O Homem é um ser social

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(31) 2106-1750
SOCIOLOGIA
“Estudo cientifico dos fatos sociais, de suas estruturas e de seus fatores bem como da
inter relação e interação social. Parte da ciência Social que tem por objeto o estudo
dos fenômenos que ocorrem na vida social da mais simples a mais complexa
sociedade”
“O Homem é um ser social”
Aristóteles
A trajetória da sociologia começa a ser traçada com o movimento político e intelectual
conhecido como Iluminismo ( Inglaterra, Holanda e França, 1590 - séc XVII e XVIII ),
que exerceu enorme influência no século XVIII, propondo reformas no interesse das
classes privilegiadas ( elite ), conforme leis que regeriam ao mesmo tempo a
sociedade, o universo e a natureza e a Revolução Industrial ( Inglaterra, 1750 com
introdução da máquina a vapor - séc. XVIII em diante ). Em seguida, após a Revolução
Francesa ( França, 1789 – 1799 ) e a queda do Antigo Regime ( regime político vigente
na França até a Rev. Francesa ) , a Sociologia adquiriu os traços que ostenta hoje em
dia, aos poucos destituindo-se da roupagem de ciência ética, de filosofia política ou
social, preocupada em determinar uma ordem justa das relações humanas, para
concentrar-se na descrição e interpretação dos elementos — desempenhos, grupos,
valores, normas e modelos sociais de conduta — que determinam a integração dos
sistemas sociais.
O termo Sociologie foi cunhado por Auguste Comte, que esperava unificar todos os
estudos relativos ao homem — inclusive a História, a Psicologia e a Economia. Seu
esquema sociológico era tipicamente positivista, (corrente que teve grande força no
século XIX), e ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas
fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender este progresso,
poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social.
O surgimento da sociologia ocorreu num momento de grande expansão do
capitalismo, desencadeado pela dupla revolução – a industrial e a francesa. O triunfo
da indústria capitalista na revolução industrial desencadeou uma crescente
industrialização e urbanização, o que provocou radicais modificações nas condições de
existência e nas formas habituais de vida de milhões de seres humanos. Estas situações
sociais radicalmente novas, impostas pela sociedade capitalista, fizeram com que a
sociedade passasse a se constituir em "problema". Diante disso, pensadores ingleses
da época procuraram extrair dessas novas situações temas para a análise e a reflexão,
no objetivo de agir, tanto para manter como para reformar ou modificar radicalmente
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a sociedade de seu tempo. Isto foi fundamental para a formação e a constituição de
um saber sobre a sociedade. Outra circunstância que também influenciou e contribui
para a formação da sociologia se deve às transformações ocorridas nas formas de
pensamento, originadas pelo Iluminismo.
As transformações econômicas que o ocidente europeu presenciou desde o
século XVI, provocaram modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. A
partir daí, o pensamento deixa de ter uma visão sobrenatural para a explicação dos
fatos da natureza e passa a ser substituído pelo uso da razão.
O emprego sistemático da razão representou um avanço para libertar o
conhecimento do controle teológico, da tradição, da revelação e para a formulação de
uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura. Essas
novas maneiras de produzir e viver,propiciaram um visível progresso das formas de
pensar e contribuíram para afastar interpretações baseadas em superstições e crenças
infundadas, abrindo conseqüentemente um espaço para a constituição de um saber
sobre os fenômenos histórico-sociais.
Esta crescente racionalização da vida social não era um privilégio somente de
filósofos e homens que se dedicavam ao conhecimento, mas também, do homem
comum dessa época, que renunciava cada vez mais os fatos submetidos às forças
sobrenaturais, passando a percebê-los como produtos da atividade humana, passíveis
de serem conhecidos e transformados.
A revolução francesa contribuiu para o surgimento da sociologia na medida em
que o objetivo dessa revolução era mudar a estrutura do Estado monárquico e, ao
mesmo tempo, abolir radicalmente a antiga forma de sociedade; promover profundas
inovações na economia, na política, na vida cultural, etc; além de desferir seus golpes
contra a Igreja. Tais atitudes ocasionaram profundos impactos, causando espanto aos
pensadores da época e à própria burguesia, já instalada no poder. Diante disso, esses
pensadores se incumbem à tarefa de racionalizar a nova ordem e encontrar soluções
para o estado de "desorganização" então existente. Mas, para estabelecer esta tarefa
seria necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem os fatos sociais e instituir
uma ciência da sociedade.
Assim, pensadores positivistas da época concluíram que, para restabelecer a
organização e o aperfeiçoamento na sociedade, seria necessário fundar uma nova
ciência. Essa nova ciência assumia, como tarefa intelectual, repensar o problema da
ordem social, ressaltando a importância de instituições como a autoridade, a família, a
hierarquia social, destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. A
oficialização da sociologia foi, portanto, em larga medida, uma criação do positivismo
que procurará realizar a legitimação intelectual do novo regime.
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Foram as idéias desenvolvidas por incontáveis homens e mulheres, ao longo da
história humana, que começa na Mesopotâmia e no Egito a mais de quatro mil anos
antes do nascimento de Cristo, que reunidas, trabalhadas e revistas, formaram o que
hoje temos como CONHECIMENTO em todas as áreas da vida.
A Sociologia foi o resultado da união de inúmeros pensadores, nas diversas
partes do mundo. Alguns se conheciam, muitos outros nunca se viram.
Uns
complementando outros, até formar o que conhecemos como ciência sociológica ou
ciência da sociedade ou Sociologia.
Destes tantos, quatro pensadores foram
responsáveis por estruturar os fundamentos da Sociologia possibilitando criar três
linhas mestras explicativas, fundadas por eles e aos quais iremos estudar:
AUGUSTE COMTE.
