polícia federal

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POLÍCIA FEDERAL
SUMÁRIO
Atualidades
Domínio de tópicos atuais e relevantes de diversas áreas, tais como políƟca, economia,
sociedade, educação, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento
sustentável, segurança, artes e literatura e suas vinculações históricas...............................................................................3
GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO
A primeira fase da globalização ocorreu logo após a formação das monarquias nacionais na Europa, que resultou da
união polí ca entre a burguesia e a realeza em torno de um
obje vo comum: criar países centralizados poli camente.
O início desse processo aconteceu durante os séculos XV
e XVI, quando ocorreu a expansão marí ma europeia, com
o advento das grandes navegações. Devido a elas, o mundo
integrou-se comercialmente pela primeira vez. As rotas
marí mas proporcionaram uma constante circulação de
mercadorias entre os con nentes americano, africano, asiá co e europeu, ou seja, as grandes navegações europeias
inserem-se num processo de superação da era medieval
pelo desenvolvimento mercan l e pela consolidação dos
Estados nacionais europeus, assim como o de solidificação
do capitalismo comercial.
A doutrina econômica u lizada nesta primeira fase da
globalização foi o mercan lismo, adotado pelos países europeus, tendo como grandes potências Portugal e Espanha.
Essa doutrina econômica defendia, como princípio básico,
a acumulação de metais preciosos (sobretudo o ouro e a
prata) e uma balança comercial favorável compreendendo
uma série de regras, como: monopólios comerciais, incen vos fiscais, medidas protecionistas e barreiras alfandegárias
para proteção da produção nacional.
A produção, exploração e distribuição do comércio internacional eram controladas pela constante intervenção
do Estado, que concedia monopólios comerciais a pequenos
grupos de mercadores que formavam as companhias de
comércio.
Todo o mecanismo econômico des nava-se a um só
obje vo: ganhar novos mercados consumidores e, assim,
acumular riquezas. O poder de um reino era aferido pelas reservas de metais preciosos existentes nos cofres do governo e
pela balança comercial favorável. Para assegurar a expansão
comercial, o Estado man nha um rígido controle das importações e do comércio com as colônias, sobre as quais exercia
o monopólio. Este direcionamento polí co-econômico levou
os mais poderosos países europeus a se transformarem em
impérios comerciais, tendo colônias e feitorias espalhadas
pelo mundo todo. Os principais impérios coloniais foram
o inglês, o espanhol, o português, o holandês e o francês.
O processo de expansão marí ma comercial, realizado
por alguns países europeus à procura de uma nova rota
comercial para o Oriente, assegurou o estabelecimento das
primeiras feitorias comerciais na Ásia e proporcionou aos
conquistadores europeus as terras do Novo Mundo (con nente americano).
Enquanto as especiarias eram embarcadas para os portos
de Lisboa, Sevilha, Roterdã e Londres, milhares de imigrantes europeus cruzavam o Atlân co para iniciar a vida no
con nente americano. Nesse contexto exis ram dois pos
de colonização: as colônias de exploração, no sul da América do Norte e na América La na, baseadas geralmente na
exploração de um só produto (cana-de-açúcar, ouro, prata
etc.), u lizando-se de mão de obra escrava vinda da África ou
mesmo indígena; e as colônias de povoamento, estabelecidas
na América do Norte, baseadas na média propriedade de
exploração familiar rural e no comércio com as metrópoles.
Para atender à demanda de trabalhadores nas colônias de
exploração, optou-se pelo uso compulsório da mão de obra
africana, ou seja, pela escravidão. Logo, estabeleceu-se um
Rebecca Guimarães
lucra vo comércio por meio do tráfico de escravos que eram
capturados e trazidos para trabalhar nas lavouras e nas minas. Em quatro séculos, calculam-se, aproximadamente, 12
milhões de negros africanos u lizados na exploração colonial.
Outra opção muito u lizada foi a mão de obra indígena, que
ocorreu nas colônias espanholas e portuguesas, ou seja, em
grande parte da América La na.
Na América, a chegada dos europeus veio acompanhada
de diversos problemas, como doenças, destruição de culturas
e sociedades na vas, expropriação de terras e escravização.
Em quase todo o con nente americano ocorreu uma catástrofe demográfica, devido aos maus-tratos que a população
na va sofreu e às doenças e epidemias que a devastaram.
Nesta primeira fase da globalização, estruturou-se um
sólido comércio entre os con nentes, no qual a América
e a Ásia forneciam matérias-primas, a África, mão de obra
escrava, e a Europa fornecia os produtos manufaturados às
respec vas colônias e aos outros países europeus. Deve-se
observar que, segundo a teoria mercan lista, havia um rígido
controle comercial entre a metrópole (Estados europeus) e
as colônias; era o pacto colonial, que não permi a que uma
colônia comercializasse com outros países europeus.
A segunda fase da globalização ocorreu no momento em
que o capitalismo industrial superou o capitalismo comercial e inseriu uma nova ideologia de produção capitalista,
trazendo assim novas regras polí co-econômicas para o
mercado mundial.
A par r do século XVIII, a Inglaterra desempenhou um
papel fundamental na consolidação do processo de industrialização na Europa, pois foi o país pioneiro na subs tuição do
capitalismo comercial pelo industrial, ou seja, da ferramenta
pela máquina e da manufatura pela fábrica. Entre as causas
gerais da revolução industrial podem-se destacar: os capitais
acumulados no período mercan lista, a introdução de máquinas no processo de produção de mercadorias, a subs tuição
do absolu smo pelas monarquias parlamentares e principalmente a ideologia capitalista do liberalismo comercial.
Nessa fase, a an ga ideologia mercan lista deu lugar à
ideologia liberal, que, elaborada por Adam Smith (o pai das
Ciências Econômicas), cri cava o mercan lismo e defendia
o livre comércio sem a intervenção do Estado. A doutrina
econômica em que se fundamentava era a do laissez-faire,
um liberalismo radical inspirado nos fisiocratas franceses e
apoiado pelos economistas ingleses que defendiam a superação do ultrapassado mercan lismo. Nesse momento,
uma onda revolucionária varreu o con nente americano,
espalhando os ideais polí cos de independência e liberdade
defendidos pela Revolução Francesa (1789), que influenciaram os movimentos de libertação das colônias americanas.
Logo depois, as novas técnicas de produção industrial
se expandiram para outros países da Europa acirrando a
compe vidade do mercado, o que direcionou os países
capitalistas a desenvolverem, na segunda metade do século
XIX, uma nova polí ca de expansão externa, buscando novos
mercados consumidores para seus excedentes de produção,
assim como, matéria-prima que não exis a nos seus territórios. Esse processo de expansão e dominação ficou conhecido
como imperialismo.
A supremacia do capitalismo financeiro fez com que os
grandes bancos e as ins tuições financeiras passassem a
abandonar o mercado internacional, em detrimento das já
an gas companhias de comércio. Esta interligação dos bancos e das indústrias, tendendo para o monopólio, o oligopó-
ATUALIDADES
ATUALIDADES
3
lio e o imperialismo, caracterizou a segunda fase da revolução
industrial. Ou seja, a expansão da revolução industrial para
outros países transformou a livre concorrência em capitalismo monopolista, no final do século XIX. Esse processo de
acirramento do sistema capitalista, que levou novamente
as grandes potências europeias a uma corrida imperialista,
foi um dos mo vos que desencadearam a Primeira Guerra
Mundial (1914-1917).
A expansão colonial, durante a revolução comercial,
centralizou-se principalmente no con nente americano. Já o
imperialismo iniciado na segunda metade do século XIX teve
como principais obje vos a Ásia e a África. Em 1905, 90% do
território africano e 56% do território asiá co encontravam-se sob domínio europeu. Enquanto na revolução comercial
os países europeus buscavam metais preciosos. Na revolução
industrial priorizou-se a procura por territórios ricos em
ferro, petróleo, cobre e outros materiais ligados à produção
industrial.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945,
os aliados, que se uniram para combater as forças nazi-fascistas, estabeleceram suas contradições polí co-ideológicas
que orientavam a divisão do mundo até a úl ma década do
século XX. Em 1945, teve início a Guerra Fria que, cons tuiu-se no antagonismo de dois grandes blocos, o capitalista e o
socialista, liderados pelos Estados Unidos e pela União Soviéca, respec vamente. O mundo se viu dividido num sistema
polí co-ideológico bipolarizado, com a ameaça constante de
uma terceira grande guerra e, dessa vez, nuclear.
ATUALIDADES
A estrutura das relações internacionais é doravante
‘bipolar’: tudo se reduz ao enfrentamento de dois
blocos, tudo se ordena em relação a um outro dos
dois polos. (RÉMOND, 1974, p. 151)
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O mundo após a Segunda Guerra Mundial assinalou
também a decadência do imperialismo europeu e a ascensão
do nacionalismo nos países da África e da Ásia. Esses novos
países, que emergiram posteriormente à descolonização,
logo após o término da Segunda Guerra Mundial, formaram,
ao lado dos países da América LaƟna, o bloco do terceiro
mundo, caracterizado pelo subdesenvolvimento e pela dependência econômica.
Esse processo colocou os novos Estados sob uma nova
dependência, que se caracterizou não pelo domínio territorial das grandes potências, mas sim pelo domínio econômico. O contexto bipolarizado inseriu um novo modelo
de dominação que se traduz na necessidade de obtenção
de emprés mos, inves mentos de capitais e aquisição de
tecnologia por parte dos países do terceiro mundo.
Após a queda do regime comunista na an ga União Sovié ca e o consequente fim da Guerra Fria na úl ma década do
século XX, o mundo passou a viver uma nova realidade geopolí ca, caracterizada pela hegemonia militar norte-americana e
pelo predomínio quase total do sistema capitalista. A Organização do Tratado do Atlân co Norte (Otan), organização militar
formada por países capitalistas criada no início da Guerra Fria
para combater os países comunistas numa possível guerra,
teve de reformular sua função. Do lado comunista, o Pacto
de Varsóvia, organização militar composta pelos países do
bloco comunista com os mesmos fins da Otan, ex nguiu-se.
Nesse momento, o mundo, sem um confronto polí co-ideológico e sem riscos de uma guerra nuclear iminente,
tornou-se um cenário ideal para o desenvolvimento de
uma nova fase do sistema capitalista. As ações do governo
norte-americano durante os dois mandatos do presidente
George Bush refletem bem esse novo cenário, onde exis a
uma única superpotência que impunha uma postura polí ca,
econômica e ambiental de maneira unilateral.
A tendência polí ca foi a de adoção dos regimes democrá cos como forma de escolha polí ca. Analisando o
contexto da América do Sul, por exemplo, percebe-se que,
nas décadas de 70 e 80, somente a Colômbia e a Venezuela
man nham governos civis eleitos democra camente; os
demais países nham ditaduras militares como forma de governo. Já a par r da década de 80, os países sul-americanos,
pouco a pouco, foram subs tuindo os regimes militares pelas
democracias, chegando à totalidade do con nente na década
de 90. Na verdade esse processo polí co de democra zação
está ligado à nova conjuntura internacional do fim do século
XX, em que a ameaça de expansão do regime comunista não
mais exis a, ou seja, os militares foram peças primordiais
no cenário sul-americano na garan a da manutenção do
regime capitalista, de acordo com as grandes potências do
bloco capitalista.
A Organização das Nações Unidas (ONU), que tem a
função de representar um órgão polí co acima das nações,
regulando e fiscalizando as relações globais, atrofiou-se
frente aos interesses das grandes potências capitalistas e,
principalmente, frente aos interesses norte-americanos. Com
isso, o grupo dos sete países mais influentes e industrializados do mundo, o G7, composto por EUA, França, Reino Unido,
Alemanha, Canadá, Itália, e Japão, teve mais efeitos polí cos
e econômicos no mundo do que as assembleias realizadas
pela ONU. Isso mostra que, de fato, o poder polí co está
in mamente ligado ao poder econômico.
A ONU e a sua estrutura organizacional precisam se reformular frente ao novo contexto mundial pós-Guerra Fria.
O Oriente Médio, as ações terroristas, o crime organizado
internacional e a crise financeira mundial caracterizada pela
interdependência dos mercados financeiros são apenas alguns exemplos dos desafios vividos pela ONU em um mundo
mul lateral globalizado e extremamente complexo. Após
o fim da Guerra Fria, houve um aumento considerável de
intervenções armadas relacionadas a instabilidades polí cas
e ações an terroristas, sem que estas trouxessem soluções
estáveis ou mesmo mostrassem um direcionamento estratégico da ONU, refle ndo assim sua fragilidade e inoperância
no contexto internacional. A universalização da democracia
como sistema polí co, nos moldes ocidentais, imposta aos
países de culturas diferentes, vem acompanhada por uma
crescente padronização cultural e de consumo que caracteriza a nova fase da globalização no século XXI. Esse processo
de evolução da globalização irá cada vez mais enfraquecer o
papel dos Estados nacionais, dando-lhes novas funções e fazendo com que novas ins tuições possam reger a sociedade.
A nova tendência polí co-econômica é a formação de
blocos econômicos regionais, como o Na a, o Mercosul,
a União Europeia, o Pacto Andino, e a Alca, dentre outros.
Esses blocos direcionarão o mercado internacional e possivelmente modificarão a estrutura polí ca hoje vigente, pois
essa é a nova tendência do sistema capitalista: a regionalização de grupos econômicos e a padronização da cultura
e do consumo, eliminando assim as culturas regionais e
usando a informação como instrumento da globalização. Ela
se torna, portanto, uma ferramenta do capitalismo frente à
crescente compe ção econômica, mostrando que os meios
econômicos são, de fato, os principais dirigentes do mundo.
Atualmente, alguns acordos econômicos são mais arrojados e caminham para a integração completa. Além da
liberalização comercial, também es pulam a livre circulação
de pessoas, bens e capitais, sem quaisquer restrições. Já
outros preferem manter uma maior autonomia nas relações comerciais com as diversas partes do mundo, criando
somente áreas de livre comércio. O que define as regras dos
acordos de integração são os interesses específicos de cada
bloco e a combinação entre seus componentes.
A globalização se consolidou com a abertura comercial
e a livre circulação de capitais e serviços em escala mundial.
As disputas acirradas no âmbito do mercado global, entre
empresas e países, favoreceram a formação de blocos econômicos regionais. Por meio desses blocos formam-se alianças
econômicas numa “guerra” de mercado, em que os parceiros
estabelecem relações econômicas privilegiadas.
Os Blocos Econômicos
São associações de países criadas para promover a
integração econômica, o crescimento e a compe vidade
internacional dos países-membros e pra car relações econômicas privilegiadas entre si.
O primeiro bloco surge na Europa em 1957, com a
criação da Comunidade Econômica Europeia (CEE), atual
União Europeia (UE). Mas a tendência de regionalização da
economia só se fortalece nos anos 90, com o fim da Guerra
Fria (Velha Ordem Mundial). Na América se destacam o Na a,
o Mercosul e, em menor grau, o Pacto Andino e o Caricom;
na Europa, a UE e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI); na África há o SADC; na Ásia, o Asean e também o
poderoso bloco transcon nental Apec, que reúne países da
América e da Ásia.
Modalidades de Integração Regional
Os blocos econômicos existentes no mundo são classificados a par r dos acordos estabelecidos entre eles, e podem
ser agrupados em diferentes graus ou estágios de integração:
• Zona de preferência tarifária: é o processo mais simples de integração em que os países pertencentes ao
bloco gozam de tarifas mais baixas do que as tarifas
aplicadas a outros que não possuem acordo preferencial. É o caso da Aladi (Associação La no-Americana
de Integração);
• Zona de livre comércio: reúne os países por meio
de acordos comerciais que visam exclusivamente à
redução ou eliminação de tarifas aduaneiras entre os
países-membros do bloco. Só é considerada uma Zona
de Livre Comércio quando pelo menos 80% dos bens
são comercializados sem taxas alfandegárias. O principal exemplo é a Na a (Acordo de Livre Comércio
da América do Norte), formado por Estados Unidos,
Canadá e México;
• União aduaneira: é um estágio mais avançado de
integração. Além dos países eliminarem as tarifas
aduaneiras entre si, estabelece-se as mesmas tarifas de
exportação e importação TEC (Tarifa Externa Comum)
para o comércio internacional fora do bloco. A união
aduaneira exige que pelo menos 85% das trocas comerciais estejam totalmente livres de taxas de exportação e
importação entre os países-membros. Apesar de abrir
as fronteiras para mercadorias, capitais e serviços, não
permite a livre circulação de trabalhadores. O principal exemplo é o Mercosul (Mercado Comum do Sul),
composto por Brasil, Argen na, Uruguai, Paraguai.
Os especialistas classificam este bloco como uma União
Aduaneira “Imperfeita”;
• Mercado comum: visa à livre circulação de pessoas,
mercadorias, capitais e serviços. O único exemplo é
a União Europeia, que, além de eliminar as tarifas
aduaneiras internas e adotar tarifas comuns para o
mercado fora do bloco, permite a livre circulação de
pessoas, mão de obra, capitais e todo po de serviços
entre os países-membros;
• União econômica e monetária: é formada pelos países
da União Europeia, que, em 1º de janeiro de 2002,
adotaram o euro como moeda única. Apenas 16 países
pertencem à zona do euro: Áustria, Bélgica, Finlândia,
França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda
(Países Baixos), Portugal, Grécia, Espanha, Eslovênia,
Eslováquia, Chipre e Malta.
Vantagens e Desvantagens
Em todas as modalidades de integração supranacional,
ocorre a redução ou eliminação das tarifas ou impostos de
importação entre os países-membros. Por isso, os países que
integram esses blocos (zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum ou união econômica e monetária)
adotam, logo de início, a redução das tarifas de importação
de várias mercadorias.
Neste sentido, os acordos de integração econômica
trazem uma série de consequências para as empresas e a
população dos países que integram estes blocos. Os consumidores podem se beneficiar dos produtos mais baratos que
entram no país. No entanto, muitos desses consumidores
podem ser prejudicados com o desemprego, em virtude da
falência ou diminuição da produção das empresas nas quais
trabalhavam, pois muitas delas não conseguem concorrer
com os produtos mais baratos que vêm dos outros países
com os quais são man das alianças.
