Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 SOCIOLOGIA “Estudo cientifico dos fatos sociais, de suas estruturas e de seus fatores bem como da inter relação e interação social. Parte da ciência Social que tem por objeto o estudo dos fenômenos que ocorrem na vida social da mais simples a mais complexa sociedade” “O Homem é um ser social” Aristóteles A trajetória da sociologia começa a ser traçada com o movimento político e intelectual conhecido como Iluminismo ( Inglaterra, Holanda e França, 1590 - séc XVII e XVIII ), que exerceu enorme influência no século XVIII, propondo reformas no interesse das classes privilegiadas ( elite ), conforme leis que regeriam ao mesmo tempo a sociedade, o universo e a natureza e a Revolução Industrial ( Inglaterra, 1750 com introdução da máquina a vapor - séc. XVIII em diante ). Em seguida, após a Revolução Francesa ( França, 1789 – 1799 ) e a queda do Antigo Regime ( regime político vigente na França até a Rev. Francesa ) , a Sociologia adquiriu os traços que ostenta hoje em dia, aos poucos destituindo-se da roupagem de ciência ética, de filosofia política ou social, preocupada em determinar uma ordem justa das relações humanas, para concentrar-se na descrição e interpretação dos elementos — desempenhos, grupos, valores, normas e modelos sociais de conduta — que determinam a integração dos sistemas sociais. O termo Sociologie foi cunhado por Auguste Comte, que esperava unificar todos os estudos relativos ao homem — inclusive a História, a Psicologia e a Economia. Seu esquema sociológico era tipicamente positivista, (corrente que teve grande força no século XIX), e ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender este progresso, poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social. O surgimento da sociologia ocorreu num momento de grande expansão do capitalismo, desencadeado pela dupla revolução – a industrial e a francesa. O triunfo da indústria capitalista na revolução industrial desencadeou uma crescente industrialização e urbanização, o que provocou radicais modificações nas condições de existência e nas formas habituais de vida de milhões de seres humanos. Estas situações sociais radicalmente novas, impostas pela sociedade capitalista, fizeram com que a sociedade passasse a se constituir em "problema". Diante disso, pensadores ingleses da época procuraram extrair dessas novas situações temas para a análise e a reflexão, no objetivo de agir, tanto para manter como para reformar ou modificar radicalmente 1 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 a sociedade de seu tempo. Isto foi fundamental para a formação e a constituição de um saber sobre a sociedade. Outra circunstância que também influenciou e contribui para a formação da sociologia se deve às transformações ocorridas nas formas de pensamento, originadas pelo Iluminismo. As transformações econômicas que o ocidente europeu presenciou desde o século XVI, provocaram modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. A partir daí, o pensamento deixa de ter uma visão sobrenatural para a explicação dos fatos da natureza e passa a ser substituído pelo uso da razão. O emprego sistemático da razão representou um avanço para libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da revelação e para a formulação de uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura. Essas novas maneiras de produzir e viver,propiciaram um visível progresso das formas de pensar e contribuíram para afastar interpretações baseadas em superstições e crenças infundadas, abrindo conseqüentemente um espaço para a constituição de um saber sobre os fenômenos histórico-sociais. Esta crescente racionalização da vida social não era um privilégio somente de filósofos e homens que se dedicavam ao conhecimento, mas também, do homem comum dessa época, que renunciava cada vez mais os fatos submetidos às forças sobrenaturais, passando a percebê-los como produtos da atividade humana, passíveis de serem conhecidos e transformados. A revolução francesa contribuiu para o surgimento da sociologia na medida em que o objetivo dessa revolução era mudar a estrutura do Estado monárquico e, ao mesmo tempo, abolir radicalmente a antiga forma de sociedade; promover profundas inovações na economia, na política, na vida cultural, etc; além de desferir seus golpes contra a Igreja. Tais atitudes ocasionaram profundos impactos, causando espanto aos pensadores da época e à própria burguesia, já instalada no poder. Diante disso, esses pensadores se incumbem à tarefa de racionalizar a nova ordem e encontrar soluções para o estado de "desorganização" então existente. Mas, para estabelecer esta tarefa seria necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem os fatos sociais e instituir uma ciência da sociedade. Assim, pensadores positivistas da época concluíram que, para restabelecer a organização e o aperfeiçoamento na sociedade, seria necessário fundar uma nova ciência. Essa nova ciência assumia, como tarefa intelectual, repensar o problema da ordem social, ressaltando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social, destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. A oficialização da sociologia foi, portanto, em larga medida, uma criação do positivismo que procurará realizar a legitimação intelectual do novo regime. 2 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Foram as idéias desenvolvidas por incontáveis homens e mulheres, ao longo da história humana, que começa na Mesopotâmia e no Egito a mais de quatro mil anos antes do nascimento de Cristo, que reunidas, trabalhadas e revistas, formaram o que hoje temos como CONHECIMENTO em todas as áreas da vida. A Sociologia foi o resultado da união de inúmeros pensadores, nas diversas partes do mundo. Alguns se conheciam, muitos outros nunca se viram. Uns complementando outros, até formar o que conhecemos como ciência sociológica ou ciência da sociedade ou Sociologia. Destes tantos, quatro pensadores foram responsáveis por estruturar os fundamentos da Sociologia possibilitando criar três linhas mestras explicativas, fundadas por eles e aos quais iremos estudar: AUGUSTE COMTE. 