Nº 152 - Associação Portuguesa de Hemofilia

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Ano 32 | N.º 152 | Out-Nov-Dez 2016 | Preço € 0,50
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE HEMOFILIA E DE OUTRAS COAGULOPATIAS CONGÉNITAS MEMBRO DA FEDERAÇÃO MUNDIAL DE HEMOFILIA E DO CONSÓRCIO EUROPEU DE HEMOFILIA
3º Congresso Nacional
de Hemofilia
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL
Em Penafiel Causas
comuns uniram
os congressistas
17 a 19
Março 2017
HOTEL
SOLEIL PENICHE
º
.
5
O
R
T
N
ENCO VENS
DE JO
2 |hemofilia Abr Mai Jun 2011
Editorial
Miguel Crato
2016 – Um balanço
2016 foi um ano muito importante para a
nossa comunidade.
Foi constituída a Comissão Nacional de
Hemofilia em Portugal, uma necessária
aspiração de todos nós, tendo em vista as
competências que lhe foram atribuídas por
lei, nomeadamente o estabelecimento dos
centros de referência para as coagulopatias
congénitas, os critérios para que o tão
desejado Registo Nacional seja uma
realidade e a existência de uma via verde em
situações de emergência para pessoas com
hemofilia e outros distúrbios hemorrágicos.
A não existência destes três pontos têm sido
um revês para que o nosso país esteja ao
nível dos países europeus mais avançados.
As nossas patologias não podem estar
dependentes de boas vontades informais, tê
m que merecer a contemplação legislativa,
e é para isso que a Comissão Nacional de
Hemofilia existe, da qual faz parte a APH
com um seu representante.
Internamente a APH sedimentou a filosofia
que se propôs abraçar: segmentar a sua
população para uma maior eficácia
ao nível da identificação de problemas
e do fornecimento de informação e
competências. Assim, continuámos com
os eventos anuais – Funfilia, Encontro de
Jovens, Conferência de Pais, Encontro de
Mulheres com Distúrbios Hemorrágicos e
pela primeira vez, Encontro de Pessoas com
Hemofilia e Inibidores. A culminar um ano
bastante intenso e participativo tivemos
o que se pode já considerar o momento
de encontro privilegiado de toda a nossa
comunidade, o Congresso Nacional, já na
sua terceira edição.
Estamos certos que 2017 será um ano de
intenso trabalho e actividade, de modo a
que a nossa comunidade esteja cada vez
mais esclarecida e que se aproxime mais da
sua associação, quer para nos comunicar
os seus problemas e necessidades, mas
que também, de uma forma pro-activa
se consciencialize que faz parte de uma
associação e de que precisamos que todos
estejam nesta luta. É essencial que não nos
esqueçamos, a APH é de todos e a todos se
exige uma participação activa e solidária.
“(...)
para que o nosso país
esteja ao nível dos
países europeus mais
avançados. As nossas
patologias não podem
estar dependentes de
boas vontades informais
(...) ”
A rubrica “Por Palavras Nossas”
foi criada para si, que é nosso leitor
e por isso contamos com a sua
participação! Os textos poderão
ser enviados para a APH e
passarão por uma selecção
editorial, não devendo
exceder as duas
páginas A4 (5000
carateres).
Out Nov Dez 2016 hemofilia |3
POR
PALAVRAS
NOSSAS
“Iguais à nossa maneira”
O meu nome é Frederico Cardoso, tenho 15 anos
e Hemofilia A grave.
Aprender a viver com hemofilia é aprender a
adaptar-me e a conhecer melhor a minha doença.
A minha última conquista foi neste verão. Consegui picar-me sozinho. Para além de ter ganho
maior confiança em mim próprio, ganhei uma
coisa muito importante: independência.
A adaptação à hemofilia não passa só por nós
próprios, mas também por nos conseguirmos
adaptar à sociedade e é aí que entra a autoestima. A autoestima depende de cada um de nós, de
cada pessoa que tem hemofilia. O facto de termos
uma boa autoestima ajuda-nos a conseguirmos
viver melhor em sociedade e também a ganhar
coragem para os desafios do nosso dia-a-dia.
Eu posso dizer que no geral sou um rapaz
com uma boa autoestima.
Agradeço também isso à minha família, que
nunca me educou, ou viu, como um “coitadinho”
e sempre tentou que eu tivesse uma vida normal.
O lema é crescer com responsabilidade.
Lembro-me de quando era pequeno, quando andava na primária, não querer que a minha
mãe contasse da minha doença. Não queria ser
visto de forma diferente pelas pessoas e sobretudo pelos meus colegas. Achava que se as outras
pessoas soubessem que eu tinha hemofilia me
tratariam de forma diferente. Por exemplo, na
hora do recreio, quando fosse brincar com os
meus amigos, eles não me deixassem participar
nas brincadeiras e me pusessem de parte.
Ainda hoje não gosto, apenas falo a quem
acho que devo falar.
Por exemplo, na escola todas as minhas diretoras de turma foram informadas, porque o facto
de desconhecerem que tenho esta doença poderia ser ainda mais grave no caso de me acontecer
algum acidente. Sempre que inicio uma nova
modalidade desportiva, como o pólo aquático e
agora o triatlo, tenho sempre em conta que devo
avisar o treinador e a minha médica.
Também passei pela fase da negação (acho
que quase todos passam) em achar que não
precisava do fator para nada e que poderia fazer uma vida normal sem ter episódios hemorrágicos.
Frederico
Cardoso
Passei pela fase do “porquê eu?”, “porquê a
mim?”, “por que é que não posso jogar à bola
como os outros colegas sem ter que ficar de molho e levar doses extras de fator porque me aleijei?” Para a autoestima de um jovem não é fácil.
À medida que fui crescendo percebi que tinha que aceitar a minha doença e aprender a
lidar com ela e também aprender a lidar com a
reação dos outros. Relativamente à minha família,
vi muitas vezes a preocupação e alguns cuidados
que tinham para comigo. No que toca aos amigos
ao contar da minha doença, porque aparecia na
escola com o penso, depois de levar o fator, ou
porque por vezes ia de canadianas para a escola,
ou numa simples conversa sobre jogar à bola ou
praticar outro desporto mais agressivo, surgiam
as perguntas “o que tens?” e “por que é que não
fazes este ou aquele desporto?”
Nunca me senti posto de parte depois de
contar, senti antes uma reação de curiosidade.
No ano passado expliquei o meu problema de
saúde à minha turma, a pedido da diretora de turma e também porque era um tema que fazia parte
do programa de ciências do 9º ano e o professor
pediu-me se queria falar sobre isso na turma. No
geral todos reagiram bem, ficaram curiosos, alguns
quiseram saber mais e fizeram várias perguntas,
o que eu achei bastante positivo. Também nessa
altura foi importante porque muitos deles me perguntaram, por exemplo: se a hemofilia é contagiosa; se a hemofilia passa para as minhas gerações
futuras; como é a tua medicação…
A minha reação às perguntas dos meus colegas foi a de tentar esclarecê-los da melhor forma possível.
No geral acho que a reação foi de curiosidade.
É importante explicar a nossa doença, para que
as pessoas não fiquem com ideias erradas e não
marginalizem os outros.
Queria partilhar uma situação que me acon-
teceu no 9º ano, com a minha professora de educação física.
Sempre fui uma pessoa muito ativa e não tenho problemas em desenvolver as mesmas atividades que os meus colegas. É claro que há certas
atividades que eu sei que não posso fazer, devido
à minha doença. E aqui é importante sabermos
os nossos limites e não tentar ultrapassá-los, às
vezes dá mau resultado.
Aconteceu o ano passado, ter uma professora de educação física que queria que eu tivesse
aulas separadas da minha turma devido à minha
doença. Foi uma situação que não foi fácil, não
queria ser diferente ou receber um tratamento
diferente só porque tinha hemofilia. Recusei, não
queria ser tratado de modo diferente. Aí sim, acho
que me iria sentir mal. Sei que posso ter aulas
como as outras pessoas e sei os limites que não
posso ultrapassar.
Penso que a professora talvez quisesse que
eu tivesse aulas separadas porque era a primeira
vez que tinha um aluno com a minha doença,
mas foi aí que tive de me impor e lhe dizer que só
por ter um problema de saúde não era razão suficiente para ter aulas separadas. Eu consigo fazer
as atividades como os meus colegas e com eles,
estabelecendo sempre os meus limites.
Acabou por correr tudo bem e se esta professora no futuro tiver um aluno com a minha doença, quem sabe se a atitude dela não seja outra.
Para todos os jovens que têm hemofilia gostava de dizer que nunca devem deixar de fazer
algo ou praticar algo só porque alguém diz que
não podem fazer. Têm de conhecer bem até onde
podem ir, saber os vossos limites. Temos que traçar o nosso próprio caminho na vida e nesse caminho pensar nas melhores opções para que
possa facilitá-lo, nunca desistir só porque alguém
o diz e nunca, mas nunca, nos comportarmos de
maneira diferente e deixar os outros tratarem-nos
de maneira diferente. Nós somos iguais, mas à
nossa maneira.