Dessa forma, no âmbito das empresas e da sociedade
num país que compõe um bloco, há ganhadores e perdedores. Mas, apesar dessas implicações, os blocos econômicos,
de modo geral, têm atuado sem que haja maior par cipação
da sociedade nas decisões. Estas são tomadas pelos governantes e pela elite econômica. No caso da UE, decisões
mais importantes, na maioria dos países, são tomadas após
consulta à população por meio de plebiscitos. Exceção à UE,
não é este processo que ocorre no resto do mundo.
UNIÃO EUROPEIA
Sessenta anos após a sua fundação, o principal desafio
da UE é passar ao mundo a imagem de um bloco sólido. Para
tanto, precisa conciliar os interesses dos 27 países-membros
e promover um modelo eficiente de crescimento e cooperação. Mas o horizonte mostra incertezas. Em abril, o nível de
desemprego bateu recorde, com 10% da população da UE
sem trabalho. A atual crise levanta dúvidas sobre a eficiência
de uma moeda única para economias tão diferentes. Especula-se, até mesmo, uma futura desfragmentação da Zona
do Euro. Ao mesmo tempo, está em discussão uma maior
integração econômica, mas ainda não há consenso acerca
do que deve ser unificado. Alguns governos defendem, por
exemplo, a criação de uma autoridade para coordenar as
polí cas nacionais de exportação, importação, finanças e
orçamento. Mas poucos concordam em abrir mão de dirigir
a própria economia.
No plano polí co, a UE deu um grande passo no fim do
ano passado, com a aprovação do Tratado de Lisboa. O bloco
passou a ter um chefe de relações internacionais e um presidente com mandato de dois anos e meio, com possibilidade
de uma reeleição, no lugar do sistema rota vo de seis meses. Além disso, a par r de 2014, para que um projeto seja
aprovado bastará que ele tenha o apoio de 55% de votos
dos países-membros, desde que estes representem 65% do
total de habitantes do bloco. Essa mudança contorna a necessidade de plebiscitos nos quais podem ocorrer rejeições
que levam a impasses.
A União Europeia é o maior bloco econômico do planeta, com um PIB maior que o norte-americano. Sua origem
está ligada ao Plano Schuman, de 1950, que propôs o início
ATUALIDADES
Blocos Econômicos
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do processo econômico de integração europeia. Na época,
os países europeus viviam o período do pós-guerra e, dentro
do processo de reconstrução, precisavam reestruturar seus
parques industriais.
O bloco teve origem em 1951, quando seis países – Alemanha Ocidental, França, Bélgica, Holanda, Itália e Luxemburgo – fundaram a Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço (Ceca). Em 1957, o Tratado de Roma criou a Comunidade
Econômica Europeia (CEE) ou também chamado de Mercado
Comum Europeu (MCE), ins tuindo as “quatro liberdades
fundamentais” (livre circulação de pessoas, de mercadorias,
de capitais e de serviços). Entre 1973 e 1995, entraram para
a comunidade Dinamarca, Reino Unido, Irlanda, Grécia, Espanha, Portugal, Áustria, Finlândia e Suécia. Com o Tratado
de Maastrich, em 1992, nasceu a União Europeia.
Em 2004, houve a maior ampliação, com o ingresso de
mais dez nações: Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Estônia,
Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Chipre e Malta.
Também passaram a fazer parte do bloco, em 2007, a Romênia e a Bulgária – dois dos países mais pobres da Europa,
elevando a população total da UE a quase meio bilhão de
habitantes.
NAFTA
O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Na a)
é um instrumento de integração das economias dos EUA, do
Canadá e do México, Iniciado em 1988 por norte-americanos
e canadenses, o bloco recebe a adesão dos mexicanos em
1993. Com ele, consolida-se o intenso comércio regional
da América do Norte. O Na a entra em vigor em janeiro
de 1994, com um prazo de 15 anos para a total eliminação
das barreiras alfandegárias entre os três países. Membros:
Canadá, EUA e México.
ATUALIDADES
MERCOSUL
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Criado em 1991, o Mercado Comum do Sul (Mercosul)
é composto por Argen na, Brasil, Paraguai e Uruguai, nações sul-americanas que adotam polí cas de integração
econômica e aduaneira. A origem do Mercosul está nos
acordos comerciais entre Brasil e Argen na elaborados em
meados dos anos 80. No início da década de 90, o ingresso
do Paraguai e do Uruguai torna a proposta de integração
mais abrangente. Em 1995, instala-se uma zona de livre
comércio. Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos
países-membros podem ser comercializadas internamente
sem tarifas de importação. Alguns setores, porém, mantêm
barreiras tarifárias temporárias, que deverão ser reduzidas
gradualmente. Além da ex nção de tarifas internas, o bloco
es pula a união aduaneira, com a padronização das tarifas
externas para diversos itens. Com uma área total de quase
12 milhões de km2 . O Mercosul, cuja estrutura sica e administra va está sediada em Montevidéu, tem um mercado
potencial de 220 milhões de consumidores e um PIB de 1,1
trilhão de dólares. Se considerarmos que, no decorrer do
século XXI, a água será um elemento estratégico essencial,
é importante destacar que dentro do Mercosul estão as
duas maiores bacias hidrográficas do planeta: a do Prata e
a da Amazônia.
O bloco passará a ter 250 milhões de habitantes, área
de 12,7 milhões de quilômetros quadrados e um produto
interno bruto (PIB) de US$ 1 trilhão, 76% do total da América do Sul.
A Venezuela ra ficou o protocolo de adesão como membro pleno em julho de 2006. De fato, a Venezuela cons tui-se
um Estado-membro em processo de adesão, que na prá ca
significa que tem voz, mas não voto, haja vista que o Parlamento do Paraguai é um único, dentre os quatro, que rejeita
a adesão do país.
Em agosto de 2010, o Brasil assumiu a presidência rota va do Mercosul, para um mandato temporário de seis meses.
O cargo será entregue pela presidente da Argen na, Cris na
Kirchner, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a
Cúpula do Mercosul, realizada na cidade argen na de San
Juan no mesmo mês.
UNASUL
A ideia de criar um novo bloco econômico na América
La na englobando países-membros do Mercosul e da Comunidade Andina surgiu em 2000, ainda durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso, em uma reunião, realizada em
Brasília, entre presidentes dos países dos blocos econômicos
da região. O obje vo inicial era ampliar as relações regionais,
aprofundar a integração energé ca, de transportes e de
telecomunicações.
Em 2004, foi apresentado oficialmente o projeto de
criação da Comunidade Sul-Americana de Nações, que teve
o nome modificado para União de Nações Sul-Americanas
(Unasul), em 2007, na Reunião Energé ca da América do Sul,
realizada na Venezuela.
Em 23 de maio de 2008, os presidentes e representantes
de governo de 12 países assinaram em Brasília o tratado de
criação da Unasul. No tratado foram es pulados os principais obje vos da organização, que consistem, além do
aprofundamento das relações regionais, na coordenação
polí ca, econômica e social do con nente Sul-Americano.
Desse modo, esperam-se também avanços em projetos
conjuntos nas áreas de ciências e educação, assim como de
mecanismos financeiros comuns. Na área comercial, projeta-se a criação de um mercado comum a par r de 2014. Ficou
es pulado também que a Unasul terá um sistema de presidência temporária e rota va entre os países par cipantes,
além de órgãos delibera vos, como: um Conselho de Chefes
de Estado, um Conselho de Ministros de Relações Exteriores
e um Conselho de Delegados.
Além disso, segue também a proposta de criação do
Conselho de Defesa da América do Sul, formulando assim
uma polí ca de defesa comum aos países-membros com a
função de ampliar a comunicação e a colaboração entre as
forças armadas do con nente.
A par r do tratado de criação assinado em Brasília,
a Unasul passa a ser, de fato, um organismo internacional
com personalidade política própria, dependendo agora
apenas da ra ficação pelos parlamentos dos países que
compõem a Unasul.
De acordo com dados divulgados pela Comissão Econômica para América La na e Caribe (Cepal), o novo bloco nasce
com um mercado interno composto de aproximadamente
366 milhões de habitantes distribuídos em uma área de
17.715.335 quilômetros quadrados, e com um PIB de US$
4,2 trilhões.
Porém, a Unasul já nasce com enormes desafios a serem
superados. Primeiro pela visível assimetria econômica existente, que já é um problema entre os países do Mercosul.
Depois pelos diversos problemas polí cos que envolvem alguns países da América do Sul, como as questões territoriais
entre Chile, Bolívia e Peru, que se arrastam desde o fim do
século XIX, após a Guerra do Pacífico (1879-1881).
As questões energé cas também estão na pauta de problemas, como as que envolvem Brasil e Bolívia, referentes
às nacionalizações executadas recentemente pelo governo
de Evo Morales e à alta de preços por parte da Bolívia no
fornecimento de gás. Há também o impasse entre Brasil e
Paraguai, no tocante aos preços da energia vendida pelo
Paraguai na hidrelétrica de Itaipu.
Existem também questões polí cas sensíveis, como a
situação atual das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que envolvem, além da Colômbia, o Equador e
a Venezuela. Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, divulgou
que a mesma tem sérias restrições ao futuro Conselho de
Defesa devido ao posicionamento de alguns países em relação às Farc, que não as classificam como grupo terrorista.
vimento da região. Hoje, o bloco representa um mercado de
510 milhões de pessoas e um PIB de 725,3 bilhões de dólares. A eliminação das barreiras econômicas e alfandegárias
entrará em vigor no ano 2002. Em 1999, a Asean admite
como membro o Camboja. Membros: Indonésia, Malásia,
Filipinas, Cingapura, Tailândia (1967), Brunei (1984), Vietnã
(1995), Mianmar, Laos (1997), Camboja (1999).
CARICOM
SADC
O Mercado Comum e Comunidade do Caribe (Caricom),
criado em 1973, é um bloco de cooperação econômica e
polí ca formado por 14 países e quatro territórios. Em 1998,
Cuba foi admi da como observadora. O bloco marca para
1999 o início do livre comércio entre seus integrantes.
Membros: Barbados, Guiana, Jamaica, Trinidad e Tobago
(1973); An gua e Barbuda, Belize, Dominica, Granada, Santa
Lúcia, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Névis (1974);
Suriname (1995); Bahamas torna-se membro em 1983, mas
não par cipa do mercado comum. O Hai é admi do em
julho de 1997, porém suas condições de acesso ainda não
foram concluídas. Territórios: Montserrat (1974); Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Turks e Caicos (1991); Anguilla (1999).
A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC) é estabelecida em 1992 para incen var as
relações comerciais entre seus 14 países-membros, com o
obje vo de criar um mercado comum e também promover
esforços para estabelecer a paz e a segurança na conturbada
região. Há planos de adotar uma moeda comum em 2000.
Membros: Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto,
Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrá ca do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia
e Zimbábue.
Bloco econômico ins tuído em 1969 pelo Acordo de
Cartagena – seu nome oficial – com o obje vo de aumentar
a integração comercial, polí ca e econômica entre seus
países-membros. Também é conhecido como Grupo ou
Comunidade Andina.
Membros: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru (1969);
Venezuela (1973). O Chile sai em 1976. O Panamá par cipa
como observador.
CEI
A Comunidade dos estados Independentes (CEI) é uma
organização criada em 1991 que reúne 12 das 15 repúblicas
que formavam a União das Repúblicas Socialistas Sovié cas
(URSS). Ficam de fora apenas três países bál cos: Estônia,
Letônia e Lituânia. Organiza-se em uma confederação de
Estados, que preserva a soberania de cada um. A comunidade
prevê a centralização das Forças Armadas e o uso de uma
moeda comum: o rublo.
Membros: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Federação
Russa, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão,
Ucrânia, Uzbequistão (1991); Geórgia, Azerbaijão (1993).
APEC
A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec)
é um bloco econômico formado para promover a abertura
de mercado entre 20 países e Hong Kong (China), que respondem por cerca de metade do PIB e 40% do comércio
mundial. Oficializada em 1993, pretende estabelecer a livre
troca de mercadorias entre todos os países do grupo até
2020. Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão,
Malásia, Nova Zelândia, Filipinas Cingapura, Coreia do Sul,
Tailândia, EUA (1989); China, Hong Kong (China), Taiwan
(Formosa) (1991); México, Papua Nova Guiné (1993); Chile
(1994); Peru, Federação Russa, Vietnã (1998).
ASEAN
A Associação das Nações do Sudeste Asiá co (Asean)
surge em 1967, na Tailândia, com o obje vo de assegurar a
estabilidade polí ca e de acelerar o processo de desenvol-
A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criada
em janeiro de 1995 como resultado das negociações da
Rodada Uruguai (1986-1993) do Acordo Geral sobre Tarifas
e Comércio (GATT), sendo composta atualmente por 153
países-membros.
O contexto econômico atual do comércio internacional
tem como caracterís ca básica um alto grau de interdependência entre os mercados internos e externos dos países. De
acordo com os preceitos neoliberais, as regras do comércio
internacional direcionam-se cada vez mais para uma ampliação de mercados obje vando a geração de riquezas, ou
seja, para os países o principal caminho para o crescimento
econômico é sem dúvida a ampliação do mercado externo.
Os números mostram que o comércio internacional movimenta cerca de US$5,2 trilhões por ano, tornando-se assim
uma grande oportunidade para o crescimento econômico
dos países.
A tendência no mercado internacional é que sejam criados mecanismos para coibir as barreiras de proteção aos
setores produ vos nacionais, de modo a adaptá-los não só
a compe r internamente com produtos estrangeiros, como
também a expandir sua produção a outros países.
Dentro dessa perspec va, um dos maiores problemas
enfrentados pelos países é a dicotomia entre expansão e
conquista do mercado externo e a proteção de alguns setores produ vos nacionais contra a concorrência externa. Na
verdade, todos os países querem exportar mais e importar
menos, buscando assim sempre um superávit na balança comercial e, consequentemente, protegendo suas economias.
Atualmente, existem várias ferramentas para proteger
os mercados internos e tornar os produtos nacionais de determinados setores mais compe vos no mercado externo.
Uma delas é a criação de impostos ou taxas sobre produtos
estrangeiros, que, acrescidos ao preço final, torna-os menos
compe vos comercialmente. Outro instrumento é a limitação
de compras por meio de cotas preestabelecidas e a taxação
em compras acima da quan dade estabelecida pelos governos
aos importadores. Outro ponto, bastante u lizado, é a criação
de barreiras que exijam que o produto exportado passe por
um controle de qualidade antes de entrar no mercado interno
de um país. Esse instrumento esconde de fato um ar cio
protecionista, pois muitos desses controles de qualidades
chegam ao absurdo em exigências. O úl mo recurso, e um
dos mais usados, é o já conhecido subsídio. Usado por vários
governos como forma de financiamento em longo prazo e a
ATUALIDADES
PACTO ANDINO
A Organização Mundial do Comércio (OMC)
7
ATUALIDADES
8
juros muito baixos ou incen vos fiscais, o subsídio protege os
setores produ vos internos mais vulneráveis à concorrência
externa, na medida em que faz com que a produção torne-se mais compe va nos mercados internos e externos, pois
podem vender a preços de mercado muito baixos, menores
que os concorrentes.
Nascida na era da globalização e do neoliberalismo, a Organização Mundial do Comércio (OMC) tem a missão de criar
regras no comércio internacional segundo os princípios neoliberalistas. Ou seja, a OMC defende o fim dos instrumentos
protecionistas e a ampliação do comércio internacional.
Hoje, a OMC é composta por 153 países e funciona
como se fosse um tribunal internacional do comércio, onde
todos os países-membros são iguais. Se um país-membro se
sen r lesado por um instrumento protecionista executado
por outro país, ele pode acionar a OMC, que, a princípio,
tentará negociar uma saída; caso não haja acordo, a questão
será julgada e o país condenado poderá receber retaliações
comerciais internacionais.
Os países ricos têm hoje a supremacia no comércio internacional nos setores produ vos industriais e tecnológicos, que têm
valores maiores no mercado internacional, enquanto os chamados “países em desenvolvimento” ou potências emergentes,
como Brasil, Argen na, México e Índia, são mais compe vos
na siderurgia, na agricultura e em alguns setores industriais de
bens de consumo, como calçados e têxteis.
A crescente compe vidade do comércio internacional
gera inúmeros problemas na OMC, principalmente por
parte dos países ricos, que constantemente são acusados
de usar instrumentos considerados desleais pela OMC para
proteger-se dos produtos mais compe vos dos países em
desenvolvimento.
No momento, o Brasil ocupa a posição de liderança do
chamado G20 emergente, grupo de países em desenvolvimento que buscam mais espaço no comércio internacional
e exigem igualdade de aplicações das regras estabelecidas
pela OMC. A principal reivindicação desse grupo é o fim dos
subsídios agrícolas exercidos pelos países ricos, que prejudicam a entrada dos produtos dos países do G20 nos mercados
norte-americano e europeu.
Atualmente, a OMC trabalha nos avanços nas negociações da Rodada de Doha, iniciada em 2001 e com término
previsto para 2006 inicialmente, porque a Rodada é realizada
até os dias de hoje. Sua principal questão é a eliminação dos
subsídios agrícolas exercidos pelos países ricos e a polí ca
de protecionismo em geral. O comércio internacional segue
o preceito de que a liberalização comercial, ou seja, uma
menor intervenção do Estado na economia, potencializa a
geração de riquezas, porém os principais defensores dessa
teoria, que são os países ricos, na prá ca não hesitam em
cercar-se de instrumentos que dificultam a liberalização
de setores nos quais eles são mais vulneráveis, como, por
exemplo, os setores agrícolas.
Na reunião ministerial da OMC, realizada em dezembro
de 2005, em Hong Kong, os países desenvolvidos obje vavam
ter mais acesso aos mercados das nações em desenvolvimento, convencendo-as a reduzirem suas tarifas de importação,
enquanto estas queriam o fim dos subsídios agrícolas.
Os EUA, assumindo uma postura mais flexível, propuseram a
redução dos subsídios em 2010. Já a União Europeia propôs
2013 para limite máximo.
A rodada de Doha começou em Doha, capital do Qatar,
e suas negociações subsequentes foram realizadas em outras
cidades: Cancún (México), Genebra (Suíça), Paris (França),
Hong Kong (China) e Potsdam (Alemanha).