 1798: Isidore Auguste Marie Xavier Comte nasce em Montpellier no sul da
França;
 1806: aos 9 anos é internado no Liceu de Montpellier;
 1812: se prepara ao concurso da Escola Politécnica de Paris;
 1814: aos 16 anos ingressa na Escola Politécnica de Paris;
 1817: conhece Saint-Simon;
 1824: rompe com Saint-Simon;
 1825: casa-se com Caroline Massin;
 1826: inauguração do Curso de Filosofia Positiva;
 1827: Comte tenta o suicídio, no Sena;
 1829: retoma o curso de Filosofia Positiva;
 1830: começa escrever Cours de Philosofie Positive;
 1842: separa-se de Caroline Massin e termina de escrever Cours de Philosofie
Positive ;
 1844: publica o “Discurso sobre o Espírito Positivo” e conhece sua musa
inspiradora Clotilde de Vaux;
 1845: Comte é sustentado por amigos como Stuart Mill;
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 1846: morre Clotilde e Comte a transforma no gênio inspirador de uma nova
religião;
 1847: Comte proclama a Religião da Humanidade;
 1851/1854: publica “Política Positiva” e o “Catecismo Positivista”;
 1857: 5 de setembro morre em Paris Augusto Comte;
História:
 Comte viveu num período (século XIX) da história francesa em que se
alternavam regimes despóticos e revoluções. Acontecia nesse momento o
processo da Revolução Francesa (1789-1799); A maior parte das idéias de
Comte veio à luz durante a Restauração, período histórico politicamente
conservador e reacionário, compreendido entre os anos de 1815 a 1848 (do
Congresso de Viena até as revoluções de 1848), quando os princípios liberais e
democráticos da Revolução Francesa entraram em refluxo, sofrendo
perseguições por parte dos conservadores e dos contra-revolucionários;
 Inspirado, num primeiro momento por Saint-Simon, seu mestre, um dos
mentores do socialismo utópico, para quem trabalhou como secretário de 1819
a 1824, Comte vislumbrou o surgimento de uma nova era, de uma Nova Ordem
que superaria tanto o liberalismo-democrático como o reacionarismo: a Era
Científica ou Positiva;
 A corrente de pensamento positivista surge no século XIX das crises sociais e
moral do final da Idade Média e do princípio da Revolução Industrial e em meio
a uma tensão do Liberalismo, quando os pensadores que defendiam esta
corrente começaram a discordar acerca da tentativa de conciliar a estrutura
racional liberal com o empirismo.
 O Positivismo foi uma das primeiras doutrinas filosóficas do século XIX e uma
das mais influentes do seu tempo.
 Suas raízes enraigam do empirismo do filósofo inglês David Hume (morto em
1776), que inculcou nos seus seguidores uma poderosa vocação em procurar
entender as coisas do mundo com olhos científicos, afastando-se de tudo o que
não fosse exato, factual, comprovável;
 Dessa forma, o positivismo tornou-se a expressão renovada do agnosticismo
(indiferença à existência de Deus) e do ateísmo;
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 O positivismo a partir da segunda metade do século XIX refletiu o entusiasmo
burguês pelo progresso trazido com o desenvolvimento técnico-industrial
capitalista;
 O positivismo caracteriza-se por um tom geral de confiança nos benefícios da
industrialização bem como por um otimismo em relação ao progresso
capitalista, guiado pela técnica e pela ciência;
 O funcionamento da sociedade obedeceria a diretrizes predeterminadas para
promover o bem-estar do maior número possível de indivíduos;
 Projetou uma ordem espiritual – inspirada na hierarquia e na disciplina da
Igreja Católica que considerava muitos eficientes, e essa nova doutrina se
dissociava totalmente da teologia cristã, pois, esta se baseava no sobrenatural
e não no materialismo científico;
 Construiu templos positivistas, onde a humanidade e não a divindade, seria
venerada. Comte via a humanidade como uma entidade uma, que nomeou de
Grande Ser;
 Comte levou em consideração a questão social em suas reflexões. Ele defende
a necessidade de uma reorganização completa da sociedade e essa
reconstrução da sociedade consistia na regeneração das opiniões e dos
costumes humanos. Logo, era necessária uma reestruturação intelectual dos
indivíduos e não de uma revolução das instituições sociais, como propunham
Saint-Simon, Fourier e Proudhon;
 Essa reforma da sociedade se daria da seguinte forma: reorganização
intelectual, depois moral e por fim, política, pois segundo ele, a Revolução
Francesa destruiu uma série de valores importantes da sociedade tradicional,
não sendo capaz, entretanto, de impor novos e permanentes valores para a
emergente sociedade burguesa;
 Na relação aos conflitos entre proletários e capitalistas, Comte assumiu uma
posição considerada conservadora, defendendo a legitimidade da exploração
industrial, concordava com a divisão das classes sociais e considerava
indispensável a existência dos empreendedores capitalistas e dos operadores
diretos, o proletariado.
 A tarefa a ser desempenhada pela filosofia positiva era restabelecer a ordem na
sociedade capitalista industrial;
 As transformações impulsionadas pelas ciências visavam o progresso, este,
porém, deve estar subordinada à ordem;
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 O pensamento positivista propõe um novo método e técnica, defende a ideia
de existência humana conduzida apenas por valores completamente humanos,
separando radicalmente a teologia e a metafísica, associando a uma diferente
interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento ligada à ética
humana radical;
 Preocupa-se apenas com questões que estavam ligadas ao humano e não a
questões que se referiam ao plano externo, ao inventivo.
A Lei dos Três Estados
 Teológico ou fictício: explicação baseada na fé, Deus é a única verdade,
predomina a imaginação.
