RESSONANCIA VOCAL DE CRIANÇAS COM RESPIRAÇÃO ORAL. Autores: WIGNA RAYSSA PEREIRA LIMA, HILTON JUSTINO DA SILVA, ANA CAROLINA CARDOSO DE MELO, PATRICA MARIA MENDES BALATA, CYNTHIA MARIA BARBOZA DO NASCIMENTO, DANIELE ANDRADE DA CUNHA, LUCIANA DE BARROS CORREIA FONTES, KÁSSIA ÍRIS SILVA MOURA, ANA CAROLLYNE DANTAS DE LIMA, TETSUO TASHIRO, Introdução: A respiração é uma atividade dinâmica, que independe da vontade do indivíduo, sendo realizada logo ao nascer, onde os pulmões pela primeira vez realizam sua expansão e compressão, através da inspiração do oxigênio (O2) e expiração do gás carbônico (CO2). Desta forma este processo é fisiológico e indispensável à manutenção da vida. A respiração pode ser classificada de acordo com o tipo e modo respiratório, sendo os tipos: superior, inferior, misto e costodiafragmaticoabdominal; e os modos: nasal, oral, e oro – nasal (ou misto). Contudo, a respiração nasal é o modo respiratório ideal para o ser humano, pois além de filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado promove o desenvolvimento primário dos espaços funcionais nasal, oral e faríngeo. Diversos sinais e sintomas podem estar presentes no respirador oral, tais como: alterações posturais, mímica facial pouco expressiva, alterações na sucção, mastigação, deglutição, alterações nutricionais, salivação excessiva ao falar, halitose, diminuição do olfato/paladar, má oclusão dentária, perda auditiva leve, dificuldade no aprendizado, alterações vocais, entre outros. Dentre as alterações vocais observadas no respirador oral, encontra-se principalmente foco de ressonância hiponasal. Distúrbios alérgicos e nasais desviam as ondas sonoras para cavidade oral, favorecendo a hiponasalidade. Objetivo: Determinar o foco de ressonância vocal de crianças com respiração oral por meio da avaliação perceptivo auditiva. Método: estudo descritivo observacional de corte transversal com 15 pacientes de 7 a 11 anos, classificados como indivíduos com respiração oral. Para realização desta pesquisa os participantes utilizaram o Microfone Headset Usb Plantronics Blackwire C310, conectado ao computador com uso do software Vox Metria. Estando o paciente sentado e devidamente posicionado solicitou-se ao mesmo que emitisse a vogal sustenta /e/, duas frases predominantemente nasais e duas predominantemente orais. Tanto a emissão da vogal, quanto das frases foram ditas após o sinal dado pelo pesquisador. Todas as emissões gravadas no VoxMetria foram examinadas por dois avaliadores. Cada avaliador fez a análise perceptivo auditiva da ressonância vocal de todas as gravações duas vezes, com intervalo de 24horas entre elas. Ao término comparou-se a avaliação final de cada avaliador. Este projeto foi desenvolvido após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, conforme parecer 1.008.013. Os indivíduos participantes foram informados da pesquisa e preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Das quatro avaliações realizadas de forma perceptivo auditiva pelos examinadores, obteve-se uma média ponderada, sendo realizada nova escuta das vozes quando a discrepância das avaliações eram iguais/maiores que 50%. Na emissão das frases nasais houve maior percepção auditiva de foco ressonantal hiponasal nas crianças participantes do estudo. Enquanto que na emissão das sentenças orais, a percepção auditiva da ressonância vocal das crianças foram igualmente distribuídas nas variáveis do estudo. Conclusão: A avaliação perceptivo auditiva apontou neste estudo foco hiponasal durante a emissão de sentenças predominantemente nasais em crianças com respiração oral. Faz-se necessário maiores pesquisas que corroborem com os dados achados neste estudo, visto que a literatura é escassa sobre correlação entre tipo respiratório e ressonância vocal. RESSONÂNCIA VOCAL DE CRIANÇAS COM RESPIRAÇÃO ORAL Wigna Rayssa Pereira Lima (1) , Hilton Justino da Silva (2) Ana Carolina Cardoso de Melo (3), Patricia Maria Mendes Balata(4), Cynthia Maria Barboza do Nascimento(5), Daniele Andrade da Cunha (6), Luciana de Barros Correia Fontes(7), Kássia Íris Silva Moura(8), Ana Carollyne Dantas de Lima (9) Tetsuo Tashiro(10).. (1) Graduanda em Fonoaudiologia na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. (2) Fonoaudiólogo. Professor Adjunto III, Doutor em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, PE – Brasil. (3) Fonoaudióloga. Mestranda em Saúde da Comunicação Humana pela Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, PE – Brasil (4) Fonoaudióloga. Professor Adjunta A, Doutora em Saúde Pública, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Recife, PE – Brasil. (5) Fonoaudióloga, Hospital dos Servidores de Pernambuco, Doutora em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento, UFPE , Recife, PE – Brasil. (6) Fonoaudióloga. Professor Adjunta