Revista Eletrônica Aboré - Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo - Manaus Edição 03/2007 ISSN 1980-6930 Unidades de Conservação - caracterização e relevância social, econômica e ambiental: um estudo acerca do Parque Estadual Sumaúma. Norma Pignataro Emerenciano Bueno1 Karla Cristina Campos Ribeiro2 RESUMO As Unidades de Conservação exercem uma função ambiental de grande importância, quanto ao uso sustentável dos recursos, o que pode resultar em uma melhor qualidade de vida. Esta pesquisa tem como propósito discutir a importância das Unidades de Conservação e como estas podem influenciar e serem influenciadas pelas populações de entorno. Utilizou-se como objeto de estudo o Parque Estadual Sumaúma, um dos mais belos fragmentos verdes encravados na zona urbana da cidade de Manaus. Contudo, apesar do grande valor como patrimônio natural brasileiro, podendo ser utilizado para a promoção da educação ambiental, recreação, pesquisas científicas e turismo ecológico, a presença de inúmeras moradias situadas nas áreas de encostas nos limite do Parque, colaboram de alguma forma para modificações da sua paisagem e exercem pressão demográfica sobre os recursos naturais. Tornar uma Unidade de Conservação, como o Parque em questão, em um espaço público de socialização, aprendizado e lazer, representa um grande desafio e envolve reflexões sobre a ação humana quanto aos mecanismos de avaliação em relação às transformações ambientais e manutenção da diversidade biológica por meio de novos caminhos para um diálogo de saberes e de conhecimentos mútuos. Palavras-chave: Parque, zona urbana, encostas, turismo, Manaus. ABSTRACT CONSERVATION UNITIES: CHARACTERIZATION AND SOCIAL, ECONOMIC AND ENVIRONMENTAL RELEVANCY: AN STUDY TO THE STATE PARK SUMAÚMA The Conservation Unities performing a function of great importance, on the sustainable use of resources, which can result in a better quality of life. This research aim to discuss the importance of Conservation Units and how these can influence and be influenced by the surrounding populations. It is used as an object of study the State Park Sumaúma, one of the most beautiful green fragments locked in the village of the city of Manaus. However, despite the great value as Brazilian natural heritage, and can be used for the promotion of 1 Tecnóloga em Aquacultura e pós-graduanda em Aquacultura, Educação Ambiental e Turismo e Desenvolvimento Local pela Universidade Estadual do Amazonas - UEA. E - mail: [email protected]. 2 Bacharel em Turismo, Mestre em Engenharia de Produção e Coordenadora de Qualidade da Escola Superior de Artes e Turismo UEA. E-mail: [email protected]. environmental education, recreation, scientific research and ecological tourism, the presence of many homes located in areas of hillsides in the ceiling of the Park, cooperate in any way for changes its landscape and demographic exert pressure on natural resources. Making a unit of Conservation, as the Park in question, in a public space for socializing, learning and leisure, is a great challenge and involves thinking about human action on the evaluation mechanisms for environmental changes and maintenance of biological diversity by half of new ground for a dialogue of mutual knowledge. Key-words: Park, urban zone, slopes, tourism, Manaus. INTRODUÇÃO Os impactos ambientais vêm crescendo de forma significativa. Os desastres naturais sempre ocorreram, contudo o crescimento demográfico em grande escala decorrente da ocupação pelo efeito migratório populacional desorganizado originado por promessas em demasia em busca de melhores condições de vida, moradia, saúde e emprego, têm agravado de forma gigantesca estes impactos, com elevados custos social, econômico e ambiental. O número de pessoas que moram em áreas de risco é bastante alto. A degradação do meio ambiente, associada às invasões freqüentes, torna-se cada dia mais assustadora. Os jornais noticiam com frequência conflitos em áreas supostamente abandonadas e lideradas por grupos de movimentos organizados, os quais tomam posse destas terras, montando abrigos, como uma forma de moradia, tendo como resultado, a derrubada indiscriminada de árvores e vegetações nativas, deixando o solo totalmente exposto, suscetível ao assoreamento, aumento de temperatura, deslizamentos e desabamentos das moradias localizadas nas encostas, potencializando cada vez mais os problemas sociais e ambientais. Os Parques Estaduais localizados nas zonas urbanas das cidades representam um constante despertar em relação ao homem e ao ambiente, onde o processo de desenvolvimento urbano é bastante acelerado e que paralelamente, desempenham um papel educacional e interpretativo muito importante, onde a principal motivação do visitante é a observação, a apreciação da natureza e a troca de saberes onde o reconhecimento e importância dos valores das comunidades locais podem propiciar