ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS O ENSINO DA GRAMÁTICA NA 6ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Fernanda Oliveira da Costa ORIENTADOR: Prof. Ms. Ilso Fernandes do Carmo ALTA FLORESTA/2007 ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS O ENSINO DA GRAMÁTICA NA 6ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Fernanda Oliveira da Costa ORIENTADOR: Prof. Ms. Ilso Fernandes do Carmo “Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Leitura, Literatura e Produção de Textos.” ALTA FLORESTA/2007 ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS BANCA EXAMINADORA ORIENTADOR RESUMO O ensino da gramática nas aulas de português tem representado um problema constante para os professores de Língua Portuguesa, principalmente depois das constantes criticas ao ensino da gramática tradicional. Este trabalho bibliográfico e com estudo de caso teve como objetivo analisar o ensino da gramática na 6ª série do Ensino Fundamental, através de acompanhamento e observações das atividades realizadas com os alunos de uma escola pública. Através de autores como Possenti, Luft, Frigotto e Chomsky, buscou mostrar que a língua portuguesa é de extrema importância para a comunicação humana e para o ensino-aprendizagem das demais disciplinas escolares, o que nos faz perceber a necessidade de se desenvolver um trabalho voltado para a oralidade, pois no momento que os alunos entenderem que as regras cultas são variáveis e que o emprego de uma forma pode ser normal numa modalidade lingüística, raro em outra e que pode nem existir numa terceira modalidade, o seu rendimento escolar será eficiente. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................05 1 BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA...................................................07 1.1 Concepções de Linguagem...........................................................................08 2 CONCEPÇOES DE GRAMÁTICA.........................................................................12 2.1 Os Diferentes Conceitos de Gramática........................................................13 3 O SABER E O FAZER NO ENSINO DA LÍNGUA MATERNA...............................18 3.1 O Ensino da Gramática nas Escolas............................................................20 4 ESTUDO DE CASO................................................................................................24 CONCLUSÃO............................................................................................................26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................28 INTRODUÇÃO Para dominar a Língua Portuguesa é necessário anos de estudo além de uma dedicação especial. O professor de Língua Portuguesa deveria dispor, em sua Escola, tempo suficiente para sua atualização constante. Nosso País por sua extensão, diverge seu linguajar de acordo com a região, estado, etc. Podemos citar como exemplo as formas de expressões da Língua Portuguesa usadas na periferia, nas favelas, nos grupos de jovens, e até entre os nossos políticos, quantas palavras "novas". Faz-se necessário haver maior criatividade, principalmente, dos professores para despertar cedo no educando, o gosto pela boa leitura. O hábito de ler vai facilitar muito o ensino da gramática. As regras gramaticais são necessárias e indispensáveis. Como ler e escrever bem sem situar-se na nossa gramática? Não só o professor da Língua Portuguesa deverá se preocupar com a escrita correta, todos os mestres, de todas as disciplinas deverão fazer com que seus alunos se preocupem com a fala e a escrita. Com o conhecimento da gramática os alunos terão maior estrutura e segurança, para expressarem-se nas diversas situações de comunicação em seu meio social. Neste trabalho bibliográfico e com estudo de caso realizado em uma escola pública do município de Alta Floresta, teve como objetivo verificar o ensino da gramática na 6ª série do Ensino Fundamental, através de métodos concretos, reais. 06 No primeiro capítulo será apresentado a história da língua portuguesa e as concepções de linguagem, pois a mesma é tão importante quanto a postura que se tem relativamente à educação. No segundo capítulo será explanado sobre as concepções de gramática e os tipos de gramática como a gramática normativa, gramática descritiva e gramática internalizada. No terceiro capítulo discorrer-se-á sobre o saber e o fazer no ensino da língua materna e o ensino da gramática nas escolas, pois o mero fato de conhecer a gramática, não se faz bastante para afirmar que se domina a linguagem. No quarto capítulo será apresentado como o trabalho foi desenvolvido através de observações e entrevistas com professores de língua portuguesa, onde percebeu-se que os professores de língua materna possuem dificuldades para fazer um ensino diferente, que tenha realmente algum significado para os alunos. 