HIPERPLASIA GENGIVAL EM USUÁRIOS DE APARELHO ORTODÔNTICO FIXO Acad. Anaisa Carolina Nascimento Rabelo Acad. Thais de Souza Rosa, [email protected] Orientadora: Camila Sampaio Barbosa Gomes – Msc. Em Periodontia pelo Centro de Pós-Graduação São Leopoldo Mandic, Campinas - SP RESUMO A proposta deste trabalho foi apresentar dois casos clínicos de usuários de aparelho ortodôntico fixo que desenvolveram a hiperplasia gengival, decorrentes da falha da higiene bucal. Foram selecionados pacientes jovens que fossem usuários de aparelho ortodôntico fixo nas duas arcadas, por um período mínimo de um ano e que apresentasse um aumento gengival em pelo menos uma região da boca. Exames clínicos foram realizados por uma examinadora do tipo profundidade de sondagem (PS), índice de placa (IP) e índice de sangramento a sondagem (ISS), seguidos de raspagem supra e subgengival e instrução de higiene oral. Após 30 dias, o paciente retornou apresentando melhora em seu quadro inflamatório, porém houve necessidade de intervenção cirúrgica, sendo indicada a gengivectomia, com a finalidade de recontorno gengival e facilidade de higienização pelo paciente. Foi sugerido o encaminhamento das lesões ao exame histopatológico, haja vista a possibilidade da amplitude de seu diagnóstico diferencial. A pesquisa apontou para a necessidade de, ao iniciar o tratamento ortodôntico o paciente deve ser instruído e constantemente avaliado para manter uma qualidade na saúde bucal e evitar possíveis doenças periodontais decorrentes da má higienização. Palavras-chave: Hiperplasia gengival; Higienização oral; Indicações terapêuticas; Aparelho ortodôntico fixo. ABSTRACT The purpose of this job is to present two cases of users of fixed orthodontic appliance that developed gingival hyperplasia, resulting from the failure of oral hygiene. We selected young patients who were users of fixed orthodontic appliances in both arches, for a minimum period of one year and to submit a gingival enlargement in at least one region of the mouth. The following clinical examinations were performed by an examiner, probing depth (PD), plaque index (PI) index of bleeding on probing (ISS), followed by above and subgingival scaling and oral hygiene instruction. After 30 days, the patient returned with improvement in their inflammatory, but was need for surgical intervention was indicated to gingivectomy, with the aim of gingival recontouring and ease of cleaning by the patient. It was suggested forwarding the lesions on histopathology, given the possibility of range of differential diagnosis. When you start orthodontic treatment the patient should be instructed and evaluated constantly to maintain a quality oral health and avoid potential periodontal diseases due to poor hygiene. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Key-words: Gengival hyperplasia; Oral hygiene; Indications; fixed orthodontic appliance. INTRODUÇÃO O aparelho ortodôntico é utilizado para estabelecer a estética facial e a função do aparelho estomatognático, porém, seus componentes podem levar ao acúmulo de biofilme dental, se não higienizados corretamente, considerando que a cavidade oral está geralmente exposta à colonização de vários microorganismos diferentes, podendo ser patogênicos ou comensais. Segundo Takagi et al. (1991), a Hiperplasia Gengival, também conhecida como Aumento Gengival ou Fibromatose Gengival, é um termo genérico usado clinicamente para identificar um aumento volumétrico da gengiva, frequentemente resultado do acúmulo de grandes quantidades de colágeno. Podendo ser causada por uma resposta inflamatória associada a fatores locais como placa, cálculo ou bactérias. A característica clínica comum das Hiperplasias Gengivais é o aumento no volume da gengiva livre e aderida, especialmente as papilas interproximais, podendo ser classificada em localizada ou generalizada e inflamatória ou fibrótica (REGEZI ET AL., 2008). O aspecto clínico da Hiperplasia Gengival inflamatória produz uma saliência em forma de anel em torno do dente envolvido. Esta intumescência pode aumentar até recobrir