SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E MEIO AMBIENTE DISCIPLINA: Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente PROFs. Ticiana M. de Carvalho Studart JAN/2005 Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart DESENVOLVIMENTO x MEIO AMBIENTE As ciências têm se organizado mantendo uma radical separação entre o HOMEM e a NATUREZA. Ou se estuda o homem como ser natural , mas sem integrá-lo à sociedade, ou se estuda o homem como ser social, considerando-o independente da natureza. As ciências naturais - Botânica, Zoologia, Mineralogia - desprezam o poder do homem de criar, transformar e destruir a natureza. Outras ciências não se preocupam como a Natureza pode influir no destino do Homem. O conjuntos dos conhecimentos dividiu-se, portanto, entre as ciências que, de um lado, estudam as estruturas (e o comportamento) das pedras, plantas e animais; e de outro, as ciências que estudam o comportamento do homem, seus produtos materiais e culturais Antropologia, Sociologia, Economia, Psicologia, etc. A Ciência Econômica, que poderia fazer este elo, também não o fez. Toda a teoria econômica se concentrou em ver o mundo do lado social - nível de emprego, renda per capita, etc - e, mesmo quando considera a base natural no processo econômico, toma-a como recurso sem valor. "Natureza = pedras + plantas + animais", só adquirindo valor quando apropriada pelo homem , ou seja, "Natureza = minerações + criações + plantações". Para essa visão segmentada das ciências, em muito contribuiu a arrogância com que a civilização ocidental vive a crença de "homem todo poderoso, imagem e semelhaça de Deus". Na verdade, o homem sempre lutou para dominar a natureza ( no seu sentido mais amplo) e, principalmente para aniquilar o seu maior inimigo - a morte. Sua arma: o saber tecnológico; seu objetivo: tornar realidade dois mitos - o da eternidade e o da fonte da juventude. E , diante da impossibilidade de realizá-los, passou a almejar tempo livre. A busca da eternidade se dava pela possibilidade de aumentar o período de vida de cada indivíduo -2- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart (aos poucos realizado) e pela constante redução do tempo gasto na luta pela sobrevivência (redução na jornada de trabalho, redução do número de dias trabalhados, férias, licenças) Em poucos séculos, essa liberdade em relação à natureza, visto no conjunto social, cresceu. Entretanto, a organização mais eficiente produziu uma lógica contraditória: A lógica que buscava ampliar o tempo livre foi apropriada pelo sistema sócioeconômico que ela criou, e em vez de tempo livre, ela passou a almejar a ampliação do produto do produto consumido – de libertadora passou a consumista. Para esta organização funcionar bem, teve que ser adicionado o lucro, e com isso, gerou uma deformação social dividindo os homens: Os mais livres – que se beneficiavam, simultaneamente, da conquista do tempo livre e do aumento do nível de consumo. Os menos livres – que trabalhavam mais horas Os desempregados – prisioneiros da luta pela sobrevivência Criou também uma deformação ecológica, na medida em que o consumismo se manifestou como um desenfreado processo de transformação da Natureza em bens e serviços, criando um rápido processo de deteriorização do equilíbrio ecológico Estes 3 fenômenos são fruto do incrível fascínio que idéia de PROGRESSO tem exercido sobre a humanidade nos últimos duzentos anos O PROGRESSO A idéia de PROGRESSO, através dos séculos, sempre esteve ligada ao avanço das artes, das ciências e das reflexões filosóficas , sempre visando a realização de um estado espiritual de felicidade. O progresso, no seu sentido atual, é sinônimo de mais produção, e revolucionou, inclusive o sentimento de “ tempo”. -3- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Desde a pré-história, o tempo sempre teve um caráter circular, se renovando a cada estação do ano, a cada colheita, na vida e na morte. Com a nova idéia do “progresso”, o tempo passou a ser visto de forma linear , em direção a um progresso sempre crescente. Paradoxalmente, o que consolida o sentimento de progresso hoje, é o processo de descartar os bens de vida curta, do que a permanência dos resultados que eles produzem. Ex: A construção da catedral de Notre Dame, ao longo de séculos, é menos capaz de dar idéia de progresso do que as mudanças no espaço urbano de uma cidade. O que surpreende no novo conceito de progresso é a rapidez com que ele se consolidou na imaginação coletiva dos homens, em todos os continentes, praticamente em todos os povos, com exceção de alguns poucos, seja por oposição filosófica ou religiosa. É surpreendente como adquiriu primazia sobre todas as demais aspirações do homem, como paz, felicidade, justiça, que embora mais antigas, passaram a ser vistas como conseqüência do progresso. A idéia do progresso fascinou primeiramente os pensadores ocidentais e encontrou uma correspondência a nível do real, obtendo assim, legitimidade pública ao ser comprovado pelos olhos do povo. O progresso, através de sua aceitação e da comprovação de suas vantagens, tornou-se, aos olhos de todos, uma verdade universal e absoluta. E