1 BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Conforme o texto de Adelardo A. Dantas de Medeiros1, a língua portuguesa é uma língua neolatina, formada da mistura de muito latim vulgar e mais a influência árabe e das tribos que viviam na região. Apesar de ter sua origem altamente conectada a outra língua (o galego), o português é uma língua própria e independente. Apesar da influência dos tempos tê-la alterado, adicionando vocábulos franceses, ingleses, espanhóis e únicos, ela ainda tem sua identidade única, apesar de não ter a força que tinha no seu ápice, quando era quase tão difundida como agora é o inglês. No oeste da Península Ibérica, na Europa Ocidental, encontram-se Portugal e Espanha. Ambos eram domínio do Império Romano a mais de 2000 anos, e estes conquistadores falavam latim, uma língua que eles impuseram aos conquistados. Mas não o latim culto usado pelas pessoas cultas de Roma e escrito pelos poetas e magistrados, mas o popular latim vulgar, falado pela população em geral. Isto aconteceu porque a população local entrou em contato com soldados e outras pessoas incultas, não magistrados. Logicamente, não podemos simplesmente desprezar totalmente a influência lingüística dos conquistados. Os dialetos falados na península e em outros lugares foram regionalizando a língua. Considerou-se também a influência árabe, 1 MEDEIROS, Adelardo A. Dantas. Diversidade do Português do Brasil: Estudos de Dialectologia . Rural e Outros. 2 ed. (revista). Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil. 08 que inseriu muitas línguas nestes romanços até a Reconquista. Este processo formou vários dialetos, denominados cada um deles genericamente de romanço (do latim romanice, "falar à maneira dos romanos"). Quando no século V caiu o Império Romano este processo se intensificou e vários dialetos foram se formando. No caso específico da península, foram línguas como o catalão, o castelhano e o galegoportuguês (falado na faixa ocidental da península). O galego-português existiu apenas durante os séculos XII, XIII e XIV, na época da Reconquista. Após isso foi nascendo cada vez mais diferença entre o galego e o português. Este era falado no sul da faixa ocidental da província, na região de Lisboa. A língua consolidou-se com o tempo e a expansão do Império Português. Do século XII ao século XVI, falava-se uma forma arcaica de português, ainda com a influência do galego (o português arcaico propriamente apenas desde o século XIV). Foi com essa linguagem que escreveram os trovadores naquela época, enriquecendo a paupérrima (5.000 vocábulos no século XII) língua portuguesa. Esta fase da Língua Portuguesa acabou com a nomeação de Fernão Lopes como cronista mor da Torre do Tombo em 1434. Mas apenas a partir do século XVI, com a intensa produção literária renascentista de Portugal, especialmente a de Camões, o português uniformiza-se e adquiri as características atuais da língua. Em 1536 Fernão de Oliveira publicou a primeira Gramática da Linguagem Portuguesa, consolidando-a definitivamente. 1.1 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM A língua, de acordo com o PCNs (1997), é um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio social entendem e interpretam a realidade e a si mesmas. Perceber a natureza social da linguagem, enquanto produto de uma sociedade histórica do homem, leva a compreensão do seu caráter dialógico, internacional, tudo o que dizemos, dizemos a alguém e esse interlocutor, 09 presente ou não no ato da nossa fala, que acaba por determinar aquilo que vamos dizer. Nossas palavras dirigem-se a interlocutores concretos, pessoas que ocupam espaços bem definidos na estrutura social. Mais que isso, as nossas idéias sobre o mundo se constroem nesse complexo processo de interação. Uma questão importante para o ensino de língua materna é a maneira como o professor concebe a linguagem e a língua, pois o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera em muito o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino. A concepção de linguagem é tão importante quanto a postura que se tem relativamente à educação. Normalmente tem-se levantado três possibilidades distintas de conceber a linguagem. A primeira concepção vê a linguagem como expressão do pensamento. Para essa concepção as pessoas não expressam bem porque não pensam. A expressão se constrói no interior da mente, sendo sua exteriorização apenas uma tradução. A anunciação é um ato monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstancias que constituem a situação social em que a anunciação acontece. As leis da criação lingüística são essencialmente as leis da psicologia individual, e da capacidade de o homem organizar de maneira lógica seu pensamento dependerá a exteriorização desse pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada. Presume-se que a regras a serem seguidas para a organização lógica do pensamento e, conseqüentemente, da linguagem. São elas que constituem nas normas gramaticais do falar e escrever “bem” que, em geral, aparecem consubstanciadas nos chamados estudos lingüísticos tradicionais que resultam no que se tem chamado de gramática normativa ou tradicional. (BAKHTIN, 1986). A segunda concepção vê a linguagem como instrumento de comunicação, como meio objetivo para a comunicação. Nessa concepção a língua é vista como um código, ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor. Esse código deve, portanto, ser dominado pelos falantes para que a comunicação possa ser efetivada. Com o uso do código que é a língua é um ato social, envolvendo conseqüentemente pelo menos duas pessoas, é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante, preestabelecido, convencionada para que a comunicaça0o se efetive. 