivíduo que apresentar: filtração glomerular <60 ml/min/1,73 m2; filtração glomerular >60 ml/min/1,73 m2 e pelo menos um marcador de lesão do parênquima renal, como a proteinúria, e cronicidade das alterações, ou seja, que elas estejam presentes por um período maior ou igual há 3 meses. Estimar a filtração glomerular representa uma ótima maneira de mensurar a função renal, e uma FG reduzida é considerada um bom índice da função renal, e deve ser usada no estadiamento da doença renal crônica (FILHO, 2004). Bastos e Bastos (2007) explanando sobre a participação dos profissionais da Estratégia Saúde da Família para o diagnóstico precoce da DRC expõem que nos exames disponibilizados na atenção primária, pode-se calcular a filtração glomerular estimada através do nível de creatinina sérica por meio da fórmula de Cockcroft-Gault (CG). Filho (2008) corrobora afirmando que na prática clínica diária, a avaliação inicial da função renal costuma ser realizada através da dosagem da creatinina plasmática. A Taxa de Filtração Glomerular (TFG) diminuída pode ser detectada ao se obter uma análise de urina de 24 horas para o cleareance da creatinina, contudo, à medida que a filtração glomerular diminui em decorrência dos glomérulos não funcionantes, o valor do clearance da creatinina diminui, enquanto os níveis séricos de uréia e creatinina aumentam. A creatinina sérica é o indicador mais sensível da função renal, por causa de sua constante produção no corpo (SMELTZER; BARE, 2005). Bastos (2008) propõe o estadiafiltramento da DRC a partir da TFG estimada conforme descrito na tabela a seguir: Tabela 3 – Estadiamento da Doença Renal Crônica através da filtração glomerular Estágio Descrição TFG (ml/min/1,73 m²) 1 Dano renal com TFG normal ou aumentada >90 2 Dano renal com TFG levemente diminuída 60 – 89 3 Dano renal com TFG moderadamente diminuída 30 – 59 4 TFG gravemente diminuída 15 – 29 5 IRC terminal < 15 (ou diálise) Fonte: Bastos - 2006 22 Carmo (2004) afirma que ocorre um grande número de complicações e comorbidades através de um conjunto extenso e complexo de alterações fisiológica resultantes da perda progressiva da filtração glomerular . Nesse contexto, a busca por qualidade pelos serviços de atenção à saúde é uma necessidade técnica e social como salienta Carvalho (2004). 23 5 SUS: UM BREVE HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO NA ATENÇÃO AO HIPERTENSO Graças a uma evolução no modo de conceber políticas de saúde, o Brasil deu um grande salto criando a partir Constituição Federal de 1988 o Sistema Único de Saúde (SUS) permitindo à população brasileira acesso ao atendimento público para proteção, promoção e recuperação da saúde como versa a lei 8080 de 19 de setembro de 1990 no inciso primeiro de seu segundo artigo. De acordo com Brasil (2009), no SUS, o cuidado com a saúde está ordenado em níveis de atenção, que são a primária, a secundária e a terciária. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento das ações e serviços do sistema. Como marcos da evolução brasileira em saúde, ocorrem a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991, e a Estratégia de Saúde da Familia (ESF), criada em 1994, com o nome Programa de Saúde da Familia - PSF. Programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção primária como uma das principais estratégias de reorganização dos serviços e de reorientação das práticas profissionais neste nível de assistência, anos a fio baseada em profissionais médicos especialistas focais que induziam ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do cuidado (BRASIL, 2009). A atenção primária à saúde caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no seja no âmbito individual e ou coletivo, que se desenvolve por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados que considera a dinâmica existente no território em que vivem essas populações. Utilizando tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu território (BRASIL, 2009). Pautado no conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas, o Ministério da Saúde continua expandindo o PSF/ESF e o consolida através da Portaria Nº 648, de 28 de março de 2006 como a estratégia prioritária para organizar a atenção primária que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS. 24 Pensando na melhoria do atendimento ao cliente do SUS, o Ministério da Saúde dá origem no ano de 2008 ao Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Regido pela portaria GM nº 154, de 24 janeiro de 2008, o NASF é constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, para atuarem em parceria com os profissionais das equipes de saúde da família, compartilhando as práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das ESF’s, atuando diretamente no apoio às equipes e na unidade na qual o NASF está cadastrado, corforme versa o artigo segundo da referida portaria (BRASIL, 2009). A portaria supracitada, em seu artigo 3°, incisos 1° e 3° descreve que profissionais como Assistente Social, Profissional da Educação Física, Nutricionista, Farmacêutico e Fisioterapeuta dentre outros compõe o NASF, e que esse núcleo de apoio deve ser cadastrado em uma única unidade de saúde de acordo com o inciso 3° do 4° artigo, para que em consonância com o artigo 1° cumpram com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade, apoiando a inserção da estratégia de Saúde da Família na rede de serviços e o processo de territorialização e regionalização a partir da atenção primária. Nos últimos anos, dois grandes problemas de sáude pública de ordem crônicodegenerativo - Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, vêm exigindo uma atenção especial dado à grande capacidade em provocar complicações em todos os sistemas do organismo humano que culminam na degradação da qualidade de vida e a necessidade de gastos públicos em alto valor com tecnologias que na maioria das vezes apenas possibilitam um prolongar de vida com limitações por alguns anos, como por exemplo a DRC. Com o propósito de reduzir a morbimortalidade associada a essas doenças e apoiar a reorganização da rede de saúde, com melhoria da atenção aos portadores dessas patologias através do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, o Ministério da Saúde disponibilizou para estados e municípios, no âmbito da atenção primária, através da Portaria Conjunta nº 02, de 05 de março de 2002, um instrumento de cadastro e acompanhamento dos portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, o SISHIPERDIA – sistema de informação de hipertensão e diabetes, uma ferramenta útil para profissionais da rede básica e para gestores do SUS que permite o conhecimento do perfil demográfico, clínico e epidemiológico da população atingida, possibilitando a implementação de estratégias de saúde pública que alterem o quadro sanitário atual. Nesse contexto de deshospitalização e humanização do Sistema Único de Saúde, esses programas têm como ponto positivo a valorização dos aspectos que influenciam a saúde das 25 pessoas fora do ambiente hospitalar. Na última década abriu-se um amplo campo de trabalho ao Enfermeiro, um dos poucos profissionais da área da saúde que recebe em sua formação conhecimento que o possibilita mesclar o humano com o científico, pois além de cuidar do paciente quando acometido por alguma patologia ou na prevenção dessa, atua na produção de pesquisas para aprimoramento de sua assitência (LEAL; MONTEIRO; BARBOSA, 2004). 