assim, a idéia de progresso se consolidou universalmente como um único e determinado tipo de progresso – o econômico. Todas as sociedades, por mais diferentes entre si, passaram então a viver em função de um mesmo objetivo – ter o progresso e concentraram seus esforços em repetir o êxito das regiões bem sucedidas. As definições de beleza, justiça e soberania passaram a ser subordinadas ao progresso no seu sentido material. O próprio conceito de cultura passou a ser hierarquizado, havendo culturas superiores e inferiores, conforme seus vínculos com economias mais ou menos ricas. -4- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart O PROGRESSO CHEGA AO TERCEIRO MUNDO Assim como a idéia do Cristianismo levaria ao surgimento das Cruzadas, missões e catequeses, o culto expontâneo ao progresso necessitava criar sua teologia e seus missionários. Com o fim da Segunda Guerra, com a necessidade de abrir novos mercados para as grandes empresas dos países ricos, surge a preocupação com a indução ao desenvolvimento nos países do terceiro mundo – surgem os desenvolvimentistas. Os resultados são conhecidos de todos: em duas décadas estes países avançam 1 século mais rápido do que seria possível pela sua evolução natural. Durante 20 anos estes países industrializaram-se, urbanizaram-se, suas sociedades passaram a mostrar sinais de modernidade, criaram infra-estrutura de transporte e energia, vivendo uma euforia de progresso que ficou conhecida no Brasil, como "milagre brasileiro", que refletia a realização do sonho do progresso rápido. As idéias do progresso já chegaram elaboradas aos países do "terceiro mundo"; não surgiram internamente, nem foram legitimadas pela sociedade, pela observação de seus resultados. Apesar disto, o progresso é imediatamente aceito sem contestação. O deslumbramento com o modelo importado e suas transformações nos países fizeram com que a idéia de progresso permeasse instantaneamente a consciência das elites nacionais. Entretanto, ao importarem o conceito de progresso, sem analisa-lo, contesta-lo e adapta-lo, as populações do "terceiro mundo" descobriram que importaram, na verdade, foi o conceito de subdesenvolvimento e o aplicaram a si mesmas, por comparação com os países desenvolvidos. O conceito e o sentimento de subdesenvolvimento que os países pobres assumiram para si, com base nos padrões de consumo e de comportamento, vindos do exterior, carregou a submissão de seus próprios povos. Ao importarem as idéias de progresso e de atraso, de desenvolvimento e subdesenvolvimento, importou-se também os valores essenciais e as necessidades. -5- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Ao importarem as necessidades e os meios para atingir o desenvolvimento dos países ricos, os subdesenvolvidos endividaram-se, violentaram suas culturas, concentraram a renda e depredaram seus recursos naturais. O ENVELHECIMENTO PRECOCE DA IDÉIA DE "PROGRESSO" Com a mesma velocidade com que o progresso conquistou o mundo, ele envelheceu. Nos últimos 20 anos, 3 níveis de constatações contribuíram para este fato: A Nível Ideológico A consciência de que os resultados do processo de desenvolvimento já não satisfazem os consumidores. No final dos anos 50 e início dos 60, uma parcela da juventude dos países ricos percebeu que o progresso se construiu às custas de vazios existenciais e , por dispor de consumo elevado, percebeu que esta meta central do projeto civilizatório não compensava os custos que exigia. Os hippies também o criticaram, de forma sentimental. A Nível Ecológico Deve haver limite para o crescimento, supondo que não ocorrerão revoluções tecnológicas e científicas na velocidade necessária para equilibrar o estoque de recursos da natureza com a dinâmica desvairada do processo produtivo. A velocidade com que ocorrem fenômenos de destruição do meio ambiente e a depredação dos recursos não- renováveis, é claramente maior do que aquela que avançam as técnicas. Se tudo continuar no mesmo ritmo, tudo leva a prever um ponto de saturação no processo industrial, em função do esgotamento de fontes básicas de matérias primas e da poluição do meio ambiente. A Nível Político • repulsa pelo "apartheid" entre nações e entre classes de uma mesma nação • necessidade de avanço do processo social, imprescindível ao crescimento do consumo. -6- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Aos poucos estas constatações estão sendo rapidamente percebidas pelas massa dos países desenvolvidos. Entretanto, estas constatações se transformam em CRISE, uma vez que na da indica que a economia vai se subordinar expontaneamente às evidentes catástrofes ecológicas, o consumismo será freado expontaneamente ou haverá revoluções, a curto prazo, que criem uma indústria limpa e com elevado nível de reciclagem. O pior de tudo é que se percebeu que o vivemos não é apenas um sistema econômico, mas um modelo de civilização. A solução, portanto é iniciar uma nova etapa, com um novo conceito de civilização e de antropocentrismo. Para se ter esta civilização é necessário que se defina novos propósitos éticos, com a substituição de valores decadentes pelos permanentes - paz, justiça