o desenvolvimento do ecoturismo legítimo e o respeito à natureza. Esse comportamento ecológico demonstra o quanto a participação de uma sociedade pode contribuir para a sensibilização de cada cidadão em relação ao meio ambiente. Esta pesquisa, realizada no Parque Estadual Sumaúma, área destinada à proteção integral de grande relevância ecológica, onde não é permitida interferência humana, alerta quanto à necessidade de programas educacionais voltados para as comunidades residentes no entorno do Parque. Este Parque foi definido a partir de estudos botânicos e faunísticos como um importante fragmento florestal urbano, atendendo a necessidade de criação de Unidades de Conservação no Estado do Amazonas e principalmente sendo resultante da ação de moradores do entorno do Parque, todos com um único objetivo, o de preservar uma das poucas áreas verdes na zona urbana da cidade de Manaus. A partir deste enfoque, o presente trabalho buscou visualizar e investigar o espaço físico do Parque, quanto ao seu uso e ocupação em relação aos moradores do entorno, levando em conta os recursos da flora, da fauna e hídricos, uma vez que o Parque abriga duas nascentes de inestimável importância para a cidade. Portanto, objetivou-se avaliar as percepções da comunidade moradora do entorno do Parque, em relação à preservação da área e seus benefícios, por meio de observação investigativa com o olhar de uma comunidade que aqui vive e anseia por melhores condições de vida. O que vem a considerar a importância e a valorização do Parque em relação à sua preservação, como fonte de lazer, entretenimento, pesquisa e ações educativas, turismo ecológico, de modo a concretizar de maneira equilibrada os fins para os quais o Parque foi instituído. O levantamento dos dados para o estudo foi feito a partir de uma pesquisa de campo ao local com base em observações e relatos de alguns moradores do entorno do Parque, bem como registros fotográficos e fontes bibliográficas em geral, como livros e documentos sobre o Parque. Estas informações puderam contribuir para evidenciar a importância do planejamento e da gestão ambiental, com o intuito de assegurar que os Parques desempenhem sua plena função social, de forma a contribuir para o desenvolvimento e o aprimoramento de políticas públicas, que visam ampliar o conhecimento científico e o potencial turístico do Estado. 1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS PROCESSOS DE OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (2007) o Estado do Amazonas, conta com 38 Unidades de Conservação Federais e 34 estaduais, totalizando 38,3 milhões de hectares de áreas protegidas. As Unidades de Conservação são enquadradas em dois grupos: Unidades de Proteção Integral, e Unidades de Conservação de Uso Sustentável, apresentando níveis de proteção diferenciados. Encontram-se representadas no primeiro grupo, as Reservas Biológicas (REBIO), os Parques Estaduais (PAREST) e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). No segundo grupo encontram-se as Reservas Extrativistas (RESEX), as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), as Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), as Florestas Estaduais e as Áreas de Proteção Ambiental (APA). A ampliação em favor das áreas protegidas tem sido um grande desafio, pois é fundamental para o país, e principalmente para o Amazonas, conhecer e proteger racionalmente os seus recursos naturais, favorecendo sobremaneira o bem estar coletivo das populações onde estes espaços estão inseridos. Amparada no SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), a criação da lei do SEUC (Sistema Estadual de Unidades de Conservação), representou, portanto, um papel importante dentro da política nacional de áreas protegidas do país e para o Amazonas. Os Parques Estaduais, embora sejam Unidades de Proteção Integral, são as áreas abertas à ação humana, contemplando atividades voltadas para educação ambiental, pesquisa científica, turismo ecológico e divulgação. Os Parques Estaduais localizados nas zonas urbanas das cidades representam um constante despertar, onde o processo de desenvolvimento é bastante acelerado o que pode ocasionar a instalação e ocupação ilegal de terras, tendo como conseqüência o desmatamento em demasia. Estima-se que toda cidade deva possuir parques urbanos , numa relação de cinco hectares para cada 40.000 habitantes (Secretaria Municipal de Meio Ambiente SEDEMA, 1999). Portanto, Manaus com uma população atual estimada em torno de um milhão e oitocentos mil habitantes, deveria possuir o equivalente a seis Parques do Mindu3, para só assim atender as necessidades de lazer e cultura, associados à preservação ambiental. Cavalcante (2001, p.101) ressalta a importância da gestão de uma unidade de conservação, onde deve haver um grande equilíbrio entre a população de entorno e a unidade de conservação. A gestão desses espaços