Deficiência de fator xiii

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Deficiência de fator xiii: impactos e desafios
Factor xiii deficiency: impact and challenges
Deficiencia de factor XIII : Impactos y desafíos
Ricardo Alves de Cristo1, Tatiane Miranda Portes Gil Alcon1, Lidiane Meire Kohler2
RESUMO
A deficiência de Fator XIII é um distúrbio congênito de coagulação, que afeta cerca de um
caso para cada 1 a 5 milhões de pessoas e sua maior prevalência está em populações com
alto índice de uniões consanguíneas. Essa deficiência pode estar associada com
sangramentos, sendo que nos casos graves, com menos de 5% de fator circulante pode ser
observado sangramento umbilical ao nascimento e até mesmo hemorragia intracraniana. O
diagnóstico é complexo, devido aos exames laboratoriais de coagulação na maioria das
vezes se encontrarem dentro dos parâmetros de normalidade. O tratamento dos pacientes
se baseia na reposição do Fator XIII, disponibilizado aos portadores da deficiência pelos
Hemocentros regionais. Dessa forma o presente estudo teve por objetivo avaliar três
pacientes entre quatorze e vinte e cinco anos, portadores da deficiência de Fator XIII,
acompanhados no Hemonúcleo de Manhuaçu. Observou-se que os mesmos levam uma vida
aparentemente sem limitações impostas pela doença apesar da adesão parcial ao
tratamento. Diante disso, destaca-se a importância da inserção do farmacêutico neste
âmbito oferecendo mais segurança e melhor eficácia no tratamento, visto que o mesmo
tem o papel de conhecer os sintomas da doença, coauxiliando no diagnóstico, além de
esclarecer dúvidas sobre o medicamento administrado, orientar sobre os possíveis efeitos
adversos e sobre o perigo da não adesão ao tratamento, o que pode resultar em uma piora
do quadro clínico.
Palavras chave: Deficiência de Fator XIII, atenção farmacêutica, coagulação, impactos e
desafios da deficiência de Fator XIII.
ABSTRACT
Factor XIII deficiency is a congenital disorder of blood clotting that affects about 1 case in
a million to 1 in 5 million people. It’s most common in populations showing a high rate of
consanguineous marriages. This disorder can be associated to bleedings which, in serious
cases, with less than 5% of circulation factor a umbilical bleeding can be observed in the
moment of birth, and even an intracranial bleeding. The diagnosis is complex due to the
lab coagulation tests that, most of the times, assume normality. The treatment for the
patients is based on Factor XIII replacement, provided to the sick person by regional
Hemocentros. The purpose of this study is to evaluate three patients ranging from fourteen
to twenty-five years old, factor XIII disease carriers, accompanied by Hemonucleo in
Manhuaçu. It was observed that, although not being in treatment, they apparently live
without restrictions because of the disease. Based on this, the importance of the insertion
of the pharmacist in this context offering more safeness and better effectiveness to the
treatment is highlighted. This professional is the one able to know the disease symptoms,
helping in the diagnosis, besides answering to doubts about the medication administered,
orienting about possible adverse effects and about the risk of not attending the treatment,
which can lead to the worsening of the clinical status.
Key words: Factor XIII deficiency, pharmacist care, clotting, impacts and challenges of
Factor XIII deficiency
1
Alunos do curso de Farmácia da Faculdade do Futuro.
1
Docente do curso de Farmácia da Faculdade do Futuro. *Endereço para
2
correspondência: Rua Duarte Peixoto n° 259 Bairro Coqueiro/ Manhuaçu 36900-000 [email protected]
INTRODUÇÃO
O
Fator
XIII
é
um
fator
de
coagulação que atua como estabilizador
da fibrina, sendo ativado pela trombina
na cascata de coagulação funcionando
como plug entre fibrina e plaqueta
tornando-as estável (RESENDE e SILVA,
[S/A]). Em virtude da realização de um
estágio no Hemonúcleo localizado na
cidade
de
Manhuaçu,
Minas
Gerais,
índice
de
uniões
consanguíneas.
O
primeiro caso foi descrito por Ducket e
colaboradores em 1960. A deficiência do
Fator XIII pode estar associada com
sangramentos,
sendo
que
nos
casos
graves, com menos de 5% de fator
circulante,
pode
ser
observado
sangramento umbilical ao nascimento e
até mesmo hemorragia intracraniana.