social, direitos humanos e solidariedade inter-geracional; que se desenvolva uma racionalidade econômica compatível com estes propósitos , considerando os bens materiais importantes, mas não fundamentais e incorporando valor à natureza, não unicamente como fonte de produtos, mas também como patrimônio cultural do Homem; e que se entenda a globalidade do processo econômico no tempo e no espaço captada pela nova ecologia, a qual entenda que o conservacionismo é utopia, admitindo, finalmente, o homem como o "centro", mas absolutamente consciente de suas limitações e interligado a todos os elementos que o rodeiam. -7- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart ECONOMIA e ECOLOGIA: Uma contradição inconciliável? Do ponto de vista LÉXICO, a contraposição entre PROTEÇÃO AMBIENTAL e ECONOMIA não existe. Conceitualmente as duas palavras são correspondentes: ECOLOGIA - "logos" do "eco" - investiga as estruturas minunciosas da "casa" ("eco") ECONOMIA - "nomos" do "eco"- decifra as leis ("nomos") da mesma "casa" Desde Aristóteles - "o economista deverá saber administrar sua casa, ou seja, reconhecer as leis (nomos) da casa (oikos) e dispor delas previdentemente para que os moradores da casa possam Ter chance de sobrevivência hoje, amanhã e depois de amanhã". -8- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart PRINCIPAIS CORRENTES ECONÔMICAS ECODESENVOLVIMENTISTAS Termo foi pronunciado pela 1a vez em 1972 Tripé : justiça social, eficiência econômica e prudência ecológica Outro modelo de desenvolvimento PIGOUVIANOS Poluição se origina de uma falha do sistema de preços É preciso que se internalize monetariamente a externalidade - Taxas Princípio do poluidor pagador A empresa deve pagar pelos recursos ambientais da mesma forma como paga por outros recursos (mão-de-obra, capital,etc) Não resolveria - a poluição não seria reduzida a zero A empresa irá tratar seus efluentes até o custo marginal do tratamento = custo marginal da taxa de poluente ECONOMISTAS ECOLÓGICOS Nova ética • resgate dos valores permanentes - paz, justiça social, direitos humanos e solidariedade entre gerações Nova economia • bens materiais - importantes mas não fundamentais • incorporação do valor da Natureza • fonte de produtos • patrimônio cultural do Homem -9- Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Nova Ecologia • conservacionismo é utopia • negar o progresso é absurdo • ecologia - sentimento de globalidade e base de informações OS NEOCLÁSSICOS - 10 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart PRIVATIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE - A VISÃO DOS NEOCLÁSSICOS Segundo os neoclássicos, podemos resolver problemas de degradação do meio ambiente baseando-nos nos mesmos princípios e motivações que levam ao crescimento econômico e ao desenvolvimento. Partindo da premissa que “negócio de todos é negócio de ninguém”, os neoclássicos acham que a poluição do ar, da água e destruição das florestas ocorrem porque os mesmos constituem propriedade de todos, e nenhum indivíduo tem motivação financeira para protegê-los. Segundo essa corrente de pensamento, o tipo de direito de propriedade atribuído ao meio ambiente - PÚBLICO ou PRIVADO - é o determinante crucial da quantidade de poluição a ser produzida, uma vez que os direitos de propriedade afetam o modo com os recursos são utilizados; um exemplo claro: os carros alugados são tratados diferentemente dos dirigidos por seus próprios donos. A diferença reflete a concessão dos direitos de propriedade. Os Grandes Lagos são um exemplo de um bem ambiental ao qual, até recentemente, era atribuído direito de propriedade pública. Eles eram utilizados para pesca , para fins recreativos e como receptador de muitos processos de produção. Levando-se em conta o volume dos Lagos e a sua grande capacidade de absorção natural, os usuários daquele recurso não estavam em concorrência; os Lagos poderiam acomodálos sem grandes conflitos. Com a industrialização e o crescimento populacional da Região, a demanda por seus serviços aumentou em comparação a sua capacidade. Entretanto como os Lagos eram de propriedade pública, não havia mecanismos que excluísse usuários ou os obrigasse a pagar. Direitos exclusivos de propriedade, detidos e exercidos pública ou particularmente, são o único meio de racionar os bens ambientais entre usuários que competem por sua utilização. Os atuais direitos de propriedade pública - criados em épocas passadas - não são mais apropriados, uma vez que não conseguem sinalizar o início do processo de exaustão dos recursos, algo que não aconteceria com um bem privado, em cujo excesso de demanda aos preços correntes, por exemplo, daria o sinal de alerta. Não são capazes , igualmente, de oferecer nenhuma motivação para que se economizem os recursos. Na verdade os direitos de propriedade pública foram estabelecidos em ocasião em que não - 11 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart havia necessidade de fazer-se economia. Entretanto, esse não é mais o caso. Conclui-se assim, que o atual problema de poluição não é derivado do funcionamento de uma economia de mercado, mas sim de sua falta de operação. Os