Nali Souza Desenvolvimento na visão schumpeteriana A analise de Schumpeter se debruça sobre a oferta em seu dinamismo na evolução da economia. Ele expõe, sinteticamente, que enquanto novos produtos e novos processos de produção estiverem sendo adotado pelos empresários invoadores, haverá desenvolvimento, dependendo do credito bancário para o investimento se realizar e assim proporcionar crescimento. Desse modo, o empresário se apresentará como a figura do descobridor de maneiras de produzir crescentemente e com decrescentes custo unitários. As empresas, como as firmas microeconômicas, atuarão lançando novos produtos com menor preço e diversificando qualidades que encontrarão uma demanda adicional. Com essa vista, os empresários realizam investimentos em bens de capital, capacitação tecnológica, treinamento de mão-de-obra e desenvolvimento e pesquisa, buscando gerar tanto efeitos de barateamento relativo da produção como encadeamentos econômicos para frente e para tras na cadeia produtiva, ataves das novas combinações produtivas e da formação de efeitos multiplicadores na economia (economias externas tecnológicas). A ideia de que a economia se desenvolve crescentemente de modo uniforme no tempo é altamente falsa, pois o incremento do progresso técnico sozinho não é capaz de determinar a rentabilidade dos investimentos na economia, variando a rentabilidade do capital que os motiva e os permite implantar conforme se demonstram claras oscilações econômicas. Como conceito, a economia schumpeteriana sem desenvolvimento aparece como o fluxo circular de equilíbrio, em que a economia apenas repete as atividades do perioso anterior, sem nenhum incremento na produção que leve a lucros extraordinários. Nele, a renda é distribuída de acordo co o valor de mercado da produtividade marginal dos fatores utilizados nas firmas. O valor é dado no mercado e a competição elimina qualquer excedente de valor, acontecendo equilíbrio com o pleno emprego no mercador de bens, de trabalho e de capitais, o investimento apenas acompanha o crescimento demográfico, sem haver elevação na renda per capita. Novas combinações O desenvolvimento econômico resulta no rompimento do equilíbrio do paradigma da produção vigente, através de novas combinações que derivam de mudanças revolucionárias, que não incluem as adaptações para suprir os gastos dos consumidores. As novas formas de produção, de combinar e produzir com variados insumos e habilidades são próprias do sistema capitalista, mas exógenas ao fluxo circular, isto é, ao desenvolvimento natural do capitalismo. Destruição criadora A medida que ocorre o desenvolvimento, com novas combinações surgindo continuadamente e de impacto significativo, haverá abandono dos modos de produzir menos eficientes. Assim, o surgimento de novas firmas implica o fechamento das firmas antigas, causando, assim, que se lancem mão de fatores desocupados e menos produtivos. Aspectos da demanda As empresas ligadas tecnologicamente produzem insumos, maquinas, equipamentos e bens de consumo finais num plano de concorrência de mercado que induz a adoção de processos redutores de custos ou o de processos de adaptação que os permite extrair lucro puro, assegurando sua sobrevivência. As firmas que sobrevivem não so se tornam mais eficiente como ampliam sua participação no mercado, em que basicamente vai se formando por menos e mais fortes competidores (concorrentes), resultando em oligopolização e monopolização dos diferentes mercados. O papel do empresário inovador O empresário é responsável por reunir cientistas, operários, engenheiros e capitais na reafirmação da empresa no mercado com objetivo de obter lucro extraordinário, que serve para repor os financiamentos e os gastos de investimentos que fez no fluxo anterior. Nessas condições, o empresário impulsionaria o desenvolvimento econômico sempre que houvesse inovação ainda não utilizada e linhas de credito que permitissem a transformação de dinheiro em capital e assim obter novos meios de produção. Natureza e função do credito Schumpeter idealizou o banco do desenvolvimento, pois ressaltou a função do credito no desenvolvimento econômico que permitia investimento em transformações internas as firmas que as levava a crescer e a se tornar mais eficiente. Com o lucro obtido, tais firmas poderiam então sanar sua divida e assim preservar as instalações produtivas novas sem as quais não haveria o desenvolvimento, e este não teria acontecido com apenas os recursos que estava capaz de obter sem o credito. Além disso, o credito pode ser criado sem que haja grande poupança privada. No pleno emprego, a concessão de empréstimos elevaria a demanda