Talita Ferreira Gonzaga Alves

Propaganda
Instituto Federal Minas Gerais – IFMG
Licenciatura Plena em Geografia
Talita Ferreira Gonzaga Alves
ASPECTOS SOCIAIS E GEOLÓGICOS DA ÁREA URBANA DE OURO
PRETO: UM ESTUDO DE CASO DO BAIRRO SÃO FRANCISCO DE
PAULA
Minas Gerais – Brasil
Outubro - 2012
Talita Ferreira Gonzaga Alves
ASPECTOS SOCIAIS E GEOLÓGICOS DA ÁREA URBANA DE OURO PRETO: UM
ESTUDO DE CASO DO BAIRRO SÃO FRANCISCO DE PAULA
Monografia apresentada ao Curso de
Licenciatura Plena em Geografia do
Instituto Federal Minas Gerais – IFMG,
campus Ouro Preto, sob a orientação do
Professor Reginato Fernandes dos Santos
Ouro Preto
Coordenadoria de Geografia do IFMG
2012
A474a
Alves, Talita Ferreira Gonzaga
Aspectos sociais e geológicos da área urbana de Ouro Preto:
um estudo de caso do Bairro São Francisco de Paula
[manuscrito] / Talita Ferreira Gonzaga Alves. – 2012.
72 f. : il.
Orientador(a): Prof. Reginato Fernandes dos Santos
Monografia (Graduação) – Instituto Federal Minas Gerais,
Campus Ouro Preto. Licenciatura em Geografia.
1. Geologia. – Monografia. 2. Mecânica do solo. –
Monografia. 3. Deslizamento de Terra. – Monografia. 4. Uso
e Ocupação do Solo. – Monografia. 5. Espaço Urbano (Ouro
Preto - MG). – Monografia. I. Santos, Reginato Fernandes
dos. II. Instituto Federal Minas Gerais, Campus Ouro Preto.
Licenciatura em Geografia. III. Título.
CDU 55
Catalogação: Biblioteca Tarquínio J. B. de Oliveira - IFMG – Campus Ouro Preto
Talita Ferreira Gonzaga Alves
ASPECTOS SOCIAIS E GEOLÓGICOS DA ÁREA URBANA DE OURO
PRETO: UM ESTUDO DE CASO DO BAIRRO SÃO FRANCISCO DE
PAULA
Monografia apresentada Instituto Federal
Minas Gerais – IFMG, campus Ouro Preto,
como parte das exigências do Curso de
Licenciatura em Geografia, para a obtenção do
título de Licenciado.
APROVADA EM: 05 de novembro de 2012.
__________________________________________
Prof. MSc. Reginato Fernandes dos Santos
Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG
Campus Ouro Preto
(Orientador)
__________________________________________
Prof.(a) MSc. Érica Silva Fabri
Centro Universitário Newton Paiva - BH
(Membro da banca examinadora)
__________________________________________
Prof.MSc. Salatiel Assis Resende
Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG
Campus Ouro Preto
(Membro da banca examinadora)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Sérgio e
Zettinha por todo seu incondicional amor e
apoio, e aos meus irmãos Caio e João Paulo
pela confiança e paciência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me guiou para que eu concretizasse o meu trabalho me
dando a força espiritual necessária nessa empreitada rumo a novos horizontes;
Aos meus pais Sérgio e Zettinha pelo apoio, amor, carinho e confiança depositados e também
pelas sábias palavras durante todo o meu processo de formação, muito obrigada;
Aos meus irmãos Caio e João Paulo pelo carinho, paciência e amor;
Ao Leone César pelo apoio, paciência e ajuda que obtive dele durante a realização da minha
pesquisa.
Aos meus primos Jéssica (Téia) e Pedro Paulo, obrigado pela compreensão e paciência que
tiveram durante essa jornada.
Á Karla, minha prima e colega de curso que me apoiou e me ajudou muito durante o meu
processo de formação. Obrigada por tudo!
A minha pequenina menina Nanda, por deixar meus dias mais divertidos;
As amizades verdadeiras que fiz durante esses quatro anos de graduação: Izabela, Kelly e
Eude,Waleska e Simei,amigos que levarei para sempre;
As minhas amigas que fiz durante a minha estadia em Ouro Preto, Shênia e Nivea, muito
obrigada pelas palavras de amizade e carinho e também pelas boas risadas que vocês me
proporcionaram. Obrigada também a Dani, pelas palavras de conforto e tranquilidade, pessoas
que posso considerar como verdadeiras amigas;
Aos “meus meninos” da APAE, que com apenas um sorriso, um toque ou uma palavra me
mostravam a cada dia, o verdadeiro sentido da vida. Aprendi um pouco com cada pequenino.
As colegas que fiz durante o meu trabalho na APAE-Ouro Preto em especial Arlete, Karina e
Edna obrigada a todas vocês;
Aos meus familiares e amigos (Fernanda, Iara e Felipe) que me auxiliaram de alguma forma
nessa minha jornada; ao meu orientador Prof.Reginato Fernandes dos Santos, que com toda
paciência e dedicação me auxiliou nessa caminhada. Aos professores do CODAGEO, muito
obrigada.
“É necessário ainda que se desenvolva um novo
entendimento, uma nova cultura que entenda que as chuvas
acima da média e as encostas instáveis não têm culpa de
nada. Cabe a nós entender os sinais que a Natureza nos dá
e resolver os problemas da melhor forma possível. Isso se
faz com ciência e informação.”
(Picanço, 2010)
Sumário
1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8
1.1 - Tema ............................................................................................................................... 8
1.2 - Problema ......................................................................................................................... 9
1.3 - Objetivos......................................................................................................................... 9
1.3.1 - Objetivo Geral .......................................................................................................... 9
1.3.2 - Objetivos Específicos............................................................................................. 10
1.4 - Justificativa ................................................................................................................... 10
2 - BASES CONCEITUAIS ..................................................................................................... 11
2.1 - Contextualização da Cidade de Ouro Preto .................................................................. 11
2.2 - Caracterizações Geológica e Geomorfológica ............................................................. 13
2.2.1 – O Quadrilátero Ferrífero........................................................................................ 14
2.3 – Movimentos de Massa ................................................................................................. 20
2.3.1 - Fatores que afetam o movimento de massa ........................................................... 22
2.3.2 - Classificação de movimento gravitacional de massa ............................................. 25
2.3.3 - Previsão dos Movimentos de Massa ...................................................................... 31
2.3.4 - Análise de estabilidade .......................................................................................... 33
2.3.5 - Ocupação de Áreas Inadequadas ........................................................................... 34
3 – METODOLOGIA............................................................................................................... 39
3.1 – Pesquisas Bibliográficas .............................................................................................. 39
3.2 - Coletas de Dados .......................................................................................................... 40
3.2.1- Visita de reconhecimento ........................................................................................ 40
3.2.2 Elaboração do questionário socioeconômico ........................................................... 42
3.2.3 Visita para aplicação do questionário....................................................................... 43
3.3 - Avaliação dos Resultados ............................................................................................. 43
3.4 - Elaboração da cartilha preventiva................................................................................. 43
4– APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS .................................................. 44
4.1 – Caracterizações dos Movimentos Gravitacionais de Massa - Um foco para Ouro Preto
.............................................................................................................................................. 44
4.1.1– O Bairro São Francisco de Paula............................................................................ 45
4.2 – Trabalho de Campo ...................................................................................................... 46
4.1.2 Resultados obtidos do questionário de avaliação socioeconômica dos moradores do
Bairro São Francisco de Paula .......................................................................................... 49
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 55
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 57
APÊNDICE I ............................................................................................................................ 62
APÊNDICE II ........................................................................................................................... 69
PLANOS PREVENTIVOS DE DEFESA CIVIL ( PPDC) ..................................................... 72
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Vista parcial da Serra de Ouro Preto, com destaque para os bairros Veloso e São
Francisco de Paula. ................................................................................................................... 12
Figura 2 - Limite geográfico do Município de Ouro Preto, com ênfase na distinção entre
município e microrregião.......................................................................................................... 12
Figura 3 - Localização geográfica e geomorfológica do bairro São Francisco de Paula.
Observa-se, no detalhe da foto, a encosta sul da Serra de Ouro Preto. Fonte: Mapa do
COMDEC, modificado por Reginato Fernandes ...................................................................... 14
Figura 4 - Mapa do Quadrilátero Ferrífero em destaque Ouro Preto-MG/Fonte: Modificado de
Alkmim & Marshak,1998. ........................................................................................................ 15
Figura 5 - Imagem de satélite do Quadrilátero Ferrífero (Extraído do site:
http://www.geoparkquadrilatero.org) ....................................................................................... 15
Figura 6 - Coluna Estratigráfica proposta para o Quadrilátero Ferrífero (Alkmim e Marshak
(1998)). ..................................................................................................................................... 17
Figura 7- Esquema ilustrativo de escorregamento induzido em talude de corte/Fonte:
Tominaga,2009 ......................................................................................................................... 27
Figura 8 – Exemplos dos tipos de escorregamentos/Fonte: (modificada de Infanti Jr. &
Fornasari Filho, 1998; organizada por Fábio Reis). ................................................................. 28
Figura 9- Desenho ilustrativo da queda de bloco se movimentando fazendo com que partes de
um maciço rochoso desagregados das encostas íngremes caem em queda
livre/Fonte:Modificada de Infanti Jr e Fornasari Filho,1998;organizada por Fábio Reis. ....... 29
Figura 10-Desenho ilustrativo do tombamento se movimentando fazendo com que ocorra a
rotação dos blocos rochosos/Fonte: Modificada de Infanti Jr e Fornasari Filho,
1998;organizada por Fábio Reis. .............................................................................................. 30
Figura 11-Desenho ilustrativo do rolamento de blocos que movimenta os blocos na encosta
abaixo/Fonte: Modificada de Infanti Jr e Fornasari Filho, 1998;organizada por Fábio Reis. .. 30
Figura 12-Desenho ilustrativo do rastejos se movimentando, fazendo com que movimente
lentamente a terra para a encosta abaixo/Fonte: Modificada de Infanti Jr e Fornasari
Filho,1998;organizada por Fábio Reis. .................................................................................... 31
Figura 13 - A) No início da área pesquisada ocorre a presença do itabirito, mostrando a
direção do mergulho da rocha através da escala (caneta). B) Mais ao centro do bairro pode ser
observada a presença de filito, na qual sobre este se localiza uma casa com alto risco de
deslizamento devido o filito ser uma rocha friável e com maior facilidade de escorregamentos.
.................................................................................................................................................. 40
Figura 14 - Corte de encosta onde se expõe um filito alterado e com um alto ângulo de
mergulho. .................................................................................................................................. 41
Figura 15 - Relação entre os mergulhos das camadas de rochas e o movimento de massa local.
.................................................................................................................................................. 42
Figura 16 - A) Pequeno movimento massa atrás de uma residência e a inclinação do solo para
a rua. B) Remoção da cobertura vegetal deflagrando o deslizamento do solo. C) Área com alto
índice de filito, desenvolvendo uma facilidade para a movimentação do solo. D) Cenário que
apresenta um tipo de ruptura, na qual ocorre a infiltração da na superfície do talude
umedecendo o solo e deste modo advém a perda de resistência ao cisalhamento. .................. 45
Figura 17 - Ilustração que mostra uma força gravitacional maior aplicada ao conjunto de
camada com maior mergulho....................................................................................................47
Figura 18- Modelo de uma bússola geológica do tipo Brunton ..............................................47
Figura 19 - Esquema ilustrativo de uma camada apresentando a representação da direção e do
mergulho de uma camada .....………………………………………………………………...48
Figura20– Medindo a direção do mergulho das rochas............................................................48
Figura 21 – Orientação das camadas geológicas.....................................................................48
LISTA DE PRANCHAS E GRÁFICOS
Prancha 1 - Resultados obtidos para os itens: escolaridade, naturalidade, tempo de moradia no
bairro e o porque de morar no bairro. ....................................................................................... 49
Prancha 2 - Resultados obtidos para os itens: renda familiar, quantidade de deslizamentos
presenciados, quantidade de deslizamentos que afetaram a residência dos moradores e se os
moradores já teve pretensão de sair do bairro. ......................................................................... 50
Prancha 3 - Resultados obtidos para os itens: posição da prefeitura em relação aos
deslizamentos, a prefeitura propõem medidas para prevenir os moradores destes
deslizamentos, o que os moradores fazem quando esta em período chuvoso e quando o
morador veio para o bairro, sabia que se tratava de uma área de risco. ................................... 51
Prancha 4 - Resultados obtidos para os itens: o crescimento desordenado acelerado do bairro
influencia para a ocorrência dos deslizamentos, qual a orientação técnica que o morador
buscou para a construção da resistência do mesmo e o que o morador acha que deve ser feito
para diminuir os incidentes causados pelos deslizamentos de massa. ...................................... 52
Gráfico - 1 Perfil socioeconômico dos moradores do bairro São Francisco de Paula,
descrevendo os principais fatores para a compreensão das diversificadas opiniões sobre os
movimentos de massa. .............................................................................................................. 53
Gráfico - 2 Características destacadas no perfil socioeconômico dos moradores do bairro São
Francisco de Paula. ................................................................................................................... 53
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Coluna estratigráfica simplificada para o Quadrilátero Ferrífero (Fonte: CPRM) 16
Quadro 2 - Fatores deflagradores dos movimentos de encosta (Varnes, 1978). ...................... 21
Quadro 3 - Classificação dos movimentos de encosta segundo Varnes (1978) ....................... 26
Quadro 4 - Agentes e causas dos escorregamentos (Guidicini e nieble, 1976) ........................ 27
6
RESUMO
Palavras chave: deslizamentos, Ouro Preto e ocupação humana.
O presente trabalho tem como objetivo a análise parcial das situações de risco
geológico no município de Ouro Preto, Minas Gerais, com ênfase para o Bairro São Francisco
de Paula, conhecido popularmente como “Morro do Piolho”. Em função da carência de
espaços físicos e, em partes, pelo descaso do poder público, alguns locais da cidade de Ouro
Preto são adotados como áreas de crescimento urbano. Crescimento esse que, com a ausência
de infraestrutura básica e condições de moradia inadequadas, colocam a população exposta a
áreas de risco geológico. Dentre esses riscos geológicos, destacam-se os movimentos de
massa, frequêntes na área estudada. Nesse trabalho foram levantados os principais
movimentos de massa ocorridos no bairro, através de pesquisas bibliográficas e pesquisas de
campo. Além do levantamento histórico, o trabalho possibilitou que os moradores fossem
conscientizados, dos riscos e das possíveis precauções que devem adotar em relação à
preservação das suas moradias e, principalmente, de suas vidas.
Diante dos estudos de campo foi possível classificar os principais perigos geotécnicos
existentes em que a área estudada está sujeita. O que foi observado no Bairro São Francisco
de Paula foi uma grande variedade típica de rochas propensa à instabilidade geotécnica. O
que se conclui sobre os resultados da pesquisa é que a comunidade do Morro do Piolho não
possui nenhuma informação sobre os processos de movimentos de massa e o poder público
não auxilia a comunidade com medidas mitigadoras, para a minimização dos danos
provenientes da ocorrência de um risco.
Ao final deste trabalho foi elaborada uma cartilha informativa para a comunidade do
bairro São Francisco de Paula, com o intuito de informar sobre pontos relevantes dos
movimentos de massa, e assim buscar a atenção dos governantes para que possam minimizar
os efeitos desses processos naturais e acelerado pelo homem sobre o bairro proporcionando
melhor qualidade de vida para essa população economicamente desfavorecidas da cidade
histórica de Ouro Preto.
7
ABSTRACT
KEY WORDS: landslides, Ouro Preto and human occupation.
The present study aims to partial analysis of geological risk situations in the city
of Ouro Preto, Minas Gerais, with emphasis on the Neighborhood São Francisco de Paula,
popularly known as "Morro do Piolho." Due to the lack of physical spaces and, in parts, by
the indifference of the public, some places in the city of Ouro Preto are adopted as urban
growth areas. That this growth, with the absence of basic infrastructure and inadequate
housing conditions, put the population exposed to areas of geological risk. Among these
geological risks, stand out mass movements, very common in the study area. In this work
were raised major mass movements occurred in the neighborhood, through literature searches
and field surveys. In addition to the historical survey, the work has enabled the residents were
aware, even superficially (the time available), potential risks and precautions they should take
in relation to the preservation of their homes, and especially of their lives.