direitos privados têm as vantagens da maior diversidade e da maior liberdade de escolha, as quais, normalmente, não são conseguidas através do controle governamental. No caso de alguns bens ambientais, essa solução é factível. Entretanto, no caso da POLUIÇÃO DO AR E DA ÁGUA os direitos PÚBLICOS representam uma grande vantagem, devido aos custos decorrentes de seu cumprimento, que é de responsabilidade das forças policiais. Por essa razão, UMA GRANDE PARTE DOS BENS AMBIENTAIS ESTARÁ SUJEITA AOS DIREITOS DE PROPRIEDADE PÚBLICA. Entretanto, o Governo tem que determinar a melhor forma de utilização destes bens. Não pode mais haver ausência de preços ou de restrições aos usos desses recursos. São 3 as opções para a agência governamental responsável pelo exercício desses direitos de propriedade: Instituição de um imposto sobre a poluição Fixação de quantidades aceitáveis Venda de uma fração do direito de propriedade pública sobre o meio ambiente à iniciativa privada Estas 3 opções aparecem na literatura como taxação, regulamentação ou venda de licenças. Nem taxas, nem concessões de direito de poluir atraem muito os ambientalistas. Há com freqüência, extrema aversão, expressa em termos morais, à venda de direitos de poluir. À este respeito dizem Baumol e Oates: “Há muito tempo a sociedade vem dando, gratuitamente, muitos de seus recursos. Não é escandaloso decidir que tudo tem seu preço; o verdadeiro escândalo está na fixação de um preço equivalente à zero, o qual convida a todos a destruírem esses recursos” Essa permissão de poluir, na verdade, redunda em vantagens concretas em comparação ao enfoque de regulamentação de padrões, uma vez que a sociedade pode comprar mais redução de poluição. - 12 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart A mensagem fundamental é que o sistema de preços é um mecanismo eficaz de controle de poluição. A nova economia de recursos começa com o indivíduo, especialmente com o empresário. De acordo com as análises marginais, os empresários procuram situações onde os lucros marginais excedem os custos marginais. Quando respondem às oportunidades, o sistema aproxima-se do equilíbrio. A questão é se as oportunidades que descobrem e suas ações enriquecem a sociedade ou simplesmente redistribuem as riquezas. A resposta a essa questão depende inteiramente dos custos de negociação e dos contratos resultantes. Para que os empresários enfrentem os custos totais das oportunidades e colham todos os benefícios de seus atos, é preciso que haja termos contratuais explícitos ou implícitos para todas as margens relevantes. Ambientalismo de livre mercado Os seguidores da tradição pigouviana estão querendo aprovar uma solução de direitos de propriedade para certos problemas. Entretanto, acreditam que essa solução possivelmente não funcionará para: a distribuição da água, das amenidades e da vida selvagem. Os neoclássicos, no entanto, apresentam evidências do contrário, com alguns exemplos de como o mercado fornece amenidades ambientais : 1. Propriedade dos direitos de pesca No vale do Rio Yellowstone (Montana) Vários riachos começam e terminam em propriedades privadas e são inteiramente apropriadas pelos donos da terra. acesso ao córrego pode ser monitorado Os proprietários podem cobrar uma taxa aos pescadores e estipular o número diário de pescadores Essa taxa os incentiva a desenvolverem leitos de desova, prevenirem a sedimentação e manterem o gado afastado de suas margens p/ proteção da vegetação - 13 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Vale Gallantin (Montana) Um pescador amador adquiriu um pedaço de terra e rio de um criador de gado que deixava os animais pastarem nas margens eliminando a vegetação Facilitando a erosão Reduzindo o tamenho e o numero de trutas Novo proprietário: livrou-se do gado 3 anos - recuperou o rio Custo da não utilização da terra - proveito da pesca Experiência da Escócia Cada polegada de rio é privatizada ou arrendada. Muitas das extensões, que podem chegar a 50m de uma margem ou várias milhas das duas são reservadas com anos de antecedência, tendo uma longa fila de espera. Até mesmo a poluição pode ser reduzida, se os indivíduos tivessem possibilidade de serem proprietários das águas. Os proprietários, é lógico, seriam contra os agentes poluidores dos rios ascendentes que deságuam em suas reservas de peixes. Ex: A Associação Cooperativa dos Pescadores poupou o lançamento de esgoto no rio e conseguiram impedir que a British Eletric lançasse água quente no rio. Peixes migratórios É facil criar ostras e peixes litorâneos. E peixes migratórios? Como seria possivel tecnicamente estabelecer direitos privados de pesca? Oregon Grandes quantias na criação de salmão em incubadoras e soltando-os no oceano. No momento em que deixam a incubadora são marcados com um odor químico que os guia de volta na época da desova. - 14 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Animais Selvagens A extinção de baleias, tartarugas marinhas, búfalos e ursos pardos oferece forte agumento para os ambientalistas que querem o controle governamental da alocação; e diante da extinção de várias espécies de animais cuja