162 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759 A PRECIPITAÇÃO EM PONTA GROSSA – PR NO PERÍODO ENTRE 2010 E 2014 BATISTA, Cassiane Gabriele; CRUZ, Gilson Campos Ferreira da1 RIBEIRO, Jéssica Camila Garcia; INTRODUÇÃO O Clima de uma região é resultado das interações que ocorrem entre fatores climáticos e elementos climáticos, no entanto é preciso considerar também as ações do homem, que em diferentes escalas tem provocado variações e alterações no clima, particularmente no clima local. As precipitações constituem um dos elementos climáticos que tem um papel fundamental para a compreensão do clima de uma região, sendo que este é resultado dos sistemas atmosféricos, que atuam numa determinada área, além dos fatores climáticos regionais e locais. Para Ponta Grossa existe uma série de dados produzidos a partir de uma estação meteorológica do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, que existiu em Vila Velha e que produziu dados de 1954 até 2001. A partir desta data os dados de Ponta Grossa passaram a ser coletados em uma estação meteorológica automática instalada a norte da área urbana da cidade, próximo a PR- 151, entre Ponta Grossa e Carambei. Neste resumo vamos apresentar os resultados parciais de uma pesquisa que está sendo feita, a partir da análise dos dados pluviométricos do período compreendido entre 2010 a 2014. Observando de forma qualitativa e analisando o tempo nas diferentes estações do ano, percebe-se a variação de precipitação em diferentes pontos do município, decorrentes de características locais e dos sistemas atmosféricos em mesoescala que interferem direta e indiretamente na intensidade e nos totais pluviométricos. Os dados de precipitação da estação meteorológica instalada no município de Ponta Grossa – PR, foram obtidos junto ao Sistema Meteorológico do Paraná SIMEPAR, sendo que se trata de dados diários de precipitação para o período entre 2010 e 2014. De posse dos dados da estação meteorológica do Sistema Meteorológico do Paraná - SIMEPAR, localizada nas coordenadas 25º13’ S e 50º01’ w, em uma altitude de 880 metros, foi dado inicio a sistematização e tratamento dos mesmos. Os resultados, apesar de se tratar de dados de um intervalo curto de tempo, permitiram fazer algumas considerações, principalmente, em função de que foram observados variações nos totais de precipitação anual. ÁREA DE ESTUDO O município de Ponta Grossa, segundo Jurandyr Ross, situa-se no Segundo Planalto Paranaense, na depressão periférica da borda leste da bacia do Paraná, cujo limite a leste se dá pela Escarpa Devoniana. 1 Orientador XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares” 163 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759 Em Ponta Grossa, normalmente a média anual de precipitação é entre 1.400 a 1.600 mm/ano, caracterizada pelo clima Cfb, na classificação de Köppen (CRUZ, 2009). De acordo com Maack (2012) Ponta Grossa está situada em campo aberto de gramíneas baixas nos Campos Gerais do segundo planalto, estende-se de ambos os lados de uma depressão, atingindo os pontos mais altos das elevações circundantes. OBJETIVOS Analisar a precipitação pluviométrica em Ponta Grossa com base nos dados da estação meteorológica do SIMEPAR para o período de 2010 a 2014. METODOLOGIA Obtenção dos dados pluviométricos junto ao SIMEPAR. Sistematização e tratamentos estatísticos dos dados. Identificação das variações nas médias pluviométricas dos anos estudados. Obtenção de imagens de satélite do INPE/CPTEC. Relacionar as imagens de satélite de dias com precipitação e fotografias de superfície realizadas em Ponta Grossa. SISTEMAS ATMOSFÉRICOS, PRECIPITAÇÕES Na ciência da atmosfera, segundo Ayoade (1983) existe uma distinção entre tempo e clima, e entre meteorologia e climatologia. Por tempo entende-se o estado médio da atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado lugar. Já clima refere-se às características da atmosfera, concluídas de observações contínuas durante um longo período. Deve-se levar em consideração as condições atmosféricas de macro escala, como o avanço de frentes frias, Sistema