10 “O sistema lingüístico é percebido como um fato objetivo externo a consciência individual e independente desta. A língua opõe-se ao individuo enquanto norma indestrutível, peremptória, que o indivíduo só pode aceitar como tal”. (NEDER, 1992 : 38). Essa concepção levou ao estudo da linguagem enquanto o código virtual, isolado da sua utilização. (CHOMSKY, 1971). Isso fez com que a lingüística não considerasse os interlocutores e a situação de uso como determinantes das unidades e regras que constituem a língua, isto é, afastou o indivíduo falante do processo de produção, do que é social e histórico na língua. Essa é uma visão monológica é imanente da língua, que a estuda segundo a uma perspectiva formalista – que limita esse estudo ao funcionamento interno da língua – e que a separa do homem no seu contexto social. Essa concepção está representada pelos estudos lingüísticos realizados pelo estruturalismo e pelo transformacionalismo, (FRIGOTTO, 1990). Para essa concepção o falante tem em sua mente uma mensagem a transmitir a um ouvinte, ou seja, informações que quer que cheguem ao outro. Para isso ele a coloca em código (codificação) e a remete para outro através de um canal (ondas sonoras ou luminosas). O outro recebe os sinais codificados e os transforma de novo em mensagem (informações). É a decodificação. A terceira concepção vê a linguagem como forma ou processo de interação. Nessa concepção o que o individuo faz ao usar a língua não é tãosomente traduzir e exteriorizar um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor). A linguagem é pois um lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma cada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico. Os usuários da língua ou interlocutores interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e “falam” e “ouvem” desses lugares de acordo com formações imaginárias (imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais. “A verdadeira substancia da linguagem não é constituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada pela enunciação ou pelas enunciações. A interação verbal constitui, assim, a realidade fundamental da linguagem”. (NEDER, 1992: 42-43). Dessa forma o diálogo em sentido amplo é que caracteriza a linguagem. Essa concepção é representada por todas as correntes de estudo da 11 língua que podem ser reunidas sob o rótulo de lingüística da enunciação. Aqui estariam incluídas correntes e teorias tais como a Lingüística Textual, a Teoria do discurso, a Análise do Discurso, a Análise da Conversação, a Semântica Argumentativa e todos os estudos se alguma forma ligados à Pragmática. 2 CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA Ao se considerar o conceito da gramática, como um conjunto de regras significativas de uma língua, conhecido e dominado pelos falantes nativos em uma comunidade, elaborado e aceito socialmente como o próprio à comunicação, através da linguagem verbal, formula-se a seguinte questão: que gramática ensinar àqueles que já a conhecem? As crianças conseguem derivar oralmente regularidades presentes no sistema gramatical, sem nunca terem sido expostas a elas. É o caso de emissões do tipo: “eu ponhei”, ”eu fazi” onde o paradigma dos verbos regulares se sobrepõe aos irregulares, mesmo sem que tal emissão tivesse sido falada pelos adultos com quem convivem. O conhecimento da gramática de uma língua faz parte integrante de um conhecimento lingüístico usuário. O falante é capaz de operacionalizar as regras, sem nem mesmo conhecê-las, denomina-las ou pensar sobre elas (por exemplo, a emissão “por favor feche a porta” jamais será falada pelo nativo da seguinte forma “favor por porta a feche”). (SANTOS, 1991), O ensino da gramática, sob este ponto de vista, deixa de ser apenas um conjunto de regras, prescritivas ou normativas, para se transformar em uma explicitação das regras de uso da língua, em situações significativas. 13 O sistema lingüístico que identifica cada tipo de língua (português, inglês, francês, etc) está sujeito a variações determinadas, no tempo e espaço, e necessárias para que a língua permaneça viva. Desse modo, segundo (SANTOS, 1991), no sistema, destacam-se dois aspectos: a) um conjunto de imposições, definidor da parte normativa, explicita a permanência, que manifesta a estabilidade do sistema lingüístico; b) um conjunto de liberdades, indicador da parte consultiva, se reporta à inovação, desde que não sejam afetadas as condições funcionais do sistema. Esse equilíbrio permite que uma dada língua mude e continue a ser a mesma; nesse sentido, todas as línguas, porque funcionam, necessariamente mudam. Tais variações lingüísticas de cada segmento social estão sujeitas, também, as regras de acordo com a norma escolhida pelos usuários da língua. A gramática entendida como uma construção interativa em processo, através do tempo e espaço, introduz no conceito um aspecto histórico e dialético e sugere algumas reflexões: qual a gramática ensinada na escola? Porque ensinar gramática? Que gramática deve o aluno dominar? A definição dos conteúdos gramaticais, a serem ministrados, bem como a concepção de gramática a ser priorizada pressupõe uma analise exaustiva de determinados aspectos lingüísticos e um conhecimento dos princípios que regeram o ensino da gramática. 