 Metafísico ou abstrato: O homem deixa de crer plenamente em Deus e deixa
de responsabilizá-lo por todos os fenômenos, predomina a argumentação;
 Positivo ou científico: O homem procura as respostas para todos os fenômenos
na ciência, predomina a observação;
Sobre a Ciência Positiva
 Comte acreditava que a ciência positiva seria o fundamento da fraternidade
entre os homens, mas a responsabilidade por conduzir o aperfeiçoamento das
instituições estaria restrita a uma elite de cientistas;
 Acreditava que a solidariedade era um impulso natural do ser humano e que a
escola é um dos órgãos sociais responsáveis por promovê-la;
 Comte divide a educação positivista em duas, sendo elas: espontânea e
sistemática;
ÉMILE DURKHEIM
A CONCEPÇÃO FUNCIONALISTA DE SOCIEDADE
-
15/4/1858-Nasce em Épinal-França
-
1879-Chega à Escola Normal Superior de Paris em 1879
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1887-Torna-se o primeiro professor de sociologia da França. Começa a dar
aulas na Universidade de Bordeaux
1893 a 1895- Escreve seus dois livros mais importantes: Da Divisão do Trabalho
Social e As Regras do Método Sociológico. Estabelece com eles, entre outras
idéias, o conceito de consciência coletiva como um sistema de crenças e
sentimentos comuns, que explicam as relações entre os membros de uma
sociedade.
-
1897-Publica Suicídio: Um Estudo de Sociologia, no qual examina os problemas de
personalidade e afirma que as causas do suicídio são sociais e não individuais.
Analisando a sociedade da época, a seu ver conturbado pela desordem, propõe a
instituição de normas que possam ser observadas por todos
-
- Referências e pressupostos contextuais do pensamento
de Durkheim,
-
A Revolução Francesa e a Revolução Industrial de um lado e o manancial de
idéias de vários autores deste período;
-
Intensificava-se a consciência da necessidade de se criar novas idéias e valores
(novo sistema científico e moral) que se harmonizasse com a ordem industrial;
A lei do progresso é uma força implacável, a vida coletiva é um ser distinto,
complexo e irredutível às partes que a compõem;
OBJETO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
•
Dessa forma, a vida coletiva passou a ser o objeto da sociologia de Durkheim e
seu estudo demandava a utilização do método positivo, apoiado na
observação, indução e experimentação, tal como vinham fazendo os cientistas
naturais.
•
Durkheim via na ciência social uma expressão racional das sociedades
modernas.
Como Durkheim vê a sociedade
•
Sociologia: Ciência das sociedades que mostra as coisas de maneira diferente
de como se manifestam ao vulgo (vulgar).
•
Durkheim foi influenciado pelas obras de Augusto Comte e Herbert Spencer, os
iniciadores do Positivismo.
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•
Considera os fatos sociais como coisas, cuja natureza não é modificável à
vontade. Para ele, a sociedade é como um imenso corpo biológico que precisa
ser bem observado, para, em seguida, conhecer-se sua anatomia e aí descobrir
as causas e curas de suas doenças.
•
Fatos sociais: Toda maneira de atuar, fixada ou não, suscetível de exercer sobre
o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, que é geral na extensão de uma
dada sociedade, conservando uma existência própria, independente das suas
manifestações individuais.
Os fatos sociais incorporam-se à pessoa por meio da educação. Por ex: o fiel de uma
religião, ao nascer, já encontra formadas as crenças e práticas de sua vida religiosa.
Os fatos sociais funcionam independentes do uso que deles faço. Por isso, são
maneiras de atuar, pensar e existir fora das consciências individuais em que se
manifestam. São dotados de uma potência imperativa e coercitiva. Há uma vigilância
pública, coletiva sobre o indivíduo. Para Durkheim a Sociologia é uma ciência e, por
isso, deve ser neutra diante dos fatos sociais, isto é, a Sociologia não deve envolver-se
com a Política. Assim, toda reforma social deve estar baseada primeiramente no
conhecimento prévio e científico da sociedade, e não na ação política. O sociólogo
deve ter o espírito idêntico ao do físico, do químico (ciências da natureza), quando se
aventuram em uma região, ainda inexplorado, do seu domínio científico.
Principais obras de Durkheim
•
A divisão do Trabalho Social, 1893
•
As Regras do Método Sociológico, 1895
•
O Suicídio, 1897
•
As formas elementares da Vida Religiosa, 1912
•
Lições de Sociologia
•
Educação e Sociologia
•
Educação Moral
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Conceitos básicos
Consciência Coletiva: formada pelas idéias comuns que estão presentes em todas as
consciências individuais de uma sociedade (psíquico social) e que determinam nossa
conduta. Formam a base para uma consciência de sociedade. Ela não vem de uma só
pessoa ou grupo, mas está difusa (espalhada) em toda a sociedade, e, por isso, é
exterior ao indivíduo. A consciência coletiva é o que a sociedade pensa. Age de forma
coercitiva sobre o indivíduo, impõe as regras sociais.
Divisão do Trabalho Social
Especialização das funções entre os indivíduos de uma sociedade. Ao
desenvolver-se, a sociedade ia multiplicando-se em atividades a serem realizadas;
•
Cada indivíduo teria uma função a cumprir, a qual é importante para o
funcionamento de todo o corpo social.
•
Com isso, cada membro da sociedade passa a depender mais dos outros
indivíduos. Assim se dá a divisão do trabalho com o surgimento de novas
atividades.
•
Dois efeitos importantes: um, o econômico (aumento da produtividade); e
outro, tornar possível a união e a solidariedade entre as pessoas de uma
mesma sociedade.
Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica
•
Solidariedade Mecânica: Nas sociedades anteriores ao capitalismo, isto é, nas
sociedades tribais e feudais, a divisão do trabalho social era pouco
desenvolvida, não havia um grande número de especializações das atividades
sociais. Assim, as pessoas não se unem porque uma depende do trabalho da
outra, e, sim, são unidas pela religião, tradição ou sentimento comum a todos.
•
Solidariedade Orgânica: Aparece quando a divisão do trabalho social aumenta.
O que torna as pessoas unidas é uma interdependências das funções sociais.
Para Durkheim a solidariedade orgânica é superior à mecânica, pois ao se
especializarem as funções a individualidade é ressaltada, permitindo maio
liberdade de ação.
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Caso Patológico e Anomia
•
Durkheim admitia que o capitalismo é a sociedade perfeita; trata-se apenas de
conhecer os seus problemas e de buscar uma solução científica para eles, ou
seja, “curar as suas doenças”.
•
Caso Patológico: Durkheim acreditava que a sociedade, funcionando através de
leis e regras já determinadas, faria com que os problemas sociais tivessem suas
origens num estado social em que várias regras de conduta não estão
funcionando (Crise Moral).