e seu desempenho dependem da implementação de ações, através de uma relação entre a população do entorno e a própria Unidade de Conservação. A manutenção harmoniosa entre o homem e a natureza, poderá ocorrer através de estratégias adequadas que considerem a crescente expansão populacional. Fearnside (2003, p.2) se refere ao contínuo desmatamento e destruição, que provoca um desequilíbrio ambiental. Cabe ao homem conservar/preservar ou destruir ecossistemas, pois estes devem ser guardiões destes recursos para gerações futuras. O período compreendido entre as décadas de 1970 e 2000, foi marcado por um crescimento desordenado gerado pela implantação da Zona Franca de Manaus, onde grandes números de famílias oriundas do interior do Estado e de outras partes do Brasil vieram em busca de emprego e melhores condições de vida. Assim, os impactos ambientais gerados com a invasão de áreas protegidas, resultaram em nascentes dizimadas, derrubada de imensas áreas verdes e precárias moradias instaladas nas margens e leitos dos igarapés que cortam a cidade de Manaus, expostas às intempéries como vento, chuvas, sujeitas a sofrerem conseqüências desastrosas (BORGES, 2006, p.51). A criação de áreas naturais protegidas pode ser uma das formas de coibir este avanço populacional desenfreado. Conforme Benatti (1998, p. 47) a existência destas áreas contribui para a preservação dos recursos naturais, pois incentiva um uso adequado desses espaços. Contudo é fundamental a participação popular no processo de criação de uma Unidade de Conservação, ou seja, a decisão da criação de uma nova unidade de conservação deve ser uma decisão coletiva, precedida de debates e esclarecimentos sobre a importância da área a ser preservada. Kinker (2002, p. 36) ressalta os benefícios trazidos pela presença natural e participativa dos Parques para a sociedade, pois além da conservação da biodiversidade, a 3 Parque municipal localizado na zona centro-sul de Manaus, atualmente com área de 44 hectares. recreação, turismo, educação ambiental e pesquisas, são fundamentais para a proteção de valores culturais, históricos e existenciais para a população. Vargas (2003, p.122) enfatiza a possibilidade de utilização dos parques como instrumento para a aprendizagem ambiental, como um saber pedagógico, prático, pois a partir dele são desenvolvidas estratégias e ações, o que requer a reflexão entre conhecimento, autoridade e poder. Para Leff (2003, p.16), a educação ambiental ocupa cada vez mais os espaços de reflexão e de atuação, com o intuito de conhecer e compreender as mudanças globais de nosso tempo. A educação ambiental gera reflexões sobre as práticas educativas e com isso abre novos caminhos para um diálogo de saberes e de aprendizagem no campo social. Entretanto, é condição sine qua non para que os Parques propiciem uma relação de entrosamento entre o homem-natureza, favorecendo o entendimento sobre os benefícios gerados pelas áreas naturais preservadas para a humanidade, que existam recursos técnicos e financeiros para a manutenção dessas áreas. Do contrário, estes espaços existem apenas no papel e não cumprem as funções para as quais foram criados. 2. PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA O Parque Estadual Sumaúma, primeira Unidade de Conservação Estadual da cidade de Manaus, Amazonas, localizado no Bairro Cidade Nova, zona norte, foi criado pelo Governo do Estado do Amazonas, através do Decreto n. 23.721 de 5 de setembro de 2003 (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas - IPAAM, 2005, p.2) (Foto 1). A mobilização dos moradores do bairro da Cidade Nova, numa tentativa de proteger uma das áreas verdes urbana na cidade de Manaus, foi decisiva para a criação do Parque. Foto 1 Parque Estadual Sumaúma, 2007. Situado em terra firme, possui uma área de 51 hectares conservando em seu ambiente mais de 70% de cobertura vegetal, com incidência de espécies pioneiras como lacre, apui, embaúbas, murici etc. A área do Parque apresenta-se bastante íngrime, principalmente no setor norte, provavelmente resultante de movimentações de terra para a construção dos núcleos habitacionais do entorno (GORDO, 2006, p. 5). Foto Norma Foto 2 Vista parcial do Parque Estadual Inserido na micro-bacia do Mindu, contribui para a dinâmica hidrológica com a presença de duas nascentes em sua área interna, que em junção formam o igarapé Goiabinha. Como infra-estrutura, o Parque conta com o Centro de Visitantes (Fotos 3a e 3b), o qual serve como prédio administrativo e área para atividades de educação ambiental e reuniões comunitárias. a b Fotos Norma Bueno Fotos 3a e 3b Prédio administrativo/Centro de visitantes Nesta área central, o solo encontra-se bem exposto, com baixa fertilidade e pouca ou nenhuma vegetação. Com a variação topográfica, há a ocorrência de material carreado de outras partes da unidade para as partes mais baixas e na direção