2.1 OS DIFERENTES CONCEITOS DE GRAMÁTICA Segundo (SILVA, 1989), definiu-se a gramática, ou as “gramáticas”, como um conjunto de regras significativas. a) Gramática prescritiva ou normativa: conjunto de regras que devem ser seguidas. O ensino da gramática prescritiva ou normativa pressupõe que há uma forma (única) de se falar e escrever corretamente, segundo padrões predeterminados pela linguagem escrita. Há um caráter ideológico presente nessa afirmação; geralmente quem fala e escreve bem, domina os chamados setores sociais e econômicos. Transforma-se a gramática em um padrão escolhido, entre 14 vários, e obriga-se o respeito às regras, segundo um critério de avaliação social. Nesse caso, compartimentalizam-se as diferentes manifestações lingüísticas, em certas ou erradas, repudiando o “erro” e valorizando o “acerto”. A matéria-prima desse ensino gramatical se concentra na observação da escrita considerada culta e de boa qualidade. A norma deve ser preservada do “mau uso”. Já na Antiguidade Clássica, essa idéia era difundida: (...) As gramáticas escritas pelos filósofos helenistas tinham então duas finalidades: combinavam a intenção e estabelecer e explicar a língua dos autores clássicos com o desejo de preservar o grego da corrupção por parte dos ignorantes e dos iletrados (...) desde o inicio, a cultura lingüística grega se interessou sobre tudo pela língua escrita. Os termos gramática que os gregos aplicavam ao estudo da língua dá testemunho disso: deriva da palavra “ a arte de escrever” (...) Não se fazia uma distinção consciente entre os sons e as letras que os representavam, na medida em que se percebia alguma diferença entre a língua falada e a escrita, a tendência era sempre considerar como dependente e derivada da segunda (...). (LYONS, 1979 : 78). Tal reflexão reproduz algumas das “crenças” que condizem com a pratica do ensino da gramática ainda hoje. Muito se tem discutido sobre a necessidade do domínio pelo aluno da gramática normativa ou prescritiva. Há os que consideram fundamental essa aprendizagem e outros julgam-na desnecessária. Levando-se em conta que o aluno de Ensino Médio expressa-se oralmente e por escrito, conhece, portanto, as regras gramaticais e que as aprendeu, na prática, usando e analisando a língua materna, conclui-se que o domínio da regras normativas transforma-se em mais um instrumento de analise da língua – embora não o único – e distingui-se o critério ideológico, muitas vezes presente, na escolha dos conteúdos ministrados. O ensino da gramática prescritiva, na escola, deve ter em mente a seguinte asserção: Podemos dizer que a gramática tradicional pretende estabelecer as regras de uma língua através delas ensinar a língua àqueles que já a dominam. Há uma contradição nessa definição: se os aprendizes já dominam a língua, a gramática nada terá a ensiná-los. De fato, a gramática tradicional estabelece as regras de um 15 predeterminado modelo ou padrão da língua, para aqueles que já dominam outras variantes dessa língua e também algumas regras daquela variante que é padrão. (SILVA, 1989 : 58). b) Gramática descritiva: conjunto de regras que são seguidas. O ensino da gramática descritiva ainda é pouca explorada na escola.Quando se propõe o ensino da gramática, como pesquisa, esbarra-se diretamente na abordagem descritiva da gramática. Ela é orientadora do trabalho dos lingüistas, em geral, que procuram descrever as línguas como elas são usadas pelos falantes e pelos escritores, efetivamente, não preservando regras e não se preocupando “corrigir os erros”. Não a certo ou errado, na gramática descritiva, porem a diversas manifestações lingüísticas, variando de acordo com as condições de uso. Tal gramática procura verificar as regularidades que surge nas variações, considerando a “norma” como uma das possibilidades: (...) cada forma da língua, diferenciada social e regionalmente, tem... seu próprio padrão de pureza e correção... O dever primordial do lingüista é descrever o modo como as pessoas falam (e escreve) realmente sua língua e não preceituar como elas deveriam falar e escrever. Em outras palavras, a lingüística em primeiro lugar, pelos menos, é descritiva e não prescritiva (ou normativa). (LYONS, 1979 : 80). Numa abordagem descritiva, os estudo da gramática transforma aquilo que era considerado”errado” naquilo que é “diferente”, verifica toda a potencialidade do “novo”, assimila