26 6 MUDANÇA DE HÁBITO: TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO Magalhães et al. (2003) argumenta que o objetivo principal do tratamento da hipertensão arterial é baixar os níveis pressóricos. Ela afirma ainda em sua pesquisa que os benefícios cardiovasculares são alcançados com a redução da pressão arterial (PA), independente do regime terapêutico empregado. Ela utiliza o Joint National Committee on Prevention, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure para recomendar como medida terapêutica inicial em todos os indivíduos hipertensos a implementação de modificações do estilo de vida. Recentemente, esta estratégia vem sendo apontada como grande potencial na prevenção primária da hipertensão arterial bem como de suas complicações. Além de reduzir as cifras pressóricas, as mudanças de estilo de vida, contribuem para corrigir ou minimizar outros fatores de risco presentes, melhorando a saúde cardiovascular como um todo e, consequentemente, diminuindo o risco de desenvolvimento de DRC. Assim, para a tomada de decisão terapêutica é necessário levar em consideração, além dos valores pressóricos, a presença de fatores de risco, de outras doenças associadas e de lesões de órgãos-alvo na estratificação de risco do paciente (MAGALHÃES et al, 2003; MINAS GERAIS, 2006). No que diz respeito aos hábitos e estilo de vida, a obesidade, um padrão alimentar com excessiva ingestão de sal e o alto consumo de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, o tabagismo e o estresse podem afetar o indivíduo susceptível, aumentando os níveis de PA. Portanto, em se tratando de uma doença multifatorial, o tratamento da hipertensão arterial exige diferentes abordagens e o auxílio de uma equipe multiprofissional como propõe a ESF com o auxilio do NASF propicia maior alcance no sucesso do tratamento anti-hipertensivo (BRASIL, 2006 e 2009; MINAS GERAIS, 2006). 6.1 EXERCÍCIO FÍSICO Hábitos decorrentes dos confortos da vida moderna advindos da evolução da tecnologia e a tendência cada vez maior de substituição das atividades ocupacionais que demandam gasto energético por facilidades automatizadas aliadas à cultura da não efetivação 27 de exercícios físicos têm levado o ser humano à adoção cada vez maior da lei do menor esforço, reduzindo assim o consumo energético de seu corpo e provocando literalmente o desuso dos sistemas funcionais, o que se torna um prato cheio para as doenças crônicodegenerativas, tanto no surgimento quanto para a sua evolução (BRASIL, 2006; GARBELOTTO, 2008). A incorporação do exercício físico em nosso cotidiano torna-se imponente, haja vista seu beneficio sobre a prevenção de doenças e sua participação no controle de patologias instaladas, ideal reforçado por Brasil (2006) como um dos eixos a ser trabalhado na busca pela qualidade de vida, pois, ser ativo fisicamente resulta em benefícios para a saúde individual e coletiva. Nóbrega e Castro (2005) definem como efeitos crônicos do treinamento as adaptações estruturais e funcionais a exposição repetida do organismo ao estresse que o exercício físico promove. Efeitos esses, que por meio do treinamento físico aeróbico promove importante resposta hipotensora em pacientes hipertensos como relata Forjaz et al. (2006) que explanam quedas médias de 3,0 e 2,4 mmHg para as pressões arteriais sistólica e diastólica, respectivamente, após o treinamento aeróbio, tanto na população hipertensa como normotensa, porém, hipertensos podem apresentar quedas de pressão arterial sistólica/diastólica em 6,9/4,9 mmHg. A função cardiovascular é intensificada durante a execução do exercício aeróbio, com o intuito de manter o aporte sangüíneo necessário para o músculo em atividade. Assim, a freqüência cardíaca, o volume sistólico e, conseqüentemente, o débito cardíaco aumentam durante sua realização, mas ocorre concomitantemente diminuição da resistência vascular periférica. Esses ajustes resultam no aumento da pressão arterial sistólica e na manutenção ou mesmo redução da diastólica. Dessa forma, para se avaliar o risco dessa execução é importante medir a pressão arterial durante o exercício. Nos pacientes hipertensos, o aumento exacerbado da pressão arterial durante o esforço está relacionado à pior evolução clínica, com evidências de lesão em órgãos-alvo e maior incidência de complicações cardiovasculares, incluindo maior mortalidade. A resposta hiperreativa é considerada presente quando os valores da pressão sistólica ultrapassam 220 mmHg e/ou os valores da pressão arterial diastólica aumentam 15 mmHg ou mais (FORJAZ et. al., 2006, 109-110). Nóbrega e Castro (2005) se utilizam do Colégio Americano de Medicina do Esporte para recomendar que pacientes que forem realizar atividade física intensa, pacientes com sintomas compatíveis com doença arterial coronariana, com doença cardiovascular documentada e pressão arterial maior ou igual a 180x110 mmHg, realizem o teste ergométrico para que ocorram prescrição e efetivação do exercício físico que, de acordo com a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) deve ser por pelo menos 30 minutos de 3 28 a 5 vezes por semana de exercícios aeróbicos como caminhada, corrida, ciclismo, dança e natação. 6.2 TABAGISMO De acordo com Ministério da Saúde (2006) o número de cigarros fumados e a profundidade da inalação são proporcionais ao risco que o tabagismo impõe. Ressaltando ainda que em avaliação por Mapeamento Ambulatorial da Pressão Arterial em hipertensos fumantes a pressão arterial sistólica foi significativamente mais elevada do que em nãofumantes, revelando o importante efeito hipertensivo transitório do fumo. Henningfield et al. (1993) apud em Cunha et al. (2007) esclarece que a nicotina é rapidamente absorvida do cigarro fumado e distribui-se rapidamente pelos tecidos do corpo ao entrar na circulação arterial. A nicotina exerce sua ação farmacológica ligando-se a receptores colinérgicos nicotínicos que, encontram-se elevados no organismo em administração crônica da nicotina conforme salienta bastos et al. (2004) e Cunha et al. (2007). Ela exerce efeito sobre o sistema cardiovascular através de estimulação simpática, no qual, efeitos simpaticomiméticos decorrentes da ativação de quimiorreceptores periféricos e efeitos diretos no tronco cerebral, resultam em aumento da frequência cardíaca, da contração do coração, vasoconstrição coronária e da pressão arterial, também causa secreção de adrenalina e noradrenalina pela medula adrenal. Isso contribui para a liberação do hormônio antidiurético pela hipófise e posterior diminuição do fluxo urinário e aumento da concentração plasmática de ácidos graxos livres (CUNHA et al., 2007; FRANKEN et al., 1996). Toledo et al. (2004) relata que embora a fumaça do cigarro seja uma mistura complexa de vários componentes químicos oxidantes, como o monóxido de carbono, por exemplo, e outros gases policíclicos e aromáticos, a nicotina parece ser a responsável principal por esses efeitos. Segundo Guyton e Hall (2006) a diminuição do fluxo urinário deve-se a diminuição do fluxo sanguíneo renal e da TFG, gerada pela vasoconstrição das arteríolas renais em resposta a ativação dos nervos simpáticos renais. 