Queria apenas finalizar com esta frase:
“Não deixes que as pessoas te façam desistir
daquilo que mais queres na vida. Acredita, luta
e conquista. Mas acima de tudo sê feliz”. (autor
desconhecido).
4 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
Data limite de Inscrição:
20 de Fevereiro
N.º
Outubro
Alcino Alegria
Alex Ferreira
Ana Pastor André Nóbrega
André Vid Ramos
António Carvalho
António Marreiro
Augusto Ferreira
Beatriz Amoreira
Bruno Oliveira
Caetano Amorim
Carlos Belga
Carlos Silva
Custódio Rocha
Diamantino Silva
Diogo Gomes
Eduardo Pereira
Fernando Barbosa
Fernando Costa
Fernando Silva
Filipe Parreira
Francisco Borges
Frederico Alves
Gilberto Alves
Hugo Rodrigues
Isa Barros
Jilmar Costa
João Carvalho
João Tavares
Jorge Vilela
José Ferreira
José Maio
José Monteiro
José Ribeiro
José Rocha
Maksym Sarakhman
Manuel Jesus
Manuel Lebre
Manuel Ribeiro
Maria Santos
Mário Rothes
Martim Cheta
Martim Graça
Miguel Crato
Nelson Loureiro
Nuno Ferreira
Nuno Lemos
Pedro Barreto
Pedro Carvalho
Pedro Cunha
Pedro Ferro
Ricardo Fidalgo
Rosa Pereira
Rui Bernardino
Rui Pires
Rute Sousa
Samuel Coimbra
Vitor Brás
Novembro
1966-10-28
2010-10-07
1975-10-17
1989-10-05
1998-10-30
1968-10-25
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1965-10-23
1997-10-20
1995-10-19
2002-10-14
1975-10-03
1958-10-19
1980-10-15
1958-10-13
1987-10-21
1973-10-05
1956-10-22
1968-10-20
1965-10-17
2000-10-23
2002-10-14
1993-10-27
1981-10-15
1977-10-03
2004-10-07
2001-10-23
2003-10-13
2000-10-18
1988-10-25
1955-10-12
1967-10-25
1961-10-07
1935-10-07
1952-10-15
1988-10-07
1959-10-18
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1945-10-24
1961-10-18
1948-10-11
2009-10-11
2009-10-22
1969-10-20
1981-10-08
1989-10-23
1980-10-08
1999-10-26
2003-10-13
1996-10-13
1993-10-10
1980-10-18
1975-10-22
1979-10-22
1984-10-19
1990-10-17
1974-10-24
1970-10-16
Ana Rita Tavares
Ananias Semedo
António Bártolo
António Guerra
António Santos
António Sousa
Bernardino Gonçalves
Bruna Lopes
Bruno Freitas
Bruno Marques
Carlos Jesus
Carlos Santos
Carlos Simões
Delfim Almeida
Dinda Sousa
Edgar Alves
Hugo Barros
Inês Azevedo
João Amaral
João Campos
João Lourenço
João Oliveira
José Pedro Pereira
José Peixoto
José Santos
Júlio Silva
Luís Gomes
Luís Pina
Luís Pires
Manuel Dias
Marco Silva
Maria Henriques
Maurício Quintal
Miguel Ramos
Nuno Pereira
Paulo Ávila Pedro Ferreira
Pedro Gomes
Renato Penha
Rodrigo Asseiceira
Rúben Garrido
Santiago Silva
Tiago Boulhosa
Dezembro
1979-11-01
1984-11-28
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1977-11-04
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1987-11-05
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1987-11-29
1977-11-01
1980-11-03
1956-11-27
1959-11-13
1976-11-08
1950-11-26
1965-11-26
1981-11-02
1987-11-12
1952-11-23
1978-11-15
1956-11-21
1984-11-01
2003-11-22
1987-11-20
1985-11-18
1977-11-09
1988-11-11
1989-11-22
2004-11-03
2003-11-08
2011-11-02
2003-11-11
Albino Maia
Américo Silva
António Santos
António Santos
Artur Vieira
Bruno Santos
Carlo Agostinho
David Decoroso
Diogo Martins
Eduardo Antunes
Fernando Viterbo
Florentino Oliveira
Francisco Albardeiro
Francisco Ferreira
Frederico Cardoso
Gonçalo Ferreira
Hilário Frias
Hilário Moreira
Humberto Vieira
João Leandro
João Nascimento
João Pedro Oliveira
Joaquim Ferreira
José Aguiar
Luís Rodrigues
Luís Silva
Marco Oliveira
Margarida Malta
Maria Natália Santo
Mário Balça
Melissa Lopes
Miguel Angelo Cruz
Nuno Matos
Nuno Piçarra
Orlando Aguiar
Patricia Mendes
Paulo Antunes
Pedro Marques
Pedro Pinto
Pedro Vieira
Ricardo Pais
Roberto Santa Ana
Rodrigo Gomes
Rodrigo Gonçalves
Rui Chanoca
Valdemar Silva
1958-12-24
1962-12-27
1947-12-14
1955-12-04
1962-12-07
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1984-12-13
2003-12-28
2000-12-23
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1959-12-10
1946-12-18
1998-12-27
1967-12-10
2000-12-09
2003-12-04
1965-12-01
1968-12-22
1989-12-05
1996-12-04
1978-12-19
1975-12-19
1945-12-26
1973-12-04
1967-12-12
1972-12-19
1976-12-16
2014-12-10
1953-12-25
1968-12-13
1995-12-20
1998-12-02
1975-12-14
1980-12-26
1995-12-02
1974-12-03
1966-12-27
1983-12-06
1976-12-09
1996-12-20
1985-12-28
1971-12-13
2007-12-18
2007-12-23
1993-12-30
1973-12-17
(Encontro destinado a jovens com um
distúrbio hemorrágico entre os 14 e
os 30 anos e familiares diretos, dentro
dessa faixa etária)
INFORMAÇÃO PESSOAL
Tem um distúrbio Hemorrágico?
Sim (Sim, preencher tabela de Informação Médica)
Não (Não, indicar nome e distúrbio do familiar)
Nome:
Distúrbio Hemorrágico:
Nome:
Data de nascimento:
/
Associado da APH nº
E-mail:
Contactos: (tlm.) (dia)
(noite)
Outra pessoa para contacto:
/
Grau de parentesco
Contactos: (tlm.) (dia)
(noite)
INFORMAÇÃO MÉDICA
Tipo de Hemofilia: A
Leve
Moderada
Tipo VW: 1
2
B
C
Grave
Factor
%
3
Outro Distúrbio Hemorrágico
Qual?
Hospital onde é seguido?
Contactos de Urgência do Médico assistente:
Faz Auto-Tratamento? Sim
Faz Profilaxia? Sim
Não
Não
Marca do Factor
Dose de factor que faz em profilaxia?
Dias da semana que faz profilaxia?
Inibidores? Sim
Não
Qual o tratamento que faz?
Tem dificuldade de locomoção?
Ficha Técnica
Sim
Não
Necessita de algum meio auxiliar?
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE HEMOFILIA
E DE OUTRAS COAGULOPATIAS CONGÉNITAS
Membro da Federação Mundial de Hemofilia
e do Consórcio Europeu de Hemofilia
Cadeira de Rodas
Canadianas
Alergias ou doenças:/ Instruções medicamentosas:
Propriedade Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas – Instituição Particular de Solidariedade Social
Redacção e Administração Av. João Paulo II, Lote 530, Loja A, – 1950-158 Lisboa – Telefs.: 21 859 84 91 - 96 720 90 34
– E-mail: [email protected] – Site: www.aphemofilia.pt – Pessoa Colectiva n.º 501 415 971
Restrições alimentares ou outras
indicações uteis à organização:
A Direcção Miguel Crato, Hilário Moreira, Nuno Lopes, Carlos Mota, Rui Pires, Ana Barbosa, José Caetano
É OBRIGATÓRIO LEVAR FACTOR!
Registo no Ministério da Justiça N.º Inscrição 108 130, N.º Empresa 208 129 Design Gráfico e Paginação Traço e Meio - Design, Lda. – Tel. 261 867 963
Impressão e acabamento SOARTES - Artes Gráficas, Lda. – Telf:263 858 480 – Fax:263 858 489 – E-mail: [email protected]
Depósito Legal N.º 1772 Tiragem 2500 exemplares Periodicidade Trimestral
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessáriamente a opinião da Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras
Coagulopatias Congénitas.