os mecanismos sistemáticos da variante, analisa-os comparativamente, relacionando-os, estabelecendo identidades e diferenças. O Professor Sírio Possenti (Conferencia IPBA – Instituto Pedagógico Brasil-Alemanha, São Paulo – 24/07/1991) exemplifica o trabalho com uma gramática prescritiva da seguinte forma: suponhamos que em um estudo de campo se grave a fala de pescadores de uma região do Mato Grosso onde a regra na conjugação verbal seja: eu pesco/ce pesca/ele/a pesca/nóis pesca/cês pesca/eles pesca. Este é o uso regular na região onde se separa a primeira pessoa do caso reto das demais. Temos, portanto, um sistema, formulado através da marca verbal de duas pessoas, semelhante ao inglês. Tal gramática é tão complexa quanto 16 qualquer outra e foi aceita e formulada socialmente. Nota-se que a gramática descritiva trabalha de forma incluente e não excluente. (...) Todas as línguas mudam constantemente: e, exatamente como o estado do tabuleiro de xadrez, num determinado instante, pode ser descrito independentemente da combinação particular dos movimentos que trouxe a partida a esse ponto, assim também os estados de uma língua, sucessivos ou delimitados social e geograficamente, podem ser descritos independentemente uns dos outros. (SILVA, 1989 : 68). Considera-se gramática, nesta perspectiva, todo texto produzido (escrito ou oral) dentro de um determinado contexto e aceito como correto, na comunidade lingüística, em que está inserida. O trabalho com a gramática descritiva, dos usos efetivos da língua, explicita porque determinadas ocorrências fonológicas, sintáticas, lexicais, semânticas e textuais se efetuam da forma que efetuam, nas construções interativas, de acordo com o significado determinado pelo contexto. c) Gramática internalizada: conjunto de regras que os falantes conhecem. Admitir a premissa de que o falante domina as regras da língua, as estruturas básicas estão presentes na “cabeça” do falante (são pessoas que pensam, perguntam, falam, discutem na vida prática, com os amigos e familiares), permite adaptar critérios de análise e ajuda a definir qual seria a gramática apropriada para ser ensinada. Verifica-se, nesse caso, uma diferença fundamental: saber as regras, usa-las, não significa saber falar sobre as mesmas; uma estratégia de ensino seria levar os alunos a conhecerem a gramática “da cabeça”. Compreender os processos de pensamento articulados pela linguagem para depois descreve-los e sistematizálos. Conhecer as “próprias” regras, pensar sobre elas e sobre as outras constituídas por outros meios, como o literário, o jornalístico, o cientifico, etc., corroboram e incentivam o pensamento a “pensar sobre si mesmo” e sobre o mundo. Transformar os alunos em seres pensantes, analíticos, críticos, criativos, talvez seja o “ideal” mais democrático a ser instituído pela escola. 17 Ao descrever as três gramáticas tenta-se ampliar as possibilidades de trabalho em sala de aula, no ensino de língua portuguesa. Além do método já utilizado pelo professor, na prática escolar, propõe-se recuperar com os alunos a gramática internalizada dos mesmos, descreve-la junto ao grupo e conhecer outras formas de análise lingüística, inclusive, a tradicional. 3 O SABER E O FAZER NO ENSINO DA LÍNGUA MATERNA O mero fato de conhecer a gramática, não se faz bastante para afirmar que se domina a linguagem, tal aspecto, pode ser comprovado significativamente em vista de que grandes autores como Machado de Assis, Monteiro Lobato e até Vinícius de Moraes, não entendiam nada de gramática, mas dominavam a linguagem, seduzindo leitores com o encanto das palavras. Para (LUFT, 1997 : 35) "os alunos mais talentosos em linguagem, futuros escritores, são os mais avessos à gramática". Com o surgimento da lingüística moderna, principalmente em se tratando da vertente gerativo-transformacional, o que veio chamar atenção é a dicotomia existente entre a gramática dos falantes e a gramática dos teóricos. “No processo de aquisição da língua, antes e fora da escola, a criança vai construindo, para si mesma, sem a verbalizar e sem dar conta disso. A criança e o falante não escolarizado sabem tudo aquilo que precisam para falar em seu nível de comunicação. Apenas não conhecem os termos técnicos, os nomes daquilo que sabem”.. (CHOMSKY, 1971 : 42). Segundo (CHOMSKY, 1971), num tal ensino gramaticalista, nem ao menos se ensina à gramática vigente, e sim fragmentos de uma língua arcaizada. Obriga-se o aluno a lidar com formas mumificadas, em vez de lhe mostrar a beleza, o interesse, a emoção e o valor da coisa viva, que lhe seria bem mais útil. No ensino da língua devem ser levados em conta duas situações: o momento em que o aluno torna-se capaz de dominar o mecanismo da escrita e a 19 outra em que esse aluno torna-se autor dos seus próprios textos, possibilitando assim uma situação de comunicação. O professor de Língua Portuguesa, mesmo em contato com as inovações teóricas sente-se impossibilitado de fazer mudanças significativas no ensino da língua, porque não se trata de substituir um modelo gramatical por outro