29 A elevação persistente da pressão arterial e ao aumento da variabilidade pressórica esta associada ao tabagismo, sendo a maior liberação de catecolaminas e a disfunção endotelial os principais mecanismos que explicam esses achados (TOLEDO et al., 2004). A nicotina é um reforçador positivo para o aparecimento e progressão de quadros crônico-degenerativos e confere uma maior velocidade para a progressão da DRC de acordo com Cunha (2007). A recomendação para abandono do tabagismo deve ser universal, sendo essencial na prevenção de doença cardiovascular, cerebrovascular e renal como aponta Brasil (2006). 6.3 TERAPIA ALIMENTAR E CONTROLE DE PESO O III Consenso Brasileiro para o Tratamento da Hipertensão Arterial (1998) ressalta que as razões que tornam as modificações do estilo de vida úteis são: o baixo custo e risco mínimo, a redução da pressão arterial, favorecendo o controle de outros fatores de risco, o aumento da eficácia do tratamento medicamentoso e a redução do risco cardiovascular. O padrão alimentar nada mais é, do que o perfil do consumo de alimentos pelo indivíduo ao longo de um determinado período de tempo. Contudo, determinados alimentos consumidos pode levar à ingestão de certos nutrientes que induzem respostas às vezes indesejáveis na pressão arterial e no sistema cardiovascular. Os alimentos de risco ricos em sódio e gorduras saturadas, por exemplo, devem ser evitados, ao passo que os de proteção, ricos em fibras e potássio, são permitidos (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006). Brasil (2006) argumenta que a obesidade tem aumentado em proporções alarmantes sua prevalência e, que segundo Paula et al. (2006), está associada a uma série de complicações osteomioarticulares, neoplásicas, metabólicas e hipertensivas, dentre as quais se destacam o diabete melito e a hipertensão arterial. Reduzir o peso corporal e realizar manutenção do peso ideal, mantendo o índice de massa corporal – IMC, entre 20 e 25 kg/m² reduz significativamente a pressão arterial e previne o desenvolvimento da doença renal crônica a uma grande porcentagem de indivíduos com sobrepeso conforme Corrêa et al. (2006), uma vez que, a alta prevalência de hipertensão arterial em pacientes obesos é indiscutível conforme salienta Paula et al. (2006). Mas, independentemente do valor do IMC, a distribuição de gordura, predominantemente na região 30 abdominal está, frequentemente, associada com resistência à insulina e elevação da pressão arterial. Tornando assim a circunferência abdominal acima dos valores de referência um fator preditivo de doença cardiovascular conforme Brasil (2006). Paula et al (2006) expõe que, em seres humanos obesos, observa-se vasodilatação da arteríola aferente, aumento do fluxo sanguíneo renal, hipertensão intraglomerular, hiperfiltração renal e, consequentemente, aumento da reabsorção tubular proximal de sódio. Do ponto de vista nefrológico, a obesidade é um fator importante por sua elevada morbidade, na medida em que se associa a uma série de patologias, entre as quais, incluem-se a HA. Além de causar lesão renal, a obesidade pode acelerar a perda funcional renal em pacientes portadores de glomerulopatias. Vários trabalhos têm demonstrado o benefício da perda de peso na redução da pressão arterial. Amodeo e Lima (1996) referem que os mecanismos mais importantes envolvidos nesse efeito benéfico são: a redução da atividade adrenérgica, a redução do colesterol plasmático e a melhora na sensibilidade periférica à ação da insulina e que uma diminuição de 5.3/6.2 mmHg, nas pressões sistólica e diastólica, respectivamente, foi possível com uma redução de 3,8 kg do peso corporal. De acordo com a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) devem ser incluídos em programas de emagrecimento com restrição de ingestão calórica e aumento de atividade física Hipertensos com excesso de peso. A meta é alcançar índice de massa corporal inferior a 25 kg/m² e circunferência da cintura inferior a 102 cm para homens e 88 cm para mulheres, embora a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial já seja suficiente para reduzir a pressão arterial. Segundo Martinez (2008), as gorduras também devem ser diminuídas na dieta, não só as frituras (saturadas), mas também sorvetes e doces (hidrogenada ou trans). Pois, aliado a uma ingesta hipercalórica e a um estilo de vida sedentário, se acumula no tecido adiposo causando a obesidade, sendo a prevalência de hipertensão 50% maior em indivíduos obesos. Logo, quanto maior a quantidade de gordura no corpo, maior a resistência à passagem do sangue pelos vasos, causando um aumento da PA, até o seu retorno ao coração. Lopes e Gil (2008) afirmam que são muitas as implicações do consumo de sal em exagero e que existe uma relação muito direta do consumo de sal na dieta com níveis de pressão arterial, sendo associado com a hipertensão de difícil controle. Expressam que a resposta da pressão à redução do sal ira variar em uma população, tendo distribuição contínua e que alguns indivíduos apresentam maior ou menor magnitude de resposta da pressão arterial à redução do sal na dieta. Pacientes hipertensos têm um sistema renina-angiotensina- 31 aldosterona menos responsivo. O fato é que a relação do sal com a pressão arterial é direta e progressiva, porém não se sabe qual o limite máximo e o mínimo de sal a ser consumido. Cipullo, Martin e Burdmann (2002) acreditam que a ingesta aumentada de sal desencadearia uma maior excreção renal de sódio através da elevação da pressão arterial e, além desse mecanismo, vários sistemas humorais seriam acionados como a inibição do sistema renina-angiotensina-aldosterona e estimulação do fator natriurético atrial, que no túbulo renal promoveriam maior excreção de sódio e água e, desta forma, modulariam o aumento da pressão arterial. Admitindo, assim, que a incapacidade renal para excretar uma quantidade adequada de sódio para um determinado nível pressórico constitui a base da hipertensão arterial. Segundo a IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2002) há inúmeras evidências dos efeitos benéficos da restrição no consumo de sal na dieta. As epidemiológicas evidenciam as populações que consomem dieta com reduzido conteúdo de sal têm menor prevalência de hipertensão e a PA não se eleva com a idade. As observacionais randomizadas que