O Participante (assinatura)
N
O
C
EN
HOTEL SOLEIL PENICHE
INSCRIÇÕES ATÉ 20 DE FEVEREIRO
Av. João Paulo II, Lote 530, Loja A, – 1950-158 Lisboa – Tel.: 21 859 84 91
E-mail: [email protected] – Site: www.aphemofilia.pt
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5
E
D
TRO
17 a 19 de Março 2017
Out Nov Dez 2016 hemofilia |5
Projeto co-fnanciado pelo Programa de Financiamento
a Projetos pelo INR, IP.
S
N
E
JOV
Foi publicado na Acta Médica Portuguesa, revista
científica da Ordem dos Médicos, edição de Novembro,
um artigo da autoria de Miguel Crato sobre a
“A Aplicabilidade do Consentimento Informado à
Hemofilia e outras Coagulopatias Congénitas”.
A Aplicabilidade do Consentimento Informado à
Hemofilia e Outras Coagulopatias Congénitas
Applying Informed Consent to Hemophilia and
patias congénitas,
Other Congenital Coagulopathy
3/02/2015.2
Miguel CRATO
mado consubstan-A hemofilia
a Norma 11/2014, relativa às coagulopatias congénitas,
de forma escrita, A hemofilia é uma doença crónica e uma deficiência or- eemitida
em 31/07/2014, atualizada em 03/02/2015.
gânica congénita no processo da coagulação do sangue,
Por definição o consentimento informado consubstanivre e esclarecida,que afeta esmagadoramente os indivíduos do sexo masculino. As pessoas com esta condição são afetadas por cia-se num ato de vontade, expresso de forma escrita,
re o seu corpo, aohemorragias, muitas vezes espontâneas e que incidem es- exercido pelo utente/paciente de forma livre e esclarecida,
VIVER COM...
and
1,2
2
pecialmente sobre as articulações, provocando a médio e
longo prazo deformações articulares que põem em crise a
qualidade de vida destes doentes.
O tratamento disponibilizado para a hemofilia consiste
na infusão substitutiva de concentrados de fatores da coagulação, quer sejam derivados do plasma, quer seja produtos que usam a tecnologia recombinante.
Todas as crianças e adultos com a forma grave da
doença (< 1%), efetuam este tratamento de forma profilática várias vezes por semana, visando assim prevenir hemorragias e possibilitar um crescimento saudável e sustentado.
O relacionamento destes pacientes com o seu tratamento tem sofrido várias vicissitudes ao longo dos últimos
anos, assumindo especial destaque a envolvência crescente com o seu médico especialista (imuno-hemoterapeuta)
sobre a decisão do seu tratamento, visando sempre a eficácia e segurança dos mesmos.
Desta forma, houve uma alteração de paradigma na
abordagem ao tratamento. As expectativas do doente face
ao manancial informativo sobre novos tratamentos e novas
abordagens terapêuticas para a hemofilia, levou a que o
seu médico fosse visto não como uma entidade semidivina que tudo sabe e que nada partilha, mas sim como um
parceiro fiável, que numa linguagem clara e esclarecedora
o informa sobre as possibilidades terapêuticas ao seu dispor e se constitui como fonte permanente de diálogo numa
perspectiva comunitária.
arecimento para a
te/paciente as ferer a assumir, após
conhecimento téc-
ados à hemofilia
a j) estatui: “O cone, dado por escrito,
…) aplicação de te-
a administrar teracoagulação a um
patia, é obrigatório
O consentimento informado
nto informado nos O relacionamento médico/doente como força motriz e
de informação por
mento posterior de
seja, o direito que
a proposta, de fora sua vontade de
PORTUGUESA.COM
contemporânea da gestão de uma patologia, teve como corolário o Instituto do Consentimento Informado, regido no
que tange à hemofilia e outros distúrbios hemorrágicos por
duas normas da Direção Geral da Saúde (DGS): a Norma
15/2013, emitida em 03/10/2013, atualizada em 04/11/20151
autorizando uma intervenção clinica sobre o seu corpo, ao
abrigo de um normativo.
O objetivo é claro: permitir um esclarecimento para a
auto-determinação, fornecendo ao utente/paciente as ferramentas necessárias à decisão que vier a assumir, após
esclarecimento do médico, provedor do conhecimento técnico.
Aplicabilidade aos tratamentos destinados à hemofilia
A Norma 15/2013, no seu nº 5, alínea j) estatui: “O consentimento informado, esclarecido e livre, dado por escrito,
é obrigatório nas seguintes situações: (…) aplicação de tecidos e células de origem humana”.
Desta forma, sempre que se pretenda administrar terapêutica com concentrados de factor da coagulação a um
doente com hemofilia ou outra coagulopatia, é obrigatório
que o mesmo preste o seu consentimento informado nos
termos da presente norma.
O que significa, que além do dever de informação por
parte do clinico prescritor, existe um momento posterior de
consentimento por parte do doente, ou seja, o direito que
este tem de aceitar ou não a terapêutica proposta, de forma escrita, bem como de ser respeitada a sua vontade de
manter a terapêutica que lhe é eficaz.
Existindo terapêutica disponível e autorizada pelo Infarmed para a hemofilia, a norma vigente tem obrigatoriamente que ser respeitada.
Actores do consentimento informado
No texto de apoio à referida norma e como complemento do texto da mesma, vêm indicados alguns conceitos, definições e orientações.
Assim, em F), vem esclarecido que “O Consentimento
Informado é, numa lógica negocial, um processo comunicacional, continuo e participado, através da interação
estabelecida entre o profissional de saúde e a pessoa”.
1. Presidente da Direcção. Associação Portuguesa de Hemofilia e de Outras Coagulopatias Congénitas. Lisboa. Portugal.
2. Steering Committee. Consórcio Europeu de Hemofilia. Bruxelas. Bélgica.
 Autor correspondente: Miguel Crato. [email protected]
Recebido: 03 de outubro de 2016 - Aceite: 14 de novembro de 2016 | Copyright © Ordem dos Médicos 2016
Revista Científica da Ordem dos Médicos 1
www.actamedicaportuguesa.com
ARTIGO APENAS DISPONÍVEL EM WWW.ACTAMEDICAPORTUGUESA.COM
ado à
tas
Nov Dez 2016
VIVER COM...
6 |hemofilia Out
ARTIGO APENAS DISPONÍVEL EM WWW.ACTAMEDICAPORTUGUESA.COM
A Norma nº 11/2014 da DGS
Foi emitida pela DGS em 31/07/2014 e actualizada em
03/02/2015, a Norma nº 11/2014 sobre “Selecção e uso de
Produtos Terapêuticos para o tratamento de utentes com
Coagulopatias Congénitas”.2
Sobre o consentimento informado, veio dispor esta norma orientadora no seu nº 5 que “O utente com Coagulopatias Congénitas ou o seu representante legal deve ser informado e esclarecido da necessidade de tratamento e das
vantagens e riscos das diferentes alternativas terapêuticas,
de modo a possibilitar uma decisão esclarecida”.
Para no seu nº 6 estatuir que “O Consentimento Informado escrito obtido deve ser integrado no processo clínico
do utente”.2
Desta forma, a Norma 11/2014 da DGS tornou ainda
mais claro que o consentimento informado se aplica às
coagulopatias congénitas, nem sequer fazendo a destrinça
entre produtos derivados do plasma e aqueles que usam a
tecnologia recombinante.
Obstáculos e consequências do não respeito da vontade do doente
Apesar da subvalorização da vontade do doente e da
opinião deste no seu processo terapêutico ainda encontrar
alguma expressão, o verdadeiro obstáculo à aplicação do
consentimento informado à hemofilia e às coagulopatias
congénitas tem sido desde 2013, a utilização do critério de
Revista Científica da Ordem dos Médicos
crime contra a liberdade.
Da mesma maneira se pode inferir que, sendo o médico
prescritor uma das duas partes neste processo, qualquer
acto que condicione a sua liberdade, no que diz respeito
ao aconselhamento ou informação ao doente, que não se
REFERÊNCIAS
1.
2.
3.
Direção Geral da Saúde. Consentimento informado, esclarecido e
livre para atos terapêuticos ou diagnósticos e para a participação em
estudos de investigação. Norma 15/2013. Lisboa: DGS; 2013.
Direção Geral da Saúde. Selecção e uso de Produtos Terapêuticos
para o tratamento de utentes com Coagulopatias Congénitas. Norma
11/2014. Lisboa: DGS; 2014.
Assembleia da Republica. Constituição da Republica Portuguesa: Artigo
25º Direito à integridade pessoal. 3ª ed. Coimbra: Almedina; 2016.
Out Nov Dez 2016 hemofilia |7
escolha da terapêutica baseada em critérios puramente
economicistas.
Com a publicação do despacho 13025-B/2013 de 11 de
Outubro, o critério único para a aquisição de medicamentos
passou a ser o do preço mais baixo.4
Até 2013, a compra destes produtos, através de concurso público de aquisição era feito com uma ponderação
que envolvia os critérios da segurança (basta lembrarmo-nos dos casos de infecção pelo HIV, hepatite C e variante
humana da doença de Kreutzfeld Jackobs), eficácia (variável, pois os produtos não tem todos a mesma semivida no
organismo, nem é igual de doente para doente), qualidade
e preço
Ou seja, a compra destes produtos deixou de ser feita
com a ponderação de critérios técnico-científicos para passar a ser exclusivamente pelo preço mais baixo.
