Análise da área foliar de Alstroemeria em função da lamina de

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Análise da área foliar de Alstroemeria em função da lamina de irrigação
Leonita Beatriz Girardi1, Marcia Xavier Peiter2, Adroaldo Dias Robaina2, Anderson Crestani Pereira3,
1
3
Luciana Marini Kopp e Wellington Mezzomo
1
Doutoranda em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS ([email protected]), 2 Prof.
Dr. Departamento Engenharia Rural, UFSM, Santa Maria, RS, 3 Aluno graduação em Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS.
Resumo - A Alstroemeria é uma flor de corte utilizada para confecção de arranjos e buquês com grande variedade de cores. A
determinação da área foliar e do consumo hídrico é um dos principais parâmetros a ser analisado no crescimento vegetal das
plantas, por estar relacionada com diversos parâmetros fisiológicos, entre eles a fotossíntese das plantas. O objetivo deste
trabalho foi quantificar as consequências dos diferentes níveis de irrigação sobre o numero de hastes, folhas, área foliar total
e massa seca na cultura da Alstroemeria hybrida cultivada em vasos. O trabalho foi conduzido em estufa climatizada na
Universidade Federal de Santa Maria, RS. O delineamento foi inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 10 repetições,
sendo os tratamentos diferentes porcentagens da capacidade de vaso. As plantas foram destruídas com 60 DAT na fase
vegetativa, para determinação da área foliar. Observou-se que à medida que os níveis de irrigação aumentaram todos os itens
analisados também aumentaram. Os níveis de 75 e 90% da capacidade de vaso foram os que se destacaram com altura média
das hastes de 36,45 e 50,20 cm, respectivamente. A altura da haste, em se tratando de flor de corte, é um item importante, pois
classifica os padrões de exportação.
Palavras-chave: flor de corte, Alstroemeria hybrida, manejo de irrigação.
Analysis of leaf area Alstroemeria as function of water depth
Abstract - Alstroemeria is a cut flower used for making arrangements and bouquets with a large variety of colors. The
determination of leaf area and water consumption is one of the main parameters to be analyzed in the plant growth, because it
is related to a lot of physiological parameters, including plant photosynthesis. The aim of this study was quantify the
consequences of different levels of irrigation on the number of stems, leaves, leaf area and dry mass of Alstroemeria grown
in pots. This study was conducted under controlled conditions at the Federal University of Santa Maria, RS, Brazil. The
experimental delineation was completely randomized with 5 treatments and 10 replicates, and the treatments were different
percentages of pot capacity. The plants were destroyed in the vegetative phase with 60 DAT for determination of leaf area. It
was observed that as the increase of the irrigation levels all items analyzed also increased. The levels of 75 and 90% of pot
capacity were the best with the mean height of the stems of 36.45 and 50.20 cm, respectively. The height of the stem, in the
case of cut flower, is an important aspect, because classifies the export standards.
Keywords: cut flower, Altroemeria hybrida, irrigation management.
Introdução
A floricultura tem ganhado destaque no cenário nacional
do agronegócio, o mercado de flores e plantas ornamentais é
um mercado em expansão, que, na maioria dos casos,
absorve toda a produção local e importa significativa parcela
da produção de outros centros produtivos. A comercialização
de flores tem exigido que mais espécies, em grande
quantidade, sejam produzidas para manter o crescente
consumo, dentre essas espécies estão as flores de corte, que
em termos de faturamento representa 40% da movimentação
da cadeia produtiva (Junqueira & Peetz, 2008).
Segundo Peiter et al. (2006), deve-se considerar, quando
existe a necessidade de introdução de novas espécies ou
cultivares em uma região, a análise de seu crescimento e o
seu comportamento quando submetida a diferentes
condições de clima, solo e tratos culturais. Esta necessidade
é ainda mais significativa quando se trata de espécies cujo
investimento inicial para produção é relativamente alto,
como é o caso de espécies ornamentais de corte, tais como a
Alstroemeria hybrida.
A Alstroemeria hybrida é uma planta que pertence à
família Alstromeriaceae, conhecida popularmente por
astroméria, madressilva, lírio-peruviano. As espécies são
originárias da América do Sul. Apresentam flores das mais
diversas cores e tonalidades, com manchas nas pétalas. No
mercado de ornamentais é considerada uma espécie de luxo.