comparam dieta hipossódica com dieta habitual, com ou sem redução de peso, demonstram efeito modesto na redução da pressão arterial com a restrição salina. A quantidade de sal na dieta nos diferentes trabalhos é variável. Entretanto, uma dieta com aproximadamente 6,7 g/dia (1 colher de chá) por 28 dias produz diminuição de 3,9 mmHg na sistólica e 1,9 mmHg na diastólica. A maior parte dos estudos observacionais mostra associação direta entre intensidade do consumo de sal na dieta e pressão arterial. Nas intervencionistas, observa-se que a pressão arterial varia diretamente com o consumo de sal tanto em normotensos como em hipertensos. Olmos e Benseñor (2001) citam que o DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) foi um estudo randomizado, controlado e multicêntrico, que comparou o efeito de três padrões dietéticos sobre a pressão arterial, mostrando que uma dieta rica em frutas, verduras e laticínios desnatados, escassa em gorduras saturadas e colesterol, podem reduzir a pressão arterial tanto quanto a monoterapia com anti-hipertensivos em hipertensos no estágio I. Posteriormente, um segundo estudo associou a ingestão de quantidades reduzidas de sal mostrando um importante efeito sinérgico na diminuição dos níveis pressóricos. As reduções de PA encontradas no estudo DASH são semelhantes às intervenções farmacológicas em pacientes com HAS no estágio I, mostrando sua grande utilidade como terapia inicial facilitadora de desmame de anti-hipertensivos em hipertensos controlados, para prevenir HAS em populações de alto risco e para reduzir a pressão arterial em indivíduos normotensos, contribuindo de maneira significativa cardiovascular. 32 6.3.1 Suplementação de Potássio, Cálcio e Magnésio A V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) ressalta que uma dieta variada com frutas, verduras e laticínios de baixo teor de gordura apresenta quantidades apreciáveis de cálcio, magnésio e potássio, proporcionando efeito favorável em relação à redução da pressão arterial e de acidente vascular cerebral e que a ingestão de potássio na dieta pode ser aumentada pela escolha de alimentos pobres em sódio e ricos em potássio, como feijões, ervilha, vegetais de cor verde-escuro, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata inglesa e laranja. Em relação ao potássio, importante mineral presente nos alimentos, a situação se inverte. A suplementação dele na dieta determina a queda da pressão arterial por aumento da natriurese, diminuição da secreção de renina e norepinefrina e aumento da secreção de prostaglandinas. 6.4 ESTRESSE Segundo Amodeo e Lima (1996) o estresse acarreta um maior estímulo simpático, que, por sua vez, pode induzir a modificações, nos níveis de pressão arterial. Estudos tentam analisar o efeito da modificação na quantidade de estresse, através de técnicas de relaxamento, sobre a pressão arterial, mas até o momento pouco se tem obtido de benefício sobre o tratamento da hipertensão arterial com tais técnicas não medicamentosas. Por outro lado, a maior descarga simpática com o estresse, pode dificultar a ação dos medicamentos antihipertensivos. Diante disso, apesar de pouco embasamento, recomenda-se que os pacientes hipertensos que necessitarem, utilize-se de todas as técnicas disponíveis para diminuírem o estresse. De acordo com o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998) torna-se evidente que quase todas as medidas não-medicamentosas dependem de mudanças no estilo de vida de forma permanente. Em razão de a abordagem do hipertenso ser direcionada a diversos objetivos, a ação médica é beneficiada com a abordagem multiprofissional. Vale 33 ressaltar que é de fundamental importância o envolvimento dos familiares do hipertenso na busca das metas a serem atingidas pelas modificações do estilo de vida. Amodeo e Lima (1996) valorizam a mudança do estilo de vida como uma atitude que deve ser estimulada em todos os pacientes hipertensos, durante toda a vida, independente dos níveis de pressão arterial. 6.5 ETILISMO Segundo Lima et al. (1999) nas últimas décadas, um número crescente de doenças vem apontando o consumo de álcool em níveis elevados como fator de risco. Dentre elas, as doenças cardiovasculares assumem um papel de maior destaque, em particular os acidentes vasculares cerebrais e a hipertensão arterial, sendo que essa última é reconhecida como um dos principais fatores de risco para outras patologias. Lima et al. (1999) ainda ressalta que diversos mecanismos vêm sendo aventados para explicar a plausibilidade biológica da associação entre hipertensão e alcoolismo. Contudo, Lordello (1998) elucida que o uso de bebidas alcoólicas ocorre em todos os segmentos da sociedade, não importando a idade e o nível sócioeconômico para sua existência entre os indivíduos. Corroborando com o disposto, Bastos et al. (2008) ressaltam que o uso de álcool e outras substâncias psicoativas constituem um problema relevante nas sociedades contemporâneas. O álcool provoca deficiências nutricionais ou de oligometais, como tiamina e selênio, distúrbios eletrolíticos e metabólicos com redução de potássio, magnésio, fosfato e aumento de triglicérides e que existe uma suscetibilidade individual ao álcool que justifica porque em alguns indivíduos, com o mesmo consumo de outros, apresentam muito menos efeitos colaterais e toxicidade para diversos órgãos. Segundo ele esse fenômeno parece estar relacionado ao polimorfismo genético do sistema renina-angiotensina-aldosterona (BATLOUNI, 2006, pag. 16). Larini e Salgado (1997) afirmam que após a ingestão de bebida alcoólica, o etanol, um não eletrólito lipossolúvel, é rapidamente absorvido para corrente sanguínea. Sendo que, cerca de 20% é absorvido na mucosa estomacal e, o restante, nas primeiras porções do intestino delgado e cólon. Eles ressaltam ainda que a absorção no intestino delgado é extremamente rápida, completa e independente da concentração de etanol e da presença de alimentos no 34 estômago ou no próprio intestino, e que os efeitos do álcool dependerão das características fisiológicas de cada indivíduo e ainda da forma como é ingerida, o tipo de bebida consumida e a quantidade. O aumento das taxas de álcool no sangue eleva a pressão arterial lenta e progressivamente, na proporção de 2 mm Hg para cada 30 ml de álcool etílico ingeridos diariamente, sendo que quando suspenso, as cifras revertem (PESSUTO; CARVALHO, 1998). A linha-guia da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais recomenda limitar a ingestão de álcool a, no máximo, 30 g/dia de etanol (p.ex., 720 ml de cerveja, 300 ml de vinho ou 60 ml de uísque) por dia ou 15 g/dia de etanol por dia para mulheres e pessoas de menor peso (MINAS GERAIS, 2006). Sabe-se, entretanto, que o álcool interfere no sistema renina-angiotensina e que indivíduos que fazem ingesta maior que 30 g/dia de etanol têm baixa absorção de cálcio, podendo ser este um mecanismo adicional para o desenvolvimento ou agravamento da hipertensão arterial sistêmica (LIMA et al., 1999). 