Desta forma, mesmo que os médicos prescritores entendam que aquele produto que ganhou o concurso não
é o melhor em termos puramente clínicos, especialmente
ao nível da eficácia personalizada, tem que se conformar e
propor aos doentes a troca da terapêutica que lhes é comprovadamente eficaz, por outra.
Acresce ainda que uma das maiores complicações da
hemofilia é o facto de entre 20% a 30 % dos doentes desenvolverem inibidores (anticorpos ao tipo de factor administrado) e que uma das razões que se supõe para tal é a
troca dos produtos utilizados, sendo que o tratamento para
estes inibidores pode chegar a ser 15 vezes mais caro que
o tratamento ao qual se desenvolveu o inibidor.
É preciso recordar que o Conselho Europeu, de que
Portugal é parte integrante, através do seu Comité de Ministros, emitiu em Abril de 2015 (no seguimento das recomendações de 2013 do Directório Europeu para a Qualidade da Medicina) uma resolução aplicável aos estados
membros indicando 6 princípios a serem seguidos para o
tratamento da hemofilia, sendo o terceiro que os produtos
para a hemofilia não devem ter como critério de escolha
apenas o preço.5
Estamos pois, num campo muito nebuloso em que médicos e doentes com estas patologias tentam aplicar o consentimento informado, correndo o risco de ser coartados
nos seus direitos e princípios profissionais e éticos.
Verdade seja dita, que a maioria dos imuno-hemoterapeutas em Portugal tenta, não obstante, aplicar o consentimento informado, estando a sua aplicação dependente do
maior ou menor grau de pressão que sofram das respectivas administrações dos centros hospitalares em que exercem a sua prática.
No capítulo dedicado à Fundamentação do Consentimento Informado, esclarece-se em M: “As intervenções…
quando praticados sem ou contra a vontade da pessoa, salvo em situação de urgência, emergência ou de atuação sob
procedimento judicial, poderão configurar um crime contra
a liberdade”.5
Por aqui se retira, de forma directa, que o desrespeito
pela vontade do doente, no âmbito do consentimento informado, tutelado pelo que foi exposto supra, configura um
2 www.actamedicaportuguesa.com
baseie somente nos conhecimentos técnico-científicos e
na ética profissional, poderá igualmente consubstanciar um
crime contra a sua liberdade, aqui agravada pela sua condição de médico, com as implicações éticas e deontológicas
inerentes.
4.
5.
Assembleia da República. Despacho 13025-B/2013. Lisboa: Imprensa
Nacional Casa da Moeda; 2013.
Council of Europe Committee of Ministers. Resolution CM/Res(2015)3
on principles concerning haemophilia therapies. 2015. [consultado
2016 out 02]. Disponível em: https://www.edqm.eu/sites/default/files/
resolution_cm_res_2015_3_on_principles_concerning_haemophilia_
therapies.pdf.
VIVER COM...
VIVER COM...
Desta forma, parece claro que as partes neste processo
são tão-somente o clinico imuno-hemoterapeuta/hematologista, entidade prescritora da terapêutica, que assiste no
âmbito da hemofilia o seu doente, e a pessoa com hemofilia, destinatária da mesma.
Outras entidades estranhas a este processo comunicacional não deverão intervir neste processo, mesmo que
pertençam à unidade hospitalar em que o clinico e o seu
doente estejam sediados. Nada na norma o permite, muito
pelo contrário.
Qualquer interferência poderá ser entendida como obstáculo à livre vontade do doente, ou seja à sua autonomia,
reconhecida pela presente norma e pela Convenção de
Oviedo (Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da Dignidade do Ser Humano face às Aplicações da
Biologia e da Medicina), bem como se encontra plasmado
no artigo 25º da Constituição da Republica Portuguesa.3
Neste sentido, no capítulo dedicado à fundamentação
da presente norma, nomeadamente em A informa-se: “A
presente Norma assenta em primeira instância, no respeito
pela dignidade humana e no reconhecimento dos princípios
da bioética e da ética dos cuidados de saúde”;
Em B: “O Consentimento Informado, esclarecido e livre
da pessoa é uma manifestação do respeito pelo ser humano, esteja doente ou não, e pela sua autonomia”;
E em K: “Cabe ao profissional responsável pela prescrição e /ou execução do ato a sua proposta, explicação e
obtenção do consentimento necessários na execução dos
actos/intervenções consentidos”.3
8 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
A pedalar,
a correr ou
a andar
a campanha
quilómetros
pela hemofilia
espera o seu
contributo e o
da sua família
e amigos
também!
Falta pouco, muito pouco, para
juntos alcançarmos o objectivo
comum traçado pela campanha
“Quilómetros pela hemofilia”:
atingir a meta de 50.000 km
caminhados, pedalados ou até
corridos.
A campanha, organizada pela
Pfizer em parceria com a APH,
e que conta com Bruno pereira,
com Hemofilia A grave, como
embaixador, foi iniciada em
Novembro do ano passado, com
um evento no Estádio do Sport
Lisboa e Benfica, conta já com
o fantástico nº de 34.923 km
percorridos, mas nós queremos e
sabemos que conseguimos mais!
No último congresso da APH,
foram muitos os participantes
de todas as idades que não
quiseram deixar de participar
e contribuir. Uma actividade
desportiva e diferente para a
nossa comunidade, realizada em
família, com muita alegria e boa
disposição.
Reveja o momento da sua
pedalada na galeria do evento
e continue a acompanhar os
progressos da campanha, não
deixando de registar os seus
percursos mais recentes em
www.kmspelahemofilia.pt.
A campanha continuará a decorrer
por mais algum tempo pelo que
seja saudável, pratique desporto
de forma regular e orientada e
ajude também a APH nesta missão.
A APH conta consigo registe
o seu contributo em www.
kmspelahemofilia.pt
Out Nov Dez 2016 hemofilia |9
10 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
Associação
Portuguesa
de Hemofilia
e de outras
Coagulopatias
Congénitas
(APH), face
às notícias
veiculadas
ontem pela
Comunicação
Social relativas
à investigação
denominada
“Operação O-”,
vem dar
conhecimento do
seu Comunicado
enviado à
Imprensa.
Out Nov Dez 2016 hemofilia |11
Boas Festas na APH
o
Este ano, a quadra natalícia da APH foi comemorada nos seus núcleos de Lisboa, Porto
e Coimbra, com a realização de almoço/lanche
para a sua comunidade.
Estes foram dias de alegria e união que a APH
se tem esforçado para manter ao longo dos anos.
Aos participantes e voluntários que organizaram
e preparam as refeições dos convívios, o nosso
Muito Obrigado!
A todos desejamos um ótimo 2017!
COIMBRA
o
PORTO
o
LISBOA
DONATIVOS
Habitualmente reservamos este
espaço para publicar o nome de todos
os que, solidários com a missão e
a causa a que a APH se dedica, nos
deixam em cada trimestre, o seu
donativo. Assim, aproveitamos para
reconhecer e valorizar os donativos
das farmacêuticas e particulares,
renovando os nossos agradecimentos
pelo apoio prestado.
PARTICULARES
Fernando Lopes
Joaquim Ferreira
Leonardo Gaio
Sandra Maia
Vitor Quitério
EMPRESAS
SHIRE
BAYER PORTUGAL, LDA.
CSL BEHRING, LDA.
KEDRION PORTUGAL
LABORATÓRIOS PFIZER, LDA.
NOVO NORDISK, LDA.
OCTAPHARMA PRODUTOS FARMACÊUTICOS,
LDA.
SOBI - SWEDISH ORPHAN
BIOVITRIUM, S.L.
12 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
P
elo terceiro ano consecutivo a APH organizou o seu Congresso Nacional no
Penafiel Park Hotel & Spa, tendo sido
a cidade escolhida para o evento a bonita e
acolhedora cidade de Penafiel.
Cerca de 200 participantes, entre pessoas
com hemofilia e outras coagulopatias congénitas, seus familiares, amigos, clínicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde tiveram
durante três dias oportunidade de assistir a
painéis médicos e workshops sobre temas bastante importantes para a nossa comunidade.
Foi igualmente uma excelente oportunidade
para rever velhas amizades entre os participantes e para conhecer novas pessoas, reforçando
assim os laços de partilha e companheirismo,
tão essenciais para uma comunidade como a
nossa. Tudo isto prova que toda a nossa comunidade está envolvida na obtenção de um
melhor conhecimento sobre as nossas patologias e que estes momentos são únicos para
alcançar esse fim.