parte das coroas. Este progride lentamente e sem dor, a menos que haja complicações por infecção aguda ou trauma. Apresenta lesões com um vermelho intenso, moles e friáveis, com uma superfície lisa e brilhante, e sangram facilmente (CARRANZA, FERMIN, 2007). Histologicamente, a Hiperplasia Gengival Inflamatória tem predominância de células inflamatórias e líquidas, com ingurgitamento vascular, formação de novos capilares e mudanças degenerativas associadas. As lesões, que são relativamente firmes, resilientes e rosadas, possuem maior número de componentes fibróticos, com abundância de fibroblastos e fibras colágenas (CARRANZA, FERMIN, 2007). A Hiperplasia Gengival Fibrótica possui características clínicas de grandes massas de tecido fibroso firme, denso, resiliente e intenso, tendo início na papila interdental, propagando-se posteriormente para a gengiva marginal, tornando-se difusa. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 As superfícies vestibulares dos dentes anteriores são mais afetadas e, em alguns casos, pode cobrir toda ou parcialmente a coroa dos dentes envolvidos (Lindhe et al. (2010). Histologicamente, há aumento do tecido conjuntivo, podendo acontecer o mesmo com o epitélio, sendo principalmente caracterizado pela presença de tecido conjuntivo com revestimento irregular de múltiplas camadas de epitélio paraqueratinizado de espessura variável. Os fibroblastos estão aumentados em número e presença de vários graus de inflamação crônica (REGEZI ET AL., 2008; NEVILLE ET AL., 2008). Em todas as formas de hiperplasia, uma higiene bucal criteriosa é necessária para minimizar os efeitos da inflamação na proliferação fibrosa. A gengivoplastia, ou gengivectomia, pode ser requerida, mas deve ser realizada em combinação com a profilaxia e instrução de higiene bucal (REGEZI, 2008). Segundo Alves (2009), para que a movimentação ortodôntica alcance resultados satisfatórios é imprescindível o controle do biofilme dental tanto por parte da higienização diária do paciente, quanto por parte do profissional ao realizar uma profilaxia periódica no paciente, sendo que, também, visa-se necessário ministrar a instrução de higiene oral no início do tratamento e a constante motivação para que ela seja efetivada com sucesso. A proposta deste trabalho é apresentar dois casos clínicos de usuários de aparelho ortodôntico fixo que desenvolveram a Hiperplasia Gengival, decorrentes da falha da higiene bucal. Foram discutidos modos de restabelecimento da saúde periodontal, por meio de terapia mecânica/cirúrgica periodontal, instrução de higiene oral e encaminhamento das lesões ao exame histopatológico, haja vista a possibilidade da amplitude de seu diagnóstico diferencial. MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo selecionou, a partir dos pacientes atendidos no período de estágio, dois pacientes jovens usuários de aparelho ortodôntico fixo nas duas arcadas, por um período mínimo de um ano e que apresentassem um aumento gengival em, pelo menos, uma região da boca. Os pacientes foram orientados pelo pesquisador a respeito da natureza do estudo do qual maneira voluntária consentiram participar da pesquisa. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Para efeito da seleção, não foram considerados os pacientes que faziam uso de anticonvulsivantes, bloqueadores de canais de sódio e a ciclosporina, agente imunosupressor; pacientes com necessidade de antibioticoterapia para exame periodontal; pacientes que faziam uso crônico de drogas antiinflamatórias; pacientes que receberam antibioticoterapia antes do exame, pacientes com diabetes, hepatite, infecção por HIV, histórico de alguma doença que comprometesse severamente o sistema imune; pacientes com diagnóstico de doença periodontal necrosante, grávidas ou lactantes, considerando a influência desses fatores no resultado da pesquisa, segundo Lindhe et al. (2010). Após anamnese, os seguintes exames clínicos foram realizados por uma examinadora, Profundidade de Sondagem (PS), Índice de Placa (IP) o Índice de Sangramento a Sondagem (ISS) (AINAMO & BAY, 1975). O exame