1798: Isidore Auguste Marie Xavier Comte nasce em Montpellier no sul da França; 1806: aos 9 anos é internado no Liceu de Montpellier; 1812: se prepara ao concurso da Escola Politécnica de Paris; 1814: aos 16 anos ingressa na Escola Politécnica de Paris; 1817: conhece Saint-Simon; 1824: rompe com Saint-Simon; 1825: casa-se com Caroline Massin; 1826: inauguração do Curso de Filosofia Positiva; 1827: Comte tenta o suicídio, no Sena; 1829: retoma o curso de Filosofia Positiva; 1830: começa escrever Cours de Philosofie Positive; 1842: separa-se de Caroline Massin e termina de escrever Cours de Philosofie Positive ; 1844: publica o “Discurso sobre o Espírito Positivo” e conhece sua musa inspiradora Clotilde de Vaux; 1845: Comte é sustentado por amigos como Stuart Mill; 3 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 1846: morre Clotilde e Comte a transforma no gênio inspirador de uma nova religião; 1847: Comte proclama a Religião da Humanidade; 1851/1854: publica “Política Positiva” e o “Catecismo Positivista”; 1857: 5 de setembro morre em Paris Augusto Comte; História: Comte viveu num período (século XIX) da história francesa em que se alternavam regimes despóticos e revoluções. Acontecia nesse momento o processo da Revolução Francesa (1789-1799); A maior parte das idéias de Comte veio à luz durante a Restauração, período histórico politicamente conservador e reacionário, compreendido entre os anos de 1815 a 1848 (do Congresso de Viena até as revoluções de 1848), quando os princípios liberais e democráticos da Revolução Francesa entraram em refluxo, sofrendo perseguições por parte dos conservadores e dos contra-revolucionários; Inspirado, num primeiro momento por Saint-Simon, seu mestre, um dos mentores do socialismo utópico, para quem trabalhou como secretário de 1819 a 1824, Comte vislumbrou o surgimento de uma nova era, de uma Nova Ordem que superaria tanto o liberalismo-democrático como o reacionarismo: a Era Científica ou Positiva; A corrente de pensamento positivista surge no século XIX das crises sociais e moral do final da Idade Média e do princípio da Revolução Industrial e em meio a uma tensão do Liberalismo, quando os pensadores que defendiam esta corrente começaram a discordar acerca da tentativa de conciliar a estrutura racional liberal com o empirismo. O Positivismo foi uma das primeiras doutrinas filosóficas do século XIX e uma das mais influentes do seu tempo. Suas raízes enraigam do empirismo do filósofo inglês David Hume (morto em 1776), que inculcou nos seus seguidores uma poderosa vocação em procurar entender as coisas do mundo com olhos científicos, afastando-se de tudo o que não fosse exato, factual, comprovável; Dessa forma, o positivismo tornou-se a expressão renovada do agnosticismo (indiferença à existência de Deus) e do ateísmo; 4 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 O positivismo a partir da segunda metade do século XIX refletiu o entusiasmo burguês pelo progresso trazido com o desenvolvimento técnico-industrial capitalista; O positivismo caracteriza-se por um tom geral de confiança nos benefícios da industrialização bem como por um otimismo em relação ao progresso capitalista, guiado pela técnica e pela ciência; O funcionamento da sociedade obedeceria a diretrizes predeterminadas para promover o bem-estar do maior número possível de indivíduos; Projetou uma ordem espiritual – inspirada na hierarquia e na disciplina da Igreja Católica que considerava muitos eficientes, e essa nova doutrina se dissociava totalmente da teologia cristã, pois, esta se baseava no sobrenatural e não no materialismo científico; Construiu templos positivistas, onde a humanidade e não a divindade, seria venerada. Comte via a humanidade como uma entidade uma, que nomeou de Grande Ser; Comte levou em consideração a questão social em suas reflexões. Ele defende a necessidade de uma reorganização completa da sociedade e essa reconstrução da sociedade consistia na regeneração das opiniões e dos costumes humanos. Logo, era necessária uma reestruturação intelectual dos indivíduos e não de uma revolução das instituições sociais, como propunham Saint-Simon, Fourier e Proudhon; Essa reforma da sociedade se daria da seguinte forma: reorganização intelectual, depois moral e por fim, política, pois segundo ele, a Revolução Francesa destruiu uma série de valores importantes da sociedade tradicional, não sendo capaz, entretanto, de impor novos e permanentes valores para a emergente sociedade burguesa; Na relação aos conflitos entre proletários e capitalistas, Comte assumiu uma posição considerada conservadora, defendendo a legitimidade da exploração industrial, concordava com a divisão das classes sociais e considerava indispensável a existência dos empreendedores capitalistas e dos operadores diretos, o proletariado. A tarefa a ser desempenhada pela filosofia positiva era restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial; As transformações impulsionadas pelas ciências visavam o progresso, este, porém, deve estar subordinada à ordem; 5 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 O pensamento positivista propõe um novo método e técnica, defende a ideia de existência humana conduzida apenas por valores completamente humanos, separando radicalmente a teologia e a metafísica, associando a uma diferente interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento ligada à ética humana radical; Preocupa-se apenas com questões que estavam ligadas ao humano e não a questões que se referiam ao plano externo, ao inventivo. A Lei dos Três Estados Teológico ou fictício: explicação baseada na fé, Deus é a única verdade, predomina a imaginação. Metafísico ou abstrato: O homem deixa de crer plenamente em Deus e deixa de responsabilizá-lo por todos os fenômenos, predomina a argumentação; Positivo ou científico: O homem procura as respostas para todos os fenômenos na ciência, predomina a observação; Sobre a Ciência Positiva Comte acreditava que a ciência positiva seria o fundamento da fraternidade entre os homens, mas a responsabilidade por conduzir o aperfeiçoamento das instituições estaria restrita a uma elite de cientistas; Acreditava que a solidariedade era um impulso natural do ser humano e que a escola é um dos órgãos sociais