•
Anomia: Por outro lado, os problemas sociais podem ter suas origens também
na ausência de regras.
•
Frente ao Caso Patológico cabe à Sociologia captar suas causas, procurando
corrigi-las por outras mais eficientes.
O Suicídio ( Fato Social !!??)
O que leva uma pessoa a se suicidar? Loucura?
Durkheim utilizou sua teoria para explicar o suicídio. O que aparentemente seria um
ato individual, para ele, estava ligado com aquilo que ocorria na sociedade. A
propósito desse tema, Durkheim verificou que existem três categorias de suicídios.
Analise-os:
Suicídio Altruísta:
Ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do que a ele mesmo, ou seja, os
laços que o unem à sociedade são muito fortes. Deixe-me lembrar você do ocorrido
em 11 de Setembro de 2001. Dois homens, considerados “loucos”, que pilotavam
aviões se chocaram contra o World Trade Center, em Nova York, lembra? Para
Durkheim, esses “loucos” poderiam ser classificados como suicidas altruístas, pois se
identificavam de tal forma com o grupo Al Qaeda, ao qual pertenciam, que se
dispuseram a morrer por ele. Da mesma maneira aconteceu com os kamikases
japoneses durante a 2º Guerra Mundial (1939-1945) e que, de certa forma, continua
acontecendo com os “homens-bomba” de hoje.
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Suicídio Egoísta:
Se alguém se desvinculasse das instituições sociais (família, igreja, escola, partido
político, etc.) por conta própria, para viver de maneira livre, sem regras, qual seria o
limite para essa pessoa, uma vez que ninguém a controlaria? Pois é, segundo
Durkheim, a falta de redes de convívio ou limites para a ação poderia levar a pessoa a
desejar ilimitadas coisas. Mas caso tal pessoa não consiga realizar os seus desejos, a
frustração poderia levá-la a um suicídio.
Suicídio Anômico:
Este tipo pode acontecer quando as partes do corpo social deixam de funcionar e as
normas ou laços que poderiam “abraçar” (solidarizar) os indivíduos perdem sua
eficácia, deixando os viver de forma desregrada ou em crise.
Karl Marx
-Karl
Heinrich Marx, filósofo e economista alemão, nasceu em Trier (atual Alemanha) a
5 de maio de 1818.
Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se principalmente pelas idéias do
filósofo Hegel. Formou-se pela Universidade de Iena em 1841. Em 1842 assumiu o
cargo de redator – chefe do jornal alemão Gazeta Renana, editado em colônia onde
tinha a postura de um liberal radical.
-
- No ano de 1843 transferiu-se para Paris. Lá conheceu Engels , um radical alemão de
quem se tornaria amigo íntimo e com quem escreveria vários ensaios e livros .Sua
doutrina ,a revolução tinha de se realizar não só na França e na Inglaterra , mas em
todo mundo civilizado ( universal ).
- De 1845 a 1848 viveu em Bruxelas, onde participou de organizações clandestinas de
operários e exilados.
-.Em 1847 redigiu com Engels O Manifesto Comunista , da teoria que , mais tarde ,seria
chamada de marxismo. No Manifesto Marx convoca o proletariado à a luta pelo
socialismo .
- Em 1848 , quando eclodiu o movimento revolucionário em vários países europeus ,
Marx voltou para Alemanha.
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-. Em 1864 Marx fundou , a Associação Internacional dos Trabalhadores , depois
chamada Primeira Internacional dos Trabalhadores com o objetivo de organizar a
conquista do poder pelo proletariado em todo o mundo.
- Em 1867 publicou o 1º volume de sua obra mais importante, O Capital livro, em que
faz uma crítica ao capitalismo e a sociedade burguesa.
-Falece em 1883.
Materialismo Histórico
Para Marx a raiz de uma sociedade é a forma como a produção social de bens está
organizada. Esta engloba as forças produtivas e as relações de produção. As forças
produtivas são a terra, as técnicas de produção, os instrumentos de trabalho, as
matérias-primas e o maquinário. Enfim, as forças que contribuem para o
desenvolvimento da produção. As relações de produção são os modos de organização
entre os homens para a realização da produção. As atuais são capitalistas, mas como
exemplo podemos citar também as escravistas e as cooperativas. No processo de
criação de bens estabelece-se uma relação entre as pessoas. Os capitalistas, donos dos
meios de produção (máquinas, ferramentas, etc.), e o proletariado, que possui apenas
sua força de trabalho, estabelecem entre si a relação social de trabalho. As maneiras
como as forças produtivas se organizam e se desenvolvem dentro dessa relação de
trabalho Marx chama de modo de produção. O estudo deste é fundamental para a
compreensão do funcionamento de uma sociedade. A partir do momento que as
relações de produção começam a obstaculizar o desenvolvimento das forças
produtivas cria-se condições para uma revolução social que geraria novas relações
sociais de produção liberando as forças produtivas para o desenvolvimento da
produção.
PRINCIPAIS CONCEITOS MARXISTAS
Luta de Classes
A história do homem é a história da luta de classes. Para Marx a evolução histórica se
dá pelo antagonismo irreconciliável entre as classes sociais de cada sociedade. Foi
assim na escravista (senhores de escravos - escravos), na feudalista (senhores feudais servos) e assim é na capitalista (burguesia - proletariado). Entre as classes de cada
sociedade há uma luta constante por interesses opostos, eclodindo em guerras civis
declaradas ou não. Na sociedade capitalista, a qual Marx e Engels analisaram mais
intrinsecamente, a divisão social decorreu da apropriação dos meios de produção por
um grupo de pessoas (burgueses) e outro grupo expropriado possuindo apenas seu
corpo e capacidade de trabalho (proletários). Estes são, portanto, obrigados a
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trabalhar para burguês. Os trabalhadores são economicamente explorados e os
patrões obtém o lucro através da mais-valia.