Convectivo de Mesoescala- SCM e Ccomplexo Convectivo de Mesoescala - CCM. Essas condições influenciam na precipitação no município de Ponta Grossa, uma vez que se formam no Paraguai e Argentina, e avançam sobre o Paraná. Segundo Cavalcanti (et. al. 2009) o Complexo Convectivo de Mesoescala são tempestades associadas a eventos de precipitação intensa e formação de trovoadas individuais, fortes rajadas de vento e até tornados. CCM ocorre em latitudes médias, principalmente nas estações de primavera e verão. Entretanto pode estar associado à Zona de Convergência Intertropical - ZCIT. O tempo médio de duração de uma CCM é de 20 horas. Quando não se configura dessa maneira, o sistema é denominado SCM (Sistema Convectivo de Mesoescala). Há também na atmosfera a formação de frentes fria, onde de acordo com Mendonça (2006) um sistema frontal se forma pelo encontro de uma massa de quente com uma massa de ar fria, as quais são de diferentes origens, conservando suas características e são classificadas em frente quente, frente fria, estacionária e oclusa. Uma frente fria desloca o ar quente presente na superfície, que sofre ascensão e origina nuvens de desenvolvimento vertical (cumulus congestus e cumulonimbus), ocasionando precipitação. Antes da aproximação, a frente fria é identificada pela baixa pressão na atmosfera, com aumento de temperatura e intensificação nas rajadas de vento (MENDONÇA, 2006). XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares” 164 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759 Mendonça (2006) comenta que as frentes frias afetam o tempo sobre a América do Sul e se deslocam “inclinadas” de sudoeste para nordeste sobre o continente e o Oceano Atlântico, ao longo do ano. No verão, juntamente com a umidade oriunda da Amazônia, produz convecção mais forte sobre o continente, causando excessiva precipitação, com inundações, deslizamento de terras, além de granizo e rajadas de vento forte. Apesar de ocorrer durante o ano, é frequente de junho a setembro. Em meteorologia o termo precipitação é usado para referenciar o retorno da água à superfície terrestre na forma sólida ou líquida, como a chuva, neve, granizo, orvalho, etc. Porém a precipitação de chuva e neve contribuem signicativamente para o acumulado pluviométrico (AYOADE, 1996). Segundo Anunciação (1973), precipitação se dá quando uma nuvem não pode mais conter o excesso de umidade condensada, os elementos caem a partir da ação da gravidade. A quantidade de precipitação é feita pelo instrumento chamado “pluviômetro”, medindo a altura da água acumulada numa superfície horizontal, num determinado período de tempo. De acordo com Goody (1975) precipitação é o processo pelo qual a água condensada na atmosfera atinge gravitacionalmente a superfície terrestre. A precipitação se origina pelas nuvens formadas pelo resfriamento por expansão adiabática de massas de ar que se elevam na atmosfera. Com relação às nuvens, são formadas pela condensação das gotículas de água em suspensão e também pelo movimento vertical do ar úmido (convectivo) associada à frentes e depressões, resfriando-se adiabaticamente, alcançando o ponto de saturação e consequentemente atinja a temperatura do ponto de orvalho, iniciando a condensação. São classificadas em: nuvens cirriformes, nuvens estratiformes e nuvens cumuliformes. (VAREJÃO, 2006) Varejão (2006) ainda comenta que entre as nuvens que causam precipitação, pode-se abordar a cumulus congestus ou TCU, associada a chuva isolada; cumulonimbus, caracterizada por chuvas intensas e de pouca duração, acompanhadas de raios e trovoadas; nimbostratus, com chuva contínua e fraca, característica de uma frente fria. A nuvem cumulus congestus é gerada pelo processo convectivo, quando evoluem mais passam a ser cumulonimbus, que pode ser intensa, trazendo chuvas pesadas com granizo, descargas elétricas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Em geral as precipitações em Ponta Grossa se concentram no verão, no entanto iniciam-se em outubro, na primavera e se estendem até março, começo do outono. Tomando-se por base dos dados fornecidos