O diagnóstico é complexo, devido
durante o período de janeiro de 2011 a
aos exames laboratoriais de coagulação
obter mais informações sobre o assunto,
dentro dos parâmetros de normalidade. O
janeiro de 2013 surgiu o interesse de
pelo fato de serem poucos pacientes com
deficiência de Fator XIII atendidos e os
mesmos
não
apresentarem
sintomas
expressivos, além de uma menor adesão
ao tratamento quando comparados aos
pacientes portadores de hemofilia. A
partir
daí
surgiu
a
curiosidade
de
aprofundar os conhecimentos sobre a
patologia, identificando qual a função do
Fator XIII na cascata de coagulação e por
quais motivos a adesão ao tratamento é
menor
em
coagulopatias.
relação
às
outras
Segundo o Manual de Diagnóstico
Laboratorial
das
Coagulopatias
Hereditárias e Plaquetopatias (BRASIL,
2010), a deficiência de Fator XIII é um
na maioria das vezes se encontrarem
tratamento de pacientes com deficiência
de Fator XIII se baseia na reposição do
fator
com
a
transfusão
deste
hemoderivado, que é um produto obtido
por meio do fracionamento industrial do
plasma
captado
disponibilizado
deficiência
de
aos
no
Brasil.
portadores
Fator
XIII
É
da
pelos
hemocentros sob a responsabilidade da
Empresa Brasileira de Hemoderivados e
Biotecnologia – Hemobrás, que tem como
função principal garantir aos pacientes o
fornecimento
medicamentoshemoderivados
de
ou
produzidos por biotecnologia (BRASIL,
2011).
A atenção farmacêutica é um fator
distúrbio congênito de coagulação, que
indispensável no processo de tratamento
milhões de pessoas. É herdada como
pois o profissional farmacêutico contribui
afeta cerca de um caso para cada 1 a 5
caráter autossômico recessivo, tendo a
prevalência em populações com alto
do portador de deficiência de Fator XIII,
com a orientação em relação à patologia,
além de enfatizar a importância da
2
farmacoterapia racional, o que resulta no
sexo feminino, ambos portadores da
vida do paciente (BRASIL, 2011).
Hemonúcleo localizado na cidade de
bem estar e na melhoria da qualidade de
A deficiência de Fator XIII é um
assunto
novo
que
tem
gerado
questionamentos ainda não esclarecidos.
A partir daí se estabeleceu um interesse
de aprofundar os estudos sobre o tema,
demonstrando o que ocorre com os
pacientes, os sintomas, a dificuldade de
diagnóstico e principalmente enfatizar a
adesão ao tratamento, além de pesquisar
e discutir sobre a Atenção Farmacêutica
nesse contexto.
OBJETIVO GERAL
Analisar os possíveis impactos e
desafios da deficiência do Fator XIII sobre
os portadores congênitos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar a função do Fator XIII
na cascata da coagulação.
deficiência de Fator XIII atendidos em um
Manhuaçu, Minas Gerais, onde os mesmos
são
acompanhados.
Os
critérios
de
inclusão dos sujeitos da pesquisa foram
ser portadores da deficiência de Fator XIII
e atendidos no Hemonúcleo e os critérios
de exclusão foram sujeitos que não
apresentam a deficiência de Fator XIII ou
que não realizam tratamento no local
pesquisado.
Estes sujeitos da pesquisa foram
definidos com base em levantamentos
prévios,
em
face
de verificação
da
viabilidade do projeto, feitos junto à
coordenação do Hemonúcleo, totalizando
o
número
de
três
portadores
de
deficiência do Fator XIII acompanhados
regularmente.
A
abordagem
dos
sujeitos
da
Identificar os sinais e sintomas exibidos
pesquisa foi realizada pelos autores do
Verificar os prováveis impactos da
previamente agendada com o Gerente da
pelos portadores.
patologia nos portadores.
Verificar o tipo de informação que
os pacientes tem sobre a patologia e as
fontes de tais informações.
Identificar
as
principais
Discutir
atenção
formas
de
farmacêutica
no
diagnóstico e suas possíveis dificuldades.
a
contexto da patologia.
METODOLOGIA
O
presente
estudo
realizou
projeto no Hemonúcleo alvo do estudo,
Unidade, de acordo com os dias em que
os sujeitos da pesquisa se apresentaram
para a realização do tratamento. Os
pesquisadores
estavam
devidamente
paramentados com o jaleco contendo o
logotipo da Instituição e portando o
crachá de identificação como acadêmicos
da Faculdade do Futuro.
A
seleção
para
realização
da
e
avaliação
de
o
pesquisa teve como finalidade a aplicação
sendo dois do sexo masculino e um do
prontuários médicos dos três pacientes,
levantamento de dados de três pacientes,
de
questionário
a
33
sendo o questionário do tipo estruturado
Hemominas sob o número 563.508, e
onde os mesmos recebem tratamento.
aprovação.
aplicado aos pacientes no Hemonúcleo
A metodologia foi de abordagem
somente
foi
realizado
após
a
sua
Este projeto foi dividido em duas
qualitativa, visto que a amostra analisada
etapas:
informações
Os sujeitos da pesquisa responderam a
foi
reduzida
e
particularidades
pesquisa
foi
o
levantamento
trabalhou
do
dos
tipo
pacientes.
de
com
descritivo
A
e
interpretativo, pois buscou conhecer o
que acontece no dia-a-dia do paciente
portador da deficiência com intuito de
realizar o estudo de caso desses pacientes
através de questionários e análises de
prontuários na tentativa de esclarecer
dúvidas a respeito do assunto.
