portalnews.com.br Sábado, 4 de fevereiro de 2017 Cidades 5 DIA MUNDIAL DO CÂNCER Dario Resinger Ferreira foi diagnosticado em janeiro de 2014, e passou por um duro tratamento até a cura Advogado suzanense conta sua luta para vencer o câncer “É uma experiência que não tem como explicar. Essa sensação só vai experimentar quem estiver na frente do médico e o ouvir dizer que você está com essa doença e que vai passar por um tratamento difícil, sem ter a certeza de que vai conseguir se curar. Saber que, de uma forma ou de outra, você corre o risco de perder a vida”. O depoimento é do advogado suzanense Dario Resinger Ferreira, de 33 anos, ao se referir ao instante em que recebeu o diagnóstico de câncer nos testículos, em janeiro de 2014. O momento difícil já fez e faz parte da vida de milhares de brasileiros diagnosticados com a doença, que tem hoje, dia 4 de fevereiro, seu Dia Mundial. Para o advogado, trata-se de “um obstáculo superado”. Uma lição de vida que o ensinou a valorizar ainda mais as coisas que realmente importam. “Na época fiquei confiante e não me abalei muito, porque no ano anterior eu tive um aluno que precisou se afastar das aulas para se tratar da doença e, no meio do semestre seguinte, ele retornou curado. Então associei que o mesmo ocorreria comigo”, contou. Apesar de todo otimismo e da vontade de vencer a doença, assim como os heróis derrotavam os vilões nos quadrinhos que lia com frequência, os dois anos de tratamento não foram fáceis. Ao todo foram quatro cirurgias e três ciclos de quimioterapia. O primeiro obstáculo surgiu logo no início, quando precisou deixar de lado a vida agitada no escritório de advocacia e as aulas como professor universitário: “Quando se descobre que está com câncer, você é tirado da sua rotina de uma forma abrupta. Então de uma hora para outra, o cotidiano de trabalho e afazeres se transformou em uma rotina de hospitais e tratamentos”. Há quase dois anos, Ferreira recebeu a notícia de que estava curado. Para ele, tal conquista não seria possível lições importantes, como sem a esperança e, princi- aproveitar as pequenas coisas palmente, sem o apoio das da vida. “É impressionante, pessoas que ama. “Quando mas no meio do tratamento, você passa a ter a noção de a gente não sente falta de que esse momento difícil grandes viagens, momenque está enfrentando hoje tos de extrema diversão ou vai passar, se consegue ter realizações. O que mais faz uma perspectiva mais real falta é o cotidiano, o simples da possibilidade de melhora. fato de poder acordar de Mas, para que se tenha força manhã e ir trabalhar, poder para superar esse tratamento, almoçar com a família no fim o apoio da família e dos de semana”, revela. Cada dia ganhou um novo amigos é fundamental e insubstituível. Isso te dá significado para Ferreira. uma energia muito grande “Depois que se passa por e te deixa praticamente in- uma situação dessas a gente vencível”, salientou. valoriza muito mais esses momentos cotidianos, que geralmente passam desperAprendizado Segundo o advogado, a cebidos por nós”, concluiu experiência lhe trouxe algumas o suzanense. Daniel Carvalho Ferreira: “O que mais faz falta é o cotidiano, o simples fato de poder ir trabalhar” Hospital recebe mensalmente cerca de 90 novos pacientes Juliana Oliveira Stefany Leandro Atendimento de oncologia cresceu no Luzia Em média cerca de 90 pacientes diagnosticados com câncer dão entrada no Hospital das Clínicas (HC) Luzia de Pinho Melo todos os meses para tratar a doença. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde. De acordo com o balanço divulgado pela pasta, no ano passado, a unidade, que é habilitada e referência para o tratamento de câncer no Alto Tietê, realizou uma média mensal de 6.817 atendimentos oncológicos. Conforme já noticiado pelo Grupo Mogi News, entre os anos de 2012 e 2015, a média mensal de atendimentos realizados pelo HC registrou alta de 30%. Isso porque no primeiro ano, mensalmente, eram executadas cerca de 1,8 mil tratamentos com quimioterapia e 140 radioterapias, enquanto que no último foram realizadas 6,1 mil quimioterapias e 480 sessões de radio. Ainda segundo a Secretaria, 98% dos pacientes oncológicos residentes em Mogi realizaram tratamento no próprio município. Já os demais foram encaminhados para serviços na capital. Esse encaminhamento, segundo a pasta, ocorre devido às especificidades necessárias ao cuidado de cada paciente. “É importante deixar claro que todos os pacientes com câncer atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) paulista recebem tratamento em unidades referenciadas, conforme recomendação terapêutica específica e personalizada”, justificou. (S.L.) Tabu Pacientes questionam diagnóstico Segundo estimativa do câncer ainda é tratado pela Instituto Nacional do Cân- população como uma sencer (INCA), cerca de 600 tença de morte. “Nós, seres mil novos casos de câncer humanos, não gostamos de devem ser diagnosticados no pensar e nem de falar sobre Brasil somente este ano. Esse a morte. E, quando a pessoa diagnóstico traz aos pacientes é diagnosticada com câncer muitas dúvidas em relação ela passa a ter a ciência dessa à doença, ao tratamento e fragilidade e já acha que vai às chances de cura. E, entre morrer. Então, começa a esses questionamentos há um questionar ‘por que eu’, ‘o grande tabu: “Por que eu?”. que fiz para merecer isso’ e De acordo com a psicó- também a analisar a vida, loga do Centro Oncológico onde errou e acertou”. A psicóloga explica que, Mogi das Cruzes, Valéria Rocha Macedo, apesar dos neste caso, sempre questiona tratamentos mais avançados o paciente se ele encontrou e dos crescentes índices uma resposta para suas dúvidas. de cura, o diagnóstico do “É importante evitarmos nos pacientes sentimentos muito importante, além da parcomuns, como a raiva e a ticipação efetiva da famírevolta. Aos poucos vamos lia. “O câncer é uma doença desmistificando esse tabu biológica, mas pode ter um e fazendo a pessoa refletir componente psicossomático. que o diagnóstico não vem Queremos evitar que a pessoa só com o sofrimento. Ele fique sofrendo e guardando pode vir para ajudar em uma esse sofrimento. E o apoio mudança comportamental. da família é fundamental Geralmente vem para fazer o porque às vezes o paciente paciente romper com o que precisa deste apoio para não faz feliz e bem. Pode ser continuar”, comenta. “Além um relacionamento afetivo de acabar com os tabus, a ou de trabalho, uma mágoa principal mensagem que e outras situações que fazem passamos é: Não fique socom que ele sofra”, destaca. frendo e não pare sua vida. O acompanhamento psi- Faça o tratamento, mas siga cológico realizado de forma seus projetos porque você conjunta ao tratamento é está vivo. Aproveite”, finaliza. Divulgação Valéria: “O apoio da família é fundamental”