BOLETIM ABORL CCF W W W . A B O R L C C F. O R G . B R [email protected] ANO XVIII - Nº- 127 - JAN/FEV 2012 Alvorada 2012 Nova diretoria. Novos desafios. PÁGS. 10 e 16 E MAIS: ENTREVISTA COM O PRESIDENTE PÁG. 04 ABORL-CCF COMEÇA ANO COM DESTAQUE NA MÍDIA PÁG. 07 HISTÓRIA DA ORL EM SÃO PAULO PÁG. 22 EDITORIAL COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO EDITORIAL MENSAGEM DO PRESIDENTE DIRETORIA 2012 UMA NOVA PUBLICAÇÃO PARA VOCÊ A MARCELO RIBEIRO DE TOLEDO PIZA DIRETOR PRESIDENTE DA COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO [email protected] ABORL-CCF inicia 2012 com uma grata surpresa para você, associado. Estreamos a partir deste bimestre o Boletim ABORL-CCF. Ele substitui o Jornal do Otorrino que você recebeu durante o ano passado. Esta nova publicação é completamente diferente em tudo o que você já viu. Primeiro, pelo tamanho: são 28 páginas, em um formato mais compacto, de melhor qualidade e com o layout totalmente reformulado. Segundo, pelo conteúdo: temos novas seções, como a “História da ORL”, na qual você conhecerá um pouco mais da nossa especialidade, por meio de relatos históricos escritos por célebres autores que conhecem ou que fizeram parte dos acontecimentos da Otorrinolaringologia no Brasil e no mundo; a “Por Dentro da ABORL-CCF”, em que a cada edição um membro da equipe da Associação explica como funciona o departamento no qual atua, como captação, eventos, financeiro, entre outros, e “Artigo Médico”, um espaço que cedemos aos membros da ABORL-CCF para apresentar temas relevantes da especialidade e iniciarmos, assim, um debate e mais interação entre os leitores. Além, claro, das seções consagradas, como “HumORL”, “Entrevista”, “Agenda” e muito mais. Estas são só algumas das novidades que você irá encontrar neste Boletim, que será aprimorado a cada edição para que o grau de qualidade seja cada vez maior. Espero que aprove esta nova publicação da ABORLCCF e, se tiver alguma opinião, entre em contato com a Comissão de Comunicação. Ela está sempre pronta para solucionar qualquer dúvida a respeito dos meios de comunicação de nossa Associação. Conte conosco e boa leitura! 2 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 Dr. Marcelo Miguel Hueb - UBERABA/MG PRESIDENTE Dr. Agrício Nubiato Crespo - CAMPINAS/SP DIRETOR PRIMEIRO VICE-PRESIDENTE Dr. Fernando de Freitas Ganança - SÃO PAULO/SP DIRETOR SEGUNDO VICE-PRESIDENTE Dr. Fábio Tadeu Moura Lorenzetti - SOROCABA/SP DIRETOR SECRETÁRIO GERAL Dr. Leonardo Conrado Barbosa de Sá - RIO DE JANEIRO/RJ ASSESSOR DO DIRETOR SECRETÁRIO GERAL Dra. Fernanda Louise Martinho Haddad - SÃO PAULO/SP DIRETORA SECRETÁRIA ADJUNTA Dr. Fabrízio Ricci Romano - SÃO PAULO/SP DIRETOR TESOUREIRO Dr. Ali Mahmoud - SÃO PAULO/SP ASSESSOR DO DIRETOR TESOUREIRO Dr. Godofredo Campos Borges - SOROCABA/SP DIRETOR TESOUREIRO ADJUNTO Dr. Marcelo Sessim - RIO DE JANEIRO/RJ ASSESSOR DO DIRETOR PRESIDENTE PARA ASSUNTOS GOVERNAMENTAIS Alexandre Felippu Neto - SÃO PAULO/SP PRESIDENTE DA COMISSÃO DE RESIDÊNCIA E TREINAMENTO Dr. Hélio Andrade Lessa - SALVADOR/BA PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA E DISCIPLINA Dra. Mara Edwirges Rocha Gândara - SÃO PAULO/SP PRESIDENTE DA COMISSÃO DE DEFESA PROFISSIONAL Dr. Marcelo Ribeiro de Toledo Piza - RIBEIRÃO PRETO/SP PRESIDENTE DA COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO Dr. Marco César Jorge dos Santos - CURITIBA/PR PRESIDENTE DA COMISSÃO DE EVENTOS E CURSOS Dr. Reginaldo Raimundo Fujita - SÃO PAULO/SP PRESIDENTE DA COMISSÃO DE TÍTULO DE ESPECIALISTA Dra. Renata Cantisani Di Francesco - SÃO PAULO/SP PRESIDENTE DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA Dra. Wilma Terezinha Anselmo-Lima - RIBEIRÃO PRETO/SP PRESIDENTE DA COMISSÃO DO BJORL CELEBRANDO CONQUISTAS E ste ano de 2012 iniciou-se há algum tempo para alguns de nós aqui da ABORLCCF. Planejamos algumas surpresas e uma delas chega às suas mãos na forma do Boletim ABORL-CCF, que esperamos que seja um veículo do seu agrado. Ampliado em seu tamanho, com novidades no formato, layout e conteúdo, com mais riqueza de imagens. Uma agradável modernidade para um estímulo à leitura. Aliada a esta modernização no contato com o associado, valorizamos a nossa história, inserindo neste boletim um espaço para artigos escritos pelos colegas remidos, além da criação de uma galeria de ex-presidentes e um museu da Otorrinolaringologia em nossa sede. Mesclando história e planejando o futuro, aprovamos em nossa primeira reunião do Conselho Administrativo e Fiscal a criação de um Comitê de Planejamento Estratégico, a ser composto principalmente por ex-presidentes e visando um caráter propositivo em curto, médio e longo prazos. Neste planejamento, almejamos aumentar ainda mais o nosso número de associados, oferecendo outras modernidades como parte dos benefícios aos associados quites. Um dos exemplos disto virá na forma de aplicativos para tablets. Aguardem por estas novidades e pela continuidade da nossa política de anuidade: Mais Benefícios! Menor Valor! Ao mesmo tempo em que celebramos estas conquistas, vocês, que conhecem nosso estilo de gestão, podem ter a certeza da manutenção de tudo isto, e, mirando o futuro, a certeza de que muito mais está por vir. Acompanhem os nossos projetos!Contamos com o apoio e a participação de todos em nosso Projeto Epidemiológico e em nossa campanha “Caminhos da Otorrinolaringologia”, de valorização e divulgação da ORL e conscientização da população. Estes instrumentos certamente auxiliarão em nossos projetos futuros junto aos órgãos governamentais. Vamos crescer juntos, sendo vocês os principais protagonistas desta caminhada. Continue contando conosco! Uma ótima leitura e um grande abraço, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL BOLETIM ABORL CCF DIRETOR DE COMUNICAÇÃO: MARCELO R. DE TOLEDO PIZA JORNALISTA RESPONSÁVEL: ANTONIO JOSÉ CANJANI / MTB: 21.826 REPORTAGEM: CAROLINE BORGES E GUILHERME DINIZ REVISÃO: ALLAN MORAES COORDENAÇÃO DE PUBLICAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: ERIC TENAN BARIONI PRODUÇÃO: SINTONIA COMUNICAÇÃO - FONE: (11) 3542-5264/0472 IMPRESSÃO: GRÁFICA H MÁXIMA PERIODICIDADE: BIMESTRAL TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES SEDE: AV. INDIANÓPOLIS, 1287 – CEP 04063-002 – SÃO PAULO/SP – FONE: (11) 5053-7500 - FAX (11) 5053-7512 OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES E NÃO REFLETEM, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DA ABORL-CCF. SUMÁRIO JAN/FEV 2012 4 ENTREVISTA COM O PRESIDENTE Dr. Marcelo Hueb apresenta suas ideias e projetos à frente da presidência da ABORL-CCF. MARCELO HUEB PRESIDENTE DA ABORL- CCF 16 NOVA DIRETORIA Confira os detalhes da cerimônia de posse da nova diretoria da ABORL-CCF! 18 EPISTAXE Artigo escrito pelo Dr. Fabrízio Romano. 10 DESAFIOS E PERSPECTIVAS 22 HISTÓRIA DA ORL EM SP 14 RONCO E SAOS 26 POR DENTRO DA ABORL-CCF Conheça os planos e metas das comissões da ABORLCCF para este ano. Artigo escrito pelo Dr. Fábio Lorenzetti. Nomes, personagens e fatos que marcaram o início da especialidade em São Paulo. Saiba mais sobre o Departamento de Captação. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 33 ENTREVISTA campanha nacional unificada e itinerante, que visitará cidades estratégicas em momentos de eventos locais relevantes, levando os nossos modelos infláveis, para orientar e conscientizar a população leiga, além de divulgar a Otorrinolaringologia. Contamos com o apoio de todos nesta campanha, a “Caminhos da Otorrinolaringologia”, nome que simboliza os caminhos dos ouvidos, nariz e garganta pelo Brasil. Pretendemos iniciar essa atividade muito em breve, culminando com um momento junto ao centro de convenções em Recife, por ocasião do 42º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia. Dr. Marcelo Hueb BA Existe algum plano de mapeamento epidemiológi- co em ORL no país para que a ABORL-CCF tenha esta referência quando se fala em surdez, rinite e outros? BOLETIM ABORL-CCF Qual a sensação de assumir a presidência da MH Elaboramos um projeto de consulta aos associados, com uma entidade máxima da ORL no Brasil? proposta de benefícios aos que participarem. Solicitaremos informações sobre os códigos de CID atendidos em um determinado período ao meio de cada estação do ano, em todo o Brasil. Creio que isso fornecerá importantes dados sociodemográficos, geográficos, sazonais e de prevalência para a utilização com diversas finalidades. Isto certamente tornará mais clara a realidade epidemiológica das doenças otorrinolaringológicas em nosso país, além de iniciar uma política de consulta epidemiológica aos associados e a valorização desta atividade junto ao Ministério da Saúde. MARCELO HUEB É uma sensação prazerosa, um novo desafio, como foi assumir a Diretoria Administrativa em 2005 e a Vice-Presidência em 2008. A ABORL-CCF tem uma dinâmica própria e uma alta complexidade administrativa e de atividades, além de possuir forte representatividade na classe médica e um expressivo número de associados. Isto traz uma grande responsabilidade para o cargo, que será exercido após este período de “laboratório” administrativo em nossa Associação. O sistema estatutário atual privilegia isso, possibilitando uma participação efetiva dos futuros presidentes nos âmbitos de proposição, discussão e deliberação. Neste sentido, aproveito para agradecer ao Dolci e parabenizá-lo pela sua excelente gestão. BA Nos últimos anos, o senhor foi o responsável por iniciar a aproximação e estreitar os laços da ABORL-CCF com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET). Como especialista em ORL e Medicina de Tráfego, como você avalia a importância dessa relação? Otorrinolaringologista desde 1988, Marcelo Miguel Hueb colecionou nesses mais de 20 anos de profissão muitas conquistas e realizações. Uma das maiores começa a ser realizada neste ano, com o início de sua gestão à frente da entidade máxima de sua especialidade, a ABORL-CCF. Confira a seguir as metas e ideias do novo presidente da Associação. 