ECTOPIA URETERAL INTRAMURAL ASSOCIADA À HIDRONEFROSE E MEGAURETER INTRAMURAL URETERAL ECTOPIA ASSOCIATED WITH HYDRONEPHROSIS AND MEGAURETER Eduardo Feitosa Brito¹, *Bruno Marcell Paiva Costa1, Adriano Tony Ramos², Jorge Luiz Ferreira², Marcello Otake Sato², Thais Domingos Meneses3, Lázaro Moreira de Melo Junior4, Cinthian Cássia mendonça4 RESUMO A anomalia congênita que ocasiona a não desembocadura de um ou ambos os ureteres no chamado, trígono vesical, é conhecida como ectopia ureteral (EU), podendo esta ser classificada como intramural ou extramural e se deve à diferenciação anormal dos ductos mesonéfricos e metanéfricos durante a gênese embrionária. A EU pode apresentar-se associada a outras anormalidades congênitas ao longo do trato geniturinário (TGU) como: agenesia renal, atresia uretral, hipoplasia testicular e más formações; ou adquiridas como: hidronefrose, megaureter, hipoplasia vesical e infecções. A ocorrência de EU é mais comum nos cães e dentre estes o sexo mais acometido é o feminino, o sinal clínico mais comum é a incontinência urinária contínua ou intermitente, sendo este na maioria das vezes o motivo pelo qual os proprietários procuram a assistência médico veterinária. A forma diagnóstica mais simples e objetiva de EU é a urografia excretora que além de avaliar o local de inserção do ureter fornece informações a respeito do parênquima e pelve renais, tamanho e distendibilidade da bexiga e distensões uretrais. Este trabalho tem o objetivo de relatar um caso de ectopia ureteral intramural em cadela Boxer de 8 meses. Palavras-chave: Cadela, ureter, congênito. SUMARY A congenital anomaly that causes the mouth not of one or both ureters in the call, trigon, is known as ectopic ureter (EU), which may be classified as intramural or extramural and is due to abnormal differentiation of the mesonephric duct and metanephros during embryo genesis. The U.S. may have become associated with other congenital abnormalities along the genitourinary tract (GUT) such as: renal agenesis, urethral atresia, hypoplastic testes and malformations or acquired as: hydronephrosis, megaureter, bladder hypoplasia and infection. The presence of U.S. it is more common in dogs and, among those most affected sex is female, the most common clinical sign is urinary incontinence or intermittent, which is most often the reason why owners seek veterinary medical assistance . The simplest way diagnostic and objective of the U.S. is that excretory urography in addition to assessing the site of insertion of the ureter provides information about the renal parenchyma and pelvis, size and distention of the bladder and urethral distention. This paper aims to report a case of intramural ureteral ectopia in a dog Boxer 8 months. Keywords: Bitch, ureter, congenital. _______________________ 1 -Mestrandos do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal Tropical, Universidade Federal do TocantinsCampus de Araguaína, Brasil, AV. Castelo Branco 1772 ST. Brasil casa 1, CEP: 77824360, [email protected], 2-Professores Doutores Universidade Federal do Tocantins-Campus de Araguaína, 3-Mestranda em ciência animal (Patologia Clínica e Cirurgia) da Universidade Federal de Goiás – Campus samambaia - Goiânia-GO, 4- Graduandos, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Tocantins (UFT), Araguaína, Tocantins, Brasil. Introdução A diferenciação anormal dos ductos mesonéfricos e metanéfricos durante a gênese embrionária proporciona uma condição anormal da relação vesico-ureteral conhecida com ectopia ureteral que é uma anomalia congênita do trato genito-urinário. A ectopia ureteral pode ser uni ou bilateral e ocorre quando um ou ambos os ureteres não transpassam a parede da bexiga e deixam de desembocar no local anatomicamente normal, o trígono vesical, para fazê-lo em locais distais ao trígono como colo da bexiga, vagina, uretra média, uretra distal e útero, nas fêmeas, ou colo da bexiga e uretra prostática em machos (BIRCHARD, 2008). De acordo com a relação entre a uretra e a bexiga a ectopia ureteral (EU) pode ser classificada como extra mural, quando a uretra se desvia completamente da bexiga abrindo-se