Câncer de Próstata: fuja do preconceito e previna-se “Este preconceito tem diminuído e esta mudança no comportamento dos homens vem sendo influenciada pelas mulheres, porque elas se cuidam e querem cuidar da saúde sexual dos companheiros. Elas os incentivam a procurar o urologista, que tem mais chances de realizar o diagnóstico precoce de câncer de próstata, uma doença silenciosa, que pode passar vários anos sem apresentar sintomas”, esclarece Dr. Oskar Kaufmann (CRM-SP 104.028), urologista, especialista em cirurgia robótica em urologia, graduado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo e com doutorado pela Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), membro da Sociedade Brasileira de Urologia e da American Urological Association, Endourological Society. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens - atrás apenas do câncer de pele não-melanoma (*), sendo considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. No Brasil, são esperados mais de 52 mil novos casos, para 2010, segundo previsão do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Na entrevista abaixo, Dr. Oskar Kaufmann fornece mais importantes informações dessa doença. Acompanhe e tire suas dúvidas. 1.Qual a função da próstata? A próstata é uma glândula exclusiva do sexo masculino e que se localiza logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra. Ela pesa entre 25 e 30 gramas e tem formato de uma noz. Sua consistência torna-se endurecida quando apresenta câncer. Ela produz cerca de 70% do líquido seminal, substância fundamental na vitalidade e no transporte dos espermatozóides. Portanto, a próstata tem um papel fundamental na fertilidade masculina. 2.Como se desenvolve o câncer de próstata? A origem do Câncer de Próstata é desconhecida, entretanto, presume-se que alguns fatores possam influenciar o seu desenvolvimento. Entre eles, o fator genético, visto a incidência desta neoplasia ser maior em familiares portadores da doença. A presença de Câncer de Próstata em parentes do primeiro grau aumenta a probabilidade de diagnóstico desse câncer em 18%. De maneira geral, esta doença acomete cerca de 10% dos homens após os 50 anos e, à medida que a idade avança, as chances crescem, chegando a acometer cerca de 50% dos homens aos 75 anos. O fator hormonal é outro bastante importante, pois essa neoplasia regride de maneira significativa com a supressão dos hormônios masculinos, como a testosterona. A testosterona não é indutora de câncer, entretanto, em homens já com a neoplasia ou com predisposição, ela estimularia seu crescimento. 3. Fatores externos ao organismo podem influenciar no desenvolvido da doença? Ultimamente, tem se dado muita atenção ao fator dieta. Dietas ricas em gordura predispõem ao câncer, enquanto que as ricas em fibras e tomate diminuem o seu aparecimento. São conclusões baseados em levantamentos epidemiológicos em áreas geográficas de maior incidência de Câncer de Próstata. Várias outras substâncias que interferem no metabolismo dos hormônios sexuais estão sob estudos, como as vitaminas, o cádmio e o zinco. O fator ambiental é alvo, também, de pesquisas. Populações de baixa incidência de Câncer de Próstata, quando migram para áreas de alta incidência, apresentam um aumento na ocorrência de casos. Por isso, poluição, cigarro, fertilizantes e outros produtos químicos estão sob suspeita. 4.Quais os principais sintomas? Como diagnosticar? O câncer da próstata não produz sintomas nas fases iniciais. Com o decorrer do tempo, podem surgir dificuldade para expelir a urina, jato urinário fraco ou aumento do número de micções. Estes sintomas são comuns nos casos de crescimento benigno, de modo que a presença deles não indica a existência de câncer, mas exige, no mínimo, uma avaliação médica. Os homens sabem que o toque digital é importante para o diagnóstico do câncer da próstata. Nestes casos, a glândula torna-se irregular e de consistência endurecida. Além do toque, dois outros exames são utilizados para identificar o câncer: dosagens do antígeno prostático específico no sangue (conhecido como PSA) e o exame de ultrassom. Atualmente, definiu-se que a melhor forma de diagnosticar o câncer da próstata é representada pela combinação de toque digital e dosagem do PSA. 5. A partir de qual idade o homem pode desenvolver ou estar mais suscetível ao aparecimento do câncer de próstata? A recomendação é que os homens com idade acima de 40 anos e com história familiar positiva para câncer de próstata e 45 anos, sem história familiar, façam os exames periódicos para a detecção precoce do câncer de próstata, com o toque retal da próstata e o PSA. 6. Há alguma estatística no Brasil, que revela o numero de homens que sofrem com o problema? E destes, quantos conseguem alcançar a cura? O Câncer de Próstata é a neoplasia visceral mais freqüente entre a população masculina, representando mais de 40% dos tumores que atingem os homens acima de 50 anos. A incidência varia de acordo com o país e com a raça, sendo mais freqüente nos Estados Unidos e Brasil que nos países orientais. Segundo a Sociedade Americana de Oncologia estima-se uma incidência de 234.460 novos casos/ano no mundo e 27.350 mortes/ano nos Estados Unidos. No Brasil há uma incidência aproximada de 50.000 casos ano . 