35 7 O ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA, COMO INSTRUMENTO PARA PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DA SAÚDE E INTERVENÇÃO NO SURGIMENTO DA DOENÇA RENAL A estratégia de saúde da família concretizou-se no momento atual como um modelo de atenção primária à saúde com estratégias de promoção e proteção da saúde e prevenção de doença tendo como pressuposto a natureza múltipla dos fatores de risco que envolvem a doença. Esta estratégia trabalha com uma população adscrita através de uma prática assistencial que considera os aspectos sociais, econômicos, políticos e epidemiológicos, identificando e intervindo nos fatores de risco para o adoecimento ou agravamento de um quadro patológico já instalado, permitindo a utilização e monitoramento de indicadores de saúde para avaliação do seu desempenho nas atividades realizadas (BASTOS; BASTOS, 2007). Na equipe multidisciplinar e interdisciplinar da ESF, destaca-se o profissional Enfermeiro, que segundo Duarte (2002) é um profissional titular de diploma conferido por instituição de ensino superior conforme legislação federal, com dimensão técnico-científica com visão integral do cliente e da família, que assim como os demais profissionais dessa estratégia, tem suas atribuições definidas para este programa no anexo I da portaria n°648, de 28 de março de 2006. Com o exercicio profissional regulamentado pela lei 7.498 de 25 de junho de 1986, o enfermeiro em acordo com os principios fundamentais postados em seu código de ética exerce sua profissão comprometido com a saúde e a qualidade de vida da pessoa, família e coletividade, atuando na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, de forma generalista, comprometido com a pratica social, critico, com autonomia e partilhando a defesa dos princípios das políticas públicas de saúde e ambientais, que garantam a universalidade de acesso aos serviços de saúde, integralidade da assistência, resolutividade, preservação da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e descentralização político-administrativa dos serviços de saúde em respeito a dignidade e os direitos humanos, em todas as suas dimensões, sem deixar de lado os princípios da ética e da bioética. Concordando com a lei do exercício profissional, Duarte (2002), ainda expõe que o Enfermeiro atua com ampla visão da realidade de saúde, na perspectiva de uma atuação diversificada, capaz de intervir no processo saúde-doença em todas as fases do ciclo evolutivo do ser humano e nos vários níveis de complexidade. 36 Dentro desse contexto, pensar no Enfermeiro assistencial é pensar numa prática de cuidar exercida com arte e ciência que se desenvolve por meio de uma teia complexa e diversificada, que trabalha em níveis de complexidade que são apresentados pelos clientes, conforme salienta Figueiredo (2002). Envolvida com a comunidade, a Enfermeira que educa desenvolve um papel diretamente político, ao facilitar a autonomia de grupos sociais geralmente alvos de políticas publicas assistencialistas conforme descreve Hirata (2002). Mas, para que esse ato de cuidar ocorra, Ferreira e Filho (2002) ressalta ser necessária uma interação entre quem cuida e quem é cuidado, e essa ação abrange a técnica e a sensibilidade. Nessa perspectiva, diante de fenômenos crônico-degenerativos que estabelecem uma tênue relação causa-consequência, como a hipertensão arterial sistêmica e doença renal crônica, o Enfermeiro da ESF deve envolver a comunidade para atuar na melhora da sua qualidade de vida, uma vez que, a atenção primária é o espaço privilegiado para este acontecimento, pois se encontra inserida próxima à comunidade tendo maior poder de compreensão da dinâmica social, conforme fomenta Brasil (2006). Por caracterizar-se como a porta de entrada para o usuário do SUS, Bastos e Bastos (2007) consideram a ESF um mecanismo de otimização da prevenção da doença renal crônica. Em acordo com o supracitado e com o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus a secretaria de estado da saúde de Minas Gerais (2006) lançou a linha-guia atenção à saúde do adulto: Hipertensão e Diabetes, para nortear o profissional e a equipe de saúde em relação ao manejo clínico adequado para esses pacientes, bem como estimular a forma assistencial multidisciplinar para alcançar com ações estratégicas individuais e coletivas, não apenas a prevenção das complicações decorrentes dessas patologias, mas também a promoção da Saúde e prevenção primária para a família desses pacientes. Essa estratégia da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais tem como meta a prevenção de complicações baseadas na abordagem global dos fatores de risco modificáveis. Para atuar nessa perspectiva, o Enfermeiro possui uma ferramenta de extrema importância disposta na resolução COFEN-272/2002, a Sistematização da Assistência de Enfermagem, atividade privativa do enfermeiro que utiliza método e estratégia de trabalho científica para identificação das situações de saúde/doença subsidiando ações de assistência de enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. 37 Essa prática profissional está amplamente amparada em princípios legais, desde a sanção da lei 7498/86 (Artigo 11, Inciso I, Alíneas “c e j”), que define como privativos do Enfermeiro o “planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem”, “consulta de Enfermagem” e “prescrição da assistência de Enfermagem”, confirmada no Decreto 94.406/87, regulamentador da lei. Com vistas à consolidação do SUS em Minas Gerais melhorando as condições de saúde e de vida da população por meio da assistência primária, a Secretaria de Estado da Saúde na linha-guia hipertensão e diabetes relata competências que o enfermeiro deve desenvolver para consolidação dessa assistência, conforme descrito a seguir: a) capacitar os auxiliares de enfermagem e os agentes comunitários de saúde, supervisionando de forma permanente suas atividades. b) realizar consulta de enfermagem, abordando fatores de risco, tratamento nãomedicamentoso, adesão e possíveis intercorrências no tratamento, encaminhando o paciente ao médico quando necessário; c) desenvolver atividades educativas de promoção de saúde com todas as pessoas da comunidade. Desenvolver atividades educativas com os pacientes, individuais ou em grupo; d) estabelecer, junto com a equipe, estratégias que possam favorecer a adesão; e) solicitar durante a consulta de enfermagem os exames mínimos estabelecidos nos consensos e definidos como possíveis pelo médico da equipe; f) repetir a medicação controladas e sem intercorrências em pacientes; g) encaminhar para consultas mensais, com o médico da equipe, os pacientes que não aderiram às atividades educativas, os de difícil controle e os portadores de lesões em órgãos-alvo (cérebro, coração, rins, vasos, etc); h) encaminhar para consultas trimestrais, com o médico da equipe, os pacientes que mesmo apresentando controle dos níveis tensionais, sejam