3º Congresso
Nacional
de Hemofilia
Unidos
por causas
comuns
25, 26 e 27
de Novembro
de 2016
Hotel Penafiel Park
Aliás, esta componente de partilha e de
troca de experiências tem sido uma mais valia
destes nossos Congressos e de todos os eventos
da APH, pois o que se pretende é que os conhecimentos já adquiridos sejam sedimentados e
que as realidades interpessoais sejam comungadas por todos, de forma a aprendermos com
os outros, ajudando-nos a nós próprios.
Também este evento pretende cada vez
mais expandir as suas fronteiras geográficas,
possibilitando a todos os presentes o conhecimento de outras realidades sobre a hemofilia no mundo, foi o caso! Estiveram presentes como palestrantes Olivia Romero-Lux do
Consórcio Europeu de Hemofilia e Mariana
Battaza Freire, Presidente da Federação Brasileira de Hemofilia, que nos mostrou a realidade do seu país.
De destacar igualmente o novo modelo
que adoptámos para o Mini-Congresso, com
uma planificação mais cuidada, que aliou à
diversão dos nossos mais pequenos, alguns
apontamentos em sessões ministradas por
clínicos e por membros do Comité de Jovens.
Não podemos deixar de realçar o papel
dos nossos voluntários do Comité de Jovens
que de forma incansável, organizada e responsável, tudo fizeram para que o nosso 3º
Congresso fosse mais uma vez um sucesso.
A APH agradece a todos os que com ela
colaboraram e tornaram possível este evento,
planeado com muitos meses de antecedência.
Agradecemos igualmente a quem nos apoiou:
Instituto Nacional para a Reabilitação, IP; Bayer; CSL Behring; Kedrion Portugal; Novonordisk; Octapharma; Pfizer; SOBI; Shire; Câmara
Municipal de Penafiel, Etigui, IDEE, Bolachas
Paupério.
“Caracterização sócio-demográfica, clínica e psicoss
da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
Out Nov Dez 2016 hemofilia |13
Cerimónia de abertura do 3º Congresso Nacional de Hemofilia no Penafiel Park Hotel & Spa.
Painel Médico 1: “A profilaxia na idade adulta”, Dra. Sara Morais do CHP – Hospital
Santo António; “A abordagem cirúrgica da artropatia hemofílica”, Dra. Margarida Santos
do CHLC – Hospital S. José; “Os novos tratamentos para a hemofilia”, Dra. Cristina
Catarino do CHLN – Hospital Santa Maria
Painel Médico 2: “A hemorragia intracraniana na hemofilia”, Dra. Elsa Rocha do Hospital
Distrital de Faro e Dra. Fátima Rodrigues do CHLN – Hospital Santa Maria; “Inibidores desafios e novas abordagens terapêuticas”, Dra. Susana Fernandes do CHP – Hospital São
João; “Hemofilia moderada e ligeira”, Dr. Ramon Salvado do CHUC
Sessão 1: “Direitos Sociais na Hemofilia”, Sara Silva da APH.
Sessão 2: “A prevenção no crescimento - da
hermartrose à artropatia”, Dra. Raquel Maia e Dra. Sara
Batalha do CHLC - Hospital D. Estefânia.
Sessão 3: “Recomedações Europeias para o tratamento
da hemofilia”, Olivia Romero-Lux do Consórcio Europeu
de Hemofilia (CEH).
Sessão 4: “Nutrição e Hemofilia”, Enf.ª Marta Moreira.
Sessão 5: “Terapias alternativas e hemofilia – Yoga e
Reiki”, Enf.ª Isabel Falcão do CHLC – Hospital S. José
Sessão 6: “O consentimento informado na terapêutica
para a hemofilia”, Miguel Crato da APH.
Sessão 7: “Doença de von Willebrand”, Ana Rita Tavares
da APH.
Sessão 8: “Estratégias para a revelação em hemofilia”,
Nuno Lopes e Frederico Cardoso da APH.
social das pessoas com hemofilia em Portugal”, Dra. Patrícia Pinto
14 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
Espaço de debate: “A hemofilia – Diversas realidades à volta do Mundo”, Olivia
Romero-Lux do CEH e Mariana Freire da Federação Brasileira de Hemofilia.
Stand do Comité de Mulheres da APH
Actividades realizadas durante o Mini Congresso.
Projeto co-fnanciado pelo Programa de Financiamento
a Projetos pelo INR, IP.
Baxalta PT: 023-09/2016
A sua vida
é a nossa inspiração
Out Nov Dez 2016 hemofilia |15
16 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
Quantos somos
Onde vivemos
Pessoas com Coagulopatias Congénitas registadas na APH,
por distritos.
2.º Semestre de 2016
Viana
do Castelo
14
Braga 47
Vila Real
18
Bragança
10
Porto
189
Aveiro
50
1ª Conferência
Europeia
sobre Inibidores
Organizada pelo Consórcio Europeu de Hemofilia
Viseu
32
Coimbra
27
Guarda
10
Castelo Branco
10
Leiria
11
Santarém
29
Portalegre
3
Lisboa
187
Évora
10
Setúbal
56
Beja
5
Faro
14
Madeira
15
Açores
27
Total: 764
Decorreu entre os dias 1 e 4 de Dezembro passado, em Barretstown, Irlanda, o
Inhibitor Summit, organizado pelo Consórcio Europeu da Hemofilia (CEH) e dirigido
a pais, cuidadores e pessoas com inibidores. Os representantes distribuíram-se por
diversos escalões etários, desde menores
de 6 anos, 6-10, adolescentes e adultos,
por forma a todos poderem aproveitar ao
máximo esta experiência e convívio. No
total estiveram presentes cerca de uma
centena de representantes de 45 países,
desde o Quirguizistão até Portugal, que se
fez representar por Teresa Pereira, Gonçalo
Cipriano, Caetano Martins e Miguel Crato,
que é membro da direcção do CEH.
Neste fim-de-semana, em que Amanda
Bok nos deu as boas vindas, foram abordados os mais diversos temas, entre os quais:
“O que são os inibidores, Tratamentos actuais e o futuro mais próximo, Fisioterapia nas crianças e nos adultos, Gestão e
controlo da dor, Profilaxia e cirurgia, Tratamento na Europa – as diferenças”, todos
apresentados de uma forma prática e de
fácil entendimento para os participantes.
Houve ainda lugar a sessões “peer-to-peer”,
(ponto a ponto), em que grupos mais pequenos iam explorando intensamente os
vários temas e/ou as dificuldades com que
se deparam no seus países.
O Dr.Paul Giangrande da Universidade
de Oxford expôs o tema dos inibidores. O
que são, porque é que alguns pacientes os
desenvolvem, como os diagnosticar, consequências no tratamento e que opções?
O Dr. Giangrande expôs dados do Reino
Unido, em que 20% dos pacientes que desenvolvem este tipo de anticorpo, são pacientes com hemofilia A e 2% tem hemofilia B, onde as hemorragias não são mais
frequentes porém, são de controlo mais
difícil. Os inibidores estão no nosso genótipo, são medidos em unidades bethesda,
podem ser baixos ou altos respondedores.
Dos 20% de pacientes com inibidores que
fizeram Tratamento de Imunotolerância
conseguiu-se reduzir a percentagem para
8%. Na hemofilia B o tratamento é mais difícil, até porque o tratamento de imunotolerância tem resultados mais pobres. Fazer
profilaxia ou tratar hemorragias nas primeiras duas horas torna-se relevante. Possuir o
tratamento no domicílio facilita a actuação.
O tema Fisioterapia ou exercício físico nas
crianças foi apresentado pela Nicola Hubert,
fisioterapeuta pediatra do Great Ormond
Street Haemophilia Centre, de Londres.
Hubert refere que as hemorragias nos
pacientes com inibidores são um desafio para a sua gestão, levam mais tempo
a tratar e a recuperar. Por isso na idade
mais jovem é importante estar atento e
não comprometer o crescimento, o desenvolvimento da criança e jovem, pois terá
impacto na sua vida adulta. A fisioterapia
ou actividade física ajudam a fortalecer os
músculos, as articulações e os ossos, logo
a recuperação num caso hemorrágico será
melhor. Assim sendo, que exercícios se podem fazer? Exercícios moderados como
andar de bicicleta, nadar e caminhar são
perfeitamente acessíveis. Há ainda jogos
colectivos que podem ser perfeitamente
ser praticados. O importante é que a actividade física traga benefícios para o nosso
bem-estar físico e psicológico.
Paul McLaughlin, fisioterapeuta no Royal Free Hospital, em Londres, falou-nos da
fisioterapia para adultos. Os benefícios da
prática de exercício são evidentes para a
saúde. McLaughlin deu vários exemplos
de exercícios que podem ser feitos, alguns
até, estando sentados.
Axel Seuser, ortopedista no Centro de Prevenção, Reabilitação e Ortopedia, em Bonn, na
Alemanha, juntamente com Petra Bučková, psicóloga no Hospital Universitário em Brno, República Checa apresentaram o tema sobre a dor na
hemofilia e a sua gestão.
