Givanildo Donizeti de Melo Sobre a dimensão do quadrado de um espaço métrico compacto X de dimensão n e o conjunto dos mergulhos de X em R2n São José do Rio Preto 2016 Givanildo Donizeti de Melo Sobre a dimensão do quadrado de um espaço métrico compacto X de 2n dimensão n e o conjunto dos mergulhos de X em R Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Matemática, junto ao Programa de Pós-Graduação em Matemática, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de São José do Rio Preto. Orientadora: Prof a Dra. Thaís Fernanda Mendes Monis São José do Rio Preto 2016 Melo, Givanildo Donizeti de. Sobre a dimensão do quadrado de um espaço métrico compacto X de dimensão n e o conjunto dos mergulhos de X em R2n / Givanildo Donizeti de Melo. -- São José do Rio Preto, 2016 79 f. : il. Orientador: Thaís Fernanda Mendes Monis Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas 1. Matemática. 2. Topologia algébrica. 3. Teoria da dimensão (Topologia). 4. Mergulhos (Matemática) 5. Espaços de funções. I. Monis, Thaís Fernanda Mendes. II. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. III. Título. CDU – 513.831 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE UNESP - Câmpus de São José do Rio Preto Givanildo Donizeti de Melo Sobre a dimensão do quadrado de um espaço métrico compacto X de dimensão n e o conjunto dos mergulhos de X em R2n Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Matemática, junto ao Programa de Pós-Graduação em Matemática, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de São José do Rio Preto. COMISSÃO EXAMINADORA Profa. Dra. Thaís Fernanda Mendes Monis UNESP - Rio Claro Orientadora Prof. Dr. Thiago de Melo UNESP - Rio Claro Prof. Dr. Daniel Vendrúscolo UFSCar - São Carlos São José do Rio Preto 23 de março de 2016 Resumo Nesse trabalho nós estudamos o seguinte resultado: para um espaço métrico compacto X, de dimensão n, X em R2n é denso no espaço das dim(X × X) < 2n. A demonstração o subespaço dos mergulhos de funções contínuas de X em R2n se, e somente se, apresentada é aquela dada por J. Krasinkiewicz e por S. Spiez. Palavras-chave: Dimensão. Mergulhos. Espaços métricos compactos. Abstract In this work we study the following result: given a compact metric space n, X into R2n is dense in the space of all dim(X × X) < 2n. The presented proof the subspace consisting of all embeddings of continuous maps of X into R2n if and only if is the one given by J. Krasinkiewicz e por S. Spiez. Keywords: X of dimension Dimension. Embeddings. Compact metric space. Sumário 1 Teoria de dimensão 4 1.1 A pequena dimensão indutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2 Teoremas de separação e de alargamento para dimensão zero . . . . . . . . . . . . 7 1.3 Resultados da teoria de dimensão para espaços de dimensão zero . . . . . . . . . . 15 1.4 Vários tipos de desconexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.5 Os teoremas da soma, decomposição, adição, alargamento, separação e produto cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.6 Caracterização da dimensão em termos de funções em esferas . . . . . . . . . . . . 33 1.7 Grande dimensão indutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.8 Dimensão por cobertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 1.8.1 Espaço de Baire . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 1.8.2 Mergulho de Variedades 44 1.8.3 Teorema de MergerNöbeling . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 A dimensão do produto cartesiano e mergulhos em Rn 2.1 A densidade dos mergulhos em n implica dim(X × X) < 2n R 2n de um espaço métrico compacto 59 X de dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Funções transversalmente triviais e mergulhos em 2.3 Aplicação do Teorema 2.1 2n 45 61 . . . . . . . . . . . . . . . . 70 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 1 R Introdução A teoria de dimensão apresenta um resultado clássico, devido a K. Menger e G. Nöbeling, que n pode ser mergulhado em R2n+1 . 2n+1 toda função contínua de X em R pode ser aproximada 2n+1 C(X, R ) o espaço de todas as funções contínuas de X X estabelece que todo espaço métrico compacto Mais forte, o resultado estabelece que por um mergulho. Se denotamos por em R2n+1 , de dimensão munido da métrica da convergência uniforme ρ(f, g) = sup{kf (x) − g(x)k}, x∈X E(X, R2n+1 ) C(X, R2n+1 ) consistindo dos mergulhos de X em R2n+1 , então o Teorema de MengerNöbeling nos diz que E(X, R2n+1 ) é denso em C(X, R2n+1 ). A e se denotamos por o subespaço de prova do Teorema de MengerNöbeling (Teorema 1.32) é uma aplicação do Teorema da Categoria de Baire (Teorema 1.26). Estabelecido o Teorema de MengerNöbeling, uma pergunta natural é: para quais espaços métricos compactos X tem-se a propriedade de que toda função contínua f : X → RN pode ser aproximada por um mergulho? Por ora, sabemos apenas que uma condição suciente é que N seja maior que o dobro da dimensão de X. Em 1983, D. McCullough e L. R. Rubin [9] estabeleceram que essa condição também seria necessária no caso em que N é par. Acontece que alguns anos depois de publicado o artigo [9], J. Krasinkiewicz e K. Lorentz encontraram um furo na demonstração de um dos lemas cruciais para a conclusão do resultado. Mais tarde, D. McCullough e L. R. Rubin encontraram por si mesmos um contra-exemplo para o resultado que haviam estabelecido em [9]: para cada X com 2n E(X, R ) denso em n ≥ 2, 2n C(X, R ). eles determinaram um espaço métrico compacto Curiosamente, todos os contra-exemplos X McCullough e Rubin possuíam a propriedade de que a dimensão do produto cartesiano menor do que o dobro da dimensão de compacto X, X. Denotando por dim(X) dados por X ×X era a dimensão do espaço métrico a conjectura que então estabeleu-se foi: ` `Dado um espaço métrico compacto X n, tem-se E(X, R2n ) dim(X × X) < 2 dim(X). de dimensão se, e somente se, denso em C(X, R2n ) A conjectura acima foi provada verdadeira em [1] por A. N. Dranisnikov, D. Repovs e E.V. Scepin, nos seguintes termos: 2 [[1], Teorema 1.1] E(X, R2n ) X um espaço métrico compacto com dim(X) = n, n ≥ 1. C(X, R2n ) se, e somente se, dim(X × X) < 2n. Seja é denso em Então, Independentemente, J. Krasinkiewicz provou em [4] uma das implicações da conjectura: [4] Seja X em um espaço métrico compacto de dimensão C(X, R2n ) então n, n > 1. Se o subespaço E(X, R2n ) é denso dim(X × X) < 2n. E S. Spiez, também independentemente, provou em [11] a outra implicação da conjectura, com a condição de que [11] Se X 2n E(X, R ) dim(X) ≥ 3: é um espaço métrico compacto de dimensão é denso em n>3 e dim(X × X) < 2n então o espaço 2n C(X, R ). O objetivo desse trabalho é o de apresentar as demonstrações de J. Krasinkiewicz e de S. Spiez dadas em [4] e [11], respectivamente. O trabalho está organizado do seguinte modo: no Capítulo 1, apresentamos uma discussão razoável sobre a teoria de dimensão. Tal apresentação é baseada em [3]. A teoria de dimensão é um ramo da Topologia especializado na denição e no estudo da noção de dimensão em certas classes de espaços topológicos. Veremos que é possível denir a dimensão de um espaço topológico três modos diferentes: via a pequena dimensão indutiva ind(X), X de via a grande dimensão indutiva Ind(X) ou via a dimensão de cobertura dim(X). Essas três funções dimensão coincidem na classe dos espaços métricos separáveis, i.e., ind(X) = Ind(X) = dim(X) para todo espaço métrico separável X . Uma vez que todo espaço métrico compacto X é separável, quando estivermos tratando dos resultados de [4] e [11], todos os resultados discutidos para ind(X), Ind(X) e dim(X) poderão ser utilizados pois, nesse caso, esses números coincidem. O Teorema de MengerNöbeling é estabelecido ao nal do capítulo, na Subseção 1.8.3 - Teorema 1.32. O Capítulo 2 é devotado propriamente aos resultados de [4] e [11]. 3 Capítulo 1 Teoria de dimensão Na teoria de dimensão existem três denições diferentes de dimensão topológica: a pequena dimensão indutiva, a grande dimensão indutiva e a dimensão por cobertura. Neste capítulo apresentaremos também alguns resultados desta teoria como o Teorema da Soma, do Produto Cartesiano, de coincidência entre outros. 1.1 A pequena dimensão indutiva Denição 1.1. ind X , ind X Para todo espaço regular é um número inteiro maior ou igual a a pequena dimensão indutiva de −1 ou o número innto ∞. X, denotada por Denimos a dimensão da seguinte forma: (M U 1) ind X = −1 ⇔ X = ∅; (M U 2) ind X 6 n, onde n = 0, 1, . . ., um conjunto aberto U ⊂X se para todo se (M U 4) ind X = ∞ e cada vizinhança V ⊂X de tal que x∈U ⊂V (M U 3) ind X = n x∈X e ind ∂U 6 n − 1; n − 1 < ind X 6 n; se ind X > n A pequena dimensão indutiva ind para todo n = −1, 0, 1, . . .. é também chamada de dimensão de MengerUrysohn. 4 x existe ind X > n − 1 quando ind X 6 n − 1 não é satisfeito. Assumimos que as fórmulas n 6 ∞ e n + ∞ = ∞ + n = ∞ + ∞ = ∞ são verdadeiras para todo n ∈ Z. Sejam X e Y espaços regulares. Se X e Y são homeomorfos então ind X = ind Y , i.e., a Dizemos que pequena dimensão indutiva é um invariante topológico. Exemplo 1.1. Se X é um espaço discreto então ind X = 0. A reciproca é falsa. Provaremos neste trabalho que ind Q = 0, assim como Q não é um espaço discreto temos um contra-exemplo para a reciproca do exemplo acima. Sabemos que todo subespaço dimensão ind é denida para Teorema 1.1. X, M M ind X de um espaço regular ind X = ∞. Demonstração. O teorema é óbvio se um subespaço de do subespaço, existe aberto de X X, x ∈ M V1 ⊂ X ind X = −1. e uma vizinhança aberto de X tal que O conjunto ind M 6 ind X . ind X < ∞. Suponha por hipótese de indução 6 n − 1. V ⊂M V = M ∩ V1 . de x. Suponha que ind X = n. Pela denição de topologia Como ind X 6 n, existe U1 ⊂ X U = M ∩ U1 ind(∂U1 ) 6 n − 1. e é aberto em M M , ∂M (U ) = M ∩ (M ∩ U1 ) ∩ (M \U1 ). Como X. tal que x ∈ U1 ⊂ V1 em tem-se de Assim, consideraremos o caso que o teorema é válido para todo espaço regular com dimensão M X M Assim, se a para provar o resultado. Claramente, a desigualdade é verdadeira se Sejam é também regular. ela também é denida para todo subespaço Para todo subespaço Usaremos indução nita sobre X de um espaço regular e satisfaz x ∈ U ⊂ V. Assim a fronteira ∂M (U ) A fronteira do conjunto é um subespaço de ind(∂U1 ) 6 n − 1 segue por hipótese de indução que ind(∂M (U )) 6 ind(∂U1 ) 6 n − 1. U ∂(U1 ). Logo, ind M 6 n. Portanto, ind M 6 ind X = n. Denição 1.2. Seja X um espaço topológico. que um conjunto L⊂X é uma partição entre Sejam A e B AeB subespaços disjuntos de se existem conjuntos abertos X. Dizemos U, W ⊂ X satisfazendo as condições A ⊂ U, Claramente, a partição L B ⊂ W, U ∩W =∅ é um subconjunto fechado de 5 e X. X\L = U ∪ W. (1.1) Proposição 1.1. Um espaço regular somente se, para todo x∈X L ind L 6 n − 1. entre x B e tal que X Demonstração. Seja conjunto fechado x tal que x∈U ⊂V e x∈ / B. Por hipótese ind X 6 n, L = ∂U existe uma partição n > 0. com se, e existe uma partição Considere logo existe um conjunto aberto B ⊂ X\V ⊂ X\U = W, x e B, L entre x e B tal que e W U ∩W =∅ x∈X x∈X e um V ⊂X U ⊂X de tal que pois os conjuntos abertos e U e X\L = U ∪ W. e cada conjunto fechado ind L 6 n − 1. x, existe L uma partição entre x e B = X\V U x∈ / B, é regular, existe uma vizinhança é uma partição entre Reciprocamente, suponha que para todo abertos tal que n>0 satisfazem: {x} ⊂ U, de ind X 6 n X Como B⊂X com ind(∂U ) 6 n − 1. Note que o conjunto W = X\U e cada conjunto fechado tal que ind X 6 n, tem a pequena dimensão um espaço regular tal que B ⊂X V ⊂ X\B . X tal que Assim, dado B⊂X tal que x∈ / B, x e uma vizinhança V ⊂ X ind L 6 n − 1, com isso existem conjuntos satisfazendo as condições de (1.1). Temos, x ∈ U ⊂ X\W ⊂ X\B = V e ∂U = (X\U ) ∩ U ⊂ (X\U ) ∩ (X\W ) = X\(U ∪ W ) = L, assim ind ∂U 6 n − 1. Observação 1.1. X possui uma base Lema 1.1. Portanto, ind X 6 n. X satisfaz para todo U ∈ B. Obviamente, um espaço regular B tal que ind ∂U 6 n − 1 Se um espaço topológico uma família enumerável B0 X ind X 6 n com n>0 tem base enumerável, então toda base que é uma base para B de se, e só se, X contém X Demonstração. Ver [3], página 6. A partir do lema acima, reescrevemos a Observação 1.1 na seguinte forma: Teorema 1.2. se, X Um espaço métrico separável tem base enumerável B tal que X satisfaz ind ∂U 6 n − 1 6 ind X 6 n para todo com U ∈ B. n>0 se, e somente 1.2 Teoremas de separação e de alargamento para dimensão zero Um espaço regular X ind X = 0 tal que será chamado um espaço de dimensão zero. Abaixo, reescrevemos os resultados da seção anterior para os espaços de dimensão zero. Proposição 1.2. Um espaço regular não vazio e para todo U ⊂X tal que x∈X X é um espaço de dimensão zero se, e somente se, e cada vizinhança V ⊂X de x X é existe um conjunto aberto e fechado x∈U ⊂V. Proposição 1.3. Todo subespaço não vazio de um espaço de dimensão zero é também de dimensão zero. Proposição 1.4. para todo entre x e x∈X Um espaço regular X e cada conjunto fechado é de dimensão zero se, e somente se, B⊂X tal que x∈ /B X é não vazio e o conjunto vazio é uma partição B. Proposição 1.5. Um espaço métrico separável X é de dimensão zero se, e somente se, X é não vazio e tem uma base enumerável de conjuntos abertos e fechados. Nesta seção introduziremos os teoremas de separação e o teorema de alargamento para dimensão zero. Antes disso, apresentamos alguns exemplos de espaços de dimensão zero. Exemplo 1.2. O espaço dos números irracionais, R\Q ⊂ R, é de dimensão zero pois possui uma base enumerável que consiste de conjuntos abertos e fechados. A saber, os conjuntos da forma (R\Q) ∩ (a, b), onde Similarmente, a, b ∈ Q. Q ⊂ R é de dimensão zero. geralmente, se um espaço métrico ind X = 0. tal que De fato, para todo B(x, r) ⊂ V , já que V (X, d) x∈X Também X e cada vizinhança é aberto. Também existe seria pelo menos a do intervalo contradiz a hipótese. Note que é de dimensão zero. não vazio possui cardinalidade menor que a de pois caso contrário todas as esferas de raio menor que a cardinalidade de Qn ⊂ Rn U = B(x, t) V ⊂X t<r r de x tal que d(x, y) 6= t x ∈ U ⊂ V, pois ∂U ⊂ {y ∈ X | d(x, y) = t} = ∅ ⇒ ind ∂U = −1. 7 para todo X que por sua vez é igual a de satisfaz a condição então existe um número positivo possuiriam um elemento de (0, r), R, Mais r y ∈ X, e, assim, R, o que é aberto e fechado, Portanto, X é de dimensão zero. Proposição 1.6. Um subespaço X ⊂R não vazio é de dimensão zero se, e somente se, ele não contém nenhum intervalo. X ⊂R Demonstração. De fato, suponha Proposição 1.3, ind(a, b) = 0. conjunto aberto e fechado (a, b). Logo, X Assim, para todo U (X ponto que c e x. X ∩ (a, b), Para cada x ∈ U ⊂ V. d tal que x∈X e cada x ∈ U ⊂ V, (a, b). Pela V ⊂ (a, b) vizinhança de x existe um o que contradiz a conexidade do intervalo não contém nenhum intervalo. Reciprocamente, suponha que da forma de dimensão zero e contendo um intervalo onde a<x<b V = X ∩ (a, b) X com a e b ∈ R, Dado x ∈ X , os conjuntos constituem uma base para o espaço onde c ∈ (a, x)\X não contém nenhum intervalo e, daí, e (a, x) * X X U ⊂V podese encontrar um conjunto aberto e fechado U = X ∩ (c, d), Basta denir existem pois X ⊂ R não contém nenhum intervalo. no tal d ∈ (x, b)\X . Note que (x, b) * X . Portanto, e ind X = 0. Exemplo 1.3. O conjunto de Cantor C ⊂ R consiste de todos os números de I = [0, 1] que tem uma extensão triádica em que o algarismo 1 não ocorre, isto é, o conjunto dos números da forma ∞ ∞ X \ 2xi x= , onde xi é igual a 0 ou 1. Note que C = Fi , onde o conjunto F1 é obtido de I 3i i=1 i=1 removendo o intervalo do meio (1/3, 2/3), o conjunto F2 é obtido de F1 removendo os intervalos do meio (1/9, 2/9) e (7/9, 8/9) 0 1 O conjunto Como C Fi consiste de é fechado em I, 2i de ambas as partes de 0 1 3 2 3 F1 , 1 e assim por diante. 0 1 2 1 9 9 3 intervalos disjuntos de comprimento 2 7 8 3 9 9 1 1/3i . temos que o conjunto de Cantor é subespaço compacto de R. Observe também que o conjunto de Cantor é de dimensão zero pois não contém nenhum intervalo. Teorema 1.3 (O primeiro teorema de separação para dimensão 0). separável de dimensão zero, então para todo par o conjunto vazio é uma partição entre tal que A⊂U e A e B, A, B Se X é um espaço métrico de subconjuntos disjuntos fechados em isto é, existe um conjunto aberto e fechado B ⊂ X\U . 