Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 467-472 Revista Brasileira de Geografia Física ISSN:1984-2295 Homepage: www.ufpe.br/rbgfe Avaliação Temporal da Climatologia do Litoral Norte da Paraíba Aliny dos Santos Marcelino1; Lincoln Eloi de Araújo2; Elydeise Cristina de A. Andrade3; Anderson Stuart Alves4 1 Bacharelado em Ecologia; Universidade Federal da Paraíba- UFPB, E-mail: [email protected]; Professor; Universidade Federal da Paraíba- UFPB; E-mail: [email protected]; 3 Bacharelado em Ecologia; Universidade Federal da Paraíba- UFPB; E-mail: [email protected]; 4 Bacharelado em Ecologia; Universidade Federal da Paraíba- UFPB; E-mail: [email protected] 2 Artigo recebido em 15/09/2012 e aceito em 15/10/2012 RESUMO O Estado da Paraíba apresenta várias áreas diferenciadas de precipitação, tal peculiaridade necessita do monitoramento dos índices climáticos no intuito de fornecer informações sobre os períodos secos e chuvosos da microrregião do Litoral Norte da Paraíba. A metodologia utilizada para avaliar os períodos secos e chuvosos foi o IAC. Evidenciou-se que os meses mais chuvosos são os meses de março a julho e os meses mais secos, de agosto a maio. Observou-se também que os períodos chuvosos e secos ocorreram na mesma quantidade e que suas intensidades variam de acordo com os anos extremos. Palavras-chave: Índices Climáticos, Períodos secos e chuvosos, Variabilidade Climática. Temporal Evaluation of Climatology Northern Coast of Paraíba ABSTRACT The state of Paraiba has several different areas of precipitation, such peculiarity requires monitoring of climate indices in order to provide information on the dry and rainy periods in the microregion of the North Coast of Paraíba. The methodology used to evaluate the dry and rainy periods was the RAY. It was evident that the rainiest months are the months from March to July and the driest months, from August to May. It was also observed that the wet and dry periods occur in the same amount and that their intensities vary according to the extreme years. Keywords: Climate Indices, dry and wet periods, Climate Variability. 1. Introdução pressão atmosférica, os ventos. O Brasil, por A climatologia é uma ciência que ser um país com grande extensão territorial, trabalha com a verificação da dinâmica das possui diferenciados regimes de precipitação massas de ar, esse fator interferi diretamente e temperatura Quadro e Machado (2010), que na temperatura e na pluviosidade, provocando são diferenciações no clima e nos índices climatológica, pluviométricos. Para a classificação do clima extensão costeira, relevo e as massas de ar. As leva-se em consideração a temperatura, massas que atuam no Brasil e interferem umidade relativa do ar, correntes marítimas, diretamente * E-mail para correspondência: [email protected] (Marcelino, A. S.). Marcelino, A. S.; Araújo, L. E.; Andrade, E. C. A.; Alves, A. S. influenciados pela diversificação distribuição no clima são: geográfica, equatorial continental ou atlântica, tropical continental ou atlântica e a polar atlântica IBGE (2010). 467 Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 467-472 A região Nordeste do Brasil tem sua analise climatológica do Litoral Norte precipitação pluviométrica composta por Paraibano, utilizando o Índice de Anomalia de escalas e quase períodos (Araújo, 2010), a Chuva (IAC) para calcular uma possível Zona de Convergência Intertropical Uvo variabilidade climatológica das chuvas na (1989), os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior região. Kousky e Gan (1981), os Sistemas Frontais Kousky (1979), os Distúrbios do Leste 2. Material e Métodos O Litoral Norte da Paraíba localiza-se Espinoza (1996), esses fenômenos porem podem causar variações atmosféricas. na Mesorregião da Mata Paraibana com cerca O Estado da Paraíba, possui, pelo de 1.960,503 km² área total, abrangendo 11 menos, seis áreas que apresentam estações municípios sendo estes: Baía da Traição, chuvosas distintas (Brito et al., 2004) e Capim, Cuité de Mamanguape, Curral de apresenta características diversificadas de Cima, Itapororoca, Jacaraú, Mamanguape, média climatológica ao longo do Estado. Com Marcação, Mataraca, Pedro Régis, Rio Tinto. base faz-se A microrregião do Litoral Norte tem cerca de necessário o monitoramento por meio do 135.467 habitantes e 69,1 hab. Km2 (IBGE, emprego de índices climatológicos Araújo 2010). na precipitação irregular, (2009), este trabalho tem como objetivo a Latitude (°) -6.5 -7 -7.5 -8 -38.5 -38 -37.5 -37 -36.5 -36 -35.5 -35 Longitude (°) Figura 1. Localização do Litoral Norte- Paraíba. Todavia, para a realização deste trabalho foram realizadas bibliográficas, em periódicos, artigos. Os pesquisas dados pluviométricos foram cedidos pela Marcelino, A. S.; Araújo, L. E.; Andrade, E. C. A.; Alves, A. S. 468 Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 467-472 AESA (Agência Executiva de Gestão das precipitação. Águas do Estado da Paraíba), com isso foram Com isso usou-se: feitos N = precipitação mensal atual (mm); os cálculos utilizando o IAC, caracterizando os períodos secos e chuvosos. N = precipitação média mensal da série histórica (mm); 2.1 Índice de Anomalia de Chuva (IAC) Para calcular o índice foi proposta as seguintes equações: ( ( M = média das SEIS maiores precipitações mensais da série histórica (mm), (em que sejam usados 18 anos de dados); ) ) N−N IAC = 3 M − N , para anomalias positivas; precipitações mensais da série histórica (mm), (1) (em que sejam usados 18 anos de dados); ( ( ) ) N−N IAC = −3 X −N , para anomalias X = média das SEIS menores A classificação dos anos secos e chuvosos se deu a partir da metodologia negativos; (2) utilizada por Freitas (2004 e 2005) e Em que: posteriormente adaptada por (Araújo, 2008). N = precipitação mensal atual (mm); N = precipitação média mensal da série histórica (mm); média O Litoral Norte contém 5 meses maiores úmidos que vai desde o mês de Março a precipitações mensais da série histórica (mm); Julho, a média climatológica para o período M = 3. Resultados e Discussão das dez menores chuvoso foi de 107,1 mm de precipitação. O precipitações mensais da série histórica (mm). mês mais chuvoso foi Junho com média 263,1 É importante destacar que os dados mm. O período seco se deu entre Agosto a obtidos foram séries históricas entre 15 e 18 Fevereiro, sendo Outubro o mês mais seco anos, com isso faz-se necessária modificações com 14,2 mm (Figura 2). X = média das dez com relação a média dos 10 maiores e 10 Os resultados são mais evidentes após menores, em 30 anos de média histórica são a aplicação do IAC (Índice de Anomalia de utilizados as médias dos 10 maiores e 10 Chuva), que caracterizou a existência de menores, quando a série tem menos de 30 períodos secos e chuvosos e sua intensidade. anos faz-se necessário modificações nos Quando comparamos os valores do IAC com períodos obtidos, como por exemplo se a Tabela 1, observamos que os períodos secos tivermos 15 anos de série utiliza-se a média e chuvosos se destacam. Aplicando o IAC dos 5 maiores e 5 menores valores de série histórica, no período de 1994 a 2010. Marcelino, A. S.; Araújo, L. E.; Andrade, E. C. A.; Alves, A. S. 469 Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 467-472 Figura 2. Fluxograma do Litoral Norte (Precipitação em mm). Tabela 1. Classes de Intensidade do Índice de Anomalia de Chuva para o Litoral Norte da Paraíba. Índice de Anomalia de Chuva (IAC) Faixa do IAC Classe de Intensidade De 4 acima 2a4 0a2 0 a -2 -2 a -4 Extremamente Úmido Muito Úmido Úmido Seco Muito Seco De -4 abaixo Extremamente Seco Com o uso do IAC, pode-se observar Para o períodos seco, observou-se oito anos, que o Litoral Norte apresentou nove anos com classificação de Seco o ano de 2005, como período chuvoso, classificados como Muito Seco os anos de 1995, 1997, 1998, Extremamente Úmido o ano de 2000, Muito 2001, 2006 e 2010, e o ano de 1999 Úmido os anos de 1994, 2003, 2004 e 2009, e classificou-se Úmido, os anos de 1996, 2002, 2007 e 2008. (Figura 3). como Extremamente Seco Figura 3. IAC da série histórica do Litoral Norte. Marcelino, A. S.; Araújo, L. E.; Andrade, E. C. A.; Alves, A. S. 470 Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 467-472 25/10/2011. 4. Conclusões A microrregião do Litoral Norte apresenta uma estação chuvosa entre os meses Araújo, L. E.; Moraes Neto, J. M.; Sousa, F. de março a julho, com maior representação A. S. (2009). Classificação da precipitação e para o mês de junho; e período mais secos da quadra chuvosa da bacia do rio Paraíba entre os meses de agosto a fevereiro. utilizando Índice de Anomalia de Chuva A grande variabilidade temporal climática é bem mais intensa, podendo estar (IAC). Ambi-Agua, Taubaté, v. 4, n. 3, p. 93110. (doi: 10.4136/ambi-agua.105). relacionado à proximidade do continente ao oceano, ou seja, aos contrastes térmicos. Araújo, L. E. & Silva, D. (Mar/2001). Tanto os anos secos como os anos úmidos Influência da variabilidade climática sobre a foram bastante representativos. Observa-se distribuição espaço-temporal da precipitação também que os períodos chuvosos e os no períodos Geografia, Uberlândia, v.12, n. 37, p. 289- secos são semelhantes em quantidades Baixo Paraíba (PB). Caminhos de 304. com alternância no decorrer da série histórica Azevedo, P. V. & Silva, V. P. R. (1994). analisada. Por fim, observou que o IAC pode ser Índice de seca para a microrregião do Agreste utilizado como uma ferramenta para o da Borborema, no estado da Paraíba. Revista acompanhamento Brasileira de Meteorologia, 9(1): 66-72. climático de uma localidade, nesse caso uma microrregião do litoral Nordestino, além de ser utilizado para Brito, J. I. B. & Braga, C.C. (março/05). regionalização, podendo também, através Chuvas no estado da Paraíba em 2004. desse monitoramento gerar prognósticos e Boletim SBMET, p.27-32. diagnósticos da climatologia local. Correia, M. F., Aragão, M. R. S., Moura, M. S. 5. Agradecimentos B. (2004). Energia para cidades: Agradecemos a Universidade Federal vulnerabilidade a eventos extremos de chuva da Paraíba pelo apoio ao desenvolvimento e o paradoxo da eficiência no uso da água e a desta pesquisa. geração de energia elétrica em ambientes áridos. Universidade Federal de Campina Grande (Processo nº 480266/2004-2). 6. Referências Agência Executiva de Gestão das Águas do em: Freitas, M. A. S. (2004). A previsão de secas http://www.aesa.pb.gov.br Data de acesso: e a gestão hidroenergética: o caso da bacia do Marcelino, A. S.; Araújo, L. E.; Andrade, E. C. A.; Alves, A. S. 471 Estado da Paraíba. Disponível Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 467-472 Rio Parnaíba no Nordeste do Brasil. In: Campina Grande (processo – 504189/2003-4). Seminário Internacional Sobre Represas y Operación de Embalses. Puerto Iguazú. IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.censo Freitas, M. A. S. (1999). Um Sistema de 2010.ibge.gov.br/primeiros_dados_divulgado Suporte à Decisão para o Monitoramento de s/index.php?uf=25 Secas Meteorológicas em Regiões Semi- 20/03/2012 Áridas. Revista Tecnologia Data de acesso: (UNIFOR), Fortaleza, v. 19, n. 19, p. 19-30. Mário F. Leal de Quadro, Lúcia H. Ribas Machado, Sérgio Calbete, Nadja N. Marinho Gonçalves, W. A.; Correia, M. F.; Araújo, L. Batista e Gilvan Sampaio de Oliveira Centro E.; Silva, D. F.; Araújo, H. A. de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - Vulnerabilidade climática do (2003). nordeste CPTEC/INPE. Disponível em: brasileiro: uma análise de eventos extremos www.climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/bole na zona semi-árida da bacia hidrográfica do tim/cliesp10a/chuesp.html Data de acesso: São Francisco. Universidade Federal de 20/03/2012 Marcelino, A. S.; Araújo, L. E.; Andrade, E. C. A.; Alves, A. S. 472