A Organização dos Estados Americanos (OEA)
A OEA foi criada em 1948 na IX Conferência Internacional
de Estados Americanos, realizada em Bogotá, na Colômbia.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização internacional com sede em Washington (Estados
Unidos), cujos membros são as 35 nações independentes
do continente americano. Como um dos mais antigos
organismos regionais do mundo, a OEA tem como missão
promover, entre seus Estados-membros, uma ordem de paz
e de jus ça, para promover sua solidariedade, intensificar
sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade
territorial e sua independência. A OEA é composta por 35
países-membros de todo o con nente americano, sendo que
Cuba, suspensa desde 1962, foi reconduzida à organização
em junho de 2009; contudo, Havana já declarou em repe das
ocasiões não ter interesse em retornar ao que chama de
“instrumento dos Estados Unidos”.
A Carta DemocráƟca Interamericana, assinada por todos
os países-membros da OEA, demonstra que a democracia é
condição fundamental para todos os países par cipantes.
Essa carta disponibiliza um programa de ações a serem seguidas cole vamente em defesa da manutenção dos regimes
democrá cos.
Nos úl mos anos, a OEA vem atuando em programas
para combater a pobreza e promover o desenvolvimento,
pois de acordo com a carta democrá ca:
A pobreza, o analfabe smo e os baixos índices de
desenvolvimento humano são fatores que influenciam nega vamente a consolidação da democracia.
Atualmente os países-membros da OEA estão trabalhando na elaboração da Carta Social das Américas, que
ampliará a atuação da OEA ar culando ações de combate à
pobreza, a promoção da igualdade social e do desenvolvimento econômico.
A OEA atua também nas áreas de proteção ao meio
ambiente e do desenvolvimento sustentável, por meio do
Departamento de Desenvolvimento Sustentável, com projetos focados em energia renovável, legislação ambiental,
gerenciamento de recursos hídricos, dentre outros.
O Brasil foi um dos 21 primeiros signatários da Carta
da OEA. A organização atua principalmente nas seguintes
áreas: fortalecimento da democracia; segurança hemisférica;
construção da paz; promoção e defesa dos direitos humanos;
es mulo ao comércio entre as nações; combate às drogas;
preservação do meio ambiente; combate ao terrorismo;
incen vo à probidade administra va e cooperação para o
desenvolvimento. Os princípios defendidos pelo governo
brasileiro na OEA são a autodeterminação, a não intervenção,
a solução pacífica de controvérsias e o não uso da força.
O governo brasileiro reconhece que a OEA ocupa posição
de destaque para tratar regionalmente desses problemas e,
nesse contexto, par cipa atentamente das discussões em
torno de itens relevantes da agenda interamericana.
Nas atualidades podemos destacar dois momentos de
ações importantes por parte da OEA: a) O golpe de Honduras,
em junho de 2009 e b) O recente atrito entra Venezuela e
Colômbia.
O Sistema ONU
Em 24 de outubro de 1945, foi fundada a Organização
das Nações Unidas (ONU), que possui a louvável finalidade
de facilitar a cooperação em matéria de direito internacional,
segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial.
A sua eficácia não depende somente de seus próprios recursos, mas sim da cooperação permanente de todos os seus
membros, hoje 193 Estados-membros. Este fato explica em
certa medida o porquê dos trabalhos empenhados por seus
Todas as agências especializadas da ONU mantêm sede
em cidades europeias, como Genebra (Suíça), Roma (Itália),
Viena (Áustria), Londres (Reino Unido) e outras.
O primeiro grande passo para a criação da ONU foi dado
por quatro potências, Estados Unidos, Reino Unido, ex-União
das Repúblicas Socialistas Sovié cas e China, em 14 de agosto
de 1941, com a Carta do Atlân co. Esta união lutava na Segunda Grande Guerra contra o bloco do Eixo, composto por
Alemanha, Itália e Japão. Assim, com outros acontecimentos
e reuniões, entre as quais a realizada em Moscou em 1943 e
a realizada em San Francisco, em que foi apresentada a Carta
das Nações Unidas (ONU) em 1945, na qual contou com a
inclusão da França que conjuntamente com as outras quatro
citadas potências ob veram o privilégio de se manterem,
permanentemente representados (cargos vitalícios) e ainda
com poder de veto no Conselho de Segurança. O fato dos
EUA, Reino Unido, Rússia, China e França deterem cadeiras
permanentes com poder de veto no Conselho de Segurança
da Organização das Nações Unidas também se encontra diretamente ligado ao fato de essas serem as principais nações
vencedoras da Segunda Guerra Mundial.
A estrutura das Nações Unidas baseia-se em cinco principais órgãos:
• Assembleia Geral;
• Conselho de Segurança;
• Conselho Econômico e Social (ECOSOC);
• Secretariado; e
• Tribunal Internacional de Jus ça (Tribunal Penal Internacional).
Quatro dos cinco órgãos principais estão localizados na
sede principal das Nações Unidas em território internacional
em Nova York, nos Estados Unidos. O Tribunal Internacional
de Jus ça está localizado em Haia, nos Países Baixos (Holanda).
O Conselho de Segurança é o responsável por manter a
paz e a segurança entre os países do mundo. Esse órgão é
considerado por muitos cien stas polí cos como o centro do
poder polí co mundial. Enquanto outros órgãos das Nações
Unidas só podem fazer “recomendações” para os governos
membros, o Conselho de Segurança tem o poder de tomar
decisões vincula vas que os governos-membros acordaram
em realizar. As decisões do Conselho são conhecidas como
Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Conselho de Segurança é composto por 15 Estados-membros, sendo 5 membros permanentes – China, França,
Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – e por 10 membros
temporários, atualmente a Áustria, Bósnia-Herzegovina, Brasil, Gabão, Japão, Líbano, México, Nigéria, Turquia e Uganda.
Os cinco membros permanentes têm o poder de veto sobre
as resoluções do Conselho, mas não processual, permi ndo
que um membro permanente impeça a adoção, mas não bloqueie o debate de uma resolução inaceitável por ele. Os dez
membros temporários são man dos em mandatos de dois
anos conforme votado na Assembleia Geral sobre uma base
regional. A Presidência do Conselho de Segurança é girada
em ordem alfabé ca de cada mês e foi realizada pela Áustria
no mês de novembro de 2009.
O atual secretário-geral é Ban Ki-moon, que assumiu no
lugar de Kofi Annan, em 2007, e será subs tuído quando o
seu primeiro mandato expirar em 2011.
Desde a sua fundação, tem havido muitos pedidos para
reformar as Nações Unidas, apesar de pouco consenso sobre
como fazê-lo. Alguns querem que a ONU desempenhe um
papel maior ou mais eficaz nos assuntos mundiais, enquanto
outros querem o seu papel reduzido a trabalho humanitário.
Também houve vários pedidos para que a adesão ao Conselho de Segurança fosse aumentada, para diferentes formas
de eleição do Secretário-geral das Nações Unidas e para uma
Assembleia Parlamentar das Nações Unidas.
A ONU também foi acusada de ineficiência burocrá ca
e desperdício. Durante a década de 1990 os Estados Unidos
re veram suas contribuições citando ineficiência, e só começou o reembolso, na condição de que uma inicia va de
grandes reformas fosse introduzida.
Um programa oficial da reforma foi iniciado por Kofi Annan, em 1997. As reformas incluem a mudança dos já mencionados membros permanentes do Conselho de Segurança
(que atualmente reflete as relações de poder de 1945), fazer
com que a burocracia fique mais transparente, responsável
e eficiente, tornar a ONU mais democrá ca, e ins tuir uma
tarifa internacional sobre fabricantes de armas no mundo.
Estas discussões sobre a reforma do CS são an gas,
e existem várias propostas mas, nenhum consenso. A fase
mais recente de conversas começou em janeiro de 2009 e,
segundo es ma va dos diplomatas, deverá avançar pelo
menos até o fim de 2010.
O Brasil se candidatou a uma vaga permanente no CS durante o governo de Itamar Franco (1992-1994). Desde então,
vem buscando aliados para lutar pela reforma do conselho.
Brasil, Alemanha, Japão e Índia formaram, em 2004, o Grupo
dos 4 (G-4), para reivindicar a criação de mais seis vagas permanentes, inicialmente sem poder de veto. Os novos lugares
seriam ocupados pelos integrantes do grupo, mais dois países
africanos (os mais credenciados a ocupar essas vagas seriam
a Africa do Sul, a Nigéria e o Egito).
No entanto, a proposta do G-4 foi inviabilizada após uma
união da China e os EUA contra qualquer mudança. Em 2006,
o Japão deixou o grupo por não concordar com o curso das
negociações. O México e a Argen na juntaram-se contra o
ATUALIDADES
membros e suas agências não serem suficientes para resolver
os atuais problemas dos conflitos armados entre os Estados.
A Organização das Nações Unidas (ONU), é a organização
que sucede a an ga Sociedade (ou Liga) das Nações, cons tui atualmente a maior das organizações internacionais em
a vidade, sendo que possui aproximadamente 16 outras
agências especializadas que são organizações internacionais de vocação universal e competência limitada ligadas
diretamente a ONU.
Exemplos:
• FAO (Organização para a Agricultura e a Alimentação);
• AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica);
• OACI (Organização da Aviação Civil Internacional);
• IFAD (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola);
• OIT (Organização Internacional do Trabalho);
• OMI (Organização MaríƟma Internacional);
• FMI (Fundo Monetário Internacional);
• UIT (União Internacional de Telecomunicações);
• Unesco (Organização para a Educação, a Ciência e a
Cultura);
• Unido (Organização para o Desenvolvimento Industrial);
• UPU (União Postal Universal);
• WB (Banco Mundial);
• PAM (Programa Alimentar Mundial);
• OMS (Organização Mundial da Saúde);
• OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual);
• OMM (Organização Meteorológica Mundial) e
• OMT (Organização Mundial de Turismo).
9
Brasil, receosos de que o país assuma um papel privilegiado
na América La na. Por mo vos semelhantes, a Itália opõe-se
à entrada da Alemanha, a China opõe-se à entrada do Japão
e o Paquistão opõe-se à entrada da Índia. Líderes do Paquistão, Argen na, Canadá, México e Itália chegaram a formar
uma aliança, chamada Unidos pelo Consenso, para rebater
as ambições do G-4.
Já a União Africana, que representa 53 nações do con nente, propôs, também sem sucesso, aumentar o número
total de membros para 26, dos quais seis seriam permanentes com direito a veto. A França e o Reino Unido prometeram
incen var a ampliação do conselho, para que o órgão inclua,
entre seus membros permanentes, pelo menos um país africano e um la no-americano.
Dessa maneira, a enorme quan dade de interesses par culares das nações, que se sobrepõem aos problemas globais,
é atualmente um dos maiores obstáculos à reforma do CS.
O IRÃ
Dona da segunda maior reserva de petróleo do mundo,
a República Islâmica do Irã é hoje a quarta maior exportadora mundial: são mais de 2,4 milhões de barris por dia.
Mas apesar desse recurso valiosíssimo, o Irã permanece
como um país subdesenvolvido. Assim como outras nações
ricas em petróleo, o bem que gera fortuna também produz
vulnerabilidade e funciona como elemento de dependência,
cisão e guerra.
A descoberta de petróleo na região, em 1903, mo vou
a exploração britânica no território iraniano. A dominação
estrangeira somada a posição estratégica do Irã no Oriente
Médio, a pobreza da população e os dogmas do Islamismo
resultaram na Revolução de 1979, que transformou o país
em uma república teocrá ca islâmica. Por isso, para entender
como se deu a insurreição, é preciso entender o contexto histórico e polí co do Irã desde os primeiros anos do século XX.
ATUALIDADES
A Exploração Estrangeira e a DinasƟa Pahlevi
10
A par r de 1903, o Irã passou a ter com o Reino Unido
uma relação semicolonial. A potência europeia controlava a
exploração do petróleo por meio da Companhia de Petróleo
Anglo-Persa. Em 1907, a Pérsia (como era chamada a região
onde atualmente fica o Irã) foi dividida em zonas de influência
entre o Reino Unido e a Rússia. Mas os russos perderam o
controle da área devido a Revolução Socialista de 1917 – posteriormente, já como União Sovié ca, o domínio reforçou-se
no Cáucaso e Ásia Central. Após a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), foi a vez de os EUA, já estabelecidos como
a grande hegemonia da época, projetarem sua influência
polí ca e econômica sobre o Irã.
Encaradas como fonte de subordinação, falta de autonomia e corrupção, as relações entre o Irã e o ocidente
foram ampliadas pela dinas a Pahlevi (1925-1979), que foi
instaurada por meio de um golpe militar pelo general Reza
Khan (1878-1944), em 1925. Nessa época, os governantes
eram chamados no país de Xá, tulo que corresponde ao
posto de rei ou imperador.
A dinas a Pahlevi caracterizou-se por diversos fatores,
como a relação próxima com o ocidente, o di cil intercâmbio
com os árabes devido à iden dade persa e islâmica, o projeto de criação da potência regional e a falta de democracia
e agenda social, o que gerou uma sequência de crises.
Os Pahlevi inseriram a ocidentalização e secularização, que
contrariava o clero muçulmano tradicionalista, como os
graves confrontos que ocorreram devido ao banimento do
uso do véu para as mulheres.
A situação polí ca do Irã agravou-se com a Segunda
Guerra, quando o exército alemão tentou avançar pela
região, o que levou à ocupação britânica e sovié ca no Irã,
para defender os campos petrolíferos. Nesse período, a oposição ao Reza Pahlavi cresceu. Em 1941, o Xá renunciou em
bene cio de seu filho Mohammad Reza Pahlavi (1919-1980).
Com Mohammad, que governou até 1979, instaurou-se uma
monarquia cons tucional, dividindo o poder com o Parlamento (Majilis).
O Xá vislumbrava a construção da “Grande Civilização
do Irã”: o maior poder do Oriente Médio e a quinta maior
potência econômica do mundo. Um dos marcos da irracionalidade foi, em 1971, a gigantesca celebração em Paris em
homenagem à dinas a Pahlevi, enquanto a população carecia
de salários, infraestrutura e serviços básicos de educação,
alimentação e saúde. A situação agravou-se com a primeira
crise do petróleo, em 1973, tendo como um de seus fatores
a guerra do Yom Kippur (dos Estados árabes contra Israel),
o declínio dos EUA e a recessão das economias desenvolvidas. Essa polí ca encontrou seu limite entre 1976 e 1977,
com a crescente oposição da população e a perda de apoio
dos EUA. Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos entre
1977 e 1981, reverteu às polí cas de Nixon, privando o Irã de
ajuda. Nesse meio tempo, o estado de saúde do Xá piorou
com a posterior confirmação de seu câncer. Nesse contexto
caó co, abriu-se o caminho para a revolução.
Ciclo Revolucionário
Em 1978, a deterioração da situação social, polí ca e
econômica era patente e o governo intensificou sua ação
an oposição. A cidade iraniana de Qom foi palco de manifestações contra o Xá, que terminaram com mais de mil mortos.
Em setembro, na capital Teerã, ocorreu mais uma violenta
repressão, que ficou conhecida como Sexta-Feira Negra
(reivindicação contra o regime do Xá). Além das constantes
reclamações populares, greves gerais minavam a sociedade
e as finanças iranianas. A oposição ao Xá reunia diversos
grupos sociais, entre liberais, socialistas e o clero islâmico,
cuja influência crescia exponencialmente sob a liderança
do exilado Aiatolá Khomeini. Dentre os opositores ao Xá,
encontravam-se os mujahedin (combatentes que pra cam
a Jihad, a luta islâmica) e a guerrilha Fedayin-e-Khalk (de
ideologia marxista e islâmica) e a burguesia (bazaar). O clero
islâmico supria com seu discurso e o carisma populista de
Khomeini, elemento unificador que faltava e que mesmo os
religiosos moderados apoiaram.
Do rural ao urbano, o projeto islâmico era simbolizado
pela autonomia polí ca e a recuperação da iden dade e
orgulho a par r da religião. Os vícios ocidentais e da modernidade seriam superados pela adoção da Sharia (Lei Islâmica),
permi ndo a construção de uma sociedade mais justa, que
respeitasse os preceitos fundamentais do Islã amparados
pelo Alcorão. De acordo com o plano islâmico, o Irã não seria
mais explorado, tornando-se responsável por seu des no e
recursos estratégicos.
Isolado, o Xá deixou o Irã em janeiro de 1979, falecendo
pouco tempo depois no exílio. Em uma tenta va de contornar
a crise, o país foi deixado sob o comando do então primeiro-ministro Shapour Bakh ar (1915-1991). Porém, a tenta va
de manter a mesma administração da dinas a Pahlevi falhou
e, em fevereiro de 1979, o retorno do Aiatolá Khomeini do
exílio significou o fim do an go regime.
O Irã da Revolução
De fevereiro a abril de 1979, quando foi proclamada a
República Islâmica do Irã, o país enfrentou diversas convulsões internas. Enquanto as forças tradicionalistas lideradas
pelo Aiatolá Khomeini possuíam uma visão clara do poder, de
O Governo orientado pela Sharia
A unidade entre Estado e religião (governo teocrá co)
foi formalizada na subordinação de todo o sistema social,
político e jurídico pós-revolucionário ao Líder Supremo
(aiatolá). O Líder Supremo atua como chefe de Estado e
autoridade religiosa máxima (faqih). Sob sua responsabilidade, encontram-se tarefas do Execu vo, como a condução
da polí ca externa e interna, o comando das Forças Armadas, a declaração de guerra ou a paz e o controle da mídia.
Ao presidente da República, hoje Mahmoud Ahmadinejad,
cabe a polí ca econômica, com o cargo definido como o
segundo mais importante, seguido pelo Parlamento. Ambos
são eleitos pela população, mas subordinados ao Líder.
A conduta na vida social, polí ca e jurídica passaram a
ser definidos pelo Líder Supremo de acordo com a Sharia,
o que indica a subordinação, inclusive do Judiciário. O Líder
Supremo é auxiliado pelo Conselho dos Guardiões, composto por doze juristas – seis deles indicados pelo Líder e
outros seis pelo líder do judiciário. O Conselho é um órgão
bastante poderoso e ligado ao Líder, com ampla autoridade para interpretar a Cons tuição e avaliar se as leis são
aplicadas de acordo com a Sharia. Possui autonomia para
examinar, autorizar ou impugnar candidaturas a cargos elevos, o que é essencial para o controle do sistema. Quando
existem disputas entre o Conselho e o Parlamento, essas são
julgadas e resolvidas por um órgão especial, o Conselho de
Discernimento, também conservador. Deve ser mencionada
a Assembleia dos Peritos, composta por membros do clero
e que se reúne anualmente. Nas relações internacionais e
de defesa, as agências do Conselho de Segurança Nacional e
Inteligência são controladas pelo Líder Supremo, composto
por um exército regular e a Guarda Revolucionária Islâmica,
que possui como tarefa proteger a revolução, assim como o
Ministério da Inteligência e Segurança.
