Totem e Tabu INTRODUÇÃO O tema desta monografia é de certa

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Totem e Tabu
INTRODUÇÃO
O tema desta monografia é de certa maneira amplo, pois trata dos processos de
relacionamento do Homem com seu meio social, cultural, político, econômico, entre outros,
e como isso se manifesta em seu interior (homem individual).
Para introduzir o tema, é necessário que se tenha claro alguns conceitos para sua
interpretação e análise, tais como o que significa progresso, humanidade, civilização,
totem e tabu. Para tanto irei descrevê-los em aspectos gerais e então partir para a pratica
monográfica.
O que entendemos por progresso? Essa simples, mas profunda palavra nada mais
significa do que evolução, desenvolvimento, avanço, mas isso só acontece com uma certa
dose de desordem, como cita Stephen Kanitz em seu Ponto de Vista na revista Veja de 03
de abril de 2002, para que se possa revolucionar o sistema vigente, transformando-o em
algo novo.
Humanidade é o conjunto de características especificas do ser humano, ou ainda , ramos
de aprendizado relativos à cultura, e não às ciências. A máxima do ser.
Civilização por sua vez, é a cultura de um povo, de um lugar ou período, ou ainda, o
próprio progresso.
Totem é o conjunto de crenças e de praticas culturais que encerra uma relação entre um
grupo de indivíduos e um animal, um objeto ou conjunto de seres vivos ou de fenômenos
que por sua vez são considerados protetores desse grupo, ou ainda, as praticas
ritualísticas que expressam essas crenças.
Tabu, em certas sociedades, é a característica atribuída a um objeto, pessoa ou
comportamento, que os torna proibido, perigoso aos membros da comunidade, ou ainda é
a proibição convencional determinada pelos costumes da comunidade, ou algo que tenha
caráter sagrado, proibido. É grande a complexidade e diversidade desta noção, pois sua
lógica se baseia nas regras locais relativas ao incesto e a exogamia.
Agora, a partir do texto de Freud, TOTEM E TABU, posso começar o trabalho.
CAPÍTULO 1
AS RELAÇÕES TOTÊMICAS
1. Importância
A adoração ao Totem é a base para todas as obrigações sociais das pessoas que fazem
parte de um determinado grupo ou clã, porém existem regras básicas a serem seguidas
para que isso ocorra, tal como a proibição de relação sexual entre os indivíduos desse
Totem, que são considerados parentes.
Pode-se dizer que as relações totêmicas de descendência são transmitidas pela linhagem
feminina e de que todos que descendem do mesmo Totem formam uma única família,
mesmo que não consangüínea, pois o papel que este representa é de um antepassado
comum e respeitado.
A classificação de parentesco se dá pela seguinte forma:

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Palavras como pai/mãe são empregadas não apenas as pessoas que geraram o filho
(a), mas para todos os que de certa forma poderiam sê-lo em potencial totêmico;
O mesmo se aplica para as palavras irmão (ã), que se referem também aos filhos (as)
do clã e não necessariamente parentes consangüíneos.
Em nossa sociedade, temos algo semelhante a esse sistema, na proporção em que
nossas crianças tratam os amigos dos pais de "tio/tia".
Com relação ao sistema de classes matrimoniais, não tem um fundo de obrigações sociais
nem restrições morais, mas apenas uma regulamentação da escolha matrimonial.
Esse sistema se assemelha ao sistema realizado pela Igreja Católica, onde além da
proibição do casamento entre parentes consangüíneos (irmão (ã)), se estende também
para parentes espirituais (padrinho, madrinha e afilhados).
Toda essa preocupação é decorrente ao horror que o homem tem em relação ao incesto,
na tentativa de prevenção a ele, porém se faz necessário acrescentar um certo número de
costumes ou proibições para evita-lo, como por exemplo qualquer tipo de envolvimento do
genro com a sogra.
Em nossa sociedade civilizada, esse ponto entre genro e sogra também é delicado, uma
relação que apresenta sensações simultâneas e conflitantes, mas que são controladas
pela repressão.
2. Efeitos
O tabu, acredita-se, que seja o código de leis não escritas mais antigo que o homem criou,
e que possui vários objetivos, tais como proteção a pessoas importantes e coisas contra o
mal; proteção dos fracos; proteção contra perigos que decorrem do manuseio ou entra em
contato com cadáveres, ingestão de certos alimentos, etc.
Sempre que um tabu e "quebrado" por algum integrante dessa determinada sociedade, ele
próprio se torna tabu. A punição para isso a princípio era deixada pela comunidade para
que o próprio tabu se vingasse; posteriormente passou-se a esperar por uma punição
divina; e por fim, a própria comunidade punia as transgressões. Então se pode dizer, que
de certa maneira é pelo tabu que se forma os primeiros sistemas penais humanos.
Os tabus podem ser de caráter permanente, que estão ligados a sacerdotes e chefes, ou
pessoas mortas e qualquer objeto que lhes pertença, ou de caráter temporário, ligados a
estados particulares como parto e menstruação.