supostamente mais eficiente e também não sinta no novo modelo consistência suficiente para torná-lo o centro das aulas de língua na esfera escolar. A idéia de gramática no texto vigente nas escolas atuais é diferente daquilo que a lingüística textual toma como objeto. E isso faz com que o texto não seja visto como unidade de sentido ou como discurso, servindo apenas como pretexto para exercício de reconhecimento ou classificação gramatical. E o mais importante é voltar o ensino para outras dimensões da língua, como o texto e o discurso, sem que, para isso, seja necessário ignorar tudo o que a tradição gramatical construiu. Embora o ensino gramatical seja visto apenas como: um ensino de "regras" deve-se considerar que o uso dos termos gramaticais são essenciais, pois para fazer-se entender na oralidade, assim como na expressão escrita, utiliza-se dos recursos gramaticais. "A língua deve ser vista, analisada e ensinada como entidade viva" (LUFT 1997 : 37). Partindo dessa concepção o que se entende é que a língua a todo o momento está se modificando. As pessoas que a utilizam estão sempre "criando" situações que exigem inovações. O ato da fala pressupõe uma competência social no uso da língua de acordo com as expectativas em jogo. No ato interlocutivo, o contexto verbal relaciona-se com o extraverbal e vice-versa. Segundo (LUFT, 1997), ainda que a língua toda é uma questão de uso. O que vai determinar o que é certo ou errado é o costume. E a clareza deve ser priorizada em detrimento de uma correção preconceituosa, pois o importante é comunicar-se valorizando assim a gramática internalizada de cada falante. A língua portuguesa é considerada por muitos professores como algo além do "mundo" de cada aluno (falante). Para esses professores o aluno não sabe a língua que a todo momento ele se utiliza. Ingenuidade desses professores, pois 20 cada falante já tem a sua língua internalizada, agora cabe ao professor dessa língua instruí-lo corretamente. 3.1 O ENSINO DA GRAMÁTICA NAS ESCOLAS O uso da gramática no ensino da Língua Portuguesa nas escolas, em geral, vem gerando polêmica no decorrer dos anos. Muitas vezes nos perguntamos: Deve-se utilizar ou não gramática no ensino de Língua Portuguesa? Segundo Bagno: “A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüístico, como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina gramatical normativa" (BAGNO, 2000, p. 87). Segundo (LUFT, 1997 : 51), a "língua deve ser vista, analisada e ensinada como entidade viva." A partir desta concepção, entende-se que a língua a todo momento está se modificando. Ela como objeto histórico está sujeita as variações lingüísticas e sofre mudanças tanto na escrita como na fala. Em constante evolução e empregando mecanismos de muita criatividade, uma língua não pára de anexar novos termos, enquanto outros caem no esquecimento. As pessoas que a utilizam estão sempre "criando" situações que exigem inovações. Um exemplo nos dias atuais, é a palavra secutirização que foi "criada" para explicar algo que significa (securities, inglês): à conversão de empréstimo bancário e outros ativos, em títulos para vendê-los a investidores. No momento que os alunos entenderem que as regras cultas são variáveis e que o emprego de uma forma pode ser normal numa modalidade lingüística, raro em outra e que pode nem existir numa terceira modalidade, o seu rendimento escolar será eficiente. Para (POSSENTI, 1996 : 17) "o objetivo da escola é ensinar o Português padrão, ou talvez, mais exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido", sem deixar no entanto de discutir os diferentes conceitos de gramática: normativa, descritiva, internalizada. O aluno deve ser preparado para reconhecer e utilizar a língua de forma adequada a diferentes conceitos. 21 Porém, o que observa-se hoje são professores de Língua Portuguesa sendo repetidores da doutrina gramatical normativa, que muitas vezes eles próprios não dominam integralmente. E a importância da Língua Portuguesa esta na competência do professor ao trabalhá-la em sala de aula, não priorizando conceitos, regras e nomenclaturas para que o aluno possa ter liberdade de pensamento e expressão verbal. Cabe ao professor protagonizar um aprendizado em Língua Portuguesa de maneira espontânea. É no próprio professor que se vê começar a mudança de atitude, que irá gerar um ensino de língua mais eficaz e reflexivo. O plano de aula deve ser elaborado em função do conhecimento do aluno, mas na maioria das vezes é gasto tempo demais com assuntos como: gênero, números de substantivos, desfavorecendo assim, atividades como ler, expor e descobrir as variações da língua a partir de exemplos que os alunos trazem para sala de aula. A escola, mais especificamente o professor de Língua Portuguesa, tem a responsabilidade de levar até ao educando dados novos que serão internalizados. Pois é o aluno que vai construir sua competência pela exposição e pelos dados lingüísticos variados. O aluno não deveria decorar o que é gramática, mas sim, ter um contato intimo com ela, visto que será ela, a gramática seu