8 X, U ⊂X Demonstração. Para todo V = X\B . x ∈ X x ∈ / A temos que Logo, existe um conjunto aberto e fechado A ∩ Wx = ∅ {Wx }x∈X A cobertura aberta de X x ∈ / B. ou Wx ⊂ X x ∈ / B Suponha que x ∈ Wx tal que e tome e B ∩ Wx = ∅. ou (1.2) {Wi }i∈N , possui uma subcobertura enumerável pois X é um espaço métrico separável. Os conjuntos ! [ U i = W xi \ ⊂ W xi , W xj onde i ∈ N, j<i são abertos e constituem uma cobertura do espaço U= Obviamente, dois disjuntos, [ {Ui | A ∩ Ui 6= ∅} A⊂U e segue de (1.2) que W = X\U , Observação 1.2. Dena W = e B ⊂ W. implicando que o conjunto [ {Ui | A ∩ Ui = ∅}. Uma vez que os conjuntos U é aberto e fechado e Note que na prova do Teorema 1.3 a hipótese de separável pode ser substituída pela condição de X Dois subconjuntos A e B X Ui 's são dois a B ⊂ X\U . ser um espaço métrico ser espaço de Lindelöf, isto é, um espaço regular que tem a propriedade que toda cobertura aberta de Denição 1.3. X. X possui uma subcobertura enumerável. de um espaço topológico X estão separados se A ∩ B = ∅ = A ∩ B. Os conjuntos A e B são separados se, e somente se, eles são disjuntos e abertos (ou fechados) em sua união, isto é, se A∪B de A∩B = ∅ e o conjunto vazio é uma partição entre A e B no subespaço X. O segundo teorema de separação para dimensão zero será deduzido dos dois seguintes lemas: Lema 1.2. Para todo par conjuntos abertos U, W ⊂ X A, B de subconjuntos separados no espaço métrico d(x, Z) existem tais que A ⊂ U, Demonstração. Dena (X, d) f : X → R+ denota a distância do ponto B⊂W por x U ∩ W = ∅. e f (x) = d(x, A) a um conjunto e Z. g : X → R+ por g(x) = d(x, B), Sabemos que f g e são contínuas, pois são funções lipschitzianas. Assim, os conjuntos U = {x ∈ X | f (x) − g(x) < 0} e 9 onde W = {x ∈ X | f (x) − g(x) > 0} A⊂U são abertos. Note que igualdade U ∩W =∅ Lema 1.3. e B⊂W pois f −1 (0) = A, g −1 (0) = B U segue diretamente da denição de e M um subespaço de um espaço métrico disjuntos fechados de X. Para toda partição são subconjuntos abertos de espaço Se X M entre B e A ⊂ V1 , B ⊂ V2 tais que a qual satisfaz X, no espaço X então para toda partição A entre Demonstração. Seja L0 subconjuntos abertos e B L0 satisfazendo no espaço X M M ∩ V1 ⊂ U 0 , de M e e entre A, B entre A, B um par de subconjuntos M ∩ V1 e M ∩ V2 , onde V1 , V2 existe uma partição L no um par de subconjuntos disjuntos M ∩A e M ∩B existe uma partição M ∩ L ⊂ L0 . M uma partição qualquer no espaço U 0, W 0 X V1 ∩ V2 = ∅, e são separados. A M ∩ L ⊂ L0 . é um subespaço fechado de um espaço métrico fechados de L A X M no espaço B e W. Sejam L0 A e entre M ∩ V1 e M ∩ V2 . Então existem tais que M ∩ V2 ⊂ W 0 , U0 ∩ W 0 = ∅ M \L0 = U 0 ∪ W 0 . e Provemos que A ∩ W 0 = ∅ = B ∩ U 0. De fato, sabemos que temos V1 ∩ W 0 = ∅, Os conjuntos U0 V1 ∩ W 0 = M ∩ V1 ∩ W 0 ⊂ U 0 ∩ W 0 = ∅ que implica e W0 (1.3) A ∩ W 0 = ∅. e, como o conjunto Do mesmo modo prova-se V1 B ∩ U 0 = ∅. são disjuntos e abertos na sua união, assim eles estão separados, isto é, U 0 ∩ W 0 = ∅ = U 0 ∩ W 0. Os subconjuntos Se A ∪ U0 e B ∪ W0 x ∈ A então, por (1.3), x ∈ / W 0. é absurdo, pois Logo, A ∩ B = ∅. x∈ / B ∪ W, (1.4) estão separados. Com efeito, seja Sabe-se também que Agora se absurdo. Portanto, x ∈ U 0, x ∈ (A ∪ U 0 ) ∩ (B ∪ W 0 ). x ∈ B ∪ W 0 ⊂ B ∪ W 0. por (1.3) temos x∈ / B =B (A ∪ U 0 ) ∩ (B ∪ W 0 ) = ∅. Logo, Pelo Lema 1.2, existem conjuntos abertos A ∪ U 0 ⊂ U, L = X\(U ∪ W ) U, W ⊂ X B ∪ W0 ⊂ W é uma partição no espaço X U ∩ W = ∅. entre A e B. M ∩ L = M \(U ∪ W ) ⊂ M \(U 0 ∪ W 0 ) = L0 . 10 x∈ / W 0. Do mesmo modo prova-se que tais que e x∈B=B e por (1.4) (A ∪ U 0 ) ∩ (B ∪ W 0 ) = ∅. O conjunto é aberto, Note que O que prova a primeira parte do Lema 1.3. L0 Para provar a segunda parte, seja existem conjuntos abertos U1 , W1 M ∩ A ⊂ U1 , Como em M uma partição entre M ∩ B ⊂ W1 , V1 , V2 em X e M ∩B M, em ou seja, satisfazendo: U1 ∩ W1 = ∅ A ∩ (M \U1 ) = ∅, B ∩ (M \W1 ) = ∅ existem conjuntos abertos M ∩A X e M \L0 = U1 ∪ W1 . e X é um espaço métrico (e assim, é normal) tais que A ⊂ V1 ⊂ V1 ⊂ X\(M \U1 ), B ⊂ V2 ⊂ V2 ⊂ X\(M \W1 ) Obviamente, L0 M ∩ V1 é uma partição entre e e V1 ∩ V2 = ∅. M ∩ V2 em M U1 , W1 pois os abertos em M satisfazem às condições de (1.1). Aplicando a primeira parte do Lema 1.3, existe uma partição L entre A B e em X e M ∩L ⊂ L0 . Teorema 1.4 (O segundo teorema de separação para dimensão 0). arbitrário e Z é um subespaço separável e de dimensão zero de subconjuntos fechados disjuntos de X existe uma partição Demonstração. Considere os conjuntos abertos V1 , V2 ⊂ X L entre Proposição 1.7. Seja M existe um conjunto aberto M 6= ∅ U em X e para todo B x ∈ M L entre {x} e B B tal que e V tal que Z ∩ V1 e e V1 ∩ V2 = ∅. Z ∩ V2 . Aplicando desejada. x∈M X. e cada vizinhança uma vizinhança de X. L ∩ M = ∅. x em X, tome V Então de B = X\V . x M é de no espaço B ⊂ W, Assim, {x} e Pelo segundo teorema de separação, existe uma Ou seja, existem conjuntos abertos que {x} ⊂ U, L ∩ Z = ∅. A ⊂ V1 , B ⊂ V2 entre de M ∩ ∂U = ∅. e são fechados disjuntos do espaço métrico partição e A, B tal que x∈U ⊂V Demonstração. Dado é um espaço métrico um subespaço separável de um espaço métrico dimensão zero se, e somente se, X L Z X então para todo par A tais que Pelo Teorema 1.3, o conjunto vazio é uma partição no espaço a primeira parte do Lema 1.3, obtemos a partição X, Se U ∩W =∅ 11 e X\L = U ∪ W. U, W ⊂ X tal Para provar que M ∩ ∂U = ∅ x ∈ X\L = U ∪ W . Agora, se x ∈ W, Portanto, x∈U Então W como x∈U ⊂V e X aberto em X x M, em M M, U0 ⊂ V 0 e ∂U 0 U Proposição 1.8. e somente se, M 6= ∅ M e X X x no espaço Assim X, tal que M ∩ ∂U = ∅, M U De fato, seja é aberto, segue que aberto x∈U ⊂V temos que x∈ / ∂U . V de e X M ∩ ∂U = ∅. contendo U0 = U ∩ M B para todo U ⊂X | ∂U ∩ M = ∅} C x. V Seja de x V0 uma no U Então, para é uma vizinhança de x X é de dimensão zero se, tal que U ∈ B. de dimensão zero. Então, para todo tem base enumerável. Pelo Lema 1.1, e cada vizinhança ind M = 0. tem uma base enumerável M x∈M de um espaço métrico separável existe um conjunto aberto C = {U ⊂ X como para algum aberto M ∩ ∂U = ∅, Demonstração. Suponha x ∈ U, X\L ⊂ X\∂U . x∈ / ∂U . é vazia. Portanto, Um subespaço e em V0 = V ∩M i.e., em Se não vazio e que para todo x∈U ⊂V tal que x ∈ W. ou seja, M ∩ ∂U = ∅. existe um conjunto aberto vizinhança de em ou é aberto, segue que Reciprocamente, suponha espaço ∂U ⊂ L, basta mostrar que tal que é uma base de x∈M x∈U ⊂V X. Como e cada vizinhança e X contém uma família enumerável V de ∂M (U ) = M ∩ ∂U = ∅. é separável segue que X B que é uma base para B tal que X. Reciprocamente, suponha para todo U ∈ B. M ∩ ∂U = ∅. Então, M 6= ∅ e que X tem uma base enumerável BM = {U ∩M | U ∈ B} é uma base enumerável para M Logo, pelo Teorema 1.2, segue que e M ∩ ∂U = ∅, ∂M (U ∩M ) = ind M = 0. Podemos perguntar neste momento se todo subespaço de dimensão zero de um espaço pode ser ampliado para um subespaço de dimensão zero com alguma propriedade. subespaço O exemplo do Q de R mostra que, geralmente, subespaços de dimensão zero não podem ser ampliados a subespaços de dimensão zero fechados. O teorema abaixo mostra que estes subespaços podem ser ampliados para Denição 1.4. Gδ conjuntos de dimensão zero. Um subconjunto enumerável de conjuntos abertos de A X. do espaço E, A é um conjuntos fechados. 12 X é um Gδ conjunto Fδ conjunto se A se A é uma interseção é uma união enumerável de Exemplo 1.4. Seja (X, d) um espaço métrico. Todo subconjunto fechado conjunto e todo subconjunto aberto U ⊂X O conjunto dos números irracionais, Q = {x0 , x1 , x2 , . . .}. podemos escrever R. é um R\Q, B ⊂X é um Gδ Fδ conjunto. Gδ conjunto. é um Considere Ui = R\{xi }, De fato, como Q é enumerável, que é um subconjunto aberto de Portanto, R\Q = ∞ \ Ui . i=1 Teorema 1.5 (O teorema de alargamento para dimensão 0). dimensão zero Z de um espaço métrico X, existe um Para todo subespaço separável de Gδ conjunto Z ∗ em X tal que Z ⊂ Z∗ e Z∗ é de dimensão zero. Demonstração. Como todo subconjunto fechado de um espaço métrico é um que Z em X, é em X. Se existe um então este subconjunto é um Z = X, que Gδ conjunto com isso Z ∩ ∂U = ∅ X Gδ conjunto em um subespaço que é um no espaço X. para todo Gδ conjunto que contém o conjunto B Gδ conjunto B em X tal U ∈ B. F = ∪{∂U | U ∈ B} tem base enumerável temos Assim, podemos assumir que é separável. Pela Proposição 1.8, temos uma base enumerável Note que X Gδ conjunto Gδ conjunto, e é um Z. Fδ conjunto, e seu complementar, Da Proposição 1.8, segue que Z ∗ ∩ ∂U = ∅ para todo Z∗ Z ∗ = X\F , é um é de dimensão zero pois U ∈ B. O Teorema 1.3 fornece duas propriedades equivalentes para espaços métricos separáveis de dimensão zero: a propriedade que o conjunto vazio é uma partição entre quaisquer dois conjuntos A, B e a propriedade fechado B tal que x ∈ / B. fechados disjuntos cada conjunto que o conjunto vazio é uma partição entre todo Exemplo 1.5. x∈X e Considere o espaço de Hilbert H cujos elementos são sequências (xi )i∈N de ∞ X números reais tais que a série x2i é convergente. Para todo x = (xi ) ∈ H , a norma de x é i=1 v u∞ uX x2 , kxk = t i i=1 13 e a distância entre x = (xi ) e y = (yi ) é denida por v u∞ uX d(x, y) = t (xi − yi )2 . i=1 (H, d) Com isso, é um espaço métrico. H0 = {x ∈ H | xi ∈ Q, ∀i ∈ N} Mostraremos que no subespaço partição entre quaisquer dois pontos distintos Considere um par xi0 6= yi0 . x = (xi ), y = (yi ) x, y e ainda H0 xi 0 < t < y i 0 , o conjunto vazio é uma não é de dimensão zero. de pontos distintos de Sem perda de generalidade, pode-se assumir que H, de H0 . i0 ∈ N tal que t ∈ R\Q tal que Então, existe xi0 < yi0 . Tome e dena W = {z ∈ H0 | zi0 < t}. W Veja que Como é um conjunto aberto e fechado em x ∈ W ⊂ H0 \{y}, H0 . o conjunto vazio é uma partição entre a sequência cujos termos são todos iguais a zero e seja Mostremos que toda vizinhança U de x0 x e y. Agora, seja x0 ∈ H0 V = B(x0 , 1) = {x ∈ H0 | kxk < 1}. que está contida em V possui fronteira não nula, ou seja, ∂U 6= ∅. Deniremos, por indução, uma sequência a1 , a2 , . . . xk = (a1 , a2 , . . . , ak , 0, 0, . . .) ∈ U para k = 1, 2, . . .. números racionais de números racionais tal que e d(xk , H0 \U ) 6 1/k, As condições em (1.5) estão satisfeitas para a1 , a2 , . . ., am−1 k=1 se satisfazem as condições em (1.5) para a1 = 0 . (1.5) Suponha que os k 6 m − 1. A sequência xm i = (a1 , a2 , . . . , am−1 , i/m, 0, 0, . . .) é um elemento de um i0 <m tal que H0 para xm i0 ∈ U i = 1, 2, . . . , m. e Como xm 0 = xm−1 ∈ U e /U xm m ∈ pois kxm m k > 1, existe / U. xm i0 +1 ∈ i0 vemos facilmente que as condições em (1.5) estão satisfeitas e, assim, m k X a sequência a1 , a2 , . . . está denida. Da primeira parte de (1.5) segue que a2i < 1 para i=1 k ∞ X X a2i 6 1. Logo, a = (ai )i∈N ∈ H0 e a ∈ U . Por outro lado, da k = 1, 2, . . ., daí a2i = lim k→∞ i=1 i=1 Para k=m e am = segunda parte de (1.5), segue que Logo, H0 a ∈ H0 \U . Deste modo, não é de dimensão zero. 14 a ∈ ∂U e, portanto, ∂U 6= ∅. 1.3 Resultados da teoria de dimensão para espaços de dimensão zero Provaremos nesta seção dois resultados importantes para espaços de dimensão zero: o Teorema da Soma e o Teorema do Produto Cartesiano. Nas próximas seções provaremos estes resultados para espaços de dimensões quaisquer. Outro teorema abordado será o Teorema do Espaço Universal para dimensão zero: o conjunto de Cantor e o espaço dos números irracionais são espaços universais para a classe dos espaços métricos separáveis de dimensão zero. Este resultado foi estabelecido por W. Sierpiński em Teorema 1.6 (O teorema da soma para dimensão 0). que X = ∪ Fi , i∈N onde os Fi 's Se X 1921. é um espaço métrico separável tal são subespaços fechados de dimensão zero, então X é de dimensão zero. Demonstração. Considere um par de subconjuntos fechados disjuntos concluir que e B, X A ⊂ U, U0 , W0 U, W B ⊂ W, conjuntos abertos de A ⊂ U0 , X X X de X. Para B ⊂ W0 , U0 , W0 (1.6) U0 ∩ W0 = ∅. e U0 , U1 , U2 , . . . Wi−1 ⊂ Wi se Fi ⊂ Ui ∪ Wi , Claramente os conjuntos X = U ∪ W. e tais que satisfazendo as seguintes condições para Ui−1 ⊂ Ui , A tais que U ∩W =∅ Vamos denir indutivamente duas sequências abertos de no espaço é de dimensão zero, vamos mostrar que o conjunto vazio é uma partição entre isto é, existem conjuntos abertos Sejam A, B e (1.7) W0 , W1 , W2 , . . . de subconjuntos i = 0, 1, 2, . . .: i>1 U i ∩ W i = ∅. e F0 = ∅. onde (1.9) denidos acima satisfazem ambas as condições para Suponha, por hipótese de indução, que os conjuntos Ui , Wi (1.8) i = 0. satisfazem (1.8) e (1.9) para todo i < k. Como em Fk , Fk é de dimensão zero e os conjuntos existe um subconjunto aberto e fechado U k−1 ∩ Fk ⊂ V U k−1 ∩ Fk V de Fk e W k−1 ∩ Fk (pelo Teorema 1.3) tal que W k−1 ∩ Fk ⊂ Fk \V. e 15 são fechados e disjuntos (1.10) O conjunto X; Fk X, sendo fechado em V implica que os conjuntos Fk \V e são também fechados em segue de (1.10) que (U k−1 ∪ V ) ∩ [W k−1 ∪ (Fk \V )] = (V ∩ W k−1 ) ∪ [U k−1 ∩ (Fk \V )] = ∅, assim existem conjuntos abertos Uk , Wk ⊂ X U k−1 ∪ V ⊂ Uk , Os conjuntos Uk , Wk U0 , U1 , U2 , . . . e satisfazendo W k−1 ∪ (Fk \V ) ⊂ Wk satisfazem (1.8) e (1.9) para W0 , W1 , W2 , . . . i = k, U k ∩ W k = ∅. e assim podemos construir as sequências desejadas. Segue de (1.7), (1.8) e (1.9) que U= ∞ [ Ui W = e i=0 ∞ [ Wi i=0 satisfazem (1.6). Corolário 1.1. sequência Se um espaço métrico separável F1 , F2 , . . . X pode ser representado como a união de uma de subespaços de dimensão zero, onde Fi é Fδ conjunto ∀i, então X é de dimensão zero. Corolário 1.2. Se um espaço métrico separável dimensão zero, com um deles fechado, então Demonstração. Suponha que B A X X = A ∪ B, onde A e B são subespaços de é de dimensão zero. é fechado. O conjunto aberto X\A ⊂ B é de dimensão zero pois é de dimensão zero. Como todo subconjunto aberto de um espaço métrico é um X = A ∪ (X\A), segue do Corolário 1.1 que Corolário 1.3. X Fδ conjunto e é de dimensão zero. Se juntarmos um número nito de pontos a um espaço métrico separável de dimensão zero, obtemos então um espaço métrico separável de dimensão zero. Demonstração. Seja zero. Como Y X = Y ∪ {x1 , . . . , xn }, é separável, segue que Então, pelo Corolário 1.2, Teorema 1.7 X = Y Xi X Xi Y é um espaço métrico separável de dimensão também o é. O subconjunto {x1 , . . . , xn } é fechado de X . é de dimensão zero. (O teorema do produto cartesiano para dimensão de uma família i∈J todos espaços X onde {Xi }i∈J 0). O produto cartesiano de espaços regulares é de dimensão zero se, e somente se, são de dimensão zero. 16 Demonstração. Suponha X de dimensão zero. Logo, a um subespaço não vazio de X. Por outro lado, se todos os Xi 's Xi . é um subconjunto nito de Portanto, X (I, 6) Seja Y Ui × πii (2) πji = πki ◦ πjk sobre e Bi de Xi formadas Xi , i∈J−S Ui ∈ Bi para i ∈ S, constituem uma base para X e são é de dimensão zero. (Xi )i∈I todo i 6 j um conjunto dirigido. Dado uma família (1) são de dimensão zero. X. i uma família de funções contínuas πj é a identidade em então o par J Xi é homeomorfo Logo, os conjuntos da forma i∈S abertos e fechados em Xi são de dimensão zero, então existem bases Y S é não vazio e, então, cada Logo, todos os subespaços por conjuntos abertos e fechados de onde X Xi para todo (Xi , πji ) : Xj → Xi para de espaços topológicos, se existir com as seguintes propriedades i; para todo i 6 k 6 j; é chamado de sequência inversa de espaços topológicos e funções contínuas I. O limite da sequência inversa (ou limite inverso) é um par (X, πi ), onde X é um espaço πi = πji ◦ πj para {πi : X → Xi }i∈I é uma família de funções contínuas satisfazendo todo i 6 j e, além disso, se (Y, ψi ) é outro limite para a sequência inversa, então existe uma única função contínua ϕ : Y → X tal que o diagrama comute (equivalentemente ψi = πi ◦ ϕ para todo i) topológico e Y ψj πj ϕ X { Xj πji ψi πi $ / Xi . Observamos que o limite inverso pode ser visto como um subconjunto do produto cartesiano Y Xi . De fato, sejam i∈I ) ( X= x∈ Y X i | xi = i∈I 17 πji (xj ), ∀i 6j∈I πi : X → Xi a restrição em X da projeção canônica, para i ∈ I . Note que πi = πji ◦ πj para todo i 6 j . Agora, se (Y, ψ) é um limite para a sequência inversa (Xi , πji ), provemos que existe uma função contínua ϕ : Y → X tal que ψi = πi ◦ ϕ. De fato, dena ϕ : Y → X por ϕ(y) = (ψi (y))i∈I . Veja que ϕ é contínua porque suas funções coordenadas o são e ϕ(y) = (ψi (y))i∈I ∈ X , pois para i 6 j , πji (ψj (y)) = ψi (y). Obviamente ψi = πi ◦ ϕ e, portanto, (X, πi ) é o limite inverso. e Corolário 1.4. (Xi , πji ) O limite de uma sequência inversa de espaços de dimensão zero é ou de dimensão zero ou vazio. Demonstração. Como o limite inverso é um subconjunto do produto Y Xi , que é de dimensão i∈I zero, segue imediatamente que o limite da sequência inversa (Xi , πji ) é ou de dimensão zero ou vazio. Agora com os Teoremas da soma e do produto cartesiano temos mais exemplos de espaços de dimensão zero. Exemplo 1.6. paço de que Qnk Rn Para todo par k satisfazendo 06k6n consistindo de todos pontos que tem exatamente k e números racionais Ri = R de denote por Qnk o subes- coordenadas racionais. Provaremos k números naturais distintos i1 , . . . , ik não maiores que n Y r1 , . . . , r k , Ri , o produto cartesiano onde i=1 e n > 1, é um espaço de dimensão zero. Para cada escolha de de k, n ∈ Z para i 6= ij , é um subespaço fechado de R n n . Assim, Qk ∩ Rij = {rj } n Y Ri n e cada escolha para j = 1, . . . , k é um subespaço fechado i=1 Qnk . n Como o espaço Qk ∩ n Y Ri é homeomorfo ao subespaço de Rn−k com todas as coordenadas i=1 n irracionais, segue do Exemplo 1.2 e Teorema 1.7 que este espaço é de dimensão zero. Veja que Qk n Y n é a união enumerável dos subespaços Qk ∩ Ri e, assim, pelo Teorema 1.6, Qnk é de dimensão i=1 zero. Denição 1.5. topológicos se X Dizemos que um espaço topológico pertence a K X e todo espaço na classe Provaremos agora que o conjunto de Cantor, C, é universal em uma classe K K de espaços é homeomorfo a um subespaço de e o espaço dos números irracionais, R\Q, X. são espaços universais para a classe de todos espaços métricos separáveis de dimensão zero. Para isso 18 usaremos o fato que ambos espaços podem ser representados como produto cartesiano enumerável de espaços discretos. Proposição 1.9. C O