A par r daí, a sociedade iraniana reorganizou-se, eliminando ves gios do regime do Xá e da ocidentalização. No
campo externo, houve um profundo rompimento com o
ocidente, em par cular com os EUA (considerado como o
“Grande Satã”). Os EUA reagiram à Revolução de 1979 com a
Doutrina Carter, que aumentava sua capacidade de projeção
no Oriente Médio, e patrocinaram o processo de paz entre
Israel e Egito (Acordo de Camp David). As prioridades externas apresentavam ambiguidades relacionadas à exportação
da revolução (sudur-i ingilab), à preservação do Estado e
ao petróleo. Inicialmente, um dos obje vos declarados era
disseminar a revolução além das fronteiras, o que gerou o
temor da “onda verde” (expansão do Islã fundamentalista).
Essa polí ca correspondia mais ao mito do que à realidade,
uma vez que o Irã não nha condições materiais ou ideológicas para introduzi-la, e foi subs tuída pela defesa da
soberania. Mesmo com os armamentos adquiridos dos EUA
pelo Xá, o exército iraniano e forças de segurança voltavam-se para a garan a do regime com poucos recursos humanos
e financeiros. Essas limitações seriam percebidas na Guerra
Irã-Iraque, a par r de 1980.
As Relações do Irã Pós-Revolução
Mesmo sem exportar a revolução, o Irã ajudava (e
ainda ajuda) polí ca e financeiramente aliados que compar lhavam sua agenda. Essa posição fez que o país fosse
definido pelos EUA como patrocinador de grupos radicais
fundamentalistas (como Hezbollah, no Líbano, e Hamas, na
Pales na).
A URSS também temeu a “onda verde” no Cáucaso e na
Ásia Central, o que mo vou a intervenção sovié ca no Afeganistão, em 1979, devido aos talibãs. Ligados à interpretação
mais retrógrada do Islã e contrários à presença sovié ca,
os talibãs conquistavam apoios polí cos no Afeganistão, mas
como grupo de guerrilha, não possuíam condições suficientes
para derrotar o governo apoiado por Moscou. No contexto
da Guerra Fria, contudo, o Talibã foi apoiado material e
financeiramente pelos EUA. Paradoxalmente, enquanto no
Irã os presidentes norte-americanos Jimmy Carter e Ronald
Reagan esforçavam-se para minar os aiatolás, no Afeganistão
os mulás recebiam apoio dos Estados Unidos.
No Oriente Médio, os países encaravam o projeto iraniano com receio. A Guerra Irã-Iraque é um exemplo. Iniciada
pelo Iraque, em 1980, ao romper o acordo prévio de 1975,
com relação à exploração conjunta de petróleo na região
do Sha al-Arab, a guerra prolongou-se sem vencedores
até 1988, mas impôs pesadas perdas materiais e humanas
aos dois lados, agravadas pelo uso de armas químicas por
parte do Iraque.
Outro fator que limitou o êxito do Irã foi a necessidade
de retomar a exportação de petróleo. Sem poder contar com
os EUA, voltou-se aos mercados da Europa Ocidental e Ásia.
A Nioc negociava com seus consumidores, não dependendo
mais das mul nacionais. Em 1979, o sistema viu-se assolado
pela segunda crise do petróleo. Pressões adicionais foram:
a) o ataque de Israel a um reator nuclear em 1981, b) as
tensões no Líbano e Síria com envolvimento norte-americano
e israelense e c) a Primeira In fada em 1987. Com os norte-americanos, entre 1986 e 1988, mais momentos de tensão
entre forças militares e a derrubada de um Airbus civil iraniano, “por engano”.
Durante esse período conturbado, Khomeini manteve-se como Líder Supremo, com Khamenei na presidência. Em
1989, quando se completou a primeira década da revolução,
Khomeini morreu após uma operação mal sucedida feita para
tentar conter uma hemorragia interna, e assim Khamenei
assumiu o posto de Líder Supremo, reforçando o poder do
clero. Um episódio que se tornou famoso e antecedeu a
morte de Khomeini foi a publicação de um decreto religioso
(fatwa), condenando o escritor britânico de origem indiana
Salman Rushdie à morte pela publicação do livro “Os versos
satânicos”. Por isso, até recentemente, Rushdie esteve sob
proteção dos serviços secretos britânico e norte-americano.
Entre 1990 e 1991, a Guerra do Golfo, que envolveu o
Iraque e os EUA, criou um novo impasse. Para o Irã, a presença norte-americana era percebida como ameaça e, no
pós-Guerra Fria, o país e o Iraque passaram a ser classificados
como Estados bandidos (detêm polí cas agressivas e não
cumprem as regras internacionais). Na administração de
ATUALIDADES
acordo com as normas do Islã, os demais setores dividiam-se, o que favoreceu os mulás. A indicação do liberal Mehdi
Bazargan (1907-1995) ao cargo de primeiro-ministro, com
Khomeini como chefe da República Islâmica, representava
a dualidade entre o secular e o religioso, superada com o
crescimento da influência de Khomeini e a saída de Barzagan
do poder, em novembro, por conta da invasão da embaixada
norte-americana e a crise dos reféns (Bazargan foi subs tuído por Bani-Sadr, que ficou pouco tempo no cargo, sendo
sucedido por Ali Khamenei entre 1981 e 1985). A invasão da
Embaixada representou o rompimento das relações diplomá cas bilaterais EUA-Irã, prolongando-se por 444 dias – na
ocasião da invasão, pessoas que estavam na embaixada
foram feitas reféns e liberadas somente em 1981.
Naquele período, intensificou-se a repressão e vários
par dos foram banidos da vida polí ca do país. A ascensão
de Khomeini ao poder representou a segunda fase da revolução, com a consolidação de sua liderança e do clero, o que
refle u na estrutura de poder, prevista pela Cons tuição
de dezembro de 1979 e nas novas relações internacionais.
11
Bill Clinton (de 1993 a 2001), a polí ca aplicada foi a “Dupla
Contenção” Irã-Iraque, com reforço do embargo. Mas, nessa
época, algo já mudava no Irã.
As tenta vas de reaproximação foram interrompidas
por George W. Bush, que, após os ataques terroristas de 11
de setembro de 2001, intensificou suas acusações contra os
países islâmicos. Em 2001, com a guerra do Afeganistão, em
2002 com a inclusão do Irã na lista do “Eixo do Mal” e a Doutrina Bush e, em 2003, com a guerra ao Iraque, acentuou-se
a preocupação iraniana com sua autonomia e soberania: o
país sofria um “cercamento”. Em 2005, todos esses fatores
culminaram com a eleição de Mahmoud Ahmadinejad,
apoiado pelo Líder Supremo Ali Khamenei.
Em junho de 2009, simpa zantes do candidato reformista
Mir Houssein Mousavi enfrentaram a polícia e atearam fogo
em pneus, depois que autoridades anunciaram a reeleição
do presidente Mahmoud Ahmadinejad, numa vitória esmagadora.
De acordo com os resultados oficiais, Ahmadinejad
obteve 62,6% dos votos e o ex-primeiro ministro Mousavi,
33,75%. Mousavi disse que houve fraude na eleição. Seus seguidores reagiram com a maior manifestação já presenciada
por Teerã nos úl mos dez anos. Nesse mesmo dia, os serviços de telefonia celular aparentemente foram cortados na
capital. Ahmadinejad, num discurso televisionado para todo
o país, acusou a mídia estrangeira de fazer uma cobertura
prejudicial ao povo iraniano. “Todas as máquinas de polí ca
e propaganda no exterior, e setores dentro do país foram mobilizados contra a nação. Eles lançaram a mais pesada guerra
psicológica e de propaganda contra a nação iraniana”, disse.
O líder supremo descartou qualquer possibilidade de intervir
nas discussões sobre a eleição. Em uma mensagem na TV
estatal, ele pediu ao povo para se unir e apoiar Ahmadinejad
e chamou o resultado de “avaliação divina”.
ATUALIDADES
Passado e Futuro
12
A presidência de Ahmadinejad é exemplo das contradições que permanecem no Irã. Ahmadinejad esteve na linha
de frente da Revolução de 1979 e é apontado pelos norte-americanos como um dos responsáveis pelo episódio do
sequestro da Embaixada. Ahmadinejad é um presidente que
representa os conservadores e o tradicionalismo, mas que
não pode impedir que, mesmo afastados da presidência e
do parlamento, os reformistas mantenham sua influência e
presença. Interrompida, mas não encerrada, a “revolução”
de Khatami permanece latente.
Além do programa nuclear, o Irã desenvolve parcerias
estratégicas com a China e a Venezuela.
Externamente, o Irã recorreu ao programa nuclear para
reforçar-se, em uma postura que soa agressiva, só que
simultaneamente é defensiva. Por conta disso, o país tem
sido objeto de diversas inspeções da Agência Internacional
de Energia Atômica (AIEA) e Resoluções do Conselho de
Segurança das Nações Unidas. Outra válvula de escape são
as parcerias estratégicas com a China e a Venezuela de Hugo
Chávez, com seu discurso an -imperialista e an americano,
que tenta rea var o Movimento Não Alinhado, assim como
a retomada de um relacionamento mais próximo com a
Rússia pós-sovié ca.
Por meio dessas alianças, o Irã tenta preservar-se e,
apesar das pressões, desempenhar um papel importante
no Oriente Médio que, pela geografia, recursos e história,
deveriam ser de estabilidade. Mas globalmente, entre as demais populações e países islâmicos, estabilidade novamente
deveria ser a chave: para isso, não só o mundo, mas também
o Irã necessitam encontrar um equilíbrio. A Revolução Iraniana pode ser vista, em vez de um movimento religioso, como
um ato polí co, um repensar entre modernidade e tradição.
A Coreia do Norte
A Coreia do Norte, oficialmente República DemocráƟca
Popular da Coreia, é um país do Leste Asiá co que ocupa
a metade norte da Península da Coreia. Sua capital e maior
cidade é Pyongyang.
A península foi governada pelo Império Coreano até ser
anexada pelo Japão, após a Guerra Russo-Japonesa de 1905.
Ela foi dividida entre zonas de ocupação norte-americana e
sovié cas em 1945, após o final da Segunda Guerra Mundial.
A Coreia do Norte recusou-se a par cipar da eleição supervisionada pelas Nações Unidas, feita em 1948, que levava à
criação de dois governos coreanos separados para as duas
zonas de ocupação. Ambos, Coreia do Norte e Sul, reivindicavam soberania sobre a península inteira, o que os levou à
Guerra da Coreia de 1950. Um armis cio (cessar-fogo) em
1953 terminou com o conflito; no entanto, os dois países connuam oficialmente em guerra entre si, visto que um tratado
de paz nunca foi assinado. Ambos os Estados foram aceitos
nas Nações Unidas em 1991. Em maio de 2009, a Coreia do
Norte unilateralmente removeu o armis cio.
A Coreia do Norte é um Estado monopar dário sob uma
frente liderada pelo Par do dos Trabalhadores da Coreia.
O governo do país se autodeclara como seguidor da Ideologia Juche, desenvolvida por Kim Il-sung, ex-líder do país
(pai do atual presidente). Juche tornou-se a ideologia oficial
do Estado quando o país adotou uma nova cons tuição em
1972, apesar de que Kim Il-sung esteve governando seu
país sob uma polí ca similar desde, pelo menos, o início
de 1955. A Coreia do Norte é oficialmente uma república
socialista, considerada por muitos como sendo uma ditadura
totalitarista.
Como consequência da ocupação japonesa da península
coreana, com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial
em 1945, a Coreia foi dividida na altura do paralelo 38º N, em
conformidade com a arrumação feita pelas Nações Unidas
(ONU), a ser administrada pela União Sovié ca ao norte e
pelos Estados Unidos ao sul. A história da Coreia do Norte
formalmente começa com o estabelecimento da República
Popular Democrá ca em 1948.
Século XXI
Em 2002, o presidente norte-americano George W. Bush
acrescentou a Coreia do Norte como país integrante da lista
do “eixo do mal” e um “posto avançado da rania”.
Em 13 de junho de 2009, a agência de no cias norte-americana Associated Press reportou que em resposta às
novas sanções das Nações Unidas, a Coreia do Norte declarou
que iria avançar com seu programa de enriquecimento de
urânio. Isso marcou a primeira vez que a RDPC publicamente
reconheceu que estava conduzindo um programa de enriquecimento de urânio. Em agosto de 2009, o ex-presidente dos
Estados Unidos Bill Clinton encontrou-se com Kim Jong-il para
garan r a libertação de duas jornalistas norte-americanas.
Em junho de 2010, a 12ª sessão da Suprema Assembleia
Popular elegeu Choe Yong Rim para subs tuir Kim Jong-il no
cargo de primeiro-ministro.
Relações Exteriores
A Coreia do Norte há muito, mantém estreitas relações
com a República Popular da China (RPC) e com a Federação
Russa. A queda do comunismo na Europa Oriental em 1989,
e a desintegração da União Sovié ca em 1991, resultaram em
uma queda devastadora da ajuda da URSS à Coreia do Norte,
embora a China con nue a fornecer ajuda substancialmente.
O país con nua a ter fortes laços com seus aliados socialistas
Atualidades
A Coreia do Sul afirmou, em maio de 2010, que há provas
contundentes de que um submarino norte-coreano disparou
o torpedo que afundou um navio da Marinha sul-coreana em
março do mesmo ano, matando 46 marinheiros.
Partes do torpedo que foram recuperadas no local do
naufrágio, na costa ocidental da península, são compa veis
com uma arma feita pela Coreia do Norte que Seul havia
ob do há sete anos.
“As provas nos levam a concluir, de maneira integral, que
o torpedo foi disparado por um submarino norte-coreano”,
disse um membro da equipe de inves gação. “Não há outra
explicação possível”.
Após a divulgação do resultado, o presidente sul-coreano,
Lee Myung-Bak, prometeu “medidas enérgicas” contra Pyongyang. A Coreia do Norte reagiu qualificando de “invenções”
as conclusões dos inves gadores internacionais encarregados do caso, segundo a agência sul-coreana Yonhap.
A corveta de 1,2 mil toneladas “Chenoan” naufragou após
explodir e se par r em dois diante da ilha de Baengnyeong,
no Mar Amarelo.
A Questão Nuclear – O Mundo e as Ogivas
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) demonstrou ao
mundo o poder de destruição de uma arma nuclear. As milhares ví mas dos desleais bombardeios norte-americanos a
Hiroshima e Nagasaki serviram de cobaias para a demonstração do poder de fogo das forças armadas dos Estados Unidos.
As duas cidades sofreram danos irreparáveis. Em Hiroshima,
cerca de 200 mil morreram no ato e/ou nos anos seguintes.
Já em Nagasaki, 80 mil foram mortos.
As bombas, uma LiƩle Boy (Hiroshima) e uma Fat Man
(Nagasaki), com capacidade média de 20 quilotons (igual a
20 mil toneladas de TNT, foram lançadas, respec vamente,
nos fa dicos dias 6 e 9 de agosto de 1945.
Após o final da Guerra, as nações perceberam que precisavam de uma arma nuclear em seu arsenal se quisessem
fazer frente ao poderio militar norte-americano. Começava
a chamada ‘corrida armamen sta’. Assim, neste período,
aumentou o número de países que possuíam a bomba
atômica. Os países que compunham o bloco dos Aliados na
Segunda Guerra Mundial (França, URSS, EUA e Reino Unido)
largaram na frente. Às nações do Eixo (Itália, Alemanha e
Japão), foram proibidas de desenvolverem estas armas,
veto que permanece até os dias de hoje, o que não significa
dizer que estas nações não sejam detentoras de tecnologia
nuclear para fins pacíficos.
Para frear esta corrida, foi assinado, em 1968, em Nova
York, o TNP (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares). Por meio deste, os países possuidores de ogivas (EUA,
URSS, França, Reino Unido e China) se comprometeram a
eliminá-las totalmente. Uma estratégia sábia, uma vez que
os países que ainda não as possuíam assinassem o TNP,
abririam mão de desenvolvê-las, ainda que fosse possível
fazer pesquisas com energia atômica visando a fins pacíficos.
O TNP não foi assinado por Índia, Paquistão, Coreia do
Norte nem Israel. Estes quatro países logo desenvolveram,
e hoje possuem, armas nucleares. As duas ex-colônias britânicas (Índia e Paquistão) possuem, cada uma delas, número
igual de ogivas (60). Por conta do sangrento conflito ao longo
da fronteira entre os dois países, na região da Caxemira (um
conflito religioso-geopolí co) – entre hinduístas e muçulmanos – Índia e Paquistão decidiram se armar até os dentes, um
sempre seguindo o poder de fogo do outro. Israel se vê, desde sua criação, envolto em conflitos geopolí cos no Oriente
Médio. Outro problema de fronteira que mascara uma briga
polí co-religiosa é a situação dos pales nos na região e a
obsessão israelense por aumentar o seu território e garan r
sua permanência na Península Arábica, em meio aos árabes
muçulmanos (alguns dos quais, fundamentalistas), levou a
nação judaica a desenvolver armas de destruição de massa.
Hoje, Israel dispõe de 80 bombas atômicas.
Na ocasião da criação do TNP, Irã e Coreia do Norte raficaram suas adesões. Em 2003, porém, a Coreia do Norte
re rou-se do TNP, realizou seu primeiro teste nuclear. No
mês de abril de 2010, Pyongyang lançou um foguete que,
segundo a versão oficial do governo norte-coreano, faz parte
de um teste para colocar satélites em órbita. A comunidade
internacional acredita que, na verdade, o país esteja desenvolvendo testes para lançamento de mísseis de longo alcance
e pressiona pelo fim do desenvolvimento do ciclo atômico no
país. Já o Irã, embora tenha aderido ao TNP, busca obter a
tecnologia necessária para fazer parte do exclusivo grupo de
países capazes de construir e desenvolver reatores nucleares,
disse Gholam Reza Aghazadeh, o subdiretor da Organização
Iraniana para a Energia Atômica (AEOI). Aghazadeh anunciou
ter completado o ciclo de produção de combus vel nuclear
e negou mais uma vez a intenção de desenvolver um arsenal
nuclear, afirmando que seu programa atômico se des na
apenas à geração de eletricidade e desenvolvimento de
máquinas e equipamentos médico hospitalares.