A dor é individual e subjectiva, depende da capacidade que cada paciente tem para a suportar.
Existem escalas variadas para o paciente atribuir
valor a uma determinada dor. Os especialistas ou
pessoas mais próximas também a reconhecem
bem, pelas expressões faciais ou movimentos mais
limitados dos pacientes. A dor é um mecanismo de
defesa do nosso corpo, é um alerta, pode ser aguda
ou crónica. A dor incapacita-nos para além de física,
psicologicamente e, como tal, deve ser entendida e
tratada de forma a minimizar as consequências na
nossa vida. Para além do tratamento clínico, o Dr.
Axel e a Drª Petra, trouxeram à mesa outras formas
de combater a dor. O exercício surgiu novamente
a par com técnicas de relaxamento.
O presidente do CEH, Dr. Brian O’Mahony,
apresentou o ponto da situação no Tratamento
de Imunotolerância, da hemofilia com inibidores na Europa.
Segundo O’Mahony, o Tratamento de Imunotolerância em 35 países (dados de 2014), está
assim figurado:
76% a 100%: Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Holanda, Eslováquia,
Eslovénia, Espanha, Suíça, Reino Unido, Grécia, Israel, Noruega, República Checa, Austria,
Hungria, Polónia e Suécia
51% a 75%: Portugal e Rússia
1% a 25%: Azerbaijão, Bulgária, Sérvia,
Lituânia, Turquia, Estónia, Geórgia
0%: Albânia, Arménia, Macedónia, Roménia, Ucrânia, Quirguizistão e Montenegro
De referir ainda as mudanças em relação
aos dados de 2012.
Para melhor, estão 5 países:
0% a 25%: Azerbaijão, Bulgária e Sérvia
De 26% a 50% para 51% a 75%: Portugal e Rússia
A Ucrânia desceu de 1% a 25% para 0%.
Sem acesso a Tratamento de Imunotolerância estão também Albânia, Arménia,
Macedónia, Roménia, Quirguizistão e Montenegro.
Out Nov Dez 2016 hemofilia |17
Neste Inhibitors Summit visualizou-se ainda
o filme “Histórias da Hemofilia”, do realizador Goran Kapetanovic, que está disponível em http://
haemophiliastories.eu/ e teve-se a oportunidade
de colocar questões directamente aos participantes do filme.
No global, este evento permitiu trocas de
experiência entre indivíduos com diferentes realidades no dia-a-dia, na gestão da hemofilia com
inibidores, assim como, uma oportunidade única
para as crianças conviverem, realizarem actividades que usualmente não praticam, e trocarem
experiências de diferentes vivências.
Teresa Pereira,
Gonçalo Cipriano e
Caetano Martins
18 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
Workshop de
Novas tecnologias para o
Berlim, 18 a 20 de Novembro de 2016
Com os avanços recentes nas terapêuticas
para a Hemofilia este workshop ganha maior relevância visto que as novidades têm surgido com
algum ritmo. A APH esteve presente neste evento
de Berlim para aprender, e apreender, sobre as novas tecnologias e terapêuticas que se desenham
no horizonte.
Ao final de sexta-feira, dia 18 de Novembro,
após a inscrição dos participantes e uma recepção
aos mesmos, houve um jantar informal onde foi
possível trocar as primeiras impressões com representantes de associações de doentes de outros
países e falar das expectativas que cada um tinha
para as sessões que começavam no dia seguinte.
Sábado arrancou bem cedo, com uma apresentação e desejos de boas-vindas a cargo de
Brian O’Mahony, Presidente do Consórcio Europeu
de Hemofilia, que antecedeu a primeira sessão de
um dia muito preenchido.
A Professora Flora Peyvandi (Itália) foi a primeira palestrante e falou dos produtos de longa
duração, focando-se nos benefícios e nas limitações dos mesmos. Alguns dos benefícios que
estas terapêuticas poderão trazer relacionam-se
com o prolongamento da semivida para tratamentos de substituição de FVIII, FIX e FVIIa (que
reduziria o número de injecções necessárias em
todos, até 33% menos no caso do FIX), taxas menores de imunogenicidade e administrações mais
fáceis. Contudo, e uma vez que se tratam de produtos recentes, há ainda a necessidade de se obter melhor informação a longo prazo.
A sessão seguinte, da investigadora dinamarquesa Mirella Ezban, abordou os desafios do controlo laboratorial, ficando claro que é imperativo
encontrar novos métodos de avaliação tendo em
conta, precisamente, o surgimento dos novos produtos de longa duração. É necessário aprender-se
mais sobre a forma como se usam as avaliações
cromogénicas, compreender que existem discrepâncias entre avaliações e chegar a um consenso
de estandardização para que os especialistas laboratoriais saibam como medir os resultados que
obtêm dos testes que efectuam.
O Professor Frits Rosendaal (Holanda) falou
sobre o desenvolvimento de inibidores com os
actuais produtos de substituição de FVIII, esta-
belecendo diferenças entre hemoderivados e
recombinantes no que concerne aos doentes
previamente não-tratados. Mais uma vez, focouse parte da sessão no assunto dos dados revelados em estudos, dados esses que podem resultar
de acasos e que devem ser comprovados com a
replicação dos mesmos estudos para que exista
uma porção substancial de comprovativos para
validar os resultados obtidos.
prognóstico quanto à chegada desta alternativa
terapêutica para o tratamento da hemofilia A para
2020. Segundo este palestrante, a terapia génica
poderá realmente oferecer uma cura para a hemofilia (com uma única administração de vector)
e mudar todo o paradigma terapêutico. Contudo,
há ainda questões de eficácia e de segurança a
longo prazo, bem como um elaborado processo
de consentimento, que requerem muito mais estudos e considerações.
O Professor Andreas Tiede (Alemanha) também referiu os resultados de estudos, mencionando que há resultados e estudos para todos os
gostos, e dando como exemplo o SIPPET, projecto
de estudo da ocorrência de inibidores em crianças expostas a produtos derivados do plasma, e
os riscos de se chegar com demasiada facilidade
a conclusões. Depois, dissertou sobre a mudança
de um produto recombinante para outro e sobre
o rácio de possíveis casos de desenvolvimento de
inibidores registados em doentes previamente
tratados, defendendo que, no caso destes doentes, vários estudos cruzados indicam que a ocorrência de inibidores é rara.
Seguiu-se a Dr.ª Anneliese Hilger (Alemanha),
que falou dos produtos biossimilares. Estes produtos, que são similares a outros que já existam
no mercado, são produzidos ou derivados de
uma fonte biológica (como a insulina humana)
e devem cumprir com parâmetros de qualidade,
eficácia, segurança, entre outros, que comprovem
cientificamente que não são inferiores ao produto de referência já existente. A palestrante trouxe
uma visão bastante detalhada sobre os passos
que as companhias farmacêuticas têm de dar até
poderem colocar no mercado os seus produtos
biossimilares.
Já da parte da tarde, o Professor Edward Tuddenham (Reino Unido) apresentou a primeira
sessão sobre o tema da terapia génica. Foi um
workshop bastante técnico que nos deixou um
A Dr.ª Flora Peyvandi voltou a falar à assistência, desta vez para relembrar os tratamentos
para os inibidores, oferecendo dados sobre as
características dos agentes de bypass quanto
Out Nov Dez 2016 hemofilia |19
tratamento da Hemofilia
abordagem não conseguem captar todas as idiossincrasias presentes nas doenças raras.
O terceiro workshop da manhã de domingo
foi apresentado por Sara Schlenkrich (Alemanha),
tendo como tema o envolvimento dos doentes na
avaliação das terapêuticas na Alemanha, sendo esta
avaliação baseada apenas nos benefícios dos tratamentos, deixando de lado os custos dos mesmos.
Neste contexto de pura avaliação dos benefícios, os
preços são negociados tendo por base os resultados observados na vida real dos doentes. O possível
envolvimento dos mesmos na avaliação das novas
terapêuticas poderá trazer benefícios acrescidos e
melhores diagnósticos, por exemplo, devendo ser
esse envolvimento, num comité conjunto e numa
base voluntária, o objectivo a alcançar.
Foto do grupo de participantes, na página anterior;
em cima Radoslaw Kaczmarek, membro do steering
committee do CEH com Nuno Lopes da APH; à direita
momentos da sessão de trabalho.
aos mecanismos de acção, semivida, dose e frequência, estabelecendo a erradicação dos inibidores como o objectivo maior. Há ainda muita
coisa a ser aprendida quanto à farmacocinética do FVII, e poucos avanços nos últimos vinte
anos, embora os novos produtos com moléculas
alternativas possam trazer novas possibilidades
de tratamento.
Os trabalhos deste sábado foram concluídos
com uma sessão de perguntas e respostas ao final
da tarde. Esta sessão focou-se essencialmente na
possibilidade de doentes participarem em ensaios
clínicos e em como a dinâmica entre médicos
e doentes pode desempenhar um papel nesse
processo, nomeadamente na forma como a informação é transmitida ao doente.