portadores de lesões em órgãos-alvo ou co-morbidades; i) encaminhar para consultas semestrais, com o médico da equipe, os pacientes que precisam de controle, os sem sinais de lesões em órgãos-alvo e sem comorbidades. O Enfermeiro realizará sua parte assistencial por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem, que perpassa por histórico de enfermagem, exame físico, diagnóstico e prescrições de enfermagem e resultados esperados, planejando sua assistência pautada na singularidade e complexidade apresentada pelo cliente, seguindo um programa de 38 atendimento mínimo do hipertenso em modalidade de estratificação de risco apresentado pela linha-guia, que prevê uma consulta/ano para os portadores de baixo risco, três consultas/ano para os de médio risco e uma consulta/ano para os de alto e muito alto risco (MINAS GERAIS, 2006). O achado de alterações da função renal, muitas vezes é incidental, ou então ocorre através de testes laboratoriais e avaliações de rotina voltados para diabéticos e hipertensos. Como estas situações são geralmente de evolução progressiva, insidiosa e assintomática, há dificuldades em seu diagnóstico nas fases iniciais conforme relata Filho (2008). Bastos e Bastos (2007, pág. 33) explanando sobre a participação dos profissionais da ESF para o diagnóstico precoce da DRC esclarecem que dentro dos limites de exames disponibilizados na atenção primária, há como se calcular a filtração glomerular estimada através do nível de creatinina sérica por meio da fórmula de Cockcroft-Gault (CG). Ele ressalta ainda que “tanto o médico quanto a enfermeira podem estimar a filtração glomerular, bem como determinar o estágio da DRC” empregando o cálculo supracitado por meio de tabelas, como a construída pelo estudo Modification of Diet in Renal Disease (MDRD), descritas nos anexos I e II. Embora tais métodos não estejam definitivamente validados no Brasil. Filho (2008) corrobora afirmando que na prática clínica diária, a avaliação inicial da função renal costuma ser realizada através da dosagem da creatinina plasmática. COCKCROFT-GAULT (CG) FG = 140 - idade x peso corporal (kg) 72 x Cr s Em caso de pacientes do sexo feminino deve-se multiplicar o resultado por 0,85. Quando diante de um paciente obeso, ou amputado o peso utilizado deverá ser o ideal através do seguinte cálculo: A2 (altura) x 21,7 (BASTOS; BASTOS, 2007). Além do cuidado individual, o Enfermeiro de saúde da família possui outra ferramenta de suma importância, o grupo operativo, proposto também pela linha-guia hipertensão e diabetes servindo como um mecanismo de desenvolvimento de atividades educativas com o coletivo. Nesses grupos diversos temas e atividades podem ser propostas visando uma melhora na comunicação entre os pacientes e o profissional permitindo interação, estabelecendo vínculo e explanando dúvidas comuns e/ou incomuns que às vezes passam despercebidas na consulta individual ou que o próprio paciente só observa a partir da troca de 39 vivências e ainda a fixação das orientações que são dadas durante as consultas (MINAS GERAIS, 2006). Balbo (2007) se utiliza de dados da Europa e da América Latina para mostrar que a referênciar tardiamente os pacientes portadores de DRC é comum, e tem implicado na maior prevalência de complicações da uremia ao início da diálise, no aumento do número de hospitalizações e no maior custo no tratamento. Castro e Car (2000) citando Woong (1992) relatam que tratar uma doença crônica como a HAS é mais que controlar sintomas, é lidar com incapacidades ou adaptações para as mudanças psicológicas e sociais que uma doença incurável em longo prazo traz para a vida das pessoas atingidas e seus familiares, sendo um processo de mudança muito complicado. A consecução dessas mudanças é lenta e por serem medidas educativas, necessitam de continuidade e de uma equipe multiprofissional integrada conforme salienta Cesarino et al., (2006). A principal estratégia para o controle da HAS e prevenção da DRC é o processo de educação por meio do qual a aquisição do conhecimento permitirá mudanças de comportamento com relação ao sedentarismo, alimentação, tabagismo, alcoolismo e estresse. Para isso o Enfermeiro deve exercer uma avaliação clínica criteriosa, atuando de forma concisa na estratificação do risco cardiovascular e classificação do risco individual em função de risco de lesão de órgão alvo, atuando na singularidade e complexidade apresentada pelo cliente (BRASIL, 2006; FILHO; BRITO, 2006; FIGUEIREDO, 2007; MINAS GERAIS, 2006). 40 8 METODOLOGIA O estudo realizado trata-se, de acordo com Marconi e Lakatos (2003, 2007), de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva, exploratória indireta, de natureza básica compilada com reflexão crítica e exaustiva de referências com o objetivo de descrever a relação entre a Hipertensão Arterial Sistêmica e Doença Renal Crônica e a atuação do profissional Enfermeiro no Sistema Único de Saúde através da atenção primária. As fontes utilizadas tiveram embasamento em livros de autores especializados no assunto, leis, sensos, relatórios, jornais, revistas, periódicos, portarias e referências relevantes por meio de consultas ao acervo literário da biblioteca do campus II da Universidade Vale do Rio Doce e em sites de busca e de pesquisa como SCIELO, LILAC, BIREME, GOOGLE e websites da Sociedade Brasileira de Nefrologia, da Sociedade Brasileira de Hipertensão, do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, do Conselho Regional e Federal de Enfermagem, cujos descritores foram abordados: hipertensão arterial sistêmica, doença renal crônica, estratégia de saúde da família, filtração glomerular, proteinúria, tabagismo, álcool, exercício físico, alimentação adequada, consumo de sal, estresse. A pesquisa foi realizada no período de 20 de junho a 06 de novembro de 2009, utilizando estudos publicados entre os anos de 1991 a 2009, buscando assim dar sustentação e credibilidade ao trabalho desenvolvido. 