Before the field studies was possible to classify the major geotechnical hazards
existing in the area studied this subject. What was observed in the São Francisco
neighborhood was a wide variety of typical rocks prone to geotechnical instability. What
follows on the results of the research is that the community of Morro do Piolho, has no
information about the processes of mass movements and the government does not help the
community with mitigation measures, to minimize the damage from the occurrence of a risk.
At the end of this paper we present a informative booklet to the community of
San Francisco neighborhood, in order to inform relevant points of mass movements, and thus
get the attention of the rulers so that they can minimize the effects of these natural processes
(and accelerated by man) about the neighborhood and thus provide better quality of life for
this population of economically disadvantaged historic city of Ouro Preto.
8
1 - INTRODUÇÃO
1.1 - Tema
O crescimento populacional desordenado e o acelerado processo de urbanização
dos municípios têm contribuído para a geração de um vasto número de ocorrências de
movimentos de massa.
“Os movimentos de massa consistem em um importante
processo natural que atua predominantemente na dinâmica das vertentes,
fazendo parte da evolução geomorfológica em regiões serranas. Entretanto, o
crescimento da ocupação urbana indiscriminada em áreas desfavoráveis,
com o planejamento inadequado do uso do solo e sem a adoção de técnicas
adequadas de estabilização, está disseminando a ocorrência de acidentes
associados a estes processos, que muitas vezes abrangem dimensões de
desastres” (Tominaga, 2007)
Esse cenário de urbanização desordenada é facilmente observado no município de
Ouro Preto, estado de Minas Gerais, na região em que a população vem sendo afetada direta e
indiretamente. A interferência direta acontece com as famílias que residem nos locais
específicos dos movimentos de massa, impossibilitando a permanência dessas famílias em
suas casas, durante alguns períodos do ano. Por outro lado, a incidência de catástrofes dessa
natureza deixa toda a população em “estado de alerta” e, especificamente, para a cidade de
Ouro Preto, essa preocupação influencia na principal atividade comercial local, o turismo.
Visto esse grande impacto que os movimentos de massa podem causar, o estudo dos mesmos
torna-se pertinente dentro desse contexto.
O presente trabalho insere-se, nesse contexto, tem como tema central o estudo
dessa enorme ocorrência de movimentos de massa na cidade de Ouro Preto, são poucas
medidas eficazes e preventivas foram aplicadas ao longo dos vários acidentes ocorridos na
região. Portanto, esta análise será realizada com vista a buscar uma visão integrada da questão
geográfica-geológica, relacionada com a questão social, apresentando possíveis medidas para
que as catástrofes naturais tenham minimizadas suas consequências para a população no
referido município.
9
1.2 - Problema
Na cidade de Ouro Preto, a ocupação de áreas de risco é comum, mesmo com a
conscientização constante dessas temeridades. Tal ocupação pode ser justificada ou entendida
pelos seguintes fatores: aumento acelerado da população, o descaso parcial do poder público,
a escassez de áreas urbanas, valorização urbana exponencial, a irresponsabilidade da
população, e ainda, o cenário geológico-geográfico da cidade. Inevitavelmente, a maioria
desses fatores afeta a camada social de baixo poder aquisitivo, fato esse observado no bairro
São Francisco de Paula, área selecionada para o desenvolvimento do presente trabalho.
Dentre esse conjunto de fatores que tornam “problemática” a ocupação do bairro
São Francisco de Paula, somente dois podem ser modificados como consequência de uma
simples pesquisa, são eles: a irresponsabilidade da população e o descaso do poder público. A
irresponsabilidade da população pode ser justificada, em partes, pela falta de conhecimento
técnico do uso e ocupação dos solos. Desse modo, uma conscientização das pessoas que
residem (ou que pretendem residir) nesses locais pode contribuir para a diminuição de
incidentes ocasionados por movimentos de massa. Por outro lado, o descaso do poder público,
que é evidente nesses locais, somente será modificado se a sociedade der grande publicidade
às suas necessidades. Nesse caso, o interesse público não ficará manifestado somente em
momentos “convenientes”, reclamações essa, constante e unânime entre a população da região
estudada.
Enfim, o problema central é responder ao questionamento básico que se anuncia
abaixo:
“Quais são os impactos e o porquê de não haver soluções eficazes para o processo de movimento
de massa na região de Ouro Preto, particularmente no bairro São Francisco de Paula (Morro do
Piolho)?”
1.3 - Objetivos
1.3.1 - Objetivo Geral
O desenvolvimento desse estudo tem por finalidade geral transmitir informações
de pesquisa acadêmica e avaliar os aspectos sociais e geológicos que levam a ocorrência do
processo de movimento de massa no bairro São Francisco de Paula, Ouro Preto-MG.
10
1.3.2 - Objetivos Específicos
A fim de alcançar o objetivo geral da pesquisa, configuram-se como objetivos
específicos as seguintes etapas:
verificação do histórico dos principais acidentes naturais de movimentos da massa
já ocorridos no município de Ouro Preto;
seleção de uma área de risco mais desprovida de estudos e cuidados;
avaliação de campo da área selecionada;
levantamento das principais rochas aflorantes na região selecionada;
levantamento da demanda local da comunidade em relação aos riscos eminentes
buscar medidas eficazes(e.g Cartilha) que possam vir a ser executadas na região
estudada.
1.4 - Justificativa
Na região urbana de Ouro Preto, em decorrência do seu histórico de movimentos
de massa, bem como das suas consequências, deve ser ressaltada a pertinência de estudos de
vulnerabilidade associados a esses movimentos de massa, principalmente em locais onde a
visibilidade pública e política são menores. Portanto, a pesquisa aqui delineada, justifica-se
como instrumento de auxílio, diante da questão dos condicionantes geológicos e
geomorfológicos, para a real expansão urbana desses locais.
11
2 - BASES CONCEITUAIS
Nesta parte do trabalho será abordada a caracterização da área estudada,
juntamente com o resultado da revisão bibliográfica que tem como principal finalidade
apresentar os diversificados conceitos sobre o assunto, expondo-o no desenvolvimento da
pesquisa. Deste modo, foram enfatizados os principais conceitos relacionados aos
movimentos de massa, caracterizando os variados tipos de movimentos, os riscos geológicos
inerentes aos mesmos, seus principais condicionantes e os fatores que estimulam a ocorrência
desses processos naturais. Dentro do contexto sobre os eventos geológicos para a pesquisa ora
apresentada, os enfoques teórico e metodológico foram empregados de modo a possibilitar
que o resultado da pesquisa possa contribuir diretamente com os moradores da região
estudada. Objetiva-se evitar novas catástrofes e ainda, buscar um meio de alertar ao poder
público para que elaborem planos que solucionem estes incidentes.
2.1 - Contextualização da Cidade de Ouro Preto
A cidade de Ouro Preto teve origem no final do século XVII, tendo a exploração
mineral, de ouro, como principal atividade impulsionadora do seu crescimento. A ocupação
inicial aconteceu nas poucas áreas estáveis e planas que a geografia atípica de Ouro Preto
possui. Por outro lado, a atividade minerária sempre teve destaque nas íngremes encostas
auríferas da região. Tais encostas representam hoje, alguns dos principais bairros de Ouro
Preto, que sofrem com os movimentos gravitacionais de massa (FIG.1).
Atualmente, a cidade de Ouro Preto, localizada na região central do Estado de
Minas Gerais, possui uma população aproximada de 70 mil habitantes. De acordo com Gomes
et al (1998) Ouro Preto está situada na extremidade sudeste da região conhecida como
Quadrilátero Ferrífero, que ocupa uma área de 7.000Km2, na zona mínero-metalúrgica do
Estado de Minas Gerais, a 100 km da capital, Belo Horizonte.
Do ponto de vista geomorfológico, a cidade de Ouro Preto está implantada em um
grande vale limitado pelas serras de Ouro Preto, ao norte, e Itacolomi, ao sul. Tal cenário
coloca a cidade de Ouro Preto entre altas montanhas de desenvolvimento linear e áreas
aplainadas com altitudes diversas e vales alongados.
12
Figura 1 - Vista parcial da Serra de Ouro Preto, com destaque para os bairros Veloso e São Francisco de Paula.
De acordo com as informações coletadas na Prefeitura Municipal de Ouro Preto
(PMOP), os limites geográficos da cidade encontram-se nas coordenadas: latitude 20º17’15’’
e longitude 43º30'29 (FIG.2).
Figura 2 - Limite geográfico do Município de Ouro Preto, com ênfase na distinção entre município e
microrregião.
13
2.2 - Caracterizações Geológica e Geomorfológica
A cidade histórica de Ouro Preto possui características geológicas e
geomorfológicas desfavoráveis para uma organização urbana. Estes fatores, somados à
pluviosidade da região, desenvolvem na cidade graves problemas geotécnicos. Esses
elementos geológicos , juntamente com o crescimento urbano desordenado, resultado de uma
expansão sem planejamento, proporcionam na região inúmeras situações de risco. Essas
situações se agravam a cada ocorrência de excesso de chuva, acarretando amplos problemas
tanto no âmbito social, econômico e ambiental, tal como citado por (Carvalho & Galvão, 2006):
“Nas cidades brasileiras, marcadas pela exclusão sócio-espacial
que lhes é característica, há outro fator que aumenta ainda mais a frequência
dos deslizamentos: a ocupação das encostas por assentamentos precários,
favelas,vilas e loteamentos irregulares. A remoção da vegetação, a execução
de cortes e aterros instáveis para construção de moradias e vias de acesso, a
deposição de lixo nas encostas, a ausência de sistemas de drenagem de águas
pluviais e coleta de esgotos, a elevada densidade populacional e a fragilidade
das moradias aumentam tanto a frequência das ocorrências como a
magnitude dos acidentes. Levantamentos de risco realizados em encostas de
vários municípios brasileiros indicam que, em todos eles, a falta de
infraestrutura urbana é uma das principais causas dos fenômenos de
deslizamentos no Brasil. Dessa forma, uma política eficiente de prevenção
de risco de deslizamentos em encostas deve considerar como áreas
prioritárias de atuação os assentamentos precários e deve também fazer parte
das políticas municipais de habitação, saneamento e planejamento urbano.”
Abordando
sobre
a
caracterização
geológica
da
cidade,
o
site
www.ouroprees.com.br (site de Ouro Preto) publicou um parecer do engenheiro geológico
Romero César Gomes (2012), quando questionado sobre os deslizamentos em Ouro Preto diz:
“A cidade está encravada entre estas duas serras, com vales profundos e encostas íngremes,
que apresentam desníveis superiores a 300m em relação às partes baixas da cidade. Num
contexto geral, as estruturas geológicas estão orientadas de norte para sul, ou seja, da Serra
de Ouro Preto para a Serra do Itacolomi. Assim, os bairros localizados ao longo da Serra de
Ouro Preto seriam, portanto, mais afetados não apenas pelas condições naturais
desfavoráveis, mas também pelos outros aspectos citados anteriormente. Na região sul da
cidade, as condições geológicas são bem mais favoráveis e um bom exemplo disso é a estrada
de acesso a Saramenha, que possui cortes verticais em xisto com vários metros de altura, sem
maiores problemas de instabilização destes taludes”.
No ensejo da resposta do Eng. Romero Gomes, a bairro São Francisco de Paula
encontra-se exatamente na encosta da Serra de Ouro Preto, região com condições naturais
desfavoráveis (FIG.3). Essas condições se agravam nos períodos chuvosos do ano, onde há
14
um avanço na vulnerabilidade nos lugares suscetíveis a erosão e aos deslizamentos
generalizados das encostas.
Figura 3 - Localização geográfica e geomorfológica do bairro São Francisco de Paula. Observa-se, no detalhe da
foto, a encosta sul da Serra de Ouro Preto. Fonte: Mapa do COMDEC, modificado por Reginato Fernandes
2.2.1 – O Quadrilátero Ferrífero
O Quadrilátero Ferrífero (FIG.4) representa uma região geologicamente
importante do Pré-Cambriano brasileiro, contendo riquezas minerais como ouro, ferro e
manganês. De acordo com Dorr (1959), o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais compõe
uma das áreas clássicas da geológica Pré-Cambriana, devido os extensos depósitos de minério
de Ferro que se encontram na área.
15
Figura 4 - Mapa do Quadrilátero Ferrífero em destaque Ouro Preto-MG/Fonte: Modificado de Alkmim &
Marshak,1998.
Com tamanha importância no quesito recursos mineral, a região do Quadrilátero
Ferrífero candidatou-se e, tem grande possibilidade, de tornar-se um Geopark da UNESCO
(FIG.5), sendo justificado como sendo um local que abriga alguns dos principais recursos
minerais do Estado de Minas Gerais, além de relevante patrimônio natural e cultural.
Figura 5 - Imagem de satélite do Quadrilátero Ferrífero (Extraído do site: http://www.geoparkquadrilatero.org)
16
Os recursos naturais do Quadrilátero Ferrífero estão associados às litologias
presentes na região. Essas litologias, por outro lado, possuem um papel fundamental nos
problemas geotécnicos visualizados na cidade de Ouro Preto, que ocorrem, basicamente,
como consequência do tipo e do posicionamento das sequências de rochas presentes na
região. De acordo com o mapa geológico de Ouro Preto, as rochas predominantes na cidade
são basicamente: quartzitos, filitos e itabiritos. Essas rochas compõem, juntamente com outras
sequências, a coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero, apresentada no Quadro 1, bem
como na FIG.6, proposta por Alkmim e Marshak (1998).
Quadro 1 - Coluna estratigráfica simplificada para o Quadrilátero Ferrífero (Fonte: CPRM)
COBERTURAS SEDIMENTARES RECENTES
SUPERGRUPO
ESPINHAÇO
Grupo
Conselheiro Mata
Formação Cambotas
PROTEROZÓICO
Grupo Itacolomi
Grupo Sabará
Formação Barreiro
Grupo Piracicaba
SUPERGRUPO
MINAS
Grupo Caraça
Grupo Maquiné
ARQUEANO
Formação Fecho do Funil
Formação Cercadinho
Grupo Itabira
SUPERGRUPO
RIO DAS
VELHAS
Formação Taboões
Formação Gandarela
Formação Cauê
Formação Batatal
Formação Moeda
Formação Casa Forte
Grupo Nova
Lima
Formação Palmital
Xisto metassedimentar e
metavulcânico
Grupo QuebraOsso
Associação metavulcânica
máfica-ultramáfica
TERRENOS GRANITO-GNÁISSICOS-ARQUEANOS
Nessa proposta estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero, é possível obsevar
subdivisões hierárquicas que representam os supergrupos, os grupos e as formações. A
criação de uma coluna estratigráfica regional visa organizar os diferentes tipos de rochas
presentes em uma dada região. O agrupamento ou a organização em cada nível dessas
divisões é estabelecido com base na relação geográfica, geológica e temporal que as
sequências de rochas possuem. O conhecimento da distribuição geográfica original e atual dos
mesmos tipos de rochas, assim como suas características de formação e sua composição,
17
aliado a idade das mesmas são as ferramentas necessárias para construção dessa coluna
estratigráfica regional.
A divisão inicial de uma coluna estratigráfica é iniciada com um agrupamento,
das litologias em supergrupos. Dentro desses supergrupos, um novo nível pode ser criado para
agrupar conjuntos de sequencias mais afins, são chamados grupos. Por outro lado, é possível
ainda através de especificidades criarem um novo subnível dentro dos grupos, sendo eles as
formações. Nesse subnível as sequências de rochas são bem caracterizadas.
Figura 6 - Coluna Estratigráfica proposta para o Quadrilátero Ferrífero (Alkmim e
Marshak (1998)).
Especificamente, o Quadrilátero Ferrífero é subdividido litoestratigráficamente,
do seguinte modo: Embasamento Cristalino, Supergrupos Minas, Supergrupos Rio das Velhas
e Grupo Itacolomi.
• Embasamento Cristalino
É composto por complexos gnáissicos metamórficos, como por exemplo, o
Complexo Moeda e o Complexo do Bação e entre outros tipos de complexos. Estes são
constituídos por rochas gnáissicas polideformadas de composição tonalítica a granítica
(Ladeira et al.1983, Teixeira 1982, ).