Após os dois testes nucleares realizados pela Coreia
do Norte, e o clima de instabilidade polí ca no Irã, a comunidade internacional (encabeçada, sempre, pelos EUA)
pressiona estes dois países para que cessem seus programas
nucleares. Colocados na lista de “nações delinquentes” pela
administração George W. Bush, estes países são tratados, em
muitas ocasiões, como vilões, integrantes da lista do “Eixo do
Mal”. O governo de Barack Obama tenta, agora, um diálogo
e uma aproximação com o país de Ahmadinejad, a ponto
de convencê-lo, de maneira mais diplomá ca, a não levar a
cabo suas intenções de construir ogivas nucleares. Agora, só
o tempo dirá se sua estratégia terá sucesso ou não.
Início do Século XX
1919 – Término da 1ª Guerra Mundial
Em 1914, um conflito armado entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia estendeu-se às demais potências impe-
ATUALIDADES
do Sudoeste da Ásia, como o Vietnã, Laos, e Camboja. A Coreia do Norte começou a instalar uma barreira de concreto
e arame farpado na sua fronteira ao norte, em reposta ao
desejo chinês de reduzir os refugiados que fogem do governo
norte-coreano. Anteriormente, a fronteira entre a China e a
Coreia do Norte era fracamente patrulhada.
Como resultado do programa de armamento nuclear
norte-coreano, a six-party talks (grupo dos seis) foi estabelecida para procurar uma solução pacífica para o mal-estar
crescente entre os governos de ambas Coreias, a Federação
Russa, a República Popular da China, o Japão e os Estados
Unidos.
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul anteriormente
acusavam a Coreia do Norte de ser um Estado patrocinador
do terrorismo. Mas em 11 de outubro de 2008, os Estados
Unidos removeram a Coreia do Norte de sua lista dos Estados
patrocinadores do terrorismo.
A Coreia do Norte possui programas de armas nucleares e
de mísseis balís cos e isso tem sido objeto para as Resoluções
nos 1.695 de julho de 2006, 1.718 de outubro de 2006 e 1.874
de junho de 2009 do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, para tomar cuidado com a realização de testes nucleares e de mísseis. O país provavelmente tem material ssil
para até 9 armas nucleares, e tem a capacidade de implantar
ogivas nucleares em mísseis balís cos de médio alcance.
13
rialistas europeias e envolveu dezenas de países mundo afora, transformando-se num confronto generalizado. A guerra
se prolongou por quatro anos, deixou cerca de 14 milhões
de mortos, e sacudiu a geopolí ca mundial.
Os choques de interesses levaram à criação de dois
sistemas rivais de alianças. Em 1879, a Alemanha firmou
com o Império Austro-Húngaro um acordo contra a Rússia.
Três anos depois, a Itália, rival da França no Mediterrâneo,
aliou-se aos dois países, cons tuindo a Tríplice Aliança. Do
lado oposto, surgiu a Tríplice Entente, que teve origem na
Entente Cordiale, formada em 1904, pelo Reino Unido e pela
França, para se opor ao expansionismo germânico. Em 1907
conquistou a adesão da Rússia.
Uma vez montados os dois blocos, as potências iniciaram
uma polí ca de militarização e pequenos conflitos começaram a estourar.
As atenções agora se voltavam para a região dos Bálcãs,
disputada por ambas as alianças e agitada por levantes
nacionalistas.
MoƟvos e Alianças
ATUALIDADES
O principal fator que desencadeou a I Guerra Mundial
foi o choque de imperialismos: todas as potências europeias estavam empenhadas em expandir suas economias e
seus domínios, o que inevitavelmente provocaria disputas.
A situação ficou especialmente complicada no início do
século XX porque a Alemanha, que até pouco tempo atrás
era uma nação sem expressão, despontou como uma das
economias mais pujantes do con nente, após unificar-se e
industrializar-se de forma acelerada. A rápida ascensão preocupava britânicos e, sobretudo, franceses, que alimentavam
revanchismo contra os alemães desde a derrota na Guerra
Franco-Prussiana (1870).
A Rússia também tinha atritos com vizinhos. Sob o
pretexto do pan-eslavismo (união de todos os povos eslavos), o país queria ampliar seu poder anexando áreas dos
impérios Austro-Húngaro e Turco-Otomano. Os territórios
otomanos eram desejados pela Sérvia, que sonhava, de
forma semelhante à Rússia, em agregar os eslavos da região
na Grande Sérvia.
14
Guerra
Em junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando,
sucessor do Império Austro-Húngaro, e sua mulher foram
assassinados durante visita a Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvina – região que havia sido anexada pelos austríacos anos
antes – , por um estudante membro de uma organização
separa sta chamada “Mão Negra”. Depois de a cumplicidade de polí cos da Sérvia no atentado, o governo austríaco
enviou um ul mato ao governo sérvio.
Exigia, entre outras medidas, a demissão de ministros
suspeitos de envolvimento com os terroristas. Como a Sérvia
relutou em atender às exigências, o país foi invadido pelos
austríacos em 1º de agosto, dando início aos combates.
Já o momento seguinte, a guerra de trincheiras (ou de
posições), foi caracterizado pelo uso de metralhadoras e de
tanques blindados. Na frente ocidental, a guerra entre França
e Alemanha con nuou sem vencedores até 1918. Na frente
oriental, os alemães abateram a Rússia. A Itália, embora
pertencente à Tríplice Aliança, ficou neutra no início, mas
trocou de lado em 1915, sob a promessa de receber parte
dos territórios turco e austríaco.
Em 1917, os únicos países da Entente que resis am
eram a Inglaterra e a França. Na Rússia, pra camente derrotada, a insa sfação popular levou à revolução socialista
(Revolução Russa). Com a derrota russa e com o risco da
Alemanha avançar pela frente ocidental e conquistar a
França, os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da
Tríplice Entente e decidiram o confronto. O obje vo do país
era preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma
possível hegemonia alemã.
Tratados de Paz
Em julho de 1918, forças inglesas, francesas e norte-americanas lançaram o ataque defini vo. As potências centrais
recuaram e, ameaçadas pela ofensiva da Entente, começaram
a solicitar armis cios. Aos poucos, Bulgária, Turquia e Áustria
renderam-se. A guerra estava pra camente vencida.
Pelo Tratado de Brest-Litovsk, os bolcheviques, que assumiram o poder na Rússia, já haviam assinado a paz em separado
com a Alemanha, em março de 1918. A fome e a saúde precária
da população alemã levaram o país à beira de uma revolução
social. Com a renúncia do kaiser (imperador alemão), exigida
pelos EUA, um conselho provisório negociou a rendição.
Em janeiro de 1919, no Palácio de Versalhes, iniciou-se
a Conferência de Paris, em que o Conselho dos Quatro, formado pelas nações vencedoras – EUA, França, Inglaterra e
Itália – , tomou as decisões diplomá cas do pós-guerra. O Tratado de Versalhes determinou que a Alemanha cedesse um
sé mo de seu território, perdesse suas colônias, vesse seu
Exército reduzido e pagasse uma alta indenização. Ainda pelo
acordo, ficou estabelecida a criação da Liga (ou Sociedade)
das Nações, encarregada de manter a paz mundial. Pelos tratados de Saint-Germain e Trianon, o Império Austro-Húngaro
foi desmembrado e surgiram a Hungria, a Tchecoslováquia,
a Polônia e a Iugoslávia. A Áustria tornou-se um pequeno
Estado, sem poder significa vo. A paz com o Império Turco-Otomano foi selada no ano seguinte.
1929 – A Grande Crise do Capitalismo
Em 1929, os Estados Unidos (EUA) mergulharam numa
crise econômica que se espalharia por quase todo o mundo na década seguinte, o que levou à Grande Depressão.
O choque obrigou os países a reformarem o liberalismo,
aumentando a intervenção estatal na economia.
Antecedentes
Após a I Guerra Mundial, os EUA assumiram a hegemonia
econômica do planeta. O aumento da produção industrial
e a melhora do poder aquisi vo da população provocaram
uma explosão de consumo. Os inves dores, atraídos pela
expansão das empresas, tomavam emprés mos bancários
para comprar ações ( tulos que representam o capital das
empresas) e revendê-las com lucro. Esse processo especula vo fez com que, de 1925 a 1929, o valor total das ações
negociadas subisse de 27 bilhões para 87 bilhões de dólares.
Porém, o consumo não acompanhou o crescimento da produ vidade. Além disso, as nações europeias já estavam se
recuperando da guerra, e agora suas exportações compe am
com as norte-americanas.’ O resultado foi a formação de
enormes ofertas (excedentes) nos EUA. O preço dos produtos
começou a baixar, cresceu o desemprego e grandes empresas faliram. Ficou evidente que as ações estavam sendo
negociadas a valores muito acima dos reais. Os acionistas,
alarmados com a situação das empresas, procuraram vender
todos os tulos na bolsa.
Crash
Com muita gente querendo vender ações e poucas pessoas querendo comprá-las, elas se desvalorizaram. A situação
chegou ao extremo em 24 de outubro de 1929, a “quinta-feira negra”, quando a imensa oferta de tulos na Bolsa
de Nova York fez seus preços despencar ver ginosamente.
O episódio ficou conhecido como crash, crack ou quebra da
Bolsa de Nova York.
New Deal
Foi diagnos cado que a causa da crise era o liberalismo
econômico: a quebra da bolsa ocorrera porque faltavam
freios à economia. Influenciado pelas ideias do economista
inglês John Maynard Keynes, segundo quais o Estado deve
intervir pontualmente na economia, o presidente norteamericano Franklin Roosevelt deu início, em 1933, a um
programa de reformas: o New Deal (Novo Acordo).
Roosevelt criou mecanismos de controle de crédito e um
banco para financiar as exportações. Fixou salários mínimos,
limitou a jornada de trabalho e ampliou a previdência social.
Construiu várias obras públicas, contratando operários em
frentes de tralho, o que ajudou a dinamizar a economia.
Em 1937, o número de desempregados havia sido reduzido
quase à metade, a renda nacional crescera 70% e a produção
industrial, 64%. Porém, a crise no país só seria totalmente
sanada na II Guerra Mundial, quando aumentaria a intervenção estatal e as exportações seriam intensificadas.
Na Europa, surgiram as polí cas de bem-estar social,
nas quais o Estado se compromete a oferecer garan as
trabalhistas e serviços como educação e saúde à população.
Mas a crise também es mularia o surgimento de regimes
extremistas, como o nazismo e o fascismo.
1939 – Início da 2ª Guerra Mundial
A mais importante Guerra da história da Humanidade,
a II Guerra Mundial envolveu nações de todos os con nentes, estendendo-se de 1939 a 1945 e deixando cerca de 50
milhões de mortos. O confronto foi resultado dos problemas
sociais e polí cos da Europa, do nacionalismo exacerbado
e das pretensões da Alemanha de ampliar seus domínios.
As consequências foram a destruição do III Reich, de Adolf
Hitler, o declínio das nações da Europa e a emergência de duas superpotências mundiais – Estados Unidos (EUA) e União
Sovié ca (URSS) – que passariam a disputar o controle do
planeta na Guerra Fria.
Primórdios
Ao perceberem que o nazismo servia de bloqueio ao
avanço do socialismo no con nente e para evitar um novo
enfrentamento militar , as potências da Europa Ocidental
não se opuseram ao crescimento do regime na Alemanha.
Nem mesmo quando Adolf Hitler desrespeitou o Tratado de
Versalhes, remilitarizando o país e anexando territórios vizinhos. Em 1936, ele reocupou a Renânia, região na fronteira
entre a França e a Bélgica, e lá instalou fábricas de armas.
Em seguida, deu início a uma ofensiva diplomá ca. Ofereceu
ajuda econômica à Itália fascista e apoiou o general Francisco
Franco na Guerra Civil Espanhola. Com o Japão, assinou o
Pacto An -Komintern, para conter a expansão da URSS no
Extremo Oriente.
Em 1938, Hitler invadiu pacificamente a Áustria – episódio conhecido como anschluss – com o consen mento do
governo e da população local. No mesmo ano, após obter
da França e da Grã-Bretanha a permissão para anexar uma
região da Tchecoslováquia habitada por alemães – os Sudetos – acabaram dominando o país inteiro.
Em 1939 surpreendeu o mundo ao assinar com a rival
URSS um acordo de não agressão, o Pacto Germânico-Sovié co. Abriu-se, assim, o caminho a leste para ocupar o
Corredor Polonês – área que permi a à Polônia acesso ao
mar e man nha a província alemã da Prússia Oriental isolada
do resto do território.
Avanço Nazista
As tropas nazistas invadiram a Polônia em 1º de setembro de 1939, inaugurando a famosa tá ca da blitzkrieg, ou
guerra-relâmpago: um fulminante ataque por terra e ar. Logo
depois, o Reino Unido e a França finalmente reagiram, declarando guerra aos alemães. Começava a II Guerra Mundial.
Após a invasão da Polônia, Hitler ocupou a Dinamarca e a
Noruega, seguidas da Holanda (Países Baixos) e da Bélgica.
Em junho de 1940 dominou a metade norte do território da
França – no sul foi instalado um governo colaboracionista.
O subsecretário de Defesa Nacional francês, o general Charles de Gaulle, exilou-se no Reino Unido, passando a dirigir a
Resistência Francesa.
Em setembro de 1940 foi formalizado o Eixo – pacto entre
Alemanha, Itália e Japão que estabelecia o apoio mútuo em
caso de ataque por potência ainda não envolvida na guerra,
por exemplo, dos EUA. No mesmo mês, Hitler atacou os ingleses, bombardeando Londres. Porém, a reação da Real Força
Aérea (RAF) impediu o avanço alemão sobre a Grã-Bretanha.
Em junho de 1941, Hitler reorientou suas tropas para
a URSS, invadindo-a sem declaração formal de guerra. Elas
dominaram uma larga faixa de terra, mas acabaram barradas
pelo rigoroso inverno e pelo contra-ataque sovié co. Agora,
os nazistas precisavam lutar em duas frentes: contra os ingleses a oeste e contra os russos a leste.
Holocausto
Paralelamente aos combates. Hitler punha em prá ca
uma terrível polí ca de perseguição aos judeus, considerados uma raça inferior. Inicialmente, eles eram confinados
em guetos, como o de Varsóvia, na Polônia, que chegou a
abrigar mais de 400 mil pessoas. Mas, a par r de 1942, foi
implantada a “solução final”, que previa a deportação e a
execução em massa em campos de trabalho, concentração
e extermínio na Polônia e na Alemanha. No fim do conflito,
cerca de 6 milhões de judeus haviam sido mortos, num dos
maiores crimes da história, o holocausto.
Reação Aliada
Mesmo após o fortalecimento da Alemanha, os EUA
ainda se man nham neutros diante do conflito. A situação
só mudou em dezembro de 1941, quando os japoneses
bombardearam a base naval de Pearl Harbor, no Havaí. Em
seguida, a Alemanha e a Itália declararam guerra aos EUA.
Definiram-se, assim, duas facções em combate: de um lado,
os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão); de outro, os Aliados (França, Reino Unido, EUA, URSS e China).
A par r de 1942, as inves das do Eixo foram cedendo
lugar às contraofensivas dos Aliados. Foi nesse ano que o
Brasil entrou na guerra.
No Atlân co, a Marinha anglo-armericana eliminava
submarinos alemães; na Alemanha, a aviação aliada intensificava o bombardeio. No Norte da África, o Exército alemão
rendeu-se em maio de 1943. Os Aliados desembarcaram na
Sicília e invadiram a Itália, des tuindo Benito Mussolini. Logo,
os italianos integrariam as forças an nazistas.
No front leste, os alemães sofreram uma derrota decisiva na Batalha de Stalingrado (atual Volgogrado), no sul da
Rússia, em janeiro de 1943. No ano seguinte, os sovié cos
alcançaram vitórias na Romênia, Bulgária e Iugoslávia.
Em 6 de junho de 1944, também chamado de o “Dia
D”, foi desferido o golpe mortal às forças nazistas. No que é
ATUALIDADES
Vários inves dores ficaram pobres da noite para o dia.
Nos anos seguintes, milhares de bancos e empresas faliram.
A redução dos salários chegou a 60% em 1932. A baixa do
preço de matérias-primas e a diminuição das exportações e
dos créditos norte-americanos a outros países espalharam a
crise por várias nações. No Reino Unido e na Alemanha, por
exemplo, o desemprego chegou a 25% em 1932.
15
considerada a maior operação aeronaval da história, mais
de 150 mil soldados aliados desembarcaram na Normandia
francesa. Paris foi libertada em 25 de agosto. Do outro lado
do con nente, os sovié cos libertaram a Polônia e, em 2 de
maio de 1945, ocuparam Berlim. Cinco dias depois, a Alemanha se rendeu incondicionalmente. Hitler já estava morto:
certo da derrota, suicidara-se em 30 de abril. A guerra na
Europa estava encerrada.
Bomba Atômica
Os japoneses haviam ocupado uma vasta área marí ma
no Pacífico. A situação só começou a se inverter a favor dos
Aliados em 1942, após a vitória dos EUA no mar de Coral (no
litoral da Austrália) e no atol de Midway (a noroeste do Havaí). Em fevereiro de 1945 ocorreu o primeiro desembarque
norte-americano em território japonês, na Ilha de Iwo Jima.
Com o inimigo ainda resis ndo, os EUA promoveram uma
terrível demonstração de força. Em 6 de agosto lançaram a
primeira bomba atômica da história em combate, matando
100 mil pessoas e arrasando a cidade de Hiroshima. Dias
depois, foi a vez de Nagasaki, onde mais 70 mil foram mortas. A par r de 8 de agosto, tropas sovié cas expulsaram os
japoneses da Manchúria, na China, e da Coreia. Enfim, em
2 de setembro de 1945, o Japão se rendeu. Era o fim da II
Guerra Mundial.
ATUALIDADES
Tratados dos Vencedores
16
Em fevereiro de 1945, na Conferência de Yalta, na Crimeia, o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, o primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o líder da
URSS, Josef Stálin, reuniram-se para re-dividir o mundo. Na
ocasião, os sovié cos anexaram os Estados bál cos – Letônia,
Lituânia e Estônia – e o leste da Polônia.