instrumento de aquisição de uma linguagem reflexiva e intercomunicativa na língua falada e escrita. “As informações técnicas lingüísticas ou não, são importantes como fonte de reflexão, mas a disposição para refletir sobre elas é ainda mais importante, e a disposição para aprender é pré-condição para ensinar”. (POSSENTI, 1996 : 39). O professor de Língua Portuguesa deve reconhecer que a língua é variável segundo as dimensões de tempo, espaço geográfico e das divisões sociais. Para o professor que aceita essas variações há o reconhecimento que a gramática dos manuais mutila a realidade, no momento em que propõe como modelo a ser seguido uma língua artificial que na maioria das vezes, pouco tem a ver com os hábitos lingüísticos das pessoas cultas. Quando o professor recusa este reconhecimento de variedades lingüísticas, ele tende a encarar como erros as formas não padrão dos aprendizes, que muitas vezes são vistos como incapazes. O ensino da gramática na disciplina de Língua Portuguesa é para ampliar a capacidade do aluno de usar a língua, desenvolvendo competência 22 comunicativa por meio de atividades com textos utilizados nas diferentes situações de interação comunicativa, pois os alunos irão se deparar ao longo de suas atividades acadêmicas, sociais ou profissionais com situações de comunicação as mais diferentes possíveis. Os níveis e registros serão múltiplos e não há modelo a ser seguido, nem mesmo a ser condicionado. A gramática normativa tem a sua razão de ser. Não se pode ignorá-la em nome de "uma nova teoria lingüística". O que é preciso é saber onde, como, porque e com quem usá-la. O que deve ser enfatizado é a forma de trabalhar a gramática na escola. Parece oportuno fazer uma mudança adequada no modo de ensiná-la. O estudo da gramática deveria ser transformado de um trabalho mecânico e teórico em um processo de reflexão que levasse à melhor compreensão de fatos lingüísticos encontrados no texto. Para escrever e falar com eficácia e beleza, precisa-se saber. Saber saboroso, de quem assimilou aquilo que torna um texto agradável ao leitor e um discurso agradável ao ouvinte. Qualquer falante do português sabe, por exemplo, que frases como "Ele lembrou-se dos amigos da infância" ou "Ele alembrou dos amigo da infância" são frases do português e não do espanhol, do inglês, ou de outra língua qualquer. Nesse sentido, tais construções trazem em si o conjunto de regras instituídas pelo sujeito que a produz, contendo, portanto, a sua gramática. “Em outros termos, dada a maneira constante – isto é, que se repete – através da qual as pessoas identificam seqüências sonoras com determinadas características, é lícito supor que há em sua mente conhecimentos de um tipo específico, que garantem esta estabilidade”. (POSSENTI, 1996 : 69). Uma boa aula de gramática será aquela em que o sujeito não se torna objeto, em que não seja necessário sujeitar-se aos bons conselhos e, também muitas vezes, aos caprichos da gramática para comunicar, com toda a riqueza expressiva do idioma, nossas idéias e sentimentos. Atualmente, faz-se necessário o ensino de gramática, para munir os alunos de um instrumento de luta para inserir-se de modo mais efetivo e eficaz na sociedade: o uso da linguagem adequado às mais diversas situações comunicativas em que eles estiverem inseridos, que vão além das situações escolares e se 23 estendem para quaisquer situações de sua vivência no meio social (SOARES, 1988). O ensino de gramática, contudo, não deve permanecer na base da regra pela regra, explicada e exercitada com palavras e frases soltas. Não adianta também utilizar textos apenas como pretextos, ou seja, apenas retirando-se deles palavras ou frases e continuando-se com um ensino meramente normativo e classificatório. “É preciso atentar para que esse ensino mais sistematizado da gramática seja visto em uso e para o uso, constatando-se sua funcionalidade e procurando-se inseri-lo em situações reais ou que se aproximem o máximo possível dessa realidade”. (PRESTES, 1996 : 52). O aluno realmente sabe reflete a gramática internalizada; a comparação, sem preconceito, das formas possíveis de serem produzidas é tarefa da gramática descritiva; e a explicitação da aceitabilidade ou rejeição de tais formas, bem como o domínio da adequação de uso dessas formas na escrita é tarefa da gramática normativa. Para tal, é preciso superar a visão do ensino da língua como sendo ensino da gramática, e do ensino de gramática como ensino de regras. Há que se acrescentar aí algo novo: "ensinar gramática é ensinar a língua em todas as suas variedades de uso, e ensinar regras é ensinar o domínio do uso" (POSSENTI, 1996 : 86). 