7. Quais os tratamentos? No câncer de próstata localizado têm-se diferentes condutas, dependendo do quadro clínico e da expectativa de sobrevida do paciente. Os tratamentos são: Prostatectomia Radical: nos pacientes com bom estado geral e com expectativa de vida superior a 10 anos a cirurgia estará indicada e pode ser realizada por via supra-púbica, laparoscópica e robótica, dependendo da experiência do cirurgião. A linfadenectomia pélvica é realizada juntamente com a retirada da próstata e vesículas seminais. Nos estudos randomizados publicados até hoje, a prostatectomia radical apresenta os melhores resultados na mortalidade câncer-específico e progressão local e sistêmica da doença, além de oferecer as melhores chances de cura. Radioterapia: as modalidades utilizadas, atualmente, são a radioterapia externa convencional, a tridimensional conformacional, a modulação de intensidade de feixe e a braquiterapia. Os efeitos adversos da radioterapia são os sintomas irritativos miccionais e retais, retenção urinária em próstatas maiores e disfunção erétil. Indicada geralmente nos casos aonde existe uma expectativa de vida acima dos dez anos. Observação Vigilante: a observação é opção viável e importante no câncer de próstata localizado, mas pode ter alto risco em pacientes com expectativa de vida maior que 10 anos.Tem o intuito de preservar a qualidade de vida, com possibilidade de intervenção antes da progressão sintomática da doença. Pode-se realizar a observação nos casos de T1c (câncer detectado no aumento do PSA somente), ausência de padrão 4/5 de Gleason, menos de 3 fragmentos de biópsias positivas e nenhum fragmento da biópsia com mais de 50% comprometido. Estudos mostraram que 31% dos pacientes tiveram progressão no primeiro ano de observação e o índice de metástases foi 37% maior que no grupo submetido à cirurgia precocemente. Pode ser de risco aumentado então nos pacientes com expectativa de vida maior que 10 anos, isto é, naqueles candidatos à cirurgia radical. 8. Existe algum tratamento preventivo? Existe alguma interferência da alimentação? A prevenção do câncer da próstata não pode ser feita de forma eficiente, no momento, porque ainda não são conhecidos todos os fatores que modificam a maquinaria celular, tornando-a maligna. Estudos indicam que hábitos dietéticos podem ajudar na redução dos riscos de câncer da próstata. Neste sentido, tem-se recomendado alimentação com baixo teor de gordura animal, comum nos países onde a incidência da doença é baixa (apenas 15% do total de calorias sob forma de gordura). A ingestão abundante de tomate e seus derivados parece diminuir de 35% os riscos de câncer da próstata, segundo estudo realizado na Universidade de Harvard. O efeito benéfico do tomate resultaria da presença de grandes quantidades de licopeno, um betacaroteno natural precursor da vitamina A. Finalmente, a complementação dietética com vitamina E (800 mg ao dia) e com selênio (200 µg ao dia) parece ter um efeito protetor contra o câncer da próstata, de acordo com dados do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, de Nova Iorque. (*)http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata/definicao Dr. Oskar Kaufmann (CRM-SP 104.028) - Médico urologista e especialista em cirurgia robótica em urologia. Graduado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo e com doutorado pela Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Oskar Kaufmann é membro da Sociedade Brasileira de Urologia, American Urological Association, Endourological Society e acaba de retornar ao Brasil, após o período de um ano de pós-doutorado em Endourologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica pela Universidade da Califórnia – Irvine. Além de integrar o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, e do Hospital do Homem, Dr. Kaufmann possui mais de 30 trabalhos publicados em veículos científicos nacionais e internacionais.