Em julho, na Conferência de Potsdam, na Alemanha,
foram determinados a dissolução de todos os órgãos nazistas, o pagamento de uma alta indenização pelos alemães
e a divisão do país em quatro zonas de ocupação militar:
sovié ca, norte-americana, francesa e britânica. Decidiu-se
ainda pelo desarmamento alemão e pelo julgamento dos
líderes nazistas, no que ficou conhecido como Tribunal de
Nuremberg. A Alemanha também foi separada da Áustria,
obrigada a devolver os territórios tomados da Tchecoslováquia, a entregar Dantzig à Polônia e a reconhecer a divisão
da Prússia Oriental entre sovié cos e poloneses.
Em abril de 1945, durante a Conferência de San Francisco,
nos EUA, 50 países assinaram a carta de criação da Organização das Nações Unidas (ONU), com o obje vo de manter
a paz e promover o desenvolvimento das nações.
Medidas econômicas de peso também foram criadas.
Com o pretexto de facilitar as operações financeiras entre
países, em 1944 foi realizada a Conferência de Bre on Woods, nos EUA, que estabeleceu o dólar como base do sistema
monetário mundial, em subs tuição ao ouro, e ins tuiu o
Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Em 1948, Washington aprovou ainda um programa de ajuda
financeira às nações devastadas pela guerra, o Plano Marshall. Bilhões de dólares foram inves dos na reconstrução
de Inglaterra, França, Itália e Alemanha. Os EUA tornaram-se
o centro capitalista do planeta, tendo apenas a URSS como
rival. As décadas seguintes seriam de disputa entre os dois
países.
1949 – A Revolução Chinesa
História
A China é o berço de uma civilização milenar e formou
um vasto império no século II a.C., época em que se iniciou a
construção da Grande Muralha, com a finalidade de deter
a invasão dos povos mongóis do norte. O contato com o
Ocidente começou no fim da Idade Média. No século XIX,
a região passou a ser dominada pela potência da época,
o Reino Unido, que obteve exclusividade no comércio de
ópio. A China foi derrotada nas duas Guerras do Ópio (18391842 e 1856-1860) e perdeu a soberania de Hong Kong para
os britânicos, a região só retornou ao controle chinês em
1997, mas mantendo autonomia em relação aos três Poderes
da República Popular da China.
Nas úl mas décadas do século XIX, a China perdeu outros
territórios. A Rússia ocupou terras no norte, a França tomou
o Vietnã e o Japão conquistou a península da Coreia e a
Ilha de Taiwan. Mesmo assim, a China manteve dimensões
con nentais e é o terceiro maior país do mundo.
Revolução Chinesa
As primeiras décadas do século XX foram marcadas por
invasões estrangeiras e conflitos internos. O Par do Nacionalista (Kuomintang) e o Par do Comunista Chinês (PCCh)
desempenharam papel central na resistência à dominação
externa. Em alguns momentos, os dois par dos foram aliados, sobretudo contra ameaças externas; em outros, quando
o foco estava nos interesses conflitantes entre diferentes
classes sociais, comba am entre si.
Na década de 1930, despontou Mao Tsé-Tung. Sob sua
liderança 90 mil comunistas se deslocaram por 9 mil quilômetros em direção ao norte, numa façanha chamada de Grande
Marcha (1934-1935). Em 1949, os comunistas lideraram a
revolução chinesa, ao fim da qual foi proclamada a República
Popular da China, com Mao Tsé-Tung exercendo a liderança.
A China con nental foi, então, reorganizada nos moldes
comunistas, com a cole vização de terras, dos bancos e das
companhias estrangeiras, a expropriação das fábricas e o controle estatal da economia. Ao mesmo tempo, estabeleceu-se
uma ditadura de par do único, o Par do Comunista Chinês,
a exemplo do que exis a na época na União Sovié ca (estrutura monopar dária).
No período seguinte, a a vidade industrial ganhou impulso. Mas a gestão burocrá ca e autoritária causou graves
danos.
Em 1958, o governo lançou o Grande Salto para a Frente,
visando tornar rapidamente a China num país desenvolvido.
O resultado foi um caos econômico que provocou a fome
de milhões de pessoas. Nesse cenário, o PCCh afastou Mao
Tsé-Tung do comando. Ele voltou em 1966, mobilizando 20
milhões de jovens na Revolução Cultural, que realinhou o país
ao socialismo, combateu os burocratas do PCCh e promoveu
perseguições em massa.
Milagre Econômico
Com a morte de Mao, em 1976, o reformista Deng Xiaoping subiu ao poder e deu início à abertura econômica.
O modelo de desenvolvimento consis u em criar Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) nas províncias litorâneas, nas quais
puderam se instalar mul nacionais de bens de consumo
voltadas para a exportação. A industrialização obteve sucesso
graças a maciços inves mentos estrangeiros, a subsídios
estatais (ajuda financeira do governo às novas fábricas) e à
abundancia de mão de obra barata e qualificada, que passou
a deixar o campo para trabalhar nas cidades.
Em consequência, a China deixou de ser um país atrasado
e agrícola para se converter numa potência industrial. Em
2009, passou a ter a segunda maior produção industrial do
mundo, atrás apenas dos EUA. Nas úl mas décadas, a média
de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 9% ao ano.
Ditadura e Abertura Econômica
A China combina, desde o início das reformas, a economia de mercado com a ditadura de par do único. O governo
mantém a repressão às oposições, polí cas, religiosas ou
étnicas, violando sistema camente os direitos humanos.
Mas, à medida que a sociedade se moderniza e se globaliza,
acentuam-se as contradições entre a liberdade para os agentes econômicos e a ditadura sobre a população.
O primeiro grande sinal de esgotamento desse modelo
ocorreu em 1989, no Massacre da Praça da Paz Celes al,
quando protestos estudan s exigindo democracia e melhores condições de vida terminaram com milhares de mortes.
Na China, não há liberdade de imprensa (a censura é geral),
e endereços de internet são bloqueados como medida de
controle de informações. Há também milhares de prisioneiros polí cos e se pra ca o crime de tortura e a pena de morte
por fuzilamento. O regime é duro ainda contra os criminosos
comuns. A Anis a Internacional afirma que o número de
pessoas executadas na China a cada ano é superior ao total
registrado em todo o resto do mundo. O governo chinês
anunciou, em 2009, seu primeiro plano de direitos humanos,
em resposta às organizações ocidentais que pressionam o
país. No documento, o governo promete controlar o uso
da pena de morte, garan r julgamentos justos, proteger
minorias e ampliar o direito da população a ser informada.
Energia
Mesmo sendo o país mais poluidor do mundo, a China
lidera a Revolução Verde, apontada como uma possível saída
para o problema do aquecimento global. De acordo com a
organização Pew Charitable Trusts, o país tornou-se o maior
inves dor em energia renovável em 2009, ultrapassando os
EUA. Nesse ano, foram des nados 34,6 bilhões de dólares
ao desenvolvimento de energias alterna vas limpas, com
destaque para a eólica e a solar. Como aproveitam respec vamente, a força dos ventos e o calor do sol, essas fontes de
energia são inesgotáveis e não poluem a atmosfera.
Autoridades chinesas consideram a diversificação da
matriz energé ca uma prioridade nacional e afirmam que
ao menos 15% da energia produzida no país em 2020 será
renovável – um salto em relação aos atuais 6,3%. A grande
aposta são os painéis solares e as turbinas de vento, dos
quais a China já é líder na produção. No deserto de Gobi,
ao norte, o país está construindo as maiores fazendas de
vento do mundo.
Mas a China também planeja inves r na construção de
usinas nucleares e na ampliação de sua produção hidrelétrica, que já conta com a gigantesca usina de Três Gargantas.
Inaugurada em 2006, ela se tornou a maior do mundo,
superando a usina de Itaipu, no Paraná.
Além de aplacarem crí cas externas às agressões ao meio
ambiente, os chineses abraçam a energia renovável para
reduzir a dependência de fornecimento externo (petróleo e
gás natural) e evitar uma catástrofe ambiental, causada pela
poluição. O “Grande Salto Verde”, entretanto, está apenas
começando. O país obtém a maior parte de sua energia da
queima de carvão mineral, fonte altamente poluente , situação que ainda vai perdurar por um bom tempo, já que 70%
das indústrias do país são movidas a essa fonte.
Atualidades
A China comemora, em 2010, o ó mo desempenho de
sua economia: ela acaba de superar a economia japonesa
se tornando, desta forma, a segunda maior economia do
planeta, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A China
demonstra, dessa forma, que tem fôlego para resis r às
piores turbulências no cenário mundial. Em 2009, enquanto
a economia global pa nava na recessão, encolhendo 2,2%
em decorrência da crise iniciada com o estouro da bolha
imobiliária nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB)
chinês cresceu invejáveis 8,9%. Ainda que abaixo do ritmo
acelerado dos úl mos anos, a taxa superou as expecta vas
do governo chinês.
Em 2010, o panorama melhorou. Com uma expansão
surpreendente de 11,9% no primeiro trimestre de 2010,
a dinâmica economia do país é apontada como peça-chave
na esperada retomada do crescimento mundial, entendamos
que a China é uma das maiores importadoras de commodiƟes
nas atualidades, puxando várias economias consigo.
Expansão Comercial
No cenário global, a China é um caso especial. É o país
mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes.
Desde 1949, é uma nação comunista (República Popular da
China), na qual as empresas e terras se tornaram propriedade do Estado. Há pouco mais de 30 anos (a par r de 1978),
porém, o governo chinês decidiu atrair para seu território empresas mul nacionais, oferecendo vantagens como mão de
obra com salários muito baixos e também vantagens fiscais.
Nessa base, a economia chinesa expande-se há três décadas.
O boom chinês em meio à recessão global contou com o
empurrão decisivo de um megapacote de inves mentos do
governo, que injetou 585 bilhões de dólares na economia,
es mulando o consumo interno. O dinheiro foi direcionado
a projetos de infraestrutura, que vitalizaram a indústria e
a construção civil (linhas de metrô, ferrovias, aeroportos
etc.). Os bancos estatais ampliaram o crédito em mais de 1
trilhão de dólares. Houve redução de impostos em setores
estratégicos, como o automobilís co e têx l. Como resultado,
as montadoras venderam 14 milhões de veículos em 2009,
e o mercado interno chinês tornou-se o maior do mundo,
superando o norte-americano.
O dragão asiá co conta hoje com o maior estoque de
reservas em moeda estrangeira do mundo (2,4 trilhões de
dólares em janeiro de 2010), graças aos seguidos superávits
na balança comercial (quando o valor total das exportações é
maior que o das importações) e aos inves mentos estrangeiros na economia local. Se a um ano atrás exis a a preocupação de que a expansão chinesa fosse modesta demais,
atualmente se teme que a economia esteja superaquecida.
Desemprego
Os inves mentos na economia foram posi vos para o
mercado de trabalho. A China criou 11 milhões de empregos
urbanos em 2009, e a maioria das pessoas demi das no auge
da crise (fim de 2008) já se recolocou no mercado. O plano
para 2010 é criar mais 9 milhões de vagas e manter o nível de
ATUALIDADES
Para ter uma ideia da velocidade do crescimento chinês, o PIB
do país saltou de 177 bilhões de dólares, em 1979, para 4,3
trilhões de dólares, em 2008.
Em 2001, a China entrou de vez no mundo globalizado,
ao ingressar na Organização Mundial do Comércio (OMC),
após 15 anos de negociação. Com isso, o país aceitou certas
regras do comércio internacional, incluindo a abertura de
setores estratégicos aos inves mentos estrangeiros, como
bancos e telecomunicações. Em contrapar da, seus produtos ganharam mais espaço entre os 153 países membros
da OMC.
Num passo a mais em direção à economia de mercado,
em 2007, o Parlamento chinês aprovou uma lei que garante
que os mesmos direitos dados à propriedade estatal sejam
estendidos à propriedade privada. A terra, porém, con nua
sob domínio do Estado.
17
desemprego em torno dos atuais 4,3%, acredita-se, porém,
que a taxa seja maior, porque foram excluídos do cálculo as
zonas rurais e os trabalhadores imigrantes.
O governo chinês afirma que precisa assegurar o ritmo de
crescimento anual em 8%, no mínimo, para criar 10 milhões
de empregos a cada ano e, assim, garan r a estabilidade social. Esse é o número de pessoas que deixam as áreas rurais
em busca de trabalho nas cidades chinesas todos os anos.
As autoridades temem que a perda em massa de trabalho
possa provocar manifestações contra o regime autoritário
e ditatorial.
ATUALIDADES
Atrito com os EUA
Além do comércio, a cooperação entre China e EUA sofreu abalos em outras frentes. Os dois países se culparam
mutuamente pelo fracasso da cúpula de Copenhague, sobre
o clima, em 2009. China e EUA são os maiores poluidores e
resistem a decisões que ampliam seus custos.
Os outros focos de atrito envolveram as regiões em li gio,
Taiwan e Tibete, com a China acusando os norte-americanos
de violarem sua integridade territorial. Pequim reagiu à
decisão do presidente Obama de aprovar a venda de 6,4
bilhões de dólares em armas a Taiwan, em janeiro de 2010.
No mês seguinte, Obama se encontrou com o líder espiritual
do Tibete, o Dalai-Lama. A China o considera um líder separa sta e tenta isolá-lo no cenário internacional, pedindo aos
dirigentes mundiais que não o recebam.
18
Entendendo o Tibet e Taiwan
No fim da guerra civil chinesa, em 1949, as forças derrotadas por Mao Tsé-tung fugiram para a Ilha de Taiwan, estabelecendo um governo próprio. A China considera Taiwan
uma província rebelde e ameaça entrar em guerra caso essa
formalize a sua independência. Com a entrada da China na
ONU, em 1971, Taiwan teve de sair da organização e desfez
laços diplomá cos com quase o mundo todo. Os EUA, que
financiaram a industrialização de Taiwan, permanecem como
aliados e ajudam na defesa da ilha.
Hoje em dia, as relações entre Taiwan e China atravessam
a sua melhor fase em seis décadas. Ampliaram-se os laços de
viagem e turismo (já existem voos diretos), e os dois governos
estão prestes a assinar um acordo de livre-comércio. Até o
momento, a agenda da aproximação deixou de fora o tema
da reunificação polí ca. A maioria dos taiwaneses almeja
cooperação econômica, mas quer a independência.
O Tibete, território de tradição budista com status de
região autônoma, foi anexado à China em 1950. A ocupação
tentou suprimir a iden dade espiritual e religiosa do povo
betano. Por causa disso, Tenzin Gyatso, o 14º Dalai-Lama,
líder dos betanos, par u para o exílio em 1959. Desde
então, tem corrido o mundo divulgando a causa betana e
ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1989. Em 2008, antes dos
Jogos Olímpicos, protestos contra o domínio chinês levaram
à pior onda de violência em 20 anos. Mesmo assim, o Dalai-Lama prosseguiu o diálogo como governo. Ele afirma não
querer a independência, mas autonomia real, que garanta
ao Tibete a preservação de suas tradições. A China, porém,
empenha-se em desenvolver a região do Tibete para romper
seu isolamento natural e diluir a cultura local. Grandes projetos de infraestrutura, como a ferrovia que liga Lhasa, a capital
betana, a Golmud, na província de Qinghai têm es mulado
a imigração em massa de chineses. Como resultado, a população betana perde importância em seu território.
1959 – A Revolução Cubana
Sendo uma das úl mas nações a se tornarem independentes no con nente americano, Cuba proclamou a forma-
ção de seu Estado independente sob o comando do intelectual José Mar n e auxílio direto das tropas norte-americanas.
A inserção dos norte-americanos neste processo marcou a
criação de um laço polí co que pretendia garan r os interesses dos EUA na ilha centro-americana. Uma prova dessa
intervenção foi a criação da Emenda Pla , que assegurava o
direito de intervenção dos Estados Unidos no país.
Dessa maneira, Cuba pouco a pouco se transformou no
famoso “quintal” de grandes empresas estadunidenses. Essa
situação contribuiu para a instalação de um Estado fragilizado e subserviente. De fato, ao longo de sua história depois
da independência, Cuba sofreu várias ocupações militares
norte-americanas, até que, na década de 1950, o general
Fulgêncio Ba sta empreendeu um regime ditatorial explicitamente apoiado pelos EUA.
Nesse tempo, a população sofria com graves problemas
sociais que se contrastavam com o luxo e a riqueza existente
nos night clubs e cassinos des nados a uma minoria privilegiada. Ao mesmo tempo, o governo de Fulgêncio ficava cada
vez mais conhecido por sua negligência com as necessidades
básicas da população e a brutalidade com a qual reprimia
seus inimigos polí cos. Foi nesse tenso cenário que um
grupo de guerrilheiros se formou com o propósito de tomar
o governo pela força das armas.
Sob a liderança de Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e
Ernesto “Che” Guevara, um pequeno grupo de aproximadamente 80 homens se espalhou em diversos focos de luta
contra as forças do governo. Entre 1956 e 1959, o grupo
conseguiu vencer e conquistar várias cidades do território
cubano. No úl mo ano de luta, conseguiram finalmente
acabar com o governo de Fulgêncio Ba sta e estabelecer
um novo regime pautado na melhoria das condições de vida
dos menos favorecidos.
Entre outras propostas, o novo governo defendia a
realização de uma ampla reforma agrária e o controle governamental sob as indústrias do país. Obviamente, tais
proposições contrariavam diretamente os interesses dos
EUA, que respondeu aos projetos cubanos com a suspensão
das importações do açúcar cubano. Dessa forma, o governo
de Fidel acabou se aproximando do bloco sovié co para que
pudesse dar sustentação ao novo poder instalado.
A aproximação com o bloco socialista rendeu novas
retaliações dos EUA que, sob o governo de John Kennedy,
rompeu as ligações diplomá cas com o país. A ação tomada no início de 1961 foi logo seguida por uma tenta va de
contragolpe, onde um grupo reacionário treinado pelos EUA
tentou instalar – sem sucesso – uma guerra civil que marcou
a chamada invasão da Baía dos Porcos. Após o incidente,
o governo Fidel Castro reafirmou os laços com a URSS ao
definir Cuba como uma nação socialista.