É usada principalmente como complemento de outras flores
de corte para a confecção de arranjos e especialmente na
confecção de buquês, com longa vida de vaso.
De acordo com Girardi et al. (2012), no ramo da
floricultura, a literatura sobre a necessidade hídrica é
inexistente, necessitando assim de estudos relacionados à
real necessidade da cultura, evitando desperdício. Pois a
aplicação excessiva de água provoca a lixiviação de
nutrientes do substrato, favorece a proliferação de
patógenos, redução da taxa de respiração, alem de dificultar
a absorção de nutrientes pelas raízes em função das
condições desfavoráveis de oxigenação.
A quantidade de água disponível no substrato é um dos
fatores mais importantes no crescimento e desenvolvimento
de espécies ornamentais em vasos. O déficit hídrico refletirá
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em desenvolvimento lento e baixa produtividade das
culturas, Parizi et al. (2010). A mesma autora ainda cita que
um dos principais parâmetros a serem analisados no
crescimento vegetal é a determinação da área foliar, visto
estar relacionado com a produção total da cultura.
A importância de se relacionar o consumo de água e
outros fatores de produção a parâmetros que caracterizam o
desenvolvimento da planta, como o índice de área foliar é
que possibilita a inferência de informações em ambientes
diferentes do experimental Pires (1999).
Segundo Silva et al. (2008), a área foliar é um dos
principais parâmetros do crescimento vegetal, pois está
relacionada com diversos processos fisiológicos da planta,
tais como fotossíntese, respiração e transpiração, sendo,
responsável diretamente pela produção de fotoassimilados e
acumulação de matéria seca. Desta forma a determinação da
área foliar torna-se uma ferramenta importante no que se
refere ao desenvolvimento das culturas, pois avalia a
resposta das plantas a fatores ambientais e técnicas culturais.
Assim o objetivo deste trabalho foi quantificar as
consequências dos diferentes níveis de irrigação sobre o
numero de hastes, folhas, área foliar total e massa seca na
cultura da Alstroemeria cultivada em vasos.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Setor de Floricultura do
Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa
Maria, RS, em estufa climatizada. As mudas foram
adquiridas de empresa Konst Alstroemeria, localizada em
Holanda, e a empresa importadora é a ASISTA, de Holambra
– SP. Foi plantada uma muda de Alstroemeria por vaso, da
variedade Firenze. Os vasos de plástico preto rígido n° 07
com capacidade para 20 litros e com drenos na extremidade
inferior, a escolha desse tamanho de vaso se deve a
experiências anteriores no setor de floricultura com outras
espécies de flor de corte, onde obtiveram desenvolvimento
satisfatório com esse tamanho de vaso. Os vasos ficarão sob
o solo no interior da estufa.
O substrato utilizado foi uma mistura de
solo+turfa+casca de arroz carbonizada na proporção de
3x1x1, o solo é da unidade de mapeamento São Pedro, com
textura A. Optou-se por essa mistura nessas proporções por
recomendações do importador, a casca de arroz servirá para
dar maior aeração e porosidade ao substrato, enquanto que a
turfa contribuirá para a matéria orgânica.
Para a determinação de capacidade de retenção de água
do substrato no vaso, primeiramente realizou-se a secagem
do mesmo em formo com temperatura de 100 °C, no
momento em que o substrato esteve completamente seco foi
feita uma pesagem, e colocado o vaso com o substrato seco
em uma vasilha/balde com água, sendo que o vaso se
manteve até a metade da sua altura com água, para saturação
por capilaridade, após a saturação e drenagem natural foi
pesado novamente. Metodologia descrita por Kampf et al.
(2006). Após calcular a capacidade máxima de retenção de
22
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.8, n.3, p.21-25, set. 2014
água do substrato utilizado (100%), foi estipulado limites de
30, 45, 60, 75 e 90% da capacidade de vaso.
O consumo de água da cultura foi determinado por meio
da equação do balanço hídrico conforme é apresentado na
seguinte expressão:
L
Etr 
L
 M i   M i1  I  5
i 1
i 1
Onde Etr é a evapotranspiração real da planta em vaso, em
um intervalo de tempo t de dois dias; Mi é a massa de
substrato e água contida no vaso no início do intervalo de
tempo (t) considerado; i é o índice representando o
intervalo de tempo (t) considerado para o balanço; Mi+1 é a
massa de substrato e água remanescente no final do intervalo
de tempo (t) considerado; I é a irrigação aplicada no vaso no
intervalo de tempo t e D é a percolação (ou drenagem) que
eventualmente possa ocorrer.