18
• Supergrupo Rio das Velhas
As rochas metavulcânicas e metassedimentares foram denominadas por Dor et al.
(1957) como Série Rio das Velhas, sendo esta conceituada anteriormente por Derby (1906) de
Série Minas. Seguido de uma ampla discussão, essas series (consideradas atualmente como
Supergrupos) se dividiram em dois grupos: Nova Lima, na base e Maquiné, no topo.
No grupo Maquiné, ocorre à divisão de duas formações segundo Dorr (1969),
sendo a Formação Palmital formada por quartzitos sericílitos, filitos quartzos e filitos e em
seguida a Formação Casa Forte caracterizada por Gair (1962), é formada por quartzitos
seríciticos, cloríticos a xistosos e filitos.
Ladeira (1980) subdivide o Grupo Nova Lima em três unidades, da base para o
topo:
• Unidade Metavulcânicas; constituída por serpentinitos, esteatitos, talco-xistos,
anfibolitos metamorfisados, metabasaltos e metatufos, alem de komatiítos com estrutura
spnifex.
• Unidade Metassedimentar Química; representada por xistos carbonáticos,
metacherts, formações ferríferas bandadas e filitos.
• Unidade Metassedimentar Clástica; representada por quartzo-xistos, quartzo
filitos, quartzitos impuros e metaconglomerados.
• Supergrupos Minas
O Supergrupo Minas (anteriormente definida por Derby (1906) de Série Minas) é
subdividida da base para o topo nos grupos Tamanduá, Caraça, Itabira e Piracicaba. O Grupo
Tamanduá é definido por Simmons & Maxwell(1961) como sendo constituído por quartzitos,
filitos, xistos quartzos e argilosos, itabiritos filíticos e dolomíticos, conglomerados e
quartzitos grosseiros, sendo encontrados na Serra do Tamanduá.
O grupo Caraça é formado por quartzitos Caraça e xisto Batatal (Dorr et al. 1957),
este se transformou em Formação Batatal definido por Maxwel(1958), sendo esta formação
formada por filitos sericílitos, grafitosos podendo apresentar clorita e sedimentos carbonaticos
(Dorr, 1969) e Wallace (1958) redenominou o quartzo de Caraça para Formação da Moeda,
esta que segundo Villaça (1981) seria representada por conglomerados e quartzitos grosseiros
de origem fluvial e quartzitos finos e filitos de origem transicional-marinha.
19
O grupo Itabira foi subdividido em duas formações, da base para o topo como é
colocado por Door, (1969), sendo que estas formações são denominadas como Formação
Cauê representada por uma formação ferrífera do tipo lago superior e subordinadamente por
itabiritos dolomíticos e anfibolíticos com pequenas lentes de filitos e margas e alguns
horizontes manganesíferos. A formação Gandarela é conceituada por Dorr(1958), como uma
formação constituída por camadas de rochas carbonaticas representadas principalmente por
dolomitos seguidos por itabiritos, filitos dolomíticos e filitos.
O Grupo Piracicaba e subdivido em cinco formações, segundo Dorr et al. (1957)
• Formação Cercadinho
Representada por quartzito ferrugionoso, filito ferruginoso, filito, quartzito, e
pequenas intercalações de dolomito; esta formação segundo Moraes (1985) é constituído por
um deposito do deltático.
• Formação Fecho do Funil
Representada por filito dolomítico, filitos e dolomitos impuros;
• Formação Tabões
Representada por quartzitos fino e maciço;
• Formação Barreiro
Representada por filito e filito grafitoso;
• Formação Sabará
Representada por filito, clorita-xisto, grauvacas e localmente tufos e cherts.
• Grupo Itacolomi
A Série Itacolomi é definida por Guimarães(1931) como unidade que assenta
discordantemente sobre os sedimentos da Série Minas, sendo atualmente conhecida como
Grupo Itacolomi constituída por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de
conglomerado com seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio depósitos em
ambiente deltálico (Dorr, 1969).
Dorr (1969) ainda aborda três períodos de deformação constituída no Quadrilátero
Ferrífero, que seriam: o primeiro é atuação pós-deposição do Supergrupo Rio das Velha e
anterior à deposição do Supergrupo Minas; o segundo período seria a deposição do
Supergrupo Minas e do Grupo Itacolomi e por ultimo, após a deposição do grupo Itacolomi,
que abrangeu toda sequência de rochas do Quadrilátero Ferrífero.
20
2.3 – Movimentos de Massa
Analisando a importância do conceito de movimento de massa e seus demais
condicionantes, é necessário avaliar as demais opiniões sobre o tema, buscando a maneira de
abordar distintas terminologias e conceitos sobre o assunto, e assim desta forma poder
verificar os principais fatores que influenciam e desenvolvem na ocorrência do processo de
movimento de massa. É extenso e diverso as varias terminologias e conceitos que são dados
para os movimentos de massa que se insere nas demais revisões bibliográficas, na qual vários
autores colocam suas diferentes classificações. Assim, neste tópico serão citados alguns
autores e suas caracterizações sobre os movimentos de massa.
Podemos classificar o processo de movimento de massa como um fator que acaba
surtindo efeito negativo para a sociedade, causando assim um desastre natural. Deste modo,
como e colocado por Tobin e Montz (1997) estes desastres é um resultado do impacto de
fenômenos naturais extremos ou intensos sobre um sistema social, que geram prejuízos a toda
sociedade do lugar. Porem sabe-se que esta ação de movimento de massa, não ocorre somente
devido aos desastres naturais, podemos agrega-los juntamente com a ação antrópica que com
suas ações resultam em processos impresumíveis.
São amplas e diversificadas as demais concepções sobre o conceito de movimento
de massa, pois são muitas as distintas variedades de materiais que se inserem neste processo.
Segundo Tominaga (2007) estes movimentos se definem como a movimentação do solo e de
demais materiais ao longo da vertente, sendo “manipulada” pela ação gravitacional, tendo
como diminuição de resistência o auxilio de outros meios, como exemplo a água que afeta a
resistência do solo.
São várias as classificações denominadas pelos diversos autores, o conceito
determinado por Varnes (1978), baseia-se no tipo de movimento e no tipo de material
transportado. Já por Hutchinson (1988), sugere uma proposta bastante abstrusa, baseando na
morfologia da massa em movimento e em critérios associados ao tipo de material, mecanismo
de ruptura, velocidade do movimento, condições de poro-pressão e às características do fabric
do solo, considerando que estes movimentos são influenciados pela litologia, geologia,
geomorfologia e o clima do lugar. Selby (1993) aborda os tópicos que são utilizados para a
diferenciação do movimento, o modo de deformação, a geometria da massa movimentada e o
conteúdo de água.
21
Varnes (1978) desenvolve suas ideais mediante a análise dos principais
condicionantes e mecanismos de deflagração dos escorregamentos, distinguindo os
fundamentais fatores que aumentam e diminuem a resistências de terrenos, agregados a
fenômenos naturais e antrópicos a que estão associados como pode ser observado no Quadro
2.
Quadro 2 - Fatores deflagradores dos movimentos de encosta (Varnes, 1978).
AÇÃO
FATORES
FENOMENOS NATURAIS/ANTRÓPICOS
Remoção de massa(lateral ou da base)
Erosão, escorregamentos
Cortes
Peso da água de chuva, neve, granizo, etc.
Sobrecarga
Aumento da solicitação
Solicitação dinâmicas
Pressões laterais
Características
inerentes ao material
Mudança ou fatores
variáveis
Redução da resistência
Outras causas
Acumulo natural de material (depósitos)
Peso da vegetação
Construção de estruturas, aterros,etc.
Terremotos, ondas, vulcões, etc.
Explosões, tráfego, sismos induzidos
Água em trincas, congelamento, material
expansivo. etc.
Textura,estrutura,
geometria, etc
Características geomecânicas do material,
estado de tensões iniciais
Mudança nas
características do
material
Intemperismo, redução da coesão, ângulo de
atrito
Elevação do nível de água
Enfraquecimento devido ao rastejo
progressivo
Ação das raízes das arvores e buracos de
animais
Augusto Filho (1994) definiu estes movimentos de massa como movimentos
induzidos pela aceleração gravitacional, sendo que estes processos ocorrem em encostas mais
elevadas ou regiões montanhosas. Sabemos que devido às diversas condições climáticas e
grandes extensões de montanhas existente no país, este poderá se afetado pelos desastres
associados aos movimentos de massa nas encostas.
“A movimentação gravitacional de massa é um importante fator
geológico que pode se desencadear em qualquer circunstância e/ou
momento, podendo vir acontecer tanto em encosta escarpadas e instáveis
quanto em terrenos de baixa declividade sob certas condições geológicas e
hidrogeológicas. Amaral et al (1996).”
O movimento de massa é conceituado como movimentos de solo ou material
rochoso encosta abaixo sob a influência da gravidade, sendo que pode considerar que o
homem é um fundamental agente modificador dos “movimentos” da encosta, que é afetada
devida a expansão urbana juntamente com a ocupação inadequada na área de risco.
22
Segundo Wicander et al2009 ( pg. 243)
“O movimento de massa é definido como movimento de
descida, pela encosta abaixo, de material, sob a influência direta da
gravidade. Sendo que, a maior ocorrência de movimentação gravitacional de
massa é desencadeada pelo intemperismo e, normalmente, envolve o
material de superfície na qual este se move a velocidades que variam de
lentos como o caso dos rastejamentos e movimentos rápidos referentes às
quedas de blocos ou escorregamentos.”
A água é um fator primordial para o acontecimento do movimento de massa,
porém a “implacável e ininterrupta atração da gravidade” é o principal fator para
desencadeamento deste movimento. Portanto, sabe-se que são muitos os fatores que
desencadeiam o processo de movimento gravitacional de massa, é citado como exemplo à
mudança de declividade da encosta, saturação da água e a “quebra” do material.
2.3.1 - Fatores que afetam o movimento de massa
É notável a presença de vários condicionantes que afetam para com o
acontecimento destes movimentos. Segundo Guerra et al (2010) estes aspectos estão
associados aos processos geológicos e geomorfológicos, sendo assim será exposta neste item
alguns fatores condicionantes, segundo Guerra et al (2010) e Wincander (2009), que
influenciam para tal evento.
Declividade da encosta:
A declividade de uma encosta pode influenciar de maneira direta para a geração
do processo de movimentos de massa. A angulação da encosta e a frequência dos movimentos
afetam neste fator. Quanto mais íngreme se encontra a encosta, menos estável ela é. Portanto,
é possível perceber que quanto maior a declividade da encosta, maior é o componente de
força induzindo ao surgimento de movimento de massa. Porém, segundo Salter et al(1981)
através de alguns estudos realizados na Nova Zelândia, percebeu-se que os movimentos de
massa não ocorriam somente em encosta íngremes. Tal fator é abordado devido às variações
no tipo de cobertura vegetal e de que nas encostas íngremes já teriam sido removidos
materiais de movimentos de massa passados.
Depósitos de Encosta:
Segundo Reneau et al.(1984) estes depósitos assumem um fator de suma
importância para o acontecimentos de movimentos de massa, que são assentados tanto na
23
forma de tálus (formação em ambiente de alta energia) como de coluvio (formação em
ambiente de baixa energia). Estes depósitos são caracterizados pela sua heterogeneidade
interna, na qual se resultam no processo de movimentação gravitacional de massa. Guerra et
al(2010) descreve depósitos da seguinte forma:
“Muitos depósitos de encosta repousam diretamente sobre a
rocha sã, gerando uma descontinuidade mecânica e hidrológica ao longo
desse contato. A drástica diminuição das condutividades hidráulica nesse
contato favorece a geração de fluxos d’água subsuperficiais, com forte
componente lateral. Ao longo desse contato, condição critica de poropressão positiva podem ser alcançadas durante eventos pluviométricos de
alta intensidade, favorecendo a geração de escorregamentos translacionais.”
Intemperismo e Clima:
A ocorrência de movimentos de massa se dá nas superfícies das encostas, na qual
o material não se consolida deste modo em contato com a Terra, ocasiona o intemperismo,
sendo que este se decompõe e desintegra reduzindo a resistência do solo, aumentando a
probabilidade de movimentos de massa, ou seja, quanto maior a demanda do intemperismo
maior é a possibilidade de ocorrer o processo de movimentação. Diante desses fatores, colocase o clima como um papel fundamental na velocidade e no tipo de intemperismo, somados
estes a outros aspectos, que desencadeiam os movimentos.
Água:
É um processo determinante para a movimentação gravitacional, a quantidade
deste fator influencia na estabilidade da encosta. O peso da água que é infiltrado à encosta é
um ponto essencial para que ocorra o desmoronamento. O excesso de água infiltrado no
material da encosta acaba ocasionando a perda de coesão do material, ou seja, o solo se torna
uma pasta instável deslizando encosta abaixo. Os índices pluviométricos podem ocasionar a
deflagração dos escorregamentos, sendo considerado que os grandes acidentes relacionados a
movimentos de massa ocorrem em época de período chuvoso. Maragon (2006) explana que a
água subterrânea é gerada através da infiltração das águas de chuvas, fazendo com que este
processo de infiltração, seja de suma importância na recarga da água no substrato. Devido ao
excesso de água infiltrada no solo ocasiona a redução da resistência do solo, gerando a
instabilização da encosta e conduzindo aos processos de movimentos de massa.
24
Falhas e Fraturas:
Estes processos têm sido considerados um condicionante essencial para a
ocorrência de movimento de massa. Derre e Patton(1970), descreve:
“As falhas atuam como caminhos preferenciais de alteração,
permitindo que a frente de intemperismo avance para o interior do maciço de
modo muito mais afetivo.”
As falhas, seguido de determinadas descontinuidades, resultam na quebra de
blocos não alterados, originando um aumento de heterogeneidade do maciço rochoso, ou seja,
“são fraturas ao longo da qual as rochas em lados opostos a ela moveram-se paralelamente à
superfície da fratura” Wincander et al 2010 (pg 223). A direção do mergulho das fraturas
acaba influenciando para a ocorrência de escorregamentos em encosta, sendo que com a
presença de fraturas ocasiona a passagem do intemperismo mais rapidamente, tornando mais
fácil o processo de movimento de massa.
Descontinuidade do Solo e Geologia:
Segundo Rulon e Freeze, (1985) são varias os condicionantes que podem estar
inseridos dentro do saprolito e do solo residual, na qual o tipo de solo influencia para o tipo de
processo de movimento de massa afetando então a estabilidade da encosta.
A geologia de uma área é um fator determinante para a estabilidade da encosta. O
que pode ser registrado é que este tipo de processo, o movimento gravitacional de massa,
ocorre nas encostas com camadas rochosas subjacentes que estão mergulhadas em uma
mesma direção que nas encostas com camadas rochosas horizontais, sendo assim, quando isso
ocorre à água pode infiltrar com mais facilidade diminuindo a coesão e o atrito entre as
camadas adjacentes, deste modo com a infiltração da água fazendo com que desgaste a rocha
e dilate a abertura não se suportando o peso da rocha causando o deslizamento.
Fator antrópico:
Este fator somado com fator natural afeta diretamente a estabilidade da encosta,
quando é depositado na encosta aterro ou empilhamento de material desagregado, fazendo
com que o peso adicional dos materiais depositados aumenta a pressão da água interna do
material, tornando o solo da encosta enfraquecido, trazendo assim consequências trágicas para
a sociedade. As diversas formas de ocupação inadequada do solo ocasionam movimentos de
massa, deste modo acelera e amplia os fatores de instabilização. Pode-se colocar que as
25
principais interferências antropicas que induzem os processos de instabilização das encostas
seriam: remoção da cobertura de vegetal, lançamentos e concentração de águas servidas,
lançamento de entulho e lixo nas encostas; execução deficiente de aterros, vibrações
produzidas por tráfegos pesado, e entres outros fatores.
Segundo Mendoça et al(1998,p. 458 – 459) mencionam que as ações atropicas :
“[...] promovem a diminuição da resistência dos materiais
envolvidos e/ou elevam a magnitude das solicitações que contribuem para a
deflagração de movimentos de massa”
2.3.2 - Classificação de movimento gravitacional de massa
São várias as classificações para os tipos de movimentos de massa, Sharpe (1938)
foi o mentor que desenvolveu a primeira classificação surtindo efeito positivo e servindo de
base para demais estudos. São diversas as propostas de pesquisa implicadas pelos distintos
autores, os estudos mais recentes que se destacaram foi a de Varnes (1958 e 1978, Quadro 3),
Huchinson (1988), Sassa (1989) e Augusto Filho, (1992). Portanto, a seguir serão abordadas
as principais classes de movimentos de massa.
