ALESSANDRA SANTANA DESTRA ACIDENTES OCUPACIONAIS COM MATERIAL BIOLÓGICO EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE: AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA, DOS FATORES ASSOCIADOS E DA RESISTÊNCIA GENOTÍPICA DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA AOS ANTI-RETROVIRAIS EM PACIENTES FONTE DE ACIDENTES Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. SÃO PAULO 2006 ALESSANDRA SANTANA DESTRA ACIDENTES OCUPACIONAIS COM MATERIAL BIOLÓGICO EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE: AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA, DOS FATORES ASSOCIADOS E DA RESISTÊNCIA GENOTÍPICA DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA AOS ANTI-RETROVIRAIS EM PACIENTES FONTE DE ACIDENTES Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros SÃO PAULO 2006 Destra, Alessandra Santana Acidentes ocupacionais com material biológico em profissionais da saúde: avaliação da incidência, dos fatores associados e da resistência genotípica do vírus da imunodeficiência humana aos anti-retrovirais. / Alessandra Santana Destra. -- São Paulo, 2006. xvii, 87fs Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação da Disciplina de Infectologia. Título em inglês: Occupational accidents with biological material among healthcare workers: incidence, related factors and genotypic resistance of human immunodeficiency virus to antiretroviral drugs among source patients. 1. Acidente ocupacional. 2. Profissional da área da saúde. 3. Material biológico. 4. Profilaxia antiretroviral. 5. Eventos adversos aos antiretrovirais. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA Chefe da Disciplina de Infectologia: Prof. Dr. Sergio Barsanti Wey Coordenador do Curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Arnaldo Lopes Colombo iii "Nós precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo" Ghandi. iv Dedicatória Ao meu querido pai Roberto que sempre foi e será meu grande exemplo de amizade e solidariedade. Obrigada por todos os ensinamentos e por me incentivar a caminhar em busca de todos os meus objetivos. Eu tenho certeza que um dia iremos nos abraçar e conversar como sempre fazíamos. A saudade é imensa. À minha querida mãe Verônica exemplo de vida, coragem e apoio permanente. Obrigada pelo amor, dedicação, paciência e por sempre fazer as minhas vontades. À minha querida irmã Elaine, minha maior amiga e companheira. Obrigada por compartilhar todos os momentos com carinho e sensibilidade. À minha avó Bernadete pelo carinho, dedicação e pelas incansáveis orações. Ao meu cunhado Carlos pela amizade, companheirismo e por estar presente em todas as horas. Ao meu querido Zé Neto pelo amor, respeito, paciência e compreensão, principalmente nos momentos mais tensos desta caminhada. Agradeço a Deus por ter todos vocês ao meu lado, pelo amor e incentivo que sempre concederam a mim e por sempre se orgulharem das minhas conquistas. v Agradecimentos Agradeço a Deus pela oportunidade e por estar ao meu lado iluminando todos os momentos da minha vida. Ao Prof. Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros pela confiança e oportunidade de realizar este trabalho. Obrigada pelo aprendizado e paciência durante esta trajetória. Aos Profs. Drs. Sérgio Wey e Arnaldo Colombo pela atenção e por terem incentivado e contribuído para a minha formação durante o período de pósgraduação. Aos queridos Jairo, Charlys e André pelo respeito, entusiasmo e boa vontade em atender às minhas solicitações. Aos queridos colegas Ana Paula Coutinho, Daniela Bicudo, Fernanda Parreira, Myria Ribeiro, Luciana Perdiz, Elidiana Santos, Ivani Leme, Guilherme Furtado e Dr. Osiro pelos ensinamentos, convívio e amizade compartilhada todo esse tempo. À querida Valdete, exemplo de responsabilidade e dedicação. Agradeço por nos ensinar de que as flores são capazes de brotar em qualquer jardim. Obrigada pelos abraços e sorrisos sinceros. Ao Prof. Dr. Ricardo Diaz e a Prof. Dra. Maria Cecília Araripe Sucupira pela atenção e por serem tão prestativos na realização e interpretação das amostras de genotipagem. Aos colegas dos Laboratórios de Virologia e Retrovirologia, em especial, a Sandra e a Daniela que se tornaram pessoas muito queridas, sempre dispostas a ajudar. Agradeço por todo o apoio e dedicação na realização das amostras de genotipagem. vi Aos meus queridos amigos de longa data cujas presenças, contribuições e palavras me fortaleceram e me deram coragem de seguir em frente: Nazaré, Paty Nicolini, Rachel, Youko, Sabrina, Fabiana, Cristiane, Estevan, Rafael, Priscila, Guga, Daisy e Zé Baltazar. Obrigada pelo carinho, por estarem ao meu lado em todos os momentos e por compreenderem os meus períodos de ausência durante a realização deste trabalho. À querida Marly pelo apoio, dedicação e amizade. Aos queridos amigos Dr. Marcos Cyrillo, Dra. Apoena e Gisele pelo apoio, respeito e compreensão em todos os momentos. Aos meus colegas da Pós-Graduação Claúdia Vallone, Maria de Fátima, Mônica Braga e Solange Santana que também estiveram nesta mesma caminhada. Agradeço pelas trocas de experiências, amizade e respeito. Ao querido Élcio Bakowski pela amizade, dedicação e constante incentivo. À querida Silvinha, que se revelou ao longo de todos estes anos uma amiga de todas as horas. Minha companheira de muitas jornadas desde a graduação e residência. Agradeço imensamente por ter compartilhado todos os momentos com sensibilidade, entendendo perfeitamente tudo aquilo que vivemos. Com certeza sem a sua cumplicidade e amizade tudo teria sido muito mais difícil. A todos os profissionais do Hospital São Paulo e da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina que contribuíram para a minha formação e, principalmente, àqueles que me acolheram carinhosamente e me ajudaram nos momentos mais difíceis. vii Este projeto teve o apoio da bolsa de Produtividade em Pesquisa, processo CNPq número 304350/2005-2 e da bolsa de Mestrado CAPES. viii Sumário Dedicatória ....................................................................................................... v Agradecimentos................................................................................................ vi Lista das tabelas .............................................................................................. xi Lista das figuras ............................................................................................... xii Lista de abreviaturas e símbolos ...................................................................... xiii Resumo ............................................................................................................ xvi 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1 1.1 Sistemas de vigilância das exposições ocupacionais envolvendo material biológico ................................................................................. 1.2 2 Transmissão de patógenos veiculados pelo sangue: risco de aquisição e medidas de prevenção pós-exposição ocupacional.......... 4 1.2.1 Vírus da hepatite B............................................................................... 4 1.2.2 Vírus da hepatite C............................................................................. 6 1.2.3 Vírus da imunodeficiência humana....................................................... 7 1.2.3.1 Quimioprofilaxia pós-exposição ao HIV................................................. 10 1.2.3.2 Eventos adversos aos anti-retrovirais.................................................... 13 1.2.3.3 Falência da quimioprofilaxia e resistência genotípica do HIV............... 14 2. OBJETIVO...................................................................................................... 17 3. CASUISTICA E MÉTODOS........................................................................... 18 ix 3.3.3 Acompanhamento dos profissionais expostos a pacientes portadores de HIV e que receberam quimioprofilaxia com anti-retrovirais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico................................................................................................ 3.3.4 27 Avaliação do perfil de resistência aos anti-retrovirais dos pacientesfonte de acidentes com infecção pelo HIV............................................ 28 3.3.4.1 Genotipagem......................................................................................... 28 4. ÉTICA DA PESQUISA.................................................................................... 35 5. ANÁLISE ESTATISTICA................................................................................ 35 6. RESULTADO.................................................................................................. 36 6.1 Análise dos acidentes ocupacionais com agentes biológicos............... 36 6.2 Acompanhamento dos profissionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico expostos aos pacientes com HIV que receberam anti-retroviral como quimioprofilaxia...................................................................................... 6.3 42 Descrição das características e do perfil de resistência aos antiretrovirais do vírus dos pacientes-fonte de acidentes com infecção pelo HIV................................................................................................. 6.4 45 Comparação entre o esquema anti-retroviral utilizado como profilaxia e o perfil de resistência do vírus do respectivo paciente fonte.............. 47 7. DISCUSSÃO................................................................................................... 49 8. CONCLUSÃO................................................................................................. 60 9. ANEXOS......................................................................................................... 61 10. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 79 Abstract .............................................................................................................. 86 x Lista de tabelas Tabela 01 Estudo caso-controle de fatores de risco para soroconversão pelo HIV em exposições percutâneas ....................................... 9 Tabela 02 Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com o local de trabalho.............................. 37 Tabela 03 Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo PAAMB de acordo o tipo de exposição...................................... 38 Tabela 04 Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com o momento da exposição................... 40 Tabela 05 Distribuição da utilização dos esquemas de anti-retrovirais utilizados pelos PAS como profilaxia pós-exposição ao HIV...... 42 Tabela 06 Distribuição dos eventos adversos clínicos de acordo com o esquema anti-retroviral utilizado pelos PAS como profilaxia para o HIV................................................................................... 44 Tabela 07 Distribuição dos eventos adversos laboratoriais de acordo com o esquema anti-retroviral utilizado pelos PAS como profilaxia para o HIV................................................................................... 44 Tabela 08 Características dos pacientes-fonte com infecção pelo HIV que foram incluídos no estudo (n=46)........................................ xi 46 Lista de figuras Figura 01 Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com a categoria profissional (n=3720)....... Figura 02 36 Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo PAAMB de acordo com o material biológico envolvido (n=3720)..................................................................................... Figura 03 38 Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com a sorologia do paciente fonte do acidente (n=3720)....................................................................... 39 Figura 04 Densidade de incidência dos acidentes por 1.000 pacientesano no período de outubro de 1992 a outubro de 2005............. Figura 05 Densidade de incidência dos acidentes por 41 10.000 profissionais-ano no período de outubro de 1992 a dezembro de 2004...................................................................................... Figura 06 41 Perfil de sensibilidade dos anti-retrovirais utilizados como quimioprofilaxia nos casos de exposição ocupacional atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico....................................................................... xii 48 Listas de abreviaturas e símbolos ABC Abacavir AIDS Sindrome de imunodeficiência adquirida Anti-HBc Anticorpos contra o antígeno “c” da Hepatite B Anti-HBe Anticorpos contra o antígeno “e” da Hepatite B Anti-HBs Anticorpos contra o antígeno “s” da Hepatite B Anti-HCV Anticorpos contra o vírus da Hepatite C Anti-HIV Anticorpos contra o Vírus da Imunodeficiência Humana APV Amprenavir ARV Anti-retroviral ATV Atazanavir CD4 Linfócitos CD4 (auxiliares) CDC Centers for Disease Control and Prevention CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar CCDI Centro de Controle de Doenças Infecciosas CCLIN Centre de Coordination de la Lutte contre les Infections Nosocomiales CK Creatino Quinase CRIE Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais CV Carga Viral d4T Estavudina ddC Zalcitabina ddI Didanosina DI Densidade de Incidência DLV Delavirdina DNA Acido desoxirribonucléico DST Doença Sexualmente Transmissível EA Evento Adverso EPM Escola Paulista de Medicina EFV Efavirenz ELISA Enzyme linked immunosorbent assay EPI Equipamento de Proteção Individual EPINet Exposure Prevention Information Network EUA Estados Unidos da América xiii HBeAg Antígeno “e” do vírus da hepatite B HBsAg Antígeno “s” do vírus da hepatite B HBV Vírus da hepatite B HCV Vírus da HepatiteC HIV Vírus da Imunodeficiência Humana HSP Hospital São Paulo IDV Indinavir IP Inibidores da protease IGHAHB Imunoglobulina hiperimune contra hepatite B IL Interleucina ITRN Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos ITRNN Inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos LPV Lopinavir LPV/r Lopinavir/ritonavir M Molar ml Mililitros mM Milimolar N Número NaSH National Surveillance System for Hospital Health Care Workers NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health NVP Nevirapina NFV Nelfinavir PAS Profissionais da Área da Saúde PAAMB Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico pb Pares de bases PCR Reação da Polimerase em Cadeia OSHA Occupational Safety and Health Administration RNA Acido ribonucléico RTV Ritonavir rpm Rotações por minuto SAME Serviço de Arquivo Médico SINABIO Sistema de Notificação de Acidentes Biológicos SPDM Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina SQV Saquinavir SUS Sistema Único de Saúde xiv TDF Tenofovir UNIFESP Universidade Federal de São Paulo UV Ultra-violeta V Volts ZDV Zidovudina 3TC Lamivudina PM Micromol p Nível de significância % Porcentagem > Maior Menor ou igual xv Resumo Objetivo: Avaliar a incidência e as variáveis relacionadas aos acidentes ocupacionais com material biológico em profissionais da área da saúde (PAS); determinar o perfil de resistência aos anti-retrovirais (ARV) dos pacientes-fonte de acidentes com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e avaliar a aderência e os eventos adversos (EA) relacionados aos ARV utilizados como quimioprofilaxia. Metodologia: Para avaliar a incidência e as variáveis relacionadas aos acidentes ocupacionais do complexo Hospital São Paulo - UNIFESP/EPM foram considerados os acidentes notificados e acompanhados pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico (PAAMB) durante o período de 01 de outubro de 1992 a 31 de outubro de 2005. A partir de fevereiro de 2003, foi implantado um protocolo para avaliar o perfil de resistência aos ARV dos pacientes-fonte de acidentes com infecção pelo HIV. Amostras de sangue destes pacientes foram colhidas e encaminhadas aos Laboratórios de Retrovirologia e Virologia da Disciplina de Infectologia da UNIFESP. As amostras foram submetidas a testes laboratoriais incluindo contagem de células CD4 (citometria de fluxo), carga viral para o HIV (NucliSens – Biomerieux, Lion, França) e genotipagem (análise pela base de dados Beta Test, disponível no site da Universidade de Stanford - http://hivdb.stanford.edu). Os PAS que utilizaram quimioprofilaxia para o HIV, além do acompanhamento sorológico, tiveram seguimento clínico e laboratorial durante e após o uso de ARV por estarem sujeitos à ocorrência de EA. Para esta análise foram considerados os acidentes ocorridos de fevereiro de 2003 a outubro de 2005. Resultados: Foram notificados 3.720 acidentes no período do estudo. Notamos um aumento gradativo de exposições notificadas com o decorrer dos anos. A categoria profissional em que a exposição ocorreu com maior frequência foi a enfermagem (42,8%) e a maioria dos casos foram de exposições pérfurocortantes (80,3%). Foram avaliados os perfis de resistência aos ARV de 46 pacientes-fonte de acidentes com infecção pelo HIV. A presença de resistência a algum ARV foi observada em 23 (50%) pacientes-fonte com HIV, sendo que 21 (45,6%) deles apresentavam resistência a no mínimo um ARV indicado xvi como profilaxia pelas diretrizes mais atuais do CDC (2001, 2005) e do Ministério da Saúde (2004). Para comparar o esquema de ARV prescrito como profilaxia com o perfil de resistência do HIV foram avaliadas 28 circunstâncias. Observamos a resistência de no mínimo um ARV utilizado como profilaxia em oito circunstâncias (28,6%). Destes, três apresentaram resistência a todos os ARV prescritos, o que demonstra que em todos estes casos houve risco de aquisição do vírus devido à falha da quimioprofilaxia. Um elevado número de PAS apresentou EA relacionado à quimioprofilaxia contra o HIV. Felizmente a utilização da quimioprofilaxia prescrita ocorreu na maioria das circunstâncias (73%), a substituição por outro esquema ocorreu em 23,5% dos casos. Houve a necessidade de interrupção da profilaxia por EA em apenas dois casos (3,9%). Das exposições descritas neste estudo, não houve nenhum caso de transmissão do HIV, do vírus da hepatite tipo B e tipo C. Um caso de aquisição do vírus da hepatite tipo B pós-exposição ocupacional ocorreu no complexo Hospital São Paulo – UNIFESP/EPM, porém, esta exposição não foi notificada. A detecção deste caso foi através de uma investigação em conjunto com o Serviço de Medicina Ocupacional, que relatou o fato considerando a ausência de outros riscos para aquisição da infecção. Conclusão: Um elevado número de acidentes ocupacionais com material biológico ocorreu neste serviço. Desta forma, consideramos de extrema importância os esforços direcionados à prevenção destas exposições. Encontramos uma taxa elevada de resistência aos ARV nos pacientes-fonte de acidentes o que demonstra a necessidade de revisão das padronizações nacionais referentes à profilaxia com ARV. O atendimento rápido do PAS com EA por profissionais capacitados foi fundamental na adesão à profilaxia. xvii 1 1. INTRODUÇÃO Os profissionais da área da saúde (PAS) estão frequentemente expostos aos agentes infecciosos transmitidos por acidentes ocupacionais envolvendo materiais contaminados com sangue ou fluidos corpóreos. De acordo com Tarantola et al. (2003), pelo menos 50 agentes etiológicos diferentes podem ser transmitidos nestas ocasiões. Os principais agentes envolvidos