posteriormente, ou intra mural, quando a uretra corre pelo subcutâneo da bexiga e desemboca posteriormente à esta. Sabendo-se que em veterinária o trato genito-urinário é o terceiro sistema mais acometido por más formações congênitas, precedido pelos sistemas nervoso e cardiovascular, a EU pode apresentar-se associada a outras anomalias congênitas como, agenesia e/ou hipoplasia renal, megaureter, hipoplasia das comissuras vaginais, atresia uretral e outros. Também pode acompanhar desordens adquiridas como hidronefrose, hidroureter, hipoplasia vesical e infecções do TGU (KEALLY & MCALLISTER 2005). Segundo Fernández (2007) a EU é mais incidente em fêmeas caninas do que em machos, entre as raças mais predispostas encontram-se o Labrador, Husky Siberiano e West White Terrier e por esta enfermidade possuir um componente genético aconselha-se que os animais afetados não sejam usados para a reprodução. O sinal clínico comumente mais observado é a incontinência urinária podendo estar acompanhada de vaginite ou balanopostite devido à queimadura pela urina e/ou lambedura (STONE 2003). O diagnóstico pode ser efetuado de forma simples e rápida através de radiografia contrastada, incluindo a urografia excretora, uretrocistografia ou fluoroscopia podendo ainda ser realizado através de vaginoscopia ou laparotomia exploratória (KEALLY & MCALLISTER, 2005) Para a EU a cirurgia deve ser o procedimento de eleição e após o correto diagnóstico deve ser realizada o mais rápido possível afim de evitar patologias secundárias como infecção ascendente e obstrução uretral. As técnicas cirúrgicas são variadas e determinada técnica deve ser escolhida de acordo com as condições de cada caso e das informações a respeito do ureter anômalo (SMITH ET AL., 2004) Foi atendida no HV da UFG uma Pit Bull fêmea de oito meses, pelagem cor de mel. Na anamnese a proprietária relatou hiporexia a dois dias, normodipsia e incontinência urinária desde que nasceu, negou puliciose e ixodidiose, ausência de vômito e diarréia, afirmou ainda dois contactantes saudáveis, além de apresentar vaginite. A suspeita inicial do clínico responsável Foi ureter ectópico, assim o animal foi encaminhado para realização de radiografia contrastada que diagnosticou ectopia ureteral associada à mega ureter, a ultrassonografia mostrou pobreza da arquitetura bilateral dos rins indicando hidronefrose. Devido às más condições dos rins não se optou por realizar correção cirúrgica do ureter anômalo, em vez disso decidiu-se realizar terapêutica de suporte com dieta específica e diuréticos para preservação renal além de antibioticoterapia em subdoses de uso prolongado para a prevenção de infecções ascendentes do trato genito-urinário. Corroborando com Stone (2003) que afirma ser a incontinência urinária o sinal clínico mais observado em casos de ectopia ureteral, a cadela deste relato apresentava tal sinal e a vaginite observada devia estar sendo causada por queimadura em decorrência do constante contato com a urina ou por lambedura. O diagnóstico foi realizado de forma simples e rápida através de radiografia contrastada, assim como afirmaram Keally & Mcallister (2005). 2 Assim sabendo da importância das más formações congênitas no trato urinário de caninos ao deparar-se o clínico com sinais como, incontinência urinária crônica, balanopostite ou vaginite, este deve incluir a ectopia ureteral como uma de suas suspeitas. Referências BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Saunders Manual of Small Animal Practice. 3ed, São Paulo: Roca, 2048p. 2008 FERNÁNDEZ, S.A. et al. Revista complutense de ciencias veterinarias. v. 1, n. 2, p. 409 415. 2007 KEALY. J. K.; MCALLISTER, H. O Sistema Urinário. In: Radiologia e Ultra-Sonografia do Cão e do Gato. 3.ed. São Paulo: Manole, p. 96 - 109. 2005 SMITH J.S., JERRAM R.M.,WALKER A.M. & WARMAN C.G.A. WARMAN. Ectopic ureters and ureteroceles in dogs: treatment. Compendium On Continuing Education For The Practicing Veterinarian. 26. p. 311-314. 2004 STONE, E. A. Ureteres Ectópicos. In: TILLEY, L. P.; SMITH, F. W. K. Consulta veterinária em 5 Minutos – Espécies Canina e Felina. 2.ed. São Paulo: Manole.. p. 642. 2003 3