Um fator importante que está ligado a esses povos primitivos, é o de que aceitam as
proibições como coisa natural e não lhes interessa questionar sobre os tabus. É importante
dizer que as tais proibições estão ligadas às coisas contra a liberdade de movimento e
comunicação e a de prazer.
No início, tabu não significava propriamente nem sagrado e nem profano, mas demoníaco,
o que significava o temor de um contato a ele. Só posteriormente é que se desenvolve
essas características e cada um dos termos se desenvolve em sentidos contrários, mas
uma prevalecendo sobre a outra.
3. Paralelos
Em uma análise direta entre tabu e neurose, se faz um paralelo de que existe uma fobia
em relação ao tocar, não necessariamente o tocar físico, mas a qualquer pensamento que
se direcione ao objeto proibido.
As proibições obsessivas dessa neurose estão envoltas a renúncias e restrições, mas
tanto nelas como no tabu, algumas podem ser quebradas numa tentativa de purificação.
Existem pontos em comum entre ambas, que são:
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
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O fato de faltar às proibições qualquer motivo que se possa considerar como causa ou
origem;
O fato de serem mantidas por necessidade interna;
O fato de serem deslocáveis e de risco de infecção por parte do que é proibido;
E o fato de criarem pressão circunstancial de realização de cerimônias.
A ambivalência prevalece em ambos os casos, pois existe algo que se ama e que ao
mesmo tempo se odeia. É o consciente (proibição) lutando contra o inconsciente (desejo),
pois o medo é mais forte que o desejo.
O autor do texto diz em determinado momento que a base do tabu é uma ação proibida,
para cuja realização existe forte inclinação do inconsciente.
Se os desejos forem trocados pelos impulsos conscientes, o perigo de dissolução da
comunidade se torna real, pois um passaria a imitar o outro, pois seriam tentados a
desejar agir da mesma forma que o individuo que transgrediu o tabu, como uma forma de
contágio.
A ação de tocar, com a intenção de obter qualquer espécie de controle sobre algo ou
alguém é o primeiro passo para a transgressão.
4. Valoração
4.1. Em relação aos inimigo
Todo e qualquer ato, é regido pelo tabu, mesmo a morte de um homem. Tem-se sobre isso
quatro cumprimentos fiéis:
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Acalmar o inimigo assassinado;
Limites sobre o assassino;
Castigos e libertação dos pecados por parte do assassino;
E cumprimento fiel de cerimônias.
Esses atos são costumes propagados nessas culturas.
Todos os ritos de apaziguamento do inimigo acontecem pelo medo que o povo vencedor
tem, dos fantasmas de seus antigos inimigos e então procedem de forma a "tentar"
acalma-los tratando suas cabeças como seres de sua própria comunidade, isso posto em
decorrência de remorso, admiração e consciência pesada. Esses atos também servem
para explicar o cumprimento de cerimônias.
Aos vencedores das expedições, após sua chegada na comunidade em que vive, lhe é
imposto limites de convivência até passar algum tempo, para que este possa purificar-se
do assassinato. Eles não podem tocar nos alimentos e não podem se relacionar com suas
esposas. Isso se dá pelo fato de acreditarem que se cheirassem as mãos e sentissem o
cheiro de sangue dos inimigos, poderiam cair doentes e morrer. Em cada comunidade
existe um tipo de regra que deve ser observada e cumprida.
Pode-se observar por aí, a ambivalência emocional dessas comunidades para com seus
inimigos.
4.2. Em relação aos governantes
A relação ambígua que se faz em relação aos chefes, reis é que existe uma relação
passiva e outra ativa para com ele. Ao mesmo tempo em que os súditos devem se
proteger contra qualquer contato imediato com o chefe, é necessário que se faça sua
proteção.
Enquanto esse chefe cumprir seu papel de defensor de seu povo, é mantido no poder.
Caso isso deixe de acontecer, ele deve ceder lugar para outro que o faça.
Como os ofícios sagrados para os chefes e reis são de certo modo pesados, a eles cabe
uma parte no processo, onde lidam com o fantástico ou cerimonial, perdendo sua
liberdade para os tabus , e a outras pessoas ficam responsáveis pelas partes práticas, que
se tornam governantes temporais, que podem se aproveitar daquilo que é proibido aos reis
tabus, porém são sujeitos de outros tabus isentos aos súditos.
É como uma percepção que se tem em psicanálise, onde se cria uma relação entre pai e
filho, onde o filho pode culpar o pai por todas as infelicidades que se caem sobre ele, mas
ao mesmo tempo uma relação de admiração para com o pai.
Enfim, é possível dizer que a escolha do rei que ao mesmo tempo em que o engrandece, o
torna atormentado pelos próprios tabus.
4.3. Em relação aos mortos
Essa relação é especialmente violenta e contagiosa, pois tudo depende da ligação que se
tem com o morto.
Quem quer que tivesse contato com uma pessoa morta, passaria a ser considerado tabu e
sofreria as mais duras penalidades para se purificar, tal como não poder tocar na própria
comida, sendo submetido a outros a função de alimenta-lo sem tocar-lhe.