Podem-se classificar os movimentos de massa em três etapas de ocorrência:
velocidade do movimento (rápido ou lento); tipo de movimento e tipo de material envolvido
no processo de movimento de massa. Wicander et al (2009) descreve os movimentos de
massa lento e rápidos da seguinte forma: movimentos gravitacionais de massa rápidos seriam
aqueles que envolvem o deslocamento rápido do material na encosta abaixo, envolvendo
rocha, solos ou detritos sendo considerado um processo totalmente perigoso. Já o movimento
gravitacional lento, o próprio nome já relata, é quase imperceptível à movimentação de massa
neste processo, porém é através dele que ocorre o maior volume de movimentação de material
desagregado na encosta abaixo.
Os tipos de movimento gravitacional de massa são classificados como: corridas
(flows), escorregamentos (escorregamentos rotacionais, escorregamentos translacionais)
quedas de blocos e rastejos.
26
Quadro 3 - Classificação dos movimentos de encosta segundo Varnes (1978)
TIPO DE MOVIMENTO
ROCHA
QUEDAS
TOMBAMENTOS
ROTACIONAL
ESCORREGAM
ENTOS
TRANSLACIONAL
EXPANSÕES LATERAIS
CORRIDAS/ ESCOAMENTOS
de rocha
de rocha
Poucas unidades
Poucas unidades
Muitas unidades
abatimento de rocha
de blocos rochosos
de rocha
de rocha
de rocha
(rastejo profundo)
TIPO DE MATERIAL
SOLO (ENGENHARIA)
FINO
GROSSEIRO
de terra
de detritos
de terra
de detritos
abatimento de
abatimento de terra
detritos
de blocos de
de blocos de terra
detritos
de terra
de detritos
de terra
de detritos
de terra
de detritos
(rastejo de solo)
COMPLEXOS:Combinação
de 2 dos principais tipo.
Corridas (flows)
Segundo Guerra et al (2010), este processo se classifica como movimento rápidos,
nos quais o material flui como um fluido viscoso. Esse tipo de movimentos inicia-se com
quedas de blocos e escorregamentos tornando mais tarde o que se classifica como corida de
massa.
Wincander et al (2009) coloca dois tipos de materiais de corridas de massas,
nomeados como fluxos de lama, fluxos de detritos, fluxos de terra e solifluxão, sendo que:
Fluxos de lama: Ocorre a presença de fragmentos grande de fluidos e são
movimentos rápidos decorrentes ao excesso de água.
Fluxos de detritos: Partículas maiores que o fluxo de lama, não ocorre com tanto
excesso de água, tendo a velocidade lenta, porem transportam matérias de grandes dimensões.
Fluxos de terra: Dos três fluxos, é o processo que ocorre mais lentamente, tendo
dimensões variadas.
Solifluxão: é um movimento lento, encosta abaixo, de sedimento saturado de água
da superfície.
Escorregamentos
É o movimento de massa (rápido) do material na encosta abaixo.
Guerra et al( 2010) caracteriza como um processo rápido de ruptura bem definida,
fazendo com que aja um diferenciação de material deslizado, na qual o material deslizado
pode compor, solo, rocha ou um somatório dos dois materiais. Guidicini e Nieble(1984)
classifica o escorregamento como “movimento coletivo de materiais terrosos e /ou rochosos,
independentemente da diversidade de processos, causa , velocidades formas e demais
27
características”. No quadro 4, é possível observar os agentes e a causas dos escorregamentos
descritos por (Guidicini e nieble, 1976).
Quadro 4 - Agentes e causas dos escorregamentos (Guidicini e nieble, 1976)
AGENTES
Predisponentes
Complexos
geologicos,
complexo
morfológico,
complexo
climatohidrológicos,
gravitade,
calor, solar,
tipo de
vegetação.
Efetivos
Preparatórios
Imediatos
Pluviiosidade,
Chuvas
erosão pela água intensas,
e vento,
fusão do gelo
congelamento e e neves,
degelo, variação erosão,
da temperartura, terremoto,
dissolução
ondas, vento,
química, ação de ação do
fontes e
homem.
mananciais,
oscilaçao do
freático, ação de
animais e
antrópica
Internas
Efeito das
oscilaçoes
térmicas;
Redução dos
parâmetros
de resistência
por
intemperismo.
CAUSAS
Externas
Mudanças
na
geometria
do sistema;
Efeitos de
vibrações;
Mudanças
naturais na
inclinação
das
camadas.
Intermediárias
Elevação do nível
piezométrico em
massas
"homogeneas";
Elevação da
coluna de água
em
descontinuidades;
Rebaixamento
rápido do lençol
freático. Erosão
subterrânea
retrogressiva
(piping);
Diminuição do
efeito de coesão
aparente.
Figura 7- Esquema ilustrativo de escorregamento induzido em talude de corte/Fonte: Tominaga,2009
28
Os escorregamentos podem ser divididos em dois processos: escorregamentos
rotacionais e escorregamentos translacionais. É possível ver a ilustração dos escorregamentos
descritos acima, na FIG.8.
a) Escorregamentos Rotacionais ou Circulares
Movimento que ocorre nas superfícies de ruptura de curvas. Segundo Wincander
et al (2009) este processo, ocorre devido ao deslocamento do material ao longo desta ruptura
de curva, sendo caracterizado pela rotação traseira do bloco escorregado. Este movimento é
iniciado, principalmente, devido ao processo de erosão fluvial no sopé da encosta ou cortes na
base dos materiais, acarretando a remoção do material sobreposto (Fernandes & Amaral,
1996). Este movimento é um processo frequente nas encostas serranas do sudeste brasileiro,
na qual é notável a presença de um manto de alteração, envolvendo em solos superficiais
(Vargas, 1966).
b) Escorregamento Translacional ou Planares
Movimentação de rochas na encosta abaixo, aplicadas em superfícies de rupturas
com forma planar (Wincander et al (2009). Os planos de ruptura destes movimentos
envolvem em uma profundidade de 0,5m e 5,0m, considerados como escorregamentos de
movimentação raso e compridos (Fernandes & Amaral, (1996).
Figura 8 – Exemplos dos tipos de escorregamentos/Fonte: (modificada de Infanti Jr. & Fornasari Filho, 1998;
organizada por Fábio Reis).
c) Escorregamento em Cunha
Este tipo de escorregamento esta coligado a saprolitos e maciços rochosos, sendo
que, ocorre a presença de duas estruturas planares que são adversas à estabilidade, acarretando
o deslocamento de um prisma ao longo do eixo de intersecção destes planos, sendo mais
29
comum a ocorrência deste processo em talude de corte ou em encosta que sofreu algum tipo
de mudança. (ABGE, 1998).
Movimentos de Blocos Rochosos
Segundo (ABGE, 1998), os movimentos de blocos rochosos se originam devido
aos deslocamentos, por gravidade, de blocos ou placas de rochas, sendo classificadas de
vários tipos, conforme a seguir.
a) Queda de Blocos
É um tipo de movimentação que faz com que, partes de um maciço rochoso
desagregados das encostas íngremes, caem em queda livre (FIG.9). Segundo Guidicini e
Nieble (1984) estes movimentos são rápidos, fazendo com que os pedaços de maciços
rochosos desagreguem da encosta, caindo pela ação da gravidade em queda livre. Este
processo inicia-se devido à presença de descontinuidades na rocha, como exemplo, fraturas e
bandamentos composicionais, assim como a ação do intemperismo físico e químico.
Figura 9- Desenho ilustrativo da queda de bloco se movimentando fazendo com que partes de um maciço
rochoso desagregados das encostas íngremes caem em queda livre/Fonte:Modificada de Infanti Jr e Fornasari
Filho,1998;organizada por Fábio Reis.
b) Tombamentos de Blocos
É um tipo de movimentação que se deve pela ocorrência de rotação dos blocos
rochosos, condicionado pela presença de estruturas geológicas encontradas no maciço rochoso
(FIG.10).
30
Figura 10-Desenho ilustrativo do tombamento se movimentando fazendo com que ocorra a rotação dos blocos
rochosos/Fonte: Modificada de Infanti Jr e Fornasari Filho, 1998;organizada por Fábio Reis.
c) Rolamento de Blocos
Movimentos de blocos nas encostas, sendo encontrados parcialmente imersos em
matriz terrosa (FIG.11).
Figura 11-Desenho ilustrativo do rolamento de blocos que movimenta os blocos na encosta abaixo/Fonte:
Modificada de Infanti Jr e Fornasari Filho, 1998;organizada por Fábio Reis.
d) Desplacamento
Movimento que se dá devido ao desprendimento de placas de rocha que se
constituem a partir de estruturas, sendo que, este desprendimento ocorre em queda livre ou
por deslizamentos em uma superfície íngreme.
31
Rastejos
É um fenômeno de movimentação lenta e contínua da massa de solo de um talude,
exibindo movimentos plásticos, cuja geometria e o desenvolvimento de ruptura, não se
desenvolvem de forma definida. Este movimento afeta principalmente horizontes superficiais
de solo e também rochas alteradas quando evoluída o rastejamento, surgindo assim os
escorregamentos, causando um processo de movimentos rápidos. (ABGE,1998).
Figura 12-Desenho ilustrativo do rastejos se movimentando, fazendo com que movimente lentamente a terra
para a encosta abaixo/Fonte: Modificada de Infanti Jr e Fornasari Filho,1998;organizada por Fábio Reis.
2.3.3 - Previsão dos Movimentos de Massa
Para obtiver uma previsão de processos de movimentos de massas e a diminuição
de suas consequências são necessárias o estudo detalhado da frequência, características
geológicas e geomorfológicas que se compõem para a formação dos deslizamentos em uma
área geográfica. Sendo assim, este estudo depende da descrição e da caracterização dos
condicionantes formadores destes processos (no caso, deslizamentos passados) seguidos de
caracterização de condicionantes que influenciam em movimentos de massas futuros. É
importante também, junto com as demais características, o estabelecimento de normas ou
medidas de redução de acidentes causados por este tipo de movimentação.
Os fundamentais procedimentos de previsão de movimentos de massa são
divididos em quatros grupos, que seria: (a) análise da distribuição dos movimentos de massa
no campo, (b) analise baseada em mapeamentos geotécnicos, (c) aplicação de modelos com
bases estatísticas e (d) aplicação de modelos matemáticos (Fernandes et al., 2001)
32
a)
Análise da distribuição de massa
É através desta ánalise que se determina a distribuição de cicatrizes e dos
depósitos (passados, recentes ou atuais), que pode dominar futuros processos de distribuição
de instabilidade de encostas (Amaral, 1996).
b)
Análise com base em mapas geotécnicos
São atribuídas notas ou passos, e na combinação/integração desses diversos
planos de informação, utiliza os métodos utilizados do especialista em questão. ( Silva et al.,
1996). São mapas de sustentabilidade a deslizamentos, que fornecem informações técnicoscientificos para prevenção de qualquer tipo de movimentação, avaliando a probabilidade
temporal seguido da magnitude e velocidade dos deslizamentos na região em risco (Fernandes
et al.,2001). Através destas informações coletadas dos mapas de sustentabilidade a
deslizamentos, ocorre a preparação das cartas de riscos a deslizamentos que envolvem a
identificação dos riscos, juntamente com a caracterização dos condicionantes formadores e da
área de risco em questão, sendo assim, possível a analise de diferentes graus de riscos.
Para a construção da carta de risco de deslizamentos, é necessário passar por três
fases: Levantamento de Dados, Mapeamento de Campo e Representação Cartográfica.
i) Levantamento de Dados: aborda a coleta de dados juntamente com as
características físicas do solo, abordando todos os tipos de processos passados que afetaram a
determinada região. A coleta desses dados se dá devido às fotografias, os diversos mapas
geocientíficos, sondagens do subsolo e entre outros procedimentos que acarretam para o
levantamento de dados.
ii) Mapeamento de Campo: seguido da investigação de campo juntamente com o
levantamento de dados, reconhecendo os materiais geológicos presente na área afetada, com a
conferição das informações adquiridas pelo levantamento. Deste modo, é feito a análise
geomorfológicas do lugar, juntamente com as informações sobres os deslizamentos e as áreas
de risco, sendo assim são descritas dentro da carta de risco: áreas afetadas por deslizamentos
no passado, feições de atividade de deslizamentos, cadastros de risco das áreas, pontos e
trechos de ocorrências de movimentos de massa, grau de risco de acidentes, medidas de
prevenção aos movimentos de massa.
iii) Representação Cartográfica: é a última parte da elaboração da carta de risco.
Ocorre deste modo, através dos dados obtidos, a representação do risco (mapa com os pontos
de áreas de risco).
33
c)
Modelos em Bases Estatísticas
Este procedimento se utiliza através do principio da existência de relações
funcionais de correlação entre processos condicionantes e a distribuição dos movimentos de
massa. Deste modo, analisou os fatores condicionantes que desenvolveu um processo de
massa em uma determinada região no passado, serão os mesmos movimentos de massa que
originarão no futuro. (Carrara et al., 1991 )
d)
Modelos Matemáticos
Buscam reproduzir os sistemas ambientais com base em equações físicas que
descrevem o comportamento dos fatores que influenciam na ocorrência de movimento de
massa, sendo que estes modelos podem ser divididos em estocásticos e determinísticos.
(Beven; Kirkby, 1979). Os padrões estocásticos se conceituam por expressões que envolvem
variáveis, parâmetros matemáticos e outros componentes aleatórios (Chorley; Hagget, 1975).
Os padrões determinísticos são caracterizados pelas noções matemáticas de
relações exatas, de causa e efeito, incidem num conjunto de afirmações matemáticas a partir
das consequências únicas podem ser concluídas. (Chorley; Hagget, 1975). Sendo assim, na
concepção para a previsão de movimentos de massa, destacam-se os modelos que utilizam
equações matemáticas na análise de estabilidade de encostas juntamente com modelos
hidrológicos (Montgomery; Dietrich, 1994;)
2.3.4 - Análise de estabilidade
Os escorregamentos são processos de movimentos de massa com maior incidência
em todos os lugares, desencadeiam as corridas de massa (Amaral, 1996). Deste modo, é
bastante enfatizado o desenvolvimento de modelos para previsão de escorregamentos ou
outros modelos de movimentos de massa.
O processo de escorregamentos esta acoplado ao conjunto de tensões presentes
nos materiais das vertentes (Selby, 1993). Como é colocado por Colângelo (1991):
“O relativo estado de equilíbrio mantido entre as forças atuantes
na vertente acontece quando as forças de coesão e o atrito entre as partículas
de solo são suficientemente resistentes à componente de cisalhamento mais a
carga sobrejacente.”
34
E Selby, (1993) coloca que:
“A coesão e o atrito são propriedades inerentes dos materiais e
constituem a sua resistência ao cisilhamento.A tensão de cisalhamento
ultrapassa a resistência dos materiais ou esta ultima diminuiu, os materiais
perdem sua estabilidade e ocorrem movimentos de massa. A poropressao
positiva da água sobre o plano de ruptura contribui para alterar a estabilidade
da encosta por reduzir a tensão normal efetiva e também a tensão cisalhante
do solo”.
Sendo assim, através das analise de previsão obtém o calculo do fator de
segurança dos taludes (Selby, 1993), sendo que este fator representa a relação entre as forças
de resistência que causam a ocorrência do deslocamento do material acoplado em uma
encosta.
“As análises de talude infinito tem sido amplamente aplicadas
em investigações de estabilidade de encostas naturais, particularmente nas
quais a espessura do manto do solo é muito menor que a do comprimento da
encosta e o plano de ruptura é aproximadamente paralelo à superfície da
encosta”(Selby, 1993)
Farah (2003) explana que a estabilidade de uma encosta quando se encontra em
seu estado natural é classificada em três características: geométricas, geológicas (tipos de
solos e rocha) e no ambiente geográfico em que se aplica (clima, cobertura vegetal, etc). As
alterações naturais ou artificiais destes processos resultam na alteração da estabilidade da
encosta.