responsáveis por promovê-la; Comte divide a educação positivista em duas, sendo elas: espontânea e sistemática; ÉMILE DURKHEIM A CONCEPÇÃO FUNCIONALISTA DE SOCIEDADE - 15/4/1858-Nasce em Épinal-França - 1879-Chega à Escola Normal Superior de Paris em 1879 6 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 1887-Torna-se o primeiro professor de sociologia da França. Começa a dar aulas na Universidade de Bordeaux 1893 a 1895- Escreve seus dois livros mais importantes: Da Divisão do Trabalho Social e As Regras do Método Sociológico. Estabelece com eles, entre outras idéias, o conceito de consciência coletiva como um sistema de crenças e sentimentos comuns, que explicam as relações entre os membros de uma sociedade. - 1897-Publica Suicídio: Um Estudo de Sociologia, no qual examina os problemas de personalidade e afirma que as causas do suicídio são sociais e não individuais. Analisando a sociedade da época, a seu ver conturbado pela desordem, propõe a instituição de normas que possam ser observadas por todos - - Referências e pressupostos contextuais do pensamento de Durkheim, - A Revolução Francesa e a Revolução Industrial de um lado e o manancial de idéias de vários autores deste período; - Intensificava-se a consciência da necessidade de se criar novas idéias e valores (novo sistema científico e moral) que se harmonizasse com a ordem industrial; A lei do progresso é uma força implacável, a vida coletiva é um ser distinto, complexo e irredutível às partes que a compõem; OBJETO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS • Dessa forma, a vida coletiva passou a ser o objeto da sociologia de Durkheim e seu estudo demandava a utilização do método positivo, apoiado na observação, indução e experimentação, tal como vinham fazendo os cientistas naturais. • Durkheim via na ciência social uma expressão racional das sociedades modernas. Como Durkheim vê a sociedade • Sociologia: Ciência das sociedades que mostra as coisas de maneira diferente de como se manifestam ao vulgo (vulgar). • Durkheim foi influenciado pelas obras de Augusto Comte e Herbert Spencer, os iniciadores do Positivismo. 7 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 • Considera os fatos sociais como coisas, cuja natureza não é modificável à vontade. Para ele, a sociedade é como um imenso corpo biológico que precisa ser bem observado, para, em seguida, conhecer-se sua anatomia e aí descobrir as causas e curas de suas doenças. • Fatos sociais: Toda maneira de atuar, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, que é geral na extensão de uma dada sociedade, conservando uma existência própria, independente das suas manifestações individuais. Os fatos sociais incorporam-se à pessoa por meio da educação. Por ex: o fiel de uma religião, ao nascer, já encontra formadas as crenças e práticas de sua vida religiosa. Os fatos sociais funcionam independentes do uso que deles faço. Por isso, são maneiras de atuar, pensar e existir fora das consciências individuais em que se manifestam. São dotados de uma potência imperativa e coercitiva. Há uma vigilância pública, coletiva sobre o indivíduo. Para Durkheim a Sociologia é uma ciência e, por isso, deve ser neutra diante dos fatos sociais, isto é, a Sociologia não deve envolver-se com a Política. Assim, toda reforma social deve estar baseada primeiramente no conhecimento prévio e científico da sociedade, e não na ação política. O sociólogo deve ter o espírito idêntico ao do físico, do químico (ciências da natureza), quando se aventuram em uma região, ainda inexplorado, do seu domínio científico. Principais obras de Durkheim • A divisão do Trabalho Social, 1893 • As Regras do Método Sociológico, 1895 • O Suicídio, 1897 • As formas elementares da Vida Religiosa, 1912 • Lições de Sociologia • Educação e Sociologia • Educação Moral 8 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Conceitos básicos Consciência Coletiva: formada pelas idéias comuns que estão presentes em todas as consciências individuais de uma sociedade (psíquico social) e que determinam nossa conduta. Formam a base para uma consciência de sociedade. Ela não vem de uma só pessoa ou grupo, mas está difusa (espalhada) em toda a sociedade, e, por isso, é exterior ao indivíduo. A consciência coletiva é o que a sociedade pensa. Age de forma coercitiva sobre o indivíduo, impõe as regras sociais. Divisão do Trabalho Social Especialização das funções entre os indivíduos de uma sociedade. Ao desenvolver-se, a sociedade ia multiplicando-se em atividades a serem realizadas; • Cada indivíduo teria uma função a cumprir, a qual é importante para o funcionamento de todo o corpo social. • Com isso, cada membro da sociedade passa a depender mais dos outros indivíduos. Assim se dá a divisão do trabalho com o surgimento de novas atividades. • Dois efeitos importantes: um, o econômico (aumento da produtividade); e outro, tornar possível a união e a solidariedade entre as pessoas de uma mesma sociedade. Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica • Solidariedade Mecânica: Nas sociedades anteriores ao capitalismo, isto é, nas sociedades tribais e feudais, a divisão do trabalho social era pouco desenvolvida, não havia um grande número de especializações das atividades sociais. Assim, as pessoas não se unem porque uma depende do trabalho da outra, e, sim, são unidas pela religião, tradição ou sentimento comum a todos. • Solidariedade Orgânica: Aparece quando a divisão do trabalho social aumenta. O que torna as pessoas unidas é uma interdependências das funções sociais. Para Durkheim a solidariedade orgânica é superior à mecânica, pois ao se especializarem as funções a individualidade é ressaltada, permitindo maio liberdade de ação. 9 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Caso Patológico e Anomia • Durkheim admitia que o capitalismo é a sociedade perfeita; trata-se apenas de conhecer os seus problemas e de buscar uma solução científica para eles, ou seja, “curar as suas doenças”. • Caso Patológico: Durkheim acreditava que a sociedade, funcionando através de leis e regras já determinadas, faria com que os problemas sociais tivessem suas origens num estado social em que várias regras de conduta não estão