Alfabetizar o aluno contribuições da Geografia para a interpretaÃ

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Alfabetizar o aluno: contribuições da Geografia para a interpretação do espaço
geográfico
Prof.ª Drª. Maria José da Silva Fernandes (FC/UNESP/Bauru)
Professores e Professoras de Geografia das Escolas Municipais de Bauru
A Geografia tem um importante papel no estudo das relações entre a sociedade, a
natureza e a constituição do espaço geográfico. Esta disciplina deve trabalhar com uma
abordagem dialética que aborde as diferentes noções espaciais e temporais, bem como os
fenômenos sociais, culturais e naturais que lhe são relacionados. O ensino de Geografia
deve levar os alunos a compreenderem de forma mais ampla a sociedade em que vivem,
possibilitando que nela interfiram de maneira crítica e propositiva.
No Ensino Fundamental, a Geografia deve privilegiar a aquisição de conhecimentos, a
apropriação das categorias e conceitos básicos da disciplina, além do desenvolvimento de
habilidades e competências que permitam pensar na realidade a partir do conhecimento
geográfico, aplicando esses saberes em outras situações de ensino. Nesse sentido, o
currículo que produzimos procura trabalhar com os conteúdos fundamentais da disciplina
numa perspectiva participativa, permitindo que alunos e professores sintam-se sujeitos do
processo ensino-aprendizagem.
Desta forma, buscando desenvolver um trabalho que apresente sentido e significado para
os professores e seus alunos, selecionamos intencionalmente alguns conceitos
fundamentais relacionados a esta área do conhecimento. Com a preocupação de trabalhar
os conceitos científicos e sua estruturação em conceitos escolares – conceitos científicos
articulados aos conceitos cotidianos (Cavalcanti, 1998, p. 75), elegemos o espaço de
vivência dos alunos como ponto de partida para a compreensão da apropriação e
transformação do espaço pela sociedade em tempos distintos.
Para Callai (1999, p. 75), “o lugar não se explica por si mesmo, ou melhor, os fenômenos
que acontecem no município, as relações entre os homens, o processo de organização do
espaço local não tem as explicações a partir do próprio local apenas”. Desta forma, é
necessário estabelecer as ligações históricas e geográficas com os alunos, buscando as
explicações entre diferentes escalas e tempos, já que é “o local onde vivemos que nos
oportuniza as bases concretas para encaminharmos a compreensão das relações sociais,
do acesso ao espaço para viver e das condições para tanto” (CALLAI, 1999, p. 75).
A proposta que apresentamos tem como foco o conhecimento e a interpretação do
mundo vivido na perspectiva proposta por Kaercher (1999) que defende a preparação dos
sujeitos para a “leitura-entendimento do espaço geográfico”. Para este autor (p. 12) “a
simples vivência no mundo – seja no país, estado ou na cidade – não nos transforma em
entendedores críticos deste mundo. Tal qual saber ler letras e números não nos
transforma em cidadãos críticos”.
Na mesma direção, Callai (1999, p. 75) afirma que ensinar Geografia nos anos iniciais de
escolarização permite “basicamente ler o mundo e construir a cidadania. O conteúdo das
ciências sociais pode ser considerado, nesta perspectiva, o pano de fundo que embasa
todo o processo de iniciação escolar, que tem como fundamental a alfabetização”.
Neste sentido, Oliveira Jr. (2011, p. 15) nos auxilia a compreender o papel que temos na
formação e alfabetização dos alunos em relação ao espaço geográfico:
A questão da Geografia escolar não é simplesmente levar até os alunos um conjunto de
conhecimentos científico-acadêmicos. É também realizar com eles a iniciação e o
aprofundamento de conhecimentos relativos à “dimensão espacial” ou “territorial”, do
mundo, conhecimentos que, em conjunto com aqueles relativos à “dimensão temporal”,
possibilitam aos escolares a melhor aproximação que pode ser feita da “dimensão social”
deste mundo no qual vivemos.
Se muito já fizemos até aqui, mais ainda temos pela frente! Contribuir para a formação
ampla e crítica dos alunos é, pois, papel a que não podemos nos furtar.
Referências
CALLAI, H. C. O estudo do município ou a Geografia nas séries iniciais. In:
CASTROGIOVANNI, A. C. ET AL. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed.
Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS/Associação dos Geógrafos Brasileiros, 1999.
p. 75-81.
CAVALCANTI, L. S. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas: Papirus,
1998.
KAERCHER, N. A. A Geografia é o nosso dia-a-dia. In: CASTROGIOVANNI, A. C. ET AL.
Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS/Associação dos Geógrafos Brasileiros, 1999. p. 11-23.
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