são o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e os vírus das hepatites tipo B (HBV) e C (HVC) (Beltrami et al., 2000). O risco ocupacional com agentes infecciosos é conhecido desde o início dos anos 40, porém somente no início da década de 80, com o surgimento do HIV/Aids, as medidas de prevenção e o acompanhamento dos trabalhadores expostos passaram a ser considerados (Ministério da Saúde, 2004). As primeiras recomendações para prevenir a transmissão ocupacional do HIV foram publicadas em 1982 pelo Centers for Disease Control and Prevention - CDC. Estas orientações se tornaram mais abrangentes e cuidadosas, sendo direcionadas a todos os profissionais que manipulavam pacientes, suas amostras biológicas ou seus resíduos orgânicos, definindo-se as situações de risco para a aquisição de doenças e as medidas de prevenção a serem utilizadas. A publicação mais atual do CDC, com as diretrizes para o manejo das exposições ocupacionais e as medidas a serem empregadas na profilaxia pós-exposição ao HBV, HCV e HIV, foi publicada em 2001. Em 2005 foi editado, por este mesmo Serviço, o guia específico sobre as recomendações para profilaxia pós-exposição ao HIV. As normas nacionais são baseadas nas publicações do CDC e, em 1999, o Ministério da Saúde do Brasil, através do Programa DST/Aids da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, publicou o manual de Recomendações e Condutas Após a Exposição Ocupacional de Profissionais de Saúde, que foi atualizado em 2004. Nos guias nacionais e internacionais de prevenção pré e pós-exposição está indicado o uso das “Precauções Padrão” como medida básica de prevenção que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes independente do diagnóstico incluindo: a lavagem das mãos, a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI), que atuam como barreiras físicas 2 ao contato com matéria orgânica (sangue, fluidos corpóreos) e o descarte adequado de materiais pérfuro-cortantes contaminados por material biológico. O CDC definiu, em 2001, o profissional da área da saúde como qualquer pessoa que realize atividade envolvendo contato com paciente, sangue ou outros fluidos biológicos (estudante de medicina, técnico de laboratório, enfermeira, médico, funcionário do setor de limpeza, dentre outros). A exposição ao fluido biológico foi caracterizada por ferimento percutâneo causado por agulha ou outro objeto cortante previamente contaminado, contato com mucosa ou pele não íntegra e contato com pele íntegra quando envolve áreas extensas por longo período de tempo (CDC, 2001). A incidência precisa do número de acidentes ocupacionais em PAS não é conhecida, porém, segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), anualmente estima-se que ocorram cerca de três milhões de exposições percutâneas com material biológico entre 35 milhões de profissionais ao redor do mundo, resultando num total de 16 mil casos de transmissão da hepatite C, 66 mil casos de transmissão hepatite B e 200 a cinco mil casos de transmissão do HIV (World Health Report, 2002). 1.1 Sistemas de Vigilância das Exposições Ocupacionais envolvendo Material Biológico Somente no final de 1992, o Occupational Safety and Health Administo9(i)1eSHAeospadronizha o s(lv)-5iOcc 3 (26,4%), seguido pelas unidades de internação (29,1%). A maioria das exposições foram pérfuro-cortantes (76,7%) (EPINet, 2003). Um outro sistema de vigilância, o CCLIN Paris-Nord Blood and Body Fluid Exposure Network, foi implantado em 1994 pelo Centro de Coordenação de Controle de Infecções Hospitalares de Paris e do norte da França (CCLIN Paris - Nord). Os dados de 1995 a 1998 deste sistema de vigilância mostraram que os enfermeiros representam a categoria que mais se acidenta (60%) e que a maioria das exposições (77,6%) foram com pérfuro-cortante. Observou-se neste estudo um declínio de exposições a partir da intensificação das medidas de prevenção (Tarantola et al., 2003). Em 1995, o CDC introduziu um sistema de vigilância nos EUA denominado National Surveillance System for Hospital Health Care Workers (NaSH) para rastrear as exposições ocupacionais a sangue assim como outros eventos (Wenzel, 2003). Dados de junho de 1995 a outubro de 1999, dos 60 hospitais participantes do NaSH, mostraram 6.983 casos de exposições. A maioria dos casos também ocorreu com enfermeiras (43%) e médicos (29%) e 81,9% das exposições foram pérfuro-cortantes (NaSH, 2000). O National Surveillance of Occupational Exposure to the Human Immunodeficiency Vírus do Canada documentou a exposição de trabalhadores a sangue de paciente fonte HIV positivo, sendo que 75% das exposições provocadas por agulhas contaminadas pelo HIV ocorreram em enfermeiras (Health Canadá, 2002). No Brasil, foi criado em 1997 o sistema de vigilância pelo Programa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que conta com a participação de 368 instituições de saúde. Em 1999, foi implantado em São Paulo, o Programa Estadual de DST/Aids que criou o Sistema de Notificação de Acidentes Biológicos – SINABIO. Participam deste sistema de notificação 138 diferentes municípios e, como em outros sistemas de vigilância, a sua utilização foi gradativamente aumentando. De acordo com os dados disponíveis do SINABIO, no período de janeiro de 1999 a outubro de 2003 foram registradas 5.391 notificações. A categoria profissional mais envolvida foi a enfermagem, principalmente os auxiliares de enfermagem com 2.754 (51,1%) notificações. A maioria das exposições 85% 4 ocorreram com materiais pérfuro-cortantes e 377 foram exposições mucocutâneo (Programa Estadual DST/Aids SP, 2004). Apesar dos esforços das instituições na busca dos casos, a subnotificação por parte dos PAS é um fato limitante nas ações de prevenção e controle das exposições, dificultando também o conhecimento real da extensão destes acidentes. 1.2 Transmissão de Patógenos Veiculados pelo Sangue: Risco de aquisição e Medidas de Prevenção pós-exposição ocupacional Vírus da Hepatite B O primeiro caso documentado de aquisição ocupacional desta transmissão foi publicado em 1949 por Leibowitz et al. Segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), anualmente estimase que ocorram cerca de 66 mil casos de transmissão de hepatite B no mundo (World Health Report, 2002). O risco de transmissão depende do grau de exposição ao sangue no ambiente de trabalho, da condição imunológica do profissional e da condição do paciente-fonte, caracterizada pela presença do antígeno e (HBeAg+) que expressa a replicação viral deste vírus. Estudos clínicos mostraram que os PAS que tiveram ferimentos com agulhas contaminadas com sangue contendo HBV, onde o antígeno de superfície (HBsAg) e o HBeAg estavam presentes, o risco de desenvolver hepatite na forma clínica variou entre 22% e 31% e o risco de desenvolver evidência sorológica de infecção pelo HBV foi de 37% a 62%. Em comparação, quando houve exposição com agulha contaminada com sangue HBsAg positivo e HBeAg negativo, o risco de desenvolver hepatite clínica foi de 1% a 6% e, o risco de desenvolver evidência sorológica de infecção pelo HBV foi de 23% a 37% (Werner & Grady, 1982). Apesar das exposições percutâneas oferecerem um maior risco de transmissão, elas são responsáveis por uma minoria dos casos ocupacionais de hepatite B entre profissionais de saúde. Em investigações de surtos nosocomiais, a maioria dos profissionais infectados não relata exposições percutâneas. Mas, em alguns desses estudos, quase 1/3 dos profissionais se 5 lembram de terem atendido pacientes HBsAg positivo (CDC, 2001). Isso poderia ser explicado pelo longo período de sobrevida que apresenta o HBV em sangue ressecado em superfícies, que pode alcançar mais que uma semana (Bond et al., 1981). O sangue é o material biológico que tem os maiores títulos de HBV e é o principal responsável pela transmissão do vírus nos serviços de saúde. O HBV também é encontrado em vários outros materiais biológicos, incluindo leite materno, líquido biliar, líquor, fezes, secreções nasofaríngeas, saliva, suor e líquido articular. A maior parte desses materiais biológicos não transmite o HBV efetivamente (Bond et al., 1977). A vacinação pré-exposição contra a hepatite B é a principal medida de prevenção de hepatite B ocupacional entre profissionais de saúde. Idealmente a vacinação deverá ser feita antes da admissão do profissional nos serviços de saúde. Está indicada para todos aqueles que podem estar expostos aos materiais biológicos durante suas atividades, inclusive os que não trabalham diretamente na assistência ao paciente como, por exemplo, as equipes de higienização e de apoio. A vacina contra hepatite B é extremamente segura e eficaz apresentando 90 a 95% de resposta vacinal em adultos imunocompetentes. O esquema vacinal é composto por três doses da vacina, com intervalos de zero, um e seis meses. Um a dois meses após a última dose, o teste sorológico antiHBs pode ser realizado para confirmação da resposta vacinal (presença de anticorpos protetores com títulos acima de 10 mUI/ml). Quando não há resposta vacinal adequada após a primeira série de vacinação, grande parte dos profissionais (até 60%) responderá a uma série adicional de três doses. Caso persista a falta de resposta, não é recomendada uma revacinação. Uma alternativa que deve ser considerada antes do início da segunda série do esquema vacinal, ou depois da comprovação de falta de soroconversão com seis doses da vacina (não respondedor), é a solicitação de HBsAg, para descartar a possibilidade desses profissionais terem infecção crônica pelo HBV e que, portanto, não estariam apresentando “resposta vacinal”. O profissional de saúde não respondedor (sem resposta vacinal a 2 6 séries com 3 doses cada) deve ser considerado como susceptível à infecção pelo HBV (Ministério da Saúde, 2004). Doses de reforço da vacina não são recomendadas de rotina, uma vez que, os indivíduos que respondem à série básica permanecem imunes mesmo quando os anticorpos anti-HBs tornam-se baixos ou indetectáveis (Wainwright et al, 1997). Segundo o National Institute for Occupational Safety and Health – NIOSH (2000), em 1983 ocorreram 17.000 casos novos de hepatite B e após a instituição da vacinação e adoção das Precauções Padrão, entre outras recomendações, observou-se um declínio de 95% deste número, correspondendo a 800 casos novos em 1995, em PAS. Caso ocorra uma exposição a materiais biológicos com risco conhecido, ou provável, de infecção pelo HBV, o não respondedor deve utilizar a imunoglobulina hiperimune contra hepatite B (IGHAHB), preferentemente dentro de 24 horas após o acidente. Não existe benefício comprovado de seu uso após uma semana da exposição (Ministério da Saúde, 2004). A IGHAHB trata-se de uma imunização passiva preparada com plasma contendo altos títulos de anticorpos contra o antígeno de superfícies do vírus B e confere imunidade temporária contra o HBV. A IGHAHB deve ser aplicada por via IM. Ela fornece imunidade provisória por um período de 3 a 6 meses após a administração. É constituída por mais de 100.000 UI de anti-HBs, sendo produzida a partir de plasma de indivíduos que desenvolvem altos títulos de anti-HBs quando são submetidos à imunização ativa contra a hepatite B. A gravidez e a lactação não são contraindicações para a utilização da IGHAHB (Ministério da Saúde, 2004). Vírus da Hepatite C O risco médio de soroconversão é de 1,8% após exposição percutânea a um paciente-fonte HCV positivo, variando entre 0% e 7% (Lanphear, 1994, Puro, 1995). O vírus da hepatite C (HCV) só é transmitido de forma eficiente através do sangue. O risco de transmissão em exposições a outros materiais 7 biológicos que não o sangue não é quantificado, mas considera-se que seja muito baixo. A transmissão do HCV a partir de exposições em mucosas é extremamente rara. Nenhum caso de contaminação envolvendo pele nãoíntegra foi publicado na literatura. Não existe nenhuma medida específica eficaz para redução do risco de transmissão do vírus da hepatite C após exposição ocupacional. Os estudos não comprovaram benefício profilático com o uso de imunoglobulinas (Torres et al., 2000). Vírus da Imunodeficiência Humana O primeiro caso de aquisição ocupacional do HIV foi publicado em 1984, onde uma enfermeira após exposição percutânea por agulha contendo sangue contaminado adquiriu o vírus (Anonymous,1984). No mundo, até dezembro de 2001, foram documentados 99 casos confirmados e 181 casos possíveis de transmissão do HIV pós-exposição ocupacional em PAS. Dentre os casos norte-americanos confirmados (57 casos), 86% foram exposição a sangue e 88% foram exposições percutâneas (CDC, 2001, Do et al., 2003). Oitenta e um por cento de todos os casos documentados apresentaram síndrome compatível com infecção aguda pelo HIV 25 dias, em média, após a exposição (CDC, 2001). Busch & Satten em 1997 relataram em seu trabalho que apesar da grande maioria dos profissionais de saúde apresentarem conversão sorológica em dois meses, cerca de 5% podem demorar mais de seis meses. Os casos de contaminação ocupacional pelo HIV podem ser caracterizados como comprovados ou prováveis. De maneira geral, casos comprovados de contaminação por acidente de trabalho são definidos como aqueles em que há evidência documentada de soroconversão e sua demonstração no decorrer do tempo associada à exposição ao vírus. No momento do acidente, os profissionais apresentam sorologia não reativa, e durante o acompanhamento se evidencia sorologia reativa. Alguns casos em que a exposição é inferida (mas não notificada) também podem ser considerados como casos comprovados de contaminação quando há evidência 8 de homologia da análise seqüencial do DNA viral do paciente-fonte e do profissional de saúde. Os casos prováveis de contaminação são aqueles em que a relação causal entre a exposição e a infecção não pode ser estabelecida porque a sorologia do profissional acidentado não foi obtida no momento do acidente. Os profissionais de saúde apresentam infecção e não possuem nenhum risco identificado para infecção diferente da exposição ocupacional, mas não foi possível a documentação no decorrer do tempo da soroconversão. No Brasil, Rapparini (2006) identificou quatro casos documentados de transmissão do HIV. O primeiro caso trata-se de uma enfermeira que adquiriu o vírus em 1994, após um acidente com artigo pérfuro-cortante quando estava auxiliando uma punção venosa de um paciente com HIV. Este caso foi investigado pela Divisão de Vigilância Epidemiológica do Programa Estadual DST/Aids (Santos et al., 2002). O risco de transmissão do HIV após exposição percutânea com sangue infectado é de 0.3% (IC 95% = 0.2%-0.5%) (Tokars et al., 1993, Bell, 1997) e após exposição em mucosas 0.09% (IC 95% = 0.006%-0.5%) (Ippolito et al., 1993). Sangue e qualquer fluido orgânico contendo sangue visível são materiais biológicos implicados na transmissão do HIV. Fluidos orgânicos como líquor, líquidos amniótico, peritoneal, sinovial, pericárdico são considerados de risco indeterminado para transmissão, diferentemente do suor, lágrima, fezes, urina e saliva que não apresentam risco algum desde que não apresentem sangue. Nestas circunstâncias não se indica nem a quimioprofilaxia nem o acompanhamento sorológico (CDC, 2001). O risco associado a mordeduras tem sido estudado, embora não exista caso de transmissão ocupacional do HIV por esta via. São consideradas exposições de risco quando envolvem a presença de sangue, devendo ser avaliadas tanto para o indivíduo que provocou a lesão quanto para aquele que tenha sido exposto (Ministério da Saúde, 2004). Os fatores de risco para a soroconversão após exposição percutânea com sangue infectado pelo HIV foram avaliados por Cardo et al. em 1997 através de um estudo tipo caso-controle, multicêntrico envolvendo quatro 9 países: Itália, França, Reino Unido e Estados Unidos da América. Este estudo demonstrou que o risco varia de acordo com: tamanho do inóculo, tipo de fluido biológico envolvido, grau da injuria, tipo de agulha envolvida (calibrosa / oca), presença de sangue visível no dispositivo contaminado, utilização em procedimento vascular e associado a injuria profunda paciente-fonte com carga viral elevada, paciente-fonte em estágio terminal, início tardio (>2 horas) da quimioprofilaxia. Ficou demonstrado ainda que o uso profilático da ZDV esteve associado à redução de 81% (IC95% = 46 – 94%) do risco de soroconversão após exposição ocupacional (Tabela 1). Tabela 1 – Estudo caso-controle de fatores de risco para soroconversão pelo HIV em exposições percutâneas FATOR DE RISCO ODDS RATIO IC95% Lesão profunda 15 6.0 – 41 Sangue visível no dispositivo 6.2 2.2 – 21 Agulha previamente em veia ou artéria do 4.3 1.7 – 12 paciente-fonte Paciente-fonte com Aids em fase terminal 5.6 2.0 – 16 Uso de zidovudina após exposição 0.19 0.06 – 0.52 Fonte: Cardo et al., 1997. Existe alguma evidência de que mecanismos de defesa do hospedeiro podem influenciar o risco de transmissão do HIV. Pinto et al. (1995 e 1997) demonstraram que os PAS expostos, mas não infectados pelo HIV, apresentavam resposta imune mediada por linfócitos T citotóxicos específicos contra o HIV, o que pode ser um mecanismo protetor ou apenas um marcador de exposição. Em um outro estudo realizado pelo nosso Grupo de Pesquisa em Acidentes Ocupacional da UNIFESP, Rodrigues et al. (2002) concluíram que, apesar da baixa taxa de conversão sorológica, os profissionais acidentados podem desenvolver uma resposta imune caracterizada no estudo por uma 10 indução da produção “in vitro” de interleucina (IL-10) por células mononucleares de sangue periférico. Quimioprofilaxia pós-exposição ao HIV Atualmente, existem diferentes classes de medicamentos anti-retrovirais (ARV) disponíveis para tratar a infecção pelo HIV, porém nem todos são indicados para profilaxia. Estas drogas atuam em diferentes fases do ciclo de replicação viral do HIV, incluindo os inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN), inibidores da transcriptase reversa nãoanálogos de nucleosídeos (ITRNN), inibidores de protease (IP) e um único inibidor de fusão, que ainda não está disponível na rede pública nacional. Atualmente temos disponível no Brasil os seguintes ARV: Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN): - abacavir – ABC - tenofovir - TDF - didanosina – ddI - zalcitabina - ddC - estavudina – d4T - zidovudina – AZT - lamivudina – 3TC Inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos (ITRNN): - delavirdina – DLV - nevirapina – NVP - efavirenz – EFZ Inibidores da protease (IP): - amprenavir – APV - nelfinavir – NFV - atazanavir – ATZ - ritonavir – RTV - indinavir – IDV - saquinavir – SQV - lopinavir/ritonavir – LPV/r 11 Em 1990, o CDC normatizou o uso de zidovudina como profilaxia pósexposição (CDC, 1990). No entanto, não haviam dados publicados da eficácia desta medida. Estes fatos permaneceram obscuros até 1997 quando Cardo et al. documentaram o decréscimo do risco de soroconversão ao HIV em PAS que fizeram uso da ZDV. Além disso, existem evidências de redução da transmissão vertical do HIV com o uso de ARV, o que reforça estas recomendações (Connor et al., 1994). Estimativas sugerem que 10 bilhões de vírions do HIV são produzidos diariamente em pacientes com infecção estabelecida resultando em mutações genéticas freqüentes, incluindo as