DOCUMENTO ECLAMC FINAL Bue, 30 de dezembro, 2015 - V.3 Resumo e conclusões dos Documentos 1-5 Este documento do Estudo Colaborativo Latino Americano de Malformações Congênitas (ECLAMC) procura resumir os documentos anteriores 1-5 que analisaram a situação de microcefalia no ECLAMC e no Brasil e apresentar uma conclusão com respeito ao possível aumento de casos com microcefalia no nordeste brasileiro em 2015. O ECLAMC foi notificado da suspeita do aumento de casos de microcefalia no nordeste em final de outubro de 2015 e a partir desta data analisou o material relativo à microcefalia no ECLAMC desde 1967 até 2015 e em dados do SINASC de 2013 a 2015, bem como reviu a literatura com relação a todas as causas de microcefalia. Alguns pontos importantes deste estudo foram: a definição de microcefalia baseia-se em um corte artificial de uma variável contínua que é a medida da circunferência cefálica. Embora haja consenso mundial em aceitar como microcefalia a diminuição da circunferência cefálica abaixo de dois desvios padrões da média da população em questão para a idade e sexo do indivíduo, o defeito básico é a diminuição do cérebro e a diminuição da velocidade de seu crescimento seria o real critério para confirmar a microcefalia. A estimativa do número esperado de casos de microcefalia congênita para Pernambuco e outros estados do nordeste não é trivial. O SINASC registra cerca de 1% de defeitos congênitos em nascidos vivos para o esperado de 3%. Qualquer busca ativa de um defeito específico resultará em um incremento de pelo menos 2/3 no número dos casos usualmente registrados. A estimativa feita pelo ECLAMC para a prevalência de microcefalia congênita ao nascimento no Brasil procurou corrigir as tendências seculares e sazonais existentes bem como o efeito de hospitais com taxas extremas de prevalência por derivação hospitalar resultando numa taxa de microcefalia congênita de 1.98/10,000, IC 95% (1.48 2.27). Não há tendência secular em aumento nos hospitais com prevalência usual para microcefalia. Porém existe variação sazonal nestes hospitais, com pico entre julho e setembro. Assim, é esperado o aumento de microcefalias neste período. Esta taxa estimada pelo ECLAMC para o Brasil (1.98/10000), pode estar subestimada para o nordeste onde a prevalência de microcefalia sempre foi maior que a de hospitais do resto do Brasil. Esta taxa de microcefalia congênita estimada pelo ECLAMC não difere muito daquela observada pelo EUROCAT na Europa: 2.85 (2.69 3.02). O número de casos de microcefalia congênita observado nos estados do nordeste no segundo semestre de 2015, mesmo considerando apenas aqueles registrados pelo SINASC, excede em mais de 3 vezes o número esperado na maioria dos estados. Em 26/12, havia 1.153 casos com microcefalia comunicados em Pernambuco. Utilizando o limite superior da prevalência para microcefalia no EUROCAT, porque inclui fetos e abortos como o "Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika ", esperaríamos 45 casos em Pernambuco para 147.597 nascimentos estimados em 2015. Tendo observado 1.153 casos o risco relativo é de 25.6 vezes. A infecção viral deveria ter estado presente em 100% das gestantes para explicar, segundo o risco atribuível, 1.108 casos causado pelo vírus (1153 - 45 = 1108). Se a exposição das gestantes fosse a mesma observada em mulheres na Micronésia em 2007 (0.0179), apenas 353 casos teriam esta causa e ficariam 755 casos sem explicação. Tamanha taxa de afecção por exposição em qualquer trimestre da gestação nunca foi verificada para nenhum agente químico, físico ou biológico fazendo esta hipótese altamente improvável. O número excessivo de casos decorre provavelmente da busca ativa e do sobrediagnóstico. A grande repercussão na mídia sobre a possível epidemia de microcefalia causada pelo vírus Zika, deveria levar ao aumento do número de casos de microcefalia em todas as Unidades da Federação pela melhoria da notificação ao SINASC derivada da obrigatoriedade de notificação dos casos de microcefalia ao Serviço de Vigilância Epidemiológica. Os dados atuais, contaminados com a mudança de critério no valor da circunferência cefálica para suspeitar microcefalia, não permitem avaliar se: 1. houve um real aumento da prevalência ao