2.3.5 - Ocupação de Áreas Inadequadas
A maior parte das áreas de ocupação inadequada ocorre por motivos
socioeconômicos, fazendo com que modifique inadequadamente estas áreas e tornando-as
mais susceptíveis a movimentos gravitacionais de massa. Segundo Farah (2003), as cidades
brasileiras se encontram em uma divisão de “duas cidades” classificando uma com “preceitos
urbanísticos e legais” e a outras com uma ocupação inadequada e desordenada, como é
visivelmente observado nos demais morros, onde sucedem os maiores índices de movimentos
de massa.
Para Giudice, op. cit., p.34,
“as mudanças ambientais resultam das transformações que
operam nos sistemas naturais, manifestadas através de desequilíbrios,
impactos e degradação de modo geral, e é consequência dos processos sócioeconômicos que influenciam na organização espacial, em particular nas
áreas urbanas, onde as ações antrópicas mais intensas podem gerar reações
adversas à natureza”
35
Inúmeras encostas que foram ocupadas de modo inadequado originaram um
processo de alteração nas propriedades do solo, fazendo com que modifique a resistência do
solo tornando-o mais vulnerável a deslizamentos e outros tipos de movimentação. Farah
(2003) descreve acidentes deste tipo de ocupação que se originaram em épocas de chuvas
influenciando na deflagração dos processos de instabilização das encostas. O descaso e a
incapacidade do poder publico em solucionar estes problemas de ocupação inadequada, vem
aumentando estas ocupações de maneira grave em terrenos propícios a este tipo de processo.
Em muitas cidades do Brasil, o crescimento populacional se deve ao
desenvolvimento de atividades industriais na qual essa demanda habitacional se desenvolve
de maneira desordenada dentro das zonas periféricas, sendo ocupadas em encostas por
camadas sociais de menor renda, arriscando assim as vidas de inúmeras pessoas.
São vários os fatores prejudiciais decorrentes deste processo, além das diversas
perdas materiais e as fatalidades (morte), estas instabilizações de encosta podem causar
desordens sociais, fazendo com que o poder público, implante atuações corretivas para essas
pessoas afetadas, ações como: remoção da população dos lugares em risco, edificações de
qualidade (acesso às informações de pessoas especializadas), alojamentos, estruturas de
contenção, áreas de preços acessíveis com segurança, entre outros. Essa demanda de expansão
populacional desordenada vem acontecendo nos dias de hoje com grande frequência em áreas
inapropriadas, na qual se localizam em difícil acesso, menor valorização e com preços mais
acessíveis a camadas sociais de baixo poder aquisitivo.
2.3.5.1 - Instabilidade de encostas devido à ocupação urbana
São vários os fatores condicionantes que proporcionam e associam no
desenvolvimento de movimento de massa. Os demais processos a seguir originam a
instabilidade de encostas devido à ocupação urbana.
1)
Erosão
As erosões nas encostas urbanas promovem situações de risco à sociedade, pois
influencia de maneira grandiosa, devido ao seu grande poder de destruição que afeta
diretamente e indiretamente a todos e transformando o condicionante mais abordado para a
expansão urbana e infraestrutura inadequada. (Fornasari,1992)
36
As ocupações inadequadas em áreas decorrentes de processos erosivos aceleram e
expandem os riscos de acidentes, causando instabilidades nas encostas e gerando acidentes
geotécnicos. Essas ocupações acontecem devidas tentativas de conter a erosão, soluções nada
eficazes como aterros de lixo, que alem de não controlar o processo erosivo obtém ao
desenvolvimento de ravinas e a contaminação dos solos. Podemos colocar também os
desmatamentos e as formas de uso inadequado na ocupação de solos (obras civis, agricultura,
etc.). (Fornasari,1992).
O fator que desencadeia este agravamento para o processo erosivo nas encostas, é
decorrente do rápido crescimento desordenado e inadequado da população urbana, um
processo de urbanização caracterizado sem total planejamento que leva para sociedade riscos
assinalados, e fatais.
2)
Rastejos (Cortes ou aterros em corpos de tálus)
Segundo o IPT (1991) o conceito de tálus é definido como os depósitos do solo
com diversificados tipos de fragmentos que se localizam no sopé da encosta. São formações
de acúmulos de material escorregado que se empilha na encosta.
Quando ocorre a alteração na geometria da encosta (o surgimento de um corte na
encosta devido, por exemplo, a presença de aterros na superfície daquela), modificando o
lençol freático ocasiona a intabilização na encosta, tendo como consequência processos de
movimentação de massas caracterizados como rastejos, sendo que possivelmente ao se evoluir
geram grandes escorregamentos IPT (1991). O processo da chuva pode contribuir para o
agravamento e aceleração deste processo.
3)
Escorregamentos
Ao remover a cobertura vegetal e alterar resistência do solo este processo
prejudica as condições de estabilidade das encostas, por ser um processo determinado pelo
comparecimento da água e da ação da gravidade. Sendo assim, considerado um processo de
movimento de massa que acarretará trincas no solo e nas paredes de resistências, originando
deste modo, um agravamento por onde ocorre (IPT, 1991).
37
4)
Desmoronamento nas estradas
Quando ocorre a alteração na geometria das encostas através de um corte para a
implantação de vias, esta execução pode acarretar a deflagração das rochas (ate mesmo rochas
que não sofreu alteração) e a intabilzação do solo podendo incidir o desmoronamento (Farah,
2003)
5)
Corridas de massa
Quando ocorre a ocupação inadequada em áreas de relevo com presença de
morros e com possíveis encostas instáveis, poderá causar a movimentação de massas
(deslizamentos) nas encostas, juntamente seguido de outros fatores como geologia,
geomorfologia, vegetação, clima (Farah, 2003).
6)
Vazamento nas redes de abastecimento de água e esgoto
Segundo o IPT (1991), quando ocorrem vazamentos nas redes de abastecimento
de água e esgoto, passando entre a rupturas encontradas ocasionam a saturação do solo
diminuindo sua resistência, fazendo com que afete a estrutura geológica das encostas e da
permeabilidade do solo.
7)
Execução inadequada de aterros
A execução incorreta de aterros resulta nos processos de movimentos de massa,
quando simplesmente o material é “jogado” na superfície do terreno, sem algum planejamento
adequado. Deste modo, ocorre mais facilmente o atilamento da água dentro do solo,
aumentando seu grau de saturação, com o excesso de índice pluviométrico, as chuvas exercem
uma deformação excessiva que ocasiona a ruptura no aterro (IPT, 1991).
8)
Deposição de lixo
Ao depositar o lixo em uma encosta, tem-se como consequência um fator
condicionante que permite uma rápida saturação juntamente com um aumento de peso,
fazendo com que haja uma movimentação fazendo com que este processo envolva o lixo e
outros tipos de material deflagrado, afetando a estabilidade das encostas. (IPT, 1991).
38
9)
Remoção da vegetação
Através da cobertura vegetal obtém-se a estabilização de encostas, não ocorrendo
processos de movimentação gravitacional de massa. Com efeito favorável, pode-se colocar
que a cobertura vegetal redistribui as águas provenientes da chuva (as copas das arvores
impedem um impacto direto na superfície do terreno, diminuindo o efeito negativo da
quantidade de água que infiltra no solo) e acréscimo da resistência do solo devido às raízes
(essas que aumentam a resistência do solo).
Quando ocorre a remoção da vegetação de maneira não planejada, acontece com
mais frequência os processos de escorregamento superficiais de erosão. Com a cobertura
vegetal, cria-se uma menor infiltração de água ocasionando uma resistência (através da raiz)
no solo (IPT, 2001).
39
3 – METODOLOGIA
Esta etapa da pesquisa foi separa em três fases, conforme descrição a seguir:
• Pesquisa bibliográfica: nesta etapa foi feito o levantamento histórico (livros,
monografias, teses, artigos, pesquisas no COMDEC de Ouro Preto- Coordenadoria Municipal
de Defesa Civil) sobre os acidentes naturais provocados por movimentos de massa na cidade
de Ouro Preto. Esse levantamento propiciou a escolha do Bairro São Francisco de Paula, pois
neste há uma carência de estudos sobre movimento de massa, e um o descaso do poder
público com aquela localidade. Sobre o bairro São Francisco de Paula foi analisada a
incidência de movimento de massa e fatores que ocasionam este processo, sendo feita a
análise do mapa de risco de Ouro Preto para que pudesse ser feita a avaliação dos pontos de
risco encontrados na cidade histórica.
• Análise da localidade e coleta dos dados: reconhecimento da área afetada
juntamente com a realização prévia de um levantamento geológico de campo caracterizando
as principais rochas aflorentes na região selecionada; levantamento da demanda local da
comunidade em relação aos riscos eminentes, análise e verificação da estabilidade da mesma,
análise técnica dos fatores influentes e condicionantes dos movimentos de massa que afetam o
bairro. Foram realizados dois trabalhos de campos, o primeiro com o intuito de reconhecer a
área e o segundo para a aplicação do questionário socioeconômico nos moradores do bairro
São Francisco de Paula.
• Avaliação dos resultados finais: interpretação final dos dados. Análises da área
do bairro São Francisco de Paula abordando a incidência de movimentos de massa que
ocorreu nesta área. Análise dos resultados do questionário, contendo informações sobre o
morador do bairro e suas opiniões sobre este processo e o descaso da prefeitura em relação
com o assunto. Elaboração de uma cartilha contendo informações de medidas preventivas que
possam vir a ser implantadas, conscientizando os moradores do bairro São Francisco de Paula,
Ouro Preto/ MG.
3.1 – Pesquisas Bibliográficas
Através dos históricos e pesquisas sobre o processo de movimentos de massa foi
possível verificar os diversificados conceitos e terminologias sobre o assunto aqui abordado.
40
Com estas pesquisas, ficou mais fácil compreender, por exemplo, as
características que propiciam a ocorrência de movimentos de massa. Deste modo, foram
avaliadas e coletadas as informações para a composição desta pesquisa.
3.2 - Coletas de Dados
Depois de buscar as informações necessárias sobre os movimentos gravitacionais
de massa que ocorrem em grande frequência na cidade histórica de Ouro Preto, foi realizada a
coleta de informações na área de estudo. Três etapas completam a coleta de dados, são elas:
3.2.1- Visita de reconhecimento
A visita iniciou-se no Boroni Palace Hotel, em frente ao Terminal Rodoviário de
Ouro Preto, que se encontra dentro da área estudada (Bairro São Francisco de Paula). Foi
verificada a estabilidade do local, bem como, feita uma análise dos tipos de rochas e seus
posicionamentos. Pode ser analisado na primeira visita de campo que as principais rochas
aflorantes na região, se compõem com a presença de quartzito, itabirito e filito (FIG.13).
Figura 13 - A) No início da área pesquisada ocorre a presença do itabirito, mostrando a direção do mergulho da
rocha através da escala (caneta). B) Mais ao centro do bairro pode ser observada a presença de filito, na qual
sobre este se localiza uma casa com alto risco de deslizamento devido o filito ser uma rocha friável e com maior
facilidade de escorregamentos.
Como é descrito por Fontes, (1984) o itabirito é bastante importante como minério
de ferro para indústria siderúrgica sendo caracterizada uma rocha mais resistente com
transformação de sedimentos ferruginosos composta principalmente de quartzo e hematita. O
filito é derivado dos argilitos e siltitos de grau de metamorfismo mais acentuado que as
41
ardósia, de xistosidade finamente espaçada e granulação fina compondo o grupo Itacolomi e
grupo Piracicaba, sendo que esta rocha esta propicia a escorregamentos. Exibem lustro
acetinado e sedoso devido à presença de sericita podendo ser muitas vezes material de origem
de solos (devido a estes fatores, ocorrem com mais facilidade a movimentação do material). E
por fim, uma rocha predominante na região de Ouro Preto, os quartzitos, são caracterizados
como rochas duras, que resistem à alteração tanto intempérica quanto hidrotermal. Ocorrem
na forma de grandes afloramentos, que se destacam nas serras de Ouro Preto (Dorr, 1969).
Com o reconhecimento da área através da caracterização dos tipos de rochas
encontradas no bairro, bem como pelas medições das estruturas, observou-se que o filito é a
rocha que predomina nos locais com um maior número de incidência de movimentos de
massa (FIG.14). Nesse trabalho de análise superficial das estruturas geológicas foi utilizada
uma bússola que permite a identificação da direção e do mergulho das camadas. Portanto, ao
avaliar um corte de encosta, o perfil foi caracterizado nesta região: tipos de rochas, atitude das
camadas de rochas, descontinuidade, estruturas, textura e mineralogia de rochas e solos da
região.
Figura 14 - Corte de encosta onde se expõe um filito alterado e com um alto ângulo de mergulho.
Com o auxílio de métodos de investigação geológica, foi possível identificar que
os movimentos de massa têm uma relação direta com o posicionamento espacial das camadas,
tal como pode ser observado na FIG. 15.
42
Figura 15 - Relação entre os mergulhos das camadas de rochas e o movimento de massa local.
Na FIG.15, observa-se a cicatriz de um grande escorregamento. Uma análise
próxima ao local observa-se que o posicionamento das camadas, em pontos distintos, interfere
na configuração do movimento. O destaque em amarelo localiza-se na entrada do bairro São
Francisco de Paula, enquanto o destaque em rosa encontra-se ao lado do Boroni Palace Hotel.
A combinação do posicionamento das camadas, bem como o tipo de rocha presente (filitos e
itabiritos), resultou claramente em uma cunha de instabilidade ampliada com o excesso de
chuvas no período. A presença de água no solo (ou nas rochas) altera a resistência mecânica
do mesmo, de modo que o próprio peso ocasiona a movimentação de massa.
3.2.2 Elaboração do questionário socioeconômico
Como complemento ao trabalho de campo, um questionário socioeconômico
(encontra no APÊNDICE II) foi confeccionado e aplicado aos moradores do Bairro São
Francisco de Paula. O questionário, com 15 perguntas objetivas, buscou o reconhecimento do
perfil desses moradores, bem como o sentimento que os mesmos possuem com a postura do
poder público em relação ao bairro, e ainda, o conhecimento que os mesmos têm sobre os
movimentos de massa.
43
A partir das informações do questionário de pesquisa foram confeccionados os
gráficos correspondentes às respostas dadas pelos moradores. Desse modo, o perfil geral dos
moradores fica mais bem definido.
3.2.3 Visita para aplicação do questionário
O segundo trabalho de campo foi realizado no dia 08 de maio de 2012, no bairro
São Francisco de Paula, teve como intuito a aplicação do questionário de pesquisa dos
moradores. O questionário foi sobreposto para 20 famílias da região .
3.3 - Avaliação dos Resultados
Através da coleta de informações foi realizada a avaliação dos resultados obtidos
nos trabalhos de campo. Os dados foram organizados em tabelas e gráficos para uma melhor
visualização dos resultados.
As informações geradas através do questionário socioeconômico possibilitaram a
verificação o perfil do morador e a sua percepção sobre os movimentos de massa que ocorrem
na área em que habitam. Sendo notória a falta de conhecimento dos moradores sobre a
questão.
3.4 - Elaboração da cartilha preventiva
Como resultado do trabalho, uma cartilha foi confeccionada para que possa
auxiliar na conscientização os moradores, com atitudes simples que podem evitar (ou
minimizar) os movimentos de massa, que por ventura, possam afetar suas vidas.
A cartilha é composta por informações prévias de cada processo de movimento de
massa, abordando seus respectivos conceitos. Além destas informações também contém
imagens da área estudada e principais fatores, como medidas preventivas e situações que
geram algum tipo de risco, que possam auxiliar os moradores da região (APÊNDICE I).
Contudo, este trabalho por si só não poderá solucionar os problemas advindos dos
movimentos de massa e apenas auxiliar, de forma elucidativa, os moradores das áreas de
instabilidade e os prejuízos devido à falta de orientação, e talvez deste modo fazer com que o
poder administrativo do governo “desperte” para estes problemas que estão se tornando
frequentes na sociedade.