O Dr. Giuseppe Mazza (Itália) fez uma curta, mas animada, sessão sobre terapia celular,
enumerando os obstáculos já identificados no
caminho desta alternativa terapêutica para a hemofilia. Não oferecendo uma cura, poderá ser
um tratamento de longa duração inovador que
auxiliará a ultrapassar as barreiras imunológicas da
terapia génica, mas levando sempre em conta as
questões de segurança e da necessidade de mais
ensaios clínicos.
Na primeira sessão, bem cedo na manhã de
domingo, dia 20 de Novembro, a Dr.ª Karin Berger
(Alemanha) abordou os desafios actuais do impacto económico dos novos produtos e tratamentos
numa base de comparação do custo com os benefícios, a eficácia e a avaliação dos riscos no acesso ao
tratamento. O avaliar da rentabilidade económica de
um produto terá de passar por se alcançar um consenso quanto ao dar-se prioridade aos indicadores
relacionados com os doentes, transmitidos tantos
pelos próprios como pelos seus médicos.
Precisamente, na sessão seguinte, Glenda
Silvester (Reino Unido) resumiu as novidades nos
regulamentos e na legislação a nível da União Europeia para os ensaios clínicos a vigorar, o mais
tardar, a partir de outubro de 2018. Nesta sessão
sobre considerações éticas, leis e regulamentos
relativos a ensaios clínicos falou-se em programas de ensaios envolvendo vários países e nos
desafios que os mesmos enfrentam.
Seguiu-se a sessão apresentada por Jamie O’Hara (Reino Unido) que falou sobre o relatório IQWIG e
uma selecção pragmática e holística dos dados relativos à comunidade. Uma das conclusões retiradas
deste relatório é que os hemofílicos idosos são uma
novidade! Outra conclusão enfatiza a importância
de uma selecção mais realista de informação e de
dados, visto que os processos convencionais de
A última palestra ficou a cargo do Professor
Paul Giangrande (Reino Unido) e Brian O’Mahony
(Irlanda) que nos deram as novidades saídas do encontro Kreuth IV quanto às novas recomendações
da Direcção Europeia da Qualidade dos Medicamentos e Cuidados de Saúde e à possibilidade de
no próximo encontro se incluir directrizes para o
tratamento das mulheres com coagulopatias. Expressou-se preocupação pelo facto de não existir,
ainda e em muitos países, tratamentos de imunotolerância para pessoas com inibidores, e também
pela inexistência ou fraca representatividade dos
registos nacionais de doentes, realçando-se ainda
(na nona de doze recomendações) que os concursos para factores de coagulação devem incluir
tanto médicos especialistas em hemofilia como
representantes das associações nacionais.
O evento em Berlim terminou com uma curta sessão de discussão aberta a todos, especialmente focada no envolvimento dos doentes nos
processos de decisão, nos centros de referência
nacionais e, reflectindo um tema comum de quase todas as palestras, na recolha de mais e melhor
informação e de dados.
A APH esteve representada neste evento pelo
seu Director Nuno Lopes, tendo o Consórcio Europeu de Hemofilia possibilitado que um imunohemoterapeuta português também estivesse
presente, pelo que a APH convidou a Dra. Cristina
Catarino do Centro Hospitalar Lisboa Norte.
Nuno Lopes
20 |hemofilia Out
2017
Nov Dez 2016
PROGRAMA
DE ACÇÃO
3º ENCONTRO
DE MULHERES
COM DISTÚRBIOS
HEMORRÁGICOS
Objetivo: Efectuar uma reunião destinada a elementos do sexo feminino
com distúrbios hemorrágicos, bem
como a portadoras de hemofilia, com
vista a um aumento de conhecimento
sobre a sua patologia e à troca e partilha de experiências sobre a sua patologia. Será igualmente um meio do
Comité de Mulheres da APH aumentar
o seu campo de recrutamento.
Síntese: Reunião a efectuar durante
um fim-de-semana, com a efectivação
de workshops, painel médico e espaço
de debate interno no seio do Comité
de Mulheres.
Calendarização: Outubro de 2017
Custo estimado: 3.795,21€
PROGRAMA
DE DINAMIZAÇÃO
DA NATAÇÃO (PDN)
Objetivo: Redução do número de episódios hemorrágicos e absentismo
escolar ou laboral, com o estímulo e
prática do exercício físico e fisioterapia. Melhoria da condição física, psicológica, índices de sociabilização e
integração das pessoas com Coagulopatias congénitas, tendo como base
o sucesso de iniciativas realizadas em
anos anteriores.
Síntese: À semelhança de anos anteriores, pretende-se dar continuidade
ao Programa de Dinamização da Natação (PDN) com comparticipação até
75% das mensalidades pagas pelas
pessoas com coagulopatias congénitas, nas piscinas que frequentam,
a nível nacional. Este ponto engloba
igualmente as aulas de natação na Piscina do Casal Vistoso, ministradas pela
professora de natação contratada pela
APH. Possivelmente poderá englobar
outros eventos ao nível de piscina no
resto do país, uma vez que este plano
tem, pois, uma dupla vertente, a de
reabilitação e prevenção contínua e
a de formação específica no que se
refere ao Festival de Natação e à autoaprendizagem constante em contexto de aula.
Calendarização: Janeiro a dezembro
Custo estimado: 15.253,39€
quer em reuniões, contactos formais,
eventos, conferências, congressos, workshops, entre outros, não só na perspectiva de manutenção relacional e
institucional, como ao nível da formação contínua dos quadros dirigentes
e das pessoas com distúrbios hemorrágicos.
Calendarização: Janeiro a dezembro
Custo estimado: 10.735,57€
DIVULGAÇÃO
REPRESENTATIVIDADE
REGIONAL
Objetivo: Difusão das atividades organizadas e desenvolvidas pela APH
durante o ano de 2017, bem como toda
a informação relacionada com a Hemofilia e outras Coagulopatias Congénitas, mediante os seus diversos meios
de comunicação: Boletim Trimestral
“Hemofilia”, Website, Fórum, Facebook,
informação via postal, folhetos, brochuras, etc.
Síntese: Engloba a divulgação de todas
as actividades organizadas pela APH,
todo o manancial informativo referente
aos vários níveis de actuação da nossa
Instituição e da sua vida associativa,
bem como um carácter formativo dirigido a toda a nossa Comunidade e
parceiros com mais conhecimentos sobre as patologias que representamos.
Calendarização: Janeiro a dezembro
Custo estimado: 19.147,15€
REPRESENTATIVIDADE
E CAPACITAÇÃO
INTERNA E EXTERNA
Objetivo: Estabelecer parcerias e fomentar as existentes, de forma a melhorar o posicionamento estratégico
e relevância da APH nas políticas nacionais e internacionais de relevo para
a nossa Comunidade, assim como aumentar a aquisição de conhecimentos
que fortaleçam a intervenção e o trabalho da Associação.
Síntese: Engloba todos os contactos institucionais internos e externos,
Objetivo: A melhoria dos serviços
da APH à sua população alvo será
beneficiada pela descentralização e
por uma maior proximidade geográfica aos nossos associados e pessoas
com distúrbios hemorrágicos. Prevêse uma deslocação à Ilha da Madeira,
para realização de uma sessão de esclarecimento/mesa redonda com as
pessoas com distúrbio hemorrágico
do arquipélago.
Síntese: Engloba toda a dinamização
dos Núcleos do Porto, Coimbra e Madeira, bem como o desenvolvimento das
bases de trabalho para constituição dos
Núcleo dos Açores e Algarve.
Calendarização: Janeiro a dezembro
Custo estimado: 6.875,82€
FORMAÇÃO
NA HEMOFILIA
Objetivo: Promover a aquisição de
conhecimentos e o esclarecimento informado sobre as várias temáticas que
a hemofilia e as outras coagulopatias
congénitas envolvem, junto da Comunidade com Distúrbios Hemorrágicos
Hereditários e da sociedade em geral,
através da difusão de informação e programas de formação.
Síntese: Realização de programas de
formação, workshops e colóquios, em
contexto escolar ou laboral, destinados
a diversos públicos, com a perspectiva
de desenvolvimento de competências e
aquisição de conhecimentos nas várias
áreas que as coagulopatias congénitas
englobam.
Calendarização: Janeiro a dezembro
Custo estimado: 8.550,79€
FUNFILIA
Objetivo: Organização anual de um
Campo de Férias, dedicado às crianças e jovens da nossa comunidade,
com os objetivos de fomentar o Auto
tratamento junto dos participantes,
desenvolver a integração plena, a nível psicossocial e dotar este escalão
etário de formação básica sobre a sua
doença.