nascimento da microcefalia no nordeste, 2. qual foi a magnitude deste aumento 3. e se foi devido à exposição ao vírus Zika ou ao aumento de uma ou de mais causas ambientais da microcefalia (STORCH, álcool, prematuridade, diabetes, etc). No ECLAMC estimamos em 38% as causas cromossômicas e monogênicas de microcefalia congênita. Devido ao curto período de diagnóstico no ECLAMC a proporção real deve estar acima dos 50% significando que, em metade dos casos de microcefalia, há um diagnóstico genético possível de ser comprovado na maioria dos casos por exame laboratorial. A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério de Saúde do Brasil publicou em 9 de dezembro de 2015 a Atualização do Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika. Nele é citado que 28 de novembro de 2015, o Ministério da Saúde reconheceu a relação entre a presença do vírus e a ocorrência de microcefalias e óbitos. Neste documento é declarado que este reconhecimento é inédito na literatura nacional e internacional e são apresentadas onze evidências que sustentam o reconhecimento desta relação entre a presença do vírus Zika e a ocorrência de microcefalia e óbitos. A principal base destas evidências é a de que houve um aumento dos casos de microcefalia na região nordeste do Brasil. Como consideramos difícil com os dados atuais provar um aumento real, analisaremos cada uma das evidências apresentadas: 1. Constatação de que os padrões de distribuição dos casos suspeitos de microcefalia pós-infecciosa apresentam características de dispersão e não indicam concentração espacial; - As microcefalias observadas onde a mãe teve infecção prenatal, podem ter outras viroses como causa. Nas outras causas de microcefalias, como as causas "STORCH", também não se esperaria concentração espacial. 2. Constatação de que os primeiros meses de gestação das mulheres com crianças microcefálicas correspondem ao período de maior circulação do vírus Zika na região Nordeste; - Esta evidência pressupõe que haja um aumento de casos. Caso apenas se estivessem registrando as microcefalias que sempre existiram, identificadas após busca dirigida originada por um Rumor inicial, a coincidência dos primeiros meses de gestação com a maior circulação do vírus seria uma consequência do processo que originou a busca. Em outras suspeitas de epidemia de defeitos congênitos no Brasil, que puderam ser descartadas posteriormente, este mecanismo de retroalimentação da suspeita inicial sempre existiu. 3. Constatação, após investigação epidemiológica de prontuários e entrevistas com mais de 60 gestantes, que referiram doença exantemática na gestação e cujas crianças com microcefalia, sem histórico de doença genética na família e/ou exames de imagem sugestivo de processo infeccioso; - Esta constatação também necessita de maior explicitação porque faria falta especificação de tempo, local, tipo de prontuário, tipo de entrevista e sequência dos fatos, para ser possível separar informação espontânea de informação induzida. Qual a população de referência para os 60 casos? Quantas crianças sem microcefalia estiveram expostas ao vírus Zika? Assim como está explicitado não serve como evidência porque pode ser um fato inteiramente normal para a população. 4. Constatação de alteração no padrão de ocorrência de microcefalias no SINASC (Sistema de Informação de Nascidos Vivos), apresentando um claro excesso no número de casos em várias partes do Nordeste; - Existe sub-notificação ao SINASC de cerca de 2/3 dos defeitos congênitos existentes. Qualquer busca ativa de microcefalias congênitas desencadeada após o início do Rumor ligando o defeito à infecção prénatal por vírus Zika seria capaz de aumentar a prevalência de microcefalia no SINASC em até 2/3 dos casos normalmente registrados. Entretanto, o aumento de 26 vezes como o visto em Pernambuco excede em muito o registro de todas as microcefalias congênitas de causas anteriormente existentes. A mudança de critério diagnóstico aceitando como microcefalias os casos com perímetro cefálico menor a 33 cm, poderia talvez explicar o sobre-diagnóstico excessivo. A confirmação do diagnóstico de microcefalia nos casos sobreviventes, excedentes ao esperado, poderia confirmar um aumento real. 5. Observações de