conjunto de Cantor é homeomorfo ao produto cartesiano D ℵ0 = ∞ Y Di , i=1 onde Di = {0, 1} para i = 1, 2, . . .. Demonstração. Para cada x∈C x= a representação na forma ∞ X 2xi i=1 0 1, ou 3i , onde os xi 's são iguais a é única. Assim, podemos denir uma função bijetora f : D ℵ0 → C {xi } 7→ ∞ X 2xi 3i i=1 fj : Dℵ0 → I = [0, 1] ∞ X j e que a série fi é fj ({xi }) = 2xj 3j . j = 1, 2, . . .. Dena por todo uniformemente convergente para compacto e C i=1 é Hausdor, segue que f para f. R e > 0. Sejam d U= uma métrica arbitrária no espaço Para todo conjunto aberto não vazio Fi fj é contínua para é contínua. Como D ℵ0 é é um homeomorsmo. R\Q U ⊂ R\Q, subconjuntos simultaneamente abertos e fechados de ∞ [ que f Logo, Concluímos que o conjunto de Cantor é de dimensão zero pois Lema 1.4. Observe que e os diâmetros de todos os conjuntos R\Q, Fi D ℵ0 é de dimensão zero. que gera a topologia induzida de existe uma sequência F1 , F2 , . . . de não vazios, dois a dois disjuntos, tais com respeito a d são menores que . i=1 Demonstração. Considere um intervalo R\Q ⊂ U e o divida em ℵ0 (a, b) ⊂ R com extremidades racionais tais que intervalos não vazios, dois a dois disjuntos, (a, b) ∩ (a1 , b1 ), (a2 , b2 ), . . ., com extremidades racionais. Assim temos (a, b) ∩ R\Q = ∞ [ Ai , i=1 onde Ai = (ai , bi ) ∩ R\Q, os conjuntos com A0 , A1 , A2 , . . . ai , b i ∈ Q Ai = Ai,j . Ai ∩ Aj = ∅ são aberto em existem conjuntos abertos e fechados ∞ [ que e R\Q quando Considere A0 = U \(a, b), e pela Proposição 1.5 para cada Ai,1 , Ai,2 , . . . em R\Q Bi,j = Ai,j \ [ Ai,k Considere j=1 k<j 19 i 6= j . i = 0, 1, 2, . . . todos de diâmetro menores que tais para j = 1, 2, . . .. Ai . união é igual a Denição 1.6. em X Lema 1.5. R\Q, dois a dois disjuntos, cuja Todo Bi,j em F1 , F2 , . . .. Um espaço topológico (X, d) tal que são abertos e fechados em Para completar a prova basta organizar todos os conjuntos não vazios uma simples sequência d Bi,j Os subconjuntos (X, τ ) é completamente metrizável se existe uma métrica é um espaço métrico completo e Gδ conjunto X d induz a topologia τ. em um espaço completamente metrizável X0 é também com- pletamente metrizável. Demonstração. Sejam d uma métrica no espaço X0 (X0 , d) tal que X = seja completo e ∞ \ Gi , i=1 onde Gi é aberto em X0 para i = 1, 2, . . .. Denimos os conjuntos fechados 1 para i = 1, 2, . . .. Note d(x, Fi ) ∞ Y Xi , onde Xi = R para i > 1. Fi = X0 \Gi que e as funções contínuas f (x) = (x, f1 (x), f2 (x), . . .) fi : X → R por dene um mergulho fi (x) = f : X → i=0 Como o produto cartesiano de uma quantia enumerável de espaços completamente metrizáveis e um subespaço fechado de um espaço completamente metrizável são completamente metrizáveis, ∞ Y para completar a prova é suciente mostrar que Mostremos que todo ∞ Y x = {xi } ∈ f (X) Xi . é um subconjunto fechado de i=0 Xi \f (X) possui uma vinhança V contida no complementar i=0 de f (X). x0 ∈ X . Primeiro considere o caso onde Sejam U1 e U2 vizinhanças disjuntas de uma vizinhança U0 ⊂ X0 de x0 tal que xk Como e x∈ / f (X), fk (x0 ) em R. fk (U0 ∩ X) ⊂ U2 . existe k>0 Como a função tal que fk xk 6= fk (x0 ). é contínua, existe Facilmente verica-se que −1 x = {xi } ∈ V = p−1 0 (U0 ) ∩ pk (U1 ) ⊂ ∞ Y Xi \f (X), i=0 onde pi denota a projeção de ∞ Y Xi i=0 Agora, considere o caso onde número r>0 tal que em Xi . x0 ∈ / X. xk + 1 < 1/r e seja x = {xi } ∈ V = Assim, x0 ∈ F k U0 = B(x0 , r) p−1 0 (U0 ) ∩ e p−1 k (U1 ) para algum Considere um U1 = {x ∈ R | x < xk + 1}. ⊂ ∞ Y i=0 20 k > 0. Xi \f (X), Logo, que conclui a prova. Proposição 1.10. decrescente 0, Um espaço métrico F1 ⊃ F2 ⊃ F3 ⊃ · · · existe um ponto a∈X X é completo se, e somente se, para toda sequência de subconjuntos fechados não vazios de tal que ∞ \ X, com lim diam(Fn ) = n→∞ Fn = {a}. n=1 Demonstração. Ver [8], página 189. Proposição 1.11. O espaço dos números irracionais R\Q é homeomorfo ao produto cartesiano Nℵ0 = ∞ Y Ni , onde Ni é o espaço discreto dos números naturais N, para i = 1, 2, . . .. i=1 Demonstração. Sabemos que é um R\Q Gδ conjunto. mente metrizável, isto é, existe uma métrica d em Assim, pelo Lema 1.5, R\Q tal que (R\Q, d) R\Q é completa- é um espaço métrico completo. Pelo Lema 1.4, para R\Q, = 1, existem subconjuntos não vazios, abertos e fechados F1 , F2 , . . . em dois a dois disjuntos, tais que ∞ [ R\Q = Fk1 diam(Fk1 ) < 1. e k1 =1 Como Fk1 é aberto, então pelo mesmo lema, para propriedades tais que Fk1 = ∞ [ Fk1 k2 = 1/2 existem subconjuntos com as mesma 1 diam(Fk2 ) < . 2 e k2 =1 Aplicando o mesmo raciocínio sucessivamente temos, para toda sequência naturais existe um subconjunto aberto e fechado R\Q = ∞ [ Fk1 e Fk1 k2 ...ki Fk1 k2 ...ki = k1 =1 Fk1 ...ki ∩ Fm1 ...mi = ∅ uma sequência ∞ [ R\Q tal que Fk1 k2 ...ki k (1.11) 1 i (1.12) k=1 Fk1 k2 ...ki 6= ∅ Segue de (1.11) e (1.12) que para todo em k1 , k2 , . . . , ki de números e se diam(Fk1 k2 ...ki ) < (k1 , . . . , ki ) 6= (m1 , . . . , mi ). (ki ) ∈ Nℵ0 Fk1 ⊃ Fk1 k2 ⊃ Fk1 k2 k3 ⊃ . . . os subconjuntos Fk1 , Fk1 k2 , . . . (1.13) de R\Q formam de conjuntos fechados não vazios com o diâmetro 21 convergindo para zero. Então, pela Proposição 1.10, o conjunto ∞ \ Fk1 k2 ...ki contém exatamente i=1 um ponto, que denotaremos por f ((ki )). f : Nℵ0 → R\Q. Assim, denimos a função Note que f é U é injetora por (1.13) e sobrejetora por (1.11). Provemos que os subconjuntos aberto de R\Q, existe >0 Fk1 k2 ...kn tal que formam uma base para B(x, /2) ⊂ U . Tome n∈N R\Q. tal que Dado 1 n < . x ∈ U, onde Assim, Fk1 ...kn ⊂ B(x, /2) ⇒ x ∈ Fk1 ...kn ⊂ U. Agora, seja y ∈ Fk1 ...ki ∩ Fm1 ...mj (m1 . . . mi ). Sabemos que A função f com i < j. Fk1 ...ki ...mj ⊂ Fk1 ...ki , Fk1 ...ki ∩ Fm1 ...mi 6= ∅ Então, logo e, assim, (k1 . . . ki ) = x ∈ Fm1 ...mj = Fk1 ...ki ∩ Fm1 ...mj . é um homeomorsmo, pois f −1 (Fk1 ...kj ) = {k1 } × {k2 } × . . . × {kj } × ∞ Y Ni e i=j+1 f {k1 } × {k2 } × . . . × {kj } × ∞ Y ! Ni = Fk1 ...kj . i=j+1 Temos que o espaço dos números irracionais é de dimensão zero pois Corolário 1.5. Nℵ0 é de dimensão zero. O conjunto de Cantor é homeomorfo a um subespaço do espaço dos números irracionais. Teorema 1.8 (O teorema do espaço universal para dimensão 0). O conjunto de Cantor e o es- paço dos números irracionais são espaços universais para a classe dos espaços métricos separáveis de dimensão zero. Demonstração. Pelo Corolário 1.5, é suciente mostrar que para todo espaço métrico separável de dimensão zero X existe um mergulho f : X → D ℵ0 . Segue da Proposição 1.5 que o espaço conjuntos abertos e fechados. Para cada {0, 1} X tem base enumerável i = 1, 2, . . . dena uma função contínua por 1, fi (x) = 0, se x ∈ Ui , se x ∈ X\Ui 22 B = {Ui }∞ i=1 , formada por fi : X → Di = ou seja, fi = χUi . Considere a função contínua f : X → D ℵ0 denida por f (x) = (f1 (x), f2 (x), . . .). Para todo k ∈ N, temos f (Uk ) = f (X) ∩ {{xi } ∈ Dℵ0 | xk = 1}. Logo, a função Portanto, f f é injetora e aberta, pois {{xi } ∈ Dℵ0 | xk = 1} é um conjunto aberto em D ℵ0 . é um mergulho. Pala demonstração do Teorema 1.8, temos que o conjunto dos números irracionais pode ser mergulhado no conjunto de Cantor. Por isso dizemos que ambos espaços são universais para a classe dos espaços métricos separáveis de dimensão zero. Os Teoremas de compacticação e de mergulho são consequências do Teorema do espaço universal. Teorema 1.9 (O teorema de compacticação para dimensão separável de dimensão zero métrico compacto e X C no conjunto de Cantor e = f (X) X Para todo espaço métrico existe uma compacticação de dimensão zero e, X isto é, um espaço de dimensão zero que contém um subespaço denso homeomorfo a Demonstração. Como e, assim, X 0). é universal, seja C. f :X→C um mergulho do espaço X Como o conjunto de Cantor é compacto, segue que é uma compacticação de X. Note que e X X. de dimensão zero f (X) é compacto é de dimensão zero, pois e ⊂C X e e 6= ∅. X Teorema 1.10 (O teorema do mergulho para dimensão dimensão zero pode ser mergulhado em 0). Todo espaço métrico separável de R. Observe que a teoria desenvolvida nesta seção é obtida principalmente dos seguintes teoremas: os teoremas de separação, da soma e do espaço universal. Todos os outros resultados ou são elementares ou decorrem diretamente destes. 1.4 Vários tipos de desconexidade Vamos comparar a classe de espaços de dimensão zero com outras três classes de espaços de Hausdor desconexos. Primeiramente deniremos uma quase componente de um espaço 23 X. Denição 1.7. x∈A e y ∈ B. Dizemos que x∼y se, e somente se, não existe separação A classe de equivalência de x, Equivalentemente, um conjunto não vazio denotada por K⊂X [x], X =A∪B tal que é chamada quase componente. X é uma quase componente de se K pode ser representado como a interseção de conjuntos abertos e fechados e para todo conjunto aberto e fechado U ⊂X tal que Denição 1.8. distinto x e y em K ∩ U 6= ∅ temos K ⊂ U. X Um espaço topológico X, é chamado totalmente desconexo se para todo par existe um conjunto aberto e fechado U ⊂X tal que x∈U y ∈ X\U , e é, se o conjunto vazio é uma partição entre quaisquer dois pontos distintos do espaço isto X. Claramente, todo espaço de dimensão zero é totalmente desconexo. Espaços totalmente desconexos são caracterizados pela propriedade que suas quase componentes são conjuntos unitários. X As quase componentes de um espaço constituem uma decomposição de X em subconjuntos fechados dois a dois disjuntos. Denição 1.9. Um espaço topológico X X é chamado hereditariamente desconexo se não contém nenhum subespaço conexo de cardinalidade maior do que um. Todo espaço totalmente desconexo é hereditariamente desconexo. De fato, se M ⊂X desconexo, então para cada subespaço y, e os conjuntos y ∈ X\U , M ∩U e M \U , onde U M é totalmente x, x∈U que contém pelo menos dois pontos distintos é um subconjunto aberto e fechado de formam uma decomposição do espaço Assim, o espaço X M X tal que em dois subconjuntos abertos não vazios. não é conexo. Espaços hereditariamente desconexos são caracterizados pela propriedade que suas componentes conexas são conjuntos unitários. espaço topológico X Lembremos que a componente conexa do ponto é denida como o maior subconjunto conexo, não vazio, de componentes conexas de um espaço X X x em um contendo x. As constituem uma decomposição para este em subconjuntos fechados, dois a dois disjuntos. Denição 1.10. Um espaço topológico X é chamado puntiforme, ou descontínuo, se X não contém nenhum subespaço continuum de cardinalidade maior do que um. Claramente, todo espaço hereditariamente desconexo é puntiforme. Se o espaço for compacto, a recíproca é verdadeira. Podemos facilmente vericar que as três classes de espaços acima são fechadas com respeito a operação subespaço. Agora, mostraremos que nos espaços localmente compactos não vazios, as três classes coincidem com a classe de espaços de dimensão zero. 24 Denição 1.11. compacto e V ⊂X Lema 1.6. X Um espaço é dito localmente compacto se para todo aberto tais que x∈X existem K⊂X x ∈ V ⊂ K. Em todo espaço Hausdor compacto, as quase componentes e as componentes co- nexas coincidem. Demonstração. Para começar, provemos que em um espaço topológico arbitrário componentes contém as componentes. Considere uma componente e K a quase componente de conjunto aberto e fechado em S e S ∩ U 6= ∅. X que contém U ⊂X x. que contém Segue da conexidade de x, Mostremos que os conjuntos S que X do espaço S ⊂ K. S∩U S\U = ∅, interseção de todos os subconjuntos abertos e fechados de S e que contém as quase Sejam x∈S Com efeito, dado um S\U ou seja, X. X são abertos disjuntos S ⊂ U. x, temos Como K é a S ⊂ K. Para completar a prova é suciente mostrar que as quase componentes de um espaço compacto são conexas. Suponha que existe uma separação e A 6= ∅. W ⊂X com A, B fechados disjuntos em Pela normalidade dos espaços compactos de Hausdor, existem conjuntos abertos K V, tais que A ⊂ V, Denote por U B⊂W e V ∩ W = ∅. a família de subconjuntos abertos e fechados de ∩U = K = A ∪ B ⊂ V ∪ W , X K =A∪B a família tem interseção vazia, ou seja, Segue da compacidade de X satisfazendo F = {U \(V ∪ W ) | U ∈ U } ∩U = K . Como de subconjuntos fechados de ∩(U \(V ∪ W ) = ∩U \(V ∪ W ) = ∅. X que uma subfamília nita de isto é, existe um número nito de conjuntos U1 , . . . , Uk ∈ U F também tem interseção vazia, satisfazendo U = U1 ∩ . . . ∩ Uk ⊂ V ∪ W e o conjunto U é aberto e fechado. Note que V ∩ U ⊂ V ∩ U = V ∩ [(V ∪ W ) ∩ U ] = [(V ∩ V ) ∪ (V ∩ W )] ∩ U = V ∩ U, e assim, o conjunto V ∩U é aberto e fechado. Sabemos que ∅= 6 A ⊂ V ∩ U ⇒ K ⊂ V ∩ U, B ⊂ K ∩ W ⊂ V ∩ U ∩ W ⊂ V ∩ W = ∅. Portanto, a quase componente K é conexa. 25 e daí Teorema 1.11. Zero dimensionalidade, total desconexidade, hereditariamente desconexidade e puntiforme são classes equivalentes em espaços localmente compactos não vazios. Demonstração. É suciente provar que todo espaço localmente compacto puntiforme não vazio é de dimensão zero. Suponha que X Pela compacidade local do espaço e W é compacto. O subespaço X, existe uma vizinhança M = V ∩W ele é hereditariamente desconexo. do espaço M a interseção em X. 1.5 Como X, x∈U ⊂V, V ⊂X W ⊂ X U U o espaço X de x tal que M \(V ∩ W ). é aberto em x. W ⊂ V {x} do espaço M pode ser de subconjuntos abertos e fechados de é disjunta do conjunto mas por outro lado uma vizinhança de é compacto e puntiforme, assim que existe um número nito de conjuntos U = U1 ∩ · · · ∩ Uk e, assim, é fechado em X e Pelo Lema 1.6, a componente representada como a interseção de uma família Segue da compacidade de x∈X é puntiforme. Sejam U1 , U2 , . . . , Uk ∈ U O conjunto V ∩ W. Logo, U U M. tal que é fechado em M é aberto e fechado é de dimensão zero. Os teoremas da soma, decomposição, adição, alargamento, separação e produto cartesiano Sabemos que todo subespaço M de um espaço regular perguntar se entre os subespaços de um espaço de todas as dimensões entre 0 e n − 1. X de X ind M 6 ind X . Com isso, podemos dimensão n pode-se encontrar subespaços tem A resposta é sim e, além disso, o próximo teorema garante que existem subespaços fechados de dimensões intermediárias. Teorema 1.12. Se X o espaço X é um espaço regular e contém um subespaço fechado Demonstração. É suciente mostrar que Como ind X > n − 1, conjunto aberto lado, como Lema 1.7. então U ⊂X ind X 6 n, ind ∂U 6 n − 1. existe um ponto tal que x∈X M = ∂U x∈U ⊂X U ⊂X do espaço 26 M V ⊂X temos tal que de x ind M = n−1. tal que para todo ind ∂U > n − 2. Por outro satisfazendo a condição acima e tal que X tem a dimensão é um espaço métrico separável, onde ind X 6 n. k = 0, 1, . . . , n − 1 ind M = k . e uma vizinhança existe um conjunto aberto X = Y ∪Z então para cada contém um subespaço fechado satisfazendo a condição O subespaço fechado Se X M ind X = n > 1, ind M = n − 1. ind Y 6 n − 1 e ind Z 6 0, Demonstração. Considere um ponto x∈X U, W ⊂ X 1.4, existem conjuntos abertos disjuntos ∅. Claramente, x∈U ⊂V e uma vizinhança tais que V ⊂X x. do ponto x ∈ U , X\V ⊂ W Pelo Teorema [X\(U ∪W )]∩Z = e e, como ∂U ⊂ [X\(U ∪ W )] ⊂ X\Z ⊂ Y, temos ind ∂U 6 ind Y 6 n − 1. Teorema 1.13 Fi 's ind X 6 n. ∞ [ Se X = Fi Segue que (Teorema da Soma) são subespaços fechados tais que . ind Fi 6 n, Demonstração. Vamos aplicar indução sobre n. i=1 então Para n que o teorema vale para dimensões menores que ind Fi 6 n fechado e n>1 com para i= é um espaço métrico separável, onde os ind X 6 n. n=0 o teorema já foi provado. Assuma ∞ [ e considere um espaço X = Fi , onde Fi é i=1 1, 2, . . .. Aplicando o Teorema 1.2, escolha para cada Bi de Fi tal que ind ∂U 6 n − 1 para todo U ∈ Bi . Pela hipótese de ∞ [ S indução, o subespaço Y = {∂U : U ∈ Bi } do espaço X satisfaz a desigualdade ind Y 6 n − 1. i, uma base enumerável Considere U ∈ Bi , 0, Zi = Fi \Y ; como i=1 tem base enumerável Fi segue da Proposição 1.8 que ∞ [ o subespaço Z = Zi = X\Y Corolário 1.6. do espaço i=1 são fechados em Zi = Fi \Y = Fi ∩ Z Se X = ∞ [ Fi ind Zi 6 0. Z. X Bi tal que Zi ∩ ∂U ⊂ Zi ∩ Y = ∅, para todo Logo, pelo Teorema da soma para dimensão também satisfaz ind Z 6 0, Assim, pelo Lema 1.7, temos pois os subespaços ind X 6 n. é um espaço métrico separável, onde os Fi 's são Fδ conjuntos i=1 tais que ind Fi 6 n, então Demonstração. Note que ind X 6 n. ∞ ∞ [ ∞ [ [ X= Fi = Ei,j , i=1 n, segue do Teorema 1.13 que Corolário 1.7. ind A 6 n e Se ind B 6 n, Demonstração. Suponha que Portanto, ind X 6 n Corolário 1.8. Ei,j é fechado. Como ind Ei,j 6 ind Fi 6 ind X 6 n. X = A∪B então onde i=1 j=1 é um espaço métrico separável, um deles fechado, tal que ind X 6 n. A é fechado, então B é aberto. Logo, A e B são Fδ conjuntos. pelo Corolário 1.6. Se Y = X ∪ {a1 , . . . , an }, {a1 , . . . , an } ind X 6 n e separável e ind Y 6 n. onde X é um espaço métrico separável tal que é um número nito de pontos em 27 X, então Y é um espaço métrico Demonstração. Como Y = X ∪ {a1 , . . . , an } é um espaço métrico separável pois X ind{a1 , . . . , an } = 0 6 n, ind X 6 n e {a1 , . . . , an } é métrico e separável. é fechado, segue do Corolário 1.7 que ind Y 6 n. Notemos que o Teorema da soma desempenha um papel importante na teoria de dimensão dos espaço métricos separáveis. De fato, todos os resultados desta seção seguem ou do Teorema da soma ou de um dos teoremas de decomposição que são consequências do Teorema da