41 9 CONCLUSÃO A qualidade de vida do ser humano expressa a qualidade de sua saúde, suas possibilidades e limitações individuais e coletivas. Representa o processo de satisfação de suas necessidades primárias e culturais de bem viver e sobrevivência, como ter alimentos, conhecimentos, abrigo e afetividade. Assim, todo ser humano pode ter possibilidade ou limitação para o viver saudável. As doenças crônico-degenerativas caracterizam-se como os males da vida moderna e encontra-se em expansivo índice de acometimento à população em âmbito mundial e nacional. Por sua vez, elas galgam um lugar de destaque por suas taxas elevadas de morbimortalidade e repercussão socioeconômica com reflexos na qualidade de vida. Nesse contexto crônico-degenerativo, a Hipertensão Arterial Sistêmica e a Doença Renal Crônica se destacam no Brasil por sua alta incidência e prevalência e por sua relação mórbida com vistas à degradação orgânica que reflete negativamente na vivência diária do brasileiro, caracterizando-se como um grave problema de saúde pública e um desafio ao Sistema Único de Saúde. Apesar de sua recente implantação, o SUS tem evoluído muito em sua assistência com destaque para a atenção primária, porta de entrada do sistema, que atua junto à população através de uma área de abrangência delimitada com fatores socioeconômico-demográficos explícitos, facilitando o acesso equitativo às ações de saúde e a atuação profissional conforme filosofia do serviço. Como essa é uma doença multifatorial, seu tratamento envolve objetivos múltiplos com diferentes abordagens e, sempre que possível, requer o apoio de outros profissionais de saúde que não o médico e o enfermeiro, como a ação inter e multidisciplinar trazida pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família, ampliando o sucesso do tratamento anti-hipertensivo. Portanto, o Enfermeiro como agente do educar em saúde, possui na estratégia de saúde da família um patamar distinto, privilegiado e de destaque na atenção ao paciente hipertenso e na comunidade de forma geral como intervencionista no ciclo de degradação renal, pautando sua assistência no indivíduo e em seu contexto sociocultural, estabelecendo sua ação em princípios científicos e na estratificação de risco desses. Esse profissional deve permanecer em constante aprimoramento permitindo a complementação de sua assistência com técnicas que viabilizam um manejo adequado de seu cliente. 42 O vínculo profissional/paciente permite efetivas ações educativas e terapêuticas, adesão ao tratamento, envolvimento do núcleo familiar na busca por melhora do nível pressórico e condução do quadro hipertensivo, principalmente por permitir interferência nos fatores de risco modificáveis. Fatores esses que se modificados provocam uma série de respostas fisiológicas, resultantes de adaptações autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar positivamente no controle hipertensivo e na prevenção da Doença Renal Crônica. Assim, o presente estudo trouxe sugestões para o manuseio adequado do paciente hipertenso e ações que possam ser praticadas pelo Enfermeiro como a inclusão do cálculo de estimativa da filtração glomerular, a avaliação da proteinúria para rastreamento da função renal e a utilização adequada de grupos operativos para educar quanto a hábitos de vida saudáveis e minimização dos riscos. Diante desse cenário, fica claro a necessidade em investimentos e desenvolvimento de ações abrangentes para o controle da HAS e prevenção de sua complicação – DRC, nos diferentes níveis de atuação, como na promoção da saúde, na detecção precoce, na assistência aos pacientes, na vigilância, na busca ativa, na formação de recursos humanos, na melhora da comunicação e mobilização social, na pesquisa e na gestão do SUS. 43 REFERÊNCIAS III CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERAL. Departamento de hipertensão arterial. Hipertensão arterial – atenção primária Campos do Jordão,1998. 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Acesso em: 26 out. 2009. 51 ANEXOS 52 ANEXO I - TABELA PARA CÁLCULO ESTIMADO DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR Pacientes do sexo feminino Creatinina sérica (mg/dL) 0,5 171 169 167 166 164 163 161 160 159 157 156 155 154 153 152 151 150 149 148 148 147 146 145 145 144 143 142 142 141 141 140 139 139 138 138 137 137 136 136 135 135 134 134 133 133 132 132 132 131 131 130 130 130 129 129 129 128 128 127 127 127 126 126 0,6 138 137 135 134 133 132 131 129 128 127 127 126 125 124 123 122 122 121 120 120 119 118 118 117 117 116 115 115 114 114 113 113 112 112 112 111 111 110 110 110 109 109 108 108 108 107 107 107 106 106 106 105 105 105 104 104 104 104 103 103 103 102 102 0,7 116 115 113 112 111 110 109 108 108 107 106 105 104 104 103 102 102 101 101 100 100 99 99 98 98 97 97 96 96 95 95 95 94 94 93 93 93 92 92 92 91 91 91 90 90 90 90 89 89 89 88 88 88 88 87 87 87 87 86 86 86 86 86 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 99 87 77 69 62 57 52 48 45 42 39 37 34 33 31 29 28 27 22 18 15 14 12 98 86 76 68 62 56 51 48 44 41 39 36 34 32 31 29 28 26 21 18 15 13 12 97 85 75 67 61 56 51 47 44 41 38 36 34 32 30 29 27 26 21 18 15 13 12 96 84 74 67 60 55 50 47 43 40 38 35 33 32 30 28 27 26 21 18 15 13 12 95 83 74 66 60 54 50 46 43 40 37 35 33 31 30 28 27 26 21 17 15 13 12 94 82 73 65 59 54 50 46 42 40 37 35 33 31 29 28 27 25 21 17 15 13 11 94 82 72 65 59 53 49 45 42 39 37 35 33 31 29 28 26 25 20 17 15 13 11 93 81 72 64 58 53 49 45 42 39 36 34 32 30 29 27 26 25 20 17 14 13 11 92 80 71 64 58 53 48 45 41 39 36 34 32 30 29 27 26 25 20 17 14 13 11 91 80 71 63 57 52 48 44 41 38 36 34 32 30 28 27 26 25 20 17 14 12 11 91 79 70 63 57 52 48 44 41 38 36 33 32 30 28 27 26 24 20 17 14 12 11 90 79 70 62 56 51 47 44 41 38 35 33 31 30 28 27 25 24 20 16 14 12 11 90 78 69 62 56 51 47 43 40 38 35 33 31 29 28 26 25 24 19 16 14 12 11 89 78 69 62 56 51 47 43 40 37 35 33 31 29 28 26 25 24 19 16 14 12 11 88 77 68 61 55 50 46 43 40 37 35 33 31 29 27 26 25 24 19 16 14 12 11 88 77 68 61 55 50 46 43 39 37 34 32 30 29 27 26 25 24 19 16 14 12 11 87 76 67 60 55 50 46 42 39 37 34 32 30 29 27 26 25 23 19 16 14 12 11 87 76 67 60 54 50 45 42 39 36 34 32 30 28 27 26 24 23 19 16 14 12 10 86 75 67 60 54 49 45 42 39 36 34 32 30 28 27 26 24 23 19 16 13 12 10 86 75 66 59 54 49 45 42 39 36 34 32 30 28 27 25 24 23 19 16 13 12 10 85 74 66 59 53 49 45 41 38 36 33 31 30 28 27 25 24 23 19 16 13 12 10 85 74 66 59 53 48 44 41 38 36 33 31 29 28 26 25 24 23 18 15 13 12 10 84 74 65 58 53 48 44 41 38 35 33 31 29 28 26 25 24 23 18 15 13 12 10 84 73 65 58 53 48 44 41 38 35 33 31 29 28 26 25 24 23 18 15 13 11 10 84 73 65 58 52 48 44 40 38 35 33 31 29 27 26 25 24 22 18 15 13 11 10 83 73 64 58 52 48 44 40 37 35 33 31 29 27 26 25 23 22 18 15 13 11 10 83 72 64 57 52 47 43 40 37 35 32 31 29 27 26 24 23 22 18 15 13 11 10 82 72 64 57 52 47 43 40 37 35 32 30 29 27 26 24 23 22 18 15 13 11 10 82 72 63 57 51 47 43 40 37 34 32 30 29 27 26 24 23 22 18 15 13 11 10 82 71 63 57 51 47 43 40 37 34 32 30 28 27 25 24 23 22 18 15 13 11 10 81 71 63 56 51 46 43 39 37 34 32 30 28 27 25 24 23 22 18 15 13 11 10 81 71 63 56 51 46 42 39 36 34 32 30 28 27 25 24 23 22 18 15 13 11 10 81 70 62 56 51 46 42 39 36 34 32 30 28 26 25 24 23 22 18 15 13 11 10 80 70 62 56 50 46 42 39 36 34 32 30 28 26 25 24 23 22 17 15 13 11 10 80 70 62 55 50 46 42 39 36 34 31 30 28 26 25 24 23 21 17 15 12 11 10 80 70 62 55 50 46 42 39 36 33 31 29 28 26 25 24 22 21 17 15 12 11 10 79 69 61 55 50 45 42 38 36 33 31 29 28 26 25 23 22 21 17 14 12 11 10 79 69 61 55 50 45 41 38 36 33 31 29 27 26 25 23 22 21 17 14 12 11 10 79 69 61 55 49 45 41 38 35 33 31 29 27 26 25 23 22 21 17 14 12 11 10 79 69 61 54 49 45 41 38 35 33 31 29 27 26 24 23 22 21 17 14 12 11 9 78 68 61 54 49 45 41 38 35 33 31 29 27 26 24 23 22 21 17 14 12 11 9 78 68 60 54 49 45 41 38 35 33 31 29 27 26 24 23 22 21 17 14 12 11 9 78 68 60 54 49 44 41 38 35 33 31 29 27 26 24 23 22 21 17 14 12 11 9 78 68 60 54 49 44 41 38 35 32 30 29 27 25 24 23 22 21 17 14 12 11 9 77 67 60 53 