dos fatores produtivos a ponto de gerar uma elevação nos preços, o que forçaria outras empresas a desistir de suas atividades. A pressão inflacionaria, pois, reforça a ideia de que as empresas não inovadores desaparecem no mercado concorrencial. Contudo, ao multiplicar o dinheiro circulante, a concessão de credito demandaria e criaria uma poupança induzida (função da renda disponível), necessária a ampliação das concessões subsequentes. Com a queda da demanda resultante da queda dos meios de pagamento que se faz com o pagamento dos financiamentos, a ausência de inovações levaria a recessao e a depressão da economia, em que, no entanto, ainda residem os setores desenvolvidos. Em todos os casos, a renda é redistribuída a favor dos empresários, auxiliando na oportunidade de investimentos em inovações. Os ciclos econômicos As fases do ciclo econômico são determinadas pela inovação, pelo credito e pela concorrência. Na fase ascendente, que demarca a prosperidade, estão demarcadas a inovação, a expansão do crédito, a elevação dos preços, a ausência de concorrência das firmas inovadoras, o maior crescimento da economia e o desenvolvimento. Nessa primeira fase as novas combinações se combinam com as antigas, há efeitos de encadeamento em toda economia, que vao aumentando o ritmo do crescimento até a concorrência se apresentar diminuindo o mesmo, com a maior elevação dos preços dos bens de capital e de matérias-primas. A fase declinante se destaca pela recessão e a depressão. É aquela em que se contrai a oferta de credito, diminuem os meios de pagamentos da economia, deflacionando o credito como resultado da ausência de inovação, que levam as atividades especulativas a uma crise. Os salários, que antes cresciam em menor ritmo que o crescimento da economia, diminui lentamente, sendo portanto negativa para o crescimento das firmas. O alto grau de mortalidade de empresas é próprio do sistema capitalista, bem como o é o declínio das oportunidades de investimentos que levam as crises. A concorrência perfeita provavelmente levaria a economia ao fluxo circular permanente e o monopólio, por outro lado, geraria instabilidades no sistema econômico, sendo suas atividades muito propensas a levar a crises. Adaptação da teoria schumpeterianda aos paises subdesenvolvidos A teoria schumpeteriana é mais adequada para paises com elevado estoque potencial de empresários, com disponibilidade de capitais a empresários e com grandes possibilidades de criar novas tecnologia próprias. Além disso, ele se pauta possível quando as instituições são eficientes e o governo não interfene no desenvolvimento Teoria do desenvolvimento derivado Nos paises em desenvolvimento, em contraposição aos desenvolvidos, a incorporação técnica é feita por assimilação das técnicas modernas daqueles paises já modernizados. O estado tem importância fundamental com captador de recursos para investimentos e formador das politicas econômicas e sobre a abertura comercial e de capitais. No desenvolvimento derivado, para o pais ter sucesso deve contar com o estado empresário para politicas que vao além do déficit publico e do ingresso de multinacionais, que são métodos pouco recomendados. A pauta deve se concentrar em meios de aumentar o consumo e na distribuição da renda e não no crescimento exclusivamente. Contudo, quanto mais fechado for a economia, maior será a inflação com os súbitos aumentos da demanda. No caso da contração da renda ou do surgimento das classes medias e altas, o foco da produção se inclina para a produção de bens de consumo duráveis e de luxo, em detrimento dos bens de consumo não-duraveis. Efeito deslocamento da escala de inovações Com efeito, o governo pode concorrer com o setor privado quando tenta empreender gastos que utilizam os insumos daquele, fazendo com que a escassez pressione os preços para cima e ameace as empresas, reduzindo seu lucro. Nos paises em desenvolvimento, a questão do financiamento está ligado ao patrimônio que se pode garantir para realizar empréstimos, visto que o financiamento é função da renda do tomador. De outro modo, o estado pode intervir ferecendo garantias para capitais externos e internos para financiar o desenvolvimento com base em inovações. Desenvolvimento empresarial na América latina Na América latina, o desenvolvimento é dificultado pela formação socioeconômica latifundiária, que desconfia e desconhece os negócios não-tradicionais, isto é, as industrias. Nessas, os intelectuais agem por ideologia e em relação ao pragmatismo, o que está relacionado a representação do empresário como explorador dos trabalhadorese consumidores e não como empreendedor capaz. O tamanho do