A variação do armazenamento de água no vaso (Mi – Mi+1)
foi feita por meio da pesagem dos vasos em uma balança
obtida com capacidade de 50 kg. Os valores obtidos pela
diferença de peso (g.dia) foram transformados em lamina de
água (mm.dia) até o valor correspondente ao tratamento. A
irrigação é feita manualmente, com turno de rega de sete
dias.
Foram destruídos um vaso por tratamento, pego
aleatório, a área foliar real foi medida no momento que os
vasos foram destruídos, na fase de desenvolvimento
vegetativo, com o aparelho LI 3000C da Licor, que realiza as
medidas através de um escaneamento das folhas,
informando diretamente a área foliar.
O delineamento experimental adotado no experimento
foi o inteiramente casualisado, com cinco tratamentos e
dezesseis repetições para cada tratamento, totalizando
oitenta vasos, sendo que cada vaso foi representou uma
unidade experimental. A cada fase de desenvolvimento da
cultura foi destruído um vaso por tratamento (5 vasos)
escolhidos aleatoriamente.
Resultados e Discussão
Na Tabela 1 encontram-se representados os valores totais
do numero de hastes, média do comprimento das hastes,
numero de folhas, área foliar total e massa seca de uma planta
de alstroemeria para cada tratamento, observam-se que à
medida que ocorre a diminuição da umidade do substrato, ou
seja, valores mais baixos de capacidade de retenção de vaso
(30%, 45%) os valores decrescem para todos os itens
avaliados, sendo que para a média do comprimento das
hastes, os padrões Veiling Holambra nos critérios de
classificação citam como tamanho mínimo de classificação
comprimento de 50 cm, neste caso o tratamento com mais
água (90%) obteve essas medidas. Com a redução da
quantidade de água disponível ocorre maior resistência ao
fluxo e redução na evapotranspiração pelo fechamento dos
estômatos, o que resulta em um menor consumo hídrico,
influenciando nos parâmetros produtivos da cultura. Já
quando se mantém as condições hídricas do vaso em máxima
capacidade de retenção a água se movimenta com maior
facilidade, não há impedimento à transpiração pela planta
nem evaporação pelo substrato, repercutindo em um
consumo hídrico superior. Resultados semelhantes foram
observados por Mello (2006), trabalhando com lírio, onde o
consumo de água para os parâmetros observados como a
altura de planta, altura de inserção da primeira flor, tamanho
de folha e flor, apresentou uma correlação linear
significativa e positiva, reforçando-se assim que as plantas
que mais crescem são as que mais consomem água.
Pereira (2003), trabalhando com crisântemo em
diferentes níveis de reposição de água (40, 60, 80 e 100% de
reposição de água), observou que o número de folhas por
planta foi reduzido nos tratamentos com menores
percentagens de reposição hídrica.
Observa-se que à medida que a cultura se desenvolve, a
área foliar apresenta a tendência de aumento, tendendo à
estabilização e apresentando ajuste linear para todos os
tratamentos. Esses resultados estão de acordo com obtidos
por Viana et al. (2004), trabalhando com diferentes doses de
irrigação em crisântemo e Parizzi et al. (2010), trabalhando
com Kalanchoe.
Com relação o área foliar o tratamento 1 com 30% de
capacidade de retenção de vaso foi o que obteve valor
inferior aos demais com diferença de quase 10.000 cm², em
relação ao tratamento com maior CRV (90%). Valores esses
que tendem a se manter ao longo do ciclo.
Tabela 1. Valores reais do número de hastes, média do comprimento das hastes (cm), número de folhas, área foliar total (cm²) e
massa seca (g) nos diferentes tratamentos.