48 44 40 37 35 32 30 28 27 25 24 23 22 21 17 14 12 11 9 77 67 60 53 48 44 40 37 35 32 30 28 27 25 24 23 22 21 17 14 12 10 9 77 67 59 53 48 44 40 37 34 32 30 28 27 25 24 23 22 21 17 14 12 10 9 77 67 59 53 48 44 40 37 34 32 30 28 27 25 24 23 22 21 17 14 12 10 9 76 67 59 53 48 44 40 37 34 32 30 28 26 25 24 23 21 20 17 14 12 10 9 76 66 59 53 48 43 40 37 34 32 30 28 26 25 24 22 21 20 17 14 12 10 9 76 66 59 52 47 43 40 37 34 32 30 28 26 25 24 22 21 20 16 14 12 10 9 76 66 58 52 47 43 40 37 34 32 30 28 26 25 24 22 21 20 16 14 12 10 9 75 66 58 52 47 43 40 36 34 32 30 28 26 25 23 22 21 20 16 14 12 10 9 75 66 58 52 47 43 39 36 34 31 29 28 26 25 23 22 21 20 16 14 12 10 9 75 65 58 52 47 43 39 36 34 31 29 28 26 25 23 22 21 20 16 14 12 10 9 75 65 58 52 47 43 39 36 34 31 29 28 26 25 23 22 21 20 16 14 12 10 9 75 65 58 52 47 43 39 36 33 31 29 27 26 24 23 22 21 20 16 14 12 10 9 74 65 57 51 47 42 39 36 33 31 29 27 26 24 23 22 21 20 16 14 12 10 9 74 65 57 51 46 42 39 36 33 31 29 27 26 24 23 22 21 20 16 13 12 10 9 74 65 57 51 46 42 39 36 33 31 29 27 26 24 23 22 21 20 16 13 12 10 9 74 64 57 51 46 42 39 36 33 31 29 27 26 24 23 22 21 20 16 13 12 10 9 74 64 57 51 46 42 39 36 33 31 29 27 26 24 23 22 21 20 16 13 11 10 9 73 64 57 51 46 42 38 36 33 31 29 27 25 24 23 22 21 20 16 13 11 10 9 Estágio da DRC: 1 2 3 4 5 Filtração glomerular (ml/min/1,73 m2) Idade (anos) I D A D E 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 53 ANEXO II - TABELA PARA CÁLCULO ESTIMADO DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR Pacientes do sexo masculino Creatinina sérica (mg/dL) 0,5 230 228 225 223 221 219 217 215 214 212 210 209 208 206 205 204 202 201 200 199 198 197 196 195 194 193 192 191 190 189 189 188 187 186 186 185 184 183 183 182 182 181 180 180 179 178 178 177 177 176 176 175 175 174 174 173 173 172 172 171 171 170 170 0,6 187 184 183 181 179 177 176 174 173 172 171 169 168 167 166 165 164 163 162 161 160 159 159 158 157 156 156 155 154 153 153 152 152 151 150 150 149 149 148 148 147 147 146 146 145 145 144 144 143 143 142 142 142 141 141 140 140 140 139 139 138 138 138 0,7 156 154 153 151 150 149 147 146 145 144 143 142 141 140 139 138 137 136 136 135 134 133 133 132 131 131 130 130 129 128 128 127 127 126 126 125 125 124 124 124 123 123 122 122 121 121 121 120 120 120 119 119 118 118 118 117 117 117 117 116 116 116 115 0,8 134 132 131 130 128 127 126 125 124 123 122 121 121 120 119 118 118 117 116 116 115 114 114 113 113 112 112 111 111 110 110 109 109 108 108 107 107 107 106 106 106 105 105 104 104 104 103 103 103 102 102 102 102 101 101 101 100 100 100 100 99 99 99 0,9 117 116 114 113 112 111 110 109 108 108 107 106 105 105 104 103 103 102 101 101 100 100 99 99 98 98 97 97 97 96 96 95 95 95 94 94 93 93 93 92 92 92 91 91 91 91 90 90 90 89 89 89 89 88 88 88 88 87 87 87 87 87 86 Estágio da DRC: 1,0 103 102 101 100 99 98 98 97 96 95 95 94 93 93 92 91 91 90 90 89 89 88 88 88 87 87 86 86 86 85 85 84 84 84 83 83 83 82 82 82 82 81 81 81 80 80 80 80 79 79 79 79 79 78 78 78 78 77 77 77 77 77 76 1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 93 84 76 70 65 60 56 52 49 46 44 42 40 38 36 29 24 21 18 16 92 83 76 69 64 59 55 52 49 46 43 41 39 37 36 29 24 21 18 16 91 82 75 69 63 59 55 51 48 46 43 41 39 37 35 28 24 20 18 16 90 81 74 68 63 58 54 51 48 45 43 40 38 37 35 28 24 20 18 16 89 80 73 67 62 58 54 50 47 45 42 40 38 36 34 28 23 20 18 16 88 80 73 67 62 57 53 50 47 44 42 40 38 36 34 28 23 20 17 15 87 79 72 66 61 57 53 50 47 44 41 39 37 36 34 27 23 20 17 15 87 78 71 66 61 56 52 49 46 43 41 39 37 35 34 27 23 20 17 15 86 78 71 65 60 56 52 49 46 43 41 39 37 35 33 27 23 19 17 15 85 77 70 65 60 55 52 48 45 43 40 38 36 35 33 27 22 19 17 15 85 77 70 64 59 55 51 48 45 42 40 38 36 34 33 27 22 19 17 15 84 76 69 64 59 55 51 48 45 42 40 38 36 34 33 26 22 19 17 15 84 76 69 63 58 54 51 47 44 42 40 38 36 34 32 26 22 19 16 15 83 75 68 63 58 54 50 47 44 42 39 37 35 34 32 26 22 19 16 14 82 75 68 62 58 54 50 47 44 41 39 37 35 34 32 26 22 19 16 14 82 74 68 62 57 53 50 46 44 41 39 37 35 33 32 26 22 18 16 14 81 74 67 62 57 53 49 46 43 41 39 37 35 33 32 26 21 18 16 14 81 73 67 61 57 53 49 46 43 41 38 36 35 33 31 25 21 18 16 14 81 73 66 61 56 52 49 46 43 40 38 36 34 33 31 25 21 18 16 14 80 72 66 61 56 52 48 45 43 40 38 36 34 33 31 25 21 18 16 14 80 72 66 60 56 52 48 45 42 40 38 36 34 32 31 25 21 18 16 14 79 72 65 60 55 51 48 45 42 40 38 36 34 32 31 25 21 18 16 14 79 71 65 60 55 51 48 45 42 40 37 35 34 32 31 25 21 18 16 14 78 71 65 59 55 51 47 44 42 39 37 35 33 32 30 25 21 18 15 14 78 71 64 59 55 51 47 44 42 39 37 35 33 32 30 25 21 18 15 14 78 70 64 59 54 50 47 44 41 39 37 35 33 32 30 24 20 18 15 14 77 70 64 59 54 50 47 44 41 39 37 35 33 31 30 24 20 17 15 13 77 70 63 58 54 50 47 44 41 39 36 35 33 31 30 24 20 17 15 13 77 69 63 58 54 50 46 43 41 38 36 34 33 31 30 24 20 17 15 13 76 69 63 58 53 49 46 43 41 38 36 34 33 31 30 24 20 17 15 13 76 69 63 57 53 49 46 43 40 38 36 34 32 31 29 24 20 17 15 13 76 68 62 57 53 49 46 43 40 38 36 34 32 31 29 24 20 17 15 13 75 68 62 57 53 49 46 43 40 38 36 34 32 31 29 24 20 17 15 13 75 68 62 57 52 49 45 42 40 38 36 34 32 30 29 24 20 17 15 13 75 68 62 57 52 48 45 42 40 37 35 34 32 30 29 23 20 17 15 13 74 67 61 56 52 48 45 42 40 37 35 33 32 30 29 23 20 17 15 13 74 67 61 56 52 48 45 42 39 37 35 33 32 30 29 23 19 17 15 13 74 67 61 56 52 48 45 42 39 37 35 33 32 30 29 23 19 17 15 13 74 67 61 56 51 48 45 42 39 37 35 33 31 30 29 23 19 17 14 13 73 66 60 56 51 48 44 42 39 37 35 33 31 30 28 23 19 17 14 13 73 66 60 55 51 47 44 41 39 37 35 33 31 30 28 23 19 16 14 13 73 66 60 55 51 47 44 41 39 37 35 33 31 30 28 23 19 16 14 13 73 66 60 55 51 47 44 41 39 36 34 33 31 29 28 23 19 16 14 13 72 65 60 55 51 47 44 41 38 36 34 33 31 29 28 23 19 16 14 13 72 65 59 55 50 47 44 41 38 36 34 32 31 29 28 23 19 16 14 13 72 65 59 54 50 47 43 41 38 36 34 32 31 29 28 23 19 16 14 13 72 65 59 54 50 46 43 41 38 36 34 32 31 29 28 23 19 16 14 12 71 65 59 54 50 46 43 40 38 36 34 32 30 29 28 22 19 16 14 12 71 64 59 54 50 46 43 40 38 36 34 32 30 29 28 22 19 16 14 12 71 64 59 54 50 46 43 40 38 36 34 32 30 29 28 22 19 16 14 12 71 64 58 54 49 46 43 40 38 35 34 32 30 29 27 22 19 16 14 12 71 64 58 53 49 46 43 40 38 35 33 32 30 29 27 22 19 16 14 12 70 64 58 53 49 46 43 40 37 35 33 32 30 29 27 22 18 16 14 12 70 63 58 53 49 46 42 40 37 35 33 32 30 29 27 22 18 16 14 12 70 63 58 53 49 45 42 40 37 35 33 31 30 28 27 22 18 16 14 12 70 63 58 53 49 45 42 40 37 35 33 31 30 28 27 22 18 16 14 12 70 63 57 53 49 45 42 39 37 35 33 31 30 28 27 22 18 16 14 12 69 63 57 53 48 45 42 39 37 35 33 31 30 28 27 22 18 16 14 12 69 63 57 52 48 45 42 39 37 35 33 31 30 28 27 22 18 16 14 12 69 62 57 52 48 45 42 39 37 35 33 31 29 28 27 22 18 16 14 12 69 62 57 52 48 45 42 39 37 35 33 31 29 28 27 22 18 16 14 12 69 62 57 52 48 45 42 39 37 34 33 31 29 28 27 22 18 15 14 12 68 62 56 52 48 44 41 39 36 34 32 31 29 28 27 22 18 15 13 12 Filtração glomerular (ml/min/1,73 m2) Idade (anos) I D A D E 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 2 3 4 5