funcionando (Crise Moral). • Anomia: Por outro lado, os problemas sociais podem ter suas origens também na ausência de regras. • Frente ao Caso Patológico cabe à Sociologia captar suas causas, procurando corrigi-las por outras mais eficientes. O Suicídio ( Fato Social !!??) O que leva uma pessoa a se suicidar? Loucura? Durkheim utilizou sua teoria para explicar o suicídio. O que aparentemente seria um ato individual, para ele, estava ligado com aquilo que ocorria na sociedade. A propósito desse tema, Durkheim verificou que existem três categorias de suicídios. Analise-os: Suicídio Altruísta: Ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do que a ele mesmo, ou seja, os laços que o unem à sociedade são muito fortes. Deixe-me lembrar você do ocorrido em 11 de Setembro de 2001. Dois homens, considerados “loucos”, que pilotavam aviões se chocaram contra o World Trade Center, em Nova York, lembra? Para Durkheim, esses “loucos” poderiam ser classificados como suicidas altruístas, pois se identificavam de tal forma com o grupo Al Qaeda, ao qual pertenciam, que se dispuseram a morrer por ele. Da mesma maneira aconteceu com os kamikases japoneses durante a 2º Guerra Mundial (1939-1945) e que, de certa forma, continua acontecendo com os “homens-bomba” de hoje. 10 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Suicídio Egoísta: Se alguém se desvinculasse das instituições sociais (família, igreja, escola, partido político, etc.) por conta própria, para viver de maneira livre, sem regras, qual seria o limite para essa pessoa, uma vez que ninguém a controlaria? Pois é, segundo Durkheim, a falta de redes de convívio ou limites para a ação poderia levar a pessoa a desejar ilimitadas coisas. Mas caso tal pessoa não consiga realizar os seus desejos, a frustração poderia levá-la a um suicídio. Suicídio Anômico: Este tipo pode acontecer quando as partes do corpo social deixam de funcionar e as normas ou laços que poderiam “abraçar” (solidarizar) os indivíduos perdem sua eficácia, deixando os viver de forma desregrada ou em crise. Karl Marx -Karl Heinrich Marx, filósofo e economista alemão, nasceu em Trier (atual Alemanha) a 5 de maio de 1818. Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se principalmente pelas idéias do filósofo Hegel. Formou-se pela Universidade de Iena em 1841. Em 1842 assumiu o cargo de redator – chefe do jornal alemão Gazeta Renana, editado em colônia onde tinha a postura de um liberal radical. - - No ano de 1843 transferiu-se para Paris. Lá conheceu Engels , um radical alemão de quem se tornaria amigo íntimo e com quem escreveria vários ensaios e livros .Sua doutrina ,a revolução tinha de se realizar não só na França e na Inglaterra , mas em todo mundo civilizado ( universal ). - De 1845 a 1848 viveu em Bruxelas, onde participou de organizações clandestinas de operários e exilados. -.Em 1847 redigiu com Engels O Manifesto Comunista , da teoria que , mais tarde ,seria chamada de marxismo. No Manifesto Marx convoca o proletariado à a luta pelo socialismo . - Em 1848 , quando eclodiu o movimento revolucionário em vários países europeus , Marx voltou para Alemanha. 11 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 -. Em 1864 Marx fundou , a Associação Internacional dos Trabalhadores , depois chamada Primeira Internacional dos Trabalhadores com o objetivo de organizar a conquista do poder pelo proletariado em todo o mundo. - Em 1867 publicou o 1º volume de sua obra mais importante, O Capital livro, em que faz uma crítica ao capitalismo e a sociedade burguesa. -Falece em 1883. Materialismo Histórico Para Marx a raiz de uma sociedade é a forma como a produção social de bens está organizada. Esta engloba as forças produtivas e as relações de produção. As forças produtivas são a terra, as técnicas de produção, os instrumentos de trabalho, as matérias-primas e o maquinário. Enfim, as forças que contribuem para o desenvolvimento da produção. As relações de produção são os modos de organização entre os homens para a realização da produção. As atuais são capitalistas, mas como exemplo podemos citar também as escravistas e as cooperativas. No processo de criação de bens estabelece-se uma relação entre as pessoas. Os capitalistas, donos dos meios de produção (máquinas, ferramentas, etc.), e o proletariado, que possui apenas sua força de trabalho, estabelecem entre si a relação social de trabalho. As maneiras como as forças produtivas se organizam e se desenvolvem dentro dessa relação de trabalho Marx chama de modo de produção. O estudo deste é fundamental para a compreensão do funcionamento de uma sociedade. A partir do momento que as relações de produção começam a obstaculizar o desenvolvimento das forças produtivas cria-se condições para uma revolução social que geraria novas relações sociais de produção liberando as forças produtivas para o desenvolvimento da produção. PRINCIPAIS CONCEITOS MARXISTAS Luta de Classes A história do homem é a história da luta de classes. Para Marx a evolução histórica se dá pelo antagonismo irreconciliável entre as classes sociais de cada sociedade. Foi assim na escravista (senhores de escravos - escravos), na feudalista (senhores feudais servos) e assim é na capitalista (burguesia - proletariado). Entre as classes de cada sociedade há uma luta constante por interesses opostos, eclodindo em guerras civis declaradas ou não. Na sociedade capitalista, a qual Marx e Engels analisaram mais intrinsecamente, a divisão social decorreu da apropriação dos meios de produção por um grupo de pessoas (burgueses) e outro grupo expropriado possuindo apenas seu corpo e capacidade de trabalho (proletários). Estes são, portanto, obrigados a 12 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 trabalhar para burguês. Os trabalhadores são economicamente explorados e os patrões obtém o lucro através da mais-valia. Infraestrutura e superestrutura Segundo Marx a infraestrutura, modo como tratava a base econômica da sociedade, determina a superestrutura que é dividida em ideológica (idéias políticas, religiosas, morais, filosóficas) e política (Estado, polícia, exército, leis, tribunais).Portanto a visão que temos do mundo e a nossa psicologia são reflexo da base econômica