soma. Aplicando o Teorema da soma, mostra-se que a condição no Lema 1.7 caracteriza espaço métricos separáveis de dimensão 6 n: Teorema 1.14 (O primeiro teorema da decomposição). Um espaço métrico separável X satisfaz ind X 6 n com n>0 se, e somente se, X =Y ∪Z tais que Demonstração. Considere um espaço métrico separável Teorema 1.2, o espaço X X ind Y 6 n − 1 tal que e ind Z 6 0. ind X 6 n, com n > 0. Pelo B tal que ind ∂U 6 n − 1 para todo U ∈ B . S Y = {∂U | U ∈ B} tem dimensão 6 n − 1 e, da tem base enumerável Segue do Teorema da soma que o subespaço Proposição 1.8, o subespaço Z = X\Y tem dimensão 6 0. A recíproca já foi provada no Lema 1.7. Teorema 1.15 (O segundo teorema da decomposição). Um espaço métrico separável X satisfaz ind X 6 n com n>0 se, e somente se, X= n+1 [ Zi , ind Zi 6 0, ∀i. tal que i=1 Demonstração. Como ind X 6 n segue do Teorema 1.14 que ind Z1 6 0. De mesmo modo, como ind Z2 6 0. Sucessivamente temos ind Yn−1 6 1 Chame Yn = Zn+1 , logo ⇒ X= n+1 [ ind Y1 6 n − 1 Yn−1 = Yn ∪ Zn Zi , com segue que com X = Y1 ∪ Z1 com ind Y1 6 n − 1 e Y1 = Y2 ∪ Z2 com ind Y2 6 n − 2 e ind Yn 6 0 e ind Zn 6 0. ind Zi 6 0. i=1 Reciprocamente, suponha que para provar que ind X 6 n. Para X = n= n+1 [ Zi , tal que ind Zi 6 0. Usaremos a indução sobre n i=1 0, claramente o resultado é válido. Por hipótese de indução, 28 n, isto é, ! n [ [ Zi Zn+1 suponha válido para X= n+1 [ Zi = i=1 se X = n [ Zi com ind Zi 6 0 então ind X 6 n − 1. Agora se i=1 então pelo primeiro teorema da decomposição ind X 6 n. i=1 Exemplo 1.7. Rn Uma decomposição de n+1 em subespaços de dimensão zero como no segundo teorema de decomposição é dada por: Rn = Qn0 ∪ Qn1 ∪ · · · ∪ Qnn , lembrando que Qnk é o subespaço de nadas racionais. Portanto, Para todo par k, n Rn consistindo de todos pontos que tem exatamente Nnk de inteiros satisfazendo é o subespaço de racionais e Lnk coorde- ind Rn 6 n. Nnk = Qn0 ∪ Qn1 ∪ · · · ∪ Qnk Assim k Rn 06k6n e n > 1, dena Lnk = Qnk ∪ Qnk+1 ∪ · · · ∪ Qnn . e consistindo de todos os pontos que tem no máximo é o subespaço de Rn k coordenadas consistindo de todos os pontos que tem no mínimo ind Nnk 6 n nadas racionais. Do segundo teorema de decomposição segue que e k coorde- ind Lnk 6 n − k . Note que o Teorema da adição segue imediatamente do segundo Teorema da decomposição: Teorema 1.16 . (O teorema da adição) Para todo par X, Y de subespaços separáveis de um espaço métrico temos ind(X ∪ Y ) 6 ind X + ind Y + 1. Demonstração. Se ind Y = k . ind X = ∞ ou ind Y = ∞ o resultado é válido. Pelo segundo teorema de decomposição temos que de dimensão 60 e Y é a união de k+1 X ∪Y = subespaços de dimensão n+1 [ ! Zi ∪ i=1 Como ind Fk+1 6 0 e X k [ Suponha que é a união de 6 0. ind X = n n+1 subespaços Assim, ! Fj ∪ Fk+1 . j=1 ind ((∪Zi ) ∪ (∪Fi )) 6 n + k segue que ind(X ∪ Y ) 6 n + k + 1. ind(X ∪ Y ) 6 ind X + ind Y + 1. 29 e Portanto, Teorema 1.17 métrico X . (O teorema de alargamento) satisfazendo ind M 6 n, existe um Para todo subespaço separável Gδ -conjunto M ∗ em X tal que M de um espaço M ⊂ M∗ ind M ∗ 6 e n. M = Demonstração. Pelo primeiro teorema de decomposição n+1 [ Zi , onde ind Zi 6 0 para i = i=1 1, . . . , n + 1. Aplicando o teorema 1.5, alargamos cada Zi a um Gδ -conjunto Zi∗ em X tal que n+1 [ ∗ ∗ ind Zi 6 0. A união M = Zi∗ tem a propriedade desejada pois, pelo Teorema 1.15, temos i=1 ind M ∗ 6 n e, além disso, M ∗ é Gδ -conjunto pois união nita de Gδ -conjuntos também o é (veja [2], página 75, 6.3 item b). Teorema 1.18 (Primeiro Teorema de Separação). ind X 6 n n > 0, com uma partição L entre então para todo par A e B tal que A, B Se X é um espaço métrico separável tal que de subconjuntos fechados disjuntos de ind Z 6 0. L ∩ Z = ∅. Aplicando o Teorema 1.4, obtemos uma partição Como Teorema 1.19 L ⊂ X\Z ⊂ Y , temos . subconjuntos fechados em X X tal que L X = Y ∪ Z, entre A e B onde no espaço ind M 6 n existe uma partição L X Se entre A M em e B ind L0 6 n − 1. tal que em X tal que M ∩ L ⊂ L0 . X tal que com entre é um espaço métrico separável e n > 0, A e B então para todo par tal que A, B L0 entre de M ∩A Pela segunda parte do Lema 1.3, existe uma partição Portanto, M ind(L ∩ M ) 6 n − 1. Demonstração. Pelo Primeiro Teorema de Decomposição, existe uma partição M ∩B ind Y 6 n − 1 ind L 6 ind Y 6 n − 1. (Segundo Teorema de Separação) é um subespaço separável de existe ind L 6 n − 1. Demonstração. Pelo Primeiro Teorema de Decomposição, temos e X e L ind(M ∩ L) 6 n − 1. Observe que o Primeiro Teorema de Separação é um caso especial do Segundo. E o Segundo Teorema de Separação caracteriza a dimensão dos subespaços em termos das vizinhanças em todo o espaço. O teorema abaixo é uma generalização da Proposição 1.7. Proposição 1.12. com n>0 Um subespaço separável se, e somente se, para todo conjunto aberto U ⊂X x∈M M de um espaço métrico e cada vizinhança V de tal que x∈U ⊂V e ind(M ∩ ∂U ) 6 n − 1. 30 x X satisfaz no espaço ind M 6 n X existe um Demonstração. Sejam x ∈ M e V ⊂ X uma vizinhança de Teorema de Separação, existe uma partição é, existem conjuntos abertos disjuntos x ∈ U ⊂ V, U e L entre W em X X\V ⊂ W, {x} e x X\V qualquer. tal que Então, pelo Segundo ind(M ∩ L) 6 n − 1, isto tais que X\L = U ∪ W e M ∩ ∂U ⊂ M ∩ [X\ (U ∪ W )] ⊂ M ∩ L. Logo, ind(M ∩ ∂U ) 6 n − 1. A reciproca é imediata. A Proposição 1.12 e o Lema 1.1 implicam na seguinte generalização da Proposição 1.8. Proposição 1.13. com n>0 todo U ∈ B. se, e somente se, Demonstração. Suponha x, X aberto B de X U ⊂ X Então, para todo tal que X B tal que x ∈ M x ∈ U ⊂ V | ind(M ∩ ∂U ) 6 n − 1} enumerável, uma vez que enumerável de um espaço métrico separável tem uma base enumerável ind M 6 n. existe um conjunto aberto C = {U ⊂ X M Um subespaço e X satisfaz ind M 6 n ind(M ∩ ∂U ) 6 n − 1, e cada V ⊂ X vizinhança de ind(M ∩ ∂U ) 6 n − 1. é uma base do espaço X. Assim, é um espaço métrico separável. Pelo Lema 1.1, C para X A família possui base contém uma base com a propriedade desejada. A recíproca segue imediatamente da Proposição 1.12. Teorema 1.20 (O Teorema do Produto Cartesiano). Para todo par X, Y de espaços métricos separáveis, dos quais pelo menos um é não vazio, temos ind(X × Y ) 6 ind X + ind Y. Demonstração. O teorema é óbvio se um dos espaços tem dimensão que K(X, Y ) = ind X + ind Y K(X, Y ) = −1 então ou é nita. X = ∅ ou ∞, assim podemos supor Aplicaremos indução sobre este número Y = ∅, e nossa desigualdade é verdadeira. K(X, Y ). Se Assuma que a desigualdade é válida para todo par de espaços métricos separáveis tal que a soma das dimensões é menor que k > 0 e considere os espaços métricos separáveis 31 X e Y tais que ind X = n > 0, ind Y = m > 0 e n + m = k. Existem vizinhanças ind ∂U 6 n − 1 e Seja U, U 0 ⊂ X x de ind ∂V 6 m − 1. (x, y) ∈ X × Y e V, V 0 ⊂ Y de W ⊂ X×Y e y tais que uma vizinhança de (x, y). U 0 × V 0 ⊂ W , U ⊂ U 0, V ⊂ V 0, Note que ∂(U × V ) ⊂ (X × ∂V ) ∪ (∂U × Y ) . Pelo Teorema da Soma, temos indução, ind (X × ∂V ) 6 k − 1 ind (X × Y ) 6 k , e ind ((X × ∂V ) ∪ (∂U × Y )) 6 k − 1 ind (∂U × Y ) 6 k − 1. Logo, pois, por hipótese de ind ∂ (U × V ) 6 k − 1. Portanto, concluindo que ind(X × Y ) 6 ind X + ind Y. Daremos um exemplo de um espaço métrico separável H0 tal que ind(H0 × H0 ) < ind H0 + ind H0 . Exemplo 1.8. exemplo 1.5. Considere o subespaço ind H0 = 1. Provemos que H0 do espaço de Hilbert H assim como denido no Para isso, é suciente mostrar que ind H0 6 1, pois ind H0 > 0. Para todo ponto x ∈ H0 x0 ∈ H que é h((xi )) = (xi ) é um podemos transportado por uma translação para o ponto a sequência nula, é suciente mostrar que, para todo n ∈ N, a fronteira 1 Fn = x ∈ H0 | kxk = n da bola aberta com centro em x0 e raio 1/n, 1 Un = x ∈ H0 | kxk < n é de dimensão zero. Como ind Qℵ0 = 0 mergulho, temos que e a função contínua denida por ind Fn = ind h(Fn ) 6 ind Qℵ0 = 0. Agora, mostraremos que dena h : Fn → Qℵ0 H0 é homeomorfo a ϕ(x, y) = (x1 , y1 , x2 , y2 , . . .) ∈ H0 . H0 × H0 . Claramente 32 Dado (x, y) = ((xi ), (yi )) ∈ H0 × H0 , ϕ : H0 × H0 → H0 é uma bijeção. Provemos que ϕ (a, b) ∈ H0 × H0 e > 0. Existe δ = > 0 p d((x, y), (a, b)) < δ ⇒ d(x, a)2 + d(y, b)2 < δ ⇒ é contínua. Sejam H0 × H0 , tal que para todo (x, y) ∈ v u∞ ∞ X uX t (xi − ai )2 + (yi − bi )2 < δ, i=1 então i=1 s∞ X (xi − ai )2 + (yi − bi )2 < δ = . d(ϕ(x, y), ϕ(a, b)) = i=1 ϕ−1 é contínua. Portanto, H0 é homeomorfo a Observe que os produtos cartesianos dimensão destes espaços é 1.6 H0 × H0 Do mesmo modo conclui-se que e, assim, H02 , H03 , H04 , . . . ind(H0 × H0 ) = 1. são todos homeomorfos a H0 , então a 1. Caracterização da dimensão em termos de funções em esferas Nesta seção iremos relacionar a dimensão de um espaço contínuas denidas em subconjuntos fechados de X X com o problema de extensão de funções e com valores em esferas para todo o espaço X. Dizemos que uma função contínua f : A → Y, onde A X, F |A = f , é um subespaço fechado de possui X se existe uma função contínua F : X → Y tal que isto é, F (x) = f (x) para todo x ∈ A. Um resultado importante sobre extensão de funções é o Teorema de TietzeUrysohn, que arma: toda função contínua f : A → I , onde A é um subespaço fechado de um espaço normal X e I é o intervalo fechado [0, 1], possui extensão contínua sobre X . O Lema de Urysohn é um caso especial deste teorema. Ele arma que para todo par A, B de subconjuntos fechados disjuntos de um espaço normal X existe uma função contínua f : X → I tal que f (A) ⊂ {0} e f (B) ⊂ {1}. Quando X é um espaço métrico, a função f do Lema de extensão contínua sobre Urysohn pode ser obtida da seguinte maneira: f (x) = d(x, A) . d(x, A) + d(x, B) f : A → I n , onde A é um n subespaço fechado do espaço normal X , possui uma extensão contínua F : X → I de f sobre X . n De fato, para cada i = 1, . . . , n, a função contínua pi ◦f : A → I , onde pi : I → I é a projeção na iésima coordenada, possui uma extensão contínua Fi : X → I . Portanto, F (x) = (F1 (x), . . . , Fn (x)) é uma extensão contínua de f sobre X . O Teorema de TietzeUrysohn implica que toda função contínua 33 X Já quando consideramos funções em esferas, isto é, normal, A⊂X fechado e f : A → Sn contínua, o que conseguimos em termos de extensão é o seguinte: para toda função contínua f : A → S n existe um conjunto n sobre U . Com efeito, como S é f aberto U ⊂X A contendo tal que possui extensão contínua n+1 ∂I , podemos considerar f : A → I n+1 e, pela n+1 observação acima, existe uma função contínua F0 : X → I tal que F0 (x) = f (x) para todo −1 n+1 x ∈ A. Considere o conjunto aberto U = F0 (I \{a}) ⊂ X , onde a = (1/2, . . . , 1/2). Seja p a projeção radial de I n+1 \{a} em ∂I n+1 ≈ S n . Assim, F = p ◦ F0 |U : U → S n é a extensão homeomorfo a desejada. Em geral, funções contínuas em esferas não podem ser estendidas de um subespaço fechado para todo o espaço. Vamos mostrar que estender tais funções depende exclusivamente da dimensão do complementar do subespaço fechado. Lema 1.8. ind(X\A) 6 n A1 ∪ A2 , Seja X com n > 0. um espaço métrico separável e Para todo par existem subespaços fechados X = X1 ∪ X2 , A1 , A2 X 1 , X2 A 1 ⊂ X1 , um subespaço fechado de de subconjuntos fechados de do espaço A 2 ⊂ X2 , A X A X tal que tal que A = que satisfazem às condições: A1 ∩ X2 = A1 ∩ A2 = X1 ∩ A2 (1.14) e ind [(X1 ∩ X2 )\(A1 ∩ A2 )] 6 n − 1. Demonstração. Os conjuntos fechados no subespaço partição L entre A1 \A2 A1 \A2 = A1 \(A1 ∩ A2 ) X\(A1 ∩ A2 ) A2 \A1 e em de X. e (1.15) A2 \A1 = A2 \(A1 ∩ A2 ) são disjuntos e Pelo Segundo Teorema de Separação, existe uma X\(A1 ∩ A2 ) tal que ind [L ∩ (X\A)] 6 n − 1. Uma vez que L ∩ A = [L ∩ (A1 \A2 )] ∪ [L ∩ (A2 \A1 )] ∪ [L ∩ (A1 ∩ A2 )] = ∅, podemos reescrever a última desigualdade como Considere os conjuntos abertos disjuntos A1 \A2 ⊂ U, Note que os conjuntos X1 = X\V e X2 = X\U U e V A2 \A1 ⊂ V ind L 6 n − 1. U , V ⊂ X\(A1 ∩ A2 ) [X\(A1 ∩ A2 )] \L = U ∪ V. e são abertos em que satisfazem: X. Mostraremos que os seus complementares satisfazem (1.14) e (1.15). Primeiro, X1 ∪ X2 = (X\V ) ∪ (X\U ) = X\(U ∩ V ) = X, 34 A1 = (A1 \A2 ) ∪ (A1 ∩ A2 ) ⊂ U ∪ [X\(U ∪ V )] ⊂ X\V = X1 , e similarmente A 2 ⊂ X2 . Então, A1 ∩ A2 ⊂ A1 ∩ X2 = A1 \U ⊂ A1 \(A1 \A2 ) = A1 ∩ A2 ; assim A1 ∩ A2 = A1 ∩ X2 V ) = L ∪ (A1 ∩ A2 ), e similarmente A1 ∩ A2 = X1 ∩ A2 . [(X1 ∩ X2 )\(A1 ∩ A2 )] = L temos Finalmente, como e, portanto, X1 ∩ X2 = X\(U ∪ ind [(X1 ∩ X2 )\(A1 ∩ A2 )] 6 n − 1. Teorema 1.21. Se ind(X\A) 6 n com que contínua F : X → Sn X é um espaço métrico separável e n > 0, de f S 0 = {−1, 1} sobre e X1 ∩ X2 = ∅. Seja métrico separável de S n, n>1 f : A → Sn X contínua X a função f toma valores A1 = f −1 ({1}) tais que e A2 = X = X1 ∪ X2 , A 1 ⊂ X1 , denida por se x ∈ X1 , se x ∈ X2 , ind(X\A) 6 n. Denote por A1 = f −1 (S+n ) e S+n e S−n A2 = f −1 (S−n ). A h:A→ de um espaço os hemisférios superior e inferior Como S+n ∩ S−n = S n−1 , temos a Aplicando o Lema 1.8, obtemos subespaços fechados que satisfazem (1.14) e (1.15). De (1.15) e por hipótese de indução segue que a função g : A1 ∩ A2 → S n−1 X1 ∩X2 do espaço X . e n = 0, uma função contínua denida num subespaço fechado g = f |A1 ∩ A2 : A1 ∩ A2 → S n−1 . X1 , X 2 ⊂ X existe uma extensão e assuma que o teorema é válido para toda função contínua tal que tal f. respectivamente. Seja restrição Quando do espaço F : X → S0 A função contínua é uma extensão contínua de S n−1 . n. e segue do Lema 1.8, aplicado aos conjuntos 1, F (x) = −1, Considere agora f : A → Sn X X. f −1 ({−1}), que existem subespaços fechados X1 , X2 A2 ⊂ X2 é um subespaço fechado de então para toda função contínua Demonstração. Vamos aplicar indução com respeito a no espaço A tem uma extensão contínua Desde que G : X1 ∩ X2 → S n−1 sobre o subespaço A1 ∩X2 = A1 ∩A2 = X1 ∩A2 , as funções f1 : A1 ∪(X1 ∩X2 ) → S+n f2 : A2 ∪ (X1 ∩ X2 ) → S−n denidas por f (x), se x ∈ A1 , f1 (x) = G(x), se x ∈ X ∩ X , 1 2 e 35 f (x), f2 (x) = G(x), se x ∈ A2 , se x ∈ X1 ∩ X2 , são contínuas. S+n Os hemisférios e S−n são homeomorfos a I n. Com isso, segue do Teorema de extensão de F1 : X1 → S+n TietzeUrysohn que existem extensões contínuas F : X → Sn respectivamente. Assim, denimos a função contínua F (x), 1 F (x) = F (x), 2 Portanto, a função F e se x ∈ X1 , se x ∈ X2 . F2 : X2 → S−n de f1 e f2 , por f. é uma extensão contínua de Teorema 1.22 (Teorema sobre a extensão de funções contínuas em esferas). Um espaço métrico separável espaço f X X satisfaz ind X 6 n com n>0 e para cada função contínua A do F : X → Sn de se, e somente se, para todo subespaço fechado f : A → Sn existe uma extensão contínua X. sobre Demonstração. Pelo Teorema 1.21, é suciente provar que a capacidade de extensão das funções implicam que ind X 6 n. Para isso vamos aplicar o Teorema das Partições. (A1 , B1 ), . . . , (An+1 , Bn+1 ) uma sequência de n + 1 pares de subconjuntos fechados de X n+1 [ disjuntos. Dena A = (Ai ∪ Bi ) e, para cada i = 1, . . . , n + 1, considere uma função contínua Seja i=1 fi : A → I tal que fi (Ai ) ⊂ {0} Dena função f f : A → ∂I n+1 por f (x) = (f1 (x), . . . , fn+1 (x)). F : X → S n. tem uma extensão contínua de onde pi : S n ≈ ∂I n+1 → I para n+1 \ i = 1, . . . , n + 1. L1 = ∅, temos é a projeção na i-ésima Como ∂I n+1 A composição é homeomorfo a S n, a Fi = p i ◦ F : X → I , coordenada, é uma extensão contínua de Li = Fi−1 ({1/2}) Assim, o conjunto ind X 6 n fi (Bi ) ⊂ {1}. e é uma partição entre Ai e Bi . fi Como pelo Teorema das partições. i=1 Observação 1.3. Mostramos na demonstração acima que se propriedade que para todo subespaço fechado uma extensão contínua (An+1 , Bn+1 ) Ln+1 tais que de Li n+1 F : X → Sn de f A de sobre X Ai e Bi , X, i=1 36 f : A → Sn então para toda sequência X existe (A1 , B1 ), . . . , disjuntos, existem conjuntos Li = ∅. e é um espaço normal com a e cada função contínua pares de subconjunto fechados de n+1 \ é uma partição entre X L1 , . . . , 1.7 Grande dimensão indutiva Nesta seção iremos introduzir a grande dimensão indutiva (Ind) para espaços normais. Na classe dos espaços métricos separáveis as dimensões ind e Ind coincidem, o que mostraremos no Teorema 1.24. Denição 1.12. Ind X , Ind Para todo espaço normal é um número inteiro maior ou igual a X a grande dimensão indutiva de −1 ou o número innito ∞. X, denotada por Denimos a dimensão da seguinte forma: (BC1) Ind X = −1 (BC2) Ind X 6 n, V ⊂X se, e somente se, onde n = 0, 1, . . . que contém A X = ∅; se para todo conjunto fechado A⊂U ⊂V (BC3) Ind X = n se (BC4) Ind X = ∞ U ⊂X existe um conjunto aberto e A⊂X e cada conjunto aberto tal que Ind ∂U 6 n − 1; n − 1 < Ind X 6 n; se Ind X > n, para n = −1, 0, 1, 2, . . . A grande dimensão indutiva é também chamada de dimensão de BrouwerCech. Ind X , pode-se facilmente vericar que se os espaços normais X e Y são homeomorfos, então Ind X = Ind Y , isto é, a grande dimensão indutiva é um invariante topológico. Aplicando indução em Modicando ligeiramente a prova da Proposição 1.1, obtém-se: Proposição 1.14. para todo par tal que A, B Um espaço normal X satisfaz que Ind X 6 n de subconjuntos fechados disjuntos de X com n>0 se, e somente se, existir uma partição L entre A e B Ind L 6 n − 1. O teorema abaixo justica os nomes de pequena e grande dimensão indutiva. Teorema 1.23. Para todo espaço normal X temos ind X 6 Ind X . Demonstração. Faremos a prova aplicando indução sobre Se Ind X = −1 então X = ∅, isto é, ind X = −1. desigualdade é válida para todo espaço normal X 37 Ind X . Podemos supor que Ind X < ∞. Suponha por hipótese de indução que a tal que Ind X < n. Agora, se x de Ind X = n então dados x∈X uma vizinhança de x em X existe U vizinhança tal que x⊂U ⊂V Por hipótese de indução Portanto, ind X 6 n, Teorema 1.24. Ind ∂U 6 n − 1. e ind ∂U 6 Ind ∂U 6 n − 1. ind X 6 Ind X . ou seja, Para todo espaço métrico separável Demonstração. É suciente mostrar que ∞. V e X Ind X 6 ind X . Aplicaremos o processo de indução sobre ind X . temos ind X = Ind X . Claramente, pode-se supor que A desigualdade é válida se ind X < ind X = −1. Assuma que a desigualdade está provada para todos os espaços métricos separáveis de pequena dimensão indutiva menor que Sejam n > 0 e considere um espaço métrico separável X tal que ind X = n. A, B um par de subconjuntos disjuntos fechados de X . Pelo Primeiro Teorema de separação, ind L 6 n − 1. Segue por hipótese de indução que L existe uma partição Ind L 6 n − 1, entre A e Ind X 6 n assim B tal que pela Proposição 1.14. Com isso Ind X 6 ind X , o que completa a prova. Usando a dimensão Teorema 1.25. Ind, podemos reformular o Teorema 1.3 no seguinte: X, Para todo espaço Lindelöf as condições ind X = 0 e Ind X = 0 são equi- valentes. Demonstração. Se disjuntos A e B aberto e fechado ind X = 0 em U X, então, pelo Teorema 1.3, para todo par de conjuntos fechados o conjunto vazio é uma partição entre eles, isto é, existe um conjunto tal que A ⊂ U, Para ∂U = ∅. V = X\B aberto de X, B ⊂ X\U temos e X\∅ = U ∪ X\U. A ⊂ U ⊂ V. Falta provar que Ind ∂U 6 −1, ou seja, Note que ∂U ⊂ U ∩ X\U = U ∩ X\U = ∅ ⇒ ∂U = ∅. Logo, Ind X = 0. Agora, suponha que fechados disjuntos de X Ind X = 0. pela Proposição 1.14, para todo par existe uma partição Assim, pelo Teorema 1.3, segue que L entre ind X = 0. 