Campo Magnético O fenómeno do magnetismo já era conhecido na antiga Grécia 800 AC, ao observarem que certos minerais, Magnetita, atraiam pedaços de Ferro. No sec. 17 Gilbert fez a distinção entre a força magnética e a força electrostática. Ambas são interacções à distância, variando a sua intensidade com o inverso do quadrado da separação entre os corpos. No sec. 19 Ørsted, Ampère descobriram que uma corrente eléctrica dava origem a uma força magnética que actuava além da força eléctrica entre as cargas. Esta força magnética é transmitida entre cargas em movimento por um agente, o campo magnético. Campo indução magnética r A existência do campo de indução magnética ( B ) num ponto do espaço pode ser demonstrada usando uma bússola. Se a agulha da bússola se orientar numa determinada direcção é porque existe um campo de indução magnética nesse ponto, cuja direcção é dada pela agulha da bússola. Repetindo o processo em vários pontos obtemos linhas de indução magnética, que saem do pólo norte magnético, entram pelo pólo sul e continuam dentro do íman até ao pólo norte formando uma curva fechada. Observa-se experimentalmente que, quando umar carga eléctrica q entra com r velocidade v numa região onde existe um campo B , fica sujeita a uma força: r • A força é proporcional ao módulo da velocidade v. • A força é proporcional à carga q. •A força é perpendicular ao campo e à velocidade r •A força é proporcional a sen θ, onde θ é o ângulo entre a velocidade e B. Campo indução magnética (Cont.) As observações anteriores podem-se resumir na expressão r r r F = qv × B r r onde v × B é o produto vectorial dos vectores r r v e B. A força é perpendicular ao plano definido por estes vectores sendo a r v direcção dada pela regra da mão direita quando gira no r sentido de B . A unidade SI do campo de indução magnética é o Tesla (T) ou Weber/m2 T= Wb N = m2 A ⋅ m Diferenças importantes entre as forças eléctricas e as magnéticas: r r r r • Fre está sempre na direcção do E ; Fm ⊥ B r • Fe actua sobre uma partícula carregada, independentemente da v da partícula. r r • Fm actua sobre uma partícula carregada somente se v ≠ 0. r r • Como Fm ⊥ v o trabalho realizado pela força magnética é nulo, ou seja a energia cinética da partícula mantém-se constante. Movimento de partícula carregada num campo magnético A força magnética não altera a energia cinética de uma partícula, apenas a direcção da sua velocidade. A força resultante sobre a partícula carregada é r Fm = qvB Se a velocidade da partícula é perpendicular a um campo magnético uniforme, em virtude da força magnética ser sempre perpendicular à velocidade, a partícula desloca-se segundo uma órbita circular de raio v2 qvB = m r ⇒ mv r= qB O período de rotação e frequência angular do movimento circular são T= 2π r 2π m = v qB qB ω= (frequência ciclotrão) m Movimento de partícula carregada num campo magnético Se a velocidade da partícula tem uma componente paralela ao campo magnético a partícula desloca-se segundo uma órbita em hélice, cujo passo é p = v // T = 2π mv // qB Uma partícula carregada que se movimenta na presença dum campo magnético e dum campo eléctrico, fica sujeita à força total que é a força de Lorentz r r r r F = qE + qv × B r A partícula carregada sofre r a acção duma força eléctrica qE e também duma força magnética r qv × B. Força magnética sobre um condutor percorrido por uma corrente Seja um segmento condutor rectilíneo; de comprimento l; área da secção recta A; percorrido por uma corrente I, num r campo magnético externo B. A força magnética sobre uma carga q com a velocidade de migração r vd é r r r Fm = q v d × B A carga total num elemento infinitesimal do condutor de comprimento dl é qdN=ρAdl. A força magnética total em dl D r r r r r dFm = ρ ( v d × B) Adl = Idl × B A força magnética total sobre o condutor é r r D r Fm = I ∫ dl × B C C Força magnética sobre um condutor percorrido por uma corrente Exemplo: Calcular a força total sobre o fio fechado percorrido pela corrente I. A