de nossa sociedade. As idéias que surgiram ao longo da história se explicam pelas sociedades nas quais seus mentores estavam inseridos. Elas são oriundas das necessidades das classes sociais daquele tempo. O FETICHISMO DA MERCADORIA FETICHISMO: Adoração ou culto de fetiches FETICHE: Objeto animado ou inanimado, feito pelo homem ou produzido pela natureza, ao qual o homem da o caráter de sagrado e presta culto As coisas-mercadorias aparecem como sujeitos sociais, dotados de vida própria e os homens-mercadorias aparecem como coisas. A mercadoria é um fetiche no sentido religioso da palavra: uma coisa que existe por si e em si. A mercadoria, como fetiche, tem poder sobre seus crentes. COMO ENTÃO APARECEM AS RELAÇÕES SOCIAIS DE TRABALHO? As relações sociais de trabalho aparecem como relações materiais entre as pessoas e como relações sociais entre coisas.Os homens são transformados em coisas e as coisas são transformadas em “gente” Ideologia Sistema ordenado de idéias e concepções, de normas e de regras (com base no qual as leis jurídicas são feitas) que obriga os homens a comportarem-se segundo a vontade do “sistema”, Alienação O capitalismo tornou o trabalhador alienado, isto é, separou-o de seus meios de produção (suas terras, ferramentas, máquinas, etc). Estes passaram a pertencer à classe dominante, a burguesia. Desse modo, para poder sobreviver, o trabalhador é obrigado a alugar sua força de trabalho à classe burguesa, recebendo um salário por esse aluguel. Como há mais pessoas que empregos, ocasionando excesso de procura, o 13 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 proletário tem de aceitar, pela sua força de trabalho, um valor estabelecido pelo seu patrão. Caso negue, achando que é pouco, uma exploração, o patrão estala os dedos e milhares de outros aparecem em busca do emprego. Portanto é aceitar ou morrer de fome. Com a alienação nega-se ao trabalhador o poder de discutir as políticas trabalhistas, além de serem excluídos das decisões gerenciais. Mais-Valia Suponha que o operário leve 2h para fabricar um par de sapatos. Nesse período produz o suficiente para pagar o seu trabalho. Porém, ele permanece mais tempo na fábrica, produzindo mais de um par de sapatos e recebendo o equivalente à confecção de apenas um. Numa jornada de 8 horas, por exemplo, são produzidos 4 pares. O custo de cada par continua o mesmo, assim como o salário do proletário. Com isso ele trabalha 6h de graça, reduzindo o custo e aumentando o lucro do patrão. Esse valor a mais é apropriado pelo capitalista e constitui o que Marx chama de Mais-Valia Absoluta. Além de o operário permanecer mais tempo na fábrica o patrão pode aumentar a produtividade com a aplicação de tecnologia. Com isso o operário produz mais, porém seu salário não aumenta. Surge a Mais-Valia Relativa Max Weber (Sociologia Compreensiva) 1864 – Maximillian Carl Emil Weber nasce em Erfurt, Turíngia, a 21 de abril. 1869 - Muda-se para Berlim com a família. 1882 - Conclui seus estudos pré-universitários e matricula-se na Faculdade Direito de Heidelberg. 1883 - Transfere-se para Estrasburgo, onde presta um ano de serviço militar. 1884 - Reinicia os estudos universitários. 1888 - Conclui seus estudos e começa a trabalhar nos tribunais de Berlim. 1889 - Escreve sua tese de doutoramento sobre a história das companhias comércio durante a Idade Média. 1891 - Escreve uma tese, H História das Instituições Agrárias. 1893 - Casa-se com Marianne Schnitger. Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo 14 (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 1894 - Exerce a cátedra de economia na Universidade de Freiburg. 1896 - Aceita uma cátedra em Heidelberg. 1898 - Consegue uma licença remunerada na universidade, por motivo de saúde. 1899 - É internado numa casa de saúde para doentes mentais, onde permanece algumas semanas. 1903 - Participa, junto com Sombart, da direção de uma das mais destacadas publicações de ciências sociais da Alemanha. 1904 - Publica ensaios sobre os problemas econômicos das propriedades dos Junker, sobre a objetividade nas ciências sociais e a primeira parte de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 1905 - Parte para os Estados Unidos, onde pronuncia conferências e recolhe material para a continuação de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 1906 - Redige dois ensaios sobre a Rússia: A Situação da Democracia Burguesa na Rússia e A Transição da Rússia para o Constitucionalismo de Fachada. 1914 - Início da Primeira Guerra Mundial. Weber, no posto de capitão, é encarregado de organizar e administrar nove hospitais em Heidelberg. 1918 - Transfere-se para Viena, onde dá um curso sob o título de Uma Crítica Positiva da Concepção Materialista da História. 1919 - Pronuncia conferências em Munique, que serão publicadas sob o título de História Econômica Geral. 1920 - Falece em conseqüência de uma pneumonia aguda. A Alemanha de Max Weber • 1830: Alemanha – Um dos países mais atrasado da Europa • 1880: Alemanha - país europeu de maior poder econômico Aliança da grande burguesia, detentora de forte poder econômico, apoiada na burocracia e no exército prussiano de Bismarck Interesse no estudo da política, do papel do Estado e das estruturas de Poder, Dominação e Obediência. 15 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Diferença entre relação social e ação social. • É importante diferenciar ação social de relação social. No primeiro caso, a ação é orientada pela conduta do outro. Na Segunda a ação é orientada pelo sentido compartilhado reciprocamente por um grupo de agentes. Ação social: Conduta humana dotada de sentido (justificativa subjetivamente elaborada). Tipos de Ação Social • ação racional com relação a um objetivo (tem um fim previamente determinado). Ex: a ação política. • ação racional com relação a valor (relacionado à moral). Ex: condutas ligadas às manifestações religiosas. • ação afetiva ( ditado pelo estado de consciência ou humor do sujeito). Ex: o ciúme entre os casais. • ação tradicional (ditado por valores culturais absorvidos pelo sujeito como naturais, obedecendo a reflexos). Obs. • 1º. É importante ressaltar que quando se fala de sentido não se fala da gênese da ação, mas à que ela direciona, ao seu fim. • 2º. Esses tipos de ações geralmente estão relacionados não se encontrando de forma pura são consideradas então como tipos ideais, ou seja, como modelos conceituais utópicos que servem de guia comparativo para análise dos fenômenos sociais. Tipo Ideal • Instrumento de análise científica; trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares analisados. • Ex: o conceito de ação social, de dominação e de burocracia. 