título do resumo

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CONTROLE DA MANCHA BACTERIANA NO TOMATEIRO UTILIZANDO
FUNGOS SAPRÓBIOS
Gustavo Vinicius Moura, Beatriz Pazzanese Barreira, Maria Isabel Balbi-Peña
email:[email protected]
Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Agrárias
Área e subárea do conhecimento: Ciências Agrárias/Fitopatologia
Palavras-chave: Controle biológico; Indução de resistência; Xanthomonas
vesicatoria
Resumo
A mancha bacteriana do tomateiro incitada por Xanthomonas spp. é uma
doença que causa reduções na produtividade do tomateiro no Brasil e no
mundo. O controle químico depara-se com o surgimento de isolados de
patógenos resistentes e causa prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente,
forçando à procura por novos métodos de controle. O objetivo foi avaliar o
efeito dos filtrados de fungos sapróbios na mancha bacteriana do tomateiro e
no crescimento das plantas de tomate e determinar a natureza desse controle.
Para avaliar o controle da doença foi realizado um experimento em câmara de
crescimento. Foram avaliados quatro fungos sapróbios (ZYE-Zygosporium
echinosporum; MYL-Myrothecium sp.; MEL-Memnoniella levispora e PEHPericonia hispidula). Os 4 isolados obtiveram eficácia no controle da mancha
bacteriana do tomateiro, reduzindo a severidade de 80,6 até 98,4%, não
diferindo estatisticamente do controle com o indutor comercial. A aplicação de
filtrados de fungos sapróbios não promoveu o crescimento das plantas de
tomate. A ativação da atividade da enzima peroxidase do guaiacol pelo
tratamento com ZYE PEH e MYL e da polifenoloxidase por filtrados de MYL
sugere uma ativação dos mecanismos de defesa do tomateiro contra a bactéria
X. vesicatoria.
Introdução
Uma das mais importantes doenças bacterianas do tomate no Brasil é a
mancha bacteriana, incitada por Xanthomonas spp. Em condições favoráveis a
doença afeta todos os órgãos da parte aérea da planta. A produtividade é
comprometida pela redução da área foliar e pela derrubada de flores e frutos
em formação, podendo haver redução da qualidade dos frutos (LOPES;
SANTOS, 1994). Entre as estratégias para o controle da mancha bacteriana,
destaca-se a ativação das defesas naturais da planta, por meio da indução de
resistência sistêmica adquirida (RSA) (LOUWS et al., 2001). Sabe-se que
plantas podem responder ao ataque de patógenos por meio da ativação de
diferentes mecanismos de defesa. O agente indutor pode ser um ativador
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químico, extratos de células de microrganismos ou microrganismos vivos
(ROMEIRO, 2000).
Alguns fungos sapróbios isolados do semi-árido brasileiro foram testados
em um projeto aprovado no programa SISBIOTA-CNPq/FAPESP para o
controle de doenças infecciosas de plantas (BARROS et al., 2015).
Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivos avaliar se
filtrados de fungos sapróbios apresentam controle da mancha bacteriana do
tomateiro e se promovem o crescimento das plantas de tomate. Objetiva-se
tembém investigar se o os filtrados ativam respostas bioquímicas na planta.
Materiais e Métodos
Para o teste de severidade, os fungos sapróbios foram cultivados em meio BD
a 25°C e 12/12h por dez dias, e a 4ºC por 48h. Após esse período, foram
adicionados 100mL de água destilada e esterilizada a cada filtrado e a
suspensão foi aplicada nas folhas de plantas de tomate da cultivar Sta. Cruz
Kada. Vinte e quatro horas após, as plantas foram colocadas em câmara úmida
e três dias após o tratamento com os filtrados, foi realizada a inoculação da
bactéria X. vesicatoria, (absorbância de 0,283 a 600 nm). O delineamento
experimental foi em blocos casualizados com 5 repetições. Os tratamentos
foram: plantas tratadas com os filtrados de (1) ZYE-Zygosporium
echinosporum; (2) MYL-Myrothecium sp.; (3) MEL-Memnoniella levispora; (4)
PEH-Periconia hispidula; (5) indutor de resistência comercial ASM -acibenzolars-metil (5g/100 L), (6) plantas somente inoculadas e (7) plantas sadias. Foram
realizadas quatro avaliações de severidade através da % de área foliar afetada
(utilizando Assess 2.0). Foram determinadas a massa fresca e seca da parte
aérea e da raiz das plantas tratadas e a testemunha.
O ensaio para as análises bioquímicas, em delineamento inteiramente
casualizado com 4 repetições, seguiu a mesma metodologia já descrita. As
foilhas foram coletadas: imediatamente antes do tratamento com os fungos
sapróbios e ASM, 24 hs e 48 hs após o tratamento, imediatamente antes de
inoculação com X. vesicatoria, e 24 após e 48 hrs após a inoculação (hpi). As
folhas foram maceradas com N2 líquido e em 4 mL de tampão fosfato de
potássio 50 mM (pH 7,0) contendo 0,1 mM EDTA e 1% (p/p) de (poli-vinilpirrolidona). O homogenato foi centrifugado a 15.000 g por 30 min a 4°C, e o
sobrenadante obtido foi utilizado para a determinação do conteúdo proteico
(BRADFORD, 1976) e da atividade de peroxidase (POX) e polifenoloxidase
(PFO) (BALBI-PEÑA et al., 2012).