4 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 MH Acredito que a manutenção dos pilares administrativo, financeiro, científico, político e de defesa profissional seja uma “obrigação básica” e natural da nossa ou de qualquer outra gestão; para isso, desde já, agradeço o apoio, a amizade e a dedicação dos nossos fantásticos funcionários, dos colegas da DirEx – Diretoria Executiva, das comissões e de todos aqueles que voluntariamente fazem a ABORL-CCF cada vez mais dinâmica e forte. Tive a oportunidade de participar anteriormente da construção dessa situação e tenho agora, com este grupo, a oportunidade de fortalecer ainda mais estes pilares. Pretendemos, ainda, estabelecer uma política de intensa valorização das comissões, permitir uma avaliação crítica e eventualmente propositiva para a consolidação estatutária, manutenção e inovação em projetos de Educação Médica Continuada, com desenvolvimento de metodologias de e-learning e aplicativos para tablets, elaboração de um projeto epidemiológico para a ABORL-CCF, realização de um novo CENSO ORL 2012, editar um novo jornal, agora Boletim ABORL-CCF, com novo sistema de visualização na nossa página, com novas seções dos colaboradores, associados remidos, mais riqueza de imagens e com maior estímulo e interesse para patrocinadores. Planejamos também a tradução do nosso Tratado de ORL para a língua espanhola com o objetivo de iniciar um trabalho de captação de associados estrangeiros, valorizar a memória da ORL, criando uma galeria de ex-presidentes em nossa sede, melhorar sua estruturação para o recebimento de eventos e ainda desenvolver uma estratégia antecipada de captação de recursos para 2013. Além disso, estamos trabalhando forte para oferecer um ótimo 42º Congresso Brasileiro de ORL em Recife e no desenvolvimento de uma inédita campanha nacional unificada de divulgação da Otorrinolaringologia. Tecnicamente, é um curto período de tempo, mas nos esforçaremos para realizar esses projetos e outros que eventualmente surgirão, e contar com a sequência deles nas futuras gestões. A continuidade das boas coisas é fundamental; onde existe trabalho e harmonia, inclusive política, as boas ideias sempre prevalecerão. BA Podemos ter neste ano a primeira campanha unificada feita pela ABORL-CCF. Qual a sua visão sobre isto? MH Há vários anos tenho acompanhado e participado intensamente das campanhas promovidas pela ABORL-CCF e pelas supraespecialidades. Experiências como a coordenação estadual, em Minas Gerais, da Semana da Voz e a coordenação nacional da Campanha da Saúde Auditiva possibilitaram a conclusão da necessidade de que o nome da ABORL-CCF seja priorizado como sendo a entidade efetivamente à frente de todas as campanhas, promovendo apoio financeiro, estrutural, de pessoal e logístico, dentre outros. Em entrevistas aos meios de comunicação em geral, durante essas campanhas, isso precisa ser priorizado e ressaltado, para que um espaço que é primordialmente nosso, da nossa ABORL-CCF, não seja ocupado por outras entidades não médicas. Esta parceria entre as supras e a ABORL-CCF é essencial para ambas, e o nome da associação-mãe deve ser ressaltado, até mesmo porque é a nossa legítima representante junto à AMB. Neste sentido, pretendemos fazer um grande tour em uma unidade móvel estilizada, agregando a expertise e os esforços das academias das supraespecialidades, para promover uma MH A parceria com a ABRAMET foi e tem sido importante para a nossa associação, especialmente no contexto da Medicina do Sono. Pudemos demonstrar a necessidade dos encaminhamentos pelos especialistas em Medicina de Tráfego para os ORLs, nos casos de suspeita de apneia em condutores veiculares quando do exame de aptidão física e mental para a habilitação ou renovação da Carteira Nacional de Habilitação – CNH. Isto está assegurado, e esta parceria tem beneficiado colegas em todo o país e contribuído para o que costumo chamar de “condução veicular saudável”. Além disso, contamos e temos apoio de primeiro momento da ABRAMET em nossa campanha "Caminhos da Otorrinolaringologia". Procuraremos estabelecer uma avaliação do sono nos motoristas que participarem na condução dos veículos da campanha e isto é de interesse das duas associações e, obviamente, da população. BA Podemos dizer que a ABORL-CCF está no seu auge em termos financeiros e estruturais? MH Certamente trabalharemos para, no mínimo, manter a situação atual. Isto não significa, porém, que consideramos a ABORL-CCF no BA Pessoalmente, qual o significado de assumir a presidência da ABORL-CCF? Quais são os seus planos para além do exercício desta atividade? MH Em relação ao cargo assumido, creio que a presidência da ABORL-CCF signifique um auge associativo, porém, ainda tenho de aprender. Tive o grande prazer de trabalhar intensamente na gestão Richard Voegels, com um grupo fantástico, com o qual aprendi muito. Acredito fortemente que apenas uma participação continuada na ABORL-CCF possibilite a vivência e experiência necessárias na identificação dos problemas e quais as soluções a serem atingidas, além de aprendermos a trabalhar para alcançá-las. Pelo caminho que vivenciei na administração da ABORL-CCF e por todo o pessoal que assume esta gestão comigo, creio que estejamos próximos disto. Assumir um posto desta magnitude, atuando fora dos grandes centros, certamente se relaciona à minha trajetória na Otorrinolaringologia em vários aspectos, como reconhecimento ao trabalho administrativo desenvolvido e também pela estabilidade e maturidade políticas recentes. A ABORL-CCF é nacional e isto demonstra uma mentalidade de abertura e descentralização, de modo que agradeço o apoio de todos os amigos da gestão do Richard e ao Ricardo Bento. Assumo em nome de todos os ORL brasileiros! Em virtude deste exaustivo trabalho e da necessidade de novas ideias, é fundamental que haja uma renovação, além do que, estas funções às quais me propus, por vezes, acabam conflitando com as minhas intensas atividades acadêmicas e assistenciais em Uberaba. Para tudo há um tempo, e após este período na presidência da ABORL-CCF, o planejamento se direcionará para estas atividades e para curtir ainda mais minha família e amigos, os de longa data e os inúmeros que fiz e tenho feito nestes últimos anos de ABORL-CCF. Este certamente é o auge pessoal e profissional que pretendo atingir! BA Para finalizar, qual a sua mensagem para o membro da Associação e o que ele pode esperar da sua gestão? Viviani Junqueira Viviani Junqueira BA Quais são as principais metas e objetivos que o senhor tem para essa gestão? seu auge. Acomodar-se, jamais! Precisamos de uma programação a curto, médio e longo prazos para alavancarmos ainda mais todos os setores da nossa Associação. Um exemplo disso foi a política de “Mais benefícios, Menor valor!”, na qual uma anuidade com desconto de 50%, aliada a inúmeros benefícios aos associados, foi planejada em 2006 para que chegássemos a 4.500 associados quites em 2 anos de gestão. Chegamos lá e isso reforça a nossa intenção em propor estatutariamente a criação de um Conselho de Planejamento Estratégico, composto por ex-presidentes e outros colegas com experiência acadêmica e administrativa. Precisamos enxergar a ABORLCCF no futuro, direcionar os nossos esforços e subsidiar o Conselho Administrativo e Fiscal com sugestões relevantes. MH Com certeza posso assegurar, em meu nome e dos amigos que estarão mais próximos na gestão, muito trabalho e dedicação, procurando cumprir nossas metas e deixando a Associação ainda melhor para as próximas gestões e para os associados. Tive a oportunidade de um extraordinário exemplo ético, moral, profissional e familiar em casa: meu saudoso pai, Aziz Miguel Hueb, também otorrinolaringologista. Espero que a percepção das boas práticas em nosso trabalho sirva também de exemplo e estímulo aos jovens associados, para que contribuam e participem ativamente da nossa Associação. Participem, enviando críticas e sugestões. Ajude-nos a fazer a ABORLCCF cada vez mais forte! 2Dr. Fabrízio Romano, Dr. Marcelo Hueb e Dr. Fábio Lorenzetti BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 5 é premiada pela CAPES Dreamstime ASSOCIAÇÃO REGISTRA AMPLO CRESCIMENTO N os últimos dez anos, a ABORL-CCF registrou um expressivo aumento, em torno de 100%, no número de associados quites. Este quadro também mostra que aproximadamente 70% dos otorrinolaringologistas brasileiros já fazem parte da entidade. Tal feito é reflexo direto da percepção que a comunidade otorrinolaringológica brasileira tem sobre a seriedade com que a associação sempre foi dirigida, os inúmeros benefícios em se tornar associado quite e a anuidade gratuita para residentes/especializandos de primeiro ano. Outro benefício é o escalonamento de descontos para os quatro anos subsequentes da anuidade, além de um “valor cheio” desta anuidade para associados titulares/efetivos extremamente acessível. Neste sentido, além da franquia de inscrição no Congresso Brasileiro para os residentes/especializandos, foi iniciada uma política de descontos de até 50% do valor da anuidade para os associados titulares/efetivos que fizessem o pagamento até determinado prazo e respondessem as perguntas do Censo 2012 – elaboradas com o intuito de captar dados de interesse da associação e do próprio associado. Acesse o site da ABORL-CCF e aproveite a oportunidade deste desconto: www.aborlccf.org.br. Não deixe de responder às perguntas do Censo. Os dados fornecidos têm caráter sigiloso e serão divulgados apenas na sua totalidade. A ABORL-CCF ressalta que a participação de todos é fundamental. Encaminhe sugestões, críticas, dúvidas e quaisquer assuntos relacionados às finalidades representativas da Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Crescemos graças a você. E para você. 6 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 N o último dia 15 de dezembro, o Professor Doutor Edwin Tamashiro, do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, recebeu a Menção Honrosa do Prêmio CAPES de Tese (Ed. 2010), em Brasília. Ele foi premiado com o trabalho "Efeitos da exposição à fumaça de cigarro sobre a ciliogênese e formação de biofilmes bacterianos no epitélio respiratório", orientado pela Profª Drª Wilma Terezinha Anselmo-Lima. A ABORL-CCF parabeniza os dois e, principalmente, a ORL brasileira pelo destaque entre todas as áreas da Medicina III. COMUNICAÇÕES RÁPIDAS COM A ABORL-CCF Acompanhe os perfis oficiais da ABORL-CCF no Twitter e no Facebook. Eles são os canais sociais que a Associação utiliza para se corresponder com você! Além de conferir as notícias, cursos e novidades da Associação, você também pode se comunicar de forma mais rápida e prática. Os endereços são: twitter.com/aborlccfoficial facebook.com/aborlccf Sintonia Comunicação ABORL-CCF Otorrinolaringologia brasileira Realizada a 1ª Prova de Avaliação Periódica de Residentes e Especializandos Divulgação NOTÍCIAS N o dia 21 de janeiro foi realizada a Prova de Avaliação Periódica dos Residentes e Especializandos em Otorrinolaringologia, na Associação Paulista de Medicina (APM), em São Paulo. Foram 387 inscritos de seis cidades brasileiras: 190 de São Paulo (SP), 36 de Ribeirão Preto (SP), 76 do Rio de Janeiro (RJ), 19 de Brasília (DF), 29 de Porto Alegre (RS) e 37 de Salvador (BA). A avaliação foi uma resposta aos pedidos dos próprios residentes de mais de uma avaliação para se alcançar o título de especialista. Segundo o diretor da Comissão de Título de Especialista, Dr. Reginaldo Fujita, a avaliação contém três principais objetivos: obter um histórico escolar do residente, treiná-lo e, por fim, beneficiá-lo com a bonificação de até quatro questões na prova de título, dependendo