38 A e B tal que A e B ind L 6 −1, de conjuntos isto é, L = ∅. 1.8 Dimensão por cobertura Além das pequena e grande dimensões indutivas, na teoria de dimensão existe também o conceito de dimensão por cobertura, denotada por dim, para espaços normais. Antes de falarmos em di- mensão por cobertura, introduziremos as noções de espaços de Baire e de mergulhos de variedades, os quais serão úteis nesta seção. 1.8.1 Espaço de Baire Denição 1.13. A Se é um subconjunto do espaço topológico como sendo a união de todos os conjuntos abertos de A tem interior vazio quando vazio. Equivalentemente, complementar de A, Exemplo 1.9. A A não contém nenhum conjunto aberto de isto é, se o complementar de não tem interior vazio em como Q × R. ∪ An n∈N Um espaço A R. X O subconjunto X, também tem interior vazio em onde An e Q diferente do conjunto é um ponto de acumulação do R, mas o intervalo tem interior vazio em tem interior vazio para todo R2 , assim n ∈ N, a sua união X. Exemplo 1.10. O espaço Q não é espaço de Baire. Q; Dizemos que X. é denso em [0, 1] × {0} A. é denido é dito um espaço de Baire se para qualquer coleção enumerável de conjuntos fechados de e tem interior vazio em X tem interior vazio como um subconjunto de Q [0, 1] {An }n∈N A A o interior de que estão contidos em tem interior vazio se todo ponto de O conjunto Denição 1.14. X X, Para cada p ∈ Q, o conjunto é a união enumerável destes conjuntos, mas Q {p} é fechado não possui interior vazio nele mesmo. O espaço Z+ , por outro lado, é um espaço de Baire, pois todo subconjunto de assim, não existe subconjuntos de Z+ Z+ é aberto e, tendo interior vazio, exceto o conjunto vazio. Portanto, Z+ satisfaz a condição de Baire, por vacuidade. A terminologia originalmente usada por R. Baire para este conceito envolve a palavra categoria. Um subconjunto A de um espaço X é dito de primeira categoria em na união de uma coleção enumerável de conjuntos fechados de X; caso contrário, é dito de segunda categoria em seguinte: 39 X. X, X se ele estiver contido tendo esses interior vazio em Usando esta terminologia, podemos dizer o Um espaço X é um espaço de Baire se, e somente se, todo conjunto aberto não vazio em X é de segunda categoria. Na denição de espaço de Baire utilizamos conjuntos fechados. Também existe uma formulação envolvendo conjuntos abertos: Lema 1.9. X é um espaço de Baire se, e somente se, para qualquer coleção enumerável X, de conjuntos abertos em em Un onde cada é denso em X, sua interseção ∩ Un n∈N {Un } também é densa X. Demonstração. Suponha que X conjuntos abertos, onde cada Un seja um espaço de Baire. Dada uma coleção enumerável é denso em X, temos que Fn = X − Un {Un } de possui interior vazio em X. {Fn } de conjuntos fechados de X . Considere a coleção enumerável vazio em X. Portanto, ∩ Un n∈N Reciprocamente, seja tem interior vazio em X, é denso em X. Logo, isto é, ∪ Fn n∈N Denição 1.15. ∪ Fn n∈N possui interior X. {Fn } uma coleção enumerável de conjuntos fechados de X , onde cada Fn X − Fn Por hipótese, a coleção enumerável densa em Logo, é denso em {X − Fn } tem interior vazio em Uma família A = {Yi }i∈J X. de conjuntos abertos de X. Portanto, X X tem ∩ (X − Fn ) n∈N é um espaço de Baire. de subconjuntos de X, onde J é um conjunto qualquer de índices, possui a propriedade da interseção nita (PIF) se toda interseção nita de elementos de A Lema 1.10. é não vazia. Todo espaço compacto Hausdor é regular. Demonstração. Ver [10], capítulo 4, página 202. Lema 1.11. X é compacto se, e somente se, toda família de fechados de X com a PIF possui interseção não vazia. Demonstração. Ver [10], capítulo 3, páginas 169170. Teorema 1.26 (Teorema da categoria de Baire). um espaço métrico completo, então X Se X é um espaço compacto de Hausdor ou é um espaço de Baire. 40 {An } Demonstração. Dada uma coleção enumerável X, vazios em que ∪An U0 . também tem interior vazio em X um aberto de y ∈ U0 Portanto, existe Logo, como A1 qualquer. Como tal que é fechado, existe U1 y∈ / A1 . A1 Se Agora, se menor que 1. X for métrico, escolhemos U1 X An A1 for compacto de Hausdor então y X em não contém X é regular. tal que U1 ⊂ U0 . e sucientemente pequeno para que seu diâmetro seja Em geral, dado o conjunto aberto não vazio que não pertence ao conjunto fechado com interiores Para isso, provemos possui interior vazio, segue que vizinhança de U1 ∩ A1 = ∅ X. X, X. não contém nenhum conjunto aberto de U0 Seja ∪An queremos mostrar que de conjuntos fechados de Un−1 , e, então, escolhemos Un escolhemos um ponto de Un−1 uma vizinhança deste ponto tal que Un ∩ An = ∅ Note que se U1 ⊂ U0 . ∩Un X. Provaremos que Se X diam Un < 1/n no caso métrico. é não vazio, conclui-se o resultado. Com efeito, se E, para cada nenhum aberto de Un ⊂ Un−1 , e n ∈ N, x ∈ / An , Logo, ∩Un 6= ∅ ∪An uma vez que Un é disjunto de An . tem interior vazio o que implica que nos dois caso: X x ∈ ∩Un X compacto de Hausdor ou então Assim, ∪An x ∈ U0 pois não contém é um espaço de Baire. X métrico completo. for compacto de Hausdor, considere a sequência encaixante U1 ⊃ U2 ⊃ U3 ⊃ . . . de subconjuntos não vazios de vez que X X. é compacto, a interseção Já no caso em que Lema 1.12. Seja X A coleção ∩Un {Un } tem a propriedade da interseção nita; uma deve ser não vazia. é um espaço métrico completo, aplicamos o seguinte lema. C1 ⊃ C 2 ⊃ . . . em um espaço métrico completo X. uma sequência encaixada de conjuntos fechados não vazios Se diam Cn → 0, então ∩ Cn 6= ∅. n∈N Demonstração. Para cada Para n, m > N temos n ∈ N escolha xn ∈ Cn . xn , xm ∈ C N Dado > 0, e d(xn , xm ) < diam CN < . 41 tome N ∈ N tal que diam CN < . Logo, (xn ) é uma sequência de Cauchy em X. xn → x ∈ X , pois X Assim é completo. Então dado k ∈ N qualquer, a subsequência xk , xk+1 , xk+2 , . . . também converge para x. Portanto, k∈N é um espaço de Baire, pois é espaço métrico e completo. Também, todo subconjunto fechado de Lema 1.13. teriores vazios em An é um espaço de Baire. R {An } Y. o fecho de Mostremos que An Se pois Y de um espaço de Baire X é também um espaço de Baire. Y uma coleção enumerável de conjuntos fechados de em De fato, suponha que exista X. U ∪An Então possui interior vazio em An ∩ Y = An . aberto não vazio de é um aberto não vazio de vazio em Y Todo subespaço aberto Demonstração. Seja U ∩Y x ∈ Ck = Ck . x ∈ ∩ Ck . Exemplo 1.11. R Seja Assim, Y contido em X An , Y. An O conjunto contido em que possuem in- possui interior vazio em An , U ∩ An 6= ∅. então contradizendo o fato de X. Assim An possuir interior W é aberto em Y. ∪An contém um conjunto aberto não vazio é aberto em Portanto, Y X. Isso contradiz o fato de X W de Y, então W ⊂ ∪An e X, ser um espaço de Baire. é um espaço de Baire. Faremos agora uma aplicação da teoria de espaço de Baire: fn : [0, 1] → R uma sequência de funções contínuas tal que fn (x) → f (x) para cada x ∈ [0, 1]. Note que f não precisa ser contínua. De fato, considere fn : [0, 1] → R denida por 1/n, se x > 1/n, fn (x) = . (1 − n)x + 1, se x < 1/n. Seja (fn ) de funções contínuas fn (x) → f (x) para cada x ∈ [0, 1], onde f : [0, 1] → R é dada por f (x) = 0 se x ∈ (0, 1] e f (0) = 1. Agora, de modo geral, gostaríamos de saber em quantos pontos f pode ser descontínua? A sequência Teorema 1.27. Sejam funções contínuas tais que X um espaço topológico e fn (x) → f (x) de Baire, o conjunto de pontos em que f Demonstração. Dado um inteiro positivo para todo (Y, d) um espaço métrico. Sejam x ∈ X, onde é contínua é denso em N e dado > 0, f : X → Y. X. dena AN () = {x ∈ X | d(fn (x), fm (x)) 6 , ∀n, m > N }. 42 Se X fn : X → Y é um espaço Note que AN () é fechado em X pois, para cada n, m, o conjunto {x ∈ X | d(fn (x), fm (x)) 6 } é fechado em X (pela continuidade das funções d, f n e fm ) e AN () é a interseção destes conjuntos n, m > N . com Para xo, considere os conjuntos conjuntos é todo o X. Obviamente, implica que a sequência (fn (x0 )) A1 () ⊂ A2 () ⊂ . . . . ∪An () ⊂ X . Agora, dado é de Cauchy. Logo, que ∞ [ X= Mostremos que a união destes x0 ∈ X , x0 ∈ AN () o fato de para algum N. fn (x0 ) → f (x0 ) Assim, provamos An (). n=1 Agora, seja [ U () = int An (). N ∈N Queremos provar que: (1) U () (2) é aberto e denso em f A função X. é contínua em cada ponto do conjunto C = U (1) ∩ U (1/2) ∩ U (1/3) ∩ . . . Para mostrar que vazio V de X cada N, o conjunto U () N existe é denso em X, tal que o conjunto V ∩ AN () V. De V ser aberto, segue que Mostraremos agora que se V ∩ int(AN ()) é fechado em pelo menos um desses conjuntos, digamos em é suciente mostrar que para todo conjunto aberto não W x0 ∈ C , V. Por V é não vazio. Para isso, note que, para ser um espaço de Baire, pelo Lema 1.13, V ∩AM (), deve conter um conjunto não vazio W é aberto em então f X e, portanto, é contínua em x0 . aberto W ⊂ int AM (). Dado > 0, devemos encontrar d(f (x), f (x0 )) < para x ∈ W . 1 Primeiro, escolha k de modo que < . Temos que x0 ∈ int AN (1/k) para algum N . k 5 Finalmente, a continuidade da função fN possibilita escolhermos uma vizinhança W de x0 , contida uma vizinhança em AN (1/k), W de x0 tal que tal que d(fN (x), fN (x0 )) < , 5 43 para x ∈ W. (1.16) O fato que W ⊂ AN (1/k) implica que d(fn (x), fN (x)) 6 1 < , k 5 para x ∈ W. (1.17) Daí temos d(f (x0 ), fN (x0 )) 6 d(f (x0 ), fn (x0 )) + d(fn (x0 ), fN (x0 )) < 2 . 5 (1.18) Aplicando a desigualdade triangular em (1.16), (1.17) e (1.18) obtemos: d(f (x), f (x0 )) < . 1.8.2 Mergulho de Variedades Nesta seção, provaremos que dado uma variedade compacta X, esta pode ser mergulhada em um espaço euclidiano de dimensão nita. Para isso deniremos variedade e partição da unidade. Denição 1.16. Uma tal que cada ponto de m−variedade x∈X é um espaço de Hausdor X com uma base enumerável tem uma vizinhança que é homeomorfa a um subconjunto aberto de Rm . Uma 1−variedade é normalmente chamada uma curva, e uma 2−variedade é chamada uma superfície. φ : X → R, então o suporte de φ é denido como sendo o fecho do conjunto φ−1 (R − {0}). Assim, se x ∈ / suporte φ, existe alguma vizinhança de x em que φ se anula. Se Denição 1.17. Seja {U1 , . . . , Un } uma cobertura aberta do espaço de funções contínuas φi : X → [0, 1] é dita uma partição da unidade dominada por (1) (suporte φi ) ⊂ Ui (2) n X φi (x) = 1 {Ui } para cada i; para cada i = 1, . . . , n, para x. i=1 44 se: X. Uma família indexada Teorema 1.28 . aberta nita de um espaço normal X. {U1 , . . . , Un } Seja (Existência de partição da unidade nita) uma cobertura Então existe uma partição da unidade dominada por {Ui }. Demonstração. Ver [10], capítulo 4, página 225. Teorema 1.29. Se X Demonstração. Cubra X para algum é uma m−variedade X pode ser mergulhado em {U1 , . . . , Un } por uma quantidade nita Rm . de conjuntos abertos, cada um Considere os mergulhos gi : Ui → Rm orema 1.28, existem m φ−1 i (R − {0}). A função E φ1 , . . . , φn partição da unidade dominada por i = 1, . . . , n, dena a φ (x)g (x) i i hi (x) = (0, . . . , 0) Para cada função {Ui }; hi : X → Rm é normal. Pelo te- seja Ai = suporte φi = por: para x ∈ Ui para x ∈ X − Ai . x ∈ (X − Ai ) ∩ Ui hi está bem denida pois para hi é contínua pois suas restrições aos conjuntos abertos temos para cada X determinados por estes homeomorsmo. Sendo compacto e Hausdor, φi (x) = 0. RN N ∈ N. dos quais é homeomorfo a um aberto de i, compacta, então φi (x)gi (x) = 0 Ui e X − Ai uma vez que são contínuas. Agora dena m · · × Rm}) F : X → (R · · × R} × R | × ·{z | × ·{z n−vezes por n−vezes F (x) = (φ1 (x), . . . , φn (x), h1 (x), . . . , hn (x)). F um mergulho precisamos mostrar somente que F (x) = F (y). P (desde que Então φi (x) = φi (y) φi (x) = 1). e Portanto, Claramente é contínua. Para provar que é injetora (pois hi (x) = hi (y) φi (y) > 0 F para todo e assim i. X é é compacto). Suponha que Agora x, y ∈ U i , F pois φi (x) > 0 para algum i x, y ∈ suporte φi ⊂ Ui . Então, φi (x)gi (x) = hi (x) = hi (y) = φi (y)gi (y). Daí, gi (x) = gi (y). 1.8.3 Como gi : Ui → Rm é injetora, segue que x = y. Teorema de MergerNöbeling O principal resultado desta subseção é o teorema, devido a K. Menger e G. Nöbeling, que estabelece que qualquer espaço métrico compacto de dimensão 45 m pode ser mergulhado em RN para N = 2m + 1, 1.29). (esta é uma generalização do Teorema Sua demonstração é uma aplicação do Teorema de Baire. Primeiramente, apresentaremos a noção de ordem em uma família de conjuntos, que será necessária para denir a dimensão por cobertura. Denição 1.18. ordem da família A Seja X um conjunto e A uma família de subconjuntos de como sendo o maior inteiro n com interseção não vazia; se não existir tal inteiro, dizemos que A é denotada por A contém tem ordem Denimos a n+1 ∞. conjuntos A ordem de ord A . A = {As }s∈S é As1 ∩ As2 ∩ · · · ∩ Asn+2 = ∅. Assim, se a ordem de uma família s1 , . . . , sn+2 ∈ S A tal que a família X. temos n, igual a para cada n+2 índices distintos Em particular, uma família de ordem consiste somente do conjunto vazio, e uma família de ordem 0 −1 consiste de conjuntos dois a dois disjuntos que não são todos vazios. B é um renamento de outra cobertura A do mesmo espaço se para todo A ∈ A tal que B ⊂ A. Claramente, toda subcobertura A0 de A é um renamento Uma cobertura B∈B de A . existe Denição 1.19. tada por dim dim X , Para todo espaço normal que é um número inteiro X > −1 atribui-se a dimensão por cobertura de ou o número innito ∞. X, deno- Denimos a dimensão da seguinte forma: (CL1) dim X 6 n, onde n = −1, 0, 1, . . ., renamento aberto nito de ordem (CL2) dim X = n, se n − 1 < dim X 6 n; (CL3) dim X = ∞ se dim X > n se toda cobertura aberta nita do espaço X tem um 6 n; para todo n = −1, 0, 1, . . . dim é também chamada de dimensão de echLebesgue. Se os espaços normais X e Y são homeomorfos, então dim X = dim Y , isto é, a dimensão cobertura é um invariante topológico. Claramente, dim X = −1 se, e somente se, X = ∅. A dimensão por cobertura Exemplo 1.12. Todo subespaço compacto X de R fato, começaremos denindo uma cobertura aberta de intervalos abertos da forma abertos da forma (n, n + 1) (n − 1/2, n + 1/2) em em R, R, onde para R de ordem n ∈ Z. n ∈ Z. 46 tem dimensão topológica no máximo Seja Então A0 1. Seja A1 1. por De a coleção de todos os a coleção de todos os intervalos A = A0 ∪ A1 é uma cobertura aberta de R por conjuntos de diâmetro elementos de A0 Agora seja abertos em X, também são. Logo, X δ/2; A por f R. δ f :R→R dim X 6 1. (0, 1]. B Mostremos que se B seja cobertura de X formada por conjuntos δ é automaticamente um renamento de f (x) = 2δ x. de ordem R X 1 A imagem dos elementos da cujos elementos possuem diâmetro tem dimensão topológica A X formamos a cobertura aberta de a cobertura de X é uma cobertura aberta qualquer de 1. desejada. De fato, sabemos que formada pelos conjuntos X que rena A, então B e seja V rena A, ela deve conter mais do que um elemento. Seja a união dos outros. Se disjuntos e, assim, formam uma cisão para Portanto, concluímos que B B X, B tem ordem 0, então os conjuntos o que contradiz a conexidade de tem ordem pelo menos U U e V são X. 1. provar este fato, construiremos uma certa cobertura aberta A2 tem um destes Exemplo 1.14. Todo subespaço compacto X de R2 tem dimensão topológica no máximo 2. denindo [0, 1) 1. Desde que a cobertura elementos de C denido por X = [0, 1] dim X = 1, Para mostrar ordem pelo menos 1. Dado interceptando cada um desses elementos com O intervalo são disjuntos e todos os para esta cobertura. Isso signica que toda coleção forma uma cobertura aberta de Exemplo 1.13. e tem ordem que têm diâmetros menores que Considere o homeomorsmo coleção A existe um número de Lebesgue X A1 Note que todos os elementos de um subespaço compacto de de subconjuntos de C. 1. A de R2 que tem ordem como sendo a coleção de todos os quadrados abertos unitários de Para 2. Começamos R2 da seguinte forma: A2 = {(n, n + 1) × (m, m + 1) | m, n ∈ Z}. A2 Note que os elementos de E são disjuntos. Então, denimos uma coleção A1 tomando cada lado de um destes quadrados, E = {n} × (m, m + 1) E = (n, n + 1) × {m}, ou e expandindo-o levemente para um conjunto aberto E 6= E 0 , os conjuntos UE diâmetro seja no máximo bolas abertas de raio 1/2 e UE0 2. UE de R2 , tendo o cuidado de garantir que se sejam disjuntos. Também escolhemos cada Finalmente, dena sobre o ponto n × m. A0 de modo que seu como sendo a coleção consistindo de todas Veja gura: 47 UE A coleção dos conjuntos abertos diâmetro no máximo 2. E tem ordem Ai . que um conjunto de cada aberta de por X, Y Cada um destes elementos tem X A R2 pode pertencer a mais do R2 . um subespaço compacto de δ. Considere o homeomorsmo f por Dado uma cobertura f : R2 → R2 forma uma cobertura aberta de Interceptando cada um desses conjuntos com Seja X um espaço de dimensão nita. Se tem dimensão nita e Demonstração. Digamos Para cada R2 . X R2 denido por conjuntos formamos a cobertura desejada. Teorema 1.30. então δ. cobrem desde que nenhum ponto de Agora seja A imagem da coleção de diâmetro menor que X 2, existe um número de Lebesgue f (x) = 3δ x. aberta de A = A1 ∪ A2 ∪ A3 A ∈ A, conjuntos abertos é um subespaço fechado de X, dim Y 6 dim X . dim X = m. Seja A uma cobertura de A0 Y X tal que juntamente com o conjunto aberto X −Y. escolha um conjunto aberto A0 , Y cobertura que é uma cobertura aberta de X de por conjuntos abertos em A0 ∩ Y = A. Seja e tem ordem no máximo B m. Cubra X Y. pelos um renamento desta Então, a coleção {B ∩ Y | B ∈ B} Y é uma cobertura de Teorema 1.31. por conjuntos abertos em Seja X = Y ∪ Z, onde Y e Y, Z tem ordem no máximo m, são subespaços fechados de e rena X A. tendo dimensão topológica nita. Então, dim X = max{dim Y, dim Z}. Demonstração. Seja m = max{dim Y, dim Z}. e tem dimensão topológica no máximo agora que dim X ≤ m m. Devemos mostrar que Pelo Teorema 1.30, temos e, assim, concluiremos X possui dimensão nita m 6 dim X . dim X = max{dim Y, dim Z}. 