Para que a nova configuração polí ca cubana não servisse
de exemplo para outras nações la no-americanas, os EUA
criaram um pacote de ajuda econômica conhecido como
“Aliança para o Progresso”. Em 1962, a União Sovié ca tentou
transformar a ilha em um importante ponto estratégico com
uma suposta instalação de mísseis apontados para o território estadunidense. A chamada “crise dos mísseis” marcou
mais um ponto da Guerra Fria e, ao mesmo tempo, provocou
o isolamento do bloco capitalista contra a ilha socialista.
Com isso, o governo cubano acabou aprofundando sua
dependência com as nações socialistas e, durante muito
tempo, sustentou sua economia por meio dos auxílios e
vantajosos acordos firmados com a União Sovié ca. Nesse
período, bem sucedidos projetos na educação e na saúde
estabeleceram uma sensível melhoria na qualidade de
vida da população. Entretanto, a par r da década de 1990,
a queda do bloco socialista exigiu a reformulação da polí ca
econômica do país.
As relações de interdependência entre Cuba e Venezuela
são cada vez mais profundas e avançam em ritmo ver ginoso.
Em poucos anos o país sul-americano se consolidou como
o principal apoio econômico da revolução de Fidel Castro,
com intercâmbios que alcançam volumes que lembram os
da era sovié ca. No ano passado o comércio bilateral chegou a US$ 3,8 bilhões, e a previsão é que supere os US$ 4,2
bilhões em 2010.
Mais da metade dessa fatura corresponde ao fornecimento de petróleo venezuelano, cerca de 120 mil barris
diários que o governo de Hugo Chávez vende a Cuba a preços
preferenciais, em virtude de diversos acordos mútuos.
Parte dessa conta é paga pela ilha com cooperação,
principalmente na área de saúde: já há 30 mil médicos e
especialistas de saúde cubanos na Venezuela, trabalhando
em diversas missões sociais da “Revolução Bolivariana”,
e centenas de milhares de pacientes venezuelanos foram
operados dos olhos em Cuba. Ao todo, 55 mil colaboradores
cubanos trabalham hoje na Venezuela, enquanto no próximo
ano le vo haverá 10 mil jovens venezuelanos estudando
medicina em universidades da ilha.
Não se trata só de petróleo, cooperação, bolsas e intercâmbio de mercadorias. As relações entre os dois países
incluem macroprojetos conjuntos que representam cifras
de muitos zeros, no velho es lo da irmandade socialista.
Esta semana Cuba e Venezuela cons tuíram uma empresa
mista com o obje vo de rea var a refinaria de Cienfuegos,
um dos grandes programas de colaboração entre Havana
e Moscou nos anos 80, que, assim como a construção da
central eletronuclear de Juraguá foi interrompido depois do
desaparecimento da URSS.
BRIC’s
Hoje em economia ou relações internacionais, BRIC é
uma sigla que se refere a Brasil, Russa, Índia e China, nações
que vêm se destacando no cenário mundial pelo rápido
crescimento das suas economias em desenvolvimento, industrialização avançada, situação polí ca estável, boas relações
comerciais e um potencial de crescimento de seu mercado
interno. O acrônimo foi criado e proeminentemente usado
pelo economista Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia
global do grupo financeiro (banco) Goldman Sachs, em 2001.
O economista juntou os quatro países e criou um grupo que
não exis a. Para nomeá-lo, ele concebeu uma sigla, ao pegar
emprestado de cada país a sua letra inicial: Bric.
México, Coreia do Sul e África do Sul seriam os únicos
países comparáveis com os países do Bric, de acordo com
um ar go publicado em 2007, mas suas economias foram
excluídas inicialmente porque já foram consideradas mais
desenvolvidas. O Goldman Sachs argumenta que, uma vez
que estão em rápido desenvolvimento, em 2050, o conjunto
das economias dos Brics poderá alcançar a maior força econômica do planeta, suplantando os Estados Unidos, o Japão
e os membros da União Europeia. Em larga medida, a força
do Bric provém da enorme fatia da população mundial
concentrada nos quatro países. Neles vivem 2,7 bilhões de
habitantes, o equivalente a 40% da humanidade. A maioria
desse con ngente é de chineses e indianos, os países com
as mais aceleradas taxas de crescimento econômico entre
as grandes economias. O Bric também possui um território
enorme. Somada, a área dos quatro países representa um
quarto das terras do planeta. Nesse vasto território, há muita
riqueza, como petróleo (Rússia e Brasil), produtos agrícolas
(Brasil), mão de obra farta e barata (China) e potencial para
o desenvolvimento de mais produtos com as inovações
cien ficas e tecnológicas (China e Índia).
O Goldman Sachs não afirma que os Brics se organizem
em um bloco econômico ou uma associação de comércio
formal, como no caso da União Europeia. No entanto, há
fortes indícios de que “os quatro países do Bric têm procurado formar um “clube polí co” ou uma “aliança”, e assim
convertendo seu crescente poder econômico em uma maior
influência geopolí ca.
Os países do Bric reuniram-se para a sua primeira cúpula
oficial em 16 de Junho de 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia,
com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva, Dmitry Medvedev,
Manmohan Singh, e Hu Jintao, respec vos líderes de Brasil,
Rússia, Índia e China. Durante a cúpula foram discu dos
vários temas relacionados à crise econômica de 2008/2009,
tais como comércio internacional, o papel do dólar como
moeda de reserva e sua possível subs tuição, a par cipação
nos organismos internacionais, dentre outros.
Os ministros de Relações Exteriores dos países do Bric
já nham se reunido anteriormente no dia 16 de Maio de
2008, também em Ecaterimburgo.
Uma semana antes da cúpula, o Brasil ofereceu 10 bilhões
de dólares na compra de ações do Fundo Monetário Internacional. Foi a primeira vez que o país fez um inves mento
desse po. O Brasil já recebeu anteriormente emprés mo
do FMI e este anúncio foi tratado como uma importante
demonstração da mudança de posição econômica do Brasil.
A China e a Rússia também fizeram anúncios de inves mentos ao FMI, de $50 bilhões e US $10 bilhões, respec vamente.
A Segunda Cúpula do Bric aconteceu nos dias 15 e 16 de
abril em Brasília. Na reunião preparatória do dia 14, realizada
no Rio de Janeiro, foram discu dos – pela primeira vez –
oportunidades de negócios, inves mentos e intercâmbio
para setores de energia, tecnologia da informação, infraestrutura e agronegócio. A África do Sul também foi uma das
par cipantes. A Rússia anunciou demandas para inves mentos em rodovias e aeroportos; e o Brasil, em ferrovias,
aeroportos, hidrovias e estrutura urbana. A China sugeriu a
troca de informações para a segurança alimentar, ou seja,
a troca de informações para evitar grandes altas nos preços
dos alimentos, assunto que preocupa o governo chinês.
A aposta atual dos economistas é que esta será a década
na qual o Bric presenciará a inclusão de grande parcela de
sua população ao universo de consumo da classe média.
No Brasil, um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
mostra que 32 milhões de pessoas passaram a integrar a
classe média entre 2003 e 2008, o que levou a uma alta de
15% no potencial de consumo do brasileiro. Pelos critérios
da FGV pertencem à classe média pessoas com renda domiciliar superior a R$ 4.807 (classe AB) ou entre R$ 1.115 e
4.806 (classe C).
De acordo com um informe publicado em 2010 pelo
Goldman Sachs, a expansão da classe média no Bric, especialmente na China e na Índia, orientará o mercado mundial,
já que o perfil de consumo dessa classe social difere daquele
pico das camadas mais pobres, no qual o peso do gasto com
comida e roupa é proporcionalmente bem mais elevado do
que com educação ou lazer.
Papéis Diferentes
De acordo com os critérios da classificação criada por
Jim O’Neill, haveria entre os países do grupo certa divisão de
funções. Brasil e Rússia seriam os grandes forrnecedores de
matéria-prima, principalmente alimentos, no caso brasileiro,
e de petróleo, no caso russo. Com a entrada em operação
dos campos do pré-sal, o Brasil deve se tornar, também, um
exportador de petróleo. Por outro lado, Índia e China concentram, cada vez mais, mão de obra e tecnologia suficientes
para inundar os mercados do mundo, e seus mercados internos, com toda sorte de bens manufaturados e de serviços.
ATUALIDADES
Hugo Chávez e Fidel Castro
19
O papel de grande exportador agropecuário do Brasil vem
se consolidando, ano a ano, especialmente devido à produção de soja e de carne bovina, nas duas commodiƟes, o que
se produz no país seria suficiente para alimentar boa parte
da demanda mundial. A par cipação crescente do Brasil na
economia global também decorre da solução energé ca
representada pelo biocombus vel, produzido com o etanol
da cana-de-açúcar; da existência de grandes jazidas minerais
e reservas de petróleo; e do fato de o país possuir a maior
reserva de água doce do planeta.
Já a Rússia dificilmente conseguirá recuperar a relevância
econômica e polí ca que teve na primeira metade do século
passado, quando liderava a União das Repúblicas Socialistas
Sovié cas (URSS). Entretanto, o país conta com extensas
reservas de petróleo, de gás natural, de madeira (papel e
celulose) e de carvão, e também com um importante arsenal
de armas, que a faz temida e respeitada no mundo todo.
Também herdou da corrida armamen sta da época da Guerra
Fria uma mão de obra especializada que está encontrando
ocupação em outras áreas técnicas.
A Índia poderá apresentar a mais alta média de crescimento econômico do Bric nas próximas décadas. Es ma-se
que, em 2050, ela poderá ser a terceira economia global,
atrás de China e Estados Unidos. Quanto à China, o país acaba
de se tornar a segunda economia mundial, ultrapassando
o Japão. Além do grande con ngente populacional, Índia e
China vêm inves ndo pesadamente na qualificação de sua
mão de obra. Para ter uma ideia do esforço imenso feito em
educação, a cada ano a China forma mais de 5 milhões de
universitários, sendo 75 mil apenas em engenharia e ciências
da computação. A Índia não fica muito atrás dos chineses,
formando por ano mais de 3 milhões de jovens no Ensino
Superior, sendo 60 mil nas estratégicas áreas de engenharia e computação, que devem formar a base de pesquisa e
desenvolvimento de produtos nos dois países. As próprias
transnacionais já perceberam isso, tanto que o centro de
pesquisa e desenvolvimento da Microso em Pequim, por
exemplo, é o segundo maior centro da gigante da informá ca,
só ficando atrás da sede da empresa, nos Estados Unidos.
Apesar do crescimento vigoroso, de causar inveja aos
países ricos, todos ainda pa nando na recessão econômica
desencadeada pela crise de 2008, persistem alguns problemas sérios nas economias do Bric. O maior deles é a má
distribuição da renda nacional, responsável pela existência
de uma grande massa de pobres à margem do mercado de
consumo. Basta lembrar que há na China 135 milhões de
pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza (com menos de
1 dólar por dia), con ngente inferior apenas ao que existe
na Índia. Há também graves problemas de infraestrutura,
como más condições de transporte e gargalos na circulação
de mercadorias.
ATUALIDADES
Do G-7 ao G-20
20
O primeiro bloco de países que formou uma reunião de
cúpula permanente para debater questões de economia e
segurança foi o G-7, formado pelos países mais influentes e
poderosos do mundo: França, Alemanha, Itália, Japão, Reino
Unido, Estados Unidos e Canadá. É sobretudo um espaço
para os líderes de nações importantes se encontrarem pessoalmente com certa frequência e ar cularem estratégias
sobre economia e polí ca internacional. As origens do G-7
remontam à década de 1970 e estão relacionadas aos problemas colocados aos países ricos com a crise do petróleo e a
recessão mundial decorrente dela. Com a inclusão posterior
da Rússia, o G-7 passou a ser chamado de G-8.
Na década de 1990, foi criado o G-20, como uma resposta
à crise financeira dos anos 1990 e em decorrência do fato
de que era preciso incluir os principais países emergentes
nas grandes discussões e decisões que decidiriam os rumos
da humanidade, pelo peso que passaram a ter suas economias no cenário internacional. Dele fazem parte: Estados
Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá, México, Brasil, Argen na, Arábia Saudita, África do
Sul, Turquia, Índia, Indonésia, China, Austrália, Coreia do
Sul, Rússia e o bloco Econômico da União Europeia. Juntos,
os países-membros do G-20 respondem por 85% das riquezas
produzidas no planeta, 80% do comércio global e dois terços
da população mundial.
Até poucos anos atrás, o G-8 ainda era o fórum de maior
destaque no cenário internacional. Em 2009, no auge da
crise econômica, que a ngiu em cheio as nações mais ricas e
influentes do mundo, muitos anunciavam a “morte do G-8”,
ou seja, a perda de seu papel de referência principal. Embora
exagerada, a afirmação reconhecia o fato de que, nos dias de
hoje, é impossível ignorar a influência decisiva que os países
emergentes exercem na economia mundial e os destaques
vão para os integrantes do Bric, que, com exceção da Rússia,
foram afetados de forma menos severa que as nações ricas
pela recente crise financeira global.
Influência Brasileira
Nesse contexto de aumento da relevância do Bric e do
G-20, a diplomacia brasileira busca um papel maior na condução dos negócios globais, e conta com o lugar par cular
ocupado pelo presidente Lula, como líder de um par do de
esquerda, mas que, no exercício do poder, adotou várias
polí cas conservadoras, sobretudo na área econômica e
manteve sua popularidade interna (beirando os 80% de
aprovação em meados de 2010). Assim, na América La na,
Lula faz um contraponto às posições nacionalistas e radicais
do líder venezuelano Hugo Chávez e adota uma linha de
colaboração com a polí ca externa dos EUA em diversos
pontos, daí a referência do presidente Barack Obama à figura
do presidente Lula como “o cara!”.
O Brasil chefia as tropas de missão de paz da ONU no
Hai desde 2004, num momento em que os EUA man nha
quase 200 mil soldados no Afeganistão e no Iraque e buscavam parceiros para dividir os altos custos das intervenções
militares no tabuleiro global. Mas a polí ca externa brasileira,
que man nha uma tradição de não ingerência, está mais
atuante e entrou em choque com a norte-americana em dois
eventos recentes. Ao contrário de Washington, o Brasil se
recusou a reconhecer o resultado das eleições em Honduras,
ocorridas em novembro de 2009, após um golpe de Estado
cinco meses antes contra o presidente Manuel Zelaya. Em
junho de 2010, o Brasil e a Turquia foram os únicos países do
Conselho de Segurança da ONU a votar contra o novo pacote
de sanções ao Irã, apesar da pressão dos EUA. Foi uma forma
de o Brasil protestar contra a não aceitação do acordo com
o Irã costurado por brasileiros e turcos.
O peso do Brasil também é grande quando são discu das
questões ambientais. A dimensão con nental do Brasil, que
abriga a maior floresta tropical do mundo – a Amazônica – faz
com que o país seja fundamental nas negociações sobre as
medidas para combater as mudanças climá cas.
No âmbito econômico, a liberalização comercial tem sido
uma das bandeiras de Lula. O Brasil trabalha a vamente
para concluir a Rodada Doha, da Organização Mundial do
Comércio (OMC), que estão emperradas desde 2006. Nessas
negociações sobre as normas que regem o comércio global,
o que se discutem são principalmente a redução dos subsídios agrícolas que os países ricos concedem aos produtores
locais (o que beneficiaria o comércio externo dos países
pobres, tradicionais exportadores de alimentos) e o corte
das tarifas de importação que os países em desenvolvimento
Glossário de Economia
CommodiƟes: (significa mercadoria em inglês) pode
ser definido como mercadorias, principalmente minérios
e gêneros agrícolas, que são produzidos em larga escala
e comercializados em nível mundial. As commodiƟes são
negociadas em bolsas mercadorias, portanto seus preços
são definidos em nível global, pelo mercado internacional.
As commodiƟes são produzidas por diferentes produtores
e possuem caracterís cas uniformes. Geralmente, são produtos que podem ser estocados por um determinado período
de tempo sem que haja perda de qualidade. As commodiƟes
também se caracterizam por não ter passado por processo
industrial, ou seja, são geralmente matérias-primas.
Existem quatro pos de commodiƟes:
CommodiƟes agrícolas: soja, suco de laranja congelado,
trigo, algodão, borracha, café etc.
CommodiƟes minerais: minério de ferro, alumínio, petróleo, ouro, níquel, prata etc.
CommodiƟes financeiras: moedas negociadas em vários
mercados, tulos públicos de governos federais etc.
CommodiƟes ambientais: créditos de carbono.
O Brasil é um grande produtor e exportador de commodiƟes. As principais commodiƟes produzidas e exportadas por
nosso país são: petróleo, café, suco de laranja, minério de
ferro, soja e alumínio. Se por um lado o país se beneficia do
comércio destas mercadorias, por outro o torna dependente
dos preços estabelecidos internacionalmente. Quando há
alta demanda internacional, os preços sobem e as empresas
produtoras lucram muito. Porém, num quadro de recessão
mundial, as commodiƟes se desvalorizam, prejudicando os
lucros das empresas e o valor de suas ações negociadas em
bolsa de valores.
Balança Comercial – Balança comercial é um termo
econômico que representa as importações e exportações
de bens entre os países.
Dizemos que a balança comercial de um determinado
país está favorável, quando este exporta (vende para outros
países) mais do que importa (compra de outros países). Do
contrário, dizemos que a balança comercial é nega va ou
desfavorável.
A balança comercial favorável apresenta vantagens para
um país, pois atrai moeda estrangeira, além de gerar empregos dentro do país exportador.
Superávit Primário – Para entendermos melhor o significado da expressão superávit primário, basta lembrarmos que
superávit significa lucro ou um resultado posi vo.
Surge quando no final de um exercício ou período verificamos que os gastos foram inferiores ou menores que as
receitas. Isso pode ser aplicado tanto no caso de um orçamento familiar, como nas empresas e no governo.
Em síntese, podemos afirmar que superávit primário é
quando os impostos arrecadados pelo governo são maiores
que as despesas realizadas, excluindo-se os juros e a correção
monetária da dívida pública, em virtude de não fazerem parte
da natureza operacional do governo.
O superávit primário, funciona como termômetro para
sinalizar como o governo está administrando suas contas, já
que este dinheiro pode ser u lizado para o pagamento dos
juros ou até quitação total de dívidas.
