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Laleh Khadivi´s Birds
Birds
Of Earth, we see all.
Though our ears are empty and our feet frail farces,
our lungs breathe the best thin air
and our wings rise and fall to draw circles in the sky.
We fly interminable; omniscient; above rotations of earth and time.
Of Earth, we see all.
Below, the many spines of Mesopotamia:
her plates long buck-led into mountain ridges, hoary and high;
rivers and streams, silken kraits that line in silver and blue;
the undulations of skulls buried beneath the desert floor, one after one after one,
like the nodes in history’s back: benighted, elapsed, in dissolve.
Of Earth, we see all.
Below: the scales of a scorpion, the whiskers of a grouse,
the freckles of sheep that move across the green hillsides.
Below: the sandy substructure of ancient wells that rest
in the shadows of treetops whose roots and trunks
they water slowly over the ages. Below: a desert pocked by brush and crater;
the unmanaged dunes; the swales lush and green; a defiant nature.
Of earth, we see all.
Below, the human effort: to sow, to order, to reap, to flame,
to farm, to slaughter, to sex, to sit and to stay, to move and to horde, mortal and unresolved.
Below: the harnessed wood; the tamed stream; the crumbled ruins strewn and
screaming about the surface like a million mouths of broken teeth.
Below: a madness for marking.
Of earth, we see all; we are the eyes of God.
Below, the caravansary: a march of men in a string, like ants, thirsty and maddened to
possess the mound. We have seen the march of men before: Chaldean, Greek, Parse and
Aryan. All with the same two limb legs and two limb arms, eyes to witness and water,
ears to hear and hands to clutch and caress. To us they are but one man, the same man,
a man the same as the ant in a constant march and march and march.
Of earth, we see all; we are the eyes of their given God.
Below, the boy in the caravan gazes up to the swirl of us
with a sterling desire, cursed, as he is, to the gloried ground.
ISSN: 2448-0363
Vol 01, 2015.1
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“Pássaros” de Laleh Khadivi
Traduzido por Sirlene Rosa Santos
Passáros
Da Terra, vemos tudo.
Apesar dos nossos ouvidos estarem vazios e nossos pés fragilizados,
nossos pulmões respiram o mais rarefeito ar
e nossas asas sobem e descem a desenhar círculos no céu.
Voamos intermináveis; oniscientes; além das rotações da terra e do tempo.
Da Terra, vemos tudo.
Abaixo, os muitos espinhos da Mesopotâmia:
suas longas placas curvadas nos cumes da montanha, velha e alta;
rios e riachos, cobras marinhas se alinham como fios de seda prata e azul;
as ondulações de crânios enterrados sob o solo do deserto, um após o outro,
como os nós na volta da história: ignorantes, decorridos, a dissolver.
Da terra, vemos tudo.
Embaixo: as escamas de um escorpião, os bigodes de um galo silvestre,
as sardas de ovelhas que movem através das encostas verdes.
Embaixo: a arenosa subestrutura de antigas cavidades que descansam
nas sombras das copas das árvores, cujas raízes e troncos
saem água ao longo dos tempos. Abaixo: um deserto crivado por cratera.
dunas descontroladas; valas exuberantes e verdes; uma natureza desafiante.
Da terra, vemos tudo.
Abaixo, o esforço humano: a semear, a ordenar, a colher, a chamar,
a cultivar, a abater, ao sexo, a sentar e ficar, a mover e multidão, mortal e sem solução.
Abaixo: a madeira aproveitada; a corrente domada; as ruínas desmoronadas espalhadas e
gritando sobre a superfície como milhões de bocas de dentes quebrados.
Abaixo: uma loucura marcante.
Da terra, vemos tudo; somos os olhos de Deus.
Abaixo, o carnaval: uma marcha de homens em uma corda como formigas, sedentos e
enlouquecidos para possuir o monte. Vimos antes à marcha de homens: Caldeu, Grego, Parse
e Ariano. Todos com os mesmos membros, duas pernas e dois braços, olhos para testemunhar
e regar, ouvidos para ouvir e mãos para agarrar e acariciar. Para nós, eles são apenas um
homem, o mesmo homem, como uma formiga em uma constante marcha e marcha e marcha.
Da terra, vemos tudo; nós somos seus olhos dados por Deus.
ISSN: 2448-0363
Vol 01, 2015.1
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