Infraestrutura e superestrutura
Segundo Marx a infraestrutura, modo como tratava a base econômica da sociedade,
determina a superestrutura que é dividida em ideológica (idéias políticas, religiosas,
morais, filosóficas) e política (Estado, polícia, exército, leis, tribunais).Portanto a visão
que temos do mundo e a nossa psicologia são reflexo da base econômica de nossa
sociedade. As idéias que surgiram ao longo da história se explicam pelas sociedades
nas quais seus mentores estavam inseridos. Elas são oriundas das necessidades das
classes sociais daquele tempo.
O FETICHISMO DA MERCADORIA
FETICHISMO: Adoração ou culto de fetiches
FETICHE: Objeto animado ou inanimado, feito pelo homem ou produzido
pela natureza, ao qual o homem da o caráter de sagrado e presta culto
As coisas-mercadorias aparecem como sujeitos sociais, dotados de vida própria e
os homens-mercadorias aparecem como coisas.
A mercadoria é um fetiche no sentido religioso da palavra: uma coisa que existe
por si e em si. A mercadoria, como fetiche, tem poder sobre seus crentes.
COMO ENTÃO APARECEM AS RELAÇÕES SOCIAIS DE TRABALHO?
As relações sociais de trabalho aparecem como relações materiais entre as
pessoas e como relações sociais entre coisas.Os homens são transformados em
coisas e as coisas são transformadas em “gente”
Ideologia
Sistema ordenado de idéias e concepções, de normas e de regras (com base no qual as
leis jurídicas são feitas) que obriga os homens a comportarem-se segundo a vontade
do “sistema”,
Alienação
O capitalismo tornou o trabalhador alienado, isto é, separou-o de seus meios de
produção (suas terras, ferramentas, máquinas, etc). Estes passaram a pertencer à
classe dominante, a burguesia. Desse modo, para poder sobreviver, o trabalhador é
obrigado a alugar sua força de trabalho à classe burguesa, recebendo um salário por
esse aluguel. Como há mais pessoas que empregos, ocasionando excesso de procura, o
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proletário tem de aceitar, pela sua força de trabalho, um valor estabelecido pelo seu
patrão. Caso negue, achando que é pouco, uma exploração, o patrão estala os dedos e
milhares de outros aparecem em busca do emprego. Portanto é aceitar ou morrer de
fome. Com a alienação nega-se ao trabalhador o poder de discutir as políticas
trabalhistas, além de serem excluídos das decisões gerenciais.
Mais-Valia
Suponha que o operário leve 2h para fabricar um par de sapatos. Nesse período
produz o suficiente para pagar o seu trabalho. Porém, ele permanece mais tempo na
fábrica, produzindo mais de um par de sapatos e recebendo o equivalente à confecção
de apenas um. Numa jornada de 8 horas, por exemplo, são produzidos 4 pares. O
custo de cada par continua o mesmo, assim como o salário do proletário. Com isso ele
trabalha 6h de graça, reduzindo o custo e aumentando o lucro do patrão. Esse valor a
mais é apropriado pelo capitalista e constitui o que Marx chama de Mais-Valia
Absoluta. Além de o operário permanecer mais tempo na fábrica o patrão pode
aumentar a produtividade com a aplicação de tecnologia. Com isso o operário produz
mais, porém seu salário não aumenta. Surge a Mais-Valia Relativa
Max Weber
(Sociologia Compreensiva)
1864 – Maximillian Carl Emil Weber nasce em Erfurt, Turíngia, a 21 de abril.
1869 - Muda-se para Berlim com a família.
1882 - Conclui seus estudos pré-universitários e matricula-se na Faculdade Direito de
Heidelberg.
1883 - Transfere-se para Estrasburgo, onde presta um ano de serviço militar.
1884 - Reinicia os estudos universitários.
1888 - Conclui seus estudos e começa a trabalhar nos tribunais de Berlim.
1889 - Escreve sua tese de doutoramento sobre a história das companhias comércio
durante a Idade Média.
1891 - Escreve uma tese, H História das Instituições Agrárias.
1893 - Casa-se com Marianne Schnitger.
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1894 - Exerce a cátedra de economia na Universidade de Freiburg. 1896 - Aceita uma
cátedra em Heidelberg.
1898 - Consegue uma licença remunerada na universidade, por motivo de saúde.
1899 - É internado numa casa de saúde para doentes mentais, onde permanece
algumas semanas.
1903 - Participa, junto com Sombart, da direção de uma das mais destacadas
publicações de ciências sociais da Alemanha.
1904 - Publica ensaios sobre os problemas econômicos das propriedades dos Junker,
sobre a objetividade nas ciências sociais e a primeira parte de A Ética Protestante e o
Espírito do Capitalismo.
1905 - Parte para os Estados Unidos, onde pronuncia conferências e recolhe material
para a continuação de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
1906 - Redige dois ensaios sobre a Rússia: A Situação da Democracia Burguesa na
Rússia e A Transição da Rússia para o Constitucionalismo de Fachada.
1914 - Início da Primeira Guerra Mundial. Weber, no posto de capitão, é encarregado
de organizar e administrar nove hospitais em Heidelberg.
1918 - Transfere-se para Viena, onde dá um curso sob o título de Uma Crítica Positiva
da Concepção Materialista da História.
1919 - Pronuncia conferências em Munique, que serão publicadas sob o título de
História Econômica Geral.
1920 - Falece em conseqüência de uma pneumonia aguda.
A Alemanha de Max Weber
•
1830: Alemanha – Um dos países mais atrasado da Europa
•
1880: Alemanha - país europeu de maior poder econômico
Aliança da grande burguesia, detentora de forte poder econômico, apoiada na
burocracia e no exército prussiano de Bismarck
Interesse no estudo da política, do papel do Estado e das estruturas de Poder,
Dominação e Obediência.
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Diferença entre relação social e ação social.
•
É importante diferenciar ação social de relação social. No primeiro caso, a ação
é orientada pela conduta do outro. Na Segunda a ação é orientada pelo sentido
compartilhado reciprocamente por um grupo de agentes.
Ação social:
Conduta humana dotada de sentido (justificativa subjetivamente elaborada).
