Reduplicação verbal no grego e no latim Ana Paula dos Santos Bianchini Departamento de Linguística - FFLCH Universidade de São Paulo 1. Objetivos Pretende-se, primeiramente,estudar o processo de reduplicação. A segunda parte da pesquisa visa entender as formas de reduplicação no grego e no latim, percebendo como ela difere do indo-europeu e o motivo pelo qual isso ocorre. Por fim, propõe-se estudar a reduplicação em verbos prefixados, considerando-se tanto o prefixo quanto o redobro, atentando-se às seguintes questões: se ocorre reduplicação em verbos prefixados, qual deles é mantido e por que razão apenas um é mantido. 2. Métodos / Procedimentos Para um estudo aprofundado das duas línguas em questão, é essencial o estudo de gramáticas tradicionais, como Smyth, para o grego, e Allen & Greenough, para o latim. Também é necessário que se estudem gramáticas históricas (Rix, Sihler, Meiser) para compreender a evolução das línguas e perceber como o redobro foi modificado, e que se consultem dicionários, principalmente etimológicos, a fim de saber se alguns verbos possuíam redobro ou se tratava-se apenas de uma parte de sua raiz. Com relação à análise estrutural da reduplicação, será seguido o modelo de Steriade 82: a sílaba é formada por camadas (tiers), e cada um dos planos carrega uma espécie diferente de informação. Dessa forma, há a separação entre a camada que contém as distinções de silabicidade (“esqueleto”), formada por unidades C e V, e a que porta as informações esqueletais (“núcleo melódico”), constituída de segmentos. 3. Resultados Analisando-se as estruturas reduplicadas de presente e de perfeito gregos, percebe-se que o redobro é formado, geralmente, pela C inicial da raiz seguida de uma V (“i” no presente e “e” no perfeito). No redobro, a consoante copiada perde necessariamente a aspiração, caso a consoante da base contenha esse traço; além disso, é comum que ocorra a queda da consoante reduplicada. Por tal motivo, alguns casos de formação do perfeito, são vistos como inserção de um “e” apenas (considerado aumento); no entanto, tratam-se de estruturas reduplicadas de sílabas iniciadas pela sequência de uma oclusiva e uma sibilante ou por uma laringal (muitas vezes ignorada em estudos dessa língua). 4. Conclusões parciais No atual estágio da pesquisa, pode-se apenas concluir que, tanto no presente quanto no perfeito gregos, caso haja um prefixo no verbo, ele e o redobro ocorrem simultaneamente. Entretanto, sempre é mantida a seguinte ordem de morfemas para a formação do radical: PREFIXO, REDOBRO, VERBO. 5. Referências Bibliográficas ALLEN, J. H.; GREENOUGH, J. B. Allen and Greenough's new Latin grammar. Dover Publications, 2006. CHANTRAINE, P. Dictionnaire Étymologique de la Langue Grecque. Histoire des Mots. Paris: Éditions Klincksieck, 1968-1980. __________; MEILLET, A. Dictionnaire étymologique de la langue latine : histoire des mots. 4. ed. Paris: C. Klincksieck, 1967. MEISER, G. Historische Laut- und Formenlehre der lateinischen Sprache. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1998. RIX, H. Historische Grammatik des Griechischen. 2. ed. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1992. SIHLER, A. L. New comparative grammar of Greek and Latin. New York; Oxford: Oxford University Press, 1995. SMYTH, H. W. Greek grammar. Harvard University Press, 1984. STERIADE, D. Greek prosodies and the nature of syllabification. 1982. 385 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Massachusetts, 1982.