pele é valiosa, o controle do Estado sobre a vida selvagem parecia ser mesmo a única alternativa Entretanto, os neoclássicos acham que, da mesma forma que nos rios, a razão para o fracasso do mercado é a restrição legal sobre a propriedade das espécies selvagens. Como estas leis impediram o estabelecimento dos direitos de propriedade privada, impediram também o investimento na criação e reprodução dos mesmos. Ex: companhias madeireiras estimulando a vida selvagem No sul dos EUA a indústria madeireira é dominada por grandes proprietários de terra privados. No passado - as florestas eram exploradas principalmente para produção de papel. No momento em que os valores das amenidades adquiriram importância, perus, cervos, coelhos, pombos estão começando a colher os benefícios das novas técnicas de administração, assim como os caçadores e as indústrias como a International Paper Company. Grandes cortes são limitados e feitos em padrões irregulares e estreitos para minimizar o efeito de clareira. As grandes companhias exploram o direito de caça. O que ganham? servir como relações públicas 10 dólares/acre de terra arrendada para a caça (varia com o número de animais disponíveis, qualidade da presa, facilidades e serviços oferecidos pelo proprietário) O sucesso da caça em áreas arrendadas é superior ao da áreas públicas Ex: Em 1978 : a média de cervos abatidos por caçador foi: áreas públicas - 0,62 áreas privadas - 1,16 Conservação de terras - 15 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Segundo a National Agriculture Land Survey, mais de 3 milhões de acres de terra agrícola nos EUA estão sendo anualmente convertidas para outros fins. Este fato deu subsídios para que os conservacionistas levassem adiante sua demanda por uma legislação destinada a preservar terras agrícolas. Nos EUA o governo possui 39,1% das terras ( 86,5% do Estado de Nevada, 92% do Estado do Alasca, 40% da Califórnia e metade dos estados montanhosos) resultado de uma política de passar terras do setor privado para o setor público e, classificá-las em parques, áreas virgens, regiões primitivas, etc. Devido ao aperto orçamentário, a verba destinada à aquisição de terras está acabando rapidamente e o desenvolvimento das terras públicas vem recebendo incentivo federal. Com a criação de diversas organizações de conservação de terras, sem fins lucrativos, que se utilizam de voluntários e são financiadas por fundos privados, diversos títulos de terra e direitos de conservação de terras foram adquiridos, além de diversos projetos financiados. Em 1982, as organizações de conservação locais controlavam mais de 675 mil acres de terras ricas em recursos (60% nos estados onde predominam a propriedade privada). Sua principal finalidade é a conservação da terra para amenidades e mantê-la para a agricultura. Estas organizações são financiadas por taxas arrecadadas entre seus membros e por doações de fundações e coorporações (que podem ser deduzidas de seus impostos). Além disto, essas organizações cobram taxa dos usuários das amenidades a um nível real, diferentemente das áreas controladas pelo governo. Só a título de curiosidade: número destas organizações nos EUA: 1950 - 36 1975 - 173 1982 - 404 (somando cerca de 250 mil membros) - 16 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart IMPACTOS AMBIENTAIS GLOBAIS DAS ATIVIDADES HUMANAS A terra tem 5 bilhões de anos e, ao longo de sua história, resistiu a bombardeios de meteoritos, mudanças abruptas em seus campos magnéticos, realinhamentos drásticos de suas massas terrestres e avanços e retrações de maciças montanhas de gelo, que reformularam sua superfície. A vida também provou que tem bastante capacidade de recuperação: nos mais de 3,5 bilhões de anos desde que apareceram as primeiras formas de vida, espécies biológicas surgiram e desapareceram, mas a vida não sofreu interrupções. O clima mudou e vem mudando devido a uma gama de fatores naturais que operam em diferentes escalas de tempo. O clima do Planeta vem sofrendo flutuações freqüentes que não tem nada a ver com a intervenção humana. Na verdade, independente do que fazem os humanos, não é provável que consigam abafar as poderosas forças físicas e químicas que impulsionam o sistema terrestre. Entretanto, embora não possam romper completamente o sistema terrestre, podem sim afetá-lo de modo significativo. A transformação do ambiente do globo é impulsionado por um número cada vez maior de pessoas, pelo aumento do desenvolvimento econômico e conseqüente aumento da atividade industrial e consumo de energia por parte dos humanos. Destes fatores, o crescimento populacional é o mais fácil de ser quantificado: • 1950 - 2,5 bilhões • 1987 - 5,0 bilhões O aumento em menos de 40 anos foi igual ao aumento total da população mundial desde o surgimento da espécie humana até a metade deste século. Estima-se que no ano 2025 a Terra será povoada com cerca 8,5 bilhões (ONU) de pessoas, e que no final do próximo século se alcançará a estabilização, em torno de 10 bilhões de habitantes. Cerca de 95% do crescimento se dará nos países subdesenvolvidos. - 17 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Os seres humanos há muito vêm afetando o ambiente em que vivem, mas foi só neste século, particularmente nos últimos 50 anos, que o âmbito desta influência alcançou escala global. Os Mecanismos são: • queima de combustíveis fósseis que emitem gases que aprisionam o calor • liberação de produtos químicos que produzem buracos no escudo de ozônio que os protege da radiação ultravioleta • deposição de ácidos • desmatamento de florestas, que dão lugar a plantações e pastos Apesar de estar muito claro que a atividade humana se tornou neste século um fator significante nas variações climáticas que estão ocorrendo agora, ainda é extremamente difícil determinar se são as forças naturais ou a influência humana que são responsáveis por algumas tendências observadas. 