Tipos de Ação Social
•
ação racional com relação a um objetivo (tem um fim previamente
determinado). Ex: a ação política.
•
ação racional com relação a valor (relacionado à moral). Ex: condutas ligadas às
manifestações religiosas.
•
ação afetiva ( ditado pelo estado de consciência ou humor do sujeito). Ex: o
ciúme entre os casais.
•
ação tradicional (ditado por valores culturais absorvidos pelo sujeito como
naturais, obedecendo a reflexos).
Obs.
•
1º. É importante ressaltar que quando se fala de sentido não se fala da gênese
da ação, mas à que ela direciona, ao seu fim.
•
2º. Esses tipos de ações geralmente estão relacionados não se encontrando de
forma pura são consideradas então como tipos ideais, ou seja, como modelos
conceituais utópicos que servem de guia comparativo para análise dos
fenômenos sociais.
Tipo Ideal
•
Instrumento de análise científica; trata-se de uma construção teórica abstrata a
partir dos casos particulares analisados.
•
Ex: o conceito de ação social, de dominação e de burocracia.
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É para orientar o cientista na compreensão da ação social e,
conseqüentemente dos fenômenos sociais que faz-se necessário a construção do
tipo ideal.
Para ele a sociedade não “paira” sobre os indivíduos e nem lhes é superior. As regras
e normas sociais são resultados de um conjunto complexo de ações individuais, nas
quais os indivíduos escolheriam diferentes formas de conduta. Há portando um
privilégio da parte (indivíduo) sobre o todo (sociedade)
TIPOS DE DOMINAÇÃO
A partir da tipologia das ações sociais Weber formulou sua análise sobre os tipos de
dominação
Conceito de Dominação: a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de
determinado conteúdo.
Esse conceito de dominação implica em dominantes (a presença efetiva de alguém
mandando) e dominados (vinculado à existência de um quadro administrativo ou de
uma associação, onde os seus membros estão submetidos a relações de dominação).
Nesse sentido o conceito de poder encontra-se relacionado a probabilidade de impor a
própria vontade numa relação social, mesmo encontrando resistências.
Tipos de dominação:
Dominação legal - em virtude de estatuto, de uma regulamentação ou de normas. Ex:
autoridade dos governantes, presidentes diretores e chefes nas organizações
empresariais.
Dominação carismática - em virtude da devoção efetiva à pessoa do senhor e a seus
dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente a faculdades mágicas, revelações ou
heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Ex: profetas, herói guerreiro e grande
demagogo, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas.
Dominação tradicional - em virtude da crença na santidade das ordenações e dos
poderes senhoriais de há muito existentes. Ex: senhor feudal, senhor de engenho
(Brasil), autoridade dos pais sobre os filhos.
Dentre as diversas formas que a dominação legal pode assumir seu tipo mais puro é a
dominação burocrática.
Dominação burocrática: aquele que emprega um quadro administrativo burocrático.
Sua idéia básica é, que qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um
estatuto sancionado corretamente quanto à forma.
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Obs.: Nesse tipo de organização burocrática obedece-se não à pessoa, mas a regra
estatuída, que estabelece tanto a quem se obedece como em que medida obedecer. O
dever de obediência está graduado hierarquicamente através de cargos, havendo
subordinação dos inferiores aos superiores, dispondo de um direito de queixa
regulamentado. A base de seu funcionamento é a disciplina do serviço.
Questão Metodológica
•
Questão metodológica central: descobrir os possíveis sentidos das ações
humanas presentes na realidade social.
•
 Não há neutralidade:
•
Os fatos sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e
tenta desvendar, portanto a neutralidade proposta por Durkheim não pode ser
atingida na visão de Weber.
•
Todo o cientista age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição, sendo
impossível descartar-se de suas prenoções.
 Conquista da objetividade:
As preocupações do cientista é que o levam a escolher um determinado tema
(portanto existe uma parcialidade na escolha), entretanto ao iniciar o estudo ele deve
buscar a objetividade, através da escolha de um quadro (metodológico) teórico que
ditará regras que possibilitem o alcance da objetividade garantindo a neutralidade do
cientista.
Construção de tipos ideais e o estudo comparativo (Não busca generalidades e sim
diversidades). Através de uma preocupação inicial, com significado subjetivo, o
cientista deve procurar compreender a ação social, relacionando nexos causais que
dêem sentido à ação social.
•
 exemplo clássico: para analisar como a ética protestante interferia no
desenvolvimento do capitalismo, weber seguiu os seguintes passos
•
analisou livros sagrados e interpretou os dogmas de fé do protestantismo
•
relacionando valor/ação para compreender a relação religião/economia
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O capitalismo é protestante?
As soluções encontradas por Weber para os intrincados problemas metodológicos que
ocuparam a atenção dos cientistas sociais do começo do século XX permitiram-lhe
lançar novas luzes sobre vários problemas sociais e históricos, e fazer contribuições
extremamente importantes para as ciências sociais. Particularmente relevantes nesse
sentido foram seus estudos sobre a sociologia da religião, mais exatamente suas
interpretações sobre as relações entre as idéias e atitudes religiosas, por um lado, e as
atividades e organização econômica correspondentes, por outro.
Esses estudos de Weber, embora incompletos, foram publicados nos três volumes de
sua Sociologia da Religião. A linha mestra dessa obra é constituída pelo exame dos
aspectos mais importantes da ordem social e econômica do mundo ocidental, nas
várias etapas de seu desenvolvimento histórico. Esse problema já se tinha colocado
para outros pensadores anteriores a Weber, dentre os quais Karl Marx (1818-1883),
cuja obra, além de seu caráter teórico, constituía elemento fundamental para a lufa
econômica e política dos partidos operários; por ele mesmo criados. Por essas razões,
a pergunta que os sociólogos alemães se faziam era se o materialismo histórico
formulado por Marx era ou não o verdadeiro, ao transformar o fator econômico no
elemento determinante de todas as estruturas sociais e culturais, inclusive a religião.