mutações responsáveis pela resistência do HIV aos ARV (Perelson et al., 1996). O aumento da sobrevida com redução da viremia com os esquemas combinados de ARV (Jochimsen, 1997) e a identificação de casos de falha com a profilaxia pós-exposição com ZDV isoladamente (Li et al. 1998) levaram à opção de associação de drogas. Por estes motivos, o CDC passa a recomendar o uso de lamivudina (3TC) visando abranger cepas resistentes ao ZDV ou adiar a emergência das mesmas, sem aumento considerável de toxicidade. Da mesma forma uma terceira droga, um inibidor de protease (IP), como o indinavir e mais recentemente o nelfinavir, deve ser associado ao esquema em casos de exposição de risco aumentado ou onde a resistência ao ZDV e ao 3TC é suspeitada (CDC, 1998). Em 1999, Ippolito observou que a associação de outras drogas tinha mais chance de sucesso para inibir a replicação viral, agindo em etapas distintas do ciclo replicativo, e atenuando ou até evitando a infecção sistêmica pelo HIV, podendo oferecer maior efeito protetor nos PAS expostos, considerando também que nem sempre o profissional procura prontamente o serviço responsável pela avaliação do acidente (Ippolito, 1999). Outro fato considerado é o tratamento dos pacientes infectados pelo HIV. Regimes de combinação com três ou mais agentes ARV provaram superioridade comparados à monoterapia e regimes terapêuticos com duas drogas, possibilitando a redução da carga viral do HIV, reduzindo a incidência de infecções oportunísticas e morte, além de prorrogar a resistência às drogas (Yeni et al., 2004, Wang et al., 2000). Teoricamente, uma combinação de 12 drogas com atividades em fases diferentes do ciclo replicativo viral, como por exemplo, análogos de nucleosídeos com um IP poderiam oferecer um efeito protetor maior, particularmente para exposições profissionais com maior risco de transmissão ou para transmissão de um vírus resistente (CDC, 2005). Por outro lado, os eventos adversos relacionados à profilaxia são freqüentes, sendo importante considerar esquemas para os casos de exposição. Para os casos com baixo risco, oferecer um regime de duas drogas é uma opção viável, principalmente porque o benefício de completar os 28 dias indicados excede o benefício de somar o terceiro agente (Bassett et al., 2004), sendo que, a seleção do esquema deve ser baseada nos agentes toleráveis para uso em curto prazo. Por estas razões, atualmente o CDC recomenda o uso de duas, três ou mais drogas de acordo com o risco de transmissão do HIV conforme a exposição (CDC, 2005). Quando indicada, a quimioprofilaxia para o HIV deverá ser iniciada o mais rápido possível, idealmente, nas primeiras duas horas após o acidente, no prazo máximo em até 72h. A duração da quimioprofilaxia é de 28 dias (CDC, 2001, CDC 2005). O início precoce da quimioprofilaxia é fundamental, pois pode prevenir a disseminação sistêmica do vírus. Spira et al. em 1996, publicaram um estudo em modelo animal com macaco rhesus mostrando que 24hs após a inoculação intravaginal do HIV haviam células infectadas próximas ao local de inoculação. De 24 a 48hs do contato, os linfonodos mais regionais foram infectados e em 5 dias o vírus foi detectado no sangue periférico. O Manual do Ministério da Saúde (2004), que contempla as diretrizes nacionais, propõe um fluxograma para a indicação de quimioprofilaxia com medicamentos ARV (anexo 01). Recomenda-se, em situações de menor risco de transmissão, o uso de duas drogas anti-retrovirais ITRN, preferencialmente a associação de zidovudina com lamivudina, se possível combinadas na mesma formulação. Em situações de maior risco, recomenda-se o uso de esquemas potentes, com a adição de um IP (nelfinavir ou indinavir e em certas ocasiões associados ao ritonavir como adjuvante farmacológico). O uso de ITRNN, particularmente da 13 nevirapina, não é recomendado em esquemas de profilaxia pós-exposição ocupacional, devido aos relatos de reações adversas graves com o medicamento nesta situação. Em caso de exposição com risco elevado de resistência a uma ou mais drogas anti-retrovirais normalmente indicadas para quimioprofilaxia, deve-se considerar a possibilidade de utilizar esquemas alternativos. Tendo em vista a alta taxa de abandono observada em alguns estudos, é fundamental o monitoramento da toxicidade e da adesão à terapia, independentemente do esquema escolhido. Em acidentes envolvendo fonte desconhecida ou paciente com sorologia ignorada, geralmente não se recomenda quimioprofilaxia, exceto em situações epidemiológicas de maior risco, como por exemplo, em unidades de atendimento com alta incidência de pacientes infectados pelo HIV. Em 2005, foi publicado o guia específico sobre as recomendações para profilaxia pós-exposição ao HIV. Este guia destaca a ampliação das opções de ARV como profilaxia, enfatiza a administração imediata de ARV, falência da quimioprofilaxia, opinião de experts, eventos adversos, interação medicamentosa, aderência à profilaxia e seguimento do profissional (CDC, 2005). Eventos adversos aos ARV O esquema ARV profilático deve ser utilizado por 28 dias, porém, devido a toxicidade e os eventos adversos, uma proporção significativa de profissionais não utilizam o tempo indicado (Wang et al., 2000, Swotinsky et al., 1998, Parkin et al., 2000, Puro, 2000, Lee & Henderson, 2001, Russi et al., 2000). Desta forma, a toxicidade destes agentes, inclusive a freqüência, severidade, duração e a possibilidade de reversão de efeitos colaterais, deve ser considerada para a seleção de ARV como profilaxia. A maioria das informações sobre os eventos adversos foi descrita para pessoas com infecção pelo HIV estabelecida e que recebem terapia anti-retroviral prolongada, o que pode não refletir a experiência em pessoas não infectadas. Evidências de estudos clínicos sobre tratamento de pacientes com HIV indicam que os ARV 14 são melhores tolerados entre os pacientes com infecção pelo HIV do que quando usado como profilaxia (CDC, 2005). Estudos mostram que uma proporção significativa de PAS (17% a 47%) que utilizaram ARV depois de exposições profissionais com fontes HIV positivas não completaram as quatro semanas indicadas devido à intolerância às drogas (Wang et al., 2000, Swotinsky et al., 1998, Parkin et al., 2000, Lee & Henderson, 2001, Russi et al., 2000) Dados do NaSH, de junho de 1995 a dezembro de 2004 indicam que 401 (46.9%) de 921 PAS com pelo menos uma visita de seguimento depois de iniciar os ARV apresentaram um ou mais sintomas. A maioria foi náusea (26.5%), seguido por mal-estar e fadiga (22.8%). Dentre os 503 PAS que interromperam o uso de ARV precocemente (<28 dias), em 361 (24.0%) foi por causa de efeitos adversos (CDC, 2005). Foram informados dados semelhantes pelo Registro Italiano de Profilaxia de Pós-exposição com ARV que inclui dados de exposição ocupacional e não ocupacional. Em análise multivariada, os regimes que incluíram IP provavelmente apresentaram mais efeitos colaterais e descontinuação do esquema precocemente (< 28 dias) (Puro, 2000). Falência da Quimioprofilaxia e Resistência Genotípica do HIV A falha da quimioprofilaxia em prevenir a contaminação pelo HIV já foi descrita na literatura em 24 circunstâncias. Até 2005, foram documentados seis casos de transmissão ocupacional envolvendo vírus resistente (Jochimsen, 1997; Beltrami et al., 2002; Hawkins et al., 2001; CDC, 2005). Não se sabe ao certo quão eficaz é o esquema proposto pelos guias nacionais e internacionais para quimioprofilaxia pós-exposição ocupacional ao HIV, mas existe a possibilidade do vírus da fonte apresentar resistência a estes esquemas ARV. O aparecimento de cepas resistentes é um fator importante a ser considerado. À medida que o HIV é exposto aos ARV, a seleção de cepas resistentes ocorre, sendo esta a maior causa de falha terapêutica. 15 A resistência genotípica do HIV pode ser primária, quando a pessoa já é infectada por um vírus resistente, ou pode ser secundária em decorrência da pressão seletiva que os próprios ARV proporcionam ao HIV nos pacientes em tratamento. Um indivíduo que não esteja fazendo uso de ARV gera cerca de 10 bilhões de vírus por dia, ocasionando inúmeras mutações diariamente (Perelson et al., 1996). Testes de genotipagem e de fenotipagem foram desenvolvidos para se detectar as mutações associadas com a resistência do HIV aos ARV e para conhecer a sensibilidade dos mesmos à cepa estudada. Um dos primeiros estudos que comprovaram o benefício do uso da genotipagem para orientar a terapêutica anti-retroviral foi o estudo Viradapt, realizado na Europa, onde o grupo de pacientes que teve sua terapêutica orientada pela genotipagem apresentou 32% de carga viral indetectável contra 14% do grupo controle que não utilizou o exame (Durant et al., 1999). Porém, a realização de testes de resistência no momento da exposição não está indicada na prática clínica, devido à impossibilidade dos resultados estarem disponíveis a tempo para influenciar a escolha do regime inicial de ARV. Não existem dados sugestivos de melhora da eficácia do esquema profilático modificados depois que o teste de resistência esteja disponível (Puro, 2003). El-Far et al. (2005) avaliaram o perfil de resistência de 44 pacientes com HIV fonte de acidentes ou que atuavam como fonte de acidentes ocupacionais em um hospital universitário. Em dezoito (41%) pacientes foram identificadas mutações, as quais representavam resistência relacionada a transcriptase reversa, protease ou ambos. Destas, 16 (89%) tiveram resistência a drogas indicadas como profilaxia. O CDC em 2005 publicou o guia específico para profilaxia pós-exposição ao HIV que reafirma o uso de ARV nestas circunstâncias. Entretanto, permanecem algumas questões primordiais, como por exemplo: Como e quando alterar o regime ARV e para quais drogas? Desta forma, consideramos a importância da realização deste estudo em nosso meio devido à falta de estudos nacionais avaliando o perfil de resistência aos ARV do vírus de pacientes-fonte de acidentes e os esquemas 16 recomendados pelo Ministério da Saúde, assim como avaliação das variáveis relacionadas as exposições com material biológico. 17 2. OBJETIVOS 2.1. Avaliar a incidência e as variáveis relacionadas aos acidentes ocupacionais notificados em um hospital terciário de ensino. 2.2. Determinar o perfil de resistência aos anti-retrovirais dos pacientes com infecção pelo HIV fonte de acidentes. 2.3. Comparar o perfil de resistência anti-retroviral que o paciente-fonte apresentava no momento do acidente com o esquema anti-retroviral que foi prescrito como quimioprofilaxia aos profissionais da área da saúde vitimas destes acidentes. 2.4. Avaliar a aderência e os eventos adversos relacionados aos antiretrovirais em profissionais da área da saúde vítimas de acidentes com material contaminado. 18 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS 3.1 Tipo de estudo Estudo tipo coorte com análise de dados obtidos em ficha padronizada de coleta. 3.2 Local do Estudo 3.2.1 Complexo Hospital São Paulo / UNIFESP - EPM O Hospital São Paulo (HSP) iniciou suas atividades em 1937, trata-se de uma instituição de ensino conveniado à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM) gerenciado pela Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Esta instituição, situada na cidade de São Paulo, realiza atendimento terciário tendo como principal demanda pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), dispõe de Unidades de Internação, Unidades Ambulatoriais, Unidades de Terapia Intensiva, Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, Berçário, Pronto Socorro e completa estrutura para diagnóstico convencional e intervencionista, além de realizar procedimentos de alta complexidade. O HSP - UNIFESP – EPM através de parcerias com o Governo Estadual possui ainda, vínculos com unidades de assistência à saúde primaria e secundária, dentre elas as Unidades Básicas de Saúde. Em 1992, ano em que os dados deste estudo passaram a ser considerados, o HSP possuía 620 leitos com 147.792 pacientes-dia no ano. Com o decorrer dos anos, a estrutura do HSP foi crescendo, sendo que, em 2005, ano de encerramento da coleta de dados deste estudo, este número aumentou para 792 leitos com um total de 177.355 pacientes-dia no ano. Com relação ao número de profissionais que atuam nesta instituição tínhamos 2.498 em 1992 e 5.799 profissionais em 2004. A equipe de enfermagem atualmente é composta por 471 enfermeiros, 1669 profissionais 19 de nível médio (auxiliares e técnicos de enfermagem) e 109 atendentes de enfermagem. A equipe de fisioterapia é composta por 183 profissionais contratados e especializandos. A equipe médica é composta por 503 profissionais contratados, além dos docentes e médicos pós-graduandos. O Serviço de Limpeza do complexo HSP – UNIFESP – EPM é terceirizado desde 1987 e atualmente duas empresas de Higiene trabalham para a instituição com um total de 444 funcionários. Também atuam na instituição funcionários dos laboratórios de Análises Clínicas, Anatomia Patológica, Lavanderia, escriturários, auxiliares administrativos, mensageiros e secretárias. Dentre os profissionais em formação que atuam na instituição temos os cursos de graduação em Medicina, Enfermagem, Ciências Biológicas, Fonoaudiologia e Tecnologia Oftálmica, que oferecem anualmente 273 vagas. A instituição mantém desde 1957 o curso de residência médica que conta atualmente com 41 programas de especialidades diferentes disponibilizando 508 vagas. A residência de enfermagem ofereceu em média 28 vagas ao ano para ingresso no curso no período de 1995 a 2004. Além disso, a Universidade mantém em funcionamento 43 programas de pósgraduação. 3.2.2 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Desde 1984, o HSP dispõe de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), responsável pela padronização de medidas de prevenção e controle de infecção, com o objetivo de minimizar os riscos a que estão expostos os pacientes e os próprios profissionais do HSP – UNIFESP – EPM. Além disso, esta Comissão avalia a presença de infecção hospitalar nos pacientes internados e quais os possíveis fatores que contribuíram para sua ocorrência entre outros. A CCIH, assim como o Serviço de Racionalização de Antimicrobianos, o Serviço de Vigilância Epidemiológica e o Núcleo de Avaliação e Controle Ambiental, faz parte da Comissão de Epidemiologia Hospitalar. 20 Considerando as exposições ocupacionais dos PAS ao HIV, HBV e HCV, em outubro de 1992, foi criado o Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico (PAAMB) do complexo HSP – UNIFESP – EPM, sendo este vinculado à CCIH. 3.2.3 Exposições ocupacionais notificadas ao Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico As exposições ocupacionais atendidas neste serviço foram notificadas pessoalmente na CCIH e, fora do horário de funcionamento deste serviço, foram realizadas através de um “pager”. Os profissionais quando se acidentaram seguiram um fluxograma préestabelecido (anexo 2) que recomenda a realização dos cuidados locais com a área afetada, a comunicação à chefia imediata e a notificação à CCIH para avaliação e atendimento do caso, ressaltando que as exposições são consideradas como emergência médica. Amostras de sangue para a realização de sorologias para o HIV, HBV e HCV foram colhidas do paciente-fonte e do profissional acidentado para pesquisar e documentar a presença ou não de algum destes marcadores sorológicos no momento da exposição. A partir do momento da notificação do acidente, a equipe avaliou a necessidade ou não da indicação de quimioprofilaxia e seguimento ambulatorial de acordo com as variáveis epidemiológicas e os resultados das sorologias realizadas. Os PAS atendidos neste programa contaram com o suporte do Banco de Sangue para a realização das sorologias e do Centro de Imunológicos Especiais da UNIFESP que disponibilizou vacinas e imunoglobulinas quando estas se fizeram necessárias. Da mesma forma, o profissional acidentado imediatamente pode receber o esquema de anti-retrovirais profilático quando indicado. 21 Neste serviço, os profissionais de saúde que tiveram exposição com risco de transmissão do HIV, HBV e/ou HCV receberam atendimento e acompanhamento de acordo com as recomendações atualizadas do CDC e do Ministério da Saúde. Especificamente para prevenção da transmissão do HIV, o Ministério da Saúde do Brasil orienta o uso de anti-retrovirais conforme a classificação de risco da exposição do CDC, entretanto, a partir de 2000, como conduta deste serviço, sempre que houvesse indicação de profilaxia com ARV, era prescrito o esquema expandido com três drogas considerando a possibilidade de resistência do vírus (Marino et al, 2001). Todos os exames sorológicos foram realizados pelo Banco de Sangue do HSP – UNIFESP / EPM e os exames de análises clínicas, colhidos durante o acompanhamento foram realizados pelo Laboratório Central do HSP. Os profissionais de saúde que apresentaram resultado positivo para HIV, HBV e/ou HCV (no momento do acidente) foram encaminhados para os serviços especializados para realização de outros testes, acompanhamento clínico e laboratorial e tratamento quando indicado. No decorrer dos anos algumas modificações foram ocorrendo no Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico (PAAMB). Em 1992, ano de início do programa, um instrumento padrão foi instituído para atendimento após o acidente que incluía a identificação do profissional e as características do acidente. Este instrumento, utilizado até os dias de hoje, recebe uma numeração para possibilitar o envio codificado de amostras de sangue do funcionário para garantir o sigilo referente ao resultado das sorologias colhidas. Modificações pertinentes foram realizadas neste instrumento nos anos de 1995, 1999, 2001 e 2003 (anexo 3,4, 5 e 6). Em 2001, foi introduzido neste serviço o teste de detecção rápida do anti-HIV (HIV-R), o que possibilitou a triagem inicial dos pacientes-fontes em até uma hora, garantindo assim a introdução adequada e precoce da terapia ARV. Anteriormente a este período, estava disponível apenas o teste imunoenzimático (ELISA) para detecção do anti-HIV, o que acarretava, na maioria das vezes, em indicação desnecessária da terapia ARV considerando que a liberação do resultado através deste método poderia, na prática diária, demorar mais de 48 horas. A introdução do teste rápido demonstrou uma 22 redução significativa das indicações desnecessárias da terapia ARV (p= 0,0004; OR=3.75;IC95% = 1.71 – 8.44) (Coutinho et al, 2004). Até fevereiro de 2003 o acompanhamento dos profissionais que utilizaram ARV como profilaxia era realizado no ambulatório do Centro de Controle de Doenças Infecciosas (CCDI). A partir desta data, a CCIH passou a realizar o acompanhamento completo dos profissionais. 