44
4– APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS
4.1 – Caracterizações dos Movimentos Gravitacionais de Massa - Um foco para Ouro
Preto
O que pode ser notado na cidade de Ouro Preto é que os incidentes ocorrem
ocasionalmente em períodos chuvosos, causando danos materiais e vários outros transtornos
para a população local. As fortes chuvas já provocaram grandes catástrofes em Ouro Preto no
decorrer dos anos. Contudo, a chuva não é o único fator que vem agravando o processo de
movimento de massa na cidade. A ocupação desordenada nesta localidade, particularmente
das encostas, de forma cada vez mais abrangente e desordenada, aumenta substancialmente a
dimensão dos riscos associados a movimentos íngremes e descontrolados de massas de solos
e/ou rochas (escorregamentos de forma geral).
As chuvas não representam senão um dos aspectos a serem
considerados na tentativa de análise de condições que conduzem ao
aparecimento de escorregamentos. Inúmeros fatores têm importância. Se não
todos, quase todos os escorregamentos registrados em nosso meio
fisiográfico estão associados a episódios de elevada pluviosidade, de duração
compreendida entre algumas poucas horas até alguns dias. Guidicini et al
Nieble (1983).
Os movimentos de massa, ou movimentos gravitacionais de massa, constituem
elementos que alteram constantemente a paisagem de determinado lugar, sendo que parte
dessa mudança se dá através do fator natural ou antrópico. Segundo Bandeira (2003), os
fatores antrópicos são responsáveis pela maioria dos fenômenos de escorregamentos,
deslizamentos e entres outros, sendo induzidos pela ocupação inadequada nas encostas.
As condições geomorfológicas e geológicas de Ouro Preto se agravam devido ao
clima da cidade. O clima da localidade é chuvoso, segundo Gomes et al.(1998), o índice
pluviométrico é de 1723,6m do tipo tropical. A temperatura média da cidade é de 18.5 C,
tendo a média máxima anual de 23,2 C e a média mínima anual é de 14,6 C. Como é colocado
por Carvalho (1982), Ouro Preto encontra-se com características de um clima tropical de
montanha em que a baixa latitude é equilibrada pela altitude e conformação orográfica
regional. Os verões são suaves e os invernos são brandas com baixas temperaturas e elevadas
umidade atmosférica (Gomes et al, 1998).
45
No contexto geológico regional, o município de Ouro Preto encontra-se em uma
área de domínio diversificados tipos de minerais do conjunto do quadrilátero ferrífero tendo a
presença notória das rochas quartzitos, itabiritos, filitos, gnaisses e entre outros. Devido às
características geológicas e geomorfológicas da cidade de Ouro Preto, são várias as áreas de
risco encontradas na localidade. Os traços do relevo variam entre montanhoso e ondulado,
caracterizados como vertentes íngremes e vales profundos, sendo este marcado por cristas
rochosas (Gomes et al, 1998). A vegetação que domina em Ouro Preto encontra-se nos
domínios dos campos e das capoeiras, possuindo amplas áreas remanescentes da Mata
Atlântica.
4.1.1– O Bairro São Francisco de Paula
O Bairro São Francisco de Paula localiza-se na encosta sul da Serra de Ouro
Preto, na região do Complexo Rodoviário da cidade. É conhecido ainda, como Morro do
Piolho (FIG.16). Poucas são as informações sobre este bairro, verifica-se que o mesmo está
situado em uma área de risco na qual sua caracterização geológica baseia-se na presença de
filito e itabirito.
Figura 16 - A) Pequeno movimento massa atrás de uma residência e a inclinação do solo para a rua. B)
Remoção da cobertura vegetal deflagrando o deslizamento do solo. C) Área com alto índice de filito,
desenvolvendo uma facilidade para a movimentação do solo. D) Cenário que apresenta um tipo de ruptura, na
qual ocorre a infiltração da na superfície do talude umedecendo o solo e deste modo advém a perda de resistência
ao cisalhamento.
46
4.2 – Trabalho de Campo
Durante o trabalho de campo foram observados alguns aspectos peculiares do
Bairro São Francisco de Paula, tais como a precariedade das construções, os tipos de rochas
em exposição no local, bem como o posicionamento espacial dos mesmos. Esse
posicionamento espacial é importante, pois existe uma relação direta entre o posicionamento
de uma camada e sua propensão ao deslocamento. Em suma, quanto maior o ângulo de
mergulho maior é a resultante da gravidade que "empurra" a rocha para a movimentação
(FIG.17).
Figura 17 - Ilustração que mostra uma força gravitacional maior aplicada ao conjunto de camada com maior
mergulho.
O posicionamento de uma camada no espaço pode ser feito com o auxílio de uma
bússola geológica (FIG.18). Com esse equipamento é possível se medir a atitude de uma
camada. Entende-se como atitude as medidas de DIREÇÃO e MERGULHO, a atitude das
descontinuidades em relação a uma estrutura geológica ou superfície de encostas rochosas
naturais pode levar à sua estabilidade ou favorecer a ocorrência de deslocamentos. A direção
representa o ângulo formado entre a linha Norte-Sul (dada pela agulha da bússola) e uma
linha horizontal da camada. Enquanto isso, o mergulho de uma camada representa o ângulo
formado entre a linha de máximo inclinação de um plano e a sua projeção em um plano
horizontal, a reta do mergulho é a reta de máxima inclinação no plano, perpendicular à
direção (FIG.19).
47
Figura 18- Modelo de uma bússola geológica do tipo Brunton (Fonte: www.mercadolivre.com.br)
Direção
Mergulho
Figura 19 - Esquema ilustrativo de uma camada apresentando a representação da direção e do mergulho de uma
camada.
A posição ocupada no espaço por uma estrutura geológica planar é determinada
pela sua direção e pelo o ângulo de mergulho, ou seja, a inclinação do talude. Foram
analisados dois pontos de mergulhos distintos das camadas, o primeiro ponto de coleta de
amostragem da atitude da camada se deu ao lado do Boroni Palace Hotel e o segundo ponto
no inicio da entrada do bairro São Francisco de Paula (FIG. 20).
48
Figura 20 – Medindo a direção do mergulho das rochas/ Foto:Reginato Fernandes
Com os resultados das medidas obtidas no trabalho de campo e nos pontos
coletados os dados, conclui-se que o mergulho médio é de 50º por envolver uma orientação
desfavorável das camadas geológicas sendo agravada pela ocupação desordenada do espaço
físico, principalmente para o estabelecimento de construções, onde cortes de encostas são
efetuados para nivelamento dos terrenos.
Figura 21 – Orientação das camadas geológicas
49
4.1.2 Resultados obtidos do questionário de avaliação socioeconômica dos moradores do
Bairro São Francisco de Paula
As informações coletadas do questionário utilizado como ferramenta de pesquisa
foram tabuladas e apresentadas nos gráficos a seguir(Pranchas 1,2,3 e 4):
Prancha 1 - Resultados obtidos para os itens: escolaridade, naturalidade, tempo de moradia no bairro e o porque
de morar no bairro.
Descrição prévia dos resultados: o que pode ser observado nesta primeira
análise dos dados coletados do perfil dos moradores do bairro São Francisco de Paula é que,
por exemplo, no primeiro gráfico referente a escolaridade 53,3% dos moradores possuem
escolaridade de 1º grau completo e que 87% dos entrevistados são naturais de Ouro Preto,
sendo que 53% moram a mais de 15 anos na área estudada ( bairro São Francisco de Paula) e
o motivo de ter escolhido esta localidade seria o acesso a terrenos de preços acessíveis,
correspondentes a 43% das pessoas entrevistadas.
50
Prancha 2 - Resultados obtidos para os itens: renda familiar, quantidade de deslizamentos presenciados,
quantidade de deslizamentos que afetaram a residência dos moradores e se os moradores já teve pretensão de sair
do bairro.
Descrição prévia dos resultados: Nesta prancha pode ser verificado que 60%
dos moradores obtém a renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos, e também com 60% dos
mesmos presenciaram de 1 a 3 deslizamentos nos últimos 10 anos, sendo que 93,33% colocou
que nenhum destes deslizamentos afetaram suas moradias, e apesar dos acontecidos e de ser
uma área de risco somente 53,33% dos moradores tem pretensão de sair do local.
51
Prancha 3 - Resultados obtidos para os itens: posição da prefeitura em relação aos deslizamentos, a prefeitura
propõem medidas para prevenir os moradores destes deslizamentos, o que os moradores fazem quando esta em
período chuvoso e quando o morador veio para o bairro, sabia que se tratava de uma área de risco.
Descrição prévia dos resultados: Neste item foi verificado que a maioria dos
entrevistados 93,33% dizem que a prefeitura não faz nada para auxiliar os moradores sobre os
processos de movimentos de massa no bairro e que 66,7 % dizem que a mesma não propõem
medidas para prevenção dos deslizamentos. Quando esta em período chuvoso 86,67% dos
moradores colocaram que saem de suas casas em busca de abrigo seguro e os mesmos 73,33%
abordaram que não sabiam que o bairro São Francisco de Paula se tratava de uma área de
risco.
52
Prancha 4 - Resultados obtidos para os itens: o crescimento desordenado acelerado do bairro influencia para a
ocorrência dos deslizamentos, qual a orientação técnica que o morador buscou para a construção da resistência
do mesmo e o que o morador acha que deve ser feito para diminuir os incidentes causados pelos deslizamentos
de massa.
Descrição previa dos resultados: Na última prancha, pode ser analisado que
66,67% dos moradores acham que a expansão urbana que se aplica no bairro influencia para
que se intensifique o aumento de deslizamentos no local. Quando perguntado a forma de
orientação técnica que o morador teve na construção de sua residência, os dados coletados
foram 40% buscaram auxílio com especializados (engenheiro civil) e 40% obtiveram
conhecimentos próprios. Em 66,67% dos casos, os moradores entendem que a prefeitura
deveria realizar medidas preventivas que busquem diminuir estes incidentes causados pelos
processos de movimentação.
Através do questionário foi possível traçar o perfil dos moradores do bairro
verificar dados socioeconômicos importantes que mostram as diversificadas opiniões sobre os
movimentos de massa que ocorrem no local estudado. O resultado final do perfil do morador
do bairro pode ser observado no gráfico 1.
53
Gráfico - 1 Perfil socioeconômico dos moradores do bairro São Francisco de Paula, descrevendo os principais
fatores para a compreensão das diversificadas opiniões sobre os movimentos de massa.
No gráfico do perfil socioeconômico destacam-se três características do morador
do bairro São Francisco de Paula, apresentadas no gráfico 2.
100,00%
90,00%
93,33%
87,00%
80,00%
73,33%
70,00%
LEGENDA:
60,00%
Ouropretano(a)
50,00%
Moradores que dizem que a
prefeitura não se manifesta
40,00%
30,00%
Moradores que desconheciam a
situação de risco local
20,00%
10,00%
0,00%
Ouropretano(a)
Moradores que
dizem que a
prefeitura não se
manifesta
Moradores que
desconheciam a
situação de risco
local
Gráfico - 2 Características destacadas no perfil socioeconômico dos moradores do bairro São Francisco de
Paula.
54
De acordo com o gráfico socioeconômico pode ser analisado três pontos
importantes para o contexto desta pesquisa. Primeiramente, observa-se que a maior parte dos
entrevistados do bairro São Francisco de Paula (entendidos como 87%) são naturais da cidade
histórica de Ouro Preto, que por sua vez já conhecem a região. Contudo, foi percebido que os
moradores acreditam que a prefeitura de Ouro Preto não fornece informações necessárias aos
moradores dos bairros localizados em áreas de risco, não propondo medidas eficazes que
auxiliem os moradores, portanto 93,33% dos moradores colocam que a prefeitura não se
manifesta em relação aos deslizamentos no bairro. Deste modo, os moradores desconheciam e
desconhecem as áreas de situação de risco, devido à ineficiência da prefeitura de Ouro Preto
de divulgar e propor soluções que previnam a vida e as moradias dos ouropretanos.
Os aspectos descritos nos gráficos acima estão altamente interligados com os
eventos geológicos que veem acontecendo na região do Morro do Piolho. Na prancha 1,2,3 e
4 é notório a ligação de cada fator, pois sabe-se que a maioria do bairro é natural de Ouro
Preto e conhecia parcialmente os históricos dos eventos geológicos, e diante desses fatos
ainda muitas pessoas continuaram a residir no local provocando corte irregulares e
propiciando as acelerações do movimento de massa. A porcentagem de quantos deslizamentos
os moradores presenciaram é de que 60% atribuíram que já viram de 1 a 3 deslizamentos
(sendo que um foi fatal) no bairro, e ainda diante desses dados eles permaneceram na
localidade. Os eventos geológicos continuam o governo municipal não faz nada, e agora que
os moradores sabem que estão em áreas de risco, ainda permanecem em casa e construindo
sem qualquer tipo de planejamento e apenas esperando a chuva começar para que saiam de
suas residências e esperem para que um novo incidente ocorra, sem buscar as medidas
necessárias junto com a prefeitura da região.
Estes índices colocam em questão a avaliação dos moradores para com a
segurança destes locais situados em áreas de risco, incluindo a falta de compreensão da
dinâmica ambiental dos mesmos juntamente com a ineficiência da gestão do governo. Desse
modo, a falta de conhecimento dos moradores e a deficiência recorrente de nossas políticas
habitacionais, a população insiste em construir sem nenhum conhecimento prévio do local,
instalando sua residência em áreas geologicamente desfavoráveis, que podem culminar,
dentro outros, na ruptura das encostas ou dos taludes. Nesse caso, a obtenção de informações
técnicas é fundamental para que esse tipo de eventualidade catastrófica não aconteça.
55
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A origem das áreas de moradias irregulares é resultado do constante crescimento
populacional juntamente com o aumento de fluxos migratórios que geram um intenso
crescimento desordenado nas cidades do Brasil, causado pela falta de políticas
governamentais e agravado pelo estado de pobreza da população. A expansão populacional
acarretou o aparecimento de moradias em áreas impróprias, sujeitas a deslizamentos, lugares
com o solo com baixa capacidade de suporte para fundações e áreas de encosta. Estas áreas
apresentam uma carência em vários fatores, como na infraestrutura, segurança e
principalmente na ocupação de encostas em áreas denominadas de risco. Como é colocado
por Carvalho et al.(2007,p.3)
“A ausência e má aplicação de uma política de habitação e de
desenvolvimento urbano levou boa parte da população a ocupar as áreas
ambientalmente frágeis, especialmente em margens de rios e encostas.”
Os acidentes relacionados aos movimentos de massa verificados na região de
Ouro Preto são, historicamente, deflagrados por eventos chuvosos (intensos e contínuos), que
ocorrem geralmente, entre os meses de dezembro a fevereiro. Como exemplo, esse período
entre os anos de 2011 e 2012 deu-se o enorme deslizamento próximo à rodoviária. Além dos
altos índices pluviométricos as condições geológicas e geomorfológicas da cidade, tornam
mais propicio a novos incidentes.
Por fim, a pesquisa considera que:
•
o poder público necessita de um investimento em infra-estrutura e regulamentação da moradia
proporcionando o conforto necessário aos moradores, auxiliando-os da melhor forma.
Necessita também, de planos e medidas que minimizem esses tipos de eventos geológicos
nas áreas de riscos trazendo segurança para os moradores da determinada localidade. Um
ponto importante observado ao longo do trabalho reside no fato da área estudada, mesmo
sendo foco de inúmeros movimentos de massa, não possuir o mesmo foco quando se trata de
pesquisas e informações que possam tornar mínimo os prejuízos dos moradores do bairro. Em
Ouro Preto, como em outras cidades existe o Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC)
coordenado pela Defesa Civil local, onde são gerenciados os pontos de risco na cidade.
Contudo, esse plano necessita de uma melhor divulgação para aqueles envolvidos diretamente
no “problema”.
56
•
os moradores devem buscar informações, históricos de movimentos de massas em sua cidade
e principalmente na área em que residem. Buscar seus direitos, e fazer com que os
governantes cumpram seu papel e auxiliam na melhoria do bem estar da população e
preservação do ambiente.
•
as instituições de ensino, com seus profissionais na área, poderiam divulgar informações (
palestras,entrevistas,cartilhas etc...) abordando questões importantes sobre os riscos que o
processo de movimento de massa vem causando a sociedade.
Diante desses fatos, o grande aumento desses loteamentos em áreas de riscos é
advindo da ineficiência do poder público, como a falta de informação necessária sobre estas
áreas, sendo assim recomenda-se uma melhor eficiência quanto da parte de informação e uma
melhor interação entre a iniciativa privada e o poder publico com o intuito de evitar esses
transtornos que vem afetando cidades históricas, como Ouro Preto.