A aplicação de questionário foi
realizada durante os meses de abril e
maio de 2014 após a autorização e o
consentimento formalizado por meio de
autorização do representante legal do
estabelecimento e ainda foi esclarecido
como proceder à assinatura do Termo de
Consentimento
Livre
e
Esclarecido
(TCLE), respeitando as normas que regem
preenchimento
um questionário estruturado contendo 21
perguntas.
Estes
sujeitos
objetivos desta etapa do trabalho e as
dúvidas
sobre
esclarecidas.
Os
apresentados
comparativos
o
questionário
foram
obtidos
foram
dados
em
e
análise
dos
com
intuito
forma
resultados,
e
o
sigilo
informações colhidas.
Este
apreciação
projeto
do
foi
Comitê
estes
de
Ética
a
foram
apresentados à Instituição alvo de estudo,
o
tentativa
pacientes
de
sobre
de
esclarecimento
conscientização
a
importância
e
dos
da
farmacoterapia adequada e da atenção
farmacêutica, além da necessidade da
adesão do paciente ao tratamento.
Paciente do sexo masculino, com
idade de 25 anos, em acompanhamento
todas
as
Horizonte desde janeiro de 1991, com
de
submetido
de
Ética
à
em
FAF), sob o número do parecer 537.056 e
Comitê
Após
a
pesquisa da Faculdade do Futuro (CEPdo
textos
sujeito,
desistência em quaisquer momentos da
pesquisa
de
explicativos.
participação
cada
foram
informados e esclarecidos acerca dos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
de
um
questionário e avaliação dos prontuários.
uma pesquisa que envolve seres humanos,
assegurando a não obrigatoriedade da
de
da
Fundação
no
Hemocentro
da
cidade
de
Belo
coagulopatia sem diagnóstico definitivo,
sendo
que
com
sete
dias
de
vida
apresentou hemorragia no umbigo. Não
preenchia
critérios
para
hemofilia:
dosagem de Fator IX normal (Valor de
referência: 50 a 150%); e a menor
34
dosagem de Fator VIII foi de 54% (Valor de
no Hemonúcleo localizado em Manhuaçu
critérios para Von Willebrand além de não
tratamento até o presente momento,
referência: 50 a 150%); não preenchia
haver
agregação
plaquetária
com
adrenalina, mas sim com ristocetina.
Apesar disso apresentava sangramentos
importantes, sendo o último episódio
significativo
uma
hemorragia
intracraniana em dezembro de 1992, o
que acarretou em uma internação por
aproximadamente
quatro
meses,
que
evolui com estrabismo convergente à
esquerda,
astasia
e
abasia
(segundo
relatório do neurologista).
o
De acordo com a mãe do paciente,
mesmo
apresentava
diversos
na Zona da Mata Mineira, onde realiza
diagnosticado
como
portador
da
deficiência de Fator XIII, recebendo 5mL/
Kg de peso corporal de plasma fresco
congelado de 21/21 dias para tratamento
profilático da deficiência.
Em
14
de
abril de 2003, observou-se a ocorrência
de reação urticariforme quando da última
administração do plasma fresco, sendo
orientado
a
utilizar
Maleato
de
dexclorfeniramina 2 mg por via oral após
infusão e Hidrocortisona 500 mg por via
endovenosa.
Em 28 de fevereiro de 2005,
hematomas pelo corpo na infância, e até
durante
mês sem comparecer ao Hemonúcleo para
reumática, à tarde. Foram solicitados
o momento, quando passa mais de um
reposição do Fator XIII sente muitas dores
nas articulações.
Neste
crioprecipitado
hemoterápico.
período,
como
utilizou-se
tratamento
Procedeu-se
nova
checagem laboratorial no paciente e nos
demais familiares com fins de detecção
ou exclusão da alteração hematológica
nos mesmos. Foi constatada no irmão a
ausência de Fator XIII (estabilizador de
fibrina), sendo diagnóstico presuntivo da
alteração. Como este estava em uso de
crioprecipitado e a meia vida do Fator XIII
é
prolongada,
não
foi
possível
diagnóstico definitivo naquele momento.