Inúmeros trabalhos foram escritos para resolver o problema, substituindo-se o fator
econômico como dominante por outros fatores, tais como raça, clima, topografia,
idéias filosóficas, poder político. Alguns autores, como Wilhelm Dilthey, Ernst Troeltsch
(1865-1923) e Werner Sombart (1863-1941), já se tinham orientado no sentido de
ressaltar a influência das idéias e das convicções éticas como fatores determinantes, e
chegaram à conclusão de que o moderno capitalismo não poderia ter surgido sem uma
mudança espiritual básica, como aquela que ocorreu nos fins da Idade Média.
Contudo, somente com os trabalhos de Weber foi possível elaborar uma verdadeira
teoria geral capaz de confrontar-se com a de Marx.
A primeira idéia que ocorreu a Weber na elaboração dessa teoria foi a de que, para
conhecer corretamente a causa ou causas do surgimento do capitalismo, era
necessário fazer um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo
ocidental (único lugar em que o capitalismo, como um tipo ideal, tinha surgido) e as
outras civilizações, principalmente as do Oriente, onde nada de semelhante ao
capitalismo ocidental tinha aparecido. Depois de exaustivas análises nesse sentido,
Weber foi conduzido à tese de que a explicação para o fato deveria ser encontrada na
íntima vinculação do capitalismo com o protestantismo: “Qualquer observação da
estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista traz à luz, com
notável freqüência, um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões na
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imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os
líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os níveis mais
altos de mão-de-obra qualificada, principalmente o pessoal técnica e comercialmente
especializado das modernas empresas, serem preponderantemente protestantes”.A
partir dessa afirmação, Weber coloca uma série de hipóteses referentes a fatores que
poderiam explicar o fato. Analisando detidamente esses fatores, Weber elimina-os, um
a um, mediante exemplos históricos, e chega à conclusão final de que os protestantes,
tanto como classe dirigente, quanto como classe dirigida, seja como maioria, seja
como minoria, sempre teriam demonstrado tendência específica para o racionalismo
econômico. A razão desse fato deveria, portanto, ser buscada no caráter intrínseco e
permanente de suas crenças religiosas e não apenas em suas temporárias situações
externas na história e na política.
Uma vez indicado o papel que as crenças religiosas teriam exercido na gênese do
espírito capitalista, Weber propõe-se a investigar quais os elementos dessas crenças
que atuaram no sentido indicado e procura definir o que entende por "espírito do
capitalismo". Este é entendido por Weber como constituído fundamentalmente por
uma ética peculiar, que pode ser exemplificada muito nitidamente por trechos de
discursos de Benjamin Franklin (1706 - 1790), um dos líderes da independência dos
Estados Unidos. Benjamin Franklin, representante típico da mentalidade dos colonos
americanos e do espírito pequeno-burguês, afirma em seus discursos que “ganhar
dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, enquanto isso for feito legalmente, o
resultado e a expressão da virtude e da eficiência de uma vocação”. Segundo a
interpretação dada por Weber a esse texto, Benjamin Franklin expressa um
utilitarismo, mas um utilitarismo com forte conteúdo ético, na medida em que o
aumento de capital é considerado um fim em si mesmo e, sobretudo, um dever do
indivíduo. O aspecto mais interessante desse utilitarismo residiria no fato de que a
ética de obtenção de mais e mais dinheiro é combinada com o estrito afastamento de
todo gozo espontâneo da vida.
A questão seguinte colocada por Weber diz respeito aos fatores que teriam
levado a transformar-se em vocação uma atividade que, anteriormente ao advento do
capitalismo, era, na melhor das hipóteses, apenas tolerada. O conceito de vocação
como valorização do cumprimento do dever dentro das profissões seculares Weber
encontra expresso nos escritos de Martinho Lutero (1483-1546), a partir do qual esse
conceito se tornou o dogma central de todos os ramos do protestantismo. Em Lutero,
contudo, o conceito de vocação teria permanecido em sua forma tradicional, isto é,
algo aceito como ordem divina à qual cada indivíduo deveria adaptar-se. Nesse caso, o
resultado ético, segundo Weber, é inteiramente negativo, levando à submissão. O
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luteranismo, portanto, não poderia ter sido a razão explicativa do espírito do
capitalismo.
Weber volta-se então para outras formas de protestantismo diversas do
luteranismo, em especial para o calvinismo e outras seitas, cujo elemento básico era o
profundo isolamento espiritual do indivíduo em relação a seu Deus, ó que, na prática,
significava a racionalização do mundo e a eliminação do pensamento mágico como
meio de salvação. Segundo o calvinismo, somente uma vida guiada pela reflexão
contínua poderia obter vitória sobre o estado natural, e foi essa racionalização que deu
à fé reformada uma tendência ascética.
Com o objetivo de relacionar as idéias religiosas fundamentais do
protestantismo com as máximas da vida econômica capitalista, Weber analisa alguns
pontos fundamentais da ética calvinista, como a afirmação de que “o trabalho
constitui, antes de mais nada, a própria finalidade da vida”. Outra idéia no mesmo
sentido estaria contida na máxima dos puritanos, segundo a qual “a vida profissional
do homem é que lhe dá uma prova de seu estado de graça para sua consciência, que
se expressa no zelo e no método, fazendo com que ele consiga cumprir sua vocação”.
Por meio desses exemplos, Weber mostra que o ascetismo secular do protestantismo
“libertava psicologicamente a aquisição de bens da ética tradicional, rompendo os
grilhões da ânsia de lucro, com o que não apenas a legalizou, como também a
considerou como diretamente desejada por Deus”. E m síntese, a tese de Weber
afirma que a consideração dó trabalho (entendido como vocação constante e
sistemática) como o mais alto instrumento de ascese e o mais seguro meio de
preservação da redenção da fé e do homem deve ter sido a mais poderosa alavanca da
expressão dessa concepção de vida constituída pelo espírito do capitalismo.
É necessário, contudo, salientar que Weber, em nenhum momento considera o
espírito do capitalismo como pura conseqüência da Reforma protestante. O sentido
que norteia sua análise é antes uma proposta de investigarem que medida as
influências religiosas participaram da moldagem qualitativa do espírito do capitalismo.