mercado é também um fator fundamental, pois a insuficiência na sua dimensão impede a formação de economias de escala. Contudo, todos esses entraves vão sendo superados através de um processo de aprendizagem desencadeado pela implantação das industrias e da assimilação tecnológica. Tomando como um todo, a industrialização tardia implica concorrência das industrias já estabelecidas, pressionando o estado a intervir com medidas protetoras das industrias nacionais. No entanto, a incubação não deve ser prolongada, pois o aumento da concorrência leva a modernização mais acelerada e o correlato aumento da eficiência da economia. Basicamente, a industrialização dos paises subdesenvolvidos depende da importação de tecnologias e capitais do exterior pelos dois setores (privado, publico). Para a realização desses esforços, é necessário uma base de exportação dinâmica, que possibilite um prévio e continuo superávit na balança comercial que se preste ao pagamento das importações tecnológicas. O desenvolvimento segundo a CEPAL e o desenvolvimentismo no Brasil A Comissão Economica para a América Latina e o Caribe foi criada pelo Órgão das Nações Unidas (ONU) após a segunda guerra mundial. Seus teóricos buscaram criticar e promover o desenvolvimento dos paises subdesenvolvidos americanos, criticando fundamentalmente a teoria das vantagens comparativas. Essa ideia levantava que os paises deveriam se especializar naqueles produtos para os quais apresentavam vantagens comparativas de custo, fazendo, então, que os paises latinos fossem encorajados a fornecer matérias-primas e alimentos, por ser sua especialidade o setor primário. Segundo esse argumento, a menor incorporação da tecnologia na produção primaria e a maior demanda dos paises centrais, em virtude do crescimento de sua renda, elevariam os preços dos produtos primários. As relações de troca melhorariam em beneficio dos paises exportadores de produtos não-industriais. Desse modo, os paises periféricos não precisariam industrializar-se para atingir o desenvolvimento econômico. A ideia central admitida elas vantagens comparativas colocava que as exportações dos produtos primários seriam comparativamente mais econômicos que os bens manufaturados com o progresso técnico sendo incorporado a este e consequentemente havendo reduções de preços nesse e a manutenção dos preços dos produtos primários. Com o aumento da renda dos paises desenvolvidos, a demanda de produtos primários aumenta e os produtores aumentam sua oferta. Contudo, a m,udança no nível de produção de produtos primários é rígida, fazendo com que o aumento da oferta seja lento e a redução não sendo imediata. Assim, o ajustamento da produção aos preços no setor primário é lento, enquanto a oferta de produtos industriais é ajustável de imediato. Os salários, fruto das uniões sindicais poderosas, são mais bem defendidos nos paises desenvolvidos do que nos paises subdesenvolvidos. Com isso, o custo relativo dos salários é maior nos paises desenvolvidos, no qual a produtividade do trabalho é maior e, portanto, são aumentados os salários, constituindo motivos para a não reduição dos preços das mercadorias dos produtos industriais, sendo esses custos salariais repassados aos paises subdesenvolvidos. Em conclusão, os paises industrializados se apropriariam da oferta crescente de produtos primários a baixos preços e garantiriam a oferta de seus produtos manufaturados a mercados dependentes. Não havendo transferências de tecnologias para os paises subdesenvolvidos, sua dependência tenderia a se perpetuar, tomando a possibilidade de implantação de industrias uma estratégia de moderada dificuldade. Por fim, não haveria outra alternativa para o desenvolvimento dos paises periféricos senão a industrialização e a procura por diversificação dos produtos produzidos internamente para os mercados interno e externo. Havendo a deterioração dos termos de troca entre os paises subdesenvolvidos, se levaria um crecimento empobrecedor, em que o aumento físico das exportações levaria a um aumento das importações, pela sua demanda elástica a renda, enquanto os preços dos produtos primários tendem a cair progressivamente, por sua oferta não ser acompanhada pela sensibilidade de consumo em relação a renda. Estratégias de desenvolvimento para a América Latina A estratégia para o desenvolvimento seria a industrialização voltada para a substituição de importações, principalmente porque operaria em mercados já constituídos para tais mercadorias. Ainda, a compressão do consumo supérfluo devia ser feito com a elevação de tarifas para esses produtos, tendo em vista manter a renda no país e estimular o superávit na