É imprescindível, portanto promover planos de ação e criar estratégias por parte
dos poderes públicos, privados, e também da comunidade, visando alcançar de forma
competente no processo de informação para a sociedade, resultando o bem estar da população.
Desta forma, diante do conhecimento prévio sobre a situação da área em questão,
o propósito desta pesquisa foi analisar os métodos existentes para a prevenção de
deslizamentos na região e abordar de forma enfatizante o descaso do poder público com a
sociedade ouropretana. A pesquisa abordou a falta de informação dos moradores do bairro
São Francisco de Paula sobre os movimentos de massa. Deste modo foi elaborado uma
cartilha informativa para que a sociedade pudesse se atentar aos tipos de processo natural, que
se torna cada vez mais frequente na cidade. Outros estudos devem ser realizados nesta área de
risco de Ouro Preto, para que sejam criados novos planos e medidas eficazes que evitem a
ocupação inadequada das encostas, visando à melhora e a segurança de vida dos moradores da
cidade histórica.
57
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABGE – Associação Brasileira de Geologia de Engenharia,1998. p. 243 a 281/301 a 310
ALKMIM F.F., MARSHAK S., 1998. The Transamazonian orogeny in the Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais, Brazil: Paleoproterozoic collision and collapse in the Souhtern São
Francisco Craton region. Precambrian Res., 90: 29-58
AMARAL, C. P. (1996) Escorregamentos no Rio de Janeiro: inventário, condicionantes e
redução do risco. Tese de Doutorado, Eng.Civil, PUC-Rio.
AMARAL, C. P. VARGAS,E. e KRAUTER, E.(1996) Analysis of Rio de Janeiro Landslides
Inventory Data.7 th International Symposium on landslides,Trondhein,Norway,June.
AUGUSTO FILHO, O. Escorregamentos em encostas naturais e ocupadas: análise e controle.
In:. BITAR, O. Y. (Coord.).Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. São Paulo,(1994).
AUGUSTO FILHO, O. (1992). Cartas de risco de escorregamento: uma proposta
metodológica e sua aplicação no Município de Ilha Bela. Dissertação de Mestrado. Escola
Politécnica, USP.
BANDEIRA, Ana Patrícia N. Mapa de Risco de Erosão e Escorregamento das Encostas com
Ocupações Desordenadas no Município de Camaragipe. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE, 2003.
BEVEN,K.J.,KIRKBY,M.J.A physically based,variable contributing área modelo f basin
hydrology.Bulletin of Hidrological Scienciens, v.24,n.1, p.43-69,1979.
CARRARA,A. et al. GIS techniques and statistical models in evaluating landslide
hazard.Earth Surface Processes and Landforms,v.16,n.5 p. 427 – 445, 1991.
CASTRO,J.M.G(2006) Pluviosidade e movimentos de massa nas encostas de Ouro PretoTese de Mestrado UFOP.
CARVALHO, E.T., 1982. Carta geotécnica deOuro Preto., Universidade Nova de
Lisboa, Lisboa, Dissertação deMestrado, 95p.
CARVALHO, C. S. & GALVÃO, T. (Org) 2006. Prevenção de Riscos de Deslizamentos em
Encostas: Guia para Elaboração de Políticas Municipais. Brasília:Ministério das
Cidades;Cities Alliance, 2006.
CHORLEY,RJ.;HAGGETT,P.Modelos
Paulo:Edusp,1975.
físicos
e
de
informação
em
geografia.São
COLÂNGELO,A.C. Geomorfologia experimental aplicada ao estudo de estabilidade de
vertentes.In:IV Simpósio de Geografia Física Aplicada,1991-Porto Alegre.
58
DEERE,D.U e PATTON,F.D.(1970) Slope Stability in Residual Soils.In: 4 th Panam. Conf.
on Soil Mech. And Found. Eng., San Juan,Vol 1- 87-170pp.
DERBY, O.A. 1906. The Serra of Espinhaço. Journ. Geol. v. 14. p. 374-401.
DORR, J.V.N.; Gair, J.E.; Pomerene, J.B. & Reynearson, G.A. 1957. Revisão da estratigrafia
pré-cambriana do Quadrilátero Ferrífero. Trad. A.L.M. Barbosa. Rio de Janeiro.
DNPM/DFPM. 33p
DORR, J.V.N. 1958b. The Gandarela Formation. In: SBG, Bol. Soc. Bras. Geoc. São Paulo.
v. 7. p.63-64.
DORR, J.V.N. 1959. Esboço Geológico do Quadrilátero Ferrífero de MG.
I n : D N P M - U S G S . Publicação Especial 1
DORR, J.V.N. 1969. Physiographic stratigraphic and structural development of the
Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Washington, DNPM/USGS/ 109p. (Prof. Paper
641-A).
FARAH, Flávio 2003 Habitação e Encostas. Programa de Tecnologia de Habitação. Coleção
HABITARE/FINEP. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas. 312p
FERNANDES, N. F.; AMARAL, C. P. do. Movimentos demassa: uma abordagem geológicogeomorfológica. In: GUERRA,A.T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia e meio ambiente.Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. p. 123-194.
FERNANDES,N.F.; et al Condicionantes geomorfológicos dos deslizamentos nas
encostas:teoria,evidencias de campoe aplicação de modelo de previsão de áreas
susceptíveis.Revista Brasileira de Geomorfologia,v.2,n.1,p.51-71,2001.
FERREIRA,S.B. et al;(2004) Movimentos em encostas de Ouro Preto,MG - o caso da Vila
São José- REM - Revista Escola de Minas.
FILHO,A.D et al.;Avaliação de áreas de risco geológico na bacia de vargem das
flores,municípios de Betim e Contagem– MG.Anais XI SBSR, Belo Horizonte, Brasil, 05 - 10
abril 2003, INPE, p. 1767 – 1770
FLORENZANO.T.G.Geomorfologia:conceitos e tecnologias atuais.(2008).
FONTES, M.P.F.Introdução ao estudo de minerais e rochas. Viçosa, Imprensa Universitária
da UFV, 1984
FORNASARI FILHO, N. (Coord.) Alteração no meio físico decorrente de obras de
Engenharia. São Paulo: IPT, 1992.
GAIR, J.E. 1962.Geology and ore deposits of the Nova Lima and Rio Acima quadrangles,
Minas gerais, Brazil. Washington, DNPM/USGS. 67p. (Prof. Paper 341-A).
59
GOMES, R.C., ARAÚJO, L.G.; BONUCCELLI, T; SOBREIRA, F.G. (1998).
Condicionantes Geotécnicos do Espaço Urbano de Ouro Preto/MG. XI Congresso Brasileiro
de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica. pp. 363-370.
GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org) (2010) Geomorfologia e MeioAmbiente. Bertrand,
Rio de Janeiro. p. 123-194
GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org) (2009) Geomorfologia:Uma atualização de Bases e
Conceitos.
GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org) (2010)Geomorfologia:Exercicios,técnicas e
aplicações.
GUIDICINI, G e NIEBLE, C. M. ,(1976) Estabilidade de Taludes Naturais e de Escavação,
São Paulo, Editora Blucher, 2008-5ª reimpressão, 170 p.
GUIDICINI, G. & NIEBLE, C. (1983). Estabilidade de Taludes Naturais e de Escavação. São
Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda.
GUIDICINI, G. & NIEBLE, C. M. 1984. Estabilidade de Taludes Naturais e de Escavação.
São Paulo: 2a ed. Edgard Blücher,. 194p.
GUIMARÃES,D.1931.Contribuição à Geologia do Estado de Minas Gerais.Rio de
Janeiro,SGMB.36 P.Boletim 5.
HUTCHINSON, JN (1988) Relatório Geral: parâmetros morfológicos e geotécnicos de s
deslizamento de terra em relação à geologia e hidrogeologia Proceedings, V Simpósio
Internacional sobre Landslide s (Ed: Bonnard, C.)1, 3-35.
IPT(1991) Ocupação de Encostas.Publicação IPT N1831,216p.
LADEIRA EA. 1980. Metallogenesis of Gold at the Morro Velho Mine, and in Nova Lima
District, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Unpubl. PhD thesis, University of
Western Ontario, London, 272 pp.
LADEIRA, E.A.; Roeser, H.M.P. & Tobschall, H.J. 1983. Evolução petrogenética do cinturão
de rochas verdes, Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. In: SBG, Simp. Geol.
Minas Gerais, 2. Belo Horizonte. Anais. p.149-165. (Boletim 3).
MARAGON.M,2006 Tópicos em Geotecnia e Obras de Terra.
MARCELINO, E. V. 2008. Desastres Naturais e Geotecnologias: Conceitos Básicos. Caderno
Didático nº 1. INPE/CRS, Santa Maria, 2008
MAXWELL, C.H. 1958. The Batatal Formation. In: SBG, Bol. Soc. Bras. Geoc. São Paulo. v.
7. p.60-61.
MEDEIROS,J.S et al., Geoprocessamento para projetos ambientais-INPE 2006.
60
MONTGOMERY,D.R.;DIETRICH,W.E.A physically based model for the topographic
control on shallow landsliding.Water Resources Research,v.30,1994.
MORAES, M.A.S. 1985.Reconhecimento de fácies sedimentares em rochas metamórficas da
região de Ouro preto, Minas Gerais. In: SBG, Simp. Geol. Minas Gerais, 3.Belo Horizonte.
Anais. p. 84-93. (Boletim 5).
NASCENTE,J.P.C et al., Impactos sócio-ambientais provocados pelas ocupações irregulares
do solo urbano:Estudo de caso do loteamento Serra Azul.(2007)
PINHEIRO,A.L et al(2003); Influência da expansão urbana nosmovimentos em encostas na
cidade de Ouro Preto, MG
RENEAU,S.L., DIETRICH,W.E, WILSON, C.J e ROGERS, J.D.(1984) Colluvial Deposists
and
Associated
Landslides
in
the
Northern
San
Francisco
Bay
Area,California,USA.Proceesdings
of
IV
International
Symposium
on
Landslides,Toronto,425-430 pp.
RODRIGUES.J.C(1918),Geologia para engenheiros civis. Editora:McGraw-Hill do Brasil
LTDA. São Paulo.
RULON,J.J e FREESE,R.A.(1985) Multiple Seepage Faces on layered Slopes and their
Implications for Slope-Stability Analsis.Canadian Geotechincal Journal,Vol.22,347-365pp.
SALTER,R.T., CRIPPEN, T.F. e NOBLE, K.E(1981) Storm Damage Assessment of ThamesTe Aroha Area following the Storm of April 1981:Final Report.Water and Soil Science
Centre,New Zealand Ministry of Works and Development,Report n:44
SASSA,K(1989) Geotechnical Classification of landslides.Landslide News,3,221-24pp.
SELBY,M.J(1993) Hillslope Materials and Processes.Oxford University Press,New York,451
SILVA,J.X. da et al. Estimativa de riscos de deslizamentos/desmoronamentos no macilo do
Tinguá e arredores.In: Congresso Brasileiro de Geologia,39.,1996, Salvador.Anais...Salvador:
Sociedade Brasileira de Geologia,1996.p.273-276.
SIMONS, G.E. & Maxwell, C.H. 1961. Grupo Tamanduá da Série Rio das Velhas. Rio de
Janeiro, DNPM/DGM. 30p. (Boletim 211).
SHARPE,C.F.S.(1938) Landslide and Related Phenomena.Pageant,New Jersey,137 p.
TEIXEIRA, W. 1982. Geochronology of the southern part of the São Francisco Craton. Rer.
Bras. Geoc. v. 12. p. 268-277.
TOBIN, G. A & MONTZ, B.E. Natural hazards: explanation and integration. New York: The
Guilford Press, 1997.
61
TOMINAGA, Lídia Keiko. Avaliação de Metodologias de Análise de Risco a
Escorregamentos: Aplicação de um Ensaio em Ubatuba, SP. Departamento de Geografia da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo,
2007. Tese de Doutorado. 220 p.
TOMINAGA,L.K et al. Desastres Naturais:como se previnir.(2009)
VARGAS, M. 1966. Estabilização de taludes em encostas de gneiss decompostas. Anais do 3º
Congresso Brasileiro de Mecânica de Solos, Belo Horizonte, 1966.
VARNES,D.J. (1958). Landslides Types and Processes. Highway Research Board, Special
Report, Vol.29,20 – 47pp.
VARNES, D.J. 1978. Tipos Slope movimento e processos. Em: Relatório Especial 176:
Landslide: Análise e Controle (Eds: Schuster, RL & Krizek, RJ). Transporte e Estrada
Research Board, National Academy of Science, de Washington DC, 11-33.
VIEIRA,I.M. et al.(2005) Proposta metodológica para identificação de áreas de risco de
movimentos de massa em áreas de ocupação urbana. Estudo de caso: Campos do Jordão,
SP.Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto-Goiâna/Brasil.
VILLAÇA J.N. 1981. Alguns aspectos sedimentares da Formação Moeda. Sociedade. Bras.
Geologia, Núcleo MG, 2:92-137
WALLACE, H. M. The Moeda formation. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, São
Paulo, v.7 , n.2, p. 59-60, 1958.
WINCANDER,R.,MONROE.JS.,(2009)Fundamentos de Geologia.
Sites Pesquisados:
.
www.ouropress.com-Entrevista do Engenheiro Romero César Gomes (2012).
www.ambientebrasil.com.br- Acesso:17/07/12
www.descubraminas.com.br- Acesso:17/07/12
www.terrademinas.globo.com- Acesso:17/07/12
www.estradareal.org.br- Acesso:17/07/12
www.ief.mg.gov.br- Acesso:20/07/12
www.ibama.gov.br- Acesso:20/07/12
62
APÊNDICE I
Instituto Federal Minas Gerais – IFMG
Licenciatura Plena em Geografia
CARTILHA INFOMARTIVA
Apresentação:
Os desastres naturais são fenômenos que, juntamente com a
influência inapropriada do homem (crescimento populacional
desordenado e acelerado), acarretam fatores prejudiciais ao meio
ambiente e a sociedade. Dentre esses fenômenos destacam-se as
inundações, escorregamentos (FIG.1), erosão, terremotos,
tornados, furacões, tempestades e entre outros.
A elaboração desta cartilha tem como objetivo trazer informações
básicas para que os moradores de áreas de risco geológico possam
mitigar os riscos a que estão envolvidos.
Bairro São Francisco de Paula – Morro do Piolho
Baseada no Trabalho de pesquisa:
ASPECTOS SOCIAIS E GEOLÓGICOS DA ÁREA URBANA
DE OURO PRETO: UM ESTUDO DE CASO DO BAIRRO
SÃO FRANCISCO DE PAULA
Orientanda: Talita Ferreira Gonzaga Alves
Orientador:
Reginato
Fernandes
do
Santos
Figura 1- Deslizamento na rodoviária de Ouro Preto MG 2012/Foto: Reginato
Fernandes
63
1 - DESLIZAMENTOS/ESCORREGAMENTOS
A situação de risco já existe o que deve levar em conta que a CHUVA
agrava este tipo de risco.
Caracterizam-se por movimentos gravitacionais de massa que
ocorrem de forma rápida e cuja superfície de ruptura é nitidamente
definida por limites laterais e profundos, bem caracterizados.
O que deve ser observado para que ocorram os
escorregamentos:
1-Tipo de solo: sua constituição, granulometria e nível de coesão
2-Declividade da encosta:cujo grau define o ângulo de repouso, em
função do peso das camadas, da granulometria e nível de coesão;
3-Água de embebição :que contribui para aumentar o peso específico
das camadas; reduzir o nível de coesão e o atrito, responsáveis pela
consistência do solo, e lubrificar as superfícies de deslizamento.
CAUSAS: A ocupação inadequadada e a expansão acelerada da
população originam danos letais a sociedade e/aos moradores da
determinada localidade. A seguir pode ser observados principais
fatores que acarretam o deslizamento devido a influência antrópica,
fatores como:
•
•
•
•
•
•
•
Lançamento de águas servidas;
Infiltrações de águas de fossas sanitárias;
Cortes realizados com declividade e altura excessivas;
Realização de construção civil em áreas de risco.
Execução inadequada de aterros;
Deposição inadequada do lixo;
Remoção descontrolada da cobertura vegetal.