o
Em 18 de março de 1993, o paciente foi
admitido com quase quatro anos de idade
o
atendimento
queixou-se
de
dores
o
paciente
ósseas,
tipo
exames laboratoriais, dentre os quais:
Prova de Atividade Reumática (PAR),
dosagem de ferro sérico (Fe), transferrina
e taxa de hemoglobina (Hb) e obtendo-se
os seguintes resultados: PAR normais
(Valor de referência: negativo), Fe 48
microgramas
(Valor
de
referência:
homem: 70 a 180 mcg/dL, Hb 14,0 g/dL
(Homens: 14,0 g/dL a 18,0 g/dL) e
transferrina
200mg/
dL
(Valor
de
referência: de 200 a 360 mg/dL); de
acordo com os resultados o paciente foi
orientado
ao
Em
11
suplementar.
observou-se
uso
de
um
de
ferro
outubro
de
hematoma
oral
2005,
leve
a
moderado no tornozelo direito, sendo
35
realizada
infusão
de
Fator
XIII
750
dexclorfeniramina
após esse episódio (25/10/2005) notou-se
urticariforme nas
Unidades Internacionais (UI). Alguns dias
hemartrose
leve
no
joelho,
sendo
realizada infusão de Fator XIII 250 UI.
Em 14 de fevereiro de 2006, houve
relato de cefaleia, principalmente pela
manhã ao assistir televisão. Solicitado
eritrograma
completo
e
plaquetas.
Realizado infusão de Fator XIII 750 UI. Em
retorno no dia 17 de março, o paciente
relatou
melhora
da
cefaleia,
porém
apresentou hematoma na face lateral
externa do pé direito, sendo adotada a
aplicação de gelo e infusão de 750 UI de
Fator XIII.
Em 19 de abril de 2006, o paciente
relatou câimbra na perna direita, quando
permanece sentado por longo período.
Verificados os resultados dos exames
solicitados
constatou-se
no
dia
que
14
todos
de
os
fevereiro,
exames
estavam dentro dos valores de referência.
Paciente em uso contínuo de sulfato
ferroso há mais ou menos um ano, e após
a verificação dos resultados dos exames
laboratoriais observou-se que os mesmos
estavam
dentro
dos
parâmetros
procedimento.
10
mL
Relatado
transfusões
21/12/2007 e 19/02/2008.
Registrado
antes
em
do
reação
do dia
prontuário
a
solicitação de pesquisa de inibidor por
duas
vezes,
ambas
com
resultado
negativo (09/07/2008 e 13/01/2009).
Em 10 de fevereiro de 2011, foi realizada
uma transfusão de crioprecipitado 07
unidades,
solicitado
cloridrato
de
prometazina uma ampola intramuscular,
uma hora antes do procedimento, devido
à reação alérgica ocorrida em 2007 e
2008.
Em 15 de junho de 2011, foi
realizada
uma
nova
transfusão
de
crioprecipitado 07 unidades, cloridrato de
prometazina uma ampola intramuscular,
uma hora antes do procedimento. O
paciente apresentou uma leve reação
urticariforme, observada no início da
última bolsa de crioprecipitado, sendo
suspensa a transfusão. Ainda foi prescrito
maleato de dexclorfeniramina 2 mg via
oral de 8/8 horas por três dias.
Em 23 de março de 2012, o
de
paciente queixou-se de dor na mão
suspender o sulfato ferroso. No período
e equimose, sendo realizada infusão de
normalidade e o paciente foi orientado a
de 21 de dezembro de 2007 a 19 de
fevereiro de 2008, houve transfusão de
crioprecipitado devido à falta de Fator
XIII, 35 gotas por minuto (gts/min), sendo
transfundido em torno de 6 a 7 unidades
em
cada
data
e
maleato
de
esquerda, hemartrose de pequeno volume
750 UI de Fator XIII. Nessa data, o médico
orientou o paciente quanto à necessidade
de
comparecer
regularmente
ao
Hemonúcleo para profilaxia e tratamento,
devido a não adesão ao tratamento.
36
Paciente justificou que não estava tendo
tempo de vir.
Em 11 de dezembro de 2012 o
paciente queixou-se de dor ao flexionar a
perna, sendo realizada infusão de 750 UI
de Fator XIII.
A partir da data anterior não
houve relatos de intercorrências, sendo
realizadas apenas infusões de Fator XIII.