do igarapé. Com a emergência de uma consciência ambiental direcionada para a preservação deste Parque, a questão de conflito continua sendo a razão central que envolve um grande numero de comunitários, em defesa do Parque. Devido à mobilização da população local e sua repercussão frente aos órgãos responsáveis, políticos se posicionaram favoráveis a sua existência. O Parque Estadual Sumaúma, de acordo com o art. 29 da Lei n 9.985 do Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC, possui um Conselho Consultivo presidido pelo órgão responsável por sua administração e formado por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população do entorno (AMAZONAS, 2007, p. 10). O Parque, detentor de um extraordinário ecossistema natural, está localizado dentro de um complexo urbanístico na zona urbana da cidade de Manaus/AM. Entre outras propriedades, o Parque tem a função de regulador da temperatura e purificador do ar, além de servir como área de lazer, educação ambiental, pesquisa científica, observação da natureza e turismo ecológico. A presença de mamíferos no local é bastante relevante, tendo em destaque o sauim-de-Manaus4, que ocorre unicamente na região de Manaus. Por apresentar uma paisagem bastante diferenciada, a imagem do Parque torna-se uma característica evidente quanto à riqueza e diversidade de espécies animais e vegetais encontradas e que podem auxiliar as atividades de pesquisas da região. Isto também poderia incentivar o uso recreativo do Parque, caso houvesse investimentos infra-estruturais que permitissem estas atividades. Outra forma de uso interessante para o Parque seria o ecoturismo, que favoreceria investimentos para a região, respeitando e resgatando as suas belezas geográficas naturais, como forma de garantir a qualidade ambiental para as comunidades de entorno do Parque, através de programas sociais, no sentido de preservar e de contribuir para que a região se desenvolva dentro de um ritmo sustentável. RESULTADOS DA PESQUISA Para cumprir sua função social e ambiental, uma Unidade de Conservação, como o Parque Sumaúma, precisa necessariamente de recursos e investimentos financeiros e técnicos. A participação popular e o seu engajamento para a manutenção do Parque são indispensáveis, sob pena de esta área existir apenas no papel. Embora tenha tido um amplo apelo popular para sua instalação, pelas populações de entorno, percebeu-se que estas mesmas pessoas não desenvolveram ainda um sentimento de pertencimento ao local, o que resulta no abandono deste espaço. No local, devido a influencia antrópica, a degradação ambiental é visível. Em decorrência da falta de planejamento efetivo, esta área vem sofrendo sérios impactos ambientais: obras em forma de moradias, ou para outros fins, estão sendo instaladas nas encostas próximas a zona de amortecimento do Parque (Fotos 4a e 4b). 4 Saguinus bicolor, espécie ameaçada de extinção. a b Fotos Norma Bueno Fotos 4a e 4b Ocupações desordenadas dentro dos limites do Parque. Há escoamento de águas continuamente que favorece a erosão do solo e contribui para a gravidade do processo geomorfológico, onde se dá um desgaste do terreno sob a ação direta da água e do sol. Tais ações demonstram que a harmonia paisagística do entorno do Parque, vem sendo alterada pela ação do homem já há algum tempo e evidenciam o quanto é necessário um planejamento urbano. Muito embora ocorram denúncias por parte dos moradores do entorno do Parque, sempre há ocorrência de invasores ou grileiros que procuram tirar proveito dos benefícios que esta área verde oferece, principalmente por sua estratégica localização. Portanto, é necessário à tomada de decisão por parte do poder público em defesa deste patrimônio natural. A manutenção do entorno do Parque Estadual Sumaúma, é de extrema relevância, pois impede que o local sofra fortes pressões de ocupação territorial. Os fortes vestígios de degradação significativa, principalmente dos vários recursos naturais, como a contaminação do solo e do corpo hídrico por poluentes variados, já são bastante evidentes, visto que o lixo despejado no seu entorno, necessita de ações emergenciais, principalmente quanto à falta de sensibilização por falta de um trabalho voltado para a educação ambiental. Internamente o Parque necessita de melhorias e implementação de infra-estruturas que permitam o acesso da população. A visitação ao local só pode ser realizada mediante autorização do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas IPAAM. Por estas razões as visitas ao Parque são praticamente inexistentes. O que compromete o interesse e o zelo por parte dos moradores de entorno pelo Parque, ficando a área sujeita a ações de vândalos e marginais. Quando questionados sobre como viam o Parque os moradores praticamente desconheciam que ali é uma Unidade de Conservação, inclusive desconhecendo o conceito destas áreas e suas funções. O que ficou patente é que para eles se trata apenas de uma grande área verde sem um fim específico. Portanto a socialização do Parque não se efetiva, e menos ainda os benefícios que este poderia trazer para as comunidades de entorno. Deste modo, frente a estes grandes desafios, acredita-se que uma política emergencial educando através do saber, favoreceria a sensibilização da comunidade de entorno e poderia gerar benefícios ambientais e qualidade de vida, sem esquecer da valorização das áreas adjacentes do Parque. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Parque estadual Sumaúma, apresenta-se como um verdadeiro coração gigante, cheio de verde, alimentando os animais que ali vivem ou estão de passagem, e banhando as matas através de suas nascentes com seus destinos traçados. As unidades de Conservação desempenham um papel fundamental no bem-estar da sociedade na conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais. Podem representar grandes benefícios para as gerações futuras, contribuindo para a formação científica no desenvolvimento de atividades voltadas à prevenção e superação dos problemas ambientais, além da possibilidade de desenvolvimento do turismo. O Parque Estadual Sumaúma, primeira unidade de conservação urbana de Manaus, poderia oferecer excelentes condições para o lazer, turismo ecológico, realização de atividades educativas para a população como um todo. Contudo, um grande percentual da população de entorno desta área não conhece suas principais funções. Por apresentar uma paisagem bastante diferenciada, levando em conta a sua dimensão geográfica, é possível observar que a questão territorial necessita de certos cuidados: em função das constantes invasões que ocorrem nos seus limites, bem como o desrespeito a preservação da área com a presença do lixo bastante visível no seu entorno, o que pode acarretar sérios reflexos negativos em relação ao solo e aos recursos hídricos, uma vez que o mesmo abriga duas nascentes de inestimável importância para a cidade, na formação de um afluente do Igarapé do Mindu, um dos principais cursos d água que cortam a cidade. Pôde-se perceber a urgência de benfeitorias na área interna e externa do Parque, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade local e a preservação do Parque, mas a ausência de alternativas para o uso de espaço, restringe o acesso da comunidade e contribui para o abandono e destruição da área. Pois os impactos socioambientais sobre o meio ambiente, mais diretamente sobre o Parque Estadual Sumaúma, é bem visível e pode causar diversos tipos de contaminações através do despejamento e acúmulo de lixo no seu entorno, podendo afetar a qualidade da água, as nascentes com origem neste Parque, bem como a pressão demográfica pode ocasionar deslizamentos das encostas, colocando em risco este patrimônio de grande valor ambiental. A necessidade da participação ativa da comunidade do entorno é de grande relevância, pois somente com o envolvimento participativo há o crescimento do Parque. O ambiente é propício para se desenvolver atividades de educação ambiental, apresentando-se como promissor de destinos voltados para o turismo ecológico, em função da extensa área que ocupa dotado de trilhas interpretativas que possam fazer parte das atividades ambientais, fazendo com que o visitante além de conhecer o Parque, possa também conhecer e criar uma melhor relação em favor da natureza e a comunidade local. .As unidades de conservação vêm para contribuir e fortalecer a identidade e a relação do homem com a natureza, entender em que contexto está inserido, sem esquecer o passado, presente e futuro. O despertar da sociedade em relação ao desenvolvimento sustentável da região pode transformar e valorizar a política de turismo regional, e interferir positivamente como mecanismo de sustentabilidade. Enfim, o Parque Estadual Sumaúma poderia e deveria contribuir para despertar uma reflexão de como compartilhar o desenvolvimento sustentável da cidade de Manaus, fortalecendo iniciativas sustentáveis, transformando as comunidades do entorno em parceiros para a manutenção desses patrimônios ambientais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMAZONAS. Unidades de Conservação do Estado do Amazonas/Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Manaus: SDS/SEAP, 2007. BENATTI, José Heder. A Criação de Unidades de Conservação em Áreas de Apossamento de Populações Tradicionais Um Problema Agrário ou Ambiental? Novos Cadernos NAEA, v.1, n 2 Belém: NAEA/UFPA, 1998. BORGES, João. Saneamento e suas Interfaces com os Igarapés de Manaus. T&C Amazônia, ano IV no. 9, 2006. pp.50-58. CAVALCANTE, Humberto Candeias. A Experiência do PROARCO. In: Causas e Dinâmica do Desmatamento na Amazônia. Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2001. pp.99-102. FEARNSIDE, Philip Martin. 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