Percorrendo o caminho inverso, Weber propõe-se também a compreender melhor o
sentido do protestantismo, mediante o estudo dos aspectos fundamentais do sistema
econômica capitalista. Tendo em vista a grande confusão existente no campo das
influências entre as bases materiais, as formas de organização social e política e os
conteúdos espirituais da Reforma, Weber salientou que essas influências só poderiam
ser confirmadas por meio de exaustivas investigações dos pontos em que realmente
teriam ocorrido correlações entre o movimento religioso e a ética vocacional, Com isso
“se poderá avaliar” - diz o próprio Weber – “em que medida os fenômenos culturais
contemporâneos se originam historicamente em motivos religiosos e em que medida
podem ser relacionados com ele.
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Teoria da Burocracia
O modelo burocrático segue preceitos rígidos e disciplinares. Os pressupostos dessa
teoria saíam em defesa de aspectos coerentes com a visão racionalista do ser humano:
Organização Informal – sendo imprevista, não é racional. Não sendo racional, não é
desejada nas organizações burocráticas
Origens
A partir da década de 1940, as críticas feitas à Teoria Clássica - pelo seu mecanicismo e à Teoria das Relações Humanas - por seu romantismo ingênuo – revelaram a falta de
uma teoria da organização sólida e abrangente que servisse de orientação para o
administrador.
Alguns estudiosos foram buscar nas obras de um economista e sociólogo já falecido,
Max Weber, a inspiração para essa nova teoria da organização.
Surgiu assim, a Teoria da Burocracia na Administração. A Teoria da Burocracia
desenvolveu-se na Administração em função dos seguintes aspectos:
A fragilidade e a parcialidade das Teorias Clássica e das Relações Humanas, ambas
oponentes e contraditórias, mas sem possibilitarem uma abordagem global e
integrada dos problemas organizacionais. Ambas revelam pontos de vista extremistas
e incompletos sobre a organização, gerando a necessidade de um enfoque mais amplo
e completo.
A necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as
variáveis envolvidas, bem como o comportamento dos membros dela participantes, e
aplicáveis não somente à fábrica, mas a todas as formas de organização humana, e
principalmente às empresas.
O crescente tamanho e complexidade das empresas passaram a exigir modelos
organizacionais mais bem-definidos. Tanto a Teoria Clássica como a Teoria das
Relações Humanas mostraram-se insuficientes para responder à nova situação.
O ressurgimento da Sociologia da Burocracia, a partir da descoberta dos trabalhos de
Max Weber, seu criador. A Sociologia da Burocracia propõe um modelo de
organização, e as organizações não tardaram em tentar aplicá-lo na prática,
proporcionando as bases da Teoria da Burocracia.
Segundo o conceito popular, a burocracia é entendida como uma organização lenta e
vagarosa na qual o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo soluções rápidas
ou eficientes.
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O termo também é empregado com o sentido de apego dos funcionários aos
regulamentos e rotinas, causando ineficiência à organização.
O leigo passou a dar o nome de burocracia aos defeitos do sistema (disfunções) e não
ao sistema em si.
O conceito de burocracia para Max Weber é exatamente o contrário: a burocracia é a
organização eficiente por excelência.
Para conseguir eficiência, a burocracia explica nos mínimos detalhes como as coisas
deverão ser feitas.
Limitação da espontaneidade – as características da organização burocrática limitam a
liberdade pessoal.
Despersonalização do relacionamento – o funcionário não tem colegas de trabalho (as
pessoas com que se relaciona profissionalmente são meros ocupantes de cargos
hierarquizados).
A colocação dos objetivos da empresa como prioritários aos seus objetivos enquanto
pessoa, denota a relação impessoal.
Substituição dos objetivos pelas normas – as normas passam a ser mais importantes
do que os objetivos da organização. O trabalhador passa a ser um especialista em
normas.
Conflito entre público e funcionários – como todos os clientes são atendidos conforme
normas preestabelecidas, as especificidades de cada caso não são consideradas.
Segundo Max Weber, a burocracia tem as seguintes características:
Burocracia é baseada em:
 Caráter legal das normas e regulamentos
 Caráter formal das comunicações
 Caráter racional e divisão do trabalho
 Impessoalidade nas relações
 Hierarquia da autoridade
 Rotinas e procedimentos padronizados
 Especialização da administração
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 Profissionalização dos participantes
 Previsibilidade do comportamento
Conseqüências Previstas:
 Previsibilidade do comportamento humano.
 Padronização do desempenho dos participantes.
Objetivo:
Máxima eficiência da organização
Sociedade
A sociologia weberiana concebe a sociedade como um eterno fluir, um conjunto
inesgotável de acontecimentos que aparecem e desaparecem, estando sempre em
movimento devido a um elemento básico: a ação social que implica uma concepção do
homem como indivíduo ativo a partir de um processo de conexão valorativa do
homem visando o real.
Diversidade social: seria pautada no processo de gênese e formação (e não através de
estágios de evolução), daí a importância da pesquisa histórica para a comparação e
compreensão das sociedades.
Estudo Comparativo das sociedades
Busca a caracterização e compreensão do mundo ocidental moderno em face dos
períodos anteriores, uma vez que as peculiaridades de cada período revelariam as
causas de suas diferenças em relação a este mundo, pautado pela racionalização.
Ciência
A partir de então a realidade não pode ser apreendida em sua totalidade já que o real
modifica-se a cada momento de acordo com as diferentes maneiras pelas quais os
homens se relacionam significativamente uns com os outros. Exatamente pelo fato da
apreensão da realidade ser fragmentária a ciência também o é. A construção do saber
científico é fragmentário, especializado, sendo a ciência definida por Weber como
vocação especializada. O conhecimento especializado implica, portanto, em
cientificidade e transforma o trabalho científico em um trabalho cada vez mais
vocacional a partir do momento em que a função do investigador é racionalizar a
conexão valorativa para compreender o real.
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