Em um questionário aplicado ao
paciente,
o
apresentar
mesmo
sintomas
relatou
específicos
não
da
deficiência de Fator XIII, bem como
nenhuma limitação pessoal ou profissional
e ainda relatou não possuir medo ou
insegurança devido à deficiência e não
sentir nenhum efeito direto no organismo
ao receber a medicação. Também relatou
frequência mensal no comparecimento ao
Hemonúcleo para tratamento, porém esse
dado divergiu dos registros no prontuário,
no qual se ausentou por até quatro meses
consecutivos
para
a
realização
do
tratamento. Segundo relatos do paciente,
a equipe multidisciplinar do Hemonúcleo
(médicos, farmacêuticos, enfermeiros e
técnicos de enfermagem) já lhe prestou
informações e esclarecimentos sobre a
patologia e tratamento. Ainda segundo o
paciente, quando atendido em outro
estabelecimento
de
saúde,
os
profissionais que prestaram atendimento
não
possuíam
nenhum
conhecimento
sobre a patologia, sendo que alguns
nunca ouviram falar sobre o assunto. O
paciente
considerou
importante
o
tratamento no Hemonúcleo, e ao ser
questionado
sobre
medicamentos,
o
uso
relatou
de
ter
outros
obtido
informações da internet e faculdade de
não poder utilizar o Ácido Acetil Salicílico
devido à deficiência de Fator XIII. De
acordo com o prontuário e informações
obtidas pelo paciente, o mesmo relatou
ter um irmão com a mesma patologia,
sendo descrito abaixo.
idade
Paciente do sexo masculino, com
de
23
anos,
admitido
no
Hemonúcleo de Manhuaçu em 18 de
março de 1993, com dois anos e seis
meses de idade, apresentando deficiência
de Fator XIII, apresentou sangramento no
umbigo no primeiro mês de vida e quando
criança apresentava diversos hematomas
pelo corpo. Esteve internado por quatro
dias com hipótese não confirmada de
hemorragia
intracraniana.
A
dosagem
recomendada de plasma fresco congelado
foi de 5 mL/ Kg de peso corporal de 21
em 21 dias. Ao responder ao questionário
o paciente relatou ter descoberto a
patologia
apresentou
ao
nascimento,
nenhum
mas
sintoma
não
nem
limitações profissionais ou pessoais até
então, porém segundo a mãe do paciente
o mesmo quando passa maior tempo sem
comparecer
ao
Hemonúcleo
para
tratamento, sente dores nas articulações.
Notou-se que o paciente não apresentou
uma completa adesão ao tratamento,
ausentando-se por até três meses do
Hemonúcleo, apesar de o mesmo dizer
37
comparecer mensalmente, junto com o
com
vezes
seis meses os exames de protocolo (Sífilis,
irmão para tratamento. Na maioria das
passou
pela
transfusão
sem
intercorrências, sendo relatado apenas
uma vez ainda quando criança (12 anos),
uma leve reação alérgica no final da
transfusão de plasma fresco congelado.
Como precaução, foi prescrito maleato de
dexclorfeniramina por via oral 20 minutos
antimicrobianos.
Durante
o
tratamento, são realizados de seis em
Chagas, HbsAg, Anti-HBC (IgG e IgM),
Anti-HCV, Anti-HIV, Anti-HTLV), além da
pesquisa de inibidor realizada por duas
vezes,
apresentando
negativos.
resultados
No prontuário houve registro que
antes das infusões para profilaxia, e
no dia dois de agosto de 2011, o
foram constatadas posteriores alergias.
paciente, pois o mesmo estava ausente
assim, com essa medida profilática, não
Raras vezes (cerca de duas vezes) foi
observada a presença de hematomas, e
quando presente percebeu-se que ocorreu
após longo período (de três a quatro
meses) sem infusão do medicamento.
Ao decorrer do tratamento foram
relatadas algumas substituições do Fator
XIII pelo crioprecipitado, quando o mesmo
se encontrava em falta na unidade, sendo
administrado 5 Unidades, 35 gts/ min,
acompanhado de 10 mL de maleato de
dexclorfeniramina
antes
do
procedimento. Pode-se observar que em
geral houve infusão de Fator XIII em
maior número quando comparado ao
crioprecipitado,
realização do tratamento e se justificou
dizendo que não compareceu devido a
algumas
provas
entrevistado,
escolares.
Ao
o paciente relatou
ser
ter
conhecimento em relação à doença por
meio de internet e pelo médico no
momento do atendimento. Segundo o
paciente, a farmácia também prestou
informações durante a dispensação assim
como
a
equipe
de
enfermagem,
esclarecendo dúvidas no decorrer da
administração do medicamento.
O mesmo relatou já ter sido
apresentar relatos de reações alérgicas
informações. Ao ser questionado sobre o
ao
Fator
pode
paciente retornou ao Hemocentro para
atendido em outro estabelecimento e que
devido
que
por três meses. Logo após o contato, o
ser
explicado
fato
Hemonúcleo entrou em contato com o
XIII
não
no ato da administração.
Conforme prontuário, o mesmo
realizava tratamento dentário em Belo
Horizonte, devido ao risco maior de
hemorragias. Apresentou alguns episódios
de amigdalites tratadas posteriormente
o
mesmo
tratamento,
realizou
relatou
a
prestação
realizar
por
de
ser
obrigatório e que não sabe nada sobre
fármacos que não possa utilizar.