força magnética total sobre a parte rectilínea é r F1 = I 2 RB A força magnética sobre um elemento infinitesimal da parte curva é r r r dF2 = I (dl × B) = IB senθ dl = IB senθ Rdθ A força magnética total sobre a parte curva é r π F2 = IBR ∫ senθ dθ = 2 IBR 0 Como F1 e F2 apontam em sentidos diferentes, a força total sobre o fio é nula. Fontes de campo magnético. Lei de Biot-Savart As observações de Ørsted da criação de um campo magnético por uma corrente eléctrica, permitiram a unificação da força magnética e eléctrica. Com base nessas observações Ampère sugeriu que fossem igualmente correntes eléctricas circulares, de dimensões moleculares, as responsáveis pelos os fenómenos magnéticos nos meios materiais. Lei de Biot-Savart r O campo de indução magnética dB criado num ponto P por umr elemento infinitesimal de comprimento, dl , de um condutor percorrido por uma corrente I r r µ 0 Idl × rˆ dB = 4π r 2 onde µ0= 4π10-7 N/A2 é a permeabilidade do vácuo. Lei de Biot-Savart (Cont.) r O campo de indução magnética total B criado num ponto P por um condutor percorrido por uma corrente I r r µ0 I dl × rˆ B= 4π C∫ r 2 Supondo que n é a densidade de portadores no elemento de comprimento dl do condutor, A a área da sua secção recta, então o nº de portadores portadores em dl é dN=nAdl. Se v é a velocidade de deriva dos portadores, a intensidade de corrente pode-se escrever como I=qnAv. O campo magnético é r r r µ0 qnA v dl × rˆ µ0nAdl qvr × rˆ µ0dN qvr × rˆ dB = = = 2 2 4π r 4π r 4π r2 No caso especial de uma única carga (dN=1) o campo criado no ponto P r µ0 qvr × rˆ B= 4π r 2 Exemplo 1: Calcular o campo de indução magnética no centro de um anel percorrido por uma corrente I. O campo criado pelo elemento dl no centro do anel é r µ0 I dl dB = xˆ 2 4π R O campo total no centro do anel é r µ0 I B= 4π µ0 I dl ˆ x = ∫anel R 2 2 R xˆ Força magnética entre condutores com corrente Um condutor no qual circula uma corrente quando colocado num campo de indução magnética fica sujeito à acção de uma força. Por outro lado uma corrente produz um campo magnético no espaço circundante. Assim dois condutores cada qual com a sua corrente vão exercer uma força um sobre o outro. Se as correntes têm o mesmo sentido os condutores atraem-se, caso contrário repelem-se. No caso de dois condutores paralelos com correntes I1 e I2, separados de uma distância d, cada um deles fica sujeito a uma força F = I LB 12 2 1 onde L é o comprimento do condutor e B1 o campo magnético criado por I1 a uma distância d B1 = µ0 I 1 2πd A força por unidade de comprimento é F12 µ0 I1 I 2 = L 2πd Lei de Ampère. Como as linhas de indução magnética são fechadas, o integral de linha do campo de indução magnética ao longo de um percurso fechado pode ser diferente de zero. r r ∫ B ⋅ dl = µ 0 I C C onde IC é a corrente que atravessa qualquer superfície limitada pelo percurso fechado C. A lei de Ampère só é válida para correntes constantes, ou seja na ausência de campos eléctricos variáveis. A lei de Ampère pode ser usada para calcular o campo de indução magnética para distribuições de corrente com um certo grau de simetria, tal como acontecia com a lei de Gauss no caso do campo eléctrico. Assim é necessário que utilizar curvas fechadas onde o campo seja tangente e de módulo constante. Exemplo: Calcular o campo de indução magnética em todo o espaço criado por um fio rectilíneo de raio R, percorrido por uma corrente constante I0 uniformemente distribuída pela secção recta do fio. Por simetria , o campo deve ser tangente aos círculos tangentes e perpendiculares ao fio. O integral de linha ao longo de um circulo de raio r, é r r ∫ B ⋅ dl = B ∫ dl = 2π rB C C Para r>R a corrente que atravessa a circunferência limitada pelo circulo é a corrente total no fio Ic=I0. r r ∫ B ⋅ dl = µ 0 I 0 ⇒ B= C µ0 I 0 2πr Para r<R, a corrente que atravessa a circunferência não é I0, devendo ser calculada usando a densidade de corrente no fio I C = J ⋅ πr 2 = I0 2 ⋅ π r πR 2 ⇒ B= µ0 I 0 2πR 2 r Exemplo: Calcular o campo