de seu desempenho nas provas anteriores. "A avaliação é um treino para que o candidato veja como funciona a prova de título e é uma chance de o residente mostrar o desempenho dele por mais de uma vez", explicou Fujita. O especialista revela os principais aspectos que um bom médico Otorrinolaringologista deve apresentar. "É necessário que ele apresente excelente conhecimento clínico, habilidade cirúrgica - para os que gostam - e muita responsabilidade para lidar com vidas. Além disso, que ele tenha ética com o paciente, e não tenha em mente apenas objetivos financeiros. Ele deve preservar sempre a saúde do paciente, mantendo a qualidade da Otorrinolaringologia", diz. De forma geral, os residentes tiveram impressões positivas da avaliação. Candidatos ouvidos após a prova disseram que as questões estavam tranquilas, bem-elaboradas e com nível de dificuldade dentro do esperado. ABORL-CCF começa 2012 com forte destaque na mídia Depois de um ano de grandes realizações, a ABORL-CCF já começa 2012 com forte repercussão nos meios de comunicação brasileiros. Representada pelo Dr. Marcelo Hueb, no final de 2011 a ABORL-CCF marcou presença no SBT durante o programa “Jornal do SBT” para alertar a população sobre os cuidados necessários com a audição no manuseio de fogos de artifício durante as festas de final de ano. Já no início de 2012, a ABORL-CCF continuou presente na mídia, por meio de entrevistas com veículos de grande circulação, principalmente TVs e rádios. Os principais temas divulgados foram o aumento da incidência de otite externa nessa época do ano e a posse do Dr. Marcelo Hueb como presidente de uma das maiores associações de otorrinos do mundo. A divulgação sobre otite externa obteve ótimos resultados, com participações na Rádio Jovem Pan (SP), CBN Campinas, Rádio e TV Vitoriosa no Triângulo Mineiro - afiliadas do SBT – TV Minha Vida (SP), TV Educativa – Jundiaí, TV Record, além de publicações em portais de todo o país, como o G1, da Globo. Esta divulgação não será interrompida - durante 2012, novos temas de interesse público continuarão sendo lançados para a imprensa, com releases informativos e ações de conscientização sobre os cuidados com a saúde da voz, audição, respiração, entre outros. Planeja-se um forte alcance na mídia, em especial com foco nas campanhas tradicionais da Semana da Voz, Respire pelo Nariz e Viva Melhor e Semana da Audição, além de perenemente com a campanha "Caminhos da ORL". Sorteadas as vagas do V CURSO DE POLISSONOGRAFIA No início do mês de janeiro foram sorteadas as vagas para a quinta edição do Curso de Polissonografia da ABORL-CCF. O sorteio aconteceu na sede da Associação e foi acompanhado pelos auditores Alex Paulo e Vanessa Ribas, da empresa Trade Auditores & Consultores. Foram 61 inscritos, e a ordem para o preenchimento das vagas seguirá a de sorteio. Assim, serão chamados os primeiros 45 colocados e havendo desistência, os próximos da lista serão convocados. Confira a lista de sorteados no site da ABORL-CCF: www.aborlccf.org.br Veja as datas dos cursos: Março – 17 e 18 Agosto – 25 e 26 Abril – 21 e 22 Setembro – 22 e 23 Maio – 19 e 20 Outubro – 20 e 21 Junho – 23 e 24 Novembro – 24 e 25 Julho – 21 e 22 Dezembro – 08 e 09 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 7 NOTÍCIAS AGENDA ABORL-CCF DO CÂNCER DE LARINGE OTORRINO 2 de Fevereiro de 2012 a 6 de Dezembro de 2013 2 Curso de Pós-Graduação em Medicina Estética e Cirurgia Plástica da Face - São Paulo (SP) 1 a 3 de Março de 2012 2 Potenciais Evocados Auditivos - Santa Maria (RS) É O ENFOQUE DA CAMPANHA DA VOZ 2012 15 a 17 de Março de 2012 2 Vectonistagmografia e Videonistagmoscopia - Santa Maria (RS) 17 de Março a 9 de Dezembro de 2012 2 V Curso de Polissonografia da ABORL-CCF - São Paulo (SP) 22 a 23 de Março de 2012 2 IV Curso Teórico-Prático de Implante Coclear - Salvador (BA) 22 a 24 de Março de 2012 2 1ª Imersão em ORL Pediátrica - São Paulo (SP) H á mais de 10 anos, abril é o mês da voz, época em que a Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) intensifica seus trabalhos de conscientização com a Campanha Nacional da Voz. Porém, os preparativos já estão começando, com o objetivo de alertar a população a se prevenir contra o câncer de laringe, doença que há meses toma conta da mídia depois do diagnóstico do ex-presidente Lula. Até 1999, ano de lançamento da campanha, o câncer de laringe vitimava 15 mil brasileiros por ano, sendo 8 mil casos fatais, segundo dados da OMS. A cada edição da Campanha, são atendidas e orientadas cerca de 40 mil pessoas, número que se repete anualmente desde então. A superestrutura inflável em formato de laringe gigante foi a principal atração do projeto “Conheça Sua Voz” no ano passado, ação da ABLV que ganhou grande destaque nos meios de comunicação brasileiros. Após passar por reformas, em 2012 a laringe gigante será novamente exposta, desta vez, com algumas alterações que irão torná-la ainda mais representativa, sem perder o tom lúdico que fez tanto sucesso em 2011. Dentre as mudanças, ela ganhará maior espaço interno, agregará nova iluminação, novos jogos interativos e receberá dispositivos tecnológicos com recursos de imagens e vídeos, buscando ampliar cada vez mais a conscientização da população para os cuidados com a voz. “Nossos principais objetivos para esse ano são: ampliar nossa divulgação, chamando a atenção de um número 23 a 24 de Março de 2012 2 Curso Internacional de Rinoplastia Otorrinos 2012 - Feira de Santana (BA) maior de pessoas para a exposição e sobre os principais cuidados com a saúde vocal; convocar os profissionais da especialidade, aumentando o número de serviços que irão colaborar com os atendimentos e a coleta máxima de novas estatísticas com abrangência nacional, para que possamos fazer frente ao Ministério da Saúde em eventuais solicitações”, explica o Dr. Gustavo Korn, novo coordenador da campanha. Desde dezembro, foram analisadas algumas propostas de reformulação da laringe e, em janeiro deste ano, durante uma reunião com o atual presidente da ABORL-CCF, Dr. Marcelo Hueb, e o Conselho, o orçamento foi aprovado e a Campanha poderá contar com o apoio da Associação. Além disso, foi confirmada a convocação de uma pessoa encarregada de computar os resultados obtidos nos atendimentos, facilitando todo o processo. Com muitas novidades, a Campanha espera ter ainda mais sucesso neste ano. "O projeto foi um sucesso em 2011 e a cada evento percebemos o que funciona e o que não funciona, para melhorar a cada temporada. O importante é que a população compreenda o recado e que esta exposição seja um alerta para os cuidados com a voz", finalizou Dr. Gustavo Korn. 24 de Março a 16 de Dezembro de 2012 2 II Curso de Polissonografia Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ) 24 de Março de 2012 2 PPA - Projeto Próteses Auditivas - Aspectos Práticos para o Otorrinolaringologista - Campinas (SP) 4 a 5 de Maio de 2012 2 2º Simpósio Capixaba de ORL - Vitória (ES) 5 a 7 de Abril de 2012 2 Rinologia em Cena - Curitiba (PR) 12 a 13 de Abril de 2012 2 XI Workshop em Estroboscopia - São Paulo (SP) 14 de Abril de 2012 2 2º Congresso Online da ABORL-CCF - Sede ABORL-CCF, em São Paulo (SP) 18 a 20 de Abril de 2012 2 81º Curso Teórico-Prático de Cirurgia Microendoscópica-Nasossinusal e X de Dissecção em "S.I.M.O.N.T." (Sinusmodelotorhinoneurotrainer) - São Paulo (SP) 28 de Abril de 2012 2 PPA - Projeto Próteses Auditivas - Aspectos Práticos para o Otorrinolaringologista - Curitiba (PR) 30 de Abril a 4 de Maio de 2012 2 I Curso de Eletrofisiologia da Audição, Monitoramento de Nervos Cranianos e Dissecção do Osso Temporal da Clínica Paparella - Ribeirão Preto (SP) 4 a 5 de Maio de 2012 2 2º Simpósio Capixaba de ORL - Vitória (ES) 9 a 12 de Maio de 2012 2 7th Internacional IFFPSS Conference - Roma / Itália 26 de Maio de 2012 2 Projeto Próteses Auditivas - Aspectos Práticos Para o Otorrinolaringologista - Brasilia (DF) 7 a 9 de Junho de 2012 2 New frontiers in skull base surgery I skull base surgery Brazilian Congress - Porto Alegre (RS) Se você, otorrino, deseja participar, entre em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (11) 5053-7500. Sua colaboração será muito importante! 14 a 23 de Junho de 2012 2 VI Curso de Cirurgia Endoscópica Nasossinusal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ) 15 a 17 de Junho de 2012 2 III Congresso Goiano de Otorrinolaringologia - Caldas Novas (GO) Dreamstime / Sintonia Comunicação 29 a 30 de Junho de 2012 2 Curso de atualização em laringologia e voz - Lajeado (RS) 8 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 30 de Junho de 2012 2 PPA - Projeto Próteses Auditivas - Aspectos Práticos Para o Otorrinolaringologista - Recife (PE) 28 de Julho de 2012 2 PPA - Projeto Próteses Auditivas - Aspectos Práticos Para o Otorrinolaringologista - Salvador (BA) Mais informações você pode conferir no site www.aborlccf.org.br/conteudo/eventos BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 9 NOTÍCIAS TÍTULO DE ESPECIALISTA O mês de janeiro foi marcado pela transição da diretoria e por diversos planos traçados pela Associação E ntre os dias 17 e 18 de janeiro, diretoria e comissões permanentes da ABORL-CCF se reuniram na sede da Associação para traçar os planos e metas para 2012. Em todas as reuniões realizadas, ficou claro que este será um ano de trabalho intenso, novidades, integração e harmonia em nome da Associação. Foi proposto e estabelecido um calendário conjunto de reuniões destas comissões, antecedendo as reuniões da DirEx. Elas acontecerão simultaneamente nas reuniões do Conselho Administrativo e Fiscal, com o intuito de se obter um fluxo rápido e uniforme das proposições, deliberações e execução. Confira a seguir um resumo do que ocorreu de mais importante nas reuniões. 1º dia 17 de janeiro D urante a manhã, os principais assuntos pautados nos encontros foram a organização e a reformulação do V Curso de Polissonografia e do II Congresso Online de Otorrinolaringologia para este ano. Na primeira reunião foram discutidas as propostas de formatação da quinta edição do curso de Polissonografia, como a parceria com outras associações, o desenvolvimento de um curso itinerante, a adoção de aplicativos didáticos para tablets e, em 2013, a criação do “Curso de Medicina do Sono”, ampliando a estrutura atual do curso de PSG e integrando outras especialidades relacionadas aos distúrbios do sono, como neurologia, psiquiatria, pneumologia, dentre outras. Segundo o presidente do Departamento de Medicina do Sono, Dr. Michel Cahali, a Associação está passando por um momento importante de consolidação da área no Brasil. “A ABORL-CCF já tem um histórico de trabalho na medicina do sono, formando e certificando pessoas nas áreas de PSG. É um passo natural que ela agora se encaminhe para a solidificação do ensino e na difusão do conhecimento dessa especialidade entre os associados”, disse. 