3.3 População do estudo 3.3.1. Avaliação da epidemiologia dos acidentes notificados a CCIH Para avaliar a incidência e as variáveis relacionadas aos acidentes ocupacionais no complexo HSP – UNIFESP – EPM foram considerados os 3.720 acidentes notificados ao Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico (PAAMB) durante o período de 01 de outubro de 1992 a 31 de outubro de 2005. Os instrumentos de coleta utilizados no atendimento destes acidentes foram registrados em planilha eletrônica do Programa Excel para realização desta pesquisa. Esta planilha foi constituída pelos dados registrados nas fichas de atendimento das exposições ocupacionais ao PAAMB. Foram excluídos os registros de profissionais que não tiveram exposição ao material biológico e os registros com ausência de dados sobre a descrição do acidente. As fichas de atendimento foram reformuladas no decorrer dos anos, sendo então necessário, agrupar algumas informações para possibilitar a avaliação do período completo. As variáveis consideradas para este estudo foram: • Idade • Gênero: masculino e feminino • Categoria profissional: categoria profissional que o PAS pertencia no momento do acidente 23 o equipe de enfermagem: enfermeiros, atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem o profissionais em formação: residentes médicos, residentes de enfermagem e especializando da fisioterapia o alunos: graduandos de enfermagem e medicina o médicos: médicos com qualquer vínculo na instituição exceto residente o funcionários da limpeza: funcionário da higiene com qualquer vínculo na instituição o outros: profissionais do laboratório, profissionais da lavanderia, bombeiro, policiais, auxiliares administrativos entre outros o sem informação: dado não descrito na ficha • Local de trabalho: unidade ou setor onde o PAS estava quando ocorreu o acidente o Enfermarias Infecciosas, Clínicas: Clínica Cardiologia, Médica, Gastroclínica, Pneumologia, Nefrologia, Doenças Neurologia, Hematologia, Reumatologia, Endócrino, Geriatria, Pediatria o Enfermarias Cirúrgicas: Gastrocirurgia, Transplante Renal, Cirurgia Vascular, Cirurgia do Tórax, Cirurgia Cardíaca, Cirurgia Plástica, Cirurgia Pediátrica, Neurocirurgia, Urologia, Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Oftalmologia o Centro cirúrgico: centro cirúrgico, centro obstétrico o Unidade de Terapia Intensiva (UTI): UTI da Anestesiologia, UTI da Pneumologia, UTI Cardiológica, Unidade de Pós Operatório Cardíaco, UTI da Clínica Médica, UTI Pediátrica, UTI Neonatal o Pronto-Socorro: Sala de Emergência Clínica e do Trauma, Observação, Retaguarda, Pronto Atendimento o Outros: Laboratório, Ambulatório, PSF, Banco de Diagnóstico Sangue, por Amparo Imagem, Lavanderia, Endoscopia entre outros o sem informação: dado não descrito na ficha Maternal, Hemodinâmica, 24 • Intervalo para notificação: tempo decorrido entre a hora do acidente e o primeiro contato do PAS com um profissional da CCIH, que pode ter ocorrido pessoalmente, através de telefone e/ou pager o ≤ 2 horas o > 2 horas: 2-48 horas e > 48 horas o sem informação: dado não descrito na ficha • Tipo de exposição: avaliação do tipo de contato com o material biológico o pérfuro-cortante: lesão superficial, puntiforme, profunda ou cortante o mucosa: mucosa ocular e/ou oral o pele não íntegra o pele íntegra o sem informação: dado não descrito na ficha • Ocorrência de sangramento em exposições pérfuro-cortantes: dado sobre a gravidade da lesão pérfuro-cortante o Sim o Não o sem informação: dado não descrito na ficha • Artigo envolvido: instrumento envolvido na exposição pérfuro-cortante o Agulha: agulha com ou sem lúmen o Lâmina: lâmina de bisturi, lâmina de barbear o outros instrumentos perfurantes ou cortantes: vidrarias, etc. o sem informação: dado não descrito na ficha • Material biológico envolvido: material biológico envolvido na exposição o sangue o fluido contendo sangue o outros líquidos – grupo que incluiu os líquidos cavitários (líquido cefalorraquidiano, líquido peritoneal, líquido sinovial), secreções e excreções 25 o não visível: material biológico não visível no dispositivo envolvido no acidente o sem informação: dado não descrito na ficha • Fonte do acidente: identificação e classificação da fonte do material biológico envolvida no acidente do PAS o paciente-fonte conhecido – acidente que ocorreu com paciente identificado e do qual foi possível a coleta de amostra de sangue para a realização das sorologias para o HIV, HBV e HCV o fonte desconhecida - acidente no qual não foi possível colher os exames para realização de sorologias, devido ao óbito, transferência ou evasão do paciente e acidente que ocorreu com material já utilizado sem ser possível a identificação de paciente, como por exemplo, exposições com material já descartado em caixas de pérfuro-cortante o sem informação: dado não descrito na ficha • Resultados das sorologias do paciente-fonte: resultados das sorologias para HIV, HBV e HCV colhidas do paciente-fonte no momento do acidente • Vacinação contra hepatite B: levantamento sobre a história vacinal do PAS o vacinação completa: indivíduos que receberam 03 doses ou mais da vacina o vacinação incompleta ou não realizada: indivíduos que receberam uma ou duas doses e indivíduos sem história prévia da vacinação o sem informação: dado não descrito na ficha • Utilização de equipamento de proteção individual (EPI): avaliação se no momento do acidente o PAS estava utilizando EPI (luvas, avental, máscara, óculos de proteção, protetor facial) o Sim o Não o sem informação: dado não descrito na ficha 26 • Momento do acidente: se o acidente ocorreu durante o procedimento de assistência direta ao paciente ou após o procedimento • Circunstância do acidente: ação que gerou o acidente o Auto-acidente: quando o PAS foi responsável pelo próprio acidente, durante a utilização do artigo e/ou realização do procedimento, exceto em casos de encape após o uso o Colega movimentou-se: quando o colega que auxiliava o procedimento movimentou-se e, inadvertidamente, causou o acidente o Paciente movimentou-se e causou o acidente o Local impróprio: quando o PAS acidentou-se com um artigo esquecido ou desprezado em local impróprio (ex. agulha ou lâmina deixada em cima de bancadas) o Encape após o uso: quando o PAS acidentou-se durante a tentativa de recolocar a capa em agulhas ou lâminas, após a utilização do instrumento em algum procedimento o Durante o descarte: quando o profissional acidentou-se no momento do descarte do instrumento o Outros: outras situações relatadas pelos PAS que não puderam ser classificadas nas descrições acima o sem informação: dado não descrito na ficha 3.3.2. Avaliação da densidade de incidência de acidentes Para o cálculo da densidade de incidência (DI) dos acidentes ao longo dos anos foram utilizados dois cálculos: a densidade de acidentes pelo número de pacientes-dia por período por 1.000 (DAP1) e densidade de acidentes pelo número de profissionais da instituição ano por 10.000 (DAP2). Esses dados foram obtidos no Serviço de Arquivo Médico (SAME). Para calcular o DAP1 foram utilizados os números de pacientes-dia no período de outubro de 1992 a outubro de 2005. Para o calculo do DAP2 foram utilizadas as informações que corresponderam ao período de outubro de 1992 a dezembro de 2004, enquanto que os dados referentes ao ano de 2005 ainda não estavam disponíveis quando realizada esta análise. As equações a seguir apresentam as fórmulas de cálculo dessas taxas: 27 Acidentes no período DAP1 = ___________________________ X 1.000 Pacientes-dia no período Acidentes no período DAP2 = ___________________________ X 10.000 Profissionais no período 3.3.3 Acompanhamento dos profissionais expostos aos pacientes portadores de HIV e que receberam quimioprofilaxia com ARV atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico Nos casos com indicação de quimioprofilaxia para o HIV, além do acompanhamento sorológico por seis meses ou um ano, os profissionais foram acompanhados com seguimento clínico e laboratorial durante e após o uso de ARV por estarem sujeitos à ocorrência de eventos adversos (EA). Relatamos neste estudo os eventos adversos (EA) relacionados ao uso de ARV e a adesão a esta profilaxia pelos profissionais acompanhados no PAAMB de fevereiro de 2003 a outubro de 2005. Neste período, foram acompanhados 51 PAS que requereram o uso de ARV. O acompanhamento clínico-laboratorial foi agendado para o 14º dia de uso de ARV e no término da profilaxia (após 28 dias). Em cada consulta foram avaliadas a ocorrência e a intensidade dos EA clínicos e laboratoriais. Os EA clínicos pesquisados nas consultas foram: alterações gastrointestinais, alterações neurológicas, mal estar, prurido, exantema, mialgia e outro evento relatado pelo profissional. Os exames laboratoriais colhidos foram: hemograma completo, transaminases e bilirrubinas, uréia e creatinina séricas e outros exames caso o clínico julgasse necessário. 28 O ambulatório para o atendimento destes casos ocorreu às quartasfeiras no período da tarde e às sextas-feiras no período da manhã e contou com atendimento médico e de enfermagem. Além disso, o profissional acidentado foi orientado a procurar este serviço de atendimento em caso de quaisquer sintomas ou sinais clínicos que pudessem sugerir toxicidade medicamentosa. 3.3.4 Avaliação do perfil de resistência aos anti-retrovirais dos pacientesfonte de acidentes com infecção pelo HIV A partir de fevereiro de 2003, foi implantado um protocolo para avaliar o perfil de resistência aos ARV dos pacientes-fonte de acidentes com infecção pelo HIV. Amostras de sangue destes pacientes foram colhidas e encaminhadas aos Laboratórios de Retrovirologia e Virologia da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo. Assim que coletadas, as amostras foram submetidas a testes laboratoriais incluindo contagem de células CD4 por citometria de fluxo, carga viral para o HIV (NucliSens – Biomerieux, Lion, França) e parte delas foram estocadas para posterior realização da genotipagem. Para obter as informações destes pacientes-fonte, foi aplicado um instrumento próprio para coletar os seguintes dados: tempo de diagnóstico do HIV, tempo de exposição aos anti-retrovirais, uso prévio e atual de ARV no momento da inclusão no estudo, aderência aos ARV, doenças oportunistas dentre outras (anexo 7). Foram avaliados os perfis de resistência aos ARV e o histórico relacionado à doença de 46 pacientes-fonte HIV positivo dos acidentes ocorridos de fevereiro de 2003 a outubro de 2005. 3.3.4.1 Genotipagem Etapas do teste de genotipagem O teste de genotipagem obedeceu as seguintes etapas: 29 Etapa 1: Coleta de amostras sanguíneas Foi coletado 5 ml de sangue do paciente-fonte HIV em tubos estéreis de coleta com EDTA e enviados ao Laboratório de Retrovirologia. As amostras ficaram armazenadas à temperatura de -20ºC até o momento da realização do teste de genotipagem. Etapa 2: Extração do ácido nucléico do HIV-1 O DNA proviral do HIV-1 foi extraído das amostras coletadas de pacientes-fonte HIV positivo utilizando-se o kit da QIAGEN Inc. (Santa Clarita, CA, EUA) – QIAamp DNA Blood Mini Kit, conforme o protocolo a seguir: 1. Em um tubo de 1,5 mL previamente identificado com o número da amostra, pipetou-se 20 µL da protease (ou proteinase K). Para este tubo, foram transferidos 200 µL da amostra e homogenizado rapidamente com a pipeta. Posteriormente adicionou-se 200 µL do tampão AL. 2. Homogeneizou-se bem o tubo no agitador e foi encubado em termobloco a 56º C por 10 minutos. 3. Ao mesmo tubo adicionou-se 200 µL de etanol absoluto. 4. Todo o conteúdo foi transferido para uma coluna, identificada com o número da amostra. 5. Centrifugou-se por 1 minuto na rotação máxima (12.000 – 16.000 rpm). 6. Transferiu-se a coluna para um novo tubo coletor, descartando o anterior. 7. Foi adicionado à coluna 500 µL da solução AW1, e centrifugado por 1 minuto na rotação máxima. 8. Repetiu-se o passo 6. 9. Foi adicionado à coluna 500 µL da solução AW2, e centrifugado por 3 minutos na rotação máxima. 30 10. A coluna foi transferida para um novo tubo de 1,5 mL previamente identificado,e adicionado 100 µL do tampão TE na temperatura ambiente, e então incubado por 5 minutos a temperatura ambiente. 11. Centrifugou-se por 1 minuto na rotação máxima e descartada a coluna utilizada. O tubo contendo o DNA extraído foi acondicionado a –20º C. Etapa 3: Reação em cadeia pela polimerase (PCR) Nesta etapa, a região pol do genoma do vírus, que codifica as enzimas virais transcriptase reversa e protease, foi amplificada pela técnica de PCR (reação da polimerase em cadeia). • Região de gene pol A PCR foi realizada em duas etapas (nested). A primeira etapa amplificou um fragmento do gene pol do HIV-1 de 1,2Kb (localizado na posição 2146-3337 do HXB2r) utilizando iniciadores (primers) descritos por Kozal et al. (1996) K1 – 3’ CAG AGC CAA CAG CCC CAC CA 5’ – e K2 - 3’ TTT CCC CAC TAA CTT CTG TAT GTC ATT GAC A 5’. As concentrações dos reagentes foram: Primer K1 Tampão MgCL2 dNTP 1X 3,5 mM 0,4 mM 0,2 µM Primer K2 Taq DNA polimerase 0,2 µM 0,25 unidades As condições de ciclagem foram: 1 ciclo 35 ciclos 1 ciclo Tempo 10 minutos 1 minuto 1 minuto 2 minutos 10minutos Temperatura 94 º C 94 º C 55 º C 72 º C 72 º C 31 • Região de Protease Após o término da fase anterior, 5µL desta solução foram transferidos para um outro tubo onde se amplificou o fragmento da região da protease, contendo aproximadamente 350 pb (localizado na posição 2198-2598 do HXB2r), utilizando os iniciadores descritos por Pianiazek et al. (1991) DP10 – 3’ TAA CTC CCT CTC AGA AGC AGG AGC CG 5’ e DP11 - 3’ CCA TTC CTG GCT TTA ATT TTA CTG GTA 5’. As concentrações dos reagentes foram: Tampão MgCL2 dNTP Primer DP10 Primer DP11 Taq DNA polimerase 1X 2,0 mM 0,4 mM 0,2 µM 0,2 µM 0,25 unidades As condições de ciclagem foram: 1 ciclo 35 ciclos Tempo 10 minutos 45 segundos 45 segundos 1 minuto 7 minutos Temperatura 94 º C 55 º C 72 º C 72 º C • 94 º C 1 ciclo Região de Transcriptase Reversa Para amplificar a região da transcriptase reversa, 5µl da mesma solução da primeira etapa foram transferidos para um outro tubo, onde se amplificou um fragmento de aproximadamente 700 pb (localizado na posição 2518-3320 do HXB2r), Os iniciadores utilizados nesta PCR foram aqueles descritos por Frenkel et al. (1995) F1 - 3’ GTT GAC TCA GAT TGG TTG CAC 5’ e F2 – 3’ GTA TGT CAT TGA CAG TCC AGC 5’. As concentrações dos reagentes foram: Tampão MgCL2 dNTP Primer F1 Primer F2 Taq DNA polimerase 1X 2,0 mM 0,4 mM 0,3 µM 0,3 µM 0,25 unidades 32 As condições de ciclagem foram: Tempo 1 ciclo 35 ciclos 1 ciclo 10 minutos 45 45 segundos 1 minuto 7 minutos 55 º C 72 º C 72 º C segundos Temperatura 94 º C 94 º C Etapa 4: Detecção dos produtos amplificados Após a PCR, as amostras de DNA amplificados foram separadas em gel de agarose 1,5 % peso/volume em Tris-borato/ EDTA (TBE) 0,5 X (0,89M Tris; 0,89 M ácido bórico e 0,02 M EDTA pH 8,0), contendo brometo de etídeo (0,5 g/ml). As corridas eletroforéticas foram efetuadas a 100 Volts (V), no tempo médio de 40 minutos, em tampão de TBE 0,5 X. O marcador padrão utilizado para a comparação de peso molecular dos fragmentos amplificados foi o de 100 pares de base (pb) (GIBCO/BRL, Gaithersburg, MB, EUA). O gel de agarose foi visualizado e fotografado sob iluminação ultra-violeta (U.V.) (320nm), utilizando câmera digital DC 40 (Kodak, Rochester, NY, EUA). Etapa 5: Purificação dos produtos das PCRs Os produtos de PCR das amostras foram purificados pelo QIAquick PCR Purification Kit (QIAGEN, Chatsworth, CA, USA) conforme o protocolo abaixo: 1. Inicialmente, uma alíquota de TE foi pré-aquecida a 65-70º C. Foram pipetados 400 µL da solução H1 em um tubo 1,5 mL, previamente identificado com o número da amostra, e também todo o volume do produto de PCR. 2. A coluna de purificação foi colocada em um tubo de lavagem de 2,0 ml, e para esta coluna foi transferido o volume obtido no primeiro passo. 3. A coluna foi centrifugada por 1 minuto a 12000 rpm. 4. O fluído restante do tubo de lavagem foi descartado e posteriormente foi adicionado à coluna 700 µL da solução H2. 33 5. Foi repetido o passo três. 6. O fluído restante foi descartado. 7. Foi novamente repetido o passo 3, a fim de eliminar totalmente os resíduos de lavagem. 8. Somente a coluna foi transferida para um tubo de 1,5 mL devidamente identificado e então foram adicionados 50 µL de TE, já na temperatura de 65-70º C. 9. Foi incubado durante 1 minuto em temperatura ambiente. 10. Posteriormente foi centrifugado por 2 minutos a 12000 rpm. 11. Foram descartados a coluna e o tubo; o produto purificado acondicionado a –20º C. Etapa 6: Reação de sequenciamento As amostras purificadas foram sequenciadas segundo o protocolo de sequênciamento automatizado baseado no método de Sanger et al. (1977). O produto de PCR purificado e quantificado foi adicionado nas concentrações de 100 -150 ng/µL à reação de sequenciamento contendo 4 µL do mix Big Dye Terminator (Applied Biosystems Inc), 2µL tampão 5X (400mM Tris HCl pH 9,0,10 mM de MgCl2,) 3,6 pmols do iniciador, água MiliQ em quantidade suficiente para 20 µL finais da reação. Esta reação foi submetida à ciclagem de temperaturas: 94º por 2 minutos; 25 ciclos de 94ºC por 15 segundos, 55º C por 30 segundos e 60 º C por 4 minutos. As fitas positivas e negativas do DNA da região pol do HIV-1 foram sequenciadas separadamente através de utilização de iniciadores no sentido sense e reverso. O volume final da reação de sequenciamento foi submetido a precipitação dos fragmentos de DNA por adição de etanol à 80 %, e centrifugação à 12000 por 30 minutos; esta etapa é necessária para a retirada dos dideoxinucleotídeos (ddNTPs) fluorescentes não incorporados que podem interferir na detecção dos fragmentos sequenciados. O precipitado foi submetido a lavagens com etanol a 70 % e ressuspenso em 20 µL de formamida. Procedeu-se então a desnaturação das fitas a 94º C por 2 minutos e a reação foi armazenada a -20º C até o momento de sua utilização. 34 As amostras foram submetidas à corrida eletroforética em sequenciador automático ABI –modelo 3100 (Applied Biosystems Inc). As seqüências nucleotídicas foram editadas utilizando o programa SEquencher. Etapa 7: Análise e interpretação da resistência genotípica aos antiretrovirais As seqüências de nucleotídeos geradas da protease e da transcriptase reversa do gene pol do HIV-1 foram transferidas para o banco de dados eletrônico Beta Test, disponível no site da Universidade de Stanford (http://hivdb.stanford.edu), para serem analisadas e interpretadas. No programa existente neste banco de dados (Beta Test), as seqüências identificadas foram comparadas com as seqüências do vírus selvagem padrão, através de listas pré-estabelecidas. Desta forma, são identificadas as mutações e se elas têm relação com a resistência. Para tanto, o programa utiliza a somatória de valores associados a cada mutação de resistência e o total desta somatória está relacionado com o nível de resistência apresentado pelo vírus, conforme abaixo. Ressaltamos que na elaboração dos resultados, qualquer nível de resistência foi descrito como resistente. VALOR DA SOMATÓRIA 0-9 NÍVEL DE RESISTÊNCIA Susceptível 10-14 Potencial De Resistência Baixa 15-29 Resistência Baixa 30-59 Resistência Intermediária >60 Alta Resistência IMPLICAÇÕES Isolados virais deste tipo não mostram redução de susceptibilidade a droga Isolados virais deste tipo podem não causar resistência, porém indicam a possibilidade de prévia drug selection Isolados virais deste tipo reduzem in vitro a susceptibilidade da droga O genótipo sugere grau de resistência maior que o nível baixo e menor que o nível alto Isolados virais deste tipo possuem alto níveis re resistência em vitro 35 As mutações primárias são as primeiras a serem selecionadas quando o vírus está sobre influência dos anti-retrovirais e diminuem a ligação do medicamento ao seu sitio de ação. As mutações secundárias são aquelas que contribuem para resistência da droga embora o façam de maneira mais indireta; precisam estar associadas a outras para causarem resistência. 