Um outro tabu se faz presente nas vidas dos viúvos e viúvas que devem resistir ao contato
com outras pessoas; em um outro tabu, as pessoas não podem pronunciar o nome do
morto, que pode ser considerado um insulto mortal ao morto. Tudo o que faz lembrar o
morto tem sua nominação trocada e muitas vezes até os familiares trocam de nome.
Uma conseqüência disso é que esses povos não possuem tradições e nem lembranças
históricas, prejudicando qualquer pesquisa efetuada a seu respeito. Essa troca de nomes
ocorre porque se considera o nome como parte essencial da personalidade de um homem
e a pronuncia de seu nome equivale a sua invocação seguidamente de sua presença.
Como se o morto houvesse transformado-se em algum demônio.
Então se pode dizer que mais uma vez o tabu se desenvolveu com base em atitudes
ambivalentes de sofrimento consciente e de satisfação inconsciente pela morte que
ocorreu.
5. Observações finais sobre o texto
Os vários conflitos emocionais descritos no texto, são tratados como projeção e que tem
por objetivo conduzir esses conflitos da melhor maneira possível. Tal como o luto, que tem
a finalidade de desligar as lembranças dos mortos das esperanças dos vivos.
Conforme as sociedades foram evoluindo, as ambivalências foram diminuindo e
conseqüentemente o tabu desapareceu junto com a evolução.
O autor afirma que através do tabu houve a origem da consciência, que é a percepção
interna das rejeições de desejos que temos dentro de nós.
O estudo do tabu se faz necessário porá que se possa compreender, através da psicologia
como se deu o desenvolvimento da civilização.
Enfim, ao tabu se deve várias formas da organização social de tempos remotos, que se
traduziram para nossos dias.
CONCLUSÃO
É imprescindível que se faça uma leitura prévia do texto TOTEM E TABU, na tentativa de
traçar um paralelo entre as sociedades primitivas e as atuais, pois na medida em que
estas vão se desenvolvendo, os tabus vão sendo transformados e repensados, ocorrendo
assim modificações, criação de novos tabus e até o desaparecimento dos antigos.
Após a leitura do texto, fica de certa maneira mais tranqüila a explanação sobre o tema
central da monografia: "EM QUE MEDIDA PODEMOS AFIRMAR QUE O SUPOSTO
PROGRESSO DA HUMANIDADE CONTRIBUIU SOBRE MANEIRA PARA A
SUPERAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO FRENTE À BARBÁRIE SOCIAL?."
Na medida em que a Humanidade foi se desenvolvendo, progredindo tecnologicamente,
posso dizer que houve um avanço, porém esse fato não possibilitou a superação da
barbárie social. Se existe algum avanço, ele pode ser considerado somente no campo
intelectual do ser humano,no sentido de conhecimento, mas não em suas características
mais primitivas e egoísticas, como podemos perceber em alguns trechos do referido texto.
Nos dias atuais, todos os processos de deteriorização do ser humano podem ser visto e
revisto nos fatos que a mídia tem dado muita ênfase, tais como a falta de reforma agrária,
o caso dos sem teto, crianças no semáforo pedindo esmolas, a crise de criminalidade que
se instalou no País, a falta de caráter de políticos que se importam com seus próprios
interesses, deixando de lado os interesses de seus patrões que somos nós, simples
mortais, a lentidão da justiça brasileira, que atende primeiro aos interesses dos poderosos,
assim como aos interesses de seus bolsos, a impunidade em casos como a explosão do
shopping em Osasco ou da queda do avião da TAM, entre outros numerosos fatos que
decorrem diariamente.
Essa falta de perspectiva social é arrasadora para muitas pessoas, que se sentem
injustiçadas e incompreendidas nos seus maiores desejos, que ainda estão na escala do
básico, tais como saúde, segurança e educação e esse último ainda, principalmente
direcionado para seus filhos.
A grande maioria dos seres humanos que compõe a sociedade, faz exatamente como os
indivíduos das tribos que estão sendo retratadas pelo texto, não se questionam sobre o
porque vivem na miséria, aceitando as migalhas oferecidas pelos poderosos e reforçando
esse processo de poder, na medida em que assumem a "culpa" pela situação em que
vivem na sociedade.
Somos como os súditos que tem medo de sequer se aproximar dos chefes, pois podemos
atrair para nós o infortúnio de quebrar as regras que regem os tabus dos dias atuais
ecomoconseqüência nos tornarmos também tabus, pois todos que não seguem as regras
são colocados à margem da dita sociedade. Como exemplo disso temos os loucos, que
nada mais são do que pessoas que pensam e estão fora da realidade ditada por quem tem
o poder.
Enfim, concluo que o progresso tecnológico sobre as características especificas do ser
humano não contribuiu em quase nada para o desenvolvimento da cultura do povo, pois
estamos vivendo uma evolução na era tecnológica, mas em termos de desenvolvimento
pessoal do ser, que é massacrado pelo sistema, acaba por ignorá-lo completa e
definitivamente. E de que vale o processo tecnológico, sem a evolução interior do ser, que
ou por sua culpa ou por interferência de quem detém o poder acaba marginalizado e
contribuindo para a marginalização do próximo?
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