gratuitas na internet

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Amigo vet | por Benedito Fortes de Arruda
Perigos das “consultas”
gratuitas na internet
iStock/© Rasulovs
Atenção: tratar seu animal com base em dicas de saúde encontradas
na rede pode ser prejudicial. A consulta presencial é indispensável para
acertar no tratamento antes que a doença se alastre
INTERNET: CUIDADO
PARA NÃO CONFUNDIR
ORIENTAÇÕES GERAIS
COM DIAGNÓSTICO
PERSONALIZADO
G
raças à internet, a informação está ao alcance
de todos com apenas
um clique. Essa conveniência tecnológica certamente
traz muita facilidade ao dia-a-dia,
mas também representa um perigo
quando se trata da saúde de humanos e animais. No momento em
que um animal de estimação adoece,
procurar diagnósticos e tratamentos
na rede pode parecer uma solução
rápida, mas cautela é necessária,
pois as consequências de seguir as
orientações do “consultório virtual”
serão bastante reais.
A tentação por uma solução
simples e imediata é grande. Basta descrever os sinais manifestados
pelo animal, e uma simples busca
na internet rapidamente resultará em
centenas de diagnósticos de fontes
duvidosas. Alguns sites alegam ter
a solução baseada em casos supostamente reais, outros chegam a indicar terapias naturais, medicamentos
veterinários e até mesmo remédios
destinados ao uso humano. Como
saber quais opiniões são as corretas?
Certamente, não vale a pena testar
para descobrir.
Cada um é cada um
Cada organismo é diferente.
Apenas um profissional qualificado
é capaz de avaliar as condições particulares do paciente e determinar
qual é o melhor caminho para a reabilitação. Determinadas raças, por
exemplo, não podem usar produtos
que são normalmente recomendados
para outros animais da mesma espé-
iStock/© Andrey_Kuzmin
cie. Há também uma série de fatores
que interferem na prescrição e no
efeito de um medicamento, como
o histórico do paciente, o ambiente em que ele está inserido e várias
condições de saúde que só podem
ser determinadas com exame clínico
detalhado.
EXAME CLÍNICO:
PROCEDIMENTO
OBRIGATÓRIO ANTES DE
DEFINIR UM TRATAMENTO
Dica é só dica
Não são raros os sites que se dedicam exclusivamente a oferecer dicas de saúde e bem-estar para cães e
gatos. Com o crescimento da população pet, é natural que mais pessoas
se interessem pelo tema e busquem
se informar sobre como lidar da melhor forma com seus companheiros
de quatro patas.
Há, no entanto, uma linha bastante clara que deve ser traçada no
que diz respeito às recomendações
feitas na internet ou em qualquer outro meio: elas não podem consistir
em qualquer tipo de diagnóstico ou
prescrição de tratamento.
Examinar é básico
Se o site procura definir a condição de saúde de um animal baseado
em uma lista de sinais generalizados,
ou, ainda, sugere formas de tratá-lo
sem um exame veterinário adequado, é hora de o proprietário desconfiar das informações disponibilizadas. A norma vale, inclusive, para
as dicas vindas dos profissionais.
De acordo com o Código de Ética
do Médico-Veterinário, é vedado receitar sem prévio exame clínico do
paciente, como é o caso dos sites que
oferecem consultas virtuais.
Também se deve ficar atento
para a confiabilidade de vídeos, podcasts e outros meios que podem ser
usados para divulgar informações
que pertencem ao consultório. Esses
casos estão previstos na Resolução
CFMV nº 780, que estabelece critérios para a publicidade no âmbito da
Medicina Veterinária, e que proíbe
consultas, diagnóstico ou prescrição
de tratamentos por meio de veículos
de comunicação de massa.
Como agir
Quando o seu animal de estimação dá sinais de que não está saudável, a melhor informação a ser
procurada na internet é o contato de
um médico-veterinário. Tentar traçar
por conta própria o diagnóstico ou
tratamento é uma escolha que pode
agravar ainda mais o estado de saúde do animal. O grande perigo dessa
prática está certamente no uso de remédios e outros produtos adquiridos
e empregados sem a orientação de
um médico-veterinário.
A utilização “extra bula” de medicamentos infelizmente é uma prática bastante comum, e igualmente
perigosa. O animal que é tratado
com produtos sem prescrição pode
não apenas continuar doente como
também está sujeito a sofrer com reações alérgicas, intoxicação por alta
dosagem e uma série de efeitos colaterais que podem agravar o quadro
de saúde do paciente.
Nutrição
A mesma recomendação vale
para a nutrição do animal. Assim
como uma pessoa que sofre problemas cardíacos procura um médico
para adaptar a dieta à sua condição,
rações com características nutricionais especiais devem ser administradas somente sob a recomendação
de um profissional. Substituições na
dieta estão sujeitas a exames que
vão indicar o que é melhor para cada
animal, e se determinada mudança é
realmente a melhor escolha.
Antiparasitários
O alerta se estende, inclusive, a
produtos dermatológicos, vermífugos e produtos antipulgas – todos esses itens podem representar perigos
para o animal se não forem usados
corretamente. O que funciona para o
cãozinho da internet pode não ser a
melhor escolha para o seu.
Dica geral
Para o proprietário de animal,
vale uma orientação simples: se no
rótulo estiverem as palavras “uso
veterinário”, consulte sempre um
médico-veterinário.
Benedito Fortes de Arruda é o presidente do
Conselho Federal de Medicina Veterinária
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