16 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 É para orientar o cientista na compreensão da ação social e, conseqüentemente dos fenômenos sociais que faz-se necessário a construção do tipo ideal. Para ele a sociedade não “paira” sobre os indivíduos e nem lhes é superior. As regras e normas sociais são resultados de um conjunto complexo de ações individuais, nas quais os indivíduos escolheriam diferentes formas de conduta. Há portando um privilégio da parte (indivíduo) sobre o todo (sociedade) TIPOS DE DOMINAÇÃO A partir da tipologia das ações sociais Weber formulou sua análise sobre os tipos de dominação Conceito de Dominação: a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo. Esse conceito de dominação implica em dominantes (a presença efetiva de alguém mandando) e dominados (vinculado à existência de um quadro administrativo ou de uma associação, onde os seus membros estão submetidos a relações de dominação). Nesse sentido o conceito de poder encontra-se relacionado a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo encontrando resistências. Tipos de dominação: Dominação legal - em virtude de estatuto, de uma regulamentação ou de normas. Ex: autoridade dos governantes, presidentes diretores e chefes nas organizações empresariais. Dominação carismática - em virtude da devoção efetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Ex: profetas, herói guerreiro e grande demagogo, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas. Dominação tradicional - em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Ex: senhor feudal, senhor de engenho (Brasil), autoridade dos pais sobre os filhos. Dentre as diversas formas que a dominação legal pode assumir seu tipo mais puro é a dominação burocrática. Dominação burocrática: aquele que emprega um quadro administrativo burocrático. Sua idéia básica é, que qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma. 17 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Obs.: Nesse tipo de organização burocrática obedece-se não à pessoa, mas a regra estatuída, que estabelece tanto a quem se obedece como em que medida obedecer. O dever de obediência está graduado hierarquicamente através de cargos, havendo subordinação dos inferiores aos superiores, dispondo de um direito de queixa regulamentado. A base de seu funcionamento é a disciplina do serviço. Questão Metodológica • Questão metodológica central: descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social. • Não há neutralidade: • Os fatos sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e tenta desvendar, portanto a neutralidade proposta por Durkheim não pode ser atingida na visão de Weber. • Todo o cientista age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição, sendo impossível descartar-se de suas prenoções. Conquista da objetividade: As preocupações do cientista é que o levam a escolher um determinado tema (portanto existe uma parcialidade na escolha), entretanto ao iniciar o estudo ele deve buscar a objetividade, através da escolha de um quadro (metodológico) teórico que ditará regras que possibilitem o alcance da objetividade garantindo a neutralidade do cientista. Construção de tipos ideais e o estudo comparativo (Não busca generalidades e sim diversidades). Através de uma preocupação inicial, com significado subjetivo, o cientista deve procurar compreender a ação social, relacionando nexos causais que dêem sentido à ação social. • exemplo clássico: para analisar como a ética protestante interferia no desenvolvimento do capitalismo, weber seguiu os seguintes passos • analisou livros sagrados e interpretou os dogmas de fé do protestantismo • relacionando valor/ação para compreender a relação religião/economia 18 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 O capitalismo é protestante? As soluções encontradas por Weber para os intrincados problemas metodológicos que ocuparam a atenção dos cientistas sociais do começo do século XX permitiram-lhe lançar novas luzes sobre vários problemas sociais e históricos, e fazer contribuições extremamente importantes para as ciências sociais. Particularmente relevantes nesse sentido foram seus estudos sobre a sociologia da religião, mais exatamente suas interpretações sobre as relações entre as idéias e atitudes religiosas, por um lado, e as atividades e organização econômica correspondentes, por outro. Esses estudos de Weber, embora incompletos, foram publicados nos três volumes de sua Sociologia da Religião. A linha mestra dessa obra é constituída pelo exame dos aspectos mais importantes da ordem social e econômica do mundo ocidental, nas várias etapas de seu desenvolvimento histórico. Esse problema já se tinha colocado para outros pensadores anteriores a Weber, dentre os quais Karl Marx (1818-1883), cuja obra, além de seu caráter teórico, constituía elemento fundamental para a lufa econômica e política dos partidos operários; por ele mesmo criados. Por essas razões, a pergunta que os sociólogos alemães se faziam era se o materialismo histórico formulado por Marx era ou não o verdadeiro, ao transformar o fator econômico no elemento determinante de todas as estruturas sociais e culturais, inclusive a religião. Inúmeros trabalhos foram escritos para resolver o problema, substituindo-se o fator econômico como dominante por outros fatores, tais como raça, clima, topografia, idéias filosóficas, poder político. Alguns autores, como Wilhelm Dilthey, Ernst Troeltsch (1865-1923) e Werner Sombart (1863-1941), já se tinham orientado no sentido de ressaltar a influência das idéias e das convicções éticas como fatores determinantes, e chegaram à conclusão de que o moderno capitalismo não poderia ter surgido sem uma mudança espiritual básica, como aquela que ocorreu nos fins da Idade Média. Contudo, somente com os trabalhos de Weber foi possível elaborar uma verdadeira teoria geral capaz de confrontar-se com a de Marx. A primeira idéia que ocorreu a Weber na elaboração dessa teoria foi a de que, para conhecer corretamente a causa ou causas do surgimento do capitalismo, era necessário fazer um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo ocidental (único lugar em que o capitalismo, como um tipo ideal, tinha surgido) e as outras civilizações, principalmente as do Oriente, onde nada de semelhante ao capitalismo ocidental tinha aparecido. Depois de exaustivas análises nesse sentido, Weber foi conduzido à tese de que a explicação para o fato deveria ser encontrada na íntima vinculação do capitalismo com o protestantismo: “Qualquer observação da estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista traz à luz, com notável freqüência, um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões na 19 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os níveis mais altos de mão-de-obra qualificada, principalmente o pessoal técnica e comercialmente especializado das modernas empresas, serem preponderantemente protestantes”.A partir dessa afirmação, Weber coloca uma série de hipóteses referentes a fatores que poderiam explicar o fato. Analisando detidamente esses fatores, Weber elimina-os, um a um, mediante exemplos históricos, e chega à conclusão final de que os protestantes, tanto como classe dirigente, quanto como classe dirigida, seja como maioria, seja como minoria, sempre teriam demonstrado tendência específica para o racionalismo econômico. A razão desse fato deveria, portanto, ser buscada no caráter intrínseco e permanente de suas crenças religiosas e não apenas em suas temporárias situações externas na história e na política. Uma vez indicado o papel que as crenças religiosas teriam exercido na gênese do espírito capitalista, Weber propõe-se a investigar quais os elementos dessas crenças que atuaram no sentido indicado e procura definir o que entende por "espírito do capitalismo". Este é entendido por Weber como constituído fundamentalmente por uma ética peculiar, que pode ser exemplificada muito nitidamente por trechos de discursos de Benjamin Franklin (1706 - 1790), um dos líderes da independência dos Estados Unidos. Benjamin Franklin, representante típico da mentalidade dos colonos americanos e do espírito pequeno-burguês, afirma em seus discursos que “ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, enquanto isso for feito legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência de uma vocação”. Segundo a interpretação dada por Weber a esse texto, Benjamin Franklin expressa um utilitarismo, mas um utilitarismo com forte conteúdo ético, na medida em que o aumento de capital é considerado um fim em si mesmo e, sobretudo, um dever do indivíduo. O aspecto mais interessante desse utilitarismo residiria no fato de que a ética de obtenção de mais e mais dinheiro é combinada com o estrito afastamento de todo gozo espontâneo da vida. A questão seguinte colocada por Weber diz respeito aos fatores que teriam levado a transformar-se em vocação uma atividade que, anteriormente ao advento do capitalismo, era, na melhor das hipóteses, apenas tolerada. O conceito de vocação como valorização do cumprimento do dever dentro das profissões seculares Weber encontra expresso nos escritos de Martinho Lutero (1483-1546), a partir do qual esse conceito se tornou o dogma central de todos os ramos do protestantismo. Em Lutero, contudo, o conceito de vocação teria permanecido em sua forma tradicional, isto é, algo aceito como ordem divina à qual cada indivíduo deveria adaptar-se. Nesse caso, o resultado ético, segundo Weber, é inteiramente negativo, levando à submissão. O 20 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 luteranismo, portanto, não poderia ter sido a razão explicativa do espírito do capitalismo. Weber volta-se então para outras formas de protestantismo diversas do luteranismo, em especial para o calvinismo e outras seitas, cujo elemento básico era o profundo isolamento espiritual do indivíduo em relação a seu Deus, ó que, na prática, significava a racionalização do mundo e a eliminação do pensamento mágico como meio de salvação. Segundo o calvinismo, somente uma vida guiada pela reflexão contínua poderia obter vitória sobre o estado natural, e foi essa racionalização que deu à fé reformada uma tendência ascética. Com o objetivo de relacionar as idéias religiosas fundamentais do protestantismo com as máximas da vida econômica capitalista, Weber analisa alguns pontos fundamentais da ética calvinista, como a afirmação de que “o trabalho constitui, antes de mais nada, a própria finalidade da vida”. Outra idéia no mesmo sentido estaria contida na máxima dos puritanos, segundo a qual “a vida profissional do homem é que lhe dá uma prova de seu estado de graça para sua consciência, que se expressa no zelo e no método, fazendo com que ele consiga cumprir sua vocação”. Por meio desses exemplos, Weber mostra que o ascetismo secular do protestantismo “libertava psicologicamente a aquisição de bens da ética tradicional, rompendo os grilhões da ânsia de lucro, com o que não apenas a legalizou, como também a considerou como diretamente desejada por Deus”. E m síntese, a tese de Weber afirma que a consideração dó trabalho (entendido como vocação constante e sistemática) como o mais alto instrumento de ascese e o mais seguro meio de preservação da redenção da fé e do homem deve ter sido a mais poderosa alavanca da expressão dessa concepção de vida constituída pelo espírito do capitalismo. É necessário, contudo, salientar que Weber, em nenhum momento considera o espírito do capitalismo como pura conseqüência da Reforma protestante. O sentido que norteia sua análise é antes uma proposta de investigarem que medida as influências religiosas participaram da moldagem qualitativa do espírito do capitalismo. Percorrendo o caminho inverso, Weber propõe-se também a compreender melhor o sentido do protestantismo, mediante o estudo dos aspectos fundamentais do sistema econômica capitalista. Tendo em vista a grande confusão existente no campo das influências entre as bases materiais, as formas de organização social e política e os conteúdos espirituais da Reforma, Weber salientou que essas influências só poderiam ser confirmadas por meio de exaustivas investigações dos pontos em que realmente teriam ocorrido correlações entre o movimento religioso e a ética vocacional, Com isso “se poderá avaliar” - diz o próprio Weber – “em que medida os fenômenos culturais contemporâneos se originam historicamente em motivos religiosos e em que medida podem ser relacionados com ele. Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo 21 (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Teoria da Burocracia O modelo burocrático segue preceitos rígidos e disciplinares. Os pressupostos dessa teoria saíam em defesa de aspectos coerentes com a visão racionalista do ser humano: Organização Informal – sendo imprevista, não é racional. Não sendo racional, não é desejada nas organizações burocráticas Origens A partir da década de 1940, as críticas feitas à Teoria Clássica - pelo seu mecanicismo e à Teoria das Relações Humanas - por seu romantismo ingênuo – revelaram a falta de uma teoria da organização sólida e abrangente que servisse de orientação para o administrador. Alguns estudiosos foram buscar nas obras de um economista e sociólogo já falecido, Max Weber, a inspiração para essa nova teoria da organização. Surgiu assim, a Teoria da Burocracia na Administração. A Teoria da Burocracia desenvolveu-se na Administração em função dos seguintes aspectos: A fragilidade e a parcialidade das Teorias Clássica e das Relações Humanas, ambas oponentes e contraditórias, mas sem possibilitarem uma abordagem global e integrada dos problemas organizacionais. Ambas revelam pontos de vista extremistas e incompletos sobre a organização, gerando a necessidade de um enfoque mais amplo e completo. A necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como o comportamento dos membros dela participantes, e aplicáveis não somente à fábrica, mas a todas as formas de organização humana, e principalmente às empresas. O crescente tamanho e complexidade das empresas passaram a exigir modelos organizacionais mais bem-definidos. Tanto a Teoria Clássica como a Teoria das Relações Humanas mostraram-se insuficientes para responder à nova situação. O ressurgimento da Sociologia da Burocracia, a partir da descoberta dos trabalhos de Max Weber, seu criador. A Sociologia da Burocracia propõe um modelo de organização, e as organizações não tardaram em tentar aplicá-lo na prática, proporcionando as bases da Teoria da Burocracia. Segundo o conceito popular, a burocracia é entendida como uma organização lenta e vagarosa na qual o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo soluções rápidas ou eficientes. 22 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 O termo também é empregado com o sentido de apego dos funcionários aos regulamentos e rotinas, causando ineficiência à organização. O leigo passou a dar o nome de burocracia aos defeitos do sistema (disfunções) e não ao sistema em si. O conceito de burocracia para Max Weber é exatamente o contrário: a burocracia é a organização eficiente por excelência. Para conseguir eficiência, a burocracia explica nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. Limitação da espontaneidade – as características da organização burocrática limitam a liberdade pessoal. Despersonalização do relacionamento – o funcionário não tem colegas de trabalho (as pessoas com que se relaciona profissionalmente são meros ocupantes de cargos hierarquizados). A colocação dos objetivos da empresa como prioritários aos seus objetivos enquanto pessoa, denota a relação impessoal. Substituição dos objetivos pelas normas – as normas passam a ser mais importantes do que os objetivos da organização. O trabalhador passa a ser um especialista em normas. Conflito entre público e funcionários – como todos os clientes são atendidos conforme normas preestabelecidas, as especificidades de cada caso não são consideradas. Segundo Max Weber, a burocracia tem as seguintes características: Burocracia é baseada em: Caráter legal das normas e regulamentos Caráter formal das comunicações Caráter racional e divisão do trabalho Impessoalidade nas relações Hierarquia da autoridade Rotinas e procedimentos padronizados Especialização da administração 23 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Profissionalização dos participantes Previsibilidade do comportamento Conseqüências Previstas: Previsibilidade do comportamento humano. Padronização do desempenho dos participantes. Objetivo: Máxima eficiência da organização Sociedade A sociologia weberiana concebe a sociedade como um eterno fluir, um conjunto inesgotável de acontecimentos que aparecem e desaparecem, estando sempre em movimento devido a um elemento básico: a ação social que implica uma concepção do homem como indivíduo ativo a partir de um processo de conexão valorativa do homem visando o real. Diversidade social: seria pautada no processo de gênese e formação (e não através de estágios de evolução), daí a importância da pesquisa histórica para a comparação e compreensão das sociedades. Estudo Comparativo das sociedades Busca a caracterização e compreensão do mundo ocidental moderno em face dos períodos anteriores, uma vez que as peculiaridades de cada período revelariam as causas de suas diferenças em relação a este mundo, pautado pela racionalização. Ciência A partir de então a realidade não pode ser apreendida em sua totalidade já que o real modifica-se a cada momento de acordo com as diferentes maneiras pelas quais os homens se relacionam significativamente uns com os outros. Exatamente pelo fato da apreensão da realidade ser fragmentária a ciência também o é. A construção do saber científico é fragmentário, especializado, sendo a ciência definida por Weber como vocação especializada. O conhecimento especializado implica, portanto, em cientificidade e transforma o trabalho científico em um trabalho cada vez mais vocacional a partir do momento em que a função do investigador é racionalizar a conexão valorativa para compreender o real. 24 Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo (31) 2106-1750