A, Doutora em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, PE – Brasil. (7) Cirurgiã- Dentista. Professora Adjunta A do Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva da UFPE, Doutora em Odontologia pela Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE- Brasil (8) Graduanda em Fonoaudiologia na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. (9) Terapeuta Ocupacional. Professora Assistente A, Mestre em Saúde da Comunicação Humana. Doutoranda em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento. (10) Mestre em Biofísica. Professor do Departamento de Educação Física - UFPE Descritores: Voz; Respiração Bucal; Criança. Instituição: Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Recife – PE INTRODUÇÃO A respiração é uma atividade dinâmica, que independe da vontade do indivíduo, sendo realizada logo ao nascer, onde os pulmões pela primeira vez realizam sua expansão e compressão, através da inspiração do oxigênio (O2) e expiração do gás carbônico (CO2). Desta forma este processo é fisiológico e indispensável à manutenção da vida1,2. A respiração pode ser classificada de acordo com o tipo e modo respiratório, sendo os tipos: superior, inferior, misto e costodiafragmaticoabdominal; e os modos: nasal, oral, e oronasal (ou misto) 3. Contudo, a respiração nasal é o modo respiratório ideal para o ser humano, pois além de filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado, promove o desenvolvimento primário dos espaços funcionais nasal, oral e faríngeo1. O modo respiratório oral de suplência pode ser por causas não orgânicas ou orgânicas, gerando um modo respiratório oral ou oronasal. Na respiração oral não orgânica não há obstrução das vias aéreas superiores, pois ocorrem por problemas alérgicos transitórios, fatores orgânicos reparados, hábitos orais prolongados ou por flacidez e má posição dos músculos faciais e mastigatórios. Na respiração oral de causa orgânica há obstrução da cavidade nasal pela inflamação crônica da mucosa nasal, desvio de septo, hipertrofia de tonsilas faríngeas e/ou palatinas, pólipos, tumores, entre outros4. Qualquer obstrução na cavidade nasal pode dificultar o modo respiratório adequado e sendo a respiração um processo autônomo indispensável para as atividades vitais, o organismo tentar adaptar-se, buscando meios para sua sobrevivência. Desta forma, respirar pela boca tornase uma opção que, mais adiante, poderá ocasionar prejuízos ao desenvolvimento das estruturas e funções do sistema estomatognático1,5. Diversas alterações nas funções do sistema estomatognático poderão ser encontradas em indivíduos com respiração oral, tais como: fala imprecisa com articulação travada, ceceio anterior ou lateral, mastigação ineficiente, deglutição atípica ou adaptada, entre outros5,6. Atualmente estudos em indivíduos com respiração oral além de observarem as consequências musculares, ósseas e funcionais, descrevem também alterações na qualidade vocal, tal como alteração na ressonância7,8,9. Ressonância é a amplificação da frequência fundamental da voz, gerada na fonte sonora glótica através da vibração das pregas vocais, sendo ampliada e modificada através dos ressonadores supraglóticos da faringe, cavidade oral e cavidade nasal, que concerne à voz características próprias de cada indivíduo10. O ganho acústico e qualitativo singular da voz dá-se, em suma pelo papel do trato vocal supraglótico, também chamado de filtro ressonador 11. Desta forma, obstruções nasais e/ou faríngeas comumente encontradas em indivíduos com respiração oral, tais como: hiperplasia de tonsilas faríngea ou palatina (adenoide e/ou amígdalas), pólipos, fraturas ou atresias, rinite alérgica, entre outros, podem contribuir para uma ressonância hiponasal6,10,12,13. Recentemente pesquisadores13, verificaram significativo melhoramento no que se refere à ressonância vocal de indivíduos em sua maioria respiradores orais, submetidos à adenotonsilectomia, apresentando principalmente hiponasalidade pré-adenotonsilectomia, e emissão mais clara e equilibrada após intervenção cirúrgica. Desta forma, infere-se relação direta entre modo respiratório e o foco de ressonância vocal. O Objetivo deste estudo é determinar o foco de ressonância vocal de crianças com respiração oral por meio da avaliação perceptivo auditiva, durante a emissão de frases predominantemente orais e nasais. MÉTODO: O presente estudo foi desenvolvido no Ambulatório Multifuncional do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no período de Maio a Julho de 2015. Participaram da pesquisa 15 crianças com idade entre 7 a 11 anos, sendo 6 meninas e 11 meninos. Os responsáveis pelas crianças responderam ao protocolo de Sinais e Sintomas de Respiração Oral (Anexo A), que possui perguntas relacionadas ao modo respiratório e parte observacional verificada pelo