O terceiro paciente estudado com
14 anos de idade do sexo feminino, foi
admitida no Hemonúcleo de Manhuaçu em
38
20 de outubro de 2009 após realização do
Manhuaçu para tratamento, e segundo a
como
tratamento
exame da pesquisa de Fator XIII, tendo
resultado
ausência
do
fator
estabilizante de fibrina cerca de 98%,
cofator de ristocetina 68% (Valor de
mãe
da
paciente
intercorrência.
não
após
houve
início
do
nenhuma
Vale ressaltar que a paciente não
referência 50 a 200%) e Fator von
apresenta sintomas específicos da doença
a 200%). Segundo relatos da paciente no
pessoal, após inicio do tratamento, sendo
Willebrand Ag 52% (Valor de referência 50
questionário a descoberta da doença se
deu por volta dos oito anos de idade, daí
surgiu
o
questionamento:
“o
que
aconteceu ou ocorreu para descobrir a
deficiência só com oito anos?” Segundo a
mãe da paciente, a criança nasceu com
uma “bolha de sangue na cabeça”.
Após 12 dias de nascimento, a
paciente
sangramento
teve
no
hemorragia
umbigo,
e
com
a
mãe
e
foi
e nenhuma limitação
profissional ou
realizado um comparecimento mensal e
fiel ao Hemonúcleo. Durante a maioria
das
transfusões
não
houve
intercorrências, apenas relatou por cerca
de duas vezes lesões pruriginosas e em
torno de três vezes relatou cefaleia
parietal, sendo prescrito dipirona. Nega
sangramentos e descarta a hipótese de
alguém da família possuir a deficiência.
A dosagem de Fator XIII utilizada
procurou auxílio médico na cidade de
pela paciente inicialmente foi 250 UI, e
encaminhada
UI. No caso do crioprecipitado, foram
Divino-MG,
onde
para
morava
Muriaé
e
Belo
Horizonte, mas nada se descobriu. Ainda
quando criança acordava com a boca
cheia de sangue, e ao brincar apareciam
vários hematomas pelo corpo.
Quando começaram a nascerem os
posteriormente houve aumento para 500
administradas três Unidades, devido a
falta do Fator XIII. O prontuário também
trouxe
relatos
de
orientações
gerais
prestadas pela equipe multidisciplinar.
Foi prescrito ácido tranexâmico,
dentes permanentes houve hemorragia e
pois a mesma precisou realizar a extração
que fazer pediu encaminhamento para
hemorragias, posteriormente notou-se a
segundo mãe da paciente sem saber o
uma médica hematologista (Manhuaçu)
por orientação da vizinha que possuía
distúrbio
de
coagulação
e
realizava
de três dentes, no intuito de evitar
prescrição
necessário.
do
Durante
mesmo
o
sempre
que
tratamento,
são
tratamento com a médica. Daí então com
realizados semestralmente os exames de
deficiência de Fator XIII e a mesma
HBC (IgG e IgM), Anti-HCV, Anti-HIV, Anti-
oito anos foi descoberto na paciente a
encaminhada
ao
Hemonúcleo
de
protocolo (Sífilis, Chagas, HbsAg, Anti-
HTLV), todos com resultados normais, a
39
paciente
não
inibidor.
realizou
pesquisa
de
Ao ser questionada a paciente diz
ter conhecimento em relação a doença
pelo
médico
no
momento
do
atendimento. Segundo a paciente, a
farmácia
também
presta
informações
durante a dispensação, assim como a
equipe de enfermagem esclarece dúvidas
no
decorrer
da
medicamento.
administração
Descreveu
que
do
acha
importante o tratamento e que até o
momento não foi atendida em outro
estabelecimento. O médico pediatra foi
citado por ela como informante sobre
fármacos que não se deve utilizar como
Ácido Acetil Salicílico, dentre outros,
(GREGORY e COOPER, 2006). Portanto, o
Fator XIII é de extrema importância para
manter
a
estabilização
do
coágulo,
impedindo que o mesmo se desfaça o que
possibilita o entendimento da fisiologia
da coagulação.
Vale
ressaltar que o Fator XIII é conhecido
como Fator que se modifica durante a
coagulação. A transformação da fibrina
solúvel
em
um
coágulo
de
fibrina
insolúvel é catalisada pelo Fator XIII, na
presença de cálcio, onde o Fator XIII
normalmente circula no plasma sob a
forma
de
proenzima
inativa
sendo
convertido em forma ativa pela trombina
(CARLOS e FREITAS, 2007).
Segundo
GREGORY
e
COOPER
pelo risco de hemorragias.