de indução magnética no interior de um solenóide percorrido por uma corrente constante I0. Para calcular o campo magnético usando a lei de Ampère vamos considerar a curva rectangular de lados l e w. Como fora do solenóide o campo diminui com o quadrado da distância, podemos considerar B=0 no lado 3. Nos lados 2 e 4 temos que B⊥dl, então r r ∫ B ⋅ dl = C r r ∫ B ⋅ dl = B lado 1 ∫ dl = Bl lado 1 Se N é o nº de espiras no comprimento l, a corrente total que atravessa o rectângulo é Ic=NI0. Então o campo é r r N ⇒ B ⋅ d l = Bl = µ NI B = µ0 I 0 0 0 ∫C l Lei de Ampère generalizada Quando a corrente I que atravessa um condutor varia no tempo, por exemplo durante a carga de um condensador, a lei de Ampère conduz a uma contradição. Considerando duas superfícies S1 e S2 limitadas pela mesma curva P, o integral de linha do campo sobre a trajectória P deve ser proporcional à corrente total através de qualquer superfície limitada por P. Quando se considera S1 temos r r ∫ B ⋅ dl = µ 0 I S1 P Porém quando se considera S2 não há corrente através desta superfície, logo r r ∫ B ⋅ dl = 0 P Lei de Ampère generalizada (Cont.) Maxwell resolveu este problema assumindo que o campo magnético pode ser produzido por correntes e também por campos eléctricos variáveis no tempo. Assim introduziu um termo adicional na lei de Ampère designado por corrente de deslocamento dφ E Id = ε0 dt onde r r φ E = ∫∫ E ⋅ dS Assim através de qualquer superfície na Lei de Ampère teremos sempre uma combinação da corrente de condução e de deslocamento que a atravessa r r dφ E ∫P B ⋅ dl = µ 0 I + µ 0ε 0 dt Lei de Gauss do magnetismo • Nos campos magnéticos, as linhas de indução magnética são contínuas e são curvas fechadas. • Qualquer que seja a superfície fechada o número de linhas que entram = número de linhas que saem. Ou seja, o fluxo magnético através de qualquer superfície fechada é nulo, r r ∫ B ⋅ dS = 0 S • Esta afirmação está baseada no facto experimental de nunca se terem observado pólos magnéticos isolados (ou monopolos). Campo magnético na matéria • Os átomos têm dipolos magnéticos devido ao movimento dos seus electrões. • Os próprios electrões têm dipolos magnéticos intrínsecos associados ao seu spin. • O momento magnético total de cada átomo depende da disposição dos electrões no seu interior. • Em geral estes dipolos magnéticos alinham-se paralelamente ao campo magnético exterior, e tendem a aumentar o módulo do campo (contrariamente ao que acontece aos dipolos eléctricos) Campo magnético na matéria (Cont.) É possível classificar os materiais em três categorias: • Diamagnéticos, não têm os dipolos magnéticos permanentes. Quando é aplicado um campo externo são induzidos dipolos magnéticos na direcção oposta à do campo externo, sendo ligeiramente repelidos pelo campo. • Paramagnéticos, têm dipolos magnéticos permanentes mas na ausência de campo externo estão orientados aleatoriamente, devido à agitação térmica. O alinhamento é proporcional ao campo e inversamente proporcional à temperatura (Lei de Curie). • Ferromagnéticos, têm com momentos magnéticos atómicos fortes que tendem a se alinhar paralelamente uns aos outros mesmo quando é aplicado um campo externo fraco. Este alinhamento permanece depois do campo externo ter sido removido. substâncias atingem uma magnetização espontânea. temperatura No entanto quando estas critica, perdem a sua Campo magnético na matéria (Cont.) No caso das substâncias diamagnéticas e paramagnéticas o campo induzido, Bi, é proporcional ao campo externo, B0, r r Bi = χ m B0 onde χm é a susceptibilidade magnética do material que é positiva nos materiais paramagnéticos e negativa nos diamagnéticos. O campo total no interior do material é r r r r B = B0 + Bi = (1 + χ m ) B0 O campo externo B0 é devido à distribuição de corrente livre r r ∫ B0 ⋅ dl = µ 0 I 0 r r B ⇒ ∫ ⋅ dl = µ 0 I 0 1+ χm r r ⇒ ∫ B ⋅ dl = µ 0 (1 + χ m ) I 0 A permeabilidade magnética do material define-se como definindo-se o campo magnético como r r H=B µ [A/m] µ=µ0(1+χm),