4. Ética da pesquisa Este projeto foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP – EPM sob o número de 1521/04. 5. Análise dos dados As variáveis selecionadas neste estudo referentes aos acidentes ocupacionais notificados, ao perfil de resistência aos anti-retrovirais dos pacientes-fonte com infecção pelo HIV, a aderência e os eventos adversos relacionados a quimioprofilaxia com ARV foram submetidos à análise descritiva. 36 6. RESULTADOS 6.1 Análise dos acidentes ocupacionais com agentes biológicos Foram analisados 3.720 acidentes ocupacionais com material biológico notificados ao PAAMB durante o período de 01 outubro de 1992 a 31 de outubro de 2005. Destes, 2.831 (76,1%) ocorreram em profissionais do sexo feminino e 889 (23,9%) do sexo masculino. A categoria profissional em que a exposição ocorreu com maior frequência foi a de enfermagem (enfermeiros, técnicos, auxiliares e atendentes de enfermagem) com 1.657 (44,5%) casos notificados, seguidos pelos profissionais em formação (residentes médicos, residentes de enfermagem e especializandos de fisioterapia) com 694 (18,7%) casos, Funcionários da Limpeza com 11,3%, Equipe médica com 10,7%, outros profissionais (instrumentadores, dentistas, funcionários do laboratório, funcionários da lavanderia e auxiliares administrativos) com 8,1% e os alunos do curso médico e de enfermagem com 6,5% (Figura 1). Figura 1. Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com a categoria profissional (n=3720) OUTROS 8,1% ALUNO 6,5% SEM INFORM AÇÃO 0,2% ENFERM AGEM 44,5% M ÉDICO 10,7% LIM PEZA 11,3% PROFISSIONAIS EM FORM AÇÃO 18,7% *Profissionais em formação: residentes médicos, residentes de enfermagem e especializandos de fisioterapia 37 Os locais de trabalho onde os acidentes ocorreram com maior freqüência foram as Enfermarias Clínicas com 22,7%, seguidas pelo Pronto Socorro com 15,2% e pelas Enfermarias Cirúrgicas com 13,2% (Tabela 2). O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento inicial pelo PAAMB foi > 2 horas em 53,4% dos casos, ≤2 horas em 45,3% e em 1,2% esta informação era desconhecida. Tabela 2. Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com o local de trabalho LOCAL DE TRABALHO N % Enfermaria Clínica 846 22,7 Pronto Socorro 565 15,2 Enfermaria Cirúrgica 490 13,2 Unidade de Terapia Intensiva 417 11,2 Centro Cirúrgico 400 10,8 Outro 977 26,3 Sem Informação 25 0,7 3720 100,0 Total Global Quanto ao tipo de acidente, 80,3% dos casos foram pérfuro-cortantes, seguidos pela exposição de mucosa com 14,4%. (Tabela 3). Avaliando especificamente os acidentes pérfuro-cortantes, em 88,4% houve sangramento, enquanto que, este fato não ocorreu em 7,9% dos casos. O material pérfuro-cortante mais envolvido nas exposições foi a agulha com 82,9%, seguida pela lâmina com 9,5%, outros materiais (vidrarias e outros instrumentos perfurantes ou cortantes) 9,4% e em 0,5% não havia informação descrita. O sangue foi o material biológico mais envolvido nas exposições representando 67,5% dos casos, seguido por exposições a material não visível 38 com 15,3% e de outros fluidos (líquidos cavitários, secreções e excreções) com 8,5% (Figura 2). Tabela 3. Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo PAAMB de acordo o tipo de exposição TIPO DE EXPOSIÇÃO N % Pérfuro-cortante 2987 80,3 Mucosa 537 14,4 Pele Integra 68 1,8 Pele Não Integra 51 1,4 Sem Informação 77 2,1 3720 100,0 Total Global Figura 2. Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo PAAMB de acordo com o material biológico envolvido (n=3720) OUTROS FLUIDOS 8,5% FLUIDO COM SANGUE 7,9% SEM INFORM AÇÃO 0,8% NÃO VISÍVEL 15,3% SANGUE 67,5% As sorologias dos pacientes-fonte de acidentes estiveram distribuídas da seguinte forma: não reagentes para o HIV, HBV e HCV em 51,9% casos; paciente-fonte era desconhecido em 28,6%; reagente para alguma das sorologias pesquisadas (HIV, HBV e/ou HCV) em 15,3% das exposições, conforme detalhamento na figura 3. Vale destacar que, a realização de sorologia para hepatite C foi disponibilizada neste serviço a partir do ano de 1993. 39 Figura 3. Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com a sorologia do paciente fonte do acidente (n=3720) Negativo 5 Desconhecido 28,6% HIV+ 7,2% HCV+ 4,7% HBV+ 1,5% HIV HBV+ 1,0% HIV HBV+ 0,3% HBV HCV+ 0,3% HIV HBV HCV+ 0,2% Sem Informação 4,2% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Negativo: Paciente-fonte com sorologias para o HIV, HBV, HCV não reagentes Desconhecido: Paciente-fonte não identificado ou sem amostra para realização de sorologias HIV+: Paciente-fonte com sorologia reagente para o HIV HCV+: Paciente-fonte com sorologia reagente para o vírus da hepatite C HBV+: Paciente-fonte com sorologia reagente para o vírus da hepatite B HIV HCV+: Paciente-fonte com sorologia reagente para o HIV e vírus da hepatite C HIV HBV+: Paciente-fonte com sorologia reagente para o HIV e vírus da hepatite B HBV HCV+: Paciente-fonte com sorologia reagente para o vírus da hepatite B e C HIV HBV HCV+: Paciente-fonte com sorologia reagente para o HIV e o vírus da hepatite B e C Sem informação: Paciente-fonte registrado na ficha e resultado de sorologia não localizado O auto-acidente ocorreu em 43,6% das circunstâncias (isto é, acidentes que ocorreram devido à ação do próprio PAS que se acidentou, sem influência de terceiros, exceto em casos de encape após o uso). O material esquecido ou desprezado em local impróprio representou 20,8% das circunstâncias, conforme descrito na Tabela 4. A utilização de equipamento de proteção individual foi observada em 59,9% dos casos, e quanto à vacinação contra o HBV, que é oferecida gratuitamente aos PAS, 56,9 % dos PAS já haviam recebido o esquema completo no momento da exposição. 40 Ao avaliarmos o número de acidentes notificados no decorrer dos anos, agrupados em períodos, notamos um aumento gradativo de exposições notificadas. Quando avaliamos a densidade de incidência dos acidentes pelo número de pacientes-dia por período (informação disponível de outubro de 1992 a outubro de 2005) por 1.000 e pelo número de profissionais da instituição por período (informação disponível de outubro de 1992 a dezembro de 2004) por 10.000, verificamos que este resultado se confirma (Figura 4 e 5). Tabela 4. Distribuição dos acidentes ocupacionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico de acordo com o momento da exposição MOMENTO DO ACIDENTE N % Auto Acidente 1565 43,6 Colega movimentou-se 301 8,4 Paciente movimentou-se 290 8,1 Outro 22 0,6 Sem Informação 12 0,3 746 20,8 Encape após o uso 268 7,5 Durante o descarte 260 7,2 Transportando 120 3,3 Outro 5 0,1 Sem Informação 3 0,1 Circunstâncias de acidentes ocorridos durante os procedimentos (N=2190) Circunstâncias de acidentes ocorridos após os procedimentos (N=1402) Material esquecido ou desprezado em local impróprio Sem informação (N=128) 41 Figura 4. Densidade de incidência dos acidentes por 1.000 pacientes-ano no período de outubro de 1992 a outubro de 2005 25,0 21,4 18,3 20,0 15,5 15,0 10,0 11,4 9,0 5,0 0,0 1992-1993 1994-1996 1997-1999 2000-2002 2003-2005 Figura 5. Densidade de incidência dos acidentes por 10.000 profissionaisano no período de outubro de 1992 a dezembro de 2004 80,0 55,4 60,0 64,5 64,4 40,7 40,0 30,9 20,0 0,0 1992-1993 1994-1996 1997-1999 2000-2002 2003-2004 42 6.2 Acompanhamento dos profissionais atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico expostos aos pacientes com HIV que receberam anti-retrovirais como quimioprofilaxia No período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 foram notificados ao PAAMB 1.063 acidentes ocupacionais. Destes, 76 casos envolveram exposição ao material biológico de paciente-fonte com HIV. Em 51 circunstâncias houve indicação de ARV e nas demais situações, a quimioprofilaxia não foi prescrita, pois o tipo de exposição ou material biológico envolvido na exposição não representou risco de transmissão. Em 41 casos (80%) houve algum tipo de evento adverso relacionado ao esquema, seja clínico ou laboratorial. Entre os eventos clínicos que julgamos correlacionados com o uso das medicações, agrupamos alguns sintomas em síndromes. Consideramos alterações gastrintestinais como náuseas, vômitos, desconforto abdominal ou diarréia, as alterações neurológicas como cefaléia ou tonturas, e mal-estar geral como indisposição inespecífica, adinamia, inquietação ou irritabilidade. Utilizamos quatro combinações de ARV: zidovudina (ZDV) associado a lamivudina (3TC) em quatro casos; ZDV associado a 3TC e nelfinavir (NFV) em 35 casos; ZDV associado a 3TC e indinavir (IDV) em 11 casos e ZDV associado a 3TC e atazanavir (ATZ) em apenas um caso. Houve troca do esquema profilático em 12 casos e suspensão completa do esquema em duas circunstâncias conforme tabela abaixo. Tabela 5: Distribuição da utilização dos esquemas de anti-retrovirais utilizados pelos PAS como profilaxia pós-exposição ao HIV Anti-retrovirais Nº de % Troca de % Suspensão utilizados indicações esquema total de ARV (N=51) (N=12) (N=2) % ZDV+3TC+NFV 35 69% 8 23% 2 6% ZDV+3TC+IDV 11 22% 4 36% 0 0% ZDV+3TC 4 8% 0 0% 0 0% ZDV+3TC+ATZ 1 2% 0 0% 0 0% ZDV:zidovudina; 3TC:lamivudina; NFV: nelfinavir, ATZ: atazanavir 43 Quanto ao surgimento de EA observamos que 50% dos PAS que utilizaram ZDV + 3TC apresentaram EA clínicos, dentre eles sintomas gastrintestinais, eventos neurológicos e mal estar inespecífico. Dois de quatro profissionais tiveram exames laboratoriais colhidos e não apresentaram alterações. Outro esquema utilizado foi a associação de ZDV com 3TC e NFV, utilizado em 35 PAS. A ocorrência de eventos gastrintestinais foi relatada por 26 profissionais (74%), mal estar por 14 (40%), eventos neurológicos por 11 (31%) e alterações menstruais por seis profissionais (19,4%) dos 31 casos de utilização em pacientes do sexo feminino, no entanto, este foi um sintoma que nem sempre foi lembrado de ser inquirido durante o acompanhamento. Dores musculares foram relatadas por quatro pacientes (11%), prurido por dois (6%), exantema por dois (6%) e perda ponderal (4kg) por um paciente (3%). Seis funcionários (17%) sob uso desta profilaxia não se queixaram de qualquer EA clínico. Em relação aos EA laboratoriais com o uso desta associação, o acompanhamento periódico conforme o protocolo, foi possível em 26 pacientes (74%). Os EA laboratoriais estiveram presentes em 13 pacientes (50%).Entre os eventos observados, os mais freqüentes foram as elevações de enzimas hepáticas, como transaminases, fosfatase alcalina ou gama GT, que ocorreu em nove pacientes (35%). As alterações hematológicas, ou citopenias ocorreram em cinco pacientes (19%), outros EA como hiperamilasemia, elevações de creatino-quinase (CK) e creatinina ocorreram raramente. Na associação de ZDV, 3TC e IDV, utilizada em 11 funcionários, observamos a ocorrência de EA gastrointestinal em sete pacientes (64%) e um caso para cada evento a seguir: prurido, exantema, litíase renal e queixa de ressecamento de mucosas. Nove destes funcionários colheram os exames laboratoriais de forma regular, e em apenas um caso houve elevação de enzimas hepáticas e em outro caso houve alteração de urina I (hematúria). A associação de ZDV, 3TC e ATZ foi utilizada em uma funcionária portadora de dislipidemia em tratamento dietético. O único EA clínico relatado foi menstrual (aumento dos dias de fluxo). Quanto aos EA laboratoriais, notamos um discreto aumento da creatinina. 44 Tabela 6: Distribuição dos eventos adversos clínicos de acordo com o esquema anti-retroviral utilizado pelos PAS como profilaxia para o HIV Eventos adversos ZDV+3TC clínicos (N=4) ZDV+3TC ZDV+3TC ZDV+3TC Total NFV (N=35) IDV (N=11) ATZ (N=1) (N=51) Gastrintestinais 2 50% 26 74% 7 64% 0 0% 35 69% Neurológicos 2 50% 11 31% 0 0% 0 0% 13 25% Mal-estar 1 25% 14 40% 0 0% 0 0% 15 29% Prurido 0 0% 2 6% 1 9% 0 0% 3 6% Exantema 0 0% 2 6% 0 0% 0 0% 2 4% Mialgia 0 0% 4 11% 0 0% 0 0% 4 8% Litíase renal 0 0% 0 0% 1 9% 0 0% 1 2% Perda Ponderal 0 0% 1 3% 0 0% 0 0% 1 2% Ressecamento de 0 0% 0 0% 1 9% 0 0% 1 2% mucosas ZDV:zidovudina; 3TC:lamivudina; NFV: nelfinavir, ATZ: atazanavir Tabela 7: Distribuição dos eventos adversos laboratoriais de acordo com o esquema anti-retroviral utilizado pelos PAS como profilaxia para o HIV Eventos adversos ZDV+3TC laboratoriais (N=2) ZDV+3TC ZDV+3TC ZDV+3TC Total NFV (N=26) IDV (N=09) ATZ (N=1) (N=38) Enzimas Hepáticas 0 0% 9 35% 1 11% 0 0% 10 26% Alterações Hematológicas 0 0% 5 19% 0 0% 0 0% 5 13% Aumento de amilase 0 0% 1 4% 0 0% 0 0% 1 3% Elevação de CK 0 0% 1 4% 0 0% 0 0% 1 3% Elevação de Creatinina Urina I 0 0% 1 4% 0 0% 1 100% 2 5% - - - - 1 11% - - 1 11% ZDV:zidovudina; 3TC:lamivudina; NFV: nelfinavir, ATZ: atazanavir 45 6.3 Descrição das características e do perfil de resistência aos antiretrovirais do vírus dos pacientes-fonte de acidentes com infecção pelo HIV No período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 foram notificados ao PAAMB 1.063 acidentes ocupacionais. Destes, 76 casos envolveram exposição ao material biológico de paciente-fonte com HIV. Foram avaliados os perfis de resistência aos ARV e o histórico relacionado à doença de 46 pacientes-fonte HIV positivos dos acidentes ocorridos neste período. A análise de 30 pacientes-fonte portadores de HIV não foi realizada devido a algumas circunstâncias como: paciente menor de um ano de idade (cinco casos), impossibilidade da coleta da amostra no momento da exposição (óbito, paciente desconhecido ou externo – 15 casos) ou problemas relacionados à técnica laboratorial, como por exemplo, impossibilidade de extração do ácido nucléico do HIV ou impossibilidade de amplificação do gene pol do genoma do vírus (10 casos). Quanto às características dos pacientes-fonte e o histórico relacionado à doença observamos que a distribuição conforme o sexo foi a mesma, 50% dos pacientes eram do sexo masculino e 50% do sexo feminino. O contato sexual foi a mais provável forma de aquisição da doença em 47,8% dos casos, seguido pelo uso de drogas injetáveis (8,7%), pela transmissão vertical (4,3%) e em 39,1% dos casos os pacientes não souberam informar. A média de idade era de 36,2 anos e relatavam estar infectados pelo HIV há 44,8 meses em média. A maioria (60,9%) já havia sido exposta a algum esquema de ARV. A presença de resistência a algum ARV foi observada em 23 (50%) pacientes-fonte com HIV, sendo que 21 (45,7%) deles apresentavam resistência a pelo menos um ARV indicado como profilaxia pelo Ministério da Saúde (2004) e pelo CDC (2005), conforme descrito na tabela 8. Podemos observar o perfil relacionado a todas as drogas no anexo 08 e os dados referentes às mutações primárias do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo no anexo 09. As mutações mais comuns encontradas foram a M36I em 20 casos, a L63P em 13 casos e a V77I em 12 casos. 46 Tabela 8. Características dos pacientes-fonte com infecção pelo HIV incluídos no estudo (n=46) Característica N Sexo Feminino 23 (50%) Masculino 23 (50%) Idade média 36,17anos (1-53 anos) Tempo de diagnóstico média 44,83 meses (0-200 meses) CD4 no momento do acidente média 216,7 células/ml (5 -1.836 células/ml); mediana 91 células/ml CV no momento do acidente média 193.124 cópias/ml (<400 - >750.000 cópias/ml); mediana 36.903 cópias/ml Uso de ARV Sim 28 (60,9%) Não 18 (39,1%) Tempo de uso de ARV média 41,07 meses (1-132 meses) ARV utilizado pelos pacientes Uso prévio AZT= 15 (32,6%); 3TC= 16 (34,8%); NFV= 9 (19,6%); IDV= 6 (13%) Uso atual AZT= 12 (26%); 3TC=18 (39,1%); NFV= 0 (0%); IDV= 0 (0%) Presença de resistência aos ARV Sim 23 (50%) Não 23 (50%) Resistência aos ARV AZT= 8 (17,4%); 3TC= 6 (13%); recomendados como profilaxia NFV= 11 (23,9%); IDV= 6 (13%); pelo guia do Ministério da EFV= 14 (30,4%); LPV= 6 (13%); Saúde e do CDC (n=21) RTV= 6 (13%) ARV: anti-retroviral 47 6.4 Comparação entre o esquema anti-retroviral utilizado como profilaxia e o perfil de resistência do vírus do respectivo paciente fonte Foram comparados os esquemas ARV utilizados como profilaxia pósexposição ocupacional e o perfil de resistência do vírus do paciente fonte de 28 casos acompanhados pelo PAAMB. O esquema composto por ZDV e 3TC foi utilizado em apenas um PAS, a combinação de ZDV, 3TC e NFV foi utilizado em 20 circunstâncias e o esquema com ZDV, 3TC e IDV foi utilizado por oito profissionais, sendo que em um destes casos, devido a EA, o IDV precisou ser modificado por NFV. Foi evidenciada a resistência de no mínimo um ARV utilizado como profilaxia em oito circunstâncias (28,6%). Destas, três apresentaram resistência a todos os ARV prescritos. A ZDV e o 3TC, drogas utilizadas em todas as indicações de quimioprofilaxia, apresentaram resistência em 14,3% e 17,9% dos casos respectivamente. Já a resistência ao NFV foi identificada em cinco casos (25%) e o IDV apresentou um caso de resistência. Na figura a seguir podemos observar o perfil de resistência aos ARV de acordo com o esquema utilizado. Ressaltamos que, os casos não descritos nesta etapa, se referem àqueles cuja amostra do paciente fonte não estava disponível, por razões já descritas anteriormente, ou devido a não utilização de quimioprofilaxia pelo PAS devido à ausência de risco da exposição ou recusa do próprio PAS. 48 Figura 6: Perfil de sensibilidade dos anti-retrovirais utilizados como quimioprofilaxia nos casos de exposição ocupacional atendidos pelo Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico 100% 80% 60% 40% 20% 0% Zido vudina (n=28) 3TC Lamivudina (n=28) (n=28) Nelfinavir (n=20) R 14,3% (4) 17,9% (5) 25,0% (5) S 85,7% (24) 82,1% (23) 75,0% (15) R= Resistente S= Sensível Indinavir (n=8) 12,5% (1) 87,5% (7) 49 7. DISCUSSÃO Os acidentes ocupacionais com material biológico representam um risco para os profissionais que atuam em instituições de saúde devido à possibilidade de transmissão de patógenos importantes como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o vírus da hepatite B (HBV) e da hepatite C (HCV). O risco de contaminação por patógenos veiculados pelo sangue após exposição ocupacional tem sido descrito na literatura por vários autores através de diferentes tipos de estudo. Entre eles estão os estudos com questionários e entrevistas com os profissionais sobre as exposições ocorridas e os estudos de casos auto-relatados, que estão sujeitos a vários vieses em função das subnotificações. Neste estudo avaliamos as exposições notificadas pelos PAS a um programa de atendimento. Primeiramente avaliamos as informações dos 13 anos de existência do PAAMB. Os profissionais que relataram as exposições com maior frequência pertencem à equipe de enfermagem (44,5%). Observamos publicações de sistemas de vigilância nacionais e internacionais com resultados semelhantes. O Sistema de Notificação de Acidentes Biológicos (SINABIO) do Programa Estadual DST/Aids SP (2004) mostrou que 60,5% das notificações foram realizadas pela equipe de enfermagem (enfermeiros, técnicos, auxiliares e atendentes de enfermagem). Gutierrez et al. em 2005 publicaram os dados de um hospital terciário de ensino situado na cidade de São Paulo e observaram que 54% dos acidentes foram notificados por profissionais da enfermagem. Dados internacionais descrevem que as notificações realizadas pela equipe de enfermagem variam de 37,7% a 60% (NaSH, 2000; Evans et al., 2001; Tarantola et al., 2003; Oh et al., 2005). Wenzel (2003) comparou os dados de vigilância de três países: Japão através do Japan-EPINet de 1996 a 1998, fornecidos por Shatoshi Kimura; Itália através dos dados do Studio Italiano Rischio Occupazionale da HIV Group - SIROH-EPINet de 1997 a 1999, fornecidos por Giuseppe Ippolito e dados do U.S.