48 Provaremos A Se Y se nenhum ponto de Passo 1: de X X, é uma cobertura aberta de Y encontra-se em mais de Mostremos que se que rena A dizemos que m A possui ordem no máximo elementos de A é uma cobertura aberta de X , m e tem ordem no máximo em pontos de m em pontos de A. então existe uma cobertura aberta Y. Para provar este fato, considere a coleção {A ∩ Y | A ∈ A}. Esta é uma cobertura aberta de de Y e possui ordem no máximo UB ∩ Y = B . C Então Passo 2: de X Agora, seja B m. B ∈ B, para B ∈ B, que é uma cobertura aberta escolha um conjunto aberto AB ∈ A tal que B ⊂ AB . Seja juntamente com todos os conjuntos A A uma cobertura aberta de C UB de X tal que a coleção de todos A−Y, para A ∈ A. X C que rena uma cobertura aberta de X X. D Construiremos uma cobertura aberta m. e tem ordem no máximo uma cobertura aberta de Então seja Dado B é a cobertura desejada. que rena Seja então existe um renamento Escolha também um elemento UB ∩ AB , os conjuntos Y, A que rena e tem ordem no máximo B m e tem ordem no máximo em pontos de m Y. em pontos de Z. Formamos uma nova cobertura cada C∈C um elemento de todos os elementos D(B), para Agora, porque C C de de B de X f :C→B do seguinte modo: Dena tal que para os quais C ⊂ f (C). Dado f (C) = B . Seja B ∈ B, D dena escolhendo para D(B) sendo a união a coleção de todos os conjuntos B ∈ B. D rena cobre m. Suponha que k 6 m. X e B pois D(B) ⊂ B C ⊂ D(f (C)) Note que os conjuntos x ∈ D(Bi ), Os conjuntos para cada para cada x ∈ D(B1 ) ∩ · · · ∩ D(Bk ), são. Assim, se f (Ci ) = Bi . C f (C) D B. C ∈ C. Logo, D(Bi ) A. D Também, D são distintos porque os i, Bi 's X são distintos. Desejamos provar um conjunto Ci ∈ C são. Além disso, x ∈ (C1 ∩ · · · ∩ Ck ) ⊂ (D(B1 ) ∩ · · · ∩ D(Bk )) ⊂ (B1 ∩ · · · ∩ Bk ). 49 cobre tem ordem no máximo devem ser distintos porque os conjuntos podemos escolher para cada Ci rena Mostremos que onde os conjuntos B1 , . . . , Bk D tal que D(Bi ) o x ∈ Ci e Se x estiver em então k 6 m, Y, pois k6m então C Corolário 1.9. B porque tem ordem no máximo m tem ordem no máximo Seja X = Y1 ∪ · · · ∪ Yk , em pontos de onde cada Yi m em pontos de Y, e se x ∈ Z, Z. é um subespaço fechado de X e possui dimensão nita. Então, dim X = max{dim Y1 , . . . , dim Yk }. Demonstração. Se X = Y1 ∪ Y2 então dim X = max{dim Y1 , dim Y2 } que o resultado é válido para todo espaço que é a união de nita. Se então X = Y1 ∪ · · · ∪ Yk , onde cada Yi k − 1 subespaços fechados de dimensão é um subespaço fechado de dim Z = max{dim Y1 , . . . , dim Yk−1 }, Z = Y1 ∪ · · · ∪ Yk−1 . onde dim X = max{dim Z, dim Yk } = max{dim Y1 , . . . , dim Yk }, Exemplo 1.15. X Toda 1−variedade pelo Teorema 1.31. Suponha X compacta X e possui dimensão nita, Logo, X = Z ∪ Yk e, assim, como desejado. tem dimensão topológica 1. Note que o espaço [0, 1]. pode ser escrito como uma união nita de espaços que são homeomorfos ao intervalo De fato, para todo Assim, Vx x ∈ X, Vx existe uma vizinhança é homeomorfo ao intervalo [0, 1]. de Logo, x homeomorfa ao intervalo aberto X = [ Vx . Como X (0, 1). é uma variedade x∈X compacta, segue que X é X = V x1 ∪ · · · ∪ V xk . Aplicando o Corolário 1.9, temos que a dimensão de 1. Exemplo 1.16. Toda 2−variedade X compacta modo análogo ao exemplo anterior, o espaço X tem dimensão topológica no máximo 2. De pode ser escrito como uma união nita de espaços que são homeomorfos a bola unitária fechada em R2 . Então, aplicando o corolário 1.9, concluímos o desejado. Para provar o Teorema do Mergulho, precisamos denir a noção de posição geral em envolve um pouco de geometria analítica em R N . Por exemplo, um conjunto posição geral se nenhum subconjunto de três pontos de de quatro pontos de S S S ⊂ R RN . 3 Esta está em são colineares e nenhum subconjunto são coplanares. Antes de denir quando um subconjunto de RN está em posição geral, precisamos introduzir a noção de geometricamente independente. Denição 1.20. Um conjunto {x0 , . . . , xk } de pontos de RN é dito geometricamente indepen- dente se as equações k X ai x i = 0 e i=0 são válidas apenas se cada k X i=0 ai = 0. 50 ai = 0 {x} Obviamente, um conjunto unitário é geometricamente independente. Mas o que signica um conjunto ser geometricamente independente em geral? k X Da segunda equação obtemos a0 = − ai e, substituindo a0 na primeira equação, temos i=1 − k X ! ai x 0 + a1 x 1 + · · · + ak x k = 0 ⇒ i=1 k X ai (xi − x0 ) = 0 i=1 ai = 0. Esta é a denição de linearmente independente {x1 − x0 , . . . , xk − x0 } do espaço RN . Isto nos ajuda na visualização apenas se cada para o conjunto de vetores de um conjunto geometri- camente independente: Quaisquer dois pontos distintos formam um conjunto geometricamente independente. Três pontos de RN formam um conjunto geometricamente independente se os pon- tos não são colineares e quatro pontos formam um conjunto geometricamente independente se eles não são coplanares. E isso vale sucessivamente. Segue-se a partir daí que os pontos 0 = (0, 0, . . . , 0) e1 = (1, 0, . . . , 0) . . . eN = (0, 0, . . . , 1) formam um conjunto geometricamente independente em junto de pontos geometricamente independente em Denição 1.21. dente. O plano pontos x ∈ RN P Seja {x0 , . . . , xk } ⊂ RN N R RN . Também segue que qualquer con- não contém mais do que N +1 pontos. um conjunto de pontos geometricamente indepen- determinado por estes pontos é denido como sendo o conjunto de todos os tais que x= k X ti xi , onde i=0 É simples provar que P k X ti = 1. i=0 também pode ser expresso como o conjunto de todos os pontos x tais que x = x0 + k X ti (xi − x0 ). (1.19) i=1 Assim, P pode ser descrito não somente como o plano determinado pelos pontos x0 , . . ., xk , mas x0 paralelo aos vetores x1 − x0 , . . ., xk − x0 . N Considere o homeomorsmo T : R → R denido por T (x) = x − x0 . Chamamos T de uma N translação em R . A expressão (1.19) mostra que esta aplicação leva o plano P sobre o subespaço k N vetorial V de R tendo como base os vetores x1 − x0 , . . ., xk − x0 . Por esta razão, chamaremos P de um k plano em RN . também como o plano passando por N 51 k plano P necessariamente tem interior vazio em R . E segundo, se y ∈ R −P então o conjunto {x0 , . . . , xk , y} é geometricamente independente. Como y ∈ / P então T (y) = y − x0 ∈ / V k . Por um teorema de Álgebra Linear, os vetores {x1 − x0 , . . . , xk − x0 , y − x0 } são linearmente independente. Dois fatos seguem imediatamente: N Denição 1.22. conjunto de A A Um conjunto de pontos de N +1 Dado um conjunto nito {y1 , . . . , yn } ⊂ RN k < N, o N contendo no máximo Lema 1.14. primeiro, se RN está em posição geral no {x1 , . . . , xn } ⊂ RN RN que está em posição geral em e dado δ > 0, |xi − yi | < δ tal que {y1 , . . . , yp } que contém N subconjuntos é geometricamente independente pois vazio em RN . p < n. e δ>0 tome Assim, existe k plano de RN para algum k 6 N − 1. RN ou menos elementos. Cada um desses {y1 , . . . , yp } está em posição geral em RN . E Cada um destes planos possui interior A união destes planos também possui interior vazio pois quantidade desses planos é nita. Assim, podemos escolher yp+1 {x1 } ⊂ RN que está em posição geral. Considere o conjunto de todos os planos em determinados por subconjuntos de determinam um existe um conjunto para todo i. Suponha por hipótese de indução que o resultado seja válido {y1 , . . . , yp } ⊂ RN se todo sub- pontos é geometricamente independente. Demonstração. Faremos a prova por indução. Para n=1, temos: dados y 1 = x1 . RN yp+1 ∈ RN RN é espaço de Baire e a tal que |xp+1 − yp+1 | < δ e não pertence a nenhum destes planos. Temos que o conjunto C = {y1 , . . . , yp , yp+1 } está em posição geral em 1 ou menos elementos. de indução. Se RN . Se yp+1 ∈ D, De fato, seja yp+1 ∈ / D, então então D um subconjunto qualquer de D é geometricamente independente pela hipótese D − {yp+1 } contém N C ou menos elementos e no plano determinado por estes elementos, por construção. contendo yp+1 N+ não está Então, como referimos acima, D é geometricamente independente. Teorema 1.32 mensão topológica mergulho tal que (Teorema de MengerNöbeling) n. Então, dados |f (x) − g(x)| < Demonstração. Seja N = 2n + 1. . f : X → R2n+1 para todo Seja X um espaço métrico compacto de di- contínua e > 0, existe g : X → R2n+1 um x ∈ X. Vamos escolher a métrica do máximo em |x − y| = max{|xi − yi |; i = 1, . . . , N }. 52 RN , que é denida por Seja ρ a métrica do sup no espaço C(X, RN ) das funções contínuas de X em RN : ρ(f, g) = sup{|f (x) − g(x)|; x ∈ X}. Denotando por E(X, RN ) o subespaço de E(X, RN ) o que desejamos provar é que C(X, RN ) Note que o espaço C(X, RN ) é denso em consistindo dos mergulhos de X em RN , C(X, RN ). é completo na métrica ρ pois RN é completo na métrica do máximo. Seja d a métrica de X . f : X → RN , Por X ser compacto, segue que d é limitada. Dada uma função contínua denimos ∆(f ) = sup{diam f −1 ({z}) | z ∈ f (X)}. Note que ∆(f ) diam f −1 ({z}) mede o quanto f −1 ({z}) f é limitado pois d é limitada. Assim, `desvia' de ser injetora no sentido de que se consiste de exatamente um ponto e, assim, Agora, dado > 0, dena f Provado esse fato, como da Categoria de Baire que C(X, RN ) C(X, RN ) está bem denido. O número ∆(f ) = 0 então cada conjunto é injetora. U = {f ∈ C(X, RN ) | ∆(f ) < }. contínuas que `desviam' de ser injetora por menos que C(X, RN ). ∆(f ) . Este consiste de todas as funções Provaremos que U é aberto e denso em é um espaço métrico completo, temos do Teorema é um espaço de Baire, resultando assim que a interseção \ U1/n n∈N é densa em em RN , C(X, RN ). Mas veja que tal interseção é exatamente o conjunto dos mergulhos de X i.e., \ E(X, RN ) = U1/n . n∈N De fato, se e, assim, f f é um elemento desta interseção então é injetora. Como X é compacto e RN ∆(f ) < 1/n para todo n. Portanto, ∆(f ) = 0 f é um mergulho. Desse Bρ (f, δ) ⊂ U . Primeiro escolha um é Hausdor, segue que modo, concluiremos a prova. (1) U é aberto em C(X, RN ). De fato, dado número b f ∈ U , tal que desejamos encontrar alguma bola ∆(f ) < b < . Note que se f (x) = f (y) = z , 53 então x e y pertencem ao conjunto f −1 ({z}), de modo que d(x, y) < b, pois d(x, y) 6 diam f −1 ({z}) 6 ∆(f ) < b. deixarmos A ser o seguinte subconjunto de Segue-se que, se X × X, A = {(x, y) | d(x, y) > b}, então a função Daí a função |f (x) − f (y)| é positiva em A. |f (x) − f (y)| Armamos que este valor de 2δ g δ A. e, portanto, compacto. Seja 1 min{|f (x) − f (y)|; (x, y) ∈ A}. 2 será suciente. é uma função contínua tal que por denição. Como A é fechado em X × X tem um mínimo positivo em δ= Suponha que Agora |f (x) − g(x)| < δ e ρ(f, g) < δ . Se |f (y) − g(y)| < δ (x, y) ∈ A, então |f (x) − f (y)| > segue que |g(x) − g(y)| > 0. Com efeito, |f (x) − f (y)| 6 |f (x) − g(x)| + |g(x) − g(y)| + |g(y) − f (y)| < 2δ + |g(x) − g(y)| ⇒ ⇒ |g(x) − g(y)| > |f (x) − f (y)| − 2δ > 0. |g(x)−g(y)| é positiva em A. Logo, a função então Portanto, se x e y são dois pontos tais que g(x) = g(y), d(x, y) < b ⇒ ∆(g) 6 b < . (2) U é denso em C(X, RN ). Seja f ∈ C(X, RN ). g ∈ U e >0 e δ>0 desejamos encontrar uma função g ∈ C(X, RN ) tal que ρ(f, g) < δ . Cubra y ∈ RN . Dados RN pela coleção Como f {B(y, δ/4) | y ∈ RN }. é contínua, existe r>0 tal que Dado x∈X então f (x) ∈ B(y, δ/4) para algum f (Bd (x, r)) ⊂ B(y, δ/4). Considere a família V = {Bd (x, µ) | x ∈ X}, onde µ = min{r, /4}, que é uma cobertura aberta de X . um renamento aberto U de existe uma quantidade nita V que cobre U1 , . . . , Un X Por hipótese, tendo ordem no máximo tal que X ⊂ U1 ∪ . . . ∪ Un . satisfaz 54 dim X = m. m + 1. Como Então, existe X Assim, o conjunto é compacto, {U1 , . . . , Un } (1) diam Ui < /2 em X, (2) diam f (Ui ) < δ/2 em (3) {U1 , . . . , Un } Sejam {φi } tem ordem 6 m + 1. uma partição da unidade dominada por Então escolha, para cada {z1 , . . . , zn } RN , i, zi ∈ RN um ponto RN . está em posição geral em {Ui }. tal que Para cada i, escolha um ponto |zi − f (xi )| < δ/2 Finalmente, dena g(x) = n X g : X → RN xi ∈ Ui . e tal que o conjunto por φi (x)zi . i=1 Armamos que g é a função desejada. Primeiro, mostremos que ρ(f, g) < δ . Note que g(x) − f (x) = n X φi (x)zi − i=1 pois P φi (x) = 1. φi (x)f (x), i=1 Então g(x) − f (x) = n X φi (x)(zi − f (xi )) + i=1 Agora, n X |zi − f (xi )| < δ/2 n X φi (x)(f (xi ) − f (x)). i=1 para cada i, pela escolha dos pontos zi 's. E se i é um índice tal que φ(x) 6= 0, então x ∈ Ui . Porque temos diam f (Ui ) < δ/2, segue que |f (xi ) − f (x)| < δ/2. P vez que φi (x) = 1, concluímos que |g(x) − g(y)| < δ . Portanto, ρ(f, g) < δ . Mostraremos que g ∈ U . a um dos conjuntos abertos Como um resultado, Assim, suponha Devemos provar que se Ui , x, y ∈ X e g(x) = g(y), então x e y pertencem assim necessariamente ∆(g) < /2 < , g(x) = g(y). Uma d(x, y) < /2 (desde que diam Ui < /2). como queríamos. Então n X [φi (x) − φi (y)]zi = 0. i=1 Pois a cobertura {Ui } tem ordem nulos, e no máximo máximo 2m + 2 m+1 no máximo dos números m + 1, φi (y) m + 1 dos números φi (x) são não P Assim, [φi (x) − φi (y)]zi tem no no máximo são não nulos. termos não nulos. Note que a soma dos coecientes desaparecem porque n X [φi (x) − φi (y)] = 1 − 1 = 0. i=1 55 Os pontos zi estão em posição geral em RN , assim todo subconjunto deles tendo N +1 = 2m+2. elementos é geometricamente independente. E, por hipótese, N +1 ou menos Portanto, concluímos que φi (x) − φi (y) = 0 para todo Agora y ∈ Ui , i. φi (x) > 0 para algum i, assim que x ∈ Ui . Desde que φi (x) = φi (y), temos também como armado. Denição 1.23. cobertura {Bs }s∈S Um encolhimento da cobertura do espaço X {As }s∈S Bs ⊂ As , ∀s ∈ S . tal que desigualdade B de uma cobertura é qualquer Um encolhimento é aberto (fechado) se todos os elementos são subconjuntos abertos (fechados) do espaço Obviamente, todo encolhimento X de um espaço topológico A X. é um renamento de A e satisfaz a ord B 6 ord A . Proposição 1.15. Para todo espaço normal X as seguintes condições são equivalentes: (a) dim X 6 n. (b) Toda cobertura aberta nita do espaço X tem um renamento aberto de ordem (c) Toda cobertura aberta nita do espaço X tem um encolhimento aberto de ordem Demonstração. As implicações X que satisfaz (b). Sejam desta cobertura com (a) ⇒ (b) {Ui }ki=1 ord V 6 n. Para todo Obviamente assim, concluímos que (b) ⇒ (c). Teorema 1.33. aberta com ordem 6 n, n+2 dim X 6 n (c) ⇒ (a) {Vi }ki=1 V ∈V Um espaço normal X n+2 satisfaz n+2 elementos {Ui }i=1 do espaço n+2 \ X Wi = ∅. isto é, tal que escolha i=1 56 X e i(V ) 6 k é um encolhimento de basta considerar 6 n. são óbvias. Considere um espaço normal uma cobertura aberta nita de Vi = ∪{V : i(V ) = i}. Para provar que e 6 n. V um renamento aberto tal que {Ui }ki=1 V ⊂ Ui(v) e temos e dena ord{Vi } 6 n, e elementos da cobertura. dim X 6 n se, e somente se, toda cobertura possui um encolhimento aberto {Wi }n+2 i=1 de Demonstração. É suciente mostrar que todo espaço normal cobertura aberta com {Wi }n+2 i=1 de {Ui }n+2 i=1 n+2 elementos {Ui }n+2 i=1 X com dim X > n possui uma com a propriedade que cada encolhimento aberto satisfaz a condição n+2 \ Wi 6= ∅. i=1 Suponha que espaço X dim X > n, pela Proposição 1.15 existe uma cobertura aberta que não possui encolhimento aberto de ordem V 0 = {Vi0 }ki=1 é um encolhimento de {Vi }ki=1 Vi01 ∩ Vi02 ∩ · · · ∩ Vi0m 6= ∅ 6 n. V0 do Além disso, pode-se assumir que se então sempre que Vi1 ∩ Vi2 ∩ · · · ∩ Vim 6= ∅, onde i1 , . . . , im é uma sequência de números naturais menores ou iguais a encolhimento aberto V = {Vi }ki=1 que não satisfaz (1.20), substitua V por V0 k. (1.20) De fato, se V tem um e continue este procedimento até obter uma cobertura aberta com as propriedades desejadas. Tal cobertura existe pois o número de interseções em (1.20) é nita. Como ord V > n, reorganizando, se necessário, os membros de n+2 \ V, temos Vi 6= ∅. (1.21) i=1 Mostraremos que a cobertura aberta com k [ para i 6 n+1 e Un+2 = n+2 elementos Vi , tem a propriedade desejada. {Ui }n+2 i=1 do espaço X, onde Considere um encolhimento Ui = Vi {Wi }n+2 i=1 i=n+2 de {Ui }n+2 i=1 . A cobertura {W1 , W2 , . . . , Wn+1 , Wn+2 ∩ Vn+2 , Wn+2 ∩ Vn+3 , . . . , Wn+2 ∩ Vk } do espaço X V, ! é um encolhimento de n+2 \ i=1 Teorema 1.34. Wi ⊃ n+1 \ Wi deste modo por (1.20) e (1.21) temos ∩ (Wn+2 ∩ Vn+2 ) ⊃ i=1 Para todo espaço normal n+1 \ ! Vi ∩ (Vn+2 ) 6= ∅. i=1 X, as condições lentes. 