balança comercial. De outro modo, o incentivo ao ingresso de capitais externos busca aumentar os investimentos e assim a renda da economia, prezando pela implantação da infraestrutura básica. A realização da reforma agraria, como uma medida redistributica, aumentaria a oferta de alimentos e a renda da economia, mediante a expansão do mercado interno. O estado captador de recursos, como provedor de infraestrutura como energia, transportes e comunicações é necessário. Limites da industrialização – algumas idéias da CEPAL O subdesenvolvimento dos paises periféricos, segundo a comissão, deve-se a fatores externos e internos. Os fatores externo decorriam da dependência dospaises periféricos aos paises centrais, resultante da deterioração dos termos de troca, em que o dinamismo dessas economias se norteava apenas pelospoucos produtos de exportação. Segundo PResbich, o crescimento dos paises periféricos motra-se dependente: I) II) III) Do crescimento da renda externa e dos preços agrícolas no mercado internacional (Dependencia comercial) Das importações de maquinas e matérias-primas industriais essenciais (Dependencia Tecnologica) Do volume das importações dos outros países, isto é, de sua política econômica (Dependencia financeira) Dentre os fatores interno, a concentração fundiária, a reduzida dimensão do mercado interno, a elevada taxa de crescimento demográfico, a existência de amplos setores de subsistência e o emprego de técnicas rudimentares são fatores que estão relacionados a organização da agricultura. Por outro lado, a falta de informação dos agentes e a mesmo inexistente infraestrutura eleva os custos dos transporte, o que dificulta o aumento e a modernização da produção, causando mesmo a produção a não responder aos preços, pois as receitas pareciam não motivar tal aumento. A dificuldade de acesso a terras e o elevado crescimento populacional aumentam o numero de minifúndios improdutivos, elevando o nível de pobreza. Consequência disso é a elevação da migração rural-urbana, sem o aumento simultâneo da oferta de alimento e a massa de população pobre do meio rural que não emigra não forma mercado para a indústria. São todos esses fatores que levam a se ressaltar medidas de favorecer a adoção do progresso técnico e o aumento da renda do meio rural e o desenvolvimento do setor de mercado interno com base na reforma agrária. O imobilismo da estrutura social, retrógrada e tradicional, bloqueia a livre-iniciativa e desestimula a acumulação de capital, ao mesmo tempo em que promove a expansão do consumo supérfluo. O sistema social fechado e elitista gera privilégios na distribuição da riqueza ee da renda (como é o caso das concessões privilegiadas), dificultando a generalização dos frutos do crescimento econômico a um numero maior de pessoas. Em conclusão, o tamanho de mercado reduzido pode se dever a pobreza e a estrutura agraria inadequada, bem como da formação social. A pobreza e a baixa produtividade estão evidentemente associados, resultando do lento ritmo da inversão e do baixo nível de renda, o que gera um circulo vicioso empobrecedor. Com o crescimento demográfico, a acumulação e capital deve acelerar-se e haver necessariamente aumento dos investimento, a fim de reduzir o desemprego e as necessidades sociais, bem como manter a renda per capita. Ainda, o aumento populacional eleva os gastos sociais do estado, diminui a poupança e os investimentos, a favor de um maior gasto no consumo. Os investimento numa economia subdesenvolvida seriam importantes para melhorar a infraestrutura, a competitividade dos produtos, a abertura de novas fontes de matériasprimas e alimentos, a oferta de bens de capital e a implantação de firmas industriais. Teoria da dependência Em comparação a teoria da dependência, a teoria cepalina se propõe a avaliar a formação dos paises subdesenvolvidos como consequência do desenvolvimento do capitalismo internacional, tomando o caráter de ideologia. Na primeira, se evidenciará que são as trocas os motores da dependência desses paises. As economias periféricas, ao se industrializar, reforçam a ideia de dependência tecnológica, ao perceber que os preços dos bens de consumo produzidos internamente crescem relativamente menos que aqueles dos paises desenvolvidos, bem como quanto aos importantes bens de capital, dentre os quais as maquinas usadas na produção. A interdependência funciona dos paises periféricos em relação aos centrais se realiza de forma assimétrica, com a deterioração dos termos de troca e o aumento de preços dos bens manufaturados. Além disso, o fato de que a concorrência aumenta, forçando as empresas a manter elevados padrões de eficiência.