N° de hastes
1 (30%)
2 (45%)
3 (60%)
4 (75%)
5 (90%)
5
7
14
14
20
Comprimento de
hastes
21,40
23,82
30,80
36,45
50,20
A Figura 1 apresenta os valores da área foliar em função
dos limites de disponibilidade hídrica nos diferentes
tratamentos. Pode-se observar que os maiores valores
encontram-se entre os tratamentos com 75 e 90% de retenção
do vaso, tanto pra a área foliar total de cada planta quanto
para o número de folhas. Sendo que a diferença dos valores
para o numero de folhas e área foliar total nos tratamento
com 90% de retenção de água e de 30% foram de 397 e
9.624,04 respectivamente. Parizzi et al. (2010)
determinaram que a área foliar e o número de folhas da
cultura do Kalanchoe foram afetados pelas condições
hídricas do substrato, resultando em folhas estreitas e finas
fora do padrão de qualidade para a espécie. Pereira et al.
(2003), trabalhando com crisântemo sob diferentes níveis de
reposição de água (40, 60, 80 e 100% de reposição de água),
observaram que o número de folhas por planta foi reduzido
nos tratamentos com menores percentagens de reposição
hídrica.
Quanto à matéria seca observou-se que esta teve o mesmo
comportamento do comprimento de haste e do numero de
hastes, isto é, quanto mais longas e mais pesadas for à haste
maior será o peso da matéria seca. Esses resultados
corroboram com os encontrados por Schwab (2011),
trabalhando com cravina, onde os valores encontrados para
os parâmetros altura da haste e diâmetro da haste de cravina
tiveram relação direta com o peso seco.
O acúmulo de matéria seca vegetal é o resultado do
N° de folhas
Área foliar total
Massa seca
121
124
290
345
518
1.776,88
4.115,82
4.877,69
6.574,71
11.400,92
4,65
13,07
19,01
28,02
38,52
mecanismo fotossintético, o qual incorpora matéria orgânica
na planta. Assim sendo, todo e qualquer fator que interfira na
fotossíntese irá afetar o acúmulo de matéria seca, como a
disponibilidade hídrica Girardi et al. (2012).
12000
10000
2,7907x
Ř Ě EĆÐÆ
ĊĈÑ
Área Foliar (cm²)
Trat.
2
R = 0,9429
8000
6000
4000
2000
0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Limite de disponibilidade hídrica
Figura 1. Variação dos valores de área foliar por planta em
função dos diferentes tratamentos.
A Figura 2 apresenta os valores da área foliar em função
dos limites de disponibilidade hídrica nos diferentes
tratamentos Farias et al. (2003) analisando o crescimento e
desenvolvimento da cultura do melão sob diferentes lamina
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de irrigação observou que a cultura demonstrou, ao final do
ciclo, que a utilização das menores lâminas de irrigação
resultou em menor acúmulo de fitomassa seca em
conseqüência, portanto, do menor crescimento foliar.
600
Nª de Folhas/Planta
500
2,6211x
Ř Ě ÇEÆ
DĎĊÑ
2
400
R = 0,9287
Tratamento 1
300
Tratamento 2
200
100
0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Capacidade de retenção do vaso
Figura 2. Variação dos valores de área foliar por planta em
função dos diferentes tratamentos.
Na Figura 3 estão representados os vasos destruídos nos
diferentes tratamentos, onde nitidamente observa-se que o
vaso no tratamento 5 (90%) possui maior área foliar, não
sendo possível visualizar o substrato do vaso, sendo este
totalmente coberto pelas folhas.
Tratamento 3
Tratamento 4
50
45
Massa Seca (g)
40
3,3275x
Ř Ě ČÆ
ČÇEĎÑ
2
35
R = 0,9304
30
25
20
15
10
5
Tratamento 5
0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Capacidade de retenção do vaso
Figura 3 - Variação dos valores de massa seca por planta em
função dos diferentes tratamentos.
Figura 4. Visualização dos vasos de Alstroemeria dos
diferentes tratamentos.
Conclusões
Na Figura 4, visualiza-se o crescimento e
desenvolvimento das plantas de Alstroemeria mais
acentuado nos tratamentos com disponibilidade hídrica de
60, 75 e 90% da capacidade de retenção de vaso
(Tratamentos 3, 4 e 5).
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.8, n.3, p.21-25, set. 2014
1. A disponibilidade hídrica de 60, 75 e 90% da
capacidade de retenção de vaso foi a que proporcionou
melhores resultados nos fatores avaliados.
2. A cultura da Alstroemeria responde a maiores níveis
de irrigação na fase vegetativa.
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