Síntese: O Campo de Férias FUNFILIA é já uma atividade inerente ao calendário proposto pela APH, onde os
seus participantes são incentivados a
praticar desportos variados e em simultâneo a iniciarem-se no auto tratamento. É assegurada igualmente a
presença de uma enfermeira experiente na área, responsável pela administração do tratamento e pela ministração das componentes formativas e
pedagógicas.
Calendarização: Julho
Custo estimado: 15.942,60€
DIA MUNDIAL
DA HEMOFILIA
Objetivo: Considerada a comemoração
anual mais relevante, esta efeméride
permite estimular um maior contacto
entre a Comunidade com Distúrbios Hemorrágicos Hereditários e a APH, informar e esclarecer a sociedade em geral
e consequentemente uma melhor integração da nossa Comunidade.
Síntese: Comemoração do dia de todos nós, com a escolha de um tema de
relevo que será alvo da mensagem a
transmitir a toda a sociedade em geral,
mediante divulgação junto dos meios
de comunicação social.
Calendarização: Abril
Custo estimado: 5.296,51€
4º CONGRESSO
NACIONAL
DE HEMOFILIA
Objetivo: Este evento pretende ser
um fórum de debate das várias vertentes essenciais à vida da nossa comunidade, com participação de todos
os actores que fazem parte da comunidade com hemofilia: doentes, famílias, médicos e corpo clinico, indústria farmacêutica e tutela. Não será
só um centro de encontro formativo
prático, mas igualmente um momento onde se poderão debater todos os
assuntos relevantes para a hemofilia:
a nível científico, médico, económicos e social, pretendendo que a comunidade, individualmente e no seu
todo, seja consciente da Hemofilia e
dos verdadeiros problemas que dela
decorrem e quais as prioridades que
deverão ser tomadas em consideração
a bem da saúde e qualidade de vida
dos doentes.
Síntese: Evento que decorrerá durante 3 dias, com componentes de workshop, painéis médico/científicos e
de assuntos de utilidade para a Comunidade. Engloba igualmente uma
parte de convívio e cultural. Prevêemse 150 pessoas, sendo que haverá um
pagamento simbólico diferenciando
sócios/não sócios/pessoal clinico. Existirá igualmente e em paralelo um mini-congresso Infantil, garantindo desta forma a plena participação dos mais
jovens. Existirá igualmente reuniões
formais dos Comités da APH.
Calendarização: Dezembro
Custo estimado: 32.246,47€
CAPACITAÇÃO
DE JOVENS
ASSOCIADOS PARA O
DESENVOLVIMENTO
DE COMPETÊNCIAS
NA ACTIVIDADE
ASSOCIATIVA
Objetivo: Uma das maiores lacunas
que se tem verificado na APH tem sido
a capacidade de atrair e formar jovens
quadros que assegurem a existência
de um corpo de dirigentes e colaboradores informados e interessados na
vida da nossa Associação. O objectivo do evento, baseado no sucesso
das duas anteriores edições prendese com o adquirir e melhorar competências naquela área.
Síntese: Dar continuidade aos eventos realizados desde 2013 e à consolidação do “Comité de Jovens”,
procurando melhorar e aumentar a
capacidade de interacção com a vida
associativa, o desenvolvimento das
competências adquiridas, a aquisição
de novas e fortalecer laços entre a nossa comunidade mais jovem. Baseado
em Workshops e painel médico durante um fim-de-semana.
Calendarização: Março
Custo estimado: 12.153,27€
4ª CONFERÊNCIA
DE PAIS
Objetivo: No seguimento do sucesso
das anteriores Conferências de Pais
e vindo ao encontro das aspirações
de muitos pais de crianças e jovens
com distúrbios hemorrágicos, visa desenvolver um maior conhecimento da
doença, procurando dotar os pais de
informação e ferramentas que permitam enfrentar as dificuldades que enfrentam no dia-a-dia devido à doença
do seu filho.
Síntese: É um evento de 2 dias (Sábado e Domingo), com a realização
de workshops e um painel médico,
onde através da troca de experiências os participantes poderão adquirir
e desenvolver competências sobre a
hemofilia e outros distúrbios hemorrágicos, com especial enfâse para a
problemática da doença nos mais jovens.
Calendarização: Maio
Custo estimado: 7.245,35€
TOTAL DE DESPESAS:
137.242,13 €
Lisboa, 19 de Novembro de 2016
A Direcção
Miguel Crato
Carlos Mota
PresidenteTesoureiro
Out Nov Dez 2016 hemofilia |21
ORÇAMENTO
Ano de 2017
DESPESAS 2017
Fornecimentos e Serviços Externos
Electricidade
Combustíveis
Água
Material de Escritório
Reparação e Conservação de Equipamentos
137.242,13
7.873,00
2.193,00
Outros Fornec. E Serv. Externos
Livros e Documentação Técnica
Artigos para Oferta
Rendas e Alugueres
Despesas de Representação
Comunicação
Seguros
Transporte de Pessoal
Deslocações e Estadias
Honorários
Contencioso e Notariado
Conservação e Reparação
Publicidade e Propaganda
Limpeza, Higiene e Conforto
Vigilância e Segurança
Material Didáctico e Formação
Jornais e Revistas
Outros Fornecimentos e Serviços
Aquisição de Mobiliário
Aquisição de Equipamentos (de escritório)
69.810,00
Custos com Pessoal
Remunerações Certas
Remunerações Adicionais
Encargos sobre Remunerações
Seguros de Acidentes de Trabalho
Outros Custos com Pessoal
37.229,13
24.598,00
3.630,00
8.191,13
370,00
440,00
Benefíc. Proces. e Outros Custos Operac.
Benefícios Processados
Apoio à Natação
Partic./Inscrições em Congressos
Encarg. c/ Eventos: DMH: Enc.Hem.;Etc. (Refeiç.)
Outros Custos Operacionais
Quotas a Pagar
22.330,00
RECEITAS 2017
Apoio Financeiro à Exploração
Do Dector Público Administrativo
Centro Regional Segurança Social
Instituto Nacional de Reabilitação - I.P.
900,00
4.780,00
500,00
2.510,00
1.200,00
4.970,00
1.825,00
4.875,00
22.600,00
9.060,00
50,00
520,00
350,00
2.620,00
850,00
250,00
16.900,00
250,00
480,00
5.280,00
3.000,00
13.350,00
700,00
137.242,13
14.488,87
14.488,87
Outros Proveitos Operacionais
Quotas de Associados
7.365,20
7.365,20
Proveitos e Ganhos Financeiro
Juros Obtidos
613,77
613,77
Proveitos e Ganhos Extraordinários
Outros - Donativos
114.774,30
114.774,30
22 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
Protocolo
iDee / APH –
Associação
Portuguesa de
Hemofilia
Condições especiais para
os associados da APH:
Desconto de 25% na aquisição de qualquer
pulseira na loja online: www.idee.pt.
É com muito orgulho que a iDee se associa
a APH procurando trazer segurança e bem
estar aos seus associados.
A APH – Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas é
uma Instituição Particular de Solidariedade
Social, na área da Saúde, sem fins lucrativos. Colabora com as entidades governamentais para garantir o diagnóstico, o
tratamento e o acompanhamento adequados a toda a comunidade com Distúrbios
Hemorrágicos.
Temos vindo a estabelecer protocolos com
diversas entidades públicas e privadas,
procurando sempre benefícios e mais-valias para os seus associados.
Mais informações contacte a APH ou envienos um email para [email protected]
iDee - Life in your hands
IRS
2016
Ajude a APH
sem gastar nada!
Quadro 9 anexo H
Contribuinte 501 415 971
Out Nov Dez 2016 hemofilia |23
24 |hemofilia Out
Nov Dez 2016
Bolo
Vermelho
Lembram-se amigos da nossa semana de divulgação
da Hemofilia nas Escolas, que decorreu entre 14 e 18
de Novembro?? Lembram-se??? :) Pois bem, foi um
sucesso! Vejam o Octávio Sardinha com Hemofilia B
moderada, da Madeira, que fez um brilharete junto
dos coleguinhas com a ajuda da mãe Idalina. Ao
pequeno chef, à família e à Escola dos Prazeres Ceam,
o nosso OBRIGADO!
Natação
>Comparticipação até 75%<
Nota: Para continuar a usufruir deste plano, os praticantes dos anos anteriores terão que renovar a sua inscrição
Plano de Dinamização da Natação – Nova época Desportiva 2016/2017 – Boletim de Inscrição
Nome
Associado N.º
e-mail
Morada
Localidade
Cód. Postal
Tel./Telem.
Data de Nasc.
/
/
Neste ano lectivo pretendo praticar natação na piscina de:
Pretende usufruir da comparticipação financeira disponível: SIM
Não
Dias
Horas
Tipo de Hemofilia A
B
vW
, Outros Distúrbios Hemorrágicos
Grave
Moderado
Nome do Professor
Contacto:
Declaro que me comprometo a ser assíduo e a dar conhecimento das eventuais ausências
Data
/
/
Assinatura
Leve
.
Idade
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