especialistas em diversas áreas da medicina (infectologia, pediatria, neuropediatria, ginecologia, genética, etc.) de que há alteração no padrão clínico individual desses casos que apresentam características de comprometimento do Sistema Nervoso Central, similar às infecções congênitas por arbovírus em animais, como descrito na literatura; - Acreditamos ser difícil afirmar que os casos considerados suspeitos de embriopatia por vírus Zika tenham um padrão característico. Isto porque seria necessário comprovar que os casos mencionados não tinham outra causa conhecida. Várias síndromes genéticas podem mimetizar infecções virais por exemplo. Além disso os trabalhos de literatura com teratogênese viral em animais enfatizam i) a falta de defeitos patognomômicos em cada tipo de infecção viral e ii) que há grande heterogeneidade etiológica dos defeitos que também podem ter causas genéticas. 6. Evidência na literatura de que o vírus Zika é neurotrópico, demostrado em modelo animal e pelo aumento na frequência de quadros neurológicos relatados na Polinésia Francesa e no Brasil após infecção por Zika e confirmado em Pernambuco, após isolamento do vírus em paciente com síndrome neurológica aguda; - É provável que o vírus Zika seja neurotrópico como outros arbovirus flavivirus. Já os quadros neurológicos dos casos ocorridos na Polinésia francesa não estão publicados e são de difícil entendimento. 7. Identificação de casos de microcefalia também na Polinésia Francesa após notificação do Brasil à Organização Mundial da Saúde; - O relatório sobre casos da Polinésia Francesa não é uma publicação científica, o que não seria o maior problema se não fosse um relatório de difícil entendimento como dito acima. Além disso, este informe só aparece depois que o Brasil declarou o estado de emergência e portanto não é um evento independente. Os casos não são descritos individualmente. Inicialmente havia 18 casos que depois se tornam 12 dos quais 9 são abortados. Não se sabe realmente quantos casos tinham microcefalia ou alguma malformação significativa de SNC. Dos três que nascem vivos há descrição de hidrocefalia, hipoplasia de cerebelo, atresia esofágica e sinais de acinesia porém não se sabe o que apresentava cada paciente pois é pouco provável que os três tivessem todos os mesmo defeitos citados. Citam que 7 casos foram negativos para CMV mas não esclarecem o denominador ou quantos casos foram positivos para CMV. Havia 11 (18 7 = 11) casos positivos para CMV? A descrição cuidadosa de cada caso poderia esclarecer se houve o aumento de casos de microcefalia conforme sugerido. 8. Constatação da relação de infecção pelo vírus Zika com quadros graves e óbitos a partir da identificação de casos que evoluíram para óbito em estados diferentes e ambos com identificação do RNA viral do Zika e resultados negativos para os demais vírus conhecidos, como dengue, chikungunya entre outros; - Esta consideração não parece ter que ver com estabelecer uma relação entre a infecção materna pelo vírus Zika e a microcefalia. Inclusive a relação com óbitos precisaria ser quantificada para ter algum significado. Aparentemente a infecção viral por Zika não é severa em geral. 9. Identificação do vírus Zika em líquido amniótico de duas gestantes cujo feto apresentava microcefalia, no interior da Paraíba; - Esta evidência mostra que as mães tiveram a infecção por Zika. A chance de observá-la dependerá da taxa de exposição da virose na população. A existência da microcefalia nestes dois casos também precisa ser validada. Se em 2015 ocorressem na Paraíba 60.000 nascimentos, com uma taxa de microcefalia esperada de 0.000302 e se 11% das gestantes tivessem tido a infecção prenatal por Zika esperaríamos por acaso dois casos com ambos, microcefalia e infecção materna por Zika vírus, mesmo se fossem eventos independentes. 10. Identificação de óbitos de recém-nascidos com malformações e padrão sugestivo de infecção no estado do Rio Grande do Norte e outros Estados; - A taxa de óbito ao nascimento em microcefalia congênita é usualmente alta, já que 6% dos casos nascem mortos e 24% tem morte neonatal. Esta identificação de óbitos é portanto esperada. 