Resultados e Discussão
Nas avaliações aos 16 e 22 DPI e quando considerada a área abaixo da curva
de progresso da doença (AACPD) todos os tratamentos com os fungos
sapróbios são estatisticamente iguais ao ASM e ao controle sem inocular e
diferentes das plantas somente inoculadas (Tabela 1).
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Tabela 1. Severidade de mancha bacteriana em tomateiro em plantas de
tomateiro tratadas com filtrados de fungos sapróbios e inoculadas com
Xanthomonas vesicatoria.
Tratamentos
Controle sem inocular
ZYE
MYL
MEL
PEH
Acibenzolar-s-metil
Controle inoculado
C.V. (%)
Severidade (% de área foliar afetada)
4 DPI
10 DPI
16 DPI
22 DPI
0,06 A
0,36 A
0,32 B
0,90 B
0,16 A
1,73 A
3,98 B
11,2 B
0,62 A
1,33 A
5,00 B
10,6 B
0,36 A
1,58 A
2,42 B
5,62 B
0,56 A
3,03 A
5,2 B
11,0 B
0,44 A
2,37 A
2,72 B
3,75 B
0,57 A
22,1 A
28,1 A
46,3 A
13,6
70,8
56,4
52,7
AACPD
0,30
2,87
3,07
1,79
3,58
1,85
18,5
51,3
B
B
B
B
B
B
A
Médias com letras iguais nas colunas são iguais entre si pelo teste de Scott-Knott (5% prob.)
Plantas tratadas com filtrados não apresentaram diferenças em peso de
raiz e parte aérea com as plantas sem tratar, demonstrando que os filtrados
não exercem efeito promotor de crescimento.
Figura 1. Atividade de peroxidase de guaiacol (POX) (A) e de polifenoloxidase (PFO)
(B) em tomateiros tratados com fungos sapróbios e ASM e inoculados com
Xanthomonas vesicatoria, plantas sadias e plantas somente inoculadas (BAC) às 120 h
pós tratamento (48 hpi). Os sinais + e - indicam a comparação entre plantas inoculadas e
não inoculadas, de acordo com o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney. A comparação dos
tratamentos com os fungos sapróbios e o ASM vs. plantas sadias e/ou inoculadas foi
realizada pelo teste de Kruskal-Wallis e são expressas por barras horizontais entre os
tratamentos fixados e suas comparações.
Às 120 h pós-tratamento (o que corresponde às 48 hpi) constatou-se
que todos as plantas tratadas com filtrados ou ASM mostraram maior atividade
enzimática da POX do que as plantas somente inoculadas e plantas sadias,
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com exceção das plantas tratadas com ASM sem inoculação (Figura 1A). Às
120 h pós-tratamento todas as plantas tratadas com filtrados ou ASM e
inoculadas mostraram maior atividade enzimática da PFO do que as plantas
somente inoculadas (Figura 1B). O nível de atividade da PFO somente foi
maior do que nas plantas sadias nas plantas tratadas com ASM e com MYL e
inoculadas com a bactéria. A ativação da atividade da enzima POX pelo
tratamento com filtrados MYL, ZYE e PEH e da PFO por filtrados de MYL
sugerem uma ativação dos mecanismos de defesa da planta contra a bactéria
fitopatogênica X. vesicatoria.
Conclusões
Pode-se concluir que os fungos sapróbios ZYE MYL MEL e PEH são eficazes
no controle da mancha bacteriana do tomateiro, reduzindo a severidade de
80,6 até 98,4%, sem promover nem afetar o crescimento das plantas. A
ativação da atividade da POX pelo tratamento com ZYE MYL PEH e da PFO
por filtrados de MYL sugere uma ativação dos mecanismos de defesa da planta
contra a bactéria X. vesicatoria.
Referências
BALBI-PEÑA, M.I.; SCHWAN-ESTRADA, K.R.F.; STANGARLIN, J.R.
Differential occurrence of the oxidative burst and the activity of defence-related
enzymes in compatible and incompatible tomato-Oidium neolycopersici
interactions. Australasian Plant Pathology, v. 42, p. 1-7, 2012.
BARROS, D.C.M.; FONSECA, I.C.B; BALBI-PEÑA, M.I.; PASCHOLATI, S.F.;
PEITL, D.C. Biocontrol of Sclerotinia sclerotiorum and white mold of soybean
using saprobic fungi from semi-arid areas of Northeastern Brazil. Summa
Phytopathologica, v.41, n.4, p.251-255, 2015.
BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive method for the quantitation of
microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding.
Analytical Biochemistry, Orlando, v. 72, p. 248–254, 1976.
LOPES, C.A.; SANTOS, J.R.M. dos. Doenças do Tomateiro. Brasília:
EMBRAPA-SPI, 1994.
LOUWS, E.J.; WILSON, M.; CAMPBELL, H.L.; CUPPELS, D.A.; JONES, J.B.;
SHOEMAKER, P.B.; SAHIN, F.; MILLER, S.A. Field control of bacterial spot
and bacterial speck of tomato using a plant activator. Plant Disease, v.85,
p.481-488, 2001.
ROMEIRO, R. S. PGPR e indução de resistência sistêmica em plantas a
patógenos. Summa Phytopathologica, Jaguariúna, v. 26, p.177-184, 2000.
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