pesquisador no momento da coleta. Avaliação da Ressonância Vocal (VoxMetria) Para realização desta pesquisa os participantes utilizaram o Microfone Headset Usb Plantronics Blackwire C310, conectado ao computador com uso do software Vox Metria. Estando o paciente sentado e devidamente posicionado solicitou-se ao mesmo que emitisse a vogal sustenta /e/, duas frases predominantemente nasais e duas predominantemente orais (quadro 1). Tanto a emissão da vogal, quanto das frases foram ditas após o sinal dado pelo pesquisador (Figura 5). Quadro 1. Sentenças utilizadas na gravação da ressonância vocal. Texto Nasal Domingo tem neblina O menino era bonzinho Texto Oral O palhaço chutou a bola Fábio pegou o gelo Figura 5. Procedimento do exame de aquisição da qualidade vocal 1.Registro do voluntário 2. Colocação do microfone 3.Calibração do software 5.Emissão das sentenças 4. Explicação do exame 6. Registro da qualidade vocal Todas as emissões gravadas no VoxMetria foram examinadas por dois avaliadores. Cada avaliador fez a análise perceptivo auditiva da ressonância vocal de todas as gravações duas vezes, com intervalo de 24horas entre elas. Ao término comparou-se a avaliação final de cada avaliador de forma ponderada. Este projeto foi desenvolvido após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, conforme parecer 1.008.013. Os indivíduos participantes foram informados da pesquisa e preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS Das quatro avaliações realizadas de forma perceptivo auditiva pelos examinadores, obteve-se uma média ponderada, sendo realizada nova escuta das vozes quando a discrepância das avaliações eram iguais/maiores que 50%. Na emissão das frases nasais houve maior percepção auditiva de foco ressonantal hiponasal nas crianças participantes do estudo. Enquanto que na emissão das sentenças orais, a percepção auditiva da ressonância vocal das crianças foram igualmente distribuídas nas variáveis do estudo (tabela 1). Tabela 1.Tabela com tipo de ressonância vocal encontrada em 15 crianças com respiração oral Equilibrada Nasal (hiponasal) Outros Frases nasais 5 8 2 Frases orais 5 5 5 Total 15 CONCLUSÃO A avaliação perceptivo auditiva apontou neste estudo foco hiponasal durante a emissão de sentenças predominantemente nasais em crianças com respiração oral. Faz-se necessário maiores pesquisas que corroborem com os dados achados neste estudo, visto que a literatura é escassa sobre correlação entre tipo respiratório e ressonância vocal. REFERÊNCIAS 1- GURFINKEL, V.K. Respiração Oral: proposta de terapia. In Motricidade Orofacial: Como Atuam Os Especialistas. Comitê de motricidade orofacial – SBFA. São José dos Campos: Pulso, 2004. p.31-39. 2- MENEZES, V.A. et al.Respiração bucal no contexto multidisciplinar: percepção de ortodontistas da cidade do Recife. Dental Press J Orthod, v.16, n.6, p.84-92, nov./dez. 2011. 3- BEHLAU, M.; et al. Avaliação de voz. In: BEHLAU, M. Voz: o livro do especialista, vol I. Rio de Janeiro: Revinter, 2008 4- BERWIG, L.C. et al. Alterações no modo respiratório, na oclusão e na fala em escolares: ocorrências e relações. Rev. CEFAC, São Paulo, 2010. 5- MACIEL, K.R.A.; ALBINO, R.C.M.; PINTO, M.M.A. Prevalência de distúrbio miofuncional orofacial nos pacientes atendidos no ambulatório de pediatria do Hospital Luís de França. Rev Pediatr, 8(2): 81-90, jul./dez. 2007 6- MARCHESAN, I.Q. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p. 23-36 7- TAVARES J.G.; SILVA, E.H.A.A. Considerações teóricas sobre a relação entre respiração oral e disfonia. Revista da Sociedade brasileira de Fonoaudiologia, São Paulo, v.13, n. 4, p.405-410, 2008. 8- ANDRADE, Danieli Viegas de. Análise de parâmetros espectrais clássicos da voz em crianças respiradoras orais de 5 a 10 anos. Rio de Janeiro, 2008. Dissertação (mestrado em Fonoaudiologia) – Universidade Veiga de Almeida. 9- VIEGAS, D. et al. Parâmetros espectrais da voz em crianças respiradoras orais. Rev. CEFAC, São Paulo ,12(5):820-830 setout.2010 10- BOONE, D.R; MCFARLANE, S.C. A voz e a terapia vocal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. 5ª edição, p. 54-60. 11- MAGRI, A. et al. Correlatos perceptivos e acústicos dos ajustes supraglóticos na disfonia. Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.4, 512-518, out-dez, 2007. 12- CORSI, S. L. et al. Incidência de sinais e sintomas vocais em pacientes com rinite alérgica. In: BEHLAU, M. A voz do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. v. 2, p. 89-100. 13- NISHIMURA, C. M. Avaliação da voz e da aprendizagem de crianças respiradoras orais. Maringá, 2010. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-Graduação em Educação. 14- BALIEIRO, F.B.A.; AZEVEDO, R.; CHIARI, B.M. Aspectos do sistema estomatognático pré e pós-adenotonsilectomia. CoDAS , v.25, n.3, p.229-35, 2013.