11. Identificação de recém-nascido, no estado do Ceará, com diagnóstico de microcefalia durante a gestação e resultado positivo para o vírus Zika, tendo evoluído para óbito nos primeiros 5 minutos de vida. - A presença do óbito perinatal é esperada em 1/3 dos casos de microcefalia congênita. A probabilidade de presença da microcefalia após gestação com infecção pelo vírus Zika como eventos independentes dependerá da taxa de prevalência de microcefalia e da taxa de exposição à infecção na população do Ceará. Utilizando a taxa de prevalência de 0.000302 e a taxa de exposição mencionadas anteriormente de 11% esperaríamos entre os 132.255 nascimentos de 2015 no Ceará, 4 casos por acaso com estes dois eventos, ou seja, dois a mais dos que foram observados. Os Rumores são extremamente importantes para identificar causas ambientais ou genéticas capazes de aumentar a frequência de determinada condição em uma população. Quando as causas são ambientais é possível haver epidemia ou endemia de um determinado defeito congênito. O aumento de casos por origem genética, em geral, leva à endemia de um determinado defeito. O processo de validação de rumores varia segundo o problema específico. No caso do Rumor para o aumento de frequência de microcefalia congênita por infecção materna pelo vírus Zika, o processo de validação deverá ser efetuado conforme já está programado pelo Ministério da Saúde. Entretanto, notamos que os estudos usualmente indicados para selecionar as gestantes que tiveram infecção por vírus Zika apresentam alguns problemas técnicos como a falta de prova sorológica adequada de corrente da semelhança entre o vírus da Dengue o vírus Zika. As reações de RT-PCR para identificar o genoma viral Zika também estão prejudicadas pelo reduzido tempo de permanência do vírus tornando o momento de coleta de material crucial para a obtenção do diagnóstico correto. Assim, o estabelecimento de estudos epidemiológicos visando analisar o efeito da infecção pré-natal pelo vírus Zika seria viável apenas prospectivamente, pela dificuldade retrospectiva de determinar com certidão o caso exposto. A possibilidade de analisar os casos de microcefalia sobreviventes ao período perinatal para identificar causas conhecidas de microcefalia levaria a resultados parciais. As determinações sorológicas já feitas na mãe e na criança indicarão provavelmente as embriopatias STORCH. Diabete materna permanente também será de simples detecção. Os casos com anomalias cromossômicas comuns e com holoprosencefalia grave não cromossômica já terão morrido e sua causa poderá apenas ser suspeitada pelos dados de exame clínico. O mesmo ocorrerá para as síndromes monogênicas mais letais. Resumo e sugestões Em resumo, quando nos perguntamos se há uma epidemia de microcefalia no Brasil, ou se há uma relação causal entre a infecção materna por vírus Zika e uma criança nascida como microcefalia, nos deparamos com problemas em todas as etapas epidemiológicas para o esclarecimento do Rumor. -a definição do desfecho (microcefalia): microcefalia como resultado da parada ou diminuição do crescimento do cérebro não é um defeito de identificação simples através de medida da circunferência cefálica e o estabelecimento do limiar entre o defeito e a normalidade em 33 cm ou 32 cm numa curva de distribuição contínua inclui, necessariamente, um número muito grande de indivíduos normais. -a definição da exposição (infecção pelo vírus Zika): os problemas de identificação do vírus Zika através da sorologia são grandes porque o vírus ZiKa é muito parecido ao vírus da Dengue que co-circula na população brasileira e a identificação do genoma do vírus Zika através de exame do seu RNA (RT-PCR) é dificultada pelo curto período em que o vírus está presente no sangue ou em outros tecidos. Assim, sem desfecho bem definido e sem exposição de certeza, não será possível responder às questões mencionadas acima. Sugestões: Como não há possibilidade de detectar a infecção materna por ZKV no momento do parto de uma criança microcefálica e, nem mesmo, na maioria das vezes, quando a detecção da microcefalia é prenatal, opinase que um estudo caso-coorte de seguimento de gestantes com exantema e/ou outros sinais de infecção identificará casos com e sem microcefalias ao nascimento, que poderão ser comparados então para a frequência de