PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes Luis Felipe V Purquerio1; Sebastião W Tivelli2; Isabella C De Maria1; Cristiano A de Andrade3; Elaine B Wutke1; Carlos E Rossi1; Afonso H V de Oliveira4. 1 IAC-APTA, C.Postal 28, 13012-970, Campinas-SP, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]; 2UPD de São Roque, APTA, Av. Três de Maio, 900, 18133445, São Roque-SP, [email protected]; 3CNPMA/EMBRAPA, Rodovia SP 340, km 127,5, C.Postal 69, 13820-000, Jaguariúna-SP, [email protected]; 4UNESP, Rua Nelson Brihi Badur, 119, 11900000, Registro-SP, [email protected] RESUMO a aplicação de gesso. No primeiro cultivo Em estufa agrícola de produção de de alface, milheto e crotalária hortaliças folhosas da empresa Hortisol, localizada em São Carlos, SP, de 25 de proporcionaram, novembro de 2009 a 05 de julho de 2010 maiores médias de 2468 e 2529 g m-2 para realizou-se experimento para avaliar a produtividade e foram estatisticamente produção de alface por três ciclos diferentes do observado na área em consecutivos após de pousio (1916 g m-2). No segundo cultivo crotalária milheto plantas houve resultado idêntico ao do primeiro extratoras de nutrientes e aplicação de com 3169 g m-2 para milheto e 3149 g m-2 gesso para redução de salinidade do solo. para crotalária, diferindo do pousio (2496 O delineamento experimental utilizado g m-2). No terceiro cultivo a maior foi o de blocos ao acaso, em esquema produtividade fatorial (3x2), com quatro repetições. Os observada onde houve o cultivo de tratamentos principais foram constituídos crotalária, não diferindo estatisticamente de crotalária júncea, milheto e pousio do resultado observado para o milheto, com crescimento de plantas infestantes porém superando o obtido no pousio (testemunha) e os secundários com e sem (3455 g m-2). e a utilização como Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 respectivamente, de 4679 g m-2 as foi S172 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 Palavras-chave: sativa; witness (infesting plants grow) and the Crotalaria juncea; Pennisetum glaucum; secondary with and without gypsum use. salinização do solo; ambiente protegido; In the first lettuce crop, millet and sustentabilidade. crotalaria aloud respectively the biggest ABSTRACT – Lettuce production in lettuce yield averages of 2468 e 2529 g m- soil salinizated greenhouse after the 2 growth of plants used to extract resting area (1916 g m-2). In the second nutrients crop the results were the same saw in the In a greenhouse used to produce leaf first one with 3169 g m-2 for millet and vegetables Hortisol 3149 g m-2 for crotalaria, differing of Company, in São Carlos, SP, Brazil, from resting area (2496 g m-2). In the third crop November 25, 2009 to July 05,2010 an the biggest yield of 4679 g m-2 were experiment was carried out to evaluate observed were crotalaria were grown, lettuce production in three consecutive without statistical difference for millet, crops after the utilization of crotalaria and however overmatching the obtained in millet as plants to extract nutrients and resting area (3455 g m-2). gypsum Lactuca belonging application to to reduce and were statistically different from the soil salinity. The experimental design were Keywords: Lactuca sativa; Crotalaria randomized blocks, in factorial scheme juncea; Pennisetum glaucum; salt excess (3x2) replicated four times. The main in treatments were crotalaria, millet ant sustainability. soil; greenhouse; vegetables; INTRODUÇÃO O cultivo em ambiente protegido é um sistema de produção agrícola especializado em que se fornece proteção em relação a alguns fenômenos climáticos, otimizando-se o aproveitamento dos insumos de produção e o controle de pragas e doenças. Com essas vantagens têm-se ganho na produtividade e diminuição na sazonalidade da oferta, com redução de riscos e mais competitividade pela possibilidade de se oferecer produtos de qualidade o ano todo. Por outro lado, o custo para sua implantação é elevado, bem como há Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S173 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 necessidade de conhecimento multidisciplinar para que o manejo do solo, da adubação e das plantas sejam bem feitos (Castilla, 2005; Purquerio, 2006). Devido ao uso de insumos sem conhecimento técnico, os agricultores, preocupados em garantir elevada produtividade, fazem uso de elevadas quantidades de fertilizantes, promovendo, em vários casos, após três anos de exploração, a salinização dessas áreas, inviabilizando seu uso. Além do sistema de adubação utilizado (convencional ou fertirrigação) e da fonte do nutriente (química e ou orgânica), o processo de salinização no cultivo protegido é agravado quando se cultivam plantas de ciclo rápido (50 dias aproximadamente), como a alface, adubadas pelo agricultor a cada novo plantio, sem utilização de análise química de solo como referência. Assim, são comumente verificados, em estufas agrícolas salinizadas, teores de potássio acima de 6,0 mmolc dm-3, de fósforo acima de 120 mg dm-3, e de cálcio e magnésio acima de 7 e 8 mmolc dm-3, todos considerados muito elevados para os solos agrícolas (Raij et al., 1997). A troca de local da estrutura, bem como a substituição do solo no seu interior, são opções onerosas e inviáveis para o produtor brasileiro. Uma alternativa para a melhoria das condições químicas e físicas do solo dentro das estruturas de ambiente protegido e com custo mais acessível pode ser a realização de pelo menos um cultivo com plantas reconhecidas como extratoras de nutrientes e que possam ser retiradas da área de seu cultivo após o termino do mesmo. Dessa forma, a crotalária júncea (Crotalaria juncea L.) e o milheto (Pennisetum glaucum L.) são espécies que podem ser utilizadas para essa finalidade devido, ao rápido crescimento vegetativo em apenas 60 a 90 dias, com estabelecimento de adequada quantidade de fitomassa (Wutke et al., 2008). Outra opção mais acessível em termos de custo ao produtor para resolução do problema pode ser o uso do gesso agrícola. Embora no Brasil o uso do gesso esteja mais relacionado à melhoria de condições de fertilidade do solo em subsuperfície, mundialmente o principal uso desse insumo é na correção de solos sódicos, devido à remoção do sulfato da zona radicular de absorção por meio de lavagem do perfil (Barros et al., 2004). Assim o objetivo do presente estudo foi o de verificar a produtividade de alface, por três ciclos consecutivos, em estufa agrícola salinizada após o cultivo de crotalária júncea e milheto e aplicação de gesso. Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S174 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 MATERIAIS E MÉTODOS Em estufa agrícola de produção de hortaliças folhosas da empresa Hortisol, localizada em São Carlos, SP, de 25 de novembro de 2009 a 05 de julho de 2010 realizou-se experimento para avaliar a produtividade de alface em estufa agrícola salinizada após o cultivo de crotalária júncea e milheto e aplicação de gesso. A estrutura utilizada foi do tipo “Arco”, coberta com filme plástico de polietileno de baixa densidade (PEBD) de 100 µm, com altura (pé-direito) de 2 m e dimensões de 6 x 50 m. Na Tabela 1 estão apresentados os resultados dos atributos químicos do solo na estufa agrícola, nas profundidades de 0-0,2 e 0,2-0,4 m. Os teores de fósforo, enxofre, cálcio, magnésio e de todos os micronutrientes, em ambas as profundidades, se mostraram acima dos considerados muito elevados para os solos agrícolas, segundo RAIJ et al. (1997) (fósforo > 120 mg dm-3, cálcio e magnésio > 7 e 8 mmolc dm-3,enxofre S-SO4-2 > 10 mg dm-3, boro > 0,60 mg dm-3, cobre > 0,8 mg dm-3, ferro > 12 mg dm-3, manganês > 5,0 mg dm-3 e zinco > 1,2 mg dm-3). Apenas os teores de potássio, em ambas as profundidades, ficaram entre a faixa considerada alta e muito alta. O solo foi classificado como franco-argiloarenoso. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 3 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos principais foram: a) crotalária júncea, cv. IAC-1; b) milheto, cv. BRS-1501; c) testemunha em pousio, com crescimento espontâneo de plantas infestantes. Os tratamentos secundários foram a presença e ausência de gesso. Na testemunha onde houve o crescimento de plantas infestantes, houve predominância de picão branco (Galinsoga ciliata (Raf.) Blake) porém, verificaram-se também plantas de beldroega (Portulaca oleracea L.), capim marmelada (Brachiaria plantaginea (Link) Hitche), serralha, (Sonchus oleraceus L.) e caruru (Amaranthus sp.). A dose de gesso foi definida em função do teor de argila do solo na profundidade de 0-0,2 m (RAIJ et al., 1997). Foi calculada a utilização de 0,165 kg m-2 de gesso agrícola, porém, aplicou-se 0,231 kg m-2 pois o material estava com aproximadamente 40% de umidade. As dimensões de cada parcela foram de 1,7 x 6 m, totalizando-se uma área de 10,2 m2. Após o término de um cultivo de alface pelo produtor, foi realizada operação de subsolagem a 0,4 m de profundidade e na sequência, três canteiros foram levantados com auxilio de trator e enxada rotativa acoplada a um Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S175 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 encanteirador. O gesso foi aplicado em 25 de novembro de 2009, a lanço, na superfície do solo de cada canteiro, sendo em seguida incorporado a 0,05 m de profundidade com auxílio de um rastelo. Após a incorporação foi aplicada uma lâmina de água três vezes superior à capacidade máxima de retenção do solo na profundidade de 0-0,4 m, por sistema de irrigação localizado por micro-aspersão, instalado na altura do pé direito da estrutura. A semeadura da crotalária e do milheto foi realizada manualmente, a lanço, em 03 de dezembro de 2009, nas parcelas, utilizando-se 30% a mais de sementes em relação às quantidades 30 e 20 kg ha-1, recomendadas respectivamente para cada espécie. A irrigação foi realizada por micro-aspersão. O corte (3 cm da superfície do solo) e a retirada das plantas de dentro da estufa agrícola foram realizados 53 dias após a semeadura (DAS). Na sequência foram realizados três cultivos de alface crespa, o primeiro com a cultivar Camila e os dois seguintes com a cultivar Vera. No primeiro cultivo o transplante foi realizado em 09 de fevereiro e a colheita em 18 de março de 2010, totalizando 38 dias. No segundo cultivo o transplante foi realizado em 24 de março e a colheita em 30 de abril de 2010, totalizando 37 dias e o terceiro ciclo teve seu transplante em 12 de maio e a colheita em 05 de julho de 2010, totalizando 54 dias. Para os três cultivos o espaçamento de 0,30 x 0,30m foi utilizado e as mudas transplantadas com três a quatro folhas definitivas. Cada canteiro de alface teve cinco linhas de plantio, sendo colocada uma linha de fita gotejadora (irrigação localizada por gotejamento) entre duas linhas de alface, num total de quatro linhas por canteiro. O produtor realizou seu manejo de adubação convencional durante os cultivos de alface. Na adubação de plantio utilizou 15 kg de formulado 4-14-8 e 150 kg de esterco de galinha, aplicados em área total, em todos os cultivos, em 300 m-2. No segundo e terceiro cultivos também utilizou 15 kg de farelo de mamona, além da adubação de plantio anterior. Em cobertura via fertirrigação se utilizou, em todos os cultivos: a) cinco dias após o transplante (DAT), 110g de nitrato de cálcio (NC), 100g de mono amônio fosfato (MAP), 270g de nitrato de potássio (NP), 60g de sulfato de magnésio (SM); b) dez DAT, 450g de formulado 6-12-36, 380g de NC; c) 15 DAT, 300g de NC, 400g de MAP, 350g de NP, 150g de SM; d) 25 DAT, 300g de NC, 350g MAP, 800g de NP, 170g de SM; e) 30 DAT, 900g de formulado 6-12-36, 350g de NC; f) 35 DAT, 370 g de NC, 300 g de MAP, 800 g Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S176 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 de NP, 230 g de SM. Apenas no último cultivo utilizou aos 45 DAT 370 g de NC, 300 g de MAP, 800 g de NP, 230 g de SM. Por ocasião das colheitas foram determinadas as características: a) diâmetro da cabeça (cm); b) número de folhas; c) massa fresca e seca da parte aérea das plantas (g); d) produtividade (kg m-2). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente por análise de variância com teste F. Quando houve significância foi aplicado o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, para comparação das médias dos tratamentos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve efeito estatístico da interação dos tratamentos para nenhuma característica avaliada. Houve diferença estatística entre as plantas de cobertura e a parcela de pousio para todas as características avaliadas na alface no primeiro cultivo. No segundo e terceiro cultivos houve diferença para a massa fresca e produtividade e no terceiro cultivo para a massa seca. Não houve efeito significativo do gesso sobre a alface, com exceção da massa seca das plantas nos três ciclos de cultivo e ao diâmetro da planta no terceiro ciclo (Tabela 2). Não houve diferença entre o milheto e crotalária para as características massa fresca da planta e produtividade de alface. Estes tratamentos proporcionaram, respectivamente, as maiores médias de 222 e 227 g para massa fresca por planta e 2468 e 2529 g m-2 para produtividade e foram estatisticamente diferentes do observado na área em pousio de 172 g e 1916 g m-2. Onde houve o cultivo de crotalária e milheto, houve melhoria nas condições de cultivo próximo a zona do sistema radicular das plantas de alface, principalmente pela redução dos teores de nutrientes no solo que desceram no perfil do mesmo e foram extraídos pelas plantas de cobertura (dados não apresentados). No segundo cultivo houve resultado idêntico ao do primeiro, onde a massa fresca por planta e produtividade foram maiores nos tratamentos com crotalária e milheto (285 e 283 g e 3169 e 3149 g m-2) que diferiram da área de pousio (224 g e 2496 g m-2). Devido ao grande preço conseguido com a alface na época em que o primeiro e segundo cultivo foram realizados, o produtor colheu as plantas de alface precocemente, com 38 e 37 DAT, respectivamente. Portanto, em função do manejo adotado pelo produtor em questão, as plantas de alface não conseguiram Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S177 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 atingir a massa fresca e produtividade potencial das cultivares. No terceiro cultivo a colheita não ocorreu precocemente, ela foi realizada com 54 DAT, de maneira que a massa fresca por planta e produtividade foram maiores que nos dois primeiros cultivos. A maior massa, de 421 g e a maior produtividade de alface, de 4679 foram observadas onde houve o cultivo de crotalária, não diferindo estatisticamente do resultado observado para o milheto, porém superando o obtido no pousio (311 g e 3455 g m-2) (Tabela 2). Com a aplicação do gesso, nos três cultivos, notou-se apenas aumento numérico na massa fresca por planta e produtividade de alface, porém sem diferença estatística. Para massa seca houve diferença no primeiro e terceiro cultivos, onde as plantas cultivadas sobre crotalária (11,5 e 18,9 g) e milheto (12,1 e 19,3 g) superaram as do pousio (9,2 e 15,3 g). No segundo cultivo não houve diferença estatística para massa seca. Com relação ao gesso, diferença estatística foi constatada apenas no primeiro cultivo para a massa seca das plantas de alface, obtendo-se ganho nessa característica com a aplicação de mesmo (11,7 g planta-1) em comparação à sua não utilização (10,1 g planta-1). No primeiro ciclo de cultivo, nos tratamentos com crotalária e milheto os valores de diâmetro da cabeça foram estatisticamente superiores (37,0 e 37,5 cm, respectivamente) e distintos do pousio (35,0 cm). No segundo e terceiro cultivos não houve diferença entre os tratamentos sendo os diâmetros médios verificados de 37,4 e 41,0 cm, respectivamente. O gesso influenciou estatisticamente apenas as plantas do terceiro cultivo, onde não houve aplicação, constatou-se maior valor de 42,1 cm. Para a característica número de folhas apenas no primeiro cultivo houve diferença estatística, onde as plantas de alface cultivadas sobre o tratamento de pousio apresentou a menor média (20 folhas por planta) (Tabela 2). De modo geral as plantas de alface cultivadas após a crotalária e o milheto apresentaram melhor produtividade, e a aplicação de gesso não influiu significativamente na produtividade. AGRADECIMENTOS À empresa Hortisol LTDA, pela colaboração e à Fundação de Amparo a Pesquisa Agrícola do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento (processo 08/52305-1). Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S178 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 REFERÊNCIAS BARROS MFC, FONTES MPF; ALVAREZ VH, RUIZ HA. 2004. Recuperação de solos afetados por sais pela aplicação de gesso de jazida e calcário no Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambienta 8: 59-64. CASTILLA N. 2005. Invernaderos de plástico – Tecnologia y manejo. Madrid: Mundi Prensa. 462p. PURQUERIO LFV; TIVELLI SW. 2006. Manejo do ambiente em cultivo protegido. Informações tecnológicas. Disponível em http://iac.impulsahost.com.br/imagem_informacoestecnologicas/58.pdf>. Acessado em 7 de fevereiro de 2011. RAIJ Bvan; CANTARELLA H; QUAGGIO JA; FURLANI AMC. 1997. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC. 265p. WUTKE EB; CALEGARI A; WILDNER LP; AMABILE RF. 2008. Leguminosas alimentícias e adubos verdes. IN: ALBUQUERQUE ACS; SILVA AG. (EDS. TÉC.). Agricultura tropical: quatro décadas de inovações tecnológicas, institucionais e políticas. BRASÍLIA: EMBRAPA Informação Tecnológica. 251-274p. Tabela 1. Atributos químicos de solo em estufa agrícola, nas profundidades (Prof.) 0-0,2 e 0,20,4 m [soil chemicals attributes in greenhouse in depth (Prof.) of 0-0,2 and 0,2-0,4 m]. São Carlos, IAC, 2009. Prof. m 0-0,2 0,2-0,4 M.O. g dm-3 32 22 pH CaCl2 5,8 5,8 P S mg dm-3 1086 67 728 73 Na K Ca Mg ------ mmolc dm-3 ----1 5,8 112,8 26,3 1 4,8 78,8 18,8 Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 B Cu Fe Mn Zn --------------- mg dm-3 ------------1,1 9,8 68 16,9 25,4 0,9 5,1 48 9,3 11,7 S179 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 Tabela 2. Diâmetro da cabeça (DC), número de folhas (NF), massa fresca (MF) e seca da planta (MS) e produtividade (PROD) de alface em função do cultivo de crotalária e milheto e do uso de gesso em estufa agrícola para três cultivos consecutivos [head diameter (DC), leaves number (NF), fresh (MF) and dry mass per plant (MS) and yield of lettuce in function of crotalaria and millet growth and gypsum utilization in greenhouse for three consecutive crops]. São Carlos, IAC, 2010. Tratamentos MF MS PROD DC NF ------------ g -----------g m-2 o 1 CULTIVO (cv. Camila 38 DAT) 1 Infestantes /pousio 172,5 b2 9,2 b 1917 b 35,0 b 20,0 b Crotalária 222,2 a 11,5 a 2469 a 37,0 a 21,5 ab Milheto 227,7 a 12,1 a 2530 a 37,5 a 22,3 a DMS 36,1 1,9 400 1,8 1,5 Sem Gesso 198,2 a 10,1 a 2202 a 35,9 a 20,9 a Com Gesso 216,7 a 11,7 b 2408 a 37,0 a 21,6 a DMS 24,1 1,2 268 1,2 1,0 CV% 13,4 13,6 13,4 3,8 5,5 2o CULTIVO (cv. Vera 37 DAT) Infestantes/pousio 224,7 b 10,5 a 2496 b 36,6 a 18,9 a Crotalária 283,5 a 12,8 a 3149 a 37,8 a 19,7 a Milheto 285,3 a 12,8 a 3169 a 38,2 a 19,8 a DMS 56,8 2,6 631 1,9 1,9 Sem Gesso 260,9 a 11,6 a 2899 a 37,3 a 19,2 a Com Gesso 268,0 a 12,4 a 2977 a 37,7 a 19,7 a DMS 38,0 1,6 422 1,3 1,3 CV% 16,5 16,5 16,5 3,8 7,5 3o CULTIVO (cv. Vera 54 DAT) Infestantes/pousio 311,0 b 15,3 b 3455 b 39,9 a 21,1 a Crotalária 421,1 a 18,9 a 4679 a 41,2 a 22,7 a Milheto 384,5 ab 19,3 a 4276 ab 42,2 a 21,7 a DMS 80,9 2,9 898 2,7 1,8 Sem Gesso 365,4 a 17,8 a 4059 a 42,1 a 22,0 a Com Gesso 379,3 a 17,9 a 4214 a 40,1 b 21,6 a DMS 54,1 2,0 601 1,8 1,2 CV% 16,7 12,9 16,7 5,0 6,5 Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S180 PURQUERIO LFV; TIVELLI SW; DE MARIA IC; ANDRADE CA; WUTKE EB; ROSSE CE; OLIVEIRA AHV. 2011. Produção de alface em estufa agrícola com solo salinizado após o cultivo de plantas extratoras de nutrientes. Horticultura Brasileira 29: S172-S180 1 Infestantes: picão branco (Galinsoga ciliata (Raf.) Blake), beldroega (Portulaca oleracea L.), capimmarmelada (Brachiaria plantaginea (Link) Hitche), serralha, (Sonchus oleraceus L.) e caruru (Amaranthus sp.) [invasive species: Galinsoga ciliata (Raf.) Blake, Portulaca oleracea L., Brachiaria plantaginea (Link) Hitche, Sonchus oleraceus L. and Amaranthus sp.] 2 Médias na coluna, seguidas de mesma letra, não são diferentes entre si, pelo teste de Tukey (p<0,005) [Means followed by the same letter in columns are not different through Tukey test (p< 0.05)]. Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S181