pelo SIMEPAR, observa-se uma variação nos totais anuais de precipitação para os 5 anos do período analisado, como pode ser visto no Gráfico 1 produzido no software Microsoft Excel 2010, após sistematização dos dados. XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares” 165 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759 Gráfico 1 – Comportamento da precipitação anual em Ponta Grossa entre 2010 e 2014 Fonte: SIMEPAR Org.: BATISTA, C. G. Para os anos estudados, foram feitos registros fotográficos de chuvas em determinados dias, nas diferentes estações do ano, de forma aleatória e comparadas com imagens de satélite METEOSAT, canal 9, infravermelho, para o mesmo dia e horário. As imagens METEOSAT permitem obter a temperatura da superfície e dos topos de nuvens, que são retratadas em preto, branco e tons de cinza. A refletância da nuvem se dá pela temperatura, a exemplo de imagens que apresentam cor branca, são de nuvens com topos mais frios (200K). As nuvens mais baixas aparecem acinzentadas e as superfícies, que estão mais quentes, apresentam cor próxima do preto. (FERREIRA, 2006) No registro fotográfico (Figura 1) e na imagem de satélite (Figura 2), percebe-se uma banda de nuvem associada a uma frente fria avançou pelo continente trazendo chuva para o município com acúmulo de 11,2 milímetros. Figura 1 – Foto tirada do dia 09/09/2011 às 18:16 Fonte: Acervo de BATISTA, C.G. Figura 2 - Imagem de satélite meteosat às 21:15 GMT Fonte: INPE/CPTEC Na Figura 3, registrada no dia 23 de março de 2010, a precipitação foi de 18,4 mm e na Figura 4, registrada no dia 03 de dezembro de 2010 teve precipitação de 14,4 mm, em ambas percebe-se um Complexo Convectivo de Mesoescala - CCM que se formou no Paraguai e avançou para leste em direção ao Paraná. A forma característica de um CCM é circular e se formam durante a tarde, intensificando de madrugada. XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares” 166 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759 Figura 3 - CCM no dia 23/03/2010 Fonte: INPE/CPTEC Figura 4 - CCM no dia 03/12/2010 Fonte: INPE/CPTEC Já na Figura 5 pode-se observar uma nuvem cumulonimbus capitalus e a Figura 6 retrata um horário próximo e observa-se formação de nuvens já em dissipação, durante a primavera no hemisfério sul, as quais causam precipitação isolada, com acúmulo de 6,4 milímetros. Figura 5 – Foto tirada em 10/11/12 às 19:21 Fonte: Acervo de BATISTA,C. G. Figura 6 - Imagem de satélite METEOSAT às 21:30 GMT CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos dados de precipitação diária, fornecidos pelo SIMEPAR, constatouse que em Ponta Grossa o ano que teve maior precipitação foi o ano de 2011, apresentando um total de 1503 milímetros, sendo que este ano teve influência do fenômeno La Niña. Em 2011, o mês que teve o maior acúmulo pluviométrico foi o agosto com 315,2 milímetros, sendo que houve uma frente estacionária no começo do mês. Já o ano de 2012 apresentou um menor volume pluviométrico, com 1189,2 milímetros de chuva. Os outros anos e respectivos meses apresentaram as condições normais de cada estação do ano e suas carcterísticas. A relação entre o momento de algumas precipitaçõs e o sistema atmosférico que atuava ao mesmo, feite com auxilio de fotos e imagens de satélite, serviu para confirmar que é possível utilizar os dois recursos para este fim, apesar de não permitir uma analise conclusiva. REFERÊNCIAS ANUNCIAÇÃO, P.E.M. Introdução à meteorologia.1ª ed, Curitiba, 1973. XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares” 167 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759 FERREIRA, A.G. Meteorologia Prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2006 GOODY, R.M. Walker, J.C.G. Atmosferas Planetárias. Tradução de Antonio Christofoletti. São Paulo: Edgard Blücher, 1975. MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. UEPG, 4 ed. Ponta Grossa: 2012. MENDONÇA, F. Danni-Oliveira, I.M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. Oficina de Textos, 1º reimpressão. São Paulo, 2007. XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares”