12.1. semicondutores 12. Electrónica 12.1. díodos Semicondutores são materiais sólidos cristalinos de conductividade eléctrica intermédia entre os condutores e os isoladores Os elementos semicondutores podem ser “dopados” com impurezas para controlar a sua conductividade O díodo é um dispositivo electrónico não linear, fundamental na electrónica moderna (a corrente não varia linearmente com a diferença de potencial) São importantes na fabricação de componentes electrónicas, tais como díodos, transístores e outros dispositivos mais complexos como circuitos integrados, microprocessadores e células solares (fundamentais na indústria electrónica) Importante em muitas aplicações Por exemplo, um transístor aplica princípios de funcionamento dos díodos A corrente é transmitida quer pelos electrões livres (material tipo n) quer por “lacunas” (material tipo p) 12.1 12.2 Materiais semicondutores intrínsecos mais comuns: germânio e silício Possuem uma camada de valência com 4 electrões Quando os átomos de germânio (ou silício) se agrupam entre si, formam uma estrutura cristalina (estrutura ordenada): cada átomo une-se a quatro outros átomos vizinhos, por meio de ligações covalentes, e cada um dos quatro electrões de valência de um átomo é compartilhado com um átomo vizinho (dois átomos adjacentes compartilham dois electrões) Juntando impurezas pentavalentes (como o fósforo ou o antimónio) a um semicondutor intrínseco ele torna-se do tipo n (mais electrões do que lacunas) Se as impurezas forem trivalentes (como o alumínio ou o gálio) ele torna-se do tipo p (mais lacunas do que electrões) 12.3 12.4 1 Junção p-n Polarização da junção p-n Directa Inversa 12.5 12.6 Curva característica do díodo Díodo Componente passivo não linear: a função I(V) não é uma recta VD Díodo Ideal 0, 7 RI D arccot R Diferentes tecnologias: ▪ díodos de junção de semicondutor (2 materiais semicondutores diferentes) ▪ díodos barreira Schottky metal-semicondutor ▪ díodos termoiónicos (efeito termoiónico, só alta tensão) V i Díodo real 12.7 Aproximação prática 12.8 2 Díodo ideal e díodo real Um díodo deixa passar a corrente preferencialmente num sentido, filtra a corrente inversa Cuidados a ter: Díodo real Vi ▪ corrente de condução máxima: se fôr ultrapassada o excesso de temperatura da junção destrói o díodo Silício: 0,6 V ▪ tensão de polarização inversa máxima: se fôr ultrapassada haverá disrupção na junção (breakdown), passa a conduzir corrente Germânio: 0,3 V ▪ A corrente inversa do díodo é fortemente dependente da temperatura (factor de 2 a cada 10 oC) ▪ A tensão Vi também varia com a temperatura dVi dT 2,5mV / 0C para o Si 12.9 12.10 Determinação do ponto de funcionamento dum díodo (par V-I) Corrente e tensão alternada Determinação da corrente eléctrica que percorre o díodo num dado circuito Fonte de tensão VDD Vd RI d I d f (Vd ) 12.11 Fonte de tensão alternada: diferença de potencial nos seus extremos varia com o tempo segundo uma função periódica (sinusóidal=seno) Não é constante, nem tem sempre o mesmo sinal 12.12 Varia periodicamente (período=inverso da frequência) 3 Transformador Corrente e tensão alternada Dispositivo que transmite energia eléctrica de um circuito para outro: transforma tensão e corrente Funciona segundo as leis de Faraday e Lenz Consiste em dois ou mais enrolamentos e um "caminho", ou circuito magnético, que "acopla" essas bobinas (ferro laminado) Nos transformadores de dois enrolamentos, estes chamam-se primário e secundário Nas tomadas temos, normalmente, tensão de 220 V com frequência de 50 Hz Mas muitos aparelhos eléctricos e electrónicos necessitam de corrente contínua: necessidade de transformação e de “alisamento” da tensão e corrente alternada 12.13 Transformador A passagem de corrente no enrolamento primário gera um campo magnético; como a corrente é variável, induz uma f.e.m. no enrolamento secundário d B p s s p Np N 12.14 transmissão de potência eléctrica dt d B s dt N N s p Ns > Np: tensão no secundário maior do que no primário Ns < Np: tensão no secundário menor do que no primário12.15 a perda de potência eléctrica pode ser muito reduzida se for transportada em alta tensão 12.16 4 Circuitos com díodos exemplo: linhas de transmissão Rectificador de meia onda Em média é produzida 120 kW de potência eléctrica numa central eléctrica. As linhas de transmissão têm uma resistência total de 0,40 . Calcular a perda de potência, se ela for enviada em a) 240 V, e b) 24,000 V. I (a) PL (b) I PL P 1.2 105 W 500A 83% de perda!! V 2.4 102 V I 2 R (500A)2 (0.40 ) 100 kW P V 1.2 105 W 2.4 104 V I 2R 5.0A Como num díodo a corrente passa quase exclusivamente apenas num sentido, então apenas a parte positiva da onda de entrada é que aparece à saída (a parte negativa é cortada) 0,0083% de perda (5.0A)2 (0.40 ) 10 W 12.17 12.18 “Ripple” Ripple é a diferença entre o máximo e o mínimo de tensão (menos ripple=mais “lisa”) Valores normais da tensão de ripple: entre 1% e 5% do valor do pico Colocando um condensador em paralelo com a resistência de carga permite “alisar” a onda Isto ocorre devido à sucessiva carga do condensador quando passa corrente no díodo e a sua descarga quando não passa corrente 12.19 12.20 5 Rectificação Cálculo do valor de C: Se Vripple fôr pequeno, a corrente de carga é praticamente constante I dQ dt C dV então dt V I t C Circuito equivalente v0 R R rD vS vD 0 vS vD 0 t será um pouco inferior a 1/f (ou 1/2f se utilizarmos rectificação de onda completa) I load Então: V 2 fC (onda completa) C I load 2 f V pretendido 12.21 Característica de transferência Formas de onda de entrada e saída 12.22 Circuitos com díodos Rectificador de onda completa Para aproveitar a onda completa, diminuindo as perdas e o ripple, utiliza-se uma ponte de díodos Existe sempre um caminho livre para a corrente que passa em R Ponte de díodos 12.23 12.24 6 Circuitos com díodos Circuitos limitadores básicos Rectificador de onda completa 12.25 12.26 Circuitos com díodos Circuitos com díodos Circuito limitador Portas lógicas D2 Semiciclo + quando V i se V 5 V V V 1 L 1 Semiciclo quando V i se V 8V V (V 2 L 2 V 0, 7 D1 ON 1 0, 7 5, 7 V O ramo D1+V1 é um limitador positivo enquanto o ramo D2+V2 é um limitador negativo (V 0, 7) D2 ON 2 0, 7) 8, 7 V As portas lógicas são a base de todo o cálculo automático Numa porta OR o sinal à saída é 1 (+5V) se pelo menos uma das entradas fôr 1 (+5 V) Numa porta AND o sinal à saída é 1 (+5V) apenas se ambas as entradas forem 1 (+5 V), senão é 0 (0 V) 12.27 12.28 7 Outros tipos de díodos Díodo Zener Díodo Zener A tensão de zener (Vz) é termicamente muito estável dVz dT É polarizado inversamente e é utilizado como tensão de referência 5 ppm / oC Existem zeners entre os 3 e os 30 V (a zona de maior estabilidade é 6,3V) É um díodo regulador de tensão Vz também depende da corrente 12.29 12.30 Circuitos com díodos Díodo Zener Fonte de alimentação contínua a partir de corrente alterna, recorrendo a díodos zener RL Os valores R e RL são condicionados pelas Iz,máx e Iz,min: R V1 Vz I z ,máx R V1 Vz I L I z ,min valor mínimo para R (quando RL valor máximo para R (se ) RL V1 Vz díodo fora da região zener) RL R 12.31 12.32 8 Problema típico com díodo Zener Díodo emissor de luz (LED) No circuito da figura, se V1=15V, VZ=5V, R1=750 , R2=450 , R3=250 , determinar a corrente no díodo. A recombinação de electrões e lacunas na junção p-n produz fotões (=luz) Emissão de luz quase monocromática I1=I2+ID -V1+R1I1+R2I2=0 -R2I2+R3ID+VZ=0 Corrente ~ 10 mA, V~2V Actualmente há LEDs vermelhos, verdes, laranja e infravermelhos (e os primeiros no azul e no ultravioleta) ID=0,02A 12.33 Circuito de alimentação de um LED 12.34 Díodo laser Produz luz coerente (com a mesma fase), usando uma cavidade ressonante espelhada Luz muito intensa, focada e monocromática Curvas características I(V) Indicador de 7 segmentos 12.35 12.36 9 A corrente eléctrica é proporcional à luz recebida (detector de luz) Fotodíodo Efeito físico inverso ao LED: luz cria pares electrões-lacuna na junção p-n Em geral LEDs podem ser usados como fotodíodos com as modificações adequadas 12.37 12.38 Díodo varactor Díodo túnel Tem uma capacidade de junção elevada que depende fortemente da tensão inversa (capacidade controlável) Característica V-I não monótona Usado em circuitos de sintonia automática e de desmodulação de frequência O ponto B é instável: o díodo, em cada instante, tem o ponto de funcionamento em A ou em C (utilização como elemento oscilador) 3 pontos de funcionamento possíveis 12.39 12.40 1 0 Circuitos com díodos podem ser simulados utilizando o programa disponível em http://www.falstad.com/mathphysics.html 12.41 1 1