10 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA Já na segunda reunião, foi colocado em pauta o cronograma do Congresso Virtual de 2012, além das inovações nessa edição, como sorteios de materiais exclusivos para os internautas plugados e a participação do público leigo, que poderá interagir com os especialistas. O enorme sucesso da primeira edição, que teve grande repercussão na mídia nacional - com uma extensa reportagem na TV Globo - estimulou a Comissão a organizar este ano mais um congresso em plataforma virtual, com destaque para as 3 palestras internacionais já confirmadas: Dr. Roy Cassiano (Miami, EUA) na área de Rinologia; Dr. Guillermo Campos (Bogotá, Colômbia) na área de Laringologia, e o Dr. Jorge Spratley (Porto, Portugal) na área de Otologia. A expectativa é que o número de inscritos supere o da primeira edição. ÉTICA, SINDICÂNCIA E JULGAMENTO Em reunião, a Comissão de Ética, Sindicância e Julgamento fez a revisão das metas e planos propostos no último ano. Além disso, foi sugerida a obrigatoriedade da orientação ética nos programas de residência e estágio, algo que vem ganhando corpo graças aos seus membros, que têm cobrado a inclusão de termos éticos em seus programas. Outros itens destacados e instituídos como metas para 2012 foram o aperfeiçoamento do termo de consentimento; a maior adequação aos termos da ética médica nos eventos de ORL; o melhor esclarecimento dos conflitos de interesse nos eventos e o maior intercâmbio nas comissões e na qualificação do prontuário médico. Em 2012, a comissão responsável pelo Congresso Brasileiro de ORL continuará a reformulação estrutural do Congresso, iniciada em Curitiba no ano passado. A reformulação em questão se dará na disposição das salas, com a adequação dos palestrantes em relação aos temas. A medida teve aprovação do público e, a cada ano, essa formatação será preestabelecida, facilitando para o conferencista a integração ao evento. "Apesar de ser organizado para 5 mil pessoas, cada edição do Congresso tem temas e alvos diferentes. Por isso, precisamos organizar um evento para que ele [o congressista] possa absorver o máximo de conhecimento científico em sua área. Na grade, os palestrantes internacionais continuarão com destaque pela manhã, em conferências magnas, associadas a painéis e mesas-redondas", explicou o Presidente da Comissão, Dr. Marco César Jorge dos Santos. Ele destacou ainda que no congresso de Recife, em novembro, serão 10 convidados internacionais, de várias partes do mundo. "O objetivo é trazer o conhecimento de fora e criar reciprocidade, passando o nosso conhecimento para ele [o palestrante] também. Com isso, levamos para outros países o que estamos fazendo. Esta é a ideia do nosso projeto de internacionalização. Queremos que na América Latina o polo de formação científica em ORL seja o Brasil", disse. Eventos e Cursos Residência e Treinamento Zelar pela boa formação dos residentes de todo o Brasil é o trabalho da Comissão de Residência e Treinamento, que tem sob sua responsabilidade 90 serviços de ORL no país. A comissão disponibiliza no site da ABORL-CCF um levantamento com os serviços já reconhecidos por ela e também pelo MEC. Existe também uma lista com a classificação dos serviços e o memorial descritivo, que é um relatório completo com a constituição de cada serviço, em seus mínimos detalhes. O Presidente da comissão, Dr. Alexandre Felippu Neto, explicou as metas e objetivos para 2012. "Além das vistorias que fazemos, estamos formalizando o relacionamento com os serviços e os residentes. Temos como meta conseguir que todo serviço de ORL do Brasil esteja no site da Associação, para que o médico que pretende seguir a especialidade possa consultá-lo. Isso é fundamental", disse. 2Comissão de Ética e Julgamento. Eventos e Cursos 2Comissão de DEFESA PROFISSIONAL Viviani Junqueira DA ABORL-CCF Viviani Junqueira Desafios e perspectivas A prova de TE (Título de Especialista) deste ano terá poucas mudanças em relação à do ano passado. Mais aspectos clínicos serão abordados na prova teórica, e requisitos mais diretos na prova teórico-prática. O candidato será avaliado com amplo enfoque nos casos clínicos, o que exigirá melhor conhecimento de base. Com a prova deste ano pronta, a comissão já planeja a prova do ano seguinte com mudanças significativas e abrangentes. "A comissão adoraria instituir provas realmente práticas, com seres humanos, para que os futuros otorrinos possam vivenciar a prática. Mas, isso é muito caro e complicado. Por isso, muito em breve pensamos em utilizar bonecos ou algo do tipo nas provas práticas, para aumentar o realismo e melhorar cada vez mais a prova de título", disse o Dr. Reginaldo Fujita, presidente da comissão. Ele ainda destacou a continuidade dos trabalhos da comissão para este ano. "Dentro do modelo administrativo da Associação, é importante termos continuidade sem ter continuísmo. Vamos manter o trabalho da comissão, aprimorar os pontos que precisam ser aprimorados e corrigir as falhas que existirem. Já estamos pensando na prova de 2013, renovamos a bibliografia, e o novo tratado de ORL será utilizado", finalizou. Viviani Junqueira ABORL-CCF 2Comissão de Residência e Treinamento. Com o objetivo de defender o ORL quanto a honorários, condições ideais de trabalho e apoio à educação continuada, a Comissão de Defesa Profissional tem participado de movimentos médicos com outras entidades, sugerindo a implantação de procedimentos no rol da Agência Nacional de Saúde, entre outras ações. A Presidente da Comissão, Drª Mara Gândara, reforçou que a presença do otorrino será fundamental para os trabalhos futuros. "Precisamos de um envolvimento maior do próprio otorrino. Pretendemos fazer muitos seminários e cursos em 2012, para mostrar o quão importante é a união entre os médicos, além de precisarmos divulgar para a população leiga o que o otorrino faz", disse. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 11 2º dia 18 de janeiro O segundo dia de reuniões foi destinado ao Conselho Administrativo e Fiscal da ABORL-CCF. A pauta abordou diversos trabalhos que serão desenvolvidos ao longo deste e do próximo ano. Veja alguns deles: CALENDÁRIO DE REUNIÕES O calendário das reuniões do Conselho Administrativo e Fiscal em 2012 já está programado e os encontros acontecerão nos meses de abril, agosto e novembro. Sendo o último na ocasião do 42º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, em Recife. EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA E MODERNIDADES Em 2012, a Comissão de Educação Médica Continuada planeja fornecer a educação médica em parceria com outras sociedades e especialidades, além de ampliar o foco de produtos. Para aumentar a visibilidade do Tratado de ORL em toda a América Latina, o texto deverá ser traduzido para o espanhol, estimulando colegas dos países vizinhos a conhecer melhor a nossa Associação. Aliando Medicina e alta tecnologia, a comissão planeja também disponibilizar o Boletim ABORL-CCF e alguns capítulos do Tratado ORL (em português e espanhol) para tablets, bem como a elaboração de miniatlas e aplicativos para smartphones (com sistemas Apple e Android). Está nos planos da comissão fornecer educação para leigos, por meio das campanhas de conscientização sobre as principais afecções otorrinolaringológicas. São planejados também cursos para leigos, como os voltados para instrumentadoras e equipes técnicas de empresas de equipamentos, além de um canal “Fale conosco” durante o II Congresso Virtual de Otorrinolaringologia. 12 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 HUMORL Antenor Era alta madrugada, provavelmente duas ou três horas. Não vou dizer que ele estava “nos braços de Morfeu” porque isto aí tem uma conotação assim de sacanagem e, portanto, digamos apenas que “dormia o sono dos justos”. Eis que, de repente, o telefone na mesinha de cabeceira explode meio enlouquecido, aparentemente acordando a vizinhança inteira, e Sady vira-se na cama, pega o aparelho e ouve uma esganiçada voz de mulher berrando: — Doutor Ciro, doutor Ciro! O Antenor não aguenta mais a fisioterapia. Eu lhe peço, faça alguma coisa. Sady, ainda não totalmente acordado, mas, fruto de um longo treinamento, característico de quem exerce corretamente a profissão, respondeu: — Minha senhora, acho que ligou para o número errado. Eu sou o doutor Sady e não o doutor Ciro. Por favor, verifique a lista. Virou-se outra vez e tentou conciliar o sono. Não deu. Mais um minuto e aquela voz histérica outra vez com o mesmo problema: — Doutor Ciro, o Antenor não aguenta mais aquela fisioterapia. Faça alguma coisa, doutor Ciro. Sady, a estas alturas um pouco mais acordado, usou toda a 2Comissão de Comunicação. CENSO 2012 O Censo deste ano foi reformatado e formulado especificamente para associados efetivos/ titulares e associados residentes/especializandos. Em breve, a ABORL-CCF terá um perfil completo da nossa realidade no país, inclusive comparando-a com aquela dos censos de 2002 e 2007. PROJETO "CAMINHOS DA ORL" Este projeto pretende ser o grande meio de divulgação do nome da ABORL-CCF e da Otorrinolaringologia no ano de 2012. Uma unidade móvel estilizada levará modelos infláveis de ouvido, nariz e garganta por todo o país, unificando as campanhas. O objetivo principal será fornecer informação ao público leigo, mostrar a importância do Otorrinolaringologista e divulgar a especialidade pelo país. O projeto está em fase final e deverá ser iniciado em breve. PROJETO EPIDEMIOLÓGICO 2012 Em uma iniciativa inédita em nossa Associação, este projeto de consulta aos associados, durante períodos específicos em cada estação do ano, tem o intuito de descrever o perfil epidemiológico (sociodemográfico) dos pacientes com doenças relacionadas à ORL, bem como a prevalência destas como um todo e como distribuição regional e sazonal, além da correlação entre elas. As informações deste estudo poderão colaborar para um maior conhecimento destes temas e ajudar no direcionamento de atividades públicas, privadas, institucionais e profissionais. Este mapeamento irá colaborar de maneira final para uma melhor assistência à saúde e uma informação estatística continuada para os associados. Os associados da ABORL-CCF receberão um convite para participar do projeto, e aqueles que participarem integralmente das suas quatro fases terão uma grata surpresa em relação à anuidade de 2013. capacidade que tinha para ser educado e prestativo: — Minha senhora, mais uma vez a senhora ligou para o número errado. Este telefone é do doutor Sady e não do doutor Ciro – e desligou. Passaram-se, então, cerca de uns cinco minutos e o telefone, desta vez, pegou Sady em plena forma. Quando começou a ouvir outra vez que o Antenor não suportava a fisioterapia, já foi berrando: — Pode deixar! Eu já liguei prá lá e mandei suspender. O Antenor não precisa mais fazer a fisioterapia. E voltou a dormir tranquilo. José Seligman COMITÊ DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Foi lançada em reunião a ideia da criação do Comitê de Planejamento Estratégico, de caráter propositivo, para fomentar o conselho Administrativo e Fiscal, de caráter deliberativo. Este comitê tem como objetivo a elaboração e a apresentação de propostas para o planejamento e metas da Associação em curto, médio e longo prazos. Ele deverá ser composto por expresidentes e associados com notória experiência administrativa ou acadêmica, em especial aquelas relacionadas à ABORL-CCF. Foram muitas ideias, muitos objetivos e a certeza de que a ABORL-CCF terá, em 2012, um ano de muito trabalho, com a DirEx procurando encurtar ao máximo o intervalo entre a proposição/aprovação e a execução, além da total confiança da continuidade dos bons projetos. 