clínico periodontal foi realizado com o auxílio de um espelho bucal e uma sonda milimetrada Millenium® e as mensurações foram realizadas em seis pontos ao redor de todos os dentes, mesurada a distância da margem gengival ao fundo da bolsa periodontal. O Índice de Placa (IP) (AINAMO & BAY,1975) foi aplicado em seis sítios por dente (mesiovestibular, mediovestibular, distovestibular, mesiolingual, mediolingual e distolingual) de todos os dentes com o auxílio de uma sonda periodontal milimetrada Millenium® e substâncias evidenciadoras de biofilme dental. A presença ou ausência de sangramento foi determinada por uma suave inspeção do sulco gengival em 4(quatro) sítios por dentes (superfícies livres e proximais). A presença de sangramento indicou uma contagem positiva expressa como uma percentagem do número total de sítios examinados. Durante a execução do exame clinico, foram utilizados máscaras, luvas estéreis descartáveis, gorro, espelho clínico #5, sonda milimetrada Millenium®, gaze estéril, ficha clínica própria desenvolvida para pesquisa. Após exame clinico, todos os pacientes selecionados foram submentidos a tratamento mecânico periodontal por meio de raspagem e alisamento radicular supragengival e subgengival, utilizando curetas tipo Gracey da marca Millenium®, sob anestesia infiltrativa, e profilaxia dental com pasta profilática e pedra pomes. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Todos os pacientes foram submentidos instrução de higiene com auxílio de vídeos/fotos ilustrativos, orientados quanto ao uso de métodos de escovação e uso de dispositivos auxiliares como passa-fio e fio/fita dental para remoção de biofilme interproximal. Os pacientes retornaram após 30 dias para reavaliação clínica, com o objetivo de verificar se houve melhora do quadro clínico ou se haveria necessidade de correção cirúrgica periodontal da região hiperplasiada. RELATO DE CASO Caso 1 Paciente J.S.C, 17 anos, do gênero masculino, portador de aparelho ortodôntico fixo há 5 anos, compareceu à clínica odontológica da Faculdade Catheral queixando-se de sangramento gengival ao realizar escovação, o que foi notado há dois meses atrás. Na primeira consulta, o paciente apresentou aumento gengival na região entre os elementos 44 ao 34, nas faces vestibulares, lingual e interproximal,com papilas gengivais edemaciadas, coloração vermelho intenso, superfície lisa,brilhante, com sangramento a sondagem. No exame periodontal, observou-se ISS=54%, profundidade de sondagem com índice variando entre 1 a 4mm, na presença do evidenciador de placa, as superfícies se apresentaram sem placa visível (figura 1). A higiene bucal foi avaliada e considerada insatisfatória, sendo reforçada com a finalidade de evitar a recorrência da lesão. Figura 1 - avaliação inicial Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Após a realização do exame clínico, sob anestesia infiltrativa a distância, foi realizada raspagem supragengival/subgengival e profilaxia dental. Ao retornar após 30 dias para reavaliação clínica, o paciente não apresentou redução da Hiperplasia Gengival (profundidade a sondagem variando entre 2 a 5mm e presença de placa visível), mas houve uma diminuição de sangramento, apresentando ISS = 25% (figura 2). Figura 2 - retorno após 30 dias O paciente foi submetido a procedimento cirúrgico periodontal (gengivectomia) com a finalidade de remoção do crescimento gengival na região do elemento 34 ao 44 (figura 3). Sob anestesia infiltrativa a distância, foi realizada a demarcação dos pontos sangrantes utilizando-se uma sonda periodontal; incisão primária foi procedida, interligando-se os pontos sangrantes, com cabo e lâmina de bisturi 15C; subsequentemente, dentre as ameias interdentárias, foram realizadas as incisões secundárias. Após a remoção do tecido gengival, foi procedido gengivoplastia utilizando broca cirúrgica esférica 8, com o propósito de promover a melhor reparação estética gengival. A região foi protegida com cimento cirúrgico, sendo removido em dez dias. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Figura 3 – pós-cirúgico O fragmento removido foi fixado em formol a 10% e encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima. O diagnóstico histopatológico foi de hiperplasia gengival inflamatória. Caso 2 Paciente W.S.P.F, 16 anos, do gênero masculino, portador de aparelho ortodôntico há 2 anos. Compareceu à clínica odontológica da Faculdade Cathedral queixando-se de sangramento excessivo na gengiva e aumento gengival após o uso do aparelho. Há 9 meses foi diagnosticado com gengivite aguda, sendo submetido a tratamento mecânico de raspagem supra e subgengival. Na primeira consulta, o paciente apresentou crescimento gengival fibroso, denso, resiliente e intenso nos elementos 13 ao 27 e do 33 ao 47, nas faces vestibulares e interproximais (figura 4). Foram analisadas 112 faces, tendo como ISS=9%, profundidade de sondagem com variância entre 2 a 4 mm nas faces vestibulares e 2 a 5 mm nas faces interproximais, na presença do evidenciador de placa, as superfícies se apresentaram parcialmente coloridas. O paciente recebeu instrução de higiene oral. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Figura 4 – avaliação inicial Em seguida, o paciente foi submetido, sob anestesia infiltrativa a distância, à raspagem supragengival/ subgengival e profilaxia dental; o paciente foi orientado a retornar após 30 dias para reavaliação clinica. Ao retornar 30 dias após o controle mecânico, o paciente apresentou redução da hiperplasia nos elementos superiores, exceto nos incisivos laterais, apresentando profundidade de sondagem de 3mm. Nos elementos inferiores, não houve uma redução significativa. Porém, verificou-se a ausência total de sangramento e placa visível (figura 5). Figura 5 - Retorno após 30 dias Através da comparação destes dados e visto que a hiperplasia ainda se fazia presente, foi realizada uma gengivectomia (figura 6), seguindo-se os passos descritos no Caso 1, na região dos elementos 13 ao 23 e 34 ao 44. Uma amostra do tecido gengival foi encaminhada ao Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima, a fim de se obter um resultado histopatológico. A análise laboratorial constatou que a Hiperplasia Gengival deste paciente é do tipo inflamatória. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Figura 6 – pós - cirúgico DISCUSSÃO Considerando que a instalação de aparelhos ortodônticos fixos aumenta a retenção de placa bacteriana, esse trabalho teve como objetivo apresentar dois casos clínicos de usuários de aparelho ortodôntico fixo que desenvolveram a hiperplasia gengival, decorrentes da falha da higiene bucal. Diversas modalidades terapêuticas têm sido sugeridas na literatura, para Gebran e Gebert (2002) e Pedron et al. (2008) o método mais valioso para controle de placa bacteriana, atuando na sua prevenção e remoção, é o controle mecânico de placa bacteriana. Preconiza-se inicialmente a orientação e instrução da higiene bucal, seguida, quando houver a necessidade, da instituição dos procedimentos periodontais básicos (raspagem, alisamento e polimento corono-radiculares). Pedron et al. (2008) e Maia et al. (2011) complementa com a importância da realização das técnicas cirúrgicas ressectivas, representadas pela gengivectomia em situações clínicas mais avançadas. Além da gengivectomia convencional, pode ser realizado tratamento com laser de dióxido de carbono, que proporciona uma excelente hemostasia, diminui a formação e contração de cicatrizes, reduz edemas e redução da dor pós-cirurgica (GAMA ET AL., 2007). Segundo Lindhe et al. (2010) e Wolf et al. (2006) uma das desvantagens da técnica de gengivectomia é a cicatrização por segunda intenção. Em relação ao tempo de cicatrização, há controvérsias na literatura. Lindhe et al.(2010) e Wolf et al. (2006) relatam que a ferida cicatriza em até 90 dias; Lopes (2002) cita que o tempo ideal para cicatrização é de até 30 dias e para Villa et al (2003) e Figueredo (2008) é em torno de 7-14 dias. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 O acúmulo de biofilme poderá provocar alterações adversas nos tecidos periodontais, propiciando uma alteração na quantidade e qualidade da flora bacteriana, com relatos de aumento de inflamação gengival, aumento de exsudato gengival e perda da crista óssea alveolar (MAIA ET AL.,2011;MENEZES ET AL.,1999; OLYMPIO ET AL., 2006; SABER ET AL., 2002). Naranjo et al. (2006) e Ristic et al. (2007) realizaram estudos mostrando que os parâmetros clínicos periodontais (Índice de Placa - IP e Sangramento à Sondagem - SS) aumentam em um curto período de tempo após o início do tratamento ortodôntico, indicando que o acúmulo de biofilme deve ser considerada a principal razão para a inflamação gengival observada nesses pacientes. Entretanto, em estágios iniciais, o aumento gengival associado ao tratamento ortodôntico pode ser revestido através de tratamento periodontal básico (MAIA ET AL., 2011). A literatura relata a importância da manutenção de uma boa higiene oral em pacientes ortodônticos uma vez que evita possíveis doenças periodontais (Maia et al.,2011; Nasir et al. ,2011). Ao iniciar o tratamento ortodôntico, o paciente deve ser instruído e constantemente avaliado para manter uma qualidade na saúde bucal (NASIR ET AL., 2011). Gebran e Gebert (2002) comprovam que o melhor método para se obter um adequado controle do biofilme dental são os meios mecânicos: escovação dental, limpeza interproximal e raspagens supragengival e subgengival profissional. Dentre os meios mecânicos, o mais comum e mais aceito é através da escova dental. Sendo, a escova ideal é aquela que promove eficiente limpeza e apresenta um fácil acesso e manuseio pelo paciente de todas as superfícies dentais. Nos casos relatados nesta pesquisa, percebeu-se que a higienização oral influenciou diretamente na saúde bucal do paciente, uma vez que realizada de forma deficiente, causou a hiperplasia gengival. Clinicamente, observou-se placa visível, sangramento a sondagem e profundidade de sondagem superior a 2 mm com o diagnóstico clínico de Hiperplasia Gengival Inflamatória (caso 1) e Fibrótica (caso 2). Sendo, o diagnóstico histopatológico, no caso 1, foi compatível com as características clínicas observadas e, no caso 2, não compatível. O exame histopatológico é sugerido independentemente da modalidade de tratamento utilizada, sendo fundamental para um diagnóstico diferencial entre Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde www.cathedral.edu.br Boa Vista, n. 01, 2013 Hiperplasia Gengival e Granuloma Piogênico, Fibroma Periférico e Lesão Periférica de células gigantes, já que apresentam-se clinicamente semelhantes (PEDRON ET AL.,2006). Inicialmente, tinha-se o objetivo de apresentar três casos clínicos, contudo, precisou-se desconsiderar um dos pacientes, pois este foi submetido à exodontia dos terceiros molares, necessitando de terapia medicamentosa e química com clorexidina 0,12%, influenciando assim nos resultados desta pesquisa. Pode-se conjecturar que se este trabalho tivesse sido realizado de forma longitudinal, os resultados obtidos através dos meios mecânicos e motivacionais seriam mais satisfatórios, podendo ser descartada a intervenção cirúrgica. Sabendo que foram utilizados 30 dias para observação, os pacientes apresentaram uma melhora significativa, regredindo o quadro inflamatório e a quantidade de placa visível. CONCLUSÃO Por meio da literatura podemos constatar que o uso de aparelho ortodôntico influencia no acúmulo de placa bacteriana, em consequência dos seus componentes, podendo levar a um quadro de hiperplasia gengival inflamatória e/ou fibrótica. Tendo como a terapia mecânica e não-cirúrgica a forma mais eficaz para evitar e reduzir esta patologia quando em sua forma moderada. Em casos severos, recomenda-se optar pela terapia cirúrgica, ressaltando que todas as indicações terapêuticas devem ser combinadas com a profilaxia, instrução de higiene oral e motivação junto ao paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. TAKAGI, M; YAMAMOTO, H; MEGA, H; HSIEH, K. J.; SHIODA, S.; ENOMOTO, S. Heterogeneity in the gingival fibromatoses. American Cancer Society, v. 68, p. 2202– 2212, nov. 1991. 2. 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