57 Ind X = 0 e dim X = 0 são equiva- Demonstração. Suponha que aberto V ⊂ X que contém dim X = 0. A. Note que Teorema 1.33 existe um encolhimento U ∩ W = ∅. Assim, A⊂U ⊂V e Reciprocamente, suponha que seja A = X\U1 ∂U = ∅. Logo, de ordem 0. e V = U2 . Considere um conjunto fechado {V, X\A} {U, W } Ind X = 0. e um conjunto é uma cobertura aberta para de ordem Ind ∂U = −1, A⊂X ou seja, 6 0, isto é, X, logo pelo U ⊂ V , W ⊂ X\A e Ind X = 0. Dado uma cobertura aberta Por hipótese, existe um conjunto aberto {U1 , U2 } U ⊂X tal que do espaço X, A⊂U ⊂V e {U, X\U } é um encolhimento de {U1 , U2 } (pois, U ⊂ V = U2 e X\U ⊂ X\A = U1 ) dim X = 0. Portanto, pelo Teorema 1.33 temos Os dois resultados abaixo se encontram em [3] no capítulo Teorema 1.35 . (O Teorema de Coincidência) 1 na seção 7. Para todo espaço métrico separável X temos ind X = Ind X = dim X. Teorema 1.36 com n > 0 . se, e somente se, para toda sequência pares de subconjuntos fechados disjuntos de n+1 \ Li Um espaço métrico separável (Teorema das Partições) é uma partição entre Ai e Bi X i=1 58 satisfaz ind X 6 n (A1 , B1 ), (A2 , B2 ), . . . , (An+1 , Bn+1 ) existem conjuntos fechados Li = ∅. e X L1 , . . . , Ln+1 de n+1 tais que Capítulo 2 A dimensão do produto cartesiano e mergulhos em Rn Para um espaço métrico compacto cartesiano X ×X Teorema 2.1. é denso em X de dimensão com os mergulhos em X Seja C(X, R2n ) n n, vamos relacionar a dimensão do produto através do seguinte resultado: R um espaço métrico compacto de dimensão se, e somente se, n > 3. O espaço E(X, R2n ) dim(X × X) < 2n. A demonstração deste Teorema será dividida nas próximas duas seções: na seção 2.1 demonstraremos que E(X, R2n ) = C(X, R2n ) ⇒ dim(X × X) < 2n e na seção 2.2 a reciproca. Agora, introduziremos alguns conceitos que serão necessários nestas seções. Denição 2.1. é o cubo ∂I p (∂I p Uma função contínua pdimensional, f I p) tal que g(x) = f (x) é essencial quando não existe f : X → I p é não : f −1 (∂I p ) → ∂I p , Note que uma função X, onde fe = f |f −1 (∂I p ) onde X é um espaço métrico e I p = [−1, 1]p é dita não essencial (inessencial) se existe uma função contínua denota a fronteira de Dizemos que f : X → I p, g para cada satisfazendo a denição acima. isto é, se existe uma função contínua comutando o diagrama: i x ∈ f −1 (∂I p ). fe sobre g : X → ∂I p essencial se existe uma extensão contínua de p f −1 (∂I _ ) fe g X 59 g:X→ / 9∂I p . Observação 2.1. X Seja um espaço métrico separável. Se contínua f : X → Ip f −1 (∂I p ) é um subconjunto fechado de ∂I p é não essencial. De fato, sabemos que Teorema 1.22, que existe g : X → S p−1 X e dim X 6 p − 1 então toda função é homeomorfo a f |f −1 (∂I p ) : f −1 (∂I p ) → S p−1 S p−1 . Como é contínua segue, pelo comutando o diagrama f p f −1 (∂I ) / S p−1 9 _ i . g X Portanto, f é não essencial. Exemplo 2.1. Seja f : R − {0} → I contínua denida por −1, x ∈ (∞, −1], f (x) = x, x ∈ [−1, 1] − {0}, . 1, x ∈ [1, ∞). g : R − {0} → {−1, 1} Note que a função contínua g(x) = f (x) x ∈ f −1 (∂I) = f −1 ({−1, 1}). para Proposição 2.1. Hp−1 (∂I p ) denida por Assim, f : (I p , ∂I p ) → (I p , ∂I p ) Seja f é um homomorsmo não nulo então −1, x < 0, g(x) = 1, x > 0, f é não essencial. uma função contínua. Se / / Hp (I p ) Hp (∂I p ) / Hp (I p , ∂I p ) f∗ / Hp (I p , ∂I p ) 0 onde / (I p , ∂I p ): Hp−1 (∂I p ) fe∗ fe∗ : Hp−1 (∂I p ) → é essencial. Demonstração. Considere a sequência longa de homologia do par ··· satisfaz / / Hp−1 (I p ) / Hp−1 (∂I p ) / ··· 0 fe = f |∂I p . Como Hp (I p ) = 0 = Hp−1 (I p ) Suponha que x ∈ ∂I p . Assim, f segue que Hp (I p , ∂I p ) ' Hp−1 (∂I p ) ' Z. é não essencial, isto é, existe fe = g ◦ i ⇒ fe∗ = g∗ ◦ i∗ , induzidas das funções fe, g , i i : ∂I p → I p tal que g(x) = fe(x), é a inclusão e fe∗ , g∗ , i∗ para todo indicam as em homologia. Logo, os diagramas abaixo são comutativos: Hp−1 (∂I p ) i∗ onde g : I p → ∂I p fe∗ / Hp−1 (∂I p ) 7 ⇔ Z i∗ g∗ 0 Hp−1 (I p ) 60 fe∗ g∗ / ?Z . g∗ Como fe∗ é nula segue que Denição 2.2. é nula, o que contradiz a hipótese. Portanto, f : X → Ip Duas funções contínuas triviais se existem duas funções contínuas e g : Y → Iq F : X → Ip × Iq e f é essencial. são ditas transversalmente G : Y → Ip × Iq satisfazendo as seguintes condições: (i) F |f −1 (∂I p ) = (f, 0)|f −1 (∂I p ) ; (ii) G|g−1 (∂I q ) = (0, g)|g−1 (∂I q ) ; (iii) F (X) ∩ G(Y ) = ∅. Dizemos que f e g f é transversalmente trivial quando e f são transversalmente triviais. E quando não são transversalmente triviais dizemos que elas são transversalmente essenciais. Exemplo 2.2. As funções contínuas f, g : I → I I = [−1, 1], são transversalmente triviais. denidas por F (x) = (f (x), 0) e a = F (b) = G(c) Portanto, 2.1 f e g para b, c ∈ I . denidas por f (x) = 1 g(x) = x, e De fato, existem funções contínuas G(x) = (0, g(x)), 2.2 estão satisfeitas. Provaremos agora que então f obviamente, as condições F (I) ∩ G(I) = ∅. Daí, (i) Com efeito, se e onde F, G : I → I 2 (ii) da Denição a ∈ F (I) ∩ G(I), a = (f (b), 0) = (0, g(c)) ⇒ f (b) = 0, absurdo. são transversalmente triviais. A densidade dos mergulhos em X compacto de dimensão n R2n de um espaço métrico implica dim(X × X) < 2n Nesta seção provaremos a seguinte implicação do Teorema 2.1: Teorema 2.2. E(X, R2n ) Seja é denso em Y ⊂ Rn . X Seja Y é um retrato de vizinhança euclidiano, ou que Y r : V → Y , onde V é uma vizinhança de Y em Rn . é do tipo ENR, então dim(X × X) < 2n. Dizemos que . (Borsuk) um espaço métrico contínua Se o subespaço C(X, R2n ) quando existe uma retração Lema 2.1 n, n > 1. um espaço métrico compacto de dimensão X F :X→Y e Sejam Y ⊂ Rn f, g : A → Y então g um espaço do tipo EN R, A um subconjunto fechado de duas funções contínuas homotópicas. Se também admite extensão contínua. 61 f tem uma extensão Demonstração. Ver [7], página 16. Lema 2.2. f : X → Im × In Sejam f (X) ∩ g(Y ) = ∅. f = (f1 , f2 ) Se Demonstração. Como f2 (x) 6= g2 (y). Assim, e i.e., h f 1 × g2 é contínua e, para f1 × g2 : X × Y → I m × I n (x, y) ∈ X × Y tem-se h(x, y) ∈ ∂(I m × I n ) (g1 (y), f2 (x)) e com sentido é não essencial. f1 (x) 6= g1 (y) ou Considere a função é exatamente o ponto de (f1 (x), g2 (y)) − (g1 (y), f2 (x)). (x, y) ∈ (f1 × g2 )−1 (∂(I m × I n )), h(x, y) = (f1 (x), g2 (y)), f1 × g2 : (f1 × g2 )−1 (∂(I m × I n )) → ∂(I m × I n ). é não essencial. Dn = {x ∈ Rn | d(0, x) 6 1} Proposição 2.2. para todo dada pelo seguinte: é uma extensão contínua de Portanto, então duas funções contínuas tais que (f1 (x), g2 (y)) 6= (g1 (y), f2 (x)) para todo (x, y) ∈ X × Y . interseção da semi-reta que começa em h g : Y → Im × In g = (g1 , g2 ) f (X) ∩ g(Y ) = ∅, h : X × Y → ∂(I m × I n ) Note que a função e Se é o disco de Rn centrado em f × g : X × Y → Dm × Dn 0 ∈ Rn com raio é essencial então f e g 1. são transversalmente essenciais. Demonstração. Suponha que F = (f1 , f2 ) e G = (g1 , g2 ) do Lema 2.2 que temos são transversalmente triviais, isto é, existem funções contínuas f1 × g2 : X × Y → Dm × Dn e 2.2. Como F (X) ∩ G(Y ) = ∅, Assim, Provemos que então segue é não essencial. Por (i) e (ii) da Denição 2.2, g2 |g−1 (∂Dn ) = g|g−1 (∂Dn ) . A = (f × g)−1 (∂(Dm × Dn )) ⊂ (f1 × g2 )−1 (∂(Dm × Dn )) g)−1 (∂(Dm × Dn )) g(y) ∈ ∂Dn . g e satisfazendo os itens da Denição f1 |f −1 (∂Dm ) = f |f −1 (∂Dm ) Note que fato, f (f, g)(x, y) ∈ (∂Dm × Dn ) ∪ (Dm × ∂Dn ). f (x) = f1 (x) ou g(x) = g2 (x) f × g : A → ∂(Dm × Dn ) e e, portanto, pois se Daí, ou (x, y) ∈ (f × f (x) ∈ ∂Dm ou (f1 , g2 )(x, y) ∈ (∂(Dm × Dn )). f1 × g2 : A → ∂(Dm × Dn ) são homotópicas. De A = (f −1 (∂Dm ) × Y ) ∪ (X × g −1 (∂Dn )). Dena H : A × I → ∂(Dm × Dn ) por (f (x), g(y) + t(g (x) − g(y))) , se (x, y) ∈ f −1 (∂Dm ) × Y, 2 H((x, y), t) = (f (x) + t(f (x) − f (x), g(y))) , se (x, y) ∈ X × g −1 (∂Dn ). 1 Note que H é contínua, H(x, 0) = (f × g)(x) f × g ∼ f1 × g2 , ∂(Dm × Dn ) que f ×g é do tipo EN R e e H(x, 1) = (f1 × g2 )(x) f 1 × g2 é não essencial. 62 para todo x ∈ A. Como é não essencial, segue do Lema de Borsuk Denição 2.3. para todo Uma função Se f : X → Dm e tal que para toda função contínua toda função contínua -próxima a g:X →Y g : Y → Dn se d(f (x), g(x)) < , = 1/6. F : X → Rm × Rn -próxima Considere funções contínuas tais que a F e F 0 : X → Rm × Rn e (f, 0) : X → Rm × Rn , temos F = (f1 , f2 ) : X → Rm × Rn e β(t) = e G0 : Y → Rm × Rn 1, e F (X)∩G(Y ) 6= ∅. G = (g1 , g2 ) : Y → G são -próximas a (f, 0) e (0, g), respectivamente. α, β : [0, ∞) → [0, 1] denidas por 0 6 t 6 1/2, 0, α(t) = 6t − 3, 1/2 6 t 6 2/3, 1, t > 2/3, Dena também são transversalmente essenciais então existe G : Y → Rm ×Rn -próxima a (0, g) : Y → Rm ×Rn Demonstração. Tome Rm × Rn é dita x ∈ X. Proposição 2.3. >0 f :X →Y Sejam 0 6 t 6 1/2, −6t + 4, 1/2 6 t 6 2/3, 0, t > 2/3. por F 0 (x) = ([1 − α(kf1 (x)k)]f1 (x) + α(kf1 (x)k)f (x), β(kf1 (x)k)f2 (x)), G0 (y) = (β(kg2 (y)k)g1 (y), [1 − α(kg2 (y)k)]g2 (y) + α(kg2 (y)k)g(y)). Observe que α, β , F 0 Provemos que e G0 são funções contínuas. Im F 0 ∪ Im G0 ⊂ Dm × Dn . α(kf1 (x)k)f (x), β(kf1 (x)k)f2 (x)) ∈ Dm × Dn . Primeiro mostraremos ([1 − α(kf1 (x)k)]f1 (x) + Faremos esta demonstração em casos: o 1 )Caso: 1 kβ(kf1 (x)k)f2 (x)k 6 kf2 (x)k 6 . 6 Logo, o 2 )Caso: Se β(kf1 (x)k)f2 (x) ∈ Dn . kf1 (x)k 6 1/2 então k[1 − α(kf1 (x)k)]f1 (x) + α(kf1 (x)k)f (x)k = kf1 (x)k 6 1/2 < 1. o 3 )Caso: Se 1/2 6 kf1 (x)k 6 2/3 então 0 6 6kf1 (x)k − 3 6 1. k[1 − α(kf1 (x)k)]f1 (x) + α(kf1 (x)k)f (x)k 6 kf1 (x)k + kf (x) − f1 (x)k 6 63 2 1 5 + = < 1. 3 6 6 o 4 )Caso: Se kf1 (x)k > 2/3 então k[1 − α(kf1 (x)k)]f1 (x) + α(kf1 (x)k)f (x)k = kf (x)k 6 1. Portanto, k[1 − α(kf1 (x)k)]f1 (x) + α(kf1 (x)k)f (x)k ∈ Dm . Analogamente, prova-se que Se f (x) ∈ ∂Dm então Im G0 ⊂ Dm × Dn . F 0 (x) = (f (x), 0), kf1 (x) − f (x)k > 1 − 1/6 = 5/6 > 2/3, prova-se e daí, g(x) ∈ ∂Dn ⇒ G0 (x) = (0, g(x)). pois kf (x)k = 1 α(kf1 (x)k) = 1 Como f satisfazem os itens (i) e (ii) da Denição 2.2, existe e g e implica que kf1 (x)k > kf (x)k − β(kf1 (x)k) = 0. Do mesmo modo são transversalmente essenciais e (x, y) ∈ X × Y tal que F 0 (x) = G0 (y). F0 e G0 Então, temos k[1 − α(kf1 (x)k)]f1 (x) + α(kf1 (x)k)f (x)k = kβ(kg2 (y)k)g1 (y)k = |β(kg2 (y)k)|.kg1 (y)k 6 kg1 (y)k 6 = 1/6. Se kf1 (x)k 6 1/2 F (X) ∩ G(Y ) 6= ∅. e kg2 (x)k 6 1/2, concluímos que F (x) = F 0 (x) = G0 (y) = G(y) e, portanto, Com efeito, sabemos kf1 (x)k − α(kf1 (x)k)kf1 (x) − f (x)k 6 kf1 (x) − α(kf1 (x)k)(f1 (x) − f (x))k ⇒ 1 ⇒ 6 1 1 1 1 kf1 (x)k 6 + kf1 (x) − f (x)k 6 + < . 6 6 6 2 kf1 (x)k − α(kf1 (x)k)kf1 (x) − f (x)k 6 Do mesmo modo prova-se que Proposição 2.4. C(X, Y ), Seja X kg2 (x)k 6 1/2. um espaço compacto e seja Y um espaço métrico. No conjunto a topologia compacto-aberto e a topologia uniformemente convergente coincidem. Demonstração. Ver [10], página 285. Proposição 2.5. Se X é um espaço métrico compacto tal que E(X, R2n ) é denso em C(X, R2n ) então quaisquer duas funções contínuas subespaços fechados de X2 → D n × D n X f 1 : X1 → D n e f 2 : X2 → D n , onde disjuntos, são transversalmente triviais. Em particular, é não essencial. 64 X1 e X2 são f1 × f2 : X 1 × Demonstração. Suponha f1 2.3 para f2 . e f1 e f2 transversalmente essenciais. Seja Dena a função contínua h : X → Rn × Rn (f (x), 0), 1 h(x) = (0, f (x)), 2 E(X, R2n ) Como próxima a com e h. é denso em Então, F = H|X1 e C(X, R2n ), G = H|X2 > 0 satisfazendo a Proposição por se x ∈ X1 ; se x ∈ X2 . existe um mergulho são -próximas a H : X → Rn × Rn (f1 , 0) e (0, f2 ), que é - respectivamente, F (X1 ) ∩ G(X2 ) = ∅ pois se existisse a ∈ F (X1 ) ∩ G(X2 ) então a = H(x) = H(y) para x ∈ X1 y ∈ X2 e, como H é mergulho, temos F (X1 ) ∩ G(X2 ) = ∅ O fato de x = y ∈ X 1 ∩ X 2 = ∅, absurdo. contradiz a Proposição 2.3 e, portanto, f1 e f2 são transversal- mente triviais. Pela contra positiva da Proposição 2.2, temos que f 1 × f 2 : X 1 × X2 → D n × D n é não essencial. Lema 2.3. f : X → Seja Y Mj e para cada j ∈ J seja Nj ⊂ Mj uma variedade com j∈J ! dim Nj = dim Mj . Se f é essencial então sua restrição f | : f −1 Y → Nj Y Nj também é j∈J j∈J essencial. Demonstração. Ver [5], página 382. Denição 2.4. Sejam f : X → Y topológico todo Y e >0 uma função contínua de um espaço métrico um número. Dizemos que f é uma aplicação se X em um espaço diam(f −1 (y)) < para y ∈Y. As demonstrações dos dois próximos lemas se encontram em [3], páginas 107 e 108. Lema 2.4. Se X é um espaço métrico compacto e se para todo número -aplicação f : X → Y , Lema 2.5. número >0 onde Y é um espaço compacto tal que Um espaço métrico compacto existe uma Lema 2.6. Então existe 1 Seja -aplicação f :X →Y de uma X X satisfaz dim Y 6 n, dim X 6 n onde > 0 tal que para todo conjunto B ⊂ Y . 65 X e Y então existe uma dim X 6 n. se, e somente se, para todo em um poliedro de dimensão -aplicação, > 0 6 n. são espaços métricos compactos. de diâmetro 6 1 temos que diam(f −1 (B)) < Demonstração. Suponha que 1 não existe. Então, para todo de diâmetro Sejam sequências < 1/n tal que xn , x0n ∈ An (xn )n∈N e tais que (x0n )n∈N d(f (xn ), f (x0n )) < 1/n -aplicação), An = f −1 (Bn ) Proposição 2.6. > . d(xn , x0n ) = diam An > . x∈X que convergem para para todo n, segue que d(x, x0 ) < , conclui-se que tem diâmetro n ∈ N existe um subconjunto Bn ⊂ Y e x0 ∈ X , f (x) = f (x0 ) = y . absurdo, já que Para um espaço métrico compacto X Como é compacto, existem sub- respectivamente. Desde que Como diam f −1 (y) < (pois f é d(x, x0 ) > . X de dimensão n, as seguintes armações são equivalentes: (1) dim(X × X) < 2n; (2) f : X → Dn , Para toda função contínua seu quadrado f × f : X × X → Dn × Dn é não essencial; (3) Para quaisquer duas funções contínuas X subespaços fechados de (1) ⇒ (2): Demonstração. disjuntos, Seja (2) ⇒ (3): Suponha que da função contínua existência da função f ×f f1 × f2 f ). Como f : X × X → Dn × Dn dada por f1 e f2 (f × f )|X1 ×X2 = f1 × f2 existe Suponha que n − 0 > 0 dim(X × X) = 2n. tal que para toda η>0 tal que para toda temos que são é não essencial. dim(X × X) 6 2n − 1 então, (f × f )|X1 ×X2 é essencial. Logo, é não essencial. dim(X × X) > 2n − 1, pelo Lema 2.4, Assim η -aplicação f : X → P 66 X2 f1 ×f2 : X1 ×X2 → Dn ×Dn 0 -aplicação F : X × X → Y 0 -aplicação. e (O Teorema de TietzeUrysohn garante a (onde f ×f :X ×X →P ×P é uma X1 uma extensão contínua qualquer temos dim(F (X × X)) > 2n. Existe onde é não essencial. f : X → Dn é essencial, contradizendo a hipótese. Portanto, (3) ⇒ (1): f 2 : X2 → D n , contínua. Por hipótese, é essencial. Seja X 1 ∪ X2 → D n e f 1 × f 2 : X1 × X2 → D n × D n f : X → Dn pela Observação 2.1, a função contínua f1 : X 1 → D n (2.1) P é um poliedro) temos que (2.2) Pelo Lema 2.5, existem um poliedro compacto 1 > 0 Pelo Lema 2.6 existe K σ ∈ K×K todas as células de s1 × s2 ⊂ P × P , o star da célula K ×K n e uma η -aplicação f : X → P . tendo σ σ |K| = P , onde e K×K (2.3) denota o complexo celular s1 , s2 ∈ K . K × K, em diam[(f × f )−1 (A)] < 0 . ⇒ (diam A < 1 ) e um complexo simplicial nito tal que composto de todas as células Para de dimensão tal que (A ⊂ P × P ) Seja P denotado por st(σ, K × K), é a união de como face. Usando a subdivisão baricêntrica podemos escolher K tão no que diam(st(σ, K × K)) < 1 , (2.4) σ ∈ K × K. para cada Mostraremos que existem dois n-simplexos s1 , s2 ∈ K tais que f × f : (f × f )−1 (s1 × s2 ) → s1 × s2 Suponha que para quaisquer dois simplexos não essencial. Ou seja, para quaisquer extensão de (2.5) s1 , s2 ∈ K , f × f : (f × f )−1 (s1 × s2 ) → s1 × s2 s1 , s2 ∈ K existe é F(s1 ,s2 ) : (f × f )−1 (s1 × s2 ) → ∂(s1 × s2 ) (f × f )|(f ×f )−1 (∂(s1 ×s2 )) . Dena a função contínua F : X × X → |(K × K)(2n−1) | E para cada z ∈ X × X , F (z) z ∈ X ×X temos (K × K)(2n−1) chamado de Note que e (f × f )(z) (f × f )(z) ∈ s1 × s2 como a colagem das funções pertencem a uma mesma célula de e assim K × K, F(s1 ,s2 ) . pois dado F (z) = F(s1 ,s2 ) (z) ∈ ∂(s1 × s2 ) ⊂ s1 × s2 é a coleção de todos os simplexos em K×K de dimensão no máximo (onde 2n − 1, (2n − 1)-esqueleto). F é uma De fato, seja σ ∈ K ×K é essencial. 