(2006), indivíduos que apresentam a
uma série complexa de interações, na
desenvolvem hemartrose, porém um dos
A coagulação sanguínea se dá por
qual o sangue perde suas características
de fluidez e é convertido em massa semisólida,
formando
assim
um
coágulo
irreversível pela interação do tecido
lesado, plaquetas e fibrina. Pode-se dizer
deficiência de Fator XIII geralmente não
agravantes mais comuns da deficiência é
a hemorragia intracraniana, sendo esta
uma causa frequente de mortes em
pacientes
afetados
pela
deficiência.
A partir de dados obtidos na
que a coagulação sanguínea é o resultado
pesquisa pode-se detectar que dentre os
proteínas
sangramentos significativos na infância,
final da sequência de reações de várias
plasmáticas,
sendo
este
processo conhecido como fatores de
coagulação (CARLOS e FREITAS, 2007).
O Fator XIII é uma enzima final da
cascata
da
responsável
coagulação,
por
sendo
catalisar
este
ligações
três pacientes estudados, um apresentou
sendo
confirmada
hemorragia
intracraniana. Em outro paciente (irmão),
houve
a
hipótese
de
hemorragia
intracraniana, porém não confirmada.
De
acordo
com
e
colaboradores
mecânica
nos primeiros dias de vida da criança é de
do
coágulo
de
fibrina
o
ANWAR
cruzadas intermoleculares de polímeros
de fibrina, o que faz aumentar a rigidez
(2002),
a
sangramento
umbilical no momento do nascimento ou
40
fato de extrema importância para auxiliar
no diagnóstico precoce da deficiência de
Fator XIII. ANWAR e colaboradores (2002),
utilização de meios de comunicação como
pesquisas em internet sobre o assunto.
Com
relação
ao
afirmam que o sangramento umbilical
conceitua-se
pacientes
utilizados rotineiramente como tempo de
ocorre em 80% dos casos. Além disso,
portadores
da
deficiência
podem apresentar abortos de repetição
nos primeiros meses
de gestação e
dificuldade na cicatrização de feridas,
porém
todos
eliminados
esses
quando
profilático.
Quando
sintomas
há
comparado
são
tratamento
aos
outros
distúrbios de coagulação, foi possível
observar a importância da profilaxia
exames
como
diagnóstico,
laboratoriais
complexo,
de
pois
coagulação
protombina, tempo de tromboplastina
parcialmente
ativada,
fibrinogênio,
contagem de plaquetas e tempo de
sangramento permanecem normais. Dessa
forma há necessidade de exames mais
específicos, como dosagem de Fator XIII,
para uma análise e diagnóstico mais
preciso (GREGORY e COOPER, 2006).
Diante
deste
imprescindível
aparecimento de sinais e sintomas da
Conforme já foi relatado anteriormente,
deficiência de Fator XIII e deve ser
oferecido como tratamento a partir do
momento
do
diagnóstico
(ANWAR
e
colaboradores, 2002). Nesse contexto,
verificou-se que o mesmo ocorreu com os
pacientes
avaliados,
pois
relacionado
à
sobre
apresentaram
nenhum
doença
não
impacto
suas
atividades habituais, além de nenhum
sintoma
patologia.
significativo
relacionado
à
Após a análise dos resultados
reconheceu-se que os pacientes possuíam
informações sobre a doença e que na
sobre
é
realizada pelo concentrado de Fator XIII,
pois o mesmo é capaz de impedir o
discutir
cenário
a
importância da atenção farmacêutica.
o tratamento profilático é capaz de
proporcionar ao paciente uma vida sem
nenhuma intercorrência desde que o
mesmo o realize regularmente. Cabe ao
farmacêutico
e
toda
equipe
multidisciplinar orientar o paciente sobre
a doença e enfatizar a importância da
farmacoterapia, já que alguns pacientes,
assim como dois dos entrevistados, não
apresentaram adesão ao tratamento, o
que pode resultar no aparecimento de
sinais
e
sintomas
característicos
doença e que podem ser graves.
da
A inserção do farmacêutico no
maioria das vezes as obtiveram por meio
processo de tratamento poderá ser de
que
paciente.
de profissionais da equipe multidisciplinar
os
tratamento
acompanhavam
mensalmente,
durante
além
o
da
grande valia para a qualidade de vida do
Implantar
a
atenção
farmacêutica consiste em oferecer mais
41
segurança
e
melhor
eficácia
no
De acordo com a Coordenação da
tratamento, visto que o mesmo tem o
Fundação Hemominas em Manhuaçu, há
auxiliando
farmacêutica, porém notou-se que o
papel
de
conhecer
no
os
sintomas,
diagnóstico,
além
de
esclarecer dúvidas sobre o medicamento
administrado, orientar sobre os possíveis
efeitos adversos e sobre o perigo da não
adesão ao tratamento,
o que
pode
resultar em uma piora do quadro clínico.
Com relação aos portadores de
deficiência de Fator XIII estudados, é
importante salientar a paciente do sexo
feminino, que apresentou vários sinais e
sintomas
diagnóstico
graves
tardio.
decorrentes
Isso demonstra
do
a
necessidade do diagnóstico preciso e
eficiente que no caso dessa patologia é
complexo,
acompanhado
de
uma
assistência profissional que resulta em
bem estar para os pacientes. O número
restrito de informações faz com que o
diagnóstico
enfatiza
a
atenção
farmacêutica, sendo esta uma ferramenta
de grande importância para o profissional
farmacêutico contribuir na adesão ao
tratamento dos pacientes.
Ainda
há um vasto campo de estudos sobre a
atuação do farmacêutico nesse âmbito,
talvez esse fato se dê pelo motivo da
raridade
diagnóstico
da
patologia,
complexo
e
além
do
do
não
desenvolvimento de sintomas específicos
nos casos de pacientes em tratamento, o
que faz com que a doença fique pouco
conhecida e não seja uma fonte tão
atrativa de pesquisa.
CONCLUSÃO
Diante
do
exposto,
pode-se
patologia. Sendo assim, o diagnóstico é
melhora do quadro clínico dos pacientes,
mascarado
em
não
concluir que a adesão ao tratamento é
ou
ineficaz
mesmo
muitos
momentos,
seja
um manual que regulamenta a assistência
por
outra
essencial para um tratamento eficaz e a
minimização
de
riscos,
no
caso
da
paciente do sexo feminino a doença só foi
descoberta aos oito anos de idade.
Portanto, pacientes do sexo feminino que
iniciam
a
puberdade
e
se
não
diagnosticado a deficiência de Fator XIII,
a paciente poderá estar submetida a
graves hemorragias no período menstrual
devido à falta do Fator XIII circulante, o
que se não descoberto a tempo, poderá
levar a paciente a óbito.
um dos pontos primordiais para uma
isso pode ser visualizado ao longo da
pesquisa, onde observou-se que um dos
pacientes (sexo feminino) teve graves
intercorrências devido a não descoberta
da
deficiência
tratamento
possível
ao
profilático.
comparar
nascimento
De
as
fato,
e
foi
literaturas
brasileiras e internacionais com o estudo
realizado onde se constata a dificuldade
de diagnóstico, talvez pelo fato da
deficiência ser rara, exames comuns de
coagulação não se alterarem e haver
42
poucos estudos sobre tal.
Observou-se
ainda
que
os
pacientes em questão levam uma vida
normal, sem apresentar nenhum sinal ou
sintoma devido ao fato da realização do
tratamento. Porém, preocupa-se pelo
fato de dois dos três pacientes estudados
não apresentarem um comparecimento
mensal para reposição do concentrado de
Fator XIII. Vale ressaltar que a não
realização do tratamento corretamente
expõe os pacientes a sérios riscos como
hemorragia intracraniana, dentre outros.
Sem dúvida, fica o desafio da
equipe multidisciplinar, composta por
médicos, enfermeiros e farmacêuticos, de
atuar de forma contínua na orientação
permanente dos pacientes e familiares,
no
intuito
de
conscientizá-los
da
importância do tratamento adequado,
bem como se necessário realizar busca
ativa
dos
mesmos,
garantindo
o
acompanhamento e a minimização de
quaisquer
intercorrências
deficiência de Fator XIII.
devido
à
REFERÊNCIAS
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TRINH, C.H. AND MARKHAM, A.F. Delayed
Umbilical Bleeding – A Presenting Feature
for
Factor
XIII
Deficiency:
Clinical
Features, Genetics, and Management.
Pediatrics, v.109, p. 1-7; 2002.
BRASIL, Conselho Nacional de Secretários
de Saúde. Assistência Farmacêutica no
SUS / Conselho Nacional de Secretários de
Saúde. – Brasília: CONASS, 2011.186 p.
1ªEd. (Coleção Para Entender a Gestão do
SUS 2011, 7).
BRASIL, Ministério da Saúde. Coordenação
Geral
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Sangue
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Hemoderivados.
Departamento de Atenção Especializada.
Manual de Diagnostico Laboratorial das
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Plaquetopatias.
Hereditárias
Brasília:
Ministério da Saúde, 2010.
Editora
e
do
CARLOS, M. M. L e FREITAS, P. D. F. S.
Estudo
da
cascata
de
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GREGORY, T. F e COOPER, B. Case report
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RESENDE, M. A. C e SILVA, E. V.
Administração de fatores de coagulação:
Quais as evidências? Capitulo 42, p.335341, [S/A].
Recebido em: 10/05/2015
Revisões Requeridas: 23/10/2015
Aceito em: 04/03/2016
Publicado em: 21/07/2016
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