2. EFEITO ESTUFA A atmosfera, um invólucro gasoso que circunda a Terra, é o motor do sistema climático físico. Quando a radiação solar penetra a atmosfera, parte dela é refletida de volta pelas nuvens e pela poeira e parte dela continua na superfície. Da radiação que atinge a superfície parte é absorvida pela terra e parte dela é refletida de volta para o espaço pelo gelo, neve, água e outras superfícies refletoras Da radiação refletida pela superfície, parte é absorvida por certos gases atmosféricos, cuja química particular não permite que a radiação infravermelha das ondas mais longas escape. Ao contrário, ela é reenviada para a terra, elevando a temperatura da superfície. Este fenômeno, que sempre operou na história da Terra é conhecido como EFEITO ESTUFA. Sem a atmosfera e o efeito estufa, a superfície terrestre ficaria congelada e não existiria vida. Casos extremos: • a atmosfera de Vênus é tão densa devido ao dióxido de carbono e o efeito estufa tão intenso que a superfície do planeta é tão quente que a vida, como a conhecemos, não sobreviveria - 18 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart • a atmosfera de Marte não possui vapor d’água - clima frio 2.1 - COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA TERRESTRE • Nitrogênio - 79% • Oxigênio - 20% • Argônio - 1% • Vapor d’água - presente em pequenas concentrações - principal gás responsável pelo efeito estufa • outros gases-estufa (*) : • Dióxido de carbono - 0,034% • CFC-11 e CFC-12 • Metano • óxido nitroso • Ozônio troposférico O problema é que as concentrações destes gases (*) estão aumentando e assim menos radiação escapa da superfície, acarretando a elevação da temperatura do Planeta. DIÓXIDO DE CARBONO - CO2 O CO2 é a maior ameaça, uma vez que é o mais abundante ( 0,034%) e devido ao aumento de sua concentração. Estima-se que do século 18 (início da industrialização) até os dias de hoje já tenha havido um aumento de 25%em suas taxas. As principais causas deste aumento são, provavelmente, queima de combustíveis fósseis e a destruição das florestas. OUTROS GASES-ESTUFA Os demais gases-estufa são, na realidade, muito mais eficientes que o CO2 , porém estão presentes na atmosfera em quantidades muito inferiores METANO - CH4 - 19 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart O metano, também conhecido como "gás natural", tem como sua principal fonte a atividade bacteriana em charcos e plantações de arroz e o aparelho digestivo de animais ruminantes e de insetos como o cupim. Sua concentração atual é da ordem de 1,7 ppm e sua taxa de crescimento ao ano é de 1,1%. O metano é, por molécula, 25 vezes mais eficaz que o CO2 na apreensão de calor. CLOROFLUORCARBONOS - CFCs Os CFCs formam um grupo de compostos sintéticos usados em refrigeração, isolamento, espumas, etc. Afora seu papel como gás-estufa também age na destruição da camada de ozônio. Sua taxa de crescimento é de 5% ao ano. Os dois CFCs com maior predominância são: • CFC-12 - 20.000 vezes mais eficiente que o CO2 • CFC-11 - 17.500 vezes mais eficiente que o CO2 OZÔNIO TROPOSFÉRICO - O3 Na estratosfera o Ozônio (O3) protege o planeta da radiação ultravioleta; no entanto, mais perto do solo - na troposfera - ele torna-se um poderoso gás-estufa, produzido pelas reações que envolvem hidrocarbonetos e óxidos nitrosos, liberados durante a queima de combustíveis fósseis. A concentração de ozônio troposférico parece estar aumentando em muitos pontos do Hemisfério Norte. 2.2. PROVÁVEIS CONSEQÜÊNCIAS DO “EFEITO ESTUFA” a. Grande Esfriamento Estratosférico Uma redução do ozônio estratosférico por compostos de cloro significam menos absorção de radiação solar, e portanto, menos aquecimento. As temperaturas estratosféricas serão reduzidas entre 10 e 20 °C. b. Aquecimento da Superfície do Globo Se a concentração de CO2 dobrar , haverá um aquecimento da superfície a longo prazo ~1,5 a 5,0 °C. c. Aumento da Média de Precipitação Global - 20 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart O maior aquecimento da superfície terrestre levará a um aumento da evaporação e daí a uma maior precipitação média global. d. Aquecimento da Superfície do Polo Norte no Inverno A maior fração de água em estado líquido e de gelo mais fino no mar fará com que com que o ar da superfície do Polo Norte fique mais de 10° C mais quente do que o clima atual (3 vezes o aquecimento médio do Globo). e. Aumento