Figura 2 - Pequenos escorregamentos no bairro São Francisco de PaulaOP/Foto: Reginato Fernandes
64
2 - PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE OS DESLIZAMENTOS
(Fornecidas pela Defesa Civil de Porto Alegre ).
1-O que dizer a promessas para recebimento de lotes em
morros?
Não se deixe enganar por promessas fáceis e ilusórias para obter
um lote ou uma casa em morros ou áreas de risco. Os riscos de
desastres são muito altos. Não desmate morro e encostas para
assentamento de casas e outras construções civis.
2- O que devo fazer ao verificar os riscos de deslizamento de
um morro ou encosta?
Avise aos seus vizinhos sobre o perigo, no caso de casas
construídas em áreas de risco de deslizamento. Avise, também,
imediatamente ao Corpo de Bombeiros e à Defesa Civil. Convença
as pessoas que moram nas áreas de risco a saírem de casa durante
as chuvas;
3- Você pode fazer junto com a sua comunidade um plano de
evacuação. O que é um plano de evacuação?
Se você está morando numa área de risco, tenha com sua
vizinhança um plano de evacuação com um sistema de alarme. É
um plano que permite salvar a sua vida e de seus vizinhos.
4- Quais são os sinais que indicam que pode ocorrer um
deslizamento?
Se você observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno,
rachaduras nas paredes das casas, inclinação de tronco de árvores,
de postes e o surgimento de minas d'água, avise imediatamente a
Defesa Civil.
5- O que posso fazer para evitar um deslizamento?
Não destrua a vegetação das encostas;
Você pode consertar vazamentos o mais rápido possível e não
deixar a água escorrendo pelo chão o ideal é construir canaletas;
Junte o lixo em depósitos para o dia da coleta e não o deixe
entulhado no morro;
Não amontoe sujeira e lixo em lugares inclinados porque eles
entopem a saída de água e desestabilizam os terrenos, provocando
deslizamentos;
Não jogue lixo em vias públicas ou barreiras, pois ele aumenta o
peso e o perigo de deslizamento.
Jogue o lixo e entulho em latas ou cestos apropriados;
Não dificulte o caminho das águas de chuva com lixo, por
exemplo;
As barreiras em morros devem ser protegidas por drenagem de
calhas e canaletas para escoamento da água da chuva;
Não faça cortes nos terrenos de encostas sem licença da Prefeitura,
para evitar o agravamento da declividade.
6- Qual a espessura de solo da encosta?
Quanto mais espesso o solo na encosta mais perigo de
deslizamento.
7-Qual a inclinação ou caída dos terrenos na encosta?
Quanto mais em “pé” mais propicio a ocorrência
escorregamento.
de
8- Qualquer intervenção na encosta é motivo de risco e pode
provocar escorregamentos?
65
O solo de encosta apesar de parecer firme e resistente, nem sempre
é de fato, e quando este fica encharcado de água umedece o solo
tornando-o mais “movediço”. Se você tirar parte do solo para
aumentar uma casa, ou fizer casa nova ou para tirar terra para
aterrar, você vai estar tirando o pilar que sustenta o solo e
provocando o deslizamento.
Figura 3 - Construção civil em área coberta por filito, material friável que
desintegra facilmente/Foto: Talita Gonzaga.
9- O que fazer quando ocorrer um deslizamento?
Se você observar um princípio de deslizamento, avise
imediatamente a Defesa Civil do seu Município e o Corpo de
Bombeiros, bem como o máximo de pessoas que residem na área
do deslizamento; afaste-se e colabore para que curiosos
mantenham-se afastados do local do deslizamento, poderá haver
novos deslizamentos.
3 - MEDIDAS PREVENTIVAS:
Essa desordenada e acelerada expansão urbana em áreas de risco
pode ser controlada ou amenizada, se houver um consenso do
poder público em auxiliar medidas eficazes para as comunidades
locais. O poder público de Ouro Preto (MG) poderia implantar
serviços como:
- Esgotamento de águas servidas
“implantação de uma rede de esgotos, separada da rede de
drenagem de águas pluviais, para permitir a coleta e a condução das
águas servidas. Evitando o lançamento de águas servidas no solo
infiltrando, acarretando em deslizamentos”.
- Sistema de drenagem das águas pluviais
“a implantação de sistemas de águas pluviais adequados às
descargas máximas estimadas e o revestimento e proteção da
superfície. Evitando a diminuição da resistência do solo que
provoca a ruptura de cortes e aterros”
- Rede de abastecimento d’água
“implantação e manutenção adequada da rede de
abastecimento d’água e da educação da comunidade sobre os riscos
provocados por redes clandestinas e improvisados. Evitando o
rompimento de tubulações na rede de abastecimento d’água que
provoca a saturação do solo, aumentando sua instabilidade e
facilita os deslizamentos.”
- Rede de esgotos sanitários
66
a construção da rede de esgotos sanitários. Evitando A
infiltração de água das fossas sanitárias provoca a gradual
saturação do solo das encostas e facilita os escorregamentos.
- Controle da Declividade e da Altura dos Cortes
“através da educação comunitária e da elaboração de
normas rígidas de urbanização. Evitando a execução indiscriminada
de cortes com a finalidade de construir estradas ou residências,
principalmente com inclinações e alturas excessivas e
incompatíveis com a resistência intrínseca do solo, facilita os
escorregamentos.”
-Controle de Aterros
“a drenagem do terreno, a correção das fundações e a
compactação do aterro seguida da proteção de sua superfície, com
vegetação. Evitando aterros executados sem uma limpeza prévia do
terreno, com material de empréstimo inadequado e sem
compactação suficiente, criam condições favoráveis á infiltração de
água e á erosão.”
- Controle do Lixo
“definição de locais adequados para a colocação do lixo, bem
como a coleta do mesmo por serviço de limpeza urbana. Evitando a
disposição inadequada do lixo, que normalmente é lançado nas
linhas de drenagem naturais, concorre para aumentar os riscos de
escorregamento; já que o lixo é fofo, tem alta-porosidade,
facilitando sua embebição, com o aumento de seu peso.”
- Controle da Cobertura Vegetal
“Refazer a cobertura vegetal e desenvolver barreiras vegetais,
para facilitar a contenção de massas escorregadas.
Evitando O desmatamento das cristas das elevações e das encostas
íngremes permite o impacto direto das gotas de chuva no terreno
que facilita a erosão e a infiltração de água e diminuindo-a coesão
do solo.”
- Mapeamento a área de risco
Quando houver sinais de deslizamentos faça deixe os
documentos de cada familiar separado e de fácil acesso.
4- COMO IDENTIFICAR UM DESLIZAMENTO?:
• “Verificar a estrutura de sua casa, muros e terrenos,
observando se aparecem rachaduras e fissuras que podem
ser indicativos de movimentações do terreno com
possibilidade de evoluir para a ruptura e queda da moradia.
Neste caso deve-se procurar um técnico competente ou a
defesa civil local para fazer uma avaliação urgente”.
• Inclinação de casa arvore e postes;
• Água mais barrenta do que o normal;
• Construção civil realizada em local de risco;
• Aparecimento de fenda ou rachaduras;
• Depressões no terreno;
67
Figura 4- Área inclinada no
deslizamento/Foto:Talita Gonzaga
Bairro
São
Francisco
propicio
a
Figura 5 - Pequenos escorregamentos no bairro São Francisco de
Paula/Foto:Talita Gonzaga
68
5- TELEFONES DE EMERGÊNCIA:
Ambulância SAMU 24h_______________________________192
Corpo de Bombeiro__________________________________ 193
Defesa Civil de Ouro Preto (Condec)_______________ 3559-3121
Policia Civil________________________________________ 190
Policia Federal______________________________________ 194
Prefeitura Municipal de Ouro Preto________________ 3559-3200
F
Figura 6 - Deslizamentos antigos e recentes no bairro São Francisco de
Paula/Foto:Reginato Fernandes
“A SOBREVIVÊNCIA NÃO DEPENDE DA SORTE E SIM DE
PROCEDIMENTOS ADEQUADOS”
6- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
CARVALHO, C. S. & GALVÃO, T. (Org) 2006. Prevenção de
Riscos de Deslizamentos em Encostas:Guia para Elaboração de
Políticas Municipais. Brasília: Ministério das Cidades; Cities
Alliance, 2006.
FERNANDES, N. F. & AMARAL, C. P. 1996. Movimentos de
massa: uma abordagem geológico geomorfológica.
In: GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org) Geomorfologia e
Meio
Ambiente. Bertrand, Rio de Janeiro. p. 123-194
Cartilha da Defesa Civil de Porto Alegre
Cartilha da Defesa Civil do estado do Rio De Janeiro
BRASIL. Secretaria Especial de Defesa Civil. Política Nacional de
Defesa Civil. Brasília, 1994
CUNHA, Márcio Angelielri. et al. Ocupação de encostas. São
Paulo: IPT, 1991
TOMINAGA.Lídia .et al. Desastres naturais:conhecer para
prevenir 2009.
PIRES.Fernando et al. Ações preventivas em áreas de
risco:Cartilha sobre desastres naturais e deslizamentos.
69
APÊNDICE II
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
Caro morador,
este questionário é parte da pesquisa da Monografia elaborada pela acadêmica Talita Ferreira
Gonzaga Alves, aluna do 7º período do Curso de Geografia do IFMG - Campus Ouro Preto. O
presente visa contribui com um levantamento de ocorrências de movimentos de massa na
cidade de Ouro Preto, mais especificamente no Bairro São Francisco de Paula.
Com este instrumento de pesquisa buscaremos conhecer melhor a região e as opiniões
dos moradores desta localidade. Portanto, sua opinião é de fundamental importância para este
estudo. Não existem respostas certas ou erradas, suas informações serão mantidas em sigilo
absoluto.
ANTECIPADAMENTE AGRADECEMOS SUA ATENÇÃO E COOPERAÇÃO
NOME DO BAIRRO:
No. DO QUESTIONARIO:
ENDEREÇO:
No. DOMICILIO:
ENTREVISTADO(A):
SEXO:
DATA DA PESQUISA: ___/___/____
Feminino
Masculino
1 - Grau de escolaridade:
(
) Analfabeto (
(
) 2º Grau Completo (
Incompleto (
) 1º Grau Incompleto (
) 2º Grau Incompleto
) Técnico Completo ( ) Técnico Incompleto ( ) Superior
) Superior Completo
2 - É natural de Ouro Preto?
) 1º Grau Completo (
70
( ) Sim ( ) Não
3 - Desde quando você mora no Bairro?
(
) Menos de 1 ano (
) Entre 1 e 3 anos
(
) Entre 3 e 5anos
(
) Entre 5 e 10anos
( ) Entre 10 e 15anos ( ) Acima de 15 anos
4 - Quais fatos que o levou a morar no Bairro?
( ) Proximidade de família ( ) Aluguel de preço acessível ( ) Terrenos de preços acessíveis
( )Proximidade do trabalho ( ) Localização privilegiada
5 - Qual é a renda familiar mensal?
( ) Menos de 1 salário mínimo ( ) Entre 1 e 3 salários mínimos ( ) Entre 3 a 5 salários
mínimo ( ) Acima de 5 salários mínimos
6 - Quantos deslizamentos você já presenciou no bairro nos últimos 10 anos?
( ) Nenhum
( ) De 1 a 3 ( ) De 3 a 5 ( ) De 5 a 10 ( ) Acima de 10
7- Quantos deslizamentos já afetaram sua residência?
( ) Nenhum
( ) De 1 a 3 ( ) De 3 a 5 ( ) De 5 a 10 ( ) Acima de 10
8 - Você já teve pretensão de sair do Bairro?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não quis opinar
9- Qual é a posição da prefeitura em relação a estes deslizamentos?
(
) Ajuda Parcialmente (
(
) Outros
) Auxilia frequentemente (
) Nunca fez nada em relação
10- A prefeitura propõem medidas para prevenir os moradores destes deslizamentos?Se
sim quais?
( ) Sim
( ) Não
71
11- O que vocês moradores, fazem quando esta em período chuvoso?
( ) Permanecem em suas casas ( ) Saem de suas casas buscam abrigos em casas vizinha
( ) Abandonam a casa e o bairro ( ) Não fazem nada ( ) Outros
12- Quando você veio morar no bairro, sabia que se tratava de uma área de risco?
( ) Sim ( ) Não ( ) Possuía poucas informações sobre local ( ) Outros
13- Você acha que a o crescimento desordenado acelerado do bairro, influencia para que
tenha o aumento dos deslizamentos?
( ) Sim ( ) Não ( )Talvez ( ) Outros
14- Qual orientação técnica você buscou para a construção da sua casa?
( ) Nenhuma ( ) Conhecimento próprios
( ) Pedreiro ( ) Técnico ( ) Engenheiro Civil
15- O que você acha que deve ser feito para diminuir estes incidentes?
( ) Nada ( ) Medidas preventivas realizadas pela prefeitura ( ) Conscientização dos
moradores ( ) Outros
Obrigada pela compreensão!
72
ANEXO I
PLANOS PREVENTIVOS DE DEFESA CIVIL ( PPDC)
Algumas medidas preventivas e sugestões que reduzem a consequência dos
processos de movimentos gravitacional de massa, que são aplicadas pelos Planos Preventivos
de Defesa Civil (PPDC).
O PPDC tem como finalidade abordar e permitir a implantação de medidas
preventivas referentes a ocorrência de acidentes geológicos, visando a diminuição de
ocorrência deste processo e deste modo pode amenizar as consequências colocando meios
eficazes de poder se habitar seguramente uma localidade que se encontra em área de risco.
Segundo SILVA da L.E et al (1998) pg. 308(ABGE)
Os planos preventivos caracterizam-se por agirem diretamente
sobre as consequências a serem geradas quando do registro de acidentes, e
não por impedirem a ocorrência ou reduzirem a magnitude do(s) processo(s)
geológico(s).
Através do PPDC é possível obter critérios que se enquadram em cada tipo de
processo de movimento de massa, podendo deste modo, dependendo do grau do processo de
movimentação pode ser feita a retirada dos moradores da área de risco, colocando- as em um
lugar seguro e depois de passado o processo, permitir a volta daqueles para suas residências e
deste modo analisar a área e formular de forma segura, uma medida que faça com que seja
estabilizado
o
processo
de
deslizamento.
Este
plano
pode
ser
considerado
temporário,(medidas temporárias que buscam a segurança dos moradores) e posteriormente
analisar e formular medidas eficazes para a sociedade.
A PPDC é composta em quatro etapas fundamentais para sua aplicação e
estruturação, como: elaboração, implantação, operação e acompanhamento e avaliação
SILVA da L.E et al 1998 (ABGE). Seguindo com estas etapas,
• A fase de elaboração
É construída através de informações técnicas- cientificas que abordem o estudo de
condicionantes que ocasionam processos geológicos, identificação da área, e outros fatores
que auxiliam para a construção do PPDC e a prevenção de acidentes geológicos.
73
• A fase de implantação
Caracteriza-se com a definição do sistema operacional dos planos preventivos,
que se define com as atividades realizadas como: estabelecimento dos procedimentos,
definição de atividades, aplicação de informações para com a população residente de áreas de
riscos geológicos e o treinamento e a divulgação de pessoas que possam informar e amenizar
consequências trazidas pelo processo.
É também oferecido para as equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e
prefeituras municipais, cursos que proporcionam melhor entendimento deste processo,
fazendo com que elaborem medidas de orientação.
• A fase de operação
Definiu-se, quando ocorre o acompanhamento técnico dos planos preventivos, ou
seja, é quando é realizada a elaboração das medidas preventivas e aplicadas nas áreas de
riscos.
• A fase de avaliação
Esta fase se aplica pela avaliação das medidas propostas pelo PPDC, verificando
falhas eventuais na formação daquele, permitindo deste modo ajustes necessários e evitando
problemas ocasionados por processos de massa e assim através das correções realizadas no
PPDC, aplicá-las seguramente nas áreas e recuperando a mesma.
Defesa Civil de Ouro Preto
Em Ouro Preto existe o órgão de Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
(COMDEC) que apenas oferece uma assistência para os moradores de áreas de riscos
geológicos da cidade. Portanto os COMDEC fornecem informações parciais para a população,
porem ainda não elabora planos ou medidas que cessassem os danos provocados pelos
diversos movimentos de massa que ocorre na cidade histórica de Ouro Preto.
Download