2Diretoria discute ações. Viviani Junqueira Uma das novidades da Comissão de Comunicação para este ano você já conhece e está lendo neste exato momento: o Boletim ABORL-CCF. A nova publicação da Associação conta com 28 páginas, mais conteúdo e um visual diferente. A Comissão planeja fazer deste veículo uma grande fonte de recursos financeiros, com novos patrocinadores. Outra ideia é criar aplicativos focados em ORL para smartphones e tablets, como forma de o otorrino se manter atualizado e ter sempre à sua disposição tabelas, dissídios e outros itens utilizados no dia a dia. O lançamento do Tratado de ORL como aplicativo também foi discutido e deve ser colocado em prática em breve. As redes sociais da ABORL-CCF (Twitter e Facebook) também terão novidades este ano, com mais interatividade e conteúdo focado nos jovens otorrinos. O site da ABORL-CCF também deverá passar por mudanças. Viviani Junqueira Comunicação BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 13 Dreamstime ARTIGO MÉDICO RONCO E SAOS Por Fábio Tadeu Moura Lorenzetti O ronco é um problema que acomete grande parte da população e que pode prejudicar a qualidade de vida não apenas do indivíduo roncador, mas também de quem dorme ao seu lado. Desta forma, pode gerar problemas conjugais e também causar constrangimento quando o sujeito ronca perante outras pessoas. Muitas vezes o ronco está acompanhado de apneias durante o sono, piorando sua qualidade e causando prejuízos à saúde destes indivíduos. A gênese do ronco pode estar envolvida com o relaxamento da musculatura faríngea durante o sono. Durante a passagem do ar, a vibração dos tecidos moles faríngeos origina o ruído conhecido como ronco. Na maioria dos 14 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 casos, o principal local desta vibração é o palato mole. A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é o distúrbio respiratório do sono mais encontrado na prática otorrinolaringológica, caracterizada por colapsos recorrentes na região faríngea, geralmente associados à fragmentação e ao sono não restaurador. Também podem ocorrer hipoxemia, hipercapnia, ativação do SNA simpático, sonolência excessiva diurna, além de diversos outros sintomas e comorbidades. PÚBLICO COMUM A prevalência do ronco varia de 25% a 60% na população adulta, enquanto a SAOS acomete de 2% a 24% dos adultos, de acordo com os critérios utilizados para diagnóstico. O estudo de Wisconsin analisou indivíduos entre 30 e 60 anos de idade e encontrou uma prevalência de SAOS em 4% dos homens e 2% das mulheres, considerando doentes os pacientes com índice de apneia-hipopneia (IAH)>5 por hora associado com sonolência excessiva diurna (SED). No entanto, quando o critério do diagnóstico foi modificado para presença de IAH>15 por hora, a prevalência da SAOS aumentou para 4% no sexo feminino e 9% no sexo masculino. Finalmente, quando o critério considerado foi apenas a presença de IAH>5 por hora, a prevalência de apneia obstrutiva do sono se elevou para 9% das mulheres e 24% dos homens. Entretanto, um estudo recente na população de São Paulo (EPISONO) realizou polissonografia em 1.042 voluntários e foi observada uma prevalência de SAOS em 32,8% dos participantes. Isto sugere que o número de casos desta doença está aumentando progressivamente em virtude de vários fatores, sendo o aumento da obesidade na população um dos principais. Além disso, esta alta prevalência encontrada aponta que possivelmente a SAOS é uma patologia subdiagnosticada. O tratamento de indivíduos portadores de ronco e SAOS é um desafio, pois existem várias opções terapêuticas e os resultados são muito variáveis. O sucesso de cada tratamento depende muito da escolha adequada e individualizada para o paciente. Em virtude destes desafios no diagnóstico e no tratamento dos pacientes com ronco e SAOS, cada vez mais os otorrinolaringologistas procuram aprofundar o conhecimento na área de Medicina do Sono. Este é um fato muito positivo, pois além da especialidade já estar familiarizada com as vias aéreas superiores, ela é capaz de oferecer tanto os tratamentos clínicos quanto os procedimentos cirúrgicos a estes pacientes, desde que haja indicação para isso. Um estudo recente na população de São Paulo (EPISONO) realizou polissonografia em 1.042 voluntários e foi observada uma prevalência de SAOS em 32,8% dos participantes. Isto sugere que o número de casos desta doença está aumentando progressivamente. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 15 NOTÍCIAS ESPECIAL “Marcelo foi meu aluno. Um aluno brilhante, da paz. Transfere confiança, amizade e carinho aos pacientes, aspectos sagrados do verdadeiro médico" – Dr. Paulo Miguel de Mesquita, vice-prefeito de Uberaba. Durante cerimônia realizada em São Paulo, o uberabense foi consagrado ao cargo máximo da associação e cunhou a expressão que simboliza o momento de abertura e interiorização da administração da entidade. N a noite de 18 de janeiro, foi realizada a cerimônia de posse do novo presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia CérvicoFacial, Dr. Marcelo Hueb, na sede da Associação, em São Paulo (SP). Cerca de 200 pessoas participaram da solenidade, que contou com a presença de convidados ilustres. Após as homenagens, o Dr. Marcelo Hueb deu início ao discurso, agradecendo aos familiares, amigos e colegas de profissão, além de comentar sobre a importância da Associação em sua trajetória. "Esse é um momento simbólico para nossa Associação, mas de grande importância no meu caminho. Um caminho de emoção, [...] de uma educação forte, pautada em valores morais e éticos, que pude exercitar bastante na Otorrinolaringologia e, em especial, nesta casa, uma casa na qual eu me sinto bem e em família. Eu vejo aqui inúmeros rostos que muito prezo: rostos familiares de sangue, [...], rostos de amigos que eu fiz na vida, na Otorrinolaringologia e nesta casa: minha família ampliada". Dr. Marcos Montes, deputado federal. Fotos: Rodrigo Sodré UM POUCO DE LEITE NO CAFÉ PAULISTA: Dr. Marcelo Hueb toma posse como presidente da ABORL-CCF “Esse é o momento de redobrarmos a nossa esperança, e a esperança está calcada nos profissionais de saúde. [...] Aqui temos o exemplo vivo desses profissionais, representados pela associação" – 2Dr. Marcelo Hueb, novo presidente da ABORL-CCF. PASSAGENS MARCANTES DA CERIMÔNIA: 2Dr. Marcelo Hueb e família. 2Dr. Ricardo Bento, Dr. Paulo Pontes, Dr. Marcelo Hueb, Dr. José Eduardo Dolci e Dr. Luc Weckx. “Ao final da jornada, durante a qual nos dedicamos a cumprir os compromissos assumidos, há dois sentimentos: de tranquilidade e de dever cumprido" – Dr. José Eduardo Lutaif Dolci, ex-presidente da ABORL-CCF. “Saúde não é tudo, mas, sem ela, o resto é nada" – Dr. Luc Weckx, otorrinolaringologista, representante da Associação Médica Brasileira (AMB). “Ser médico é servir" – Dr. Marcelo Hueb, PLANOS E METAS Discursos marcantes, sucessão na ABORL-CCF, política médica e governamental. Marcelo ousou e falou da importância da opção paterna pela Medicina e ressaltou a harmonia que cultiva e desfruta na Otorrinolaringologia e, como bom mineiro, falou da importância de se misturar “um pouco de leite neste café paulista”, simbolizando o momento de abertura e interiorização da política administrativa da Associação. Hueb citou que, em sua gestão, pretende desenvolver projetos para maior esclarecimento da população leiga, da Educação Médica Continuada e em Defesa Profissional, homenageando o passado e valorizando o planejamento estratégico para o futuro. “Com a força da nossa Associação, procuraremos estabelecer, cada vez mais, laços com as entidades representativas da Medicina e com as esferas públicas do poder, para que nós possamos exercer o que sempre almejamos em termos de saúde: não necessariamente ser médicos, mas ajudar ao próximo”, declarou o presidente. Antes mesmo de terminar seu discurso, recebeu inúmeros aplausos e em seguida agradeceu a presença de todos ao lado dos membros da sua diretoria. Diferente das tradições mineiras, que dizem que “onde tem poeira, vá na frente; onde tem barro, vá atrás; onde tem porteira, vá no meio”, o presidente enfatizou: "Aqui caminhamos todos juntos!" presidente da ABORL-CCF. “Somente se estivermos juntos poderemos fazer frente aos desafios" – Dr. Florisval Meinão, otorri- nolaringologista, representante da Associação Paulista de Medicina. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 2 Dr. Kléber Falcão Rebelo, Dr. João Vianney Brito de Oliveira, Dr. Marcelo Hueb e Dr. Jorge Augusto Hecker Kappel “Temos a certeza de que será uma gestão próspera. Você, Marcelo, tem o perfil de um homem firme, generoso e capaz" – Dr. Márcio Fortini, representante da Associação Médica de Minas Gerais. “O começar é a parte mais importante de qualquer trabalho. Não chegaremos a lugar nenhum se não dermos o primeiro passo. Faço então o especial convite: que caminhemos juntos nessa nova jornada" – Dr. Odílio Ribeiro, representando o deputado federal Saraiva Felipe. “Como diria o escritor português Sidónio Muralha: 'Parar. Parar não paro / Esquecer. Esquecer não esqueço / Se carácter custa caro / pago o preço'. Vamos ver, Marcelo. Sucesso e parabéns" – Dr. Acir Karwoski, pró-reitor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). 16 2Dr. Marcelo Hueb e Dr. Marcelo Piza. 2Dr. Marcelo Hueb e Dr. Florisval Meinão. 2Ex-presidente da ABORL-CCF Dr. José Eduardo Dolci discursa durante a cerimônia. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 17 ARTIGO MÉDICO E As epistaxes são extremamente comuns, estimando-se que até 60% da população irá apresentar ao menos um episódio durante a vida. m primeiro lugar, é importante definir corretamente o termo “epistaxe”. Todo sangramento que se exterioriza pelas fossas nasais é chamado de “hemorragia nasal”. Ele pode ser proveniente das fossas nasais, seios paranasais, tuba auditiva, nasofaringe ou mesmo da base do crânio. Porém, apenas os sangramentos que têm origem na mucosa nasal propriamente dita são definidos como “epistaxe”. Eles representam sempre uma alteração na hemostasia normal da mucosa nasal, podendo ser causados por perda de integridade vascular, anormalidades na mucosa nasal ou alterações de fatores de coagulação. Em termos de frequência, as epistaxes são extremamente comuns, estimando-se que até 60% da população irá apresentar ao menos um episódio durante a vida. Felizmente, a imensa maioria dos casos é autolimitada e apenas cerca de 6% irão necessitar de cuidados médicos. Ainda em termos epidemiológicos, os casos de epistaxe não apresentam predileção por gênero, afetando igualmente homens e mulheres. Podem acontecer em qualquer idade, mas são mais comuns nas crianças (devido à fragilidade da mucosa e à manipulação digital) e nos idosos (devido a doenças associadas e ao uso de medicações anticoagulantes). Quando muito intensas ou recorrentes, as epistaxes podem trazer grande morbidade aos pacientes, sendo a principal urgência otorrinolaringológica em termos de frequência e potencial gravidade. ANATOMIA Aproximadamente 90% das epistaxes são provenientes da região anterior do septo nasal, uma área conhecida como zona de Kiesselbach. Isto porque nesta região temos uma rica rede anastomótica de ramos das artérias esfenopalatina, etmoidais anterior e posterior, palatina maior e labial superior. Além disso, esta área está mais exposta ao fluxo de ar e consequente formação 18 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 ABORDAGEM AO PACIENTE O paciente com epistaxe deve ser tratado como um paciente politraumatizado, seguindo os princípios de permeabilidade de vias aéreas e controle das condições hemodinâmicas. É essencial a observação dos sinais vitais, como pulso, coloração das mucosas, pressão arterial, frequência respiratória e estado de consciência. Em casos mais graves, o paciente pode estar em choque hemorrágico, e a reposição de fluídos e sangue deve ser imediata para a manutenção da vida do paciente. A quantificação do sangue perdido pelo paciente é importante, e pode ser realizada por meio da anamnese e de alguns parâmetros como número de lenços sujos, de toalhas encharcadas etc. Caso o paciente estiver hemodinamicamente estável, devemos identificar se o sangramento está ativo ou inativo. Lembrando que o sangramento pode estar se exteriorizando tanto pelas fossas nasais como pela rinofaringe, sendo visível através de uma oroscopia. Em casos de sangramento ativo, o primeiro passo é a contenção da hemorragia. A colocação de algodões embebidos em solução vasoconstritora com algum anestésico local (como adrenalina e lidocaína, por exemplo) costuma ser efetiva neste controle inicial e a anestesia da fossa nasal já é útil caso haja necessidade de algum outro procedimento posteriormente. Nunca é demais lembrar que em pacientes com alterações cardiovasculares, o uso de vasoconstritores deve ser realizado com o devido cuidado, pesando o custo-benefício. Em seguida, devemos realizar a anamnese do paciente. Abaixo destacamos alguns pontos fundamentais: Tipo de sangramento: se é um episódio único ou recorrente, a intensidade e se é anterior ou posterior. De forma geral, sangramentos unilaterais sugerem fatores locais, e sangramentos bilaterais, fatores sis- Quando o local sangrante não é observado através da rinoscopia anterior, podemos lançar mão da nasofibroscopia, que é a introdução de uma fibra óptica flexível, permitindo a inspeção completa das fossas nasais. Devemos avaliar a região do septo nasal, conchas nasais, meatos, região da base do crânio e rinofaringe em busca da origem do sangramento. Introdução de uma fibra óptica flexível, permitindo a inspeção completa das fossas nasais. têmicos na origem do sangramento; Idade: sangramentos discretos em crianças têm sua origem mais comumente por manipulação digital. Outra causa comum é a presença de corpos estranhos. Sangramentos de maior monta ou recorrentes em adolescentes do sexo masculino levantam a hipótese de nasoangiofibroma juvenil. Pacientes idosos sugerem doenças crônicas e outros tumores; Uso de medicamentos: inquirir sobre o uso de substâncias anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários, especialmente o ácido acetilsalicílico. Alguns alimentos também podem inibir a coagulação, como alho, gengibre e outros; Doenças associadas: sangramentos recorrentes em outras partes do corpo, especialmente gengivas, coagulopatias, doenças hematológicas e doenças inflamatórias nasais. Pacientes com rinite em uso de corticosteroides tópicos nasais podem apresentar epistaxe por lesão em septo anterior causada pelo jato do medicamento. O correto é que ele seja direcionado para a parede lateral do nariz; História de trauma nasal: fraturas, cirurgias prévias, manipulação digital; Gravidez: em gestantes, pode ocorrer a formação de granuloma piogênico de septo nasal, causando epistaxes recorrentes de moderada intensidade. O tratamento costuma ser expectante e a lesão tende a desaparecer após o parto; EXAMES COMPLEMENTARES Acervo ABORL-CCF Por Fabrízio Ricci Romano de crostas, além de ser facilmente acessível a traumas digitais. As epistaxes anteriores costumam ser de simples controle, já que são facilmente abordadas para cauterizações ou tamponamentos. As epistaxes posteriores normalmente envolvem ramos da artéria esfenopalatina e são bem mais raras. Seu controle é mais difícil, muitas vezes demandando intervenções cirúrgicas e em 25% dos casos os pacientes necessitam de transfusões sanguíneas. No exame físico, é importante a inspeção em busca de lesões cutâneas, como petéquias, hematomas ou púrpuras, que podem sugerir disfunções plaquetárias; e da presença de telangiectasias em mucosas, sugerindo a síndrome de Osler-Rendu-Weber. O próximo passo é a realização do exame otorrinolaringológico. Na rinoscopia anterior, realizada com espéculo nasal e fonte de luz, procuramos identificar o local de origem do sangramento. Em casos de epistaxe anterior, o ponto sangrante costuma ser facilmente observado. Por vezes, é necessária a limpeza dos coágulos da fossa nasal através de aspiração ou remoção cuidadosa. Além disso, observamos também outras possíveis alterações nasais que podem contribuir com o quadro, como desvios septais, crostas, áreas cruentas, sinusites, rinites, tumores, pólipos etc. A realização de hemograma completo é importante para inferir o grau do sangramento por meio dos níveis de hemoglobina e do hematócrito, além de pesquisar doenças como leucemias ou púrpuras trombocitopênicas. O coagulograma pode ajudar a identificar coagulopatias, principalmente em casos crônicos ou recorrentes. Endoscopia digestiva alta e/ou broncoscopia podem ser realizadas para o diagnóstico diferencial com sangramentos que tenham origem nas vias digestórias ou respiratórias. A tomografia computadorizada é o exame de escolha em casos de traumatismo cranioencefálico e também muito útil na avaliação de doenças nasais e paranasais associadas, como desvios septais, sinusopatias, tumores etc. A ressonância magnética é utilizada em casos de tumores e em traumas quando há suspeita de herniação de tecido cerebral para as fossas nasais. A tomografia computadorizada é o exame de escolha em casos de traumatismo cranioencefálico. Acervo ABORL-CCF Epistaxe PRÓXIMOS PASSOS História familiar: doenças hereditárias, como a telangiectasia hemorrágica hereditária, em que há múltiplas telangiectasias em mucosas e se manifesta com epistaxe e sangramentos orais e intestinais; hemofilias. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 19 Acervo ABORL-CCF Na suspeita de aneurismas, tumores vasculares ou para realização de embolização, pode estar indicada uma arteriografia. Para investigação mais detalhada dos vasos, pode ser realizada uma angioressonância. Na suspeita de aneurismas, tumores vasculares ou para a realização de embolização, pode ser indicada uma arteriografia A ressonância magnética é utilizada em casos de tumores e em traumas quando há suspeita de herniação de tecido cerebral para as fossas nasais. Para investigação mais detalhada dos vasos, pode ser realizada uma angioressonância. Na suspeita de aneurismas, tumores vasculares ou para a realização de embolização, pode ser indicada uma arteriografia. levar a gaze até a região das coanas para garantir um tamponamento efetivo. Ao final, a ponta da gaze permanece exteriorizada pela narina e é fixada à pele com esparadrapo ou micropore; Merocel e similares: São substâncias que facilitam a introdução nas fossas nasais por estarem comprimidas, mas após a hidratação, expandem-se, realizando o tamponamento. Muito práticas, entretanto, têm como desvantagem o custo. Existem modelos com cânulas no meio, para permitir certo grau de passagem de ar pelo tampão. 2Fixamos o cordonê em uma CIRURGIA TAMPONAMENTO Quando o sangramento é difuso, ou quando não obtemos sucesso na cauterização, o tamponamento nasal é uma alternativa para a contenção da hemorragia. Há basicamente dois tipos de materiais para tamponamento: Substâncias absorvíveis: Surgicel, Gelfoam. Utilizadas em sangramentos de menor intensidade. São colocadas nas fossas nasais e reabsorvidas lentamente ao longo de alguns dias, não sendo necessária sua remoção. Ideais para pacientes com alterações de coagulação, já que nestes o ato de retirar algum tamponamento poderia traumatizar a mucosa nasal, levando a novo sangramento; Substâncias não absorvíveis: Neste subitem temos diversos materiais que podem ser utilizados com a finalidade de ocluir de forma compressiva o sítio sangrante. Estes materiais devem sempre ser retirados, de modo que o ideal é que não permaneçam por períodos superiores a 48h-72h pelo risco de infecção bacteriana secundária ou mesmo choque tóxico. 