da Precipitação nas Altas Latitudes do Norte Com o aquecimento do clima, a maior penetração de ar quente e úmido na região polar pode aumentar a média anual de precipitações e a vazão dos rios nas latitudes altas. f. Elevação do Nível Médio dos Mares Os cientistas esperam que o nível do mar em todo o globo suba por duas razões: Primeiramente devido ao aumento da temperatura da superfície terrestre - geleiras e a terra gelada derreterão mais rapidamente, e , em segundo lugar, devido à expansão da água dos oceanos, pela absorção do calor adicional do ar acima deles, o que, juntos levará à uma elevação de cerca de 33cm no nível dos oceanos. Segundo estudos do Resources for the Future (1989) , toda a terra que estiver hoje a uma altura de até 5 metros acima do nível do mar estará potencialmente vulnerável, nos próximos 3 séculos, aos efeitos de enchentes, particularmente ressacas e à intrusão de água salgada nos estuários e nos lençóis subterrâneos ( Ex: República das Maldivas, Bangladesh e Egito) 3. CAMADA DE OZÔNIO As moléculas de oxigênio (O2), abundantes em toda a atmosfera, são divididas em átomos individuais (O+O) quando energizadas pela radiação do sol. Estes átomos estão livres para colidir com outras moléculas de O2 para formar o ozônio (O3). Esta configuração especial das moléculas de ozônio permite-lhes absorver a radiação solar em ondas ultravioletas que são prejudiciais à vida quando penetram até a superfície da Terra. A concentração total de ozônio estratosférico permanece constante, uma vez que estas moléculas são parcialmente removidas por outras reações químicas naturais. - 21 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Bem acima da estratosfera, a densidade de gases é tão baixa que os átomos de oxigênio raramente encontram outras moléculas com as quais colidir e o ozônio não existe em abundância. Abaixo da camada de ozônio, há penetração de pouca radiação solar para permitir a formação de quantidades razoáveis de ozônio. Desta forma. a maior parte do ozônio do mundo está em uma camada estratosférica a uma altitude de 10 a 35 quilômetros. Mais perto do solo, na troposfera, o ozônio produzido através de uma série de reações químicas é um gás-estufa eficaz. Assim sendo, o ozônio desempenha dois papéis diferentes nas mudanças no ambiente do globo: • na estratosfera, como escudo protetor contra as radiações ultravioletas • na troposfera, como gás-estufa e perigosos à saúde. Os pesquisadores levantaram, em 1974, a hipótese de que as crescentes concentrações de CFCs, compostos sintéticos quimicamente muito estáveis na atmosfera baixa, passam inalterados pela troposfera. Ao entrar na estratosfera, os CFCs encontram radiações ultravioletas altamente energéticas que os desintegram, provocando a liberação de seus átomos de cloro. Estes átomos de cloro podem então engajar-se com o ozônio em uma reação catalítica na qual cada fragmento de cloro consegue destruir até 100.000 moléculas de ozônio antes de ser removido por outros processos químicos. Apesar de serem produzidos, principalmente, nos países industrializados da Europa e da América do Norte, os CFCs misturam-se na atmosfera baixa, de modo que existem muitas moléculas de CFC tanto na Antártida como em qualquer outra parte do globo. Entre 1977 e 1984 as concentrações de ozônio estratosférico haviam diminuído mais de 40% em relação aos níveis básicos dos anos 60. Em 1985, pesquisadores descobriram um buraco na camada de ozônio na Antártida; em 1987 foi assinado o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Debilitam a Camada de Ozônio, o qual exigia uma redução de 50%, em 1999, na produção de CFC a partir dos níveis de 1986. 3.1.Efeitos da destruição da Camada de Ozônio Ser humano: • danifica o sistema imunológico humano - 22 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart • formação de cataratas • câncer de pele Plantas: • tamanho reduzido das folhas • crescimento refreado • baixa qualidade das sementes • maior suscetibilidade às pragas, doenças e pestes Vida marinha: • quantidades grandes de radiação ultravioleta podem matar o fitoplâncton - alga marinha microscópica que forma a base da cadeia alimentar marinha. 4. CHUVA ÁCIDA A deposição de ácidos acontece quando poluentes, particularmente nitrogênio e óxidos de enxofre, são emitidos de chaminés, fundições e escapamentos de automóveis para a atmosfera. Estes óxidos são convertidos, através de uma série de reações químicas, em ácidos sulfúricos (H2SO4) e nítricos (HNO3) que voltam à superfície da terra dissolvidos na chuva. Os ácidos também podem ser depositados na forma seca. Sua principal fonte são os óxidos de enxofre, formado quando o carvão é queimado como combustível e quando minérios de ferro com alto teor de sulfeto são usados em fundições. A segunda maior fonte são os óxidos de nitrogênio, formados quando combustíveis fósseis são queimados - gasolina, óleo e gás natural. Os grandes responsáveis são sem dúvida os automóveis. A acidez na água pode fazer com que rios e lagos percam sua capacidade de sustentar espécies que prosperaram em condições menos ácidas. É provável a ligação das chuvas ácidas com o fenômeno waldersterben (morte das florestas), ocorrido no final dos anos 70 na Alemanha e com a corrosão dos materiais de construção (mármore e calcário). - 23 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart 5. DESMATAMENTO As florestas tropicais estão sendo rapidamente destruídas por causa da pressão da crescente população por terras cultiváveis e madeiras comburentes e por causa da forte pressão dos mercados mundiais por madeiras nobres. Dados colhidos por satélites fornecem estimativas razoavelmente confiáveis das taxas de desmatamento; se persistirem, o planeta brevemente estará virtualmente desprovido de florestas tropicais. Estas maciças alterações na vegetação da Terra têm muitas consequências. Como foi observado, a liberação de dióxido de carbono aumenta em aproximadamente 20% a liberação da queima de combustíveis fósseis. Outros gases, como os óxido de nitrogênio e o ozônio também são produzidos, direta ou indiretamente pelas queimadas. O desmatamento também pode provocar a degradação a longo prazo da fertilidade do solo e está intimamente ligado a mudanças significativas na hidrologia e clima regionais. Talvez o impacto mais sério seja a perda de recursos genéticos. Estima-se que a perda de espécies causada pelo desmatamento, é cerca de 10.000 maior do que a taxa de extinção natural que existia antes do aparecimento do ser humano. Muitas destas mudanças são irreversíveis e o total alcance de suas consequências ainda é muito pouco conhecido. de perda de espécies, entre outros. - 24 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart ASPECTOS CLIMÁTICOS DO NORDESTE BRASILEIRO CLIMA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Baixos índices pluviométricos (< 800 mm/ano) Chuvas concentradas em poucos meses – estação chuvosa bem definida Norte do Nordeste – Março/ Abril/Maio CLIMA SEMI-ÁRIDO COMO? Floresta Amazônica Bacia do Congo Indonésia/Norte da Austrália EXPLICAÇÃO: CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA - 25 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Fonte de calor nos trópicos Indonésia – maior atividade convectiva Desertos – 20º - 30º norte e sul associada à circulação leste-oeste existe também a circulação norte-sul – presença da ZCIT Circulação de Hadley - 26 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart VARIAÇÕES SAZONAIS DAS PRECIPITAÇÕES Chuvas concentradas em poucos meses Estação chuvosa bem definida – épocas diferentes Diferentes sistemas organizadores de convecção Março/abril – posição mais ao sul da ZCIT Maio/junho – ondas de leste Dezembro – frentes frias - 27 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL Zona de baixa pressão sobre os oceanos equatoriais Ventos Alísios convergem Baixa pressão Movimento ascendente Grande convecção Altos índices de precipitação Forma linear – sobre o Oceano Atlântico Faixa latitudinal de nebulosidade A ZCIT É NA VERDADE: A zona de confluência dos Alísios A zona de máxima temperatura da superfície do mar A zona de máxima cobertura de nuvens O CONJUNTO TODO - DESLOCAMENTO NORTE/SUL DURANTE O ANO Maio Julho - 28 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart LOCALIZAÇÃO – 14ºN a 2ºS Maior parte dos continentes – hemisfério norte Cobertura maior de gelo – Antártida Equador Meteorológico ≠ Equador Geográfico POR QUE SE DESLOCA? Segue o deslocamento intra-anual do sol (estações do ano) Atraso ± 3 meses Verão do HS – dezembro (+ 3 meses) →março Posição mais ao sul – março → estação chuvosa do norte do nordeste FRENTES FRIAS Zonas Frontais ou Sistemas Frontais Delgadas zonas de transição – massas de características diferentes Massa que avança – denominação Frentes frias – todo o ano Consegue subir mais para o norte – nov/dez/jan →estação chuvosa do sul do Nordeste - 29 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart VÓRTICES CICLÔNICOS DE AR SUPERIOR Sistemas de baixa pressão Circulação ciclônica (sentido horário) Baixas temperaturas em seu centro (movimento subsidente de ar seco) Altas temperaturas em suas bordas (movimento ascendente de ar úmido) Céu claro – centro - 30 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart Tempo chuvoso – periferia COMO SE FORMAM? - 31 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart VARIAÇÕES INTERANUAIS DAS PRECIPITAÇÕES ZCIT Anos chuvosos – 5ºS Anos secos – hemisfério norte TSM PNM - 32 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart EL NIÑO - 33 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart IMPACTOS GLOBAIS DO EL NIÑO (www.cpc.noaa.gov/products/analysis_monotoring/ensocycle/elninosfc.html) - 34 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart IMPACTOS GLOBAIS DA LA NIÑA (www.cpc.noaa.gov/products/analysis_monotoring/ensocycle/laninasfc.html) - 35 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart - 36 - Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Parte I) –Profa. Ticiana Studart SITES ELNIÑO E LA NIÑA: http://www.dir.ucar.edu esig lanina summary.html/ http://www.pmel.noaa.gov toga-tao a-nina-story html/ http://www.pmel.noaa.gov toga-tao tao-tour.html/ LISTA DE SITES METEOROLÓGICOS EM TODOS OS PAÍSES: http://www.cptec.inpe.br well_come meteosip html/ - 37 -