infecção por ZKV, que foi confirmada no momento do aparecimento da infecção viral. ESTUDO CASO-COORTE NO RIO DE JANEIRO OU EM OUTRO ESTADO, ONDE A CIRCULAÇÃO DO ZKV ESTEJA AUMENTANDO - Para avaliar se há relação causal entre a exposição prenatal ao vírus Zika (ZKV) e microcefalia realizar estudo caso-coorte onde a coorte são as gestantes a partir de 01 de novembro de 2015 e onde os membros da coorte estão sendo estudados para a exposição ao ZKV a partir das gestantes que apresentam algum sinal de infecção viral. Os casos de microcefalia serão identificado por estudo de ultra-som prenatal e/ou no momento do parto. Os controles serão selecionados aleatóriamente a partir da coorte estudada para o fator de exposição. -Definir Exposição Confirmada quando o RT-PCR for positivo no sangue e/ou urina da gestante para ZKV. -Definir Exposição Não Confirmada quando o RT-PCR for negativo no sangue e/ou urina da gestante para ZKV. -Seguir todas as gestantes que apresentaram infecção viral, confirmadas e não confirmadas para ZKV até o parto, para determinar a presença de microcefalia no produto da gestação, seja este aborto espontâneo, natimorto ou nascido vivo. -A presença de microcefalia deve ser determinada avaliando a medida da circunferência cefálica para a idade e sexo, através de ressonância magnética cerebral e do seguimento do recém nascido em casos duvidosos. Os casos abortados e nascidos mortos deverão ir ao exame necroscópico para avaliação de defeitos no cérebro e em outros órgãos e sistemas. Estes são os pontos básicos do estudo tipo caso-coorte que deve demonstrar se há relação causal entre ZKV e microcefalia. Tamanho da amostra necessária para diferentes valores de exposição à ZKV, para detectar um incremento de risco relativo pelo menos 3 vezes maior, com um poder de prova de 80% e nível de significância menor de 5%, com 4 controles por caso. Exposição 0.01 0.05 0.10 0.25 0.50 0.75 0.90 Casos 498 113 66 40 42 76 182 Controles 1992 452 264 160 168 304 728 O cálculo do número de casos e de controles para o estudo caso-coorte, onde se avalie se a presença da microcefalia está relacionada à infecção materna confirmada por ZKV, poderá ser feito com 42 gestantes com filho microcefálico e 168 gestantes sem filho microcefálico, considerando uma taxa de infecção pelo ZKV de 50% e um risco relativo de 3 vezes. Esperava-se no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, 36 casos em dois meses. (Ver Documento ECLAMC 3). ESTUDO DE CASO COM MICROCEFALIA -Paralelamente ao estudo caso-coorte sugere-se que aos exames necessários à comprovação da microcefalia incluam-se os exames necessários para detectar as causas genéticas que são muito frequentes em casos com microcefalia. -Para todos os recém nascidos de mães com suspeita de infecção por vírus Zika, com ou sem exposição confirmada, deverão ser realizadas as sorologias para STORCH. -Para todos os recém nascidos com microcefalia, com ou sem exposição confirmada ao vírus Zika, deverá ser coletado sangue em EDTA, para extração do DNA para a realização de testes diagnósticos para microanomalias cromossômicas e síndromes monogênicas utilizando métodos como array-CGH, microarranjos, next generation sequencing, Trusight One Panel ou painel de microarranjos específico para microcefalia. O DNA também poderá ser usado para estudo de anomalias cromossômicas numéricas através de QF-PCR quando não se obteve resultado da cultura de células para cariótipo. -Apenas para os recém nascidos com microcefalia, quando existirem outros defeitos congênitos, com ou sem exposição confirmada ao ZKV, deverá ser coletado sangue em heparina para a realização de cariótipo. - As amostras de tecidos de abortos e natimortos com microcefalia coletadas para identificação do ZKV no protocolo do Ministério da Saúde poderão ter o DNA extraído para posterior estudo etiológico. O fluxograma para o estudo de casos seria: Microcefalia com STORCH negativo Isolada Associada Cariótipo com bandas G Anomalia cromossômica Normal Array-CGH Microanomalia cromossômica Normal Painel para identificar genes de microcefalia Normal Gene mutado identificado Jorge S. Lopez-Camelo - ECLAMC, CEMIC, INAGEMP Ieda Maria Orioli - ECLAMC, UFRJ, INAGEM Eduardo Castilla - ECLAMC, CEMIC, INAGEMP