0 -aplicação. y ∈ F (X × X). contendo Então y = F (z), para algum z ∈ X×X e existe uma célula y = F (z) e (f ×f )(z) que implica z ∈ (f ×f )−1 (σ) ⊂ (f ×f )−1 (st(σ, K ×K)). Logo, F −1 ({y}) ⊂ (f × f )−1 (st(σ, K × K)). Como diam(st(σ, K ×K)) < 1 f )−1 (st(σ, K × K))] < 0 . (por (2.4)) e Portanto, F é uma [st(σ, K ×K)] ⊂ P ×P 0 -aplicação. 67 segue, por (2.3), diam[(f × dim(F (X × X)) > 2n Por (2.1), segue que dim(|(K × K)(2n−1) |) 6 2n − 1. Considere dois X2 = f −1 (τ2 ). Sejam e X1 e X2 f1 : X1 → τ1 e f2 : X2 → τ2 (f × f )−1 (s1 × s2 ) → s1 × s2 e Assim, vale a armação (2.5). n-simplexos τ1 ⊂ s1 Então F (X × X) ⊂ |(K × K)(2n−1) | absurdo, pois τ 2 ⊂ s2 de modo que são subconjuntos fechados de X τ1 ∩ τ2 = ∅ e seja X1 = f −1 (τ1 ), disjuntos. as restrições correspondentes de é essencial e, pelo Lema 2.3, segue que f. Por (2.5), f ×f : f 1 × f 2 : X1 × X2 → τ 1 × τ 2 é essencial. Pela contra positiva, segue o resultado. O Teorema 2.2 no início desta seção segue imediatamente das Proposições 2.5 e 2.6. Lema 2.7. funções Seja X f 1 : X1 → D n um espaço métrico compacto de dimensão e f2 : X 2 → D n , onde X1 e X2 Suponha que quaisquer duas são subconjuntos disjuntos fechados em E(X × {0, 1}, R2n ) são transversalmente triviais. Então, n. é denso em X, C(X × {0, 1}, R2n ). Demonstração. Ver [4], página 250. f, g : X → Y tem a 0 0 contínuas f , g : X → Y Dizemos que duas funções contínuas > 0 existem d(f, f 0 ) < e d(g, g 0 ) < . se para todo Teorema 2.3. Seja funções n > 1. propriedade de imagens disjuntas com imagens disjuntas e tais que Para todo espaço métrico compacto X n, de dimensão as seguintes armações são equivalentes: (1) quaisquer duas funções contínuas f, g : X → R2n (2) quaisquer duas funções contínuas f, g : X → Dn (3) toda função contínua (4) quaisquer duas funções contínuas f : X → Dn juntos disjuntos fechados em (5) E(X × {0, 1}, R2n ) (6) E(X, R2n ) X, é denso em é denso em tem a propriedade de imagens disjuntas; são transversalmente triviais; é transversalmente trivial; f 1 : X1 → D n e f 2 : X2 → D n , são transversalmente triviais; C(X × {0, 1}, R2n ); C(X, R2n ). 68 onde X1 e X2 são subcon- Demonstração. (1) ⇒ (2) Sejam f, g : X → Dn funções contínuas quaisquer. transversalmente essenciais. Pela Proposição 2.3, existe F : X → R2n -próxima a (0, g) : X → R2n (f, 0) : X → R2n a temos >0 Assim, (f, 0) f, g são tal que para toda função contínua e para toda função contínua F (X) ∩ G(Y ) 6= ∅. Suponha que (0, g) e G : X → R2n -próxima não têm a propriedade de imagens disjuntas. (2) ⇒ (3) Trivial. (3) ⇒ (4) f 1 : X1 → D n Sejam e f 2 : X2 → D n X. são subespaços disjuntos fechados em contínua f : X → Dn (i) F (x) = (f (x), 0) se x ∈ f −1 (∂Dn ); (ii) G(x) = (0, f (x)) se x ∈ f −1 (∂Dn ); e X2 Por hipótese, F, G : X → Dn × Dn f é transversalmente satisfazendo: F (X) ∩ G(X) = ∅. Dena as funções contínuas F1 = F |X1 e (i) F1 (x) = (f1 (x), 0) se x ∈ f1−1 (∂Dn ); (ii) F2 (x) = (0, f2 (x)) se x ∈ f2−1 (∂Dn ); (iii) X1 Pelo Teorema de TietzeUryson, existe uma extensão f 1 ∪ f 2 : X1 ∪ X 2 → D n . da função trivial. Assim, existem funções contínuas (iii) funções contínuas quaisquer, onde F2 = G|X2 que satisfazem F1 (X) ∩ F2 (X) = ∅. Portanto, f1 (4) ⇒ (5) Segue do Lema 2.7. (5) ⇒ (6) e f2 Seja i ∈ {0, 1}. são transversalmente triviais. f ∈ C(X, R2n ). Como f0 Dena é contínua e f 0 : X × {0, 1} → R2n por f 0 (x, i) = f (x) E(X × {0, 1}, R2n ) = C(X × {0, 1}, R2n ) g 0 : X × {0, 1} → R2n -próximo a f 0. Dena g : X → R2n g ∈ E(X, R2n ) e d(f (x), g(x)) = d(f 0 (x, 0), g 0 (x, 0)) < . (6) ⇒ (1) Pela Proposição 2.5, temos que (6) ⇒ (4). por para x∈X e existe um mergulho g(x) = g 0 (x, 0). Note que Assim, E(X, R2n ) é denso em C(X, R2n ). Desde que (4) ⇒ (5) e (5) ⇒ (1), concluímos o desejado. Provemos que contínua (5) ⇒ (1). De fato, sejam h : X × {0, 1} → R2n por f, g : X → R2n h(x, 0) = f (x) 69 e funções contínuas. h(x, 1) = g(x). Dena a função Por hipótese, existe um mergulho h0 : X × {0, 1} → R2n -próxima g 0 (x) = h0 (x, 1). Assim, 2.2 e h. f 0 e g 0 são -próxima a f 0 = 1, Dena absurdo. Portanto, f e f 0 , g 0 : X → R2n g , respectivamente. e y = f 0 (a) = g 0 (b) Com efeito, suponha que existe h0 (b, 1) ⇒ a = b a para g a, b ∈ X , por Veja que então f 0 (x) = h0 (x, 0) e f 0 (X)∩g 0 (X) = ∅. f 0 (a) = g 0 (b) ⇒ h0 (a, 0) = tem a propriedade de imagens disjuntas. Funções transversalmente triviais e mergulhos em R2n Nesta seção daremos uma condição suciente para que duas funções contínuas de espaços métricos compactos em discos sejam transversalmente triviais. Como um corolário, concluiremos que todo X espaço métrico compacto mergulhos de X em 2n R de dimensão , para n > 3. n com dim(X × X) < 2n admite um conjunto denso de Ou seja, concluímos a reciproca do Teorema 2.1. Abaixo, denimos o número de interseção para classes de homologia em Denição 2.5. Y = ∅ = X ∩ B. d(x, y) = x − y , Sejam X, Y Considere a função contínua onde Rn , A ⊂ X subconjuntos compactos de Z = (A × Y ) ∪ (X × B). e Rn . B ⊂Y d : (X × Y, Z) → (Rn , Rn − {0}) tais que A∩ denida por A composição (−1)i d∗ × Hn−i (X, A) × Hi (Y, B) − → Hn (X × Y, Z) −−−−→ Hn (Rn , Rn − {0}) é chamada de homomorsmo intersection pairing. Escrevemos ψ ∧ η = (−1)i d∗ (ψ × η), e chamamos ψ∧η de número de interseção de Note que este elemento está em Sejam para (K, K0 ), (L, L0 ) ψ ∈ Hn−i (X, A), ψ e η ∈ Hi (Y, B), η. Hn (Rn , Rn − {0}) ' Z. pares de complexos simpliciais e f : |K| → Rn , g : |L| → Rn funções contínuas tais que (i) (ii) f (|K|) ∩ g(|L0 |) = ∅ = f (|K0 |) ∩ g(|L|), f (|σ|) ∩ g(|τ |) = ∅ sempre que σ Pode-se denir uma é um n-cocadeia c(f, g) p-simplexo de K , τ em é um (K, K0 ) × (L, L0 ) q -simplexo de L e p + q < n. com coecientes inteiros pela fórmula c(f, g)(σ × τ ) = (−1)q f (σ) ∧ g(τ ) onde σ é um p-simplexo orientado de K e τ é um 70 q -simplexo orientado de L e p + q = n. m-cocadeias (relativas) em (K, K0 ) × (L, L0 ) como o subgrupo daquelas cocadeias que se anulam em cada m-célula orientada σ × τ Aqui consideramos o grupo das de de m C (K × L) consistindo (K × L0 ) ∪ (K0 × L). A demonstração do lema abaixo está no artigo [11], página 106. Lema 2.8. O cociclo A cocadeia c(f, g) c(f, g) é um cociclo em (K, K0 ) × (L, L0 ). será chamado cociclo da interseção de f e g com respeito a (K, K0 ) e (L, L0 ). A classe de cohomologia [c(f, g)] ∈ H n ((K, K0 ) × (L, L0 )) será chamada classe de cohomologia da interseção de Denição 2.6. (|K|, |K0 |) Sejam dois pares dim K = p, dim L = q , p + q = n, e duas e g (K, K0 ) se as seguintes condições são satisfeitas: (L, L0 ) (K, K0 ), (L, L0 ). de complexos simpliciais nitos com P L-aplicações f : |K| → M , g : |L| → M , PL e com respeito a (|L|, |L0 |) é uma variedade de dimensão m. e f Dizemos que f, g onde M estão em posição geral com respeito a (G1) f (|K|) ∩ g(|L0 |) = ∅ = f (|K0 |) ∩ g(|L|), (G2) f −1 (∂M ) ⊂ |K0 | e g −1 (∂M ) ⊂ |L0 |, (G3) f (|K|) ∩ g(S(g)) = ∅ = g(|L|) ∩ f (S(f )), (G4) dim(S(f )\|K0 |) 6 max{p − q, 1}, dim(S(g)\|L0 |) 6 max{q − p, −1}, (G5) f ||σ| e g||τ | simplexo (G6) f (|σ|) e são mergulhos τ de g(|τ |) As notações PL e f (|∂σ|)\∂M 6= ∅ para todo simplexo σ de K\K0 e para todo L\L0 , são transversais para todo simplexo S(f ) e S(g) σ de K\K0 referem-se aos conjuntos S(f ) = {x ∈ |K| | f −1 (f (x)) 6= x} e S(g) = {y ∈ |L| | g −1 (g(y)) 6= y}. Os Lemas 2.9 e 2.10 também estão em [11]. 71 e todo simplexo τ ∈ L\L0 . Lema 2.9. Sejam dim L = q > 2. respeito a e (K, K0 ), (L, L0 ) Suponha que (K, K0 ), (L, L0 ), g 0 : |L| → I n e pares de complexos simpliciais nitos com f : |K| → I n e n = p+q . [c(f, g)] = 0 então existem aplicações P L f 0 : |K| → I n Se g : |L| → I n e Lema 2.10. Sejam e (g 0 )−1 (∂I m ) ⊂ |L0 |. f : (X, A) → (I p , ∂I p ) e g : (Y, B) → (I q , ∂I q ) funções contínuas de pares H n (f × g) de grupos de cohomologia de espaços métricos compactos tais que o homomorsmo relativa é trivial, onde (ii) (Y, B) tais que n = p + q. Então existem dois pares de complexos simpliciais dim K 6 dim X , dim L 6 dim Y (i) (X, A) em posição geral com g 0 ||L0 | = g||L0 | , (b) (f 0 )−1 (∂I m ) ⊂ |K0 | com PL são aplicações com imagens disjuntas e tais que (a) f 0 ||K0 | = f ||K0 | (L, L0 ) dim K = p > 3, ϕ ψ / / f0 (|K|, |K0 |) (|L|, |L0 |) f 0 ◦ϕ e g 0 ◦ψ e o homomorsmo g0 / e fatorações / (I p , ∂I p ), (I q , ∂I q ), são homotópicas (como funções contínuas de pares) a H n (f 0 × g 0 ) (K, K0 ), f e g, respectivamente, de grupos de cohomologia é trivial. Agora podemos provar o seguinte Teorema: Teorema 2.4. Sejam X e Y que f : X → Ip essencial. Se e g : Y → Iq p > 3, q > 2 Demonstração. Sejam espaços métricos compactos com são funções contínuas tais que então f, g A = f −1 (∂I p ) dim X = p e dim Y = q . Suponha f × g : X × Y → Ip × Iq é não são transversalmente triviais. e B = g −1 (∂I q ). Como f × g : X × Y → Ip × Iq é não essencial, a função contínua f × g : (X, A) × (Y, B) → (I p , ∂I p ) × (I q , ∂I q ) induz o homomorsmo trivial H m (f × g) nos grupos de cohomologia relativa, onde m = p + q. fato, veja que o diagrama abaixo é comutativo, pelo axioma de EilenbergSteenrod e por 72 De f ×g ser não essencial. H4 m−1 (X × Y ) F∗ H m−1 (S m−1 ) h H m (Dm , S m−1 ) onde Z = (X × B) ∪ (A × Y ). (I q , ∂I q )), pois Note que / H m−1 (f ×g)| h H m (f ×g) / i∗ H m−1 (Z) s H m (X × Y, Z), é um isomorsmo e H m (Dm , S m−1 ) ' H m ((I p , ∂I p ) × (I p , ∂I p ) × (I q , ∂I q ) = (I p × I q , (∂I p × I q ) ∪ (I p × ∂I q )) = (I m , ∂I m ). s ◦ i∗ = 0. sequência do par em cohomologia é exata temos i∗ Como a s · · · → H m−1 (X × Y ) − → H m−1 (Z) → − H m (X × Y, Z) → H m (X × Y ) → · · · Portanto, H m (f × g) = s ◦ (i∗ ◦ F ∗ ) ◦ h−1 = 0. (K, K0 ), (L, L0 ) Pelo Lema 2.10, existem dois pares de complexos simpliciais dim L 6 q e fatorações f0 ◦ ϕ ∼ f e g0 ◦ ψ ∼ g f0 ϕ (X, A) − → (|K|, |K0 |) − → (I p , ∂I p ) e H m (f 0 × g 0 ) Podemos assumir que f 0, g0 de ψ (Y, B) − → (|L|, |L0 |) − → (I q , ∂I q ) com são lineares em cada simplexo de de K e que K e L, respectivamente, e que 0∈ / g 0 (|τ |) para qualquer (q − 1)-simplexo L. Considerem as inclusões i2 (y) = (0, y). i1 : I p → I p × I q Observamos que para qualquer f 00 : |K| → I m (a) dim K 6 p, g0 trivial. 0∈ / f 0 (|σ|) para qualquer (p − 1)-simplexo σ τ e com f 00 e g 00 e i2 : I q → I p × I q η>0 estão em posição geral com respeito a lineares em cada simplexo de K e L, i1 (x) = (x, 0) e existem funções contínuas g 00 : |L| → I m e denidas por tais que (|K|, |K0 |), (|L|, |L0 |), respectivamente, e adicionalmente elas são (f 00 )−1 (∂I m ) = |K0 |, (g 00 )−1 (∂I m ) = |L0 |, (b) f 00 é η -próxima Sejam i1 ◦ f 0 |σ1 |, . . . , |σk | i = 1, . . . , k todo a e sejam j = 1, . . . , l. e g 00 todos os é η -próxima p-simplexos a de i2 ◦ g 0 . K tais que 0 de Ip pertence a |τ1 |, . . . , |τl | todos os q -simplexos de L tais que 0 de I q Vamos assumir que a orientação de cada 73 σi f 0 (|σi |) pertence a para todo g 0 (|τj |) para é coerente (pela função contínua f 0) com a orientação em I p, Iq. Se com a orientação em e que a orientação em cada η τi é coerente (pela função contínua é sucientemente pequeno então f 00 (|σi |) e g 00 (|τj |) g0) se encontram transversalmente e f 00 (σi ) ∧ g 00 (τj ) = (i1 ◦ f 0 (σi )) ∧ (i2 ◦ g 0 (τj )) = 1 para cada tais que i j, e e também f 00 (|σ|) ∩ g 00 (|τ |) = ∅ |σ| ∈ / {|σ1 |, . . . , |σk |} para quaisquer dois simplexos |τ | ∈ / {|τ1 |, . . . , |τl |}. ou σ de K Assim, o cociclo de interseção e τ de c(f 00 , g 00 ) L é dado por e c(f 00 , g 00 )(σ × τ ) = 1 · (−1)q se σ ∈ {σ1 , . . . , σk } c(f 00 , g 00 )(σ × τ ) = 0 se |σ| ∈ / {|σ1 |, . . . , |σk |} τ ∈ {τ1 , . . . , τl }, e ou |τ | ∈ / {|τ1 |, . . . , |τl |} c(i1 ◦ f 0 , i2 ◦ g 0 ) = c(f 00 , g 00 ). Por outro lado (pela fórmula de Künneth), temos H m (f 0 × g 0 )(e) = H p (f 0 )(e1 ) ⊗ H q (g 0 )(e2 ) onde e1 , e2 e e são os geradores de I p, I q induzidos pela orientação de H q (|L|, |L0 |) e e H p (I p , ∂I p ), H q (I q , ∂I q ) Im = Ip × Iq H m ((|K|, |K0 |) × (|L|, |L0 |)) pelo " k # X p H p (f 0 )(e1 ) = xi , xpi é a p-cocadeia (K, K0 ) de xqj é a q -cocadeia de (L, L0 ) " H q (g 0 )(e2 ) = l X # xqj , j=1 e xpi (σ) = 0 se |σ| = 6 |σi | e xqj (τ ) = 0 se |τ | = 6 |τj |. dada por xqj (τj ) = 1 Assim, m 0 0 H (f × g )(e) = k X l X [xpi ] ⊗ xqj = [c(f 00 , g 00 )] . i=1 j=1 Uma vez que H m (f 0 × g 0 ) é trivial, segue que respectivamente, H p (|K|, |K0 |) ⊗ isomorsmo natural). Observe que dada por xpi (σi ) = 1 e H m (I m , ∂I m ), (aqui identicamos os grupos i=1 onde e [c(f 00 , g 00 )] = 0. 74 Como f 00 e g 00 estão em posição geral com respeito a existem aplicações P L fe : |K| → I m e ge : |L| → I m fe||K0 | = f 00 ||K0 | , (K, K0 ), (L, L0 ) em I m, pelo Lema 2.9, com imagens disjuntas e tais que ge||L0 | = g 00 ||L0 | e (fe)−1 (∂I m ) = |K0 |, f∗ Agora, vamos obter funções contínuas i1 ◦ f em A e g∗ coincide com i2 ◦ g em B. e (e g )−1 (∂I m ) = |L0 |. g∗ Dp = − 21 , 12 vale para p e Dq = − 12 , 21 q f∗ coincide com Podemos assumir que (é suciente tomar f 00 (|K0 |) ⊂ ∂I p × Dq onde com imagens disjuntas tais que , pois g 00 (|L0 |) ⊂ Dp × ∂I q , e f 00 η -próximo é η < 1/2) a i1 ◦ f 0 e f 00 (|K0 |) ⊂ ∂I m . O mesmo g 00 . Uma vez que fe(|K|) ∩ (I p × ∂I q ) = ∅ segue que existem vizinhanças abertas V de ge(|L|) ∩ (∂I p × I q ) = ∅, e ∂I p fe(|K|) ∩ (I p × W ) = ∅ em Ip e W de ∂I q em Iq tais que ge(|L|) ∩ (V × I q ) = ∅. e Observe que (fe ◦ ϕ)(A) ⊂ f 00 (|K0 |) ⊂ V × Dq Existem vizinhanças fechadas A0 de A em X (fe ◦ ϕ)(A0 ) ⊂ V × Dq Assuma que (fe ◦ ϕ)|A é homotópico a (e g ◦ ψ)(B) ⊂ g 00 (|L0 |) ⊂ Dp × W. e e B0 de e (i1 ◦ f )|A B em Y tais que (e g ◦ ψ)(B 0 ) ⊂ Dp × W. em ∂I p × Dq γ : A ∪ ∂A0 → ∂I p × Dq por (i ◦ f )(x) se x ∈ A 1 γ(x) = (fe ◦ ϕ)(x) se x ∈ ∂A0 , pequeno). Dena a função contínua 75 (basta tomar η sucientemente assim γ é homotópica a (fe ◦ ϕ)|A∪∂A0 e daí, pelo Teorema de extensão de homotopia de Borsuk (Lema 2.1) existe uma função contínua fb : A0 → V × Dq fb|A = (i1 ◦ f )|A gb|B = (i2 ◦ g)|B Agora denimos as funções contínuas Então f∗ Se tomarmos e Dp × W e g∗ V gb : B 0 → Dp × W W isto é, tal que gb|∂B 0 = (e g ◦ ψ)|∂B 0 . e f ∗ : X → Im e g∗ : X → I m por: f ∗ |A0 = fb|A0 e f ∗ |(X\A0 ) = (fe ◦ ϕ)|(X\A0 ) , g ∗ |B 0 = gb|B 0 e g ∗ |(Y \B 0 ) = (e g ◦ ψ)|(Y \B 0 ) . são funções contínuas bem denidas tais que e γ, fb|∂A0 = (fe ◦ ϕ)|∂A0 . e Similarmente, existe uma função contínua que estende a função f ∗ |A = (i1 ◦ f )|A e g ∗ |B = (i2 ◦ g)|B . sucientemente pequenos (isto é, tal que a interseção dos conjuntos é vazia) então f∗ g∗ e tem imagens disjuntas. Portanto, f e g V × Dq são transversalmente triviais. Obtemos o teorema abaixo como um corolário do Teorema 2.4. Teorema 2.5. então o espaço Se X é um espaço métrico compacto de dimensão E(X, R2n ) é denso em Demonstração. Suponha que 2n, onde n > 3. Se f : X → In 1.22 a função contínua e g X n>3 dim(X × X) < 2n C(X, R2n ). é um espaço métrico compacto de dimensão e e g : X → In n com dim(X ×X) < são funções contínuas quaisquer, então pelo Teorema f × g : X × X → In × In são transversalmente triviais. Logo, o espaço é não essencial. Pelo Teorema 2.4, segue que E(X, R2n ) é denso em C(X, R2n ), f pelo Teorema 2.3, como desejado. Portanto, demonstramos o Teorema 2.1. 2.3 Aplicação do Teorema 2.1 X um espaço métrico compacto de dimensão C(X, R ) se, e somente se, dim(X × X) < 2n. Nos Após demonstramos o Teorema 2.1 que diz: seja n > 3. O espaço 2n E(X, R ) é denso em 2n 76 perguntamos se existe tal espaço métrico compacto X) < 2n. A resposta foi armativa. X de dimensão n>3 satisfazendo dim(X × Encontramos na referência [12] espaços que satisfazem a propriedade desejada: Exemplo 2.3 cada p . Existe um espaço métrico compacto (Pontrjagin) Φp tal que dim Φp = 2, para primo, e 3, dim(Φp × Φp0 ) = 4, Exemplo 2.4 . (Boltyanskii) se p 6= p0 ; se p = p0 . Existe um espaço métrico compacto X de dimensão 2 tal que dim(X × X) = 3 A demonstração da existência de tais espaços se encontra em [12] nas páginas respectivamente. 77 324 e 325, Índice Alfabético Gδ conjunto e Fδ conjunto, aplicação, 65 mvariedade, 44 12 Teorema da categoria de Baire, 40 Teorema da decomposição Primeiro, 28 Segundo, 28 completamente metrizável, 20 Teorema da Soma, 27 Teorema das Partições, 58 dimensão dimensão por cobertura, 46 Teorema de alargamento, 29 grande dimensão indutiva, 36 Teorema de Coincidência, 58 pequena dimensão indutiva, 4 Teorema de extenção, 35 Teorema de Menger-Nöbeling, 52 encolhimento de uma cobertura, 56 Teorema de Separação espaço de Baire, 39 Primeiro, 30 Segundo, 30 hereditariamente desconexo, 24 Teorema de Tietze-Urysohn, 33 Lema de Urysohn, 33 Teorema do Produto Cartesiano, 31 limite inverso, 17 Teorema universal (dimensão localmente compacto, 24 totalmente desconexo, 23 transversalmente trivial, 61 mergulho, 44 número de interseção, 70 não essencial, 59 ordem da família A (ord A ), 45 partição, 5 partição da unidade, 44 puntiforme, 24 quase componente, 23 sequência inversa, 17 Teorema da adição, 29 78 0), 22 Referências Bibliográcas [1] A. 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