-EPINet de 1997 a 1999, fornecidos por Janine Jagger. A categoria mais 50 exposta aos acidentes pérfuro-cortantes também foi a equipe de enfermagem nestes países com 45%, 62,6% e 67,8% respectivamente. Consideramos que o número elevado de exposições nesta categoria está relacionado com o fato de que este grupo de profissionais está em maior número nos serviços de saúde e tem mais contato direto durante a assistência aos pacientes. Alguns estudos mostram que a freqüência das exposições é maior entre atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem, quando comparados a profissionais de nível de instrução superior. Esta informação não foi avaliada neste estudo, pois a maior parte das fichas de notificação não permitia a diferenciação do profissional dentro da categoria. A outra categoria de destaque neste estudo é a dos profissionais em formação que representaram 18,7% das exposições. Provavelmente a probabilidade da exposição ocorrer entre estudantes e profissionais em formação é elevada, devido ao maior número de procedimentos realizados na fase de aprimoramento técnico. Além disso, a ansiedade geralmente é maior neste grupo e freqüentemente estes indivíduos estão sendo observados e avaliados, o que gera uma situação de alto estresse (Reis et al, 2004). Os funcionários da limpeza representaram 11,3% dos acidentes, sendo que, um número expressivo de exposições foram pérfuro-cortantes (97,4%). Gutierrez et al. (2005) observaram que os funcionários da limpeza representaram a segunda categoria mais exposta com 10,6% dos casos. Estes dados podem refletir o descuido de outros profissionais ao descartarem os materiais pérfuro-cortantes, considerando que esta categoria não presta assistência direta aos pacientes. As exposições pérfuro-cortantes representaram a maioria dos acidentes neste estudo (80,3%), assim como o sangue foi o material biológico mais envolvido (67,5%). Em geral, os acidentes percutâneos e as exposições ao sangue são as mais frequentes nos trabalhos que avaliaram os acidentes ocupacionais (Programa Estadual DST/Aids SP, 2004; NaSH, 2000; Evans et al., 2001; EPINet, 2003; Tarantola et al., 2003; Gutierrez et al., 2005; Oh et al., 2005). As exposições percutâneas nestes trabalhos variaram de 64,8% a 94%. Provavelmente estas exposições sejam as mais valorizadas, não sendo necessariamente as que mais ocorrem. Observamos que o número de 51 exposições envolvendo pele íntegra, comparadas ao número de exposições pérfuro-cortantes, é baixa. Talvez isto ocorra devido ao conhecimento dos PAS de que estas exposições são consideradas de baixo risco ou mesmo inexistentes. Observamos ainda, que a maior parte dos acidentes pérfuro-cortantes (88,4%) apresentaram sangramento, o que demonstra que a maioria das exposições teve maior gravidade. O artigo envolvido com maior frequência nas exposições pérfurocortantes foi a agulha com 82,9% dos casos. Esta informação confere com os dados publicados por Oh et al. (2005) e com os dados do EpiNet (2003), em que a agulha representou 91,6% e 91,9% das exposições pérfuro-cortantes. Wenzel (2003), em sua comparação entre os dados da Itália, do Japão e dos EUA, aponta que a maior parte dos acidentes percutâneos foram ocasionados por seringas que continham agulhas (Wenzel, 2003). Dados nacionais, como o do SINABIO (Programa Estadual DST/Aids SP, 2004), mostram que as agulhas com lúmem foram reportadas em 73,7% dos acidentes. As lâminas estavam envolvidas em 7,8% dos acidentes e, as agulhas sem lúmem (6,7%). O tipo de dispositivo e o procedimento envolvido na exposição modificam os risco de transmissão de doença veiculados pelo sangue. Nas instituições de saúde ocorre uma grande manipulação de agulhas e quando estas estão envolvidas em exposições ocupacionais representam um elevado risco de transmissão. Nestes casos, a utilização de dispositivos considerados seguros representa um avanço na prevenção deste tipo de acidente, como por exemplo, uma agulha de coleta que retraia após a sua utilização no procedimento. As fichas padronizadas de registro dos acidentes avaliadas no atual estudo limitaram a caracterização do tipo de agulha envolvida no acidente (com ou sem lúmem), visto que esta informação passou a ser diferenciada a partir de 2002. Desta forma, os acidentes envolvendo qualquer tipo de agulha foram agrupados numa única categoria. A exposição ocorreu com maior frequência durante a realização dos procedimentos (58,9%), com destaque para o auto-acidente que foi a maior 52 causa. Quando avaliamos as exposições ocorridas após o procedimento (37,7%), o material esquecido ou desprezado em local impróprio representou a maior causa com 53,2%. Os acidentes ocorridos durante o procedimento foram a maior causa de exposições num hospital universitário da Koréia do Sul representando 64% do total (Oh et al., 2005). Num estudo realizado no Hospital da Universidade da Virgínia em 1986, 70% das exposições com agulhas aconteceram depois do uso e antes do descarte, principalmente através do encape após o uso (Jagger, 1988). O National Surveillance of Occupational Exposure to the Human Immunodeficiency Vírus do Canadá em 14 anos, mostrou que 29% das exposições evitáveis aconteceram durante o encape de agulha após o uso, 19% eram resultado de descarte impróprio de agulhas usadas (Health Canada, 2002). A maior parte das exposições ter ocorrido durante o procedimento e ser classificada como “auto-acidente” pode refletir a falta de habilidade técnica ou a falta de atenção para a realização dos procedimentos. Considerando as exposições após o procedimento, o material ter sido esquecido ou desprezado em local impróprio podem representar a falta de local apropriado de descarte próximo ao local de uso ou o descuido relacionado ao descarte por parte dos profissionais que utilizaram tais materiais. Esta é uma importante fonte de risco para acidentes, até mesmo para grupos de profissionais que não estão em contato direto com o paciente, tais como, os funcionários da limpeza, conforme já observado anteriormente. A utilização de equipamento de proteção individual ocorreu na maioria dos casos (59,9%), entretanto um número significativo de profissionais não o utilizava. A não aderência ao uso de equipamento de proteção individual é um agravante a ser considerado, pois demonstra a grande exposição sem proteção aos riscos biológicos. Este fato pode estar relacionado à própria atitude do profissional ou a falta dos equipamentos nos locais de trabalho. 53 Quanto à vacinação contra o HBV, 56,9 % dos PAS já haviam recebido o esquema completo no momento da exposição. Já os dados do SINABIO mostram que 73% dos acidentes ocorreram em profissionais com vacinação completa. Outra variável importante a ser avaliada é o intervalo de tempo entre a ocorrência e a notificação do acidente. A minoria das exposições foi notificada conforme recomendado, em tempo inferior a duas horas. Este fato pode aumentar o risco das exposições, pois mediante casos de pacientes-fonte positivo para HIV a precocidade da profilaxia é fundamental. Na maior parte dos acidentes foi possível a identificação do paciente fonte, sendo assim, foi possível a realização da avaliação sorológica da fonte possibilitando um atendimento dirigido na maioria dos casos. Temos observado ainda, o aumento da tendência do número de acidentes, considerando a densidade da exposição pelo número de pacientesdia e pelo número de profissionais atuantes na instituição, fato que nos leva a considerar a hipótese de que as exposições realmente aumentaram ou de que a subnotificação das inoculações acidentais tenha diminuído. Observados dados semelhantes descritos por Oh et al. 2005 que associaram o aumento das exposições com o fato de que, mediante a divulgação do programa de atendimento as exposições ocupacionais, os PAS passaram a entender os riscos das exposições ocasionando desta forma em um aumento das notificações. Quanto a quimioprofilaxia relacionada ao HIV, embora a indicação de ARV seja relativamente curta (28 dias), a sua utilização está freqüentemente relacionada às dificuldades relacionadas ao surgimento de eventos adversos. Todos os agentes atualmente usados para regimes de profilaxia pós-exposição têm EA significativos Com o acompanhamento clínico-laboratorial em 2 e 4 semanas, assistência via telefone celular e pessoalmente sempre que necessário, pudemos identificar precocemente e minimizar alguns dos EA relacionados a quimioprofilaxia com ARV. Observamos uma expressiva taxa de EA em nosso estudo (80%). A maioria dos esquemas indicados contemplava três drogas (92%), entretanto houve a necessidade de interrupção da profilaxia em apenas dois casos 54 (3,9%), a substituição por outro esquema, secundária a EA, em 23,5% dos casos, sendo que a utilização do esquema conforme indicado ocorreu na maioria das circunstâncias (73%). Eventos adversos relacionados aos ARV utilizados como profilaxia pósexposição ocupacional são descritos desde o início de sua utilização. Tokars et al. em 1993, informou que 75% dos trabalhadores que usaram zidovudina apresentaram EA tais como náusea, mal-estar ou fadiga e dor de cabeça. Quanto à interrupção do esquema, 31% dos trabalhadores não completaram os 28 dias propostos devido aos eventos adversos. Dados de outros autores mostram que uma proporção significativa de PAS (17% a 47%) que utilizaram ARV depois de exposições profissionais com fontes HIV positivas não completaram as quatro semanas indicadas devido à intolerância às drogas (Garb, 2002, Wang et al., 2000, Swotinsky et al., 1998, Parkin et al., 2000, Lee & Henderson, 2001, Russi et al., 2000). Identificamos em nossa população os principais eventos adversos relacionados ao uso dos ARV, como: alterações gastrintestinais (69%), malestar (29%), eventos neurológicos (25%) e mialgia (8%). Apenas 38 pacientes puderam ser avaliados laboratorialmente. Nestes, encontramos alterações da função hepática (enzimas hepáticas, bilirrubinas, gama-gt ou fosfatase alcalina) e alterações hematológicas como as mais prevalentes, 26% e 13% respectivamente. Os dados referentes aos EA foram semelhantes ao estudo de Wang et al, que descreveram náusea (57%), fadiga ou mal-estar (38%), cefaléia (18%), vomito (16%), diarréia (14%) e mialgia ou artralgia (6%). Quanto aos exames laboratoriais, 8% tiveram anormalidades. Foi observado também um maior número de EA nos esquemas que utilizaram três drogas. Consideramos importante informar os PAS que utilizam ARV como profilaxia sobre os EA e a necessidade de comunicar imediatamente estas intercorrências para que medidas a fim de evitar a toxicidade possam ser tomadas. Entre as estratégias de manejo dos EA relacionados aos ARV, recorrese ao uso de medicações sintomáticas, a troca de ARV ou a subtração de uma das drogas do esquema (o inibidor de protease), considerando ser melhor 55 completar o tempo estipulado com esquema reduzido, que insistir em um esquema que ocasionaria maior intolerância do paciente, podendo ocasionar em adesão irregular e desconforto levando ao abandono da profilaxia. A resistência genotípica do HIV às drogas selecionadas como quimioprofilaxia pós-exposição ocupacional é uma das preocupações mais atuais entre os profissionais que as prescrevem. Até 2005, foram documentados seis casos de transmissão ocupacional envolvendo vírus resistente (Jochimsen, 1997; Beltrami et al., 2002; Hawkins et al., 2001; CDC, 2005). Neste estudo, as amostras dos 46 pacientes-fonte HIV positivos foram submetidas à análise da região do gen pol, que codifica tanto a enzima transcriptase reversa como a protease. Todas as mutações presentes foram analisadas e interpretadas pelo banco de dados eletrônico Beta Test, disponível no site da Universidade de Stanford. Observamos que os vírus de 21 (45,6%) pacientes-fonte apresentaram resistência a pelo menos um ARV proposto como profilaxia pelas diretrizes mais atuais do CDC (2005) e pelo Ministério da Saúde (2004). A ZDV, droga cuja proteção pós-exposição ocupacional é comprovada e recomendada em todos os casos, era resistente em oito dos 46 pacientes estudados (17,4%). O 3TC, também utilizado em todos os esquemas de profilaxia, era resistente em seis de 46 amostras avaliadas (13%). Já dos ARV utilizados como profilaxia expandida, o EFV, que é indicado justamente para as exposições com suspeita de resistência pelo Ministério da Saúde (2004), foi o ARV que apresentou o maior número de casos de resistência totalizando 30,4% dos casos (14 de 46). O NFV veio a seguir com 23,9% dos casos, 11 de 46. O IDV era resistente em 13% dos casos, seis de 46 casos e o LPV/r, que consta nas recomendações mais atuais do CDC (2005) como o preferido para uso em regimes de profilaxia expandida, também era resistente em seis dos 46 casos (13%). Não houve nenhum caso de transmissão do HIV pelos PAS que utilizaram o esquema profilático neste presente estudo. Em 28 casos que foram comparados o perfil de resistência do HIV do paciente-fonte com o ARV prescrito, evidenciamos a resistência de no mínimo um ARV utilizado como 56 profilaxia em oito circunstâncias (28,6%). Destas, três apresentaram resistência a todos os ARV prescritos, o que demonstra que em todos estes casos houve risco de aquisição do vírus devido a possível falha da quimioprofilaxia. El-Far et al. (2005) avaliaram o perfil de resistência de 44 pacientes com HIV fonte de acidentes ou que atuavam como fonte de acidentes ocupacionais em um hospital universitário. Em dezoito (41%) pacientes foram identificadas mutações, as quais representavam resistência relacionada a transcriptase reversa, protease ou ambos. Destas, 16 (89%) tiveram resistência a drogas indicadas como profilaxia. Há uma grande incerteza da prevalência de resistência aos ARV, uma vez que a resistência do vírus pode variar de 2% a 50% (Narciso et al., 2003). Nos Países Baixos é recomendada a combinação de três drogas ARV como profilaxia, que de acordo com a efetividade do tratamento da infecção do paciente-fonte com HIV. Frequentemente um regime de ARV padrão é prescrito, mas se o paciente-fonte tiver história de uso de ARV, a possibilidade de que o vírus seja resistente é considerada, e a escolha do esquema passa a ser individualizada de acordo com a história do uso de ARV do paciente fonte e padrões de resistência conhecidos do vírus (Wensing et al., 2005). Avaliando a história dos 46 pacientes-fonte avaliados neste estudo, das variáveis relacionadas à doença e ao tratamento podemos constatar algumas questões que merecem atenção. Os pacientes que já utilizavam ARV tiveram um risco maior de apresentar resistência. Dos 46 pacientes-fonte de acidentes, 28 (60,9%) já utilizavam ARV e a maioria destes, 19 (67,9%) apresentavam resistência a algum ARV. É provável que o paciente que já utilizou ou está em uso de ARV apresente resistência a estes ARV. De acordo com Puro (2003), a prevalência da resistência aos ARV é alta entre pacientes-fonte que utilizaram previamente qualquer ARV e é raro observar este fato entre os pacientes sem história de uso prévio. Outra observação realizada é referente à história de tratamento do paciente-fonte que pode ser útil para predizer quais mutações de resistência poderiam estar presentes no vírus do paciente-fonte. De acordo com o CDC (2005) o esquema profilático inicial de ARV pode ser modificado caso informações adicionais sejam obtidas sobre a fonte do acidente (ex: história possível de tratamento ou resistência aos ARV). 57 Além disso, existe a recomendação de que o número de drogas do esquema profilático deva ser indicado conforme a severidade da exposição e da suspeita de resistência aos ARV. Outro dado que deve ser considerado para se suspeitar de resistência é a progressão clínica da doença do paciente-fonte ou quando, apesar da terapia ser utilizada, ocorre uma persistência de carga viral elevada ou baixos níveis de células CD4+ (CDC, 2005). Conforme Henderson (2001), se o pacientefonte apresentar o controle da doença através do uso da terapia ARV, torna-se razoável selecionar um regime profilático baseado nas drogas utilizadas pelo paciente-fonte. Observamos este fato, uma vez que, a maioria dos pacientes-fonte avaliados que apresentou resistência aos ARV tinha valor de CD4+ inferior a 200 células, totalizando 73,9% dos casos. Vale destacar que os casos de má adesão ao tratamento com ARV pelos pacientes-fonte também devem ser avaliados, pois este fato pode estar relacionado ao fracasso do tratamento, mas não necessariamente pelo surgimento de resistência. Por outro lado, estas circunstâncias podem favorecer o surgimento destas cepas (Henderson, 2001). A realização de testes de resistência no momento da exposição não está indicada na prática clínica, devido à impossibilidade dos resultados estarem disponíveis a tempo para influenciar na escolha do regime inicial de ARV. Não existem dados sugestivos de melhora da eficácia do esquema profilático modificados depois que o teste de resistência esteja disponível (Puro, 2003). Diante de todo o exposto, nos casos de exposição ao HIV consideramos de suma importância assegurar que a profilaxia inicie imediatamente após a exposição e que dados relacionados à doença dos pacientes-fonte de acidentes sejam obtidos para direcionar o uso de ARV. Beltrami et al. (2002), ao descreverem um caso de transmissão ocupacional do HIV resistente, ressaltam a importância de se evitar os acidentes para prevenir a transmissão profissional do HIV. É necessário que as instituições e os trabalhadores estejam empenhados para prevenir os acidente com material biológico devido as suas conseqüências para o trabalhador e para a instituição. Alguns autores destacam que, além do risco de contrair infecções, o acidente pode gerar no 58 trabalhador, sérias repercussões psicossociais levando-o a mudanças nas relações de trabalho, familiares e sociais. A ansiedade relacionada à percepção do risco do acidente e o receio da reação dos colegas, da família e dos amigos devem ser consideradas (Cockcroft et al., 1994). Além disso, freqüentemente os PAS relatam pensamentos negativos, problemas de concentração, dificuldades para dormir, raiva e uma diminuição do interesse sexual (Armstrong et al, 1995). A subnotificação das exposições ocupacionais é uma grande barreira para entender os riscos e os fatores associados, o que torna a prática da notificação do acidente um ato primordial. Assim, torna-se evidente a importância da notificação do acidente para o planejamento de estratégias preventivas sendo ela ainda, um recurso que assegura ao trabalhador o direito de receber avaliação médica especializada, tratamento adequado e benefícios trabalhistas. O programa de atendimento ao profissional exposto existente em nossa instituição procura encorajar a notificação para que possa ocorrer uma avaliação e acompanhamento