4 ESTUDO DE CASO Com a intenção de fazer um trabalho prático, não só teórico que pudesse, a partir dos seus resultados, ser verdadeiramente útil, aplicável, optou-se por uma observação dos alunos da 6ª Série do Ensino Fundamental de uma escola pública, na cidade de Alta Floresta. O ensino da gramática nas escolas tem sido primordialmente prescritivo, apegando-se as regras de gramática normativa que, são estabelecidas de acordo com a tradição literária clássica, da qual é retirada a maioria dos exemplos. Tais regras e exemplos são repetidos anos a fio como formas “corretas” e “boas” a serem imitadas na expressão do pensamento. Nas aulas há uma ausência quase total de atividades de produção e compreensão de textos. Durante a observação percebeu-se o uso de metalinguagem no ensino de gramática teórica para a identificação e classificação de categorias, relações e elementos lingüísticos o que caracterizaria um ensino descritivo. A maior parte do tempo das aulas foi gasta no aprendizado e utilização dessa metalinguagem, que não avança pois, ano após ano, se insiste nos mesmos tópicos gramaticais: classificação das palavras e sua flexão, regras de regência e concordância, bem como regras de acentuação e pontuação. Percebeu-se que a gramática foi dada para se cumprir um programa previamente estabelecido sem se levar em conta as dificuldades dos alunos. O ensino da gramática aparece como algo desligado de qualquer utilidade. Verificou- 25 se que para a maioria dos professores não há uma real necessidade para o ensino de teoria gramatical. A insistência nessas atividades pode ser devido ao professor não conseguir mudar de atitude e passar a fazer um ensino diferente daquele desenvolvido durante anos nas escolas. A imagem que a sociedade tem do ensino da língua portuguesa e de como deve ser o professor, leva o mesmo a repetir um modelo recebido buscando mais legitimar o seu papel do que fazer algo que represente um ensino significativo para a vida de seus alunos. CONCLUSÃO A língua portuguesa é de extrema importância para a comunicação humana e para o ensino-aprendizagem das demais disciplinas escolares, o que nos faz perceber a necessidade de se desenvolver um trabalho voltado para a oralidade. Embora a tradição seja mais teórica que prática, mais normativa que descritiva, e distante da realidade, o ensino da língua materna peca na utilização de teorias gramaticais em sala de aula. O aluno não deveria decorar o que é gramática, mas sim ter um contato intimo com ela, principalmente na prática, visto que esta será seu instrumento principal como alavanca para adquirir uma linguagem contundente e assim impetrar-se na comunicação. Aprender uma gramática que não servisse apenas como mais um conhecimento supérfluo que se “aprende” e se “esquece”, representando, para alguns, apenas status social; mas sim um conhecimento efetivo das regras da língua, usadas na linguagem faladas e escritas, dentro de uma perspectiva textual, contextualizadora, limitadas por uma análise lingüística dialética do processo de construção sócio-histórico da língua. Percebeu-se neste trabalho, que o ensino da gramática deveria ser trabalhado de maneira reflexiva para não se tornar inútil e prejudicial, no entanto isso é mais comum do que se imagina, o ensino deve se ocupar com o manejo efetivo da língua, falada e escrita. 27 Ministrar a disciplina de língua portuguesa, mais do que qualquer outra disciplina é um grande desafio. O professor além de tentar mostrar para o seu aluno a importância que devemos dar a essa língua, pois é a partir dela que nos comunicamos ainda tem que fazer malabarismos para prender a atenção do seu aluno. Sabe-se que para lingüística o uso de gramática (regra) é de alguma forma desnecessário, porque a comunicação é que é prioritária e não as regras gramaticais. Por fim, caberia mais uma vez ressaltar a importância da linguagem, sabendo que somente através dela é que os humanos se tornam seres racionais dotados da mais bela capacidade existente: a capacidade de falar, e não só de falar, com também de se comunicar com os semelhantes, e assim exaurir dessa capacidade, aptidões que o integram a todas as outras capacidades que lhe compete. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAGNO, M. Dramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Loyola, 2000. BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,1986. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC, 1997. Parâmetros Curriculares CHOMSKY, N. Pensamento e linguagem. Petrópolis: Vozes, 1971. FRIGOTTO, E. I. Concepções de linguagem e o ensino da língua materna: do formalismo ensinado ao real ignorado.São Paulo : Loyola, 1990. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2001. LUFT, C. P. Língua e liberdade. São Paulo: Ática 1997. LYONS, J. Introdução a lingüística teórica. São Paulo: Nacional, 1979. NEDER, M. C. Ensino de linguagem: a configuração de um drama. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Mato Grosso, 1992. POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. São Paulo: Mercado de Letras, 1996. PRESTES, M. L. Ensino de português como elemento consciente de interação social: uma proposta de atividade com texto. Porto Alegre: FAPA, 1996. SANTOS, I. P. Variação lingüística: língua portuguesa: o currículo e a compreensão da realidade. São Paulo: CENP/SE, 1991. 29 SILVA, R. M. Tradição gramatical e Gramática tradicional. São Paulo: Contexto, 1989. SOARES, M. B. Didática de português. Belo Horizonte: Opus, 1988.