20 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 Em casos nos quais a origem do sangramento é mais posterior, os tamponamentos relatados acima podem não ser efetivos e temos que lançar mão dos tamponamentos anteroposteriores. Estes têm maior morbidade, além de serem mais incômodos ao paciente. O mais utilizado é a sonda vesical tipo Foley. Primeiramente é amarrado um cordonê ou algodão zero na ponta da sonda. Depois, ela é inserida através da fossa nasal até sua visibilização na orofaringe, e então tracionada pelo cordonê para impactar na coana. Realizamos, então, o tamponamento anterior com uma das técnicas descritas acima e fixamos o cordonê em uma gaze Dedo de luva: É o mais simples e barato, facilmente encontrado. Corta-se um dedo de luva de látex e insere-se uma ou duas gazes em seu interior (a depender do tamanho da fossa nasal do paciente). Após analgesia do local e lubrificação do dedo de luva, o tampão é introduzido seguindo uma linha paralela com o assoalho da fossa nasal (e não o dorso nasal). Desvios septais ou outras alterações nasais podem dificultar a introdução. O tampão deve ser fixado externamente, com uma sutura de algodão ou nylon ancorada em uma gaze posicionada externamente às narinas para evitar aspiração do tampão; Rayon ou gazes furacinadas: Neste caso, o tampão é introduzido com uma pinça baioneta e vai-se “sanfonando” a gaze do assoalho da fossa nasal em direção ao teto. É essencial Caso haja falha no controle do sangramento com o tamponamento, ou em casos recorrentes, podemos lançar mão das ligaduras arteriais. O ideal é que estas ligaduras sejam feitas sempre o mais distalmente possível, ou seja, o mais próximo possível do ponto sangrante, para evitar a ocorrência de circulação colateral. As cirurgias são realizadas por via endonasal com o auxílio de videoendoscopia. A maioria das epistaxes é originada no território da artéria esfenopalatina. Portanto, na abordagem cirúrgica, nos casos em que não vemos o ponto exato de origem do sangramento, optamos pela ligadura desta artéria. Ela emerge na fossa nasal através do forâmen esfenopalatino, que se localiza na região da cauda da concha média e é facilmente acessado com o descolamento de um pequeno flap mucoso. É um procedimento simples, rápido e que apresenta alta efetividade (92%). A artéria pode ser ligada com fios, clipes vasculares ou cauterizada com cautério bipolar e então seccionada. A maioria dos casos de falha ocorre por não ligadura de algum dos ramos da artéria, já que ela pode emergir do forâmen como um tronco único ou como várias subdivisões, ou até apresentar ramos acessórios com foramens próprios. Caso a cirurgia tenha sido tecnicamente satisfatória e o sangramento persistir, ele deve ser suprido pelas artérias etmoidais, especialmente a anterior, que é mais calibrosa. A ligadura da artéria etmoidal pode ser realizada por via endoscópica, apesar de ser tecnicamente mais trabalhosa, ou por via externa. Outras opções menos utilizadas são a ligadura da artéria maxilar por abordagem transantral e a ligadura da artéria carótida externa. gaze na narina, com tração, mas não excessiva para evitar necrose de asa nasal. Acervo ABORL-CCF No tratamento, é importante evitar o excesso da substância cauterizante para que ela não escorra e provoque queimaduras no vestíbulo nasal ou nos lábios. Quando observamos um ponto sangrante único, em septo anterior, podemos proceder com a cauterização do vaso hemorrágico. Acervo ABORL-CCF TRATAMENTO Quando observamos um ponto sangrante único, em septo anterior, normalmente decorrente de alguma ectasia vascular, podemos proceder com a cauterização do vaso hemorrágico. Esta cauterização pode ser química, com a utilização de nitrato de prata ou ácido tricloroacético. É importante cauterizar ao redor do vaso inicialmente para diminuir o aporte sanguíneo e só então realizar a cauterização do vaso em si, para evitar que ele se rompa e piore o sangramento. Outro cuidado é evitar o excesso da substância cauterizante para que ela não escorra e provoque queimaduras no vestíbulo nasal ou nos lábios. Em casos de maior intensidade, pode ser realizada também cauterização elétrica. Pode ocorrer perfuração septal com a cauterização, principalmente em casos de múltiplas cauterizações ou cauterizações bilaterais. na narina, com tração, mas não excessiva para evitar necrose de asa nasal. Felizmente, a imensa maioria dos sangramentos não necessita de tamponamento posterior. EMBOLIZAÇÃO A embolização arterial está indicada quando houver falha no tratamento cirúrgico, ou quando a cirurgia está contraindicada, seja por problemas clínicos do paciente ou falta de instrumental/experiência para o acesso cirúrgico. Após a cateterização percutânea da artéria femoral sob anestesia local, chega-se à artéria maxilar e seus ramos, que podem ser obliterados com álcool polivinil, partículas de Gelfoam ou microesferas Dextran. As vantagens dessa técnica são a localização da região do sangramento, obliteração dos vasos distais e a não necessidade de anestesia geral, podendo ser repetido se necessário. Porém, este procedimento não é isento de riscos, que ocorrem em cerca de 17% dos casos. Os mais comuns são: hematoma femoral, lesão do nervo femoral, trismo, amaurose, paralisia facial, hemiplegia, necrose da pele e do tecido celular subcutâneo e acidente vascular cerebral. São limitações à embolização os sangramentos provenientes das artérias etmoidais (ramos da carótida interna não acessíveis) e pacientes com doença aterosclerótica em carótidas. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 21 Danilo Verpa/Folhapress ESPECIAL ABORL-CCF HISTÓRIA DA ORL A partir desta edição do Boletim ABORL-CCF, você vai viajar no tempo e conhecer (ou relembrar) fatos que marcaram a especialidade no Brasil e no mundo. Começamos com uma grande história contada pelo célebre Dr. Lídio Granato, sócio remido da Associação e um dos maiores nomes da ORL no país. Ele fala sobre os primórdios da especialidade em SP, a fundação das maiores faculdades de Medicina e os médicos que ajudaram a construir o que existe nos dias atuais. YAv. Dr. Arnaldo, na Zona Oeste, em SP. Por Lídio Granato A 22 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 ANO DE INAUGURAÇÃO DO PRIMEIRO HOSPITAL DE SÃO PAULO. Depois da descoberta do bacilo da tuberculose por Robert Koch, em 1882, e dos trabalhos de Pasteur, que trouxeram grande progresso para a microbiologia, a situação começou a mudar. Diferentes colônias foram montando seus hospitais, como o Humberto Primo, dos italianos, em 1878; o hospital da Sociedade Alemã, em 1897 (hoje Oswaldo Cruz); a Sociedade Síria (atual SírioLibanês); e os japoneses, com o Santa Cruz, entre outros. Em 1896, surge a Policlínica de São Paulo, que ficava na esquina da Rua Direita com a XV de Novembro. Ali trabalharam os primeiros otorrinos de que se tem notícia: o professor J.J. da Nova, que tinha formação europeia, e o Dr. Bueno de Miranda, que também atuava na Santa Casa de São Paulo, mesmo antes da instalação da Faculdade de Medicina e Cirurgia. A primeira realização de adenoidectomia no nosso meio é imputada ao primeiro, e ao segundo, a primeira hemilaringectomia, apesar da precariedade do material cirúrgico da época. Ainda na Policlínica de São Paulo, passados alguns anos após a sua fundação, trabalharam como assistentes o Dr. Antonio Paula Santos (1920) e o Dr. Hugo Ribeiro de Almeida. Este último chegou posteriormente a chefiar o serviço por dez anos. Estagiou na Clínica de Julius Lampert em Nova York e, de volta a São Paulo, difundiu a técnica da fenestração para tratamento da otosclerose. O grande impulso veio mesmo com a fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia, em 1912, atual Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Este era um antigo anseio dos médicos paulistas. Para o cargo de diretor da Escola recém-formada, foi nomeado o Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, homem dinâmico e de grande visão. Dr. Arnaldo PIONEIROS DA OTORRINOLARINGOLOGIA NA CIDADE DE SÃO PAULO té meados do século XIX, a cidade de São Paulo ainda continuava com muita carência de serviços médicos. Como não se conhecia as causas das doenças e não havia hospitais nem grandes possibilidades de cura, os ricos tratavam-se em casa. As instituições médicas auxiliavam pessoas fazendo caridade, acolhendo desabrigados, além de ser o lugar para o qual as pessoas iam para morrer. Outra função do hospital seria a de isolar pessoas com doenças contagiosas e doentes mentais, que poderiam trazer transtornos à vida da cidade. 1859 Em 1880, foi inaugurado o hospital de isolamento Emílio Ribas, colocado longe do aglomerado urbano, na estrada do Araçá, hoje Avenida Dr. Arnaldo. A chegada de muitos imigrantes e a industrialização, com novas atividades, exigiam o surgimento de centros para atender toda esta demanda. O primeiro hospital construído na cidade foi a Beneficência Portuguesa, em 1859, para atender parte da colônia que morava em São Paulo e imigrantes recém-chegados. A seguir, surgiram hospitais públicos, privados e filantrópicos. A AVENIDA, UMA DAS MAIS MOVIMENTADAS DE SP, É UMA HOMENAGEM AO FUNDADOR DA FMUSP. Logo no ano seguinte, em abril de 1913, iniciava-se o ensino médico com a primeira turma de alunos da Faculdade. Toda a parte clínica do curso se desenvolveu nas instalações da Santa Casa, enquanto aguardava-se a construção do Hospital das Clínicas, que só foi inaugurado em 1944. Para professores de Otorrinolaringologia, foram chamados o Dr. Henrique Lindenberg como titular e o Dr. Adolpho Schmidt Sarmento como assistente. Ambos haviam estudado em Berlim e em Viena com os grandes mestres da época, como Seiffert, Hajek, Von Eicken, Schüller e outros. Sarmento substituiu Lindenberg e foi o primeiro a fazer a amigdalectomia pelo método de Sluder-Ballenger. Lindenberg havia operado mais de 50 mastoidectomias no curto período em que dirigiu a Clínica. Ambos, titular e assistente, foram afetados pela mesma doença renal e faleceram relativamente cedo, em 1928 e 1939 respectivamente. O Dr. Mário Ottoni de Rezende substituiu de fato o Dr. Schmidt Sarmento, já que era interino há algum tempo pela saúde precária do titular, e deu um incentivo enorme à Clínica de Otorrino. Em 1939, passou a atender os pacientes no recém-inaugurado prédio dos Ambulatórios. Era um homem de formação sólida, tendo também estagiado em Berlim e em Viena. Publicou inúmeros trabalhos e livros e organizou as primeiras jornadas de otorrinos, em 1926 e 1936, com a presença de colegas dos países vizinhos. Estes encontros precederam o 1° Congresso Brasileiro de ORL, em 1938, no Rio de Janeiro. Foi também fundador e editor da primeira revista da especialidade, em 1933, inicialmente denominada “Revista Paulista de Otorrinolaringologia”, junto com seu concunhado, Dr. Homero Cordeiro. Posteriormente, quando da criação da Federação Brasileira das Sociedades de Otorrinolaringologia, a revista passou a se chamar “Revista Brasileira de Otorrinolaringologia”. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 23 O INÍCIO DAS ESPECIALIDADES Durante a sua gestão, teve o mérito de estimular seus assistentes a desenvolver áreas da Otorrinolaringologia que hoje constituem verdadeiras especialidades. O Dr. José Rebello Neto foi o primeiro cirurgião plástico de São Paulo e o Dr. Mário Graziani, dentista, trabalhou muito nas afecções odontogênicas envolvendo a região maxilar. Foi o precursor da cirurgia bucomaxilofacial. Ambos também fizeram especialização no exterior. O Dr. Plínio Mattos Barretto, que foi o pioneiro da endoscopia peroral, chegou ao Brasil em 1937, retornando da Escola de Chevalier Jackson, da Filadélfia, e pode ser considerado como o responsável pelo fato de a broncoesofagoscopia ter se tornado uma especialidade autônoma. Teve dois discípulos que trouxeram grandes contribuições à especialidade: Dr. Arruda Botelho, chefe do Serviço de Endoscopia da Escola Paulista de Medicina, e Dr. Jorge Barreto Prado, que durante anos foi o responsável por este setor na Santa Casa. Jorge Fairbanks Barbosa trabalhou com Mário Ottoni e, posteriormente convidado por Antonio Prudente, dirigiu-se para o Hospital do Câncer, onde fez uma carreira brilhante. Estagiou nos Estados Unidos e chegou a escrever e publicar livro no país. Ângelo Mazza teve sua formação básica na Santa Casa e depois foi contratado para trabalhar na Escola Paulista de Medicina, quando foi fundada, em 1933. Durante toda sua vida dedicou-se ao ensino de alunos e residentes da Escola. Foi o primeiro assistente do professor Paulo Mangabeira Albernaz, substituindo-o quando este se aposentou pela compulsória. Outros nomes que compunham a equipe de Mario Ottoni e que tiveram participação importante nos eventos da especialidade foram: Roberto Oliva, que seria o subchefe, com formação austríaca com os professores Neumann e Alexander, Francisco de Paula Hartung, Ernesto Moreira, Silvestre Passy, Silvio Ognibene, e outros mais. A Clínica atraía nessa época interessados de todos os Estados do Brasil em busca de conhecimentos da especialidade. Entre os mais jovens deste período, destaca-se o Dr. Rezende 24 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 Barbosa, de grande inteligência e com um importante trabalho na modernização da Clínica. Entusiasta da cirurgia otológica, foi um dos pioneiros na cirurgia do tratamento da otosclerose, mesmo que na época não contasse com microscópio de grande eficiência. Iniciou as técnicas para avaliação auditiva, tendo recebido prêmio por seu trabalho neste sentido. Substituiu seu tio e sogro, Mário Ottoni de Rezende, em 1953. Dr. Mauro Candido de Souza Dias substituiu o Dr. Rezende Barbosa em 1969. Bom cirurgião, trabalhou ao lado de Homero Cordeiro no Hospital Matarazzo e depois se transferiu para a Santa Casa na gestão de Mario Ottoni. Criou e ministrou aulas na Faculdade de Fonoaudiologia da PUC. Deixou a chefia em 1975, substituído por Otacílio Lopes, que remodelou toda a Clínica e continua atuando até o presente momento. Foi o introdutor da impedanciometria no Brasil. Devemos lembrar os nomes de colegas que trabalhavam no Hospital Humberto Primo, como Cincinato Leme Ferreira, formado na Suíça, e Homero Cordeiro, que estagiou em Berlim e Viena, retornando a São Paulo por volta de 1920 com importantes novidades do velho mundo. NOMES CÉLEBRES A Escola Paulista foi fundada em 1933 e ofereceu grandes nomes no início da especialidade, sendo o professor Paulo Mangabeira Albernaz um dos grandes pioneiros da Otorrinolaringologia. Baiano, trabalhando em Campinas, foi convidado a chefiar o Serviço de Otorrino da nova Escola. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz, formado em 1955, fez estágio em St. Louis com o Dr. Walsh. Pode ser considerado pioneiro pelos trabalhos realizados em orelha interna e principalmente por ter praticado o primeiro implante coclear no Brasil, em 1978. O curso de pós-graduação por ele chefiado na Escola Paulista de Medicina, no nível de mestrado e doutorado, conseguiu titular médicos de todo o Brasil. Pedro Luiz conseguiu formar um grupo de jovens que se sobressaiu em todos os setores da especialidade. Menção a Nelson Cruz, com boa formação médica, tendo frequentado vários serviços, desde a Escola Paulista até a Santa Casa, em 1949, durante seis meses. Frequentou também serviços do Prof. Georges Portmann, na França, em 1961. Em 1939, após a morte de Sarmento, que era o titular da cadeira, o cargo, por um acordo político, foi ocupado por Antonio de Paula Santos, que veio a constituir um novo grupo que, em 1944, passou a ocupar o novo prédio da Avenida Dr. Arnaldo, onde funciona atualmente a Faculdade de Medicina da USP. O grupo liderado por Mário Ottoni continuou na Santa Casa, como vinha atuando desde o início da fundação da Faculdade. O professor Paula Santos tinha como assistentes o Dr. Raphael da Nova, Dr. José Freire Mattos Barretto e Dr. Jayme Campos. Este último faleceu cedo e ocupou seu lugar o Dr. Plínio Mattos Barretto. Raphael da Nova, assim como o pai, J.J. da Nova, estudou na Europa e veio a se tornar chefe do serviço em 1956, com a aposentadoria de Antonio Paula Santos. Como assistentes, o grupo contava com Lamartine de Paiva, Elias Mansur, Antônio Prudente Corrêa (falecido em 1964 e substituído pelo livre docente Aroldo Miniti), Décio Mion, Moyses Cutin e Sílvio Marone, sendo que estes últimos vieram a chefiar outros serviços, como o do Hospital do Servidor Estadual e o de Sorocaba, respectivamente. Lamartine de Paiva, formado em 1947, substituiu o Prof. Raphael da Nova e, na sequência, foi sucedido por Aroldo Miniti, que conseguiu formar uma equipe bastante grande e com profissionais de alto nível. Divulgação - Unifesp - Yuri Bit Sintonia Comunicação ESPECIAL ABORL-CCF HONRARIAS Finalizando, vale a homenagem aos médicos pioneiros da Santa Casa de São Paulo, que este ano completa 100 anos da fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia, onde tudo se iniciou, e que serviu de berço para as demais Faculdades de São Paulo. Aqueles primeiros professores, com dificuldades de todo empreendimento inicial, souberam levar adiante um trabalho de alto nível, sempre acompanhando o progresso 2Escola Paulista de Medicina, em SP. da Otorrinolaringologia mundial e deixando uma base sólida para que as novas gerações continuassem aprimorando e elevando cada vez mais o conceito da nossa especialidade. Desde o início das atividades da especialidade, a Associação Paulista de Medicina teve um trabalho de muito valor na tentativa de união da classe e na busca de seu desenvolvimento técnico e científico. BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 25 POR DENTRO DA ABORL-CCF BJORL Brazilian Journal of Otorhinolaryngology: nossa consagrada revista científica oferece às empresas diversos tipos de espaços para divulgação por meio de anúncios. É sem dúvida a mais importante publicação científica da área de ORL no Brasil; BOLETIM ABORL-CCF (ANTIGO JORNAL DO OTORRINO/JORNAL CONHECENDO A ORL) ABORL-CCF A partir desta edição, você, associado, conhecerá um pouco mais sobre os trabalhos realizados por cada departamento da ABORL-CCF. Serão artigos escritos pelos responsáveis de cada setor, que terão espaço para falar sobre como é o trabalho, quais as metas, objetivos e o que está sendo realizado. Essa é uma forma de você conhecer melhor cada área interna da Associação e saber qual é aquela que pode te ajudar e esclarecer as dúvidas do dia a dia. Conheça a seguir o Departamento de Captação. DEPARTAMENTO DE CAPTAÇÃO ABORL-CCF Prezado(a) Associado(a), É com grande satisfação que inauguramos este espaço, idealizado pela atual gestão, para que os Associados ABORL-CCF possam conhecer melhor cada departamento e de que modo cada funcionário atua no seu dia a dia, a fim de contribuir para o crescimento da nossa Associação. Eu, Cláudia Cristina Varandas de Souza, sou a responsável pelo Departamento de Captação e, de um modo geral, minhas funções giram em torno do relacionamento com as empresas parceiras, com o intuito de obter recursos para a manutenção das atividades promovidas pela ABORL-CCF por meio da viabilização de espaços 26 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 para patrocínios. Vale ressaltar que, quando falamos em captação, isso não significa necessariamente que o nosso objetivo seja apenas promover lucros para a ABORL-CCF, mas sim obter recursos necessários para minimizar custos e oferecer atividades de qualidade, como merece nosso associado, além de oportunizar as atividades de marketing das empresas parceiras. Entre os espaços oferecidos pela ABORL-CCF, para que as empresas possam divulgar suas marcas e produtos, destacamos os seguintes: Veículo que traz matérias relevantes do setor de ORL, notícias, acontecimentos e agenda de eventos; também abre espaços para divulgação por meio de anúncios; EVENTOS ABORL-CCF Ao longo do ano são promovidos eventos específicos na área, NOVAS AÇÕES além do já tradicional Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, onde as empresas parceiras encontram diversas modalidades de patrocínio, conforme a estratégia de cada uma; EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA PRESENCIAL NA SEDE DA ABORL-CCF, ITINERANTES E INTERNET: O OTO WEB e o Congresso Online terão destaque em 2012 no que diz respeito à educação médica continuada via internet. Também são realizadas atividades como o curso de Polissonografia, o PPA – Projeto Próteses Auditivas –, Pro-Ar, além de outras novidades com temas bastante específicos. Em todas estas atividades, as empresas parceiras também terão a oportunidade de expor suas marcas. Recentemente inauguramos mais uma forma de parceria com a utilização do Auditório da ABORLCCF. Localizado em nossa sede, na cidade de São Paulo, este moderno e bem-equipado espaço comporta até 90 pessoas para a realização de eventos científicos, além de possuir área de exposição e confraternização. 90 PESSOAS É A CAPACIDADE DO AUDITÓRIO DA ABORL-CCF Para que as ações realizadas pela ABORL-CCF continuassem a ser mantidas com a mesma qualidade de sempre, a Diretoria que acabou de assumir a gestão 2012 iniciou precocemente, já em 2011, um ciclo de encontros com nossos principais parceiros comerciais, nos quais tivemos a oportunidade de apresentar em detalhes cada produto, proporcionando às empresas a oportunidade de direcionar, de forma clara e efetiva, suas estratégias de marketing. Foram reuniões personalizadas e produtivas nas quais pudemos notar um grande interesse, por parte das empresas, em levar ao associado programas de Educação Médica Continuada de qualidade, que enriquecem o dia a dia do médico, promovendo a atualização científica, um dos pontos primordiais da nova gestão. Estes encontros com nossos parceiros serão mantidos para que possa ficar bem clara a importância que cada empresa possui para a ABORL-CCF. Aproveito aqui para agradecer a cada empresa por todo apoio e parceria que nos tem concedido em tudo o que idealizamos e realizamos. Também faz parte das minhas atividades a coordenação do Cartão de Identidade ABORL-CCF, que é a identificação do associado, podendo ser utilizado tanto em atividades promovidas pela ABORLCCF, algo que facilita o ingresso nas secretarias de eventos, como também oferece benefícios e vantagens aos associados na aquisição de produtos e serviços. Para conhecer melhor este programa, você pode acessar: www.aborlccf.org.br/cartaodeidentidade Por fim, coloco-me à disposição dos associados que desejarem e tiverem interesse em obter outras informações a respeito das atividades do Departamento de Captação da ABORL-CCF. Muito obrigada! Claudia Cristina Varandas de Souza E-mail: [email protected] Tel.: (11) 5053.7503 BOLETIM ABORL-CCF JAN_FEV 2012 27