do PAS com quimioprofilaxia garantida e seguimento pós-exposição. Além disso, este programa promove medidas educativas de prevenção de transmissão para PAS que enfatiza a importância da vacinação contra a hepatite B, da utilização de precauções padrão e de como proceder no caso de uma exposição profissional. Para garantir um atendimento que ofereça maior segurança ao profissional, consideramos a necessidade de avaliação das exposições ocupacionais por profissionais capacitados desde o seu início. Por esta razão, todos os acidentes com material biológico ocorridos no complexo HSP/UNIFESP são atendidos pelos profissionais do PAAMB. O nosso serviço dispõe, além do atendimento pessoalmente, um atendimento via “pager”, proporcionando assim, assistência 24 horas por dia 7 dias por semana. Um estudo, citado no Guia do CDC de 2005, avaliou o conhecimento das diretrizes do CDC sobre acidentes pelos profissionais que atendiam as exposições ocupacionais em 71 serviços de emergência médica em 2002. Foi observado que embora todos os médicos avaliados realizassem o atendimento de emergência aos PAS vítimas de exposição ocupacional ao material biológico, menos que 5% tinham lido as diretrizes do CDC de 2001. Através 59 disso, podemos constatar, de forma alarmante, a inexperiência na avaliação inicial destes casos. Consideramos de extrema importância os esforços das instituições em implantar e manter um Programa de Atendimento aos Acidentes com Material Biológico que possa garantir o atendimento aos PAS 24 horas por profissionais capacitados. Além disso, as medidas educativas sobre prevenção de acidentes devem existir de forma contínua e os PAS devem ser encorajados a notificarem as exposições ocorridas. As informações obtidas neste estudo podem colaborar com o direcionamento das ações relacionadas à prevenção de acidentes e de possíveis análises das práticas de trabalho, principalmente entre profissionais mais expostos (equipe de enfermagem e profissionais em formação), para identificar os procedimentos de maior riscos e garantir os equipamentos de proteção individual e coletiva, assim como os dispositivos com controle de engenharia para impedir as lesões percutâneas. Quanto aos profissionais que utilizarem quimioprofilaxia com ARV, recomendamos que sejam orientados sobre a importância da profilaxia e a necessidade de procurar imediatamente a equipe responsável pelo seu atendimento em caso de eventos adversos para serem avaliados precocemente. Destacamos ainda, a necessidade de revisão das padronizações nacionais referentes ao esquema anti-retroviral utilizado como profilaxia pósexposição, considerando o risco de resistência ao esquema indicado. Reforçamos a necessidade de administrar a profilaxia precocemente, porém, sugerimos que, quando possível, a avaliação do paciente-fonte infectado pelo HIV seja realizada para orientar a escolha da quimioprofilaxia, considerando principalmente resultados já disponíveis de genotipagem e as variáveis que se destacaram em nosso estudo (uso de ARV e resultado de CD4+ no momento da exposição). 60 9. Conclusão 1. Notamos um aumento gradativo da incidência dos acidentes notificados no decorrer dos anos. A equipe de enfermagem foi a categoria profissional que mais notificou acidentes (44,5%), seguidos pelos profissionais em formação que representaram 18,7% das exposições. A maior parte das exposições notificadas foram pérfuro-cortantes (80,3%) e o sangue foi o material biológico mais envolvido (67,5%). Das exposições descritas neste estudo, não houve nenhum caso de transmissão do HIV, do HBV e/ou do HCV. Um caso de aquisição do vírus da hepatite B pós-exposição ocupacional ocorreu no complexo hospitalar HSP/UNIFESP, porém, esta exposição não foi notificada. A detecção deste caso foi através de uma investigação em conjunto com o Serviço de Medicina Ocupacional, que relatou o fato considerando a ausência de outros riscos para aquisição da infecção. 2. A presença de resistência a algum ARV foi observada em 23 (50%) pacientes-fonte com HIV, sendo que 21 (45,6%) deles apresentavam resistência a no mínimo um ARV indicado como profilaxia pelas diretrizes mais atuais do CDC (2005) e do Ministério da Saúde (2004). 3. Ao compararmos o esquema profilático de ARV prescrito com o perfil de resistência do HIV dos 28 pacientes-fonte avaliados, observamos a resistência de no mínimo um ARV utilizado como profilaxia em oito circunstâncias (28,6%). Destes, três apresentaram resistência a todos os ARV prescritos, o que demonstra que em todos estes casos houve risco de aquisição do vírus devido à falha da quimioprofilaxia. 4. Um elevado número de PAS apresentou evento adverso relacionado à quimioprofilaxia contra o HIV. Felizmente a utilização da quimioprofilaxia prescrita ocorreu na maioria das circunstâncias (73%), a substituição por outro esquema, secundária a EA, em 23,5% dos casos. Houve a necessidade de interrupção da profilaxia por EA em apenas dois casos (3,9%). 61 10. Anexos Anexo 01 Fluxograma referente à Profilaxia Anti-retroviral após Exposição Ocupacional ao HIV – Ministério da Saúde, 2004. Anexo 02 Fluxograma de atendimento aos acidentes com material biológico – HSP – UNIFESP – EPM. Anexo 03 Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (elaborada em 1992). Anexo 04 Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 1995). Anexo 05 Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 1999). Anexo 06 Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 2001). Anexo 07 Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 2004). Anexo 08 Ficha de avaliação do paciente-fonte de acidentes com infecção pelo HIV (elaborada em 2003). Anexo 09 Perfil de resistência do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005. Anexo 10 Uso de ARV e Mutações Primárias do vírus dos pacientesfonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005. Anexo 01. Fluxograma referente à Profilaxia Anti-retroviral após Exposição Ocupacional ao HIV – Ministério da Saúde, 2004. 62 SITUAÇÃO DO PACIENTE-FONTE HIV+ sintomático, Aids ou carga viral elevada(1) ( > que 1500 cópias/ml) HIV+ assintomático ou carga viral baixa(1) ( < que 1500 cópias/ml) + grave - grave 2 drogas Grande volume Pequeno volume + grave 3 drogas * * 2 drogas Considerar ** 2 drogas - grave Grande volume Pequeno volume Fonte desconhecida ou pacientefonte conhecido com sorologia anti-HIV desconhecida HIV negativo 3 drogas 3 drogas 3 drogas Em geral não se recomenda ( 2) Em geral não se recomenda ( 2) Não se recomenda Não se recomenda 2 drogas Exposição percutânea. Exposição de membrana mucosa e pele não íntegra. + GRAVE Æ agulhas com lúmen/grosso calibre, lesão profunda, sangue visível no dispositivo usado ou agulha usada recentemente em artéria ou veia do paciente - GRAVE Æ lesão superficial, agulha sem lúmen PEQUENO VOLUME Æ poucas gotas de material biológico de risco, curta duração GRANDE VOLUME Æ contato prolongado ou grande quantidade de material biológico de risco (1) Estudos em exposição sexual e transmissão vertical sugerem que indivíduos com carga viral < 1500 cópias/ml apresentam um risco muito reduzido de transmissão do HIV. (2) Quando a condição sorológica do paciente-fonte não é conhecida, o uso de PEP deve ser decidido em função da possibilidade da transmissão do HIV que depende da gravidade do acidente e da probabilidade de infecção pelo HIV deste paciente (locais com alta prevalência de indivíduos HIV+ ou história epidemiológica para HIV e outras DST). Quando indicada, a PEP deve ser iniciada e reavaliada a sua manutenção de acordo com o resultado da sorologia do paciente-fonte. * 2 drogas = 2 inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (geralmente AZT+3TC). 3 drogas = esquema de 2 drogas + inclusão 1 IP (geralmente NFV ou IND/r). ** Considerar – indica que a PEP é opcional e deve ser baseada na análise individualizada da exposição e decisão entre o acidentado e o médico assistente. 63 Anexo 02. Fluxograma de Atendimento aos Acidentes com Material Biológico – HSP – UNIFESP - EPM Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina Hospital São Paulo – Programa de Atendimento aos Acidentes com Material Biológico FLUXOGRAMA DE ACIDENTES COM MATERIAL BIOLÓGICO Funcionário, residente ou aluno acidentou-se* ↓ comunicar chefia/docente comunicar CCIH (atendimento 24hs)** Cuidados locais imediatos: lavar exaustivamente a lesão c/ água+sabão, se mucosa lavar c/ água ou SF 0,9% ↓ ↓ (colher 10 ml de sangue – tubo seco c/ nome e RH do paciente fonte) Solicitar orientação da CCIH Fonte desconhecida Fonte conhecida ↓ atendimento na CCIH ↓ avaliação do acidente e conduta imediata pelo profissional capacitado ↓ acompanhamento ambulatorial se necessário ↓ notificar (Comunicado de Acidente de Trabalho) ao SESMT e ao Departamento Pessoal *Os acidentes com material biológico são considerados emergência médica, devem ser notificados imediatamente. ** Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) - R: Napoleão de Barros, 690 20 andar - tel. 5576-4463 ou 5571-8935 (2a a 6a das 08 as 17h) bip. 3444-4545 cod. 185080 (após as 17h, finais de semana e feriados) 64 Anexo 03. Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (elaborada em 1992). Nome: __________________________________________________ Sexo:_______ Data de Nascimento: ____/____/____ Código: _________ Local de Trabalho: ____________________________ Função: ____________________________ Telefone – comercial:_________________________ residencial:_________________________ Data do Acidente: ___/___/_____. Hora _______ Data da Notificação : ___/___/______. Hora _______ Vacinação contra Hepatite B: ____________ doses Ano (última dose)________ Tipo de fluido:____________________ Local do Acidente:________________ Procedimento:____________________ Houve sangramento? ( ) Sim ( ) Não Utilizava proteção? ( ) Sim ( ) Não Material envolvido: ( ) Agulha – tipo ___________ ( ) Bisturi ( ) Vidro Qual?____________________ ( ) outro Material novo ou usado? ___________ Durante o procedimento: ( ) Auto acidente ( ) Paciente se movimentou ( ) Colega Após o procedimento: ( ) Local impróprio ( ) Reencapando ( ) Transportando ( ) Durante descarte Outras exposições: ( )mucosa - tipo ______________ Pele intacta – ( )Sim ( ) Não FONTE – ( ) desconhecida ( ) conhecida Nome:_______________________________________ RH:______________________ Unidade: ___________________ Diagnóstico:__________________________________ Fator de Risco: ( )Sim ( ) Não ( ) Ignorado Testes laboratoriais (paciente fonte): Testes laboratoriais (funcionário): Anti-HIV ........................................... Data: ____/____/____ Anti-HIV ........................................... Data: ____/____/____ HBsAg ............................................. Data: ____/____/____ HBsAg ............................................. Data: ____/____/____ Hep C .............................................. Data: ____/____/____ Hep C .............................................. Data: ____/____/____ Outros ............................................. Data: ____/____/____ Outros ............................................. Data: ____/____/____ Conduta indicada: Vacinação – ( ) sim ( ) não Imunoglobulina - ( ) sim ( ) não AZT - ( ) sim ( ) não Comentários: _____________________________________________________________________________________ 65 Anexo 04. Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 1995). Nome: __________________________________________________ Sexo:_______ Data de Nascimento: ____/____/____ Código: _________ Local de Trabalho: ____________________________ Função: ____________________________ Telefone – comercial:_________________________ residencial:_________________________ Data do Acidente: ___/___/_____. Hora _______ Data da Notificação : ___/___/______. Hora _______ Vacinação contra Hepatite B: ( ) Sim ( ) Não Ano (última dose)________ Tipo de fluido:____________________ Local do Acidente:________________ Procedimento:____________________ Houve sangramento? ( ) Sim ( ) Não Utilizava proteção? ( ) Sim ( ) Não Material envolvido: ( ) Agulha – tipo ___________ ( ) Bisturi ( ) Vidro Qual?____________________ ( ) outro Durante o procedimento: ( ) Auto acidente ( ) Paciente se movimentou ( ) Colega Após o procedimento: ( ) Local impróprio ( ) Reencapando ( ) Transportando ( ) Durante descarte Outras exposições: ( )mucosa - tipo ______________ Pele intacta – ( )Sim ( ) Não FONTE – ( ) desconhecida ( ) conhecida Nome:_______________________________________ RH:______________________ Unidade: ___________________ Diagnóstico:__________________________________ Fator de Risco: ( )Sim ( ) Não ( ) Ignorado Testes laboratoriais (paciente fonte): Testes laboratoriais (funcionário): Anti-HIV ........................................... Data: ____/____/____ Anti-HIV ........................................... Data: ____/____/____ HBsAg ............................................. Data: ____/____/____ HBsAg ............................................. Data: ____/____/____ Hep C .............................................. Data: ____/____/____ Hep C .............................................. Data: ____/____/____ Outros ............................................. Data: ____/____/____ Outros ............................................. Data: ____/____/____ Conduta indicada: Vacinação – ( ) sim ( ) não Imunoglobulina - ( ) sim ( ) não AZT - ( ) sim ( ) não Comentários: _____________________________________________________________________________________ 66 Anexo 05. Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 1999). Nome Idade : anos Sexo : (1) Masculino (2) Feminino Função : (1) Func. Limpeza (2) Enfermagem (3) Médico (4) Fisioterapeuta (5) Aluno (6) Func. Laboratório (7) Res. Enf. (8) Res. Méd. Local de Trabalho: (1) PS (2) Enf. Clínica (3) Enf. Cirúrgica (4)UTI Adulto (5) UTI Pediátrica (6) Centro Cirúrgico (7) Outro (Unidade: _____________) Fone resd. : ......................................... Ramal HSP/Telefone com. : ................................................... Fez CAT ? (1) Sim (2) Não . Data do Acidente : ___/___/_____. Hora _______ Data da Notificação : ___/___/______. Hora _______ Intervalo até início da terapêutica (1) < 2 h (2) 2 – 48 h (3) > 48 h Tipo de acidente : ( 1) Agulha (2) Lâmina (3) Outro Gravidade do Acidente : (1) Fer. Superficial ou puntiforme (2) Fer. Profundo ou cortante (3) Mucosa (4) Contato com pele não íntegra (5) Contato com pele íntegra 67 Anexo 06. Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 2001). Acidentes com Material Biológico - Ficha de Seguimento – CCIH – HSP / UNIFESP Nome Idade : anos Sexo : (1) Masculino (2) Feminino Função : (1) Func. Limpeza (2) Enfermagem (3) Médico (4) Fisioterapeuta (5) Aluno (6) Func. Laboratório (7) Res. Enf. (8) Res. Méd. Local de Trabalho: (1) PS (2) Enf. Clínica (3) Enf. Cirúrgica (4)UTI Adulto (5) UTI Pediátrica (6) Centro Cirúrgico (7) Outro (8) PSF (Unidade: _____________) Fone resd. : ......................................... Ramal HSP/Telefone com. : ................................................... Fez CAT ? (1) Sim (2) Não . Data do Acidente : ___/___/_____. Hora _______ Data da Notificação : ___/___/______. Hora _______ Intervalo até início da terapêutica (1) < 2 h (2) 2 – 48 h (3) > 48 h Tipo de acidente : ( 1) Agulha (2) Lâmina (3) Outro (4) Agulha não oca Gravidade do Acidente : (1) Fer. Superficial ou puntiforme (2) Fer. Profundo ou cortante (3) Mucosa (4) Contato com pele não íntegra (5) Contato com pele íntegra Houve sangramento? (1) Sim (2) Não Utilizava proteção ? (1) Nenhuma (2) Luvas (3) Máscara (4) Óculos (5) Luvas e máscara (6) Luvas e óculos (7) Máscara e óculos (8) Luvas, Máscara e óculos Material:(1) sangue (2) Fluido contendo sangue (3) Urina (4) Fezes (5) Tecido (6) LCR (7) Outros fluidos (8) não visível Acidente durante o procedimento : (1) Auto acidente (2) Paciente se movimentou (3) Colega (4) Não se aplica Após o procedimento: (1) Local impróprio (2) Reencapando (3) Transportando (4) Durante descarte (5) Não se aplica Se foi descarte em local impróprio, informar qual ................................................................................ Vacinação contra Hepatite B (1) Sim (2) Não .........................Ano (última dose)________ Número de doses : (1) 1 dose (2) 2 doses (3) 3 doses Resultado Anti-Hbs: (1)Não reagente (2) Reagente (3) Não realizado. Fonte:________________________________________________________RH:______________________ Estado sorológico do paciente fonte : (1) Negativo (2) Desconhecido (3) Positivo para HBV (4) Positivo para HCV (5) Positivo para HIV (6) Positivo para HBV e HIV (7) Positivo para HCV e HIV (8) Positivo para HBV e HCV (9) Positivo para HBV, HCV e HIV Resultado do teste rápido para HIV: (1)Não reagente (2) Reagente (3) Não realizado Foi indicada vacinação para Hepatite B ? (1) Sim (2) Não A vacinação foi realizada ? (1) Sim (2) Não Em caso negativo, indicar o motivo Foi indicado o uso de imunoglobulina ? (1) Sim (2) Não O funcionário recebeu a imunoglobulina ? (1) Sim (2) Não Houve algum efeito adverso relacionado à vacinação ou imunoglobulina? (1) Sim (2) Não Em caso afirmativo, indicar qual Houve indicação de antiretrovirais ? (1) Sim (2) Não O esquema foi utilizado por 28 dias ? (1) Sim (2) Não Em caso negativo, por quanto tempo tomou ? Motivo da retirada Em caso de ocorrência de efeitos adversos, indicar qual: (1) Alterações gastrintestinais (2) Prurido (3) Alterações neurológicas (4) Alterações de enzimas hepáticas ou bilirrubinas (5) Alterações hematológicas (6) Outras alterações Em caso de ocorrência de mais de um tipo de efeito adverso, marcar aquele que motivou a descontinuação do uso da profilaxia. Data Notificação 90 dias 180 dias Anti-HIV HbsAg Anti-HCV 68 Anexo 07. Ficha de atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico (reformulada em 2004). Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Hospital São Paulo Código do Acidente IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL ACIDENTADO Nome Idade : anos Sexo : (1) Masculino (2) Feminino Função : (1) Func. Limpeza (2) Aux./Tec de Enf (3)Enfermeiro (4) Médico (5) Fisioterapeuta (6) Aluno Enf (7) Aluno Med (8) Res. Enf. (9) Res. Méd. (10) Func. Laboratório (11) Func. Lavanderia (12) Func. Bco de Sangue (13) Outros (___________________) Local de Trabalho:(1)PS (2)Enf.Clínica (3)Enf.Cirúrgica (4)UTI Adulto (5)UTI Pediátrica (6) Centro Cirúrgico (7) PSF (8) Laboratório (9) Ambulatório (10) Outros (Unidade: _____________) Já se acidentou antes? (1) Sim (2) Não Ano: ____________ Notificou? (1) Sim (2) Não Fone resd. e cel.: ................................................ Ramal HSP/Telefone com. : .................................... DADOS DO ACIDENTE Fez CAT ? (1) Sim (2) Não (3) Não se aplica: aluno/func. UNIFESP Data do Acidente : ___/___/_____. Hora _______ Data da Notificação : ___/___/______. Hora _______ Notificação: (1) Pessoalmente (2) via telefone (3) via bip Intervalo até início da terapêutica (1) < 2 h (2) 2 – 48 h (3) > 48 h Tipo de artigo envolvido no acidente : ( 1) Agulha (2) Lâmina (3) Agulha não oca (4) Outro Procedimento/atividade: (1) sutura (2) punção arterial (3) punção venosa (4) aspiração VA (5) punção outros sítios (6) outros __________________________________ Tipo de exposição : (1)Pérfuro-cortante (2) Mucosa Oral (3) Mucosa Ocular (4) Contato com pele não íntegra (5) Contato com pele íntegra Houve sangramento? (1) Sim (2) Não Utilizava proteção ? (1) Nenhuma (2) Luvas (3) Máscara (4) Óculos (5) Luvas e máscara (6) Luvas e óculos (7) Máscara e óculos (8) Luvas, Máscara e óculos Material:(1) sangue (2) Fluido contendo sangue (3) Urina (4) Fezes (5) Liq.Amniótico (6) Liq. Pleural (7) Liq. Ascítico (8) LCR (9) Outros fluidos ____________________ (10) não visível Volume de sangue: (1 ) pequeno - poucas gotas ( 2 ) grande (3) não visível Acidente durante o procedimento : (1) Auto acidente (2) Paciente se movimentou (3) Colega (4) Não se aplica (5) Outro ________________ Após o procedimento: (1) Local impróprio (2) Reencapando (3) Transportando (4) Durante descarte (5) Não se aplica Se foi descarte em local impróprio, informar qual ................................................................................ STATUS IMULOGOLICO DO PAS Vacinação contra Hepatite B (1) Sim (2) Não .........................Ano (última dose)________ Número de doses : (1) 1 dose (2) 2 doses (3) 3 doses (4) 4 doses ou mais (5)desconhece Resultado Anti-Hbs: (1) Não reagente (2) Reagente (3) Não realizado (4)desconhece Se sexo feminino: (1) gestante (2) não gestante DUM: ____/____/____ Doença prévia: (1) litíase renal (2) hepatopatia (3) enxaqueca (4) Dça gastrointestinal (5) anemia (6)alergias (7) outros________________ (8) nenhum 69 DADOS DO PACIENTE FONTE Nome:________________________________________________________RH:______________________ Estado sorológico do paciente fonte : (1) Negativo (2) Desconhecido (3) Positivo para HBV (4) Positivo para HCV (5) Positivo para HIV (6) Positivo para HBV e HIV (7) Positivo para HCV e HIV (8) Positivo para HBV e HCV (9) Positivo para HBV, HCV e HIV Resultado do teste rápido para HIV: (1)Não reagente (2) Reagente (3) Não realizado CONDUTA Foi indicada vacinação para Hepatite B ? (1) Sim (2) Não A vacinação contra a Hepatite B foi realizada? (1) Sim (2) Não Foi indicada imunoglobulina? (1) Sim (2) Não A imunoglobulina foi realizada? (1) Sim (2) Não Houve indicação de antiretrovirais ? (1) Sim (2) Não O esquema foi utilizado por 28 dias? (1) Sim (2) Não Em caso negativo, foi utilizado por quantos dias? _________ Qual: (1) Biovir + Indinavir (2) Biovir + Nelfinavir Se outro, qual?: _________________________________ Eventos Adversos? (1) sim (2) não Data: ____/____/_____ (3) Biovir (4) Outro Qual? (1) alterações gastrointestinais (2) prurido (3) alterações neurológicas (4) alterações de enzimas hepáticas e bilirrubinas (5) alterações hematológicas (6) cefaléia (7) litíase renal (8) recusa (9) outros _____________________________ O esquema foi modificado? (1) Sim (2) Não Se afirmativo, qual motivo? (1) resitência (2) Evento Adverso (3) Outro ________ Data: __/__/__ RESULTADO DE SOROLOGIAS, HEMOGRAMA, BIOQUIMICA Sorologias Início ___/___/___ 3 meses ___/___/___ 6 meses ___/___/___ 1 ano ___/___/___ HIV Hep. B Anti-HBs Hep. C Exame Início 15dias Término Exame Início Bili t/dir./ind. Hb/ Ht Leuco Creatinina/ Uréia fosf. alcalin Amilase TGO/TGP Urina I 15 dias Término 70 Anexo 08. Ficha de avaliação do paciente-fonte de acidentes com infecção pelo HIV (elaborada em 2003). Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Hospital São Paulo FICHA DE DADOS DO PACIENTE FONTE HIV POSITIVO Cod. Acidente: ______________________ Data da coleta do sangue: ____/____/____ Horário: __________ Nome: ____________________________________________Idade: ____RH:__________ Unidade de internação: _______________ ______Ramal: _________ Sexo: (1) masculino (2) feminino Há quanto tempo foi diagnosticado o HIV _______ meses Como adquiriu o HIV? (1) contato sexual (2) uso de droga injetável (3) transfusão sanguínea (4) transmissão vertical (5) sem informação Já iniciou tratamento?: (1) sim (2) não Há quanto tempo?: _________ meses Quais ARV já usou?: (1) ZDV (2) ddC (3) ddI (4) D4T (5) 3TC (6) adefovir (7) ABC (8) NVP (9) DLV (10) EFV (11) SQV (12) IDV (13) RTV (14) NFV (15) APV (16) LPV/r Quais ARV está (1) ZDV (2) ddC (3) ddI (4) D4T (5) 3TC (6) adefovir em uso atualmente? (7) ABC (8) NVP (9) DLV (10) EFV (11) SQV (12) IDV (13) RTV (14) NFV (15) APV (16) LPV/r (17) nenhum Há quanto tempo está utilizando o esquema atual?: _____ meses Uso regular de ARV? (1) sim (2) não No momento do acidente CD4: _____ data: ___/___/___ CV: ______ data:___/___/___ Resultado de genotipagem Data: ___/___/___ Resultado: S _______________________________________________________________ R ______________________________________________________________ Mutações: TR _____________________________________________________________ PT _____________________________________________________________ Motivo da internação: ________________________________________________ Doença oportunista: (1) sim (2)não DIH: ___/___/___ Coleta de CD4 e CV para paciente fonte de acidente ocupacional: encaminhar 03 tubos com EDTA (tubo roxo) estéril para a CCIH. Total: 15 ml. 71 Anexo 09. Perfil de resistência do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 ARV utilizado N 3TC ABC d4T ddI FTC TDF ZDV DLV EFV NVP APV ATZ IDV LPV NFV RTV SQV 1 R R R R R R R R R R R R R R R R R (prévio ou atual) ZDT, 3TC, LPV/R, APV D4T, ABC, LPV/R, ZDV, DDI, 2 S S S S S S S R R R S S S S S S S 3TC, NVP, EFV, SQV, IDV, RTV, NFV 3 S S S S S S S S S S S S S S S S S DDI, D4T, NVP, NFV 4 S S S S S S S S S S S S S S S S S D4T, 3TC, EFV 5 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 6 S S S S S S S S S S S S S S S S S ZDV, 3TC, NVP 7 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 8 S S S S S S S S S S R R R R R R S NENHUM 9 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 10 S S S S S S S S S S S S S S R S S D4T, 3TC, EFV, ZDV, NFV 11 S R R R S R R S S S R R R R R R R ABC, SQV, LPV/R, DDI 12 S S S S S S S S S S S S S S S S S D4T, 3TC, EFV 13 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 14 S S S S S S S R S S S S S S S S S NENHUM 72 Anexo 09. Perfil de resistência do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 ARV utilizado N 3TC ABC d4T ddI FTC TDF ZDV DLV EFV NVP APV ATZ IDV LPV NFV RTV SQV 15 S S S S S S S R S S S S S S S S S NENHUM 16 S R R R S R R S S S S S S S S S S ZDV, 3TC, LPV/R, NVP 17 S S S S S S S S S S S S S S S S S ZDV, 3TC, EFV S S S S S S S R R R S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S R R S R R S S R R R S R S S R S R R R R R R R R R R R S S S S S S S 22 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 23 R R R R R R R R R R R R R R R R R D4T,3TC, EFV, APV 24 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 25 S S S S S S S R R R S S S S S S S NENHUM 26 S R R R S R R S S S S R S S R S R ZDV, DDI, D4T, 3TC, NFV 27 S S S S S S S R R R S S S S S S S ZDV, DDI,NVP 28 S R R R S R R R R R S S S S S S S DDI, D4T, EFV, ZDV, 3TC, NFV 18 19 20 21 (prévio ou atual) ZDV, 3TC, NVP, DDI, D4T, 3TC, EFV, IDV, RTV, LPV/R D4T, 3TC, SQV, RTV, EFV D4T, 3TC, SQV, RTV, ZDV, DDI, NFV ZDV, DDI, SQV, RTV, DDC, D4T, 3TC, EFV 73 Anexo 09. Perfil de resistência do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 N 29 3TC ABC d4T ddI FTC TDF ZDV DLV EFV NVP APV ATZ IDV LPV NFV RTV SQV S S S S S S S R R R S S S S S S S ARV utilizado (prévio ou atual) D4T, ABC, LPV/R, ZDV, DDI, 3TC, NVP, EFV, SQV, IDV, RTV, NFV 30 S S S S S S S S R R S S S S S S S ZDV, 3TC, EFV 31 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 32 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 3TC, ABC, EFV, ZDV, DDC, 33 R R R R R R R R R R R R R R R R R DDI, D4T, 3TC, TDF, EFV, SQV, IDV, RTV, NFV, APV 34 S S S S S S S S S S S S S S S S S D4T, 3TC, EFV 35 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 36 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 37 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 38 S S S S S S S S S S S S S S S S S ZDV, 3TC, EFV, LPV/R 39 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 40 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 41 R R S S R S S R R R NT S S S S S S ZDV, DDI, EFV 74 Anexo 09. Perfil de resistência do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 N ARV utilizado 3TC ABC d4T ddI FTC TDF ZDV DLV EFV NVP APV ATZ IDV LPV NFV RTV SQV 42 S S S S S S S S S S S S S S S S S 43 S S S S S S S R R R NT R R R R R R 44 S S S S S S S S S S NT R S S R S R ZDV, 3TC, RTV, ATZ, D4T, NVP 45 S S S S S S S S S S S S S S S S S NENHUM 46 S S S S S S S S S S S S S S R S S D4T, 3TC, EFV, AZT, NFV (prévio ou atual) ZDV, 3TC, LPV/R, IDV ZDV, 3TC, ATZ, DDI, D4T, EFV, IDV, RTV S= sensível; R= resistente; ABC= abacavir; ARV= anti-retroviral; ATZ= atazanavir; AVP= amprenavir; 3TC= lamivudina; d4T= estavudina; ddC= zalcitabina; ddI= didanosina ; EFV= efavirenz ; IDV = indinavir; LPV/r= lopinavir/ritonavir; NFV = nelfinavir; NVP= nevirapina; RTV= ritonavir; SQV= saquinavir; TDF= tenofovir; ZDV= zidovudina. NT= Não testado. Os dados destacados em negrito representam resistência. 75 Anexo 10. Uso de ARV e Mutações Primárias do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 N 1 Mutações Primárias L90M, L10FILV, M36V,D60E, L63P,V77I,I93L, M41L, ARV em uso no momento da exposição ARV utilizado previamente ZDV+3TC+LPV/R SEM INF, APV, LPV/R D4T+ABC+LPV/R ZDV, DDI, D4T, 3TC, ABC, NVP, EFV, SQV, IDV, D67G, T69E,L74V, L210W, T215Y, K103N, G190A 2 K20R, L63P, V77I, I93L, K103N, P225H RTV, NFV 3 L63P DDI+D4T+NVP DDI, D4T, NFV 4 M36I, D60E, L63Q, V77I D4T+3TC+EFV NENHUM 5 L63P, Q151QR NENHUM NENHUM 6 L63P ZDV+3TC+NVP NENHUM 7 M63I, V118I NENHUM NENHUM 8 M46L, L63APST NENHUM NENHUM 9 M36I NENHUM NENHUM 10 M36I, L63P, I93L D4T+3TC+EFV ZDV, 3TC, NFV 11 M46I, I54V, G73C, V82A, I84V, L90M, L10F, K20IM, ABC+SQV+LPV/R DDI, ABC, LPV/R M36IM, D60DE, L63LP, V77I, I93L, M41L, T215H 12 M36I D4T+3TC+EFV NENHUM 13 M230IM NENHUM NENHUM 14 V77I, P236X NENHUM NENHUM ABC= abacavir; ARV= anti-retroviral; ATZ= atazanavir; AVP= amprenavir; 3TC= lamivudina; d4T= estavudina; ddC= zalcitabina; ddI= didanosina ; EFV= efavirenz ; IDV = indinavir; LPV/r= lopinavir/ritonavir; NFV = nelfinavir; NVP= nevirapina; RTV= ritonavir; SQV= saquinavir; TDF= tenofovir; ZDV= zidovudina. Os dados destacados nesta tabela representam respectivamente: negrito= resistência/ inibidores de protease; itálico= resistência/ inibidores de trancriptase reversa análogos nucleosídeos e sublinhado= resistência/ inibidores de trancriptase reversa não análogos nucleosídeos. 76 Anexo 10. Uso de ARV e Mutações Primárias do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 N Mutações Primárias ARV em uso no ARV utilizado previamente momento da exposição 15 V77I, P236X NENHUM NENHUM 16 L63LP, T215D ZDV+3TC+LPV/R ZDV, 3TC, NVP 17 M36I, L63M ZDV+3TC+EFV NENHUM 18 L63H, K103N ZDV+3TC+NVP ZDV, DDI, D4T, 3TC, EFV, IDV, RTV, LPV/R 19 M36I, L63S D4T+3TC+SQV+RTV D4T, 3TC, EFV 20 G48E, M36I, L63A, V118I, M184IM, Y188C, G190GR D4T+3TC+SQV+RTV ZDV, DDI, D4T, 3TC, NFV 21 M36I, L63P,I93L, M41L, D67N, V118I, L210W, T215Y, ZDV+DDI+SQV+RTV ZDV, DDC, DDI, D4T, 3TC, EFV K219N, A98G, G190E 22 M36V, L63P, A71V, I93L NENHUM NENHUM 23 L33F,M46I, G48M, F53Y, I54T, V82A, I84V, L10I, K20KR, D4T+3TC+EFV+APV SEM INF M36I, L63P, A71V, I93L, M41L, E44D, D67N, T69D, V118I, M184MV, L210W, T215Y, K219KN, K101H, V108I, Y181C, G190A 24 L10I, L63T NENHUM NENHUM 25 K20R, L63P, T69A,V179D, M230I, V179D, M230I NENHUM NENHUM 26 M36I, L63P, D30N, N88D, M41LM, T215Y NENHUM ZDV, DDI, D4T, 3TC, NFV 27 K20R, M36I, L63AV, K103N ZDV+DDI+NVP NENHUM ABC= abacavir; ARV= anti-retroviral; ATZ= atazanavir; AVP= amprenavir; 3TC= lamivudina; d4T= estavudina; ddC= zalcitabina; ddI= didanosina ; EFV= efavirenz ; IDV = indinavir; LPV/r= lopinavir/ritonavir; NFV = nelfinavir; NVP= nevirapina; RTV= ritonavir; SQV= saquinavir; TDF= tenofovir; ZDV= zidovudina. Os dados destacados nesta tabela representam respectivamente: negrito= resistência/ inibidores de protease; itálico= resistência/ inibidores de trancriptase reversa análogos nucleosídeos e sublinhado= resistência/ inibidores de trancriptase reversa não análogos nucleosídeos. 77 Anexo 10. Uso de ARV e Mutações Primárias do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 N 28 Mutações Primárias L10I, M36I, L63T, A71T, V77I, D67N, T215Y, K103N, ARV em uso no momento da exposição ARV utilizado previamente DDI+D4T+EFV ZDV, 3TC, NFV D4T+ABC+LPV/R ZDV, DDI, D4T, 3TC, ABC, NVP, EFV, SQV, IDV, V179E 29 K20R, L63P, V77I, I93L, K103N, P225H RTV, NFV 30 G190S NENHUM ZDV, 3TC, EFV 31 SEM NENHUM NENHUM 32 L10I, L63T NENHUM NENHUM 33 I54V, I84V, L90M, L10I, K20KR, M36I, M41L, L210W, 3TC+ABC+EFV ZDV, DDC, DDI, D4T, 3TC, TDF, EFV, SQV, IDV, T215Y, K101P, K103N RTV, NFV, APV 34 L63P D4T+3TC+EFV NENHUM 35 L24FL, V77I, I93L, A62V NENHUM NENHUM 36 I93L NENHUM NENHUM 37 M36I, L63Q, V77I NENHUM NENHUM 38 L10LV,M36IM, L63A ZDV+3TC+EFV ZDV, 3TC, LPV/R 39 L63P NENHUM NENHUM 40 M36I,D60E,L63P NENHUM NENHUM 41 L63P, M184V, K103N, P225H, K238T ZDV+DDI+EFV NENHUM ABC= abacavir; ARV= anti-retroviral; ATZ= atazanavir; AVP= amprenavir; 3TC= lamivudina; d4T= estavudina; ddC= zalcitabina; ddI= didanosina ; EFV= efavirenz ; IDV = indinavir; LPV/r= lopinavir/ritonavir; NFV = nelfinavir; NVP= nevirapina; RTV= ritonavir; SQV= saquinavir; TDF= tenofovir; ZDV= zidovudina. Os dados destacados nesta tabela representam respectivamente: negrito= resistência/ inibidores de protease; itálico= resistência/ inibidores de trancriptase reversa análogos nucleosídeos e sublinhado= resistência/ inibidores de trancriptase reversa não análogos nucleosídeos. 78 Anexo 10. Uso de ARV e Mutações Primárias do vírus dos pacientes-fonte HIV positivo das exposições ocupacionais avaliadas pelo PAAMB no período de fevereiro de 2003 a outubro de 2005 N Mutações Primárias ARV em uso no momento da exposição ARV utilizado previamente 42 L10V, M36I,D60*E ZDV+3TC+LPV/R ZDV, 3TC, IDV 43 K20M, M36I, L63P, A71T, I93L, K103N, P225H ZDV+3TC+ATZ DDI, D4T, EFV, IDV, RTV 44 G48R, V77I ZDV+3TC+RTV+ATZ ZDV, D4T, 3TC, NVP 45 M36I, L63P, V77I NENHUM NENHUM 46 M36I, L63P, I93L D4T+3TC+EFV ZDV, 3TC, NFV ABC= abacavir; ARV= anti-retroviral; ATZ= atazanavir; AVP= amprenavir; 3TC= lamivudina; d4T= estavudina; ddC= zalcitabina; ddI= didanosina ; EFV= efavirenz ; IDV = indinavir; LPV/r= lopinavir/ritonavir; NFV = nelfinavir; NVP= nevirapina; RTV= ritonavir; SQV= saquinavir; TDF= tenofovir; ZDV= zidovudina. Os dados destacados nesta tabela representam respectivamente: negrito= resistência/ inibidores de protease; itálico= resistência/ inibidores de trancriptase reversa análogos nucleosídeos e sublinhado= resistência/ inibidores de trancriptase reversa não análogos nucleosídeos. 79 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anonymous. Needlestick transmission of HTLV-III from a patient infected in Africa. Lancet. 1984;2:1376-7. Armstrong K, Gorden R, Santorella G. Occupational exposures of health care workers (HCWs) to human immunodeficiency virus (HIV): stress reactions and counseling interventions. Soc Work Health Care. 1995; 21:61-80. Bassett IV, Freedberg KA, Walensky RP. Two drugs or three? Balancing efficacy, toxicity, and resistance in postexposure prophylaxis for occupational exposure to HIV. Clin Infect Dis. 2004;39:395-401. Beltrami EM, Willians IT, Shapiro CN, Chamberland ME. Risk and Management of Blood-Borne Infections in Health Care Workers. Clin Microl Ver. 2000; 13:385-406. 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[2005-ago-28]. 86 Abstract Objective: To analyze the incidence and the factors related to occupational accidents with biological material among healthcare workers (HCWs); to determine the resistance profile of human immunodeficiency virus (HIV) to antiretroviral drugs among source patients; and to evaluate adherence and adverse events (AE) of antiretroviral drugs used as postexposure prophylaxis (PEP). Methodology: For the evaluation of incidence and variables related to occupational accidents in the Hospital Sao Paulo - UNIFESP/EPM complex, accidents reported and followed by the Program of Assistance for Accidents with Biological Material (PAABM) during the period between 1 October 1992 and 31 October 2005 were considered. In February 2003, a protocol was established for the evaluation of the resistance profile to antiretroviral drugs among HIV-infected source patients. Blood samples were collected from the patients and sent to the Retrovirology and Virology Laboratory of the Infectology Department of UNIFESP. The samples were submitted to laboratorial analysis which included counting of CD4 cells (flow cytometry), HIV viral load (NucliSens – Biomerieux, Lyon, France), and genotyping (analysed with the Beta test database, available at the Stanford University site http://hivdb.stanford.edu). Serological, clinical and laboratorial follow-up was provided for HCWs submitted to HIV PEP, during and after antiretroviral used, due to their risk of AE. These analysis included accidents reported between February 2003 and October 2005. Results: A total of 3,720 accidents were reported during the period considered. A gradual increase in the frequency of reported accidents along the years was observed. Exposure was more frequent among nursing staff (42.8%), and most of the cases were due to percutaneous injuries (80.3%). The antiretroviral resistance profile of 46 HIV-infected source patients was evaluated. Resistance to at least one of the antiretrovirals was observed in 23 (50%) of the HIVinfected source patients, and 21 cases (45.6%) presented resistance to at least one of the antiretrovirals used for prophylaxis, according to the most recent Centers for Disease Control and Prevention (2001, 2005) and Brazilian Ministry 87 of Health (2004) guidelines. The antiretroviral drugs recommended for prophylaxis and the HIV resistance profile were compared in 28 cases. Resistance to at least one of the antiretrovirals used for prophylaxis was observed in eight cases (28.6%). In three of them, resistance to all prescribed antiretrovirals was observed, showing that in these cases there was a risk of infection with HIV due to a failure of the chemoprophylaxis. A high number of HCWs presented AE related to HIV PEP. Fortunately, in most of the cases (73%) the prescribed chemoprophylaxis was used, and in 23.5% of the cases it was replaced by other antiretroviral drugs. Prophylaxis had to be interrupted due to AE in only two cases (3.9%). Transmission of HIV, B or C hepatitis virus was not observed in any of the cases of exposure described in this study. One case of contamination with hepatitis B virus in post-occupational exposure occurred in the Hospital Sao Paulo - UNIFESP/EPM complex, but was not reported. The case was detected in an investigation performed with the Service of Occupational Health, during which the case was reported due to the absence of other risks for the infection. Conclusion: A high number of occupational accidents with biological material were observed in this study, indicating the fundamental importance of efforts aiming at the prevention of exposure. A high level of antiretroviral resistance was observed among source patients, showing the need to review national standards relative to antiretroviral prophylaxis. The rapid assistance of HCWs presenting AE by trained professionals was of fundamental importance for adherence to prophylaxis.