Bolsa de Mercadorias e Futuros – Mercado centralizado
para transações com mercadorias, sobretudo os produtos
primários de maior importância no comércio internacional
e no comércio interno, como café, açúcar, algodão, cereais
etc. (as chamadas commodiƟes). Realizando negócios, tanto
com estoques existentes quando com estoques futuros,
as bolsas de mercadorias exercem papel estabilizador no
mercado, minimizando as variações de preço provocadas
pelas flutuações da procura e reduzindo os riscos dos comerciantes. Com a expansão do comércio internacional no
fim da Idade Média, surgiram nos séculos XV e XVI grandes
corporações de comerciantes e banqueiros que criaram
as primeiras bolsas propriamente ditas: a de Bruges, em
1487; a de Antuérpia e a de Amsterdã, em 1561; as Lyon,
Bordeaux e Marselha, em 1595; a de Paris, em 1639. Essas
bolsas veram influência no extraordinário crescimento do
capitalismo comercial dos séculos XVI e XVII. Na atualidade,
as mais importantes bolsas de mercadorias do mundo são
as de Chicago, Nova York e Londres; suas cotações regulam
os preços de Mercadorias do Rio de Janeiro, inaugurada em
1912 e na qual se faziam negócios de café, açúcar e algodão.
Desa vada no ano seguinte, em 1920 foi subs tuída pela
Bolsa de Café, que servia também para transações de açúcar
e algodão. Em 1913, o governo do Estado de São Paulo criou
a Bolsa de Café de Santos. E, em 1917, abriu-se a Bolsa de
Mercadorias de São Paulo.
Bolsa de Valores – É o local onde se compram e se
vendem as ações de companhias. A Bolsa cons tui uma
associação com autonomia administrativa, financeira e
patrimonial cujo obje vo é promover todas as condições
necessárias para o funcionamento do mercado de ações. É na
Bolsa de Valores que os inves dores compram ou vendem
suas ações, sempre por meio de uma corretora de valores
associada a CBLC e fiscalizada pela Comissão de Valores
Mobiliários – CVM.
Taxa Selic – É um índice pelo qual as taxas de juros cobradas pelo mercado se orientam no Brasil. É a taxa básica
u lizada como referência pela polí ca monetária. A taxa
overnight do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
(Selic), expressa na forma anual, é a taxa média ponderada
pelo volume das operações de financiamento por um dia,
lastreadas em tulos públicos federais e realizadas no Selic,
na forma de operações compromissadas. É divulgada pelo
Comitê de Polí ca Monetária (Copom).
Comitê de PolíƟca Monetária (Copom) – É um comitê
composto pelo presidente e os diretores do Banco Central
(Bacen), que se reúne a cada 45 dias para definir a taxa básica
de juros, a chamada Selic.
O obje vo das frequentes elevações da taxa de juros
no Brasil é o cumprimento das metas de inflação, definidas
pelo governo. Mas a decisão do Bacen sobre a taxa de juros
é soberana, ou seja, não há necessidade de aprovação do
Presidente da República e nem tão pouco do Ministro da
Fazenda.
Déficit Orçamentário – Despesa maior do que receita, ou
seja, acontece quando o governo gasta mais do que arrecada.
Qual a diferença entre PIB e PNB – O PIB é o valor de
toda a produção de bens e serviços ocorrida dentro das
fronteiras do país, sem considerar a nacionalidade dos
que se apropriaram dessas rendas, sem descontar rendas
eventualmente enviadas ao exterior e sem considerar as
recebidas do exterior, daí o qualifica vo de “interno”.O PNB
considera as rendas recebidas do exterior por nacionais do
país e desconta as que foram apropriadas por nacionais de
outros países, daí o qualifica vo “nacional”.
Capital EspeculaƟvo (Capitais Voláteis ou de Curto Prazo) – Obtém lucro a par r da compra e venda de moedas e
da variação de seu valor. Ele se movimenta rapidamente em
busca de mercados que ofereçam segurança e rentabilidade
(juros altos e baixos riscos). Esses capitais são inves dos
nos mercados financeiros do planeta por meio de “dinheiro
eletrônico” depositado instantaneamente nas bolsas de
valores de todo o mundo. O brasil caracteriza-se por atrair
capital especula vo.
Capital ProduƟvo (Capital de InvesƟmento ou de Longo
Prazo) – Envolve inves mentos de longo prazo aplicados na
ATUALIDADES
impõem às importações das nações desenvolvidas (o que
beneficiaria o comércio externo dos países ricos).
21
ATUALIDADES
22
instalação de unidades produ vas, na compra de equipamentos, em inves mentos imobiliários, na fabricação de produtos
e na mineração, dentre outros. No pós-guerra esses capitais
par ciparam do processo de modernização industrial de
países da América La na, da Ásia e da África. É capital que se
compromete em permanecer durante um longo perído em
uma economia com propósito de produção, inves mento.
Inflação: é o aumento persistente e generalizado no
valor dos preços onde esse aumento é con nuo. Quando a
inflação chega a zero dizemos que houve uma estabilidade
nos preços.
Keynesianismo: é a teoria econômica consolidada pelo
economista inglês John Maynard Keynes em seu livro Teoria
geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of
employment, interest and money)1 e que consiste numa
organização polí co--econômica, oposta às concepções neoliberalistas, fundamentada na afirmação do Estado como
agente indispensável de controle da economia, com obje vo
de conduzir a um sistema de pleno emprego. Tais teorias
veram uma enorme influência na renovação das teorias
clássicas e na reformulação da polí ca de livre mercado.
A teoria atribuiu ao Estado o direito e o dever de conceder bene cios sociais que garantam à população um padrão
mínimo de vida como a criação do salário-mínimo, do salário-desemprego, da redução da jornada de trabalho (que então
superava 12 horas diárias) e assistência médica gratuita.
O Keynesianismo ficou conhecido também como “Estado de
Bem-Estar Social”, ou “Estado Escandinavo” tendo sido originalmente adotado pelas polí cas econômicas inauguradas
por Roosevelt com o New Deal, que respaldaram, no início
da década de 1930, a intervenção do Estado na Economia
com o obje vo de tentar reverter uma depressão e uma crise
social que ficou conhecida como a Crise de 1929 e, quase
simultaneamente, por Hjalmar Horace Greeley Schacht2, 3
na Alemanha Nazista. Cerca de 3 anos mais tarde, em 1936,
essas polí cas econômicas foram teorizadas e racionalizadas
por Keynes em sua obra clássica Teoria geral do emprego,
do juro e da moeda.
Liberalismo: é um sistema polí co-econômico baseado
na defesa da liberdade individual, nos campos econômico,
polí co, religioso e intelectual, contra as ingerências e a tudes coerci vas do poder estatal.
Apesar de diversas culturas e épocas apresentarem indícios das ideias liberais, o liberalismo defini vamente ganhou
expressão moderna com os escritos de John Locke (16321704) e Adam Smith (1723-1790). Seus principais conceitos
incluem individualismo metodológico e jurídico, liberdade
de pensamento, liberdade religiosa, direitos fundamentais,
estado de direito, governo limitado, ordem espontânea,
propriedade privada e livre mercado.
Neoliberalismo: em sen do amplo, é a retomada dos
valores e ideais do liberalismo polí co e econômico que
nasceu do pensamento iluminista e dos avanços da economia
decorrentes da revolução industrial do final do século XVIII,
com a adequação necessária à realidade polí ca, social e
econômica de cada nação em que se manifesta. Em sen do
mais estrito designa, nas democracias capitalistas contemporâneas, as posições pragmá cas e ideologicamente pouco
definidas dos defensores da polí ca do “estado mínimo”, que
deve interferir o menos possível na liberdade individual e
nas a vidades econômicas da inicia va privada e, ao mesmo
tempo, manter, ampliar e tornar mais racional e eficiente o
estado de bem-estar social. Há neoliberalismo de esquerda,
de centro e de direita.
Principais Conflitos no Mundo
Oriente Médio
O Oriente Médio é uma das regiões mais fascinantes do
planeta. Habitado desde tempos remotos, esta região re-
presenta uma importante área estratégica do ponto de vista
econômico, principalmente por causa de suas abundantes
reservas de petróleo. É também um importante cenário
geopolí co e militar, porque serve de passagem (Canal de
Suez) entre a Europa e a Ásia.
Com essas caracterís cas, o Oriente Médio tornou-se
um dos centros estratégicos da Guerra Fria. A criação do
Estado de Israel, em 1948, agitou um passado milenar, que
logo seria subme do ao jogo de xadrez das superpotências.
Em 1979, um fato novo desafiou Washington e Moscou.
A Revolução Xiita do aiatolá Khomeini, no Irã, deu uma
demonstração do poder latente da religião islâmica, com
milhões e milhões de fiéis no mundo todo. Na verdade,
a Guerra Fria no Oriente Médio sempre esteve filtrada pela
força do Islã.
Geografia
A região que compreende o Oriente Médio está localizada
na porção oeste do con nente asiá co, conhecida como Ásia
Ocidental. Possui extensão territorial de mais de 6,8 milhões
de km² (16% da área total do con nente asiá co), com uma
população es mada de 260 milhões de habitantes. É composta por 15 países: Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrain,
Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel,
Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Síria, Turquia.
O clima do Oriente Médio é árido e semiárido, o que
proporciona o predomínio de uma paisagem vegetal marcada
pela presença de espécies xerófilas (nas áreas de clima árido),
ou de estepes e pradarias (nas áreas de clima semiárido).
Apenas pequenas faixas de terra, na porção litorânea, apresentam climas um pouco mais úmidos, onde há presença de
formações vegetais arbus vas.
O petróleo é o principal produto responsável pela economia dos países do Oriente Médio. Nessa região está localizada a maior concentração mundial dessa fonte energé ca
(aproximadamente 65% de todo o petróleo mundial). Essa
grande quan dade de petróleo, aliada a fatores econômicos
e polí cos, criou as condições para a formação, em 1960, de
um dos mais importantes cartéis do mundo atual, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
A maior parte da população do Oriente Médio não vive
do petróleo nem da indústria, que é ainda incipiente, mas de
a vidades tradicionais, como a agropecuária. Por ser realizada predominantemente de forma tradicional, com uso de
pouca tecnologia e mecanização (a exceção de Israel), essa
a vidade incorpora 46% da população economicamente
a va. O predomínio de climas áridos e semiáridos na região
é bastante prejudicial para o desenvolvimento dessa a vidade econômica.
A a vidade industrial no Oriente Médio apresenta pouca
expressividade. Nos países petrolíferos, existem refinarias
e petroquímicas (indústrias de base). Outras indústrias se
relacionam aos setores mais tradicionais, como o têx l e o
alimen cio (indústrias de bens de consumo).
O turismo é outra a vidade que vem apresentando importância para alguns países do Oriente Médio, a exemplo
de Israel, Turquia e os Emirados Árabes Unidos (que recebem
cerca de 3,5 milhões de turistas por ano).
A Agropecuária em Israel
Em Israel, apesar das limitações territoriais e da hos lidade climá ca, conseguem-se grandes resultados agrícolas.
Tal sucesso apoia-se numa sofis cada técnica de produção,
que envolve modernos métodos de irrigação.
Os kibutzim, fazendas de caráter comunitário, onde muitas famílias vivem e trabalham juntas, contribuem com quase
metade da produção agrícola israelense. Entre as culturas,
destacam-se os cereais, legumes, abacate, vinha e cítricos,
quando uma revolução levou ao poder o aiatolá Khomeini,
transformando o país numa república islâmica. Durante o seu
governo (1979-1989), o Irã isolou-se do Ocidente, lançando
as bases para o fundamentalismo islâmico no mundo.
O avanço desse movimento no mundo islâmico é encarado pelas potências ocidentais como uma ameaça à nova
ordem mundial. A proposta dos par dos fundamentalistas
é minimizar a influência ocidental nos seus países. Para
eles, a modernidade, imposta pelo Ocidente (sobretudo os
Estados Unidos), afasta o homem dos seus valores religiosos
e, consequentemente, do seu Criador.
Principais Etnias
Os grupos étnicos mais numerosos da região são os
árabes, principalmente, na Arábia Saudita, Bahrain, Catar,
Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque, Jordânia, Kuwait,
Líbano, Omã e Síria; os turcos, encontrados basicamente na
Turquia e no Chipre; os iranianos ou persas, no Irã e hebreus,
no Estado de Israel.
A estrutura etária é caracterizada pela extrema juventude da população, pois cerca de 40% dos habitantes têm
entre 0 e 14 anos de idade. Essa juventude é reflexo da alta
natalidade, que oscila em torno de 4%, e da baixa esperança
de vida, que é de aproximadamente 60 anos na maioria dos
países. O crescimento vegeta vo supera, em muitas nações,
a casa dos 3% ao ano.
Conflitos no Oriente Médio
A posição das grandes potências nos conflitos regionais
sempre foi baseada no apoio à tecnologia bélica local e venda
de sofis cadas armas aos seus aliados. Tal posição fomentou
conflitos e transformou o Oriente Médio num dos maiores
mercados de armas no século XX, do qual nem o Brasil deixou
de par cipar. Uma questão di cil era escolher os aliados, pois
o quadro polí co regional tem sido extremamente confuso e
instável. Tal precariedade polí ca provocou sérios problemas
para as grandes potências.
Caso clássico foi o Irã, escolhido pelos Estados Unidos,
durante a Guerra Fria, para ser o guardião do golfo Pérsico.
Esse país, dirigido na época pelo xá Reza Pahlevi, recebeu
dos Estados Unidos um arsenal bélico de tal porte que o
transformou, em poucos anos, na maior força militar do
golfo Pérsico. Nesse período de hegemonia bélica, o todo
poderoso xá Reza Pahlevi perdeu sustentação polí ca e foi
derrubado do poder pela Revolução islâmica de 1979. Em
seu lugar, foi colocado o aiatolá Khomeini, que se declarou
inimigo número um dos Estados Unidos e passou a ameaçar
os demais aliados norte--americanos na região.
Do outro lado, o Iraque foi escolhido pelos Estados Unidos como aliado, que lhe forneceu armas e tecnologia bélica.
Colocado em situação de rela va independência, o Iraque
acabou comprando armas de vários países e passou a dispor de considerável arsenal bélico. De posse desse material
e sob o comando de Saddam Hussein, o Iraque invadiu o
Kuwait em agosto de 1990, dando início à Guerra do Golfo.
Esse conflito se arrastou até fevereiro de 1991, depois de as
forças de coalizão, compostas por 28 países, imporem uma
fragorosa derrota ao Iraque. A ação militar das forças de coalizão, liderada pelos Estados Unidos, foi autorizada pela ONU.
Religião
O Oriente Médio é o berço do judaísmo, do cris anismo
e do islamismo. O islamismo, a religião que mais se expande
no mundo, conta com quase 1,5 bilhão de seguidores no
mundo todo, foi fundado no século VII (622 d.C.) por Maomé
(ou Mohammad), árabe nascido em Meca (atualmente, em
território da Arábia Saudita).
Essa religião, que tem como divindade Alá (Deus) e o
grande profeta Maomé, apoia-se no Corão, livro sagrado que
define os seus princípios básicos. Esses princípios são muitas
vezes u lizados pelos dirigentes dos países islâmicos como
importantes códigos, o que acaba transformando a religião
num poderoso instrumento polí co.
Os indivíduos ou grupos que lutam pela fusão dos preceitos religiosos aos do Estado são denominados fundamentalistas islâmicos. A ação dos fundamentalistas se faz sen r com
maior intensidade nos países governados pelos muçulmanos
xiitas (caso mais conhecido na atualidade é o do Irã).
No Oriente Médio, aproximadamente 222 milhões de
pessoas (85% da população) é muçulmano ou também chamado de islâmico, ou ainda maomeísta. A maioria pertence
ao ramo dos sunitas e xiitas (surgidas logo após a morte do
profeta Maomé, em 632 d.C.). A predominância dos xiitas
está limitada a dois países na região: o Irã e o Iraque. Há grupos menores de mulçumanos, como os drusos e os alauítas.
A região abriga ainda cerca de 13 milhões de cristãos,
muitos de igrejas árabes, que estão entre as mais an gas
do cristianismo. Além disso, também vivem no Oriente
Médio cerca de 6 milhões de judeus, quase todos em Israel.
A migração dos judeus deu-se em ondas, originárias primeiro da Europa (final do século XIX) e, depois, de todo o
mundo, sobretudo durante e após o holocausto. Por isso, no
Estado judeu encontram-se inúmeros grupos étnicos cujas
culturas, tradições, orientações polí cas e prá cas religiosas
variam muito e são livremente expressas, o Estado de Israel
caracteriza-se por ser laico.
O Fundamentalismo Islâmico
Nas duas úl mas décadas, os par dos fundamentalistas
islâmicos vêm se fortalecendo. Esses par dos propõem a
interação entre os preceitos religiosos do Islã e os do Estado.
Tal fusão foi promovida pela primeira vez no Irã, em 1979,
O Canal de Suez
Os conflitos gerados pela presença do petróleo no
Oriente Médio extrapolam os limites de sua ocorrência (na
Mesopotâmia e no golfo Pérsico). O canal de Suez, por exemplo, foi alvo de acirrada disputa bélica entre Egito e Israel,
pois seu domínio implicava deter grande força polí ca na
região. Isso acontecia por conta da importância desse canal
para o escoamento do petróleo, direcionado principalmente
à Europa e aos Estados Unidos.
Transportar o petróleo des nado à Europa pelo canal de
Suez diminuía consideravelmente a rota, que seria contornar
a África. Hoje, ao que tudo indica, esse canal passou defini vamente ao controle egípcio (Acordo de Camp David) e
já não tem a mesma importância de outrora, pois os navios
superpetroleiros fabricados nas úl mas décadas compensam, pelo volume que transportam, a extensa viagem pela
costa africana.
Essa calmaria em relação ao canal, no entanto, pode não
ser eterna, pois os movimentos de defesa do meio ambiente
vêm ques onando cada vez mais a presença desses petroleiros nos mares. Essa posição é jus ficada pelos constantes
desastres ecológicos ocasionados por tais embarcações, que
chegam a transportar mais de 400 mil toneladas de petróleo
ATUALIDADES
importantes na pauta de exportações. Na pecuária, a maior
projeção é para o rebanho ovino.
A agricultura irrigada ocupa cerca de 50% da área culvada, concentrada principalmente na planície litorânea,
região mais populosa e povoada do país. O deserto de
Negev (12.200 km2), que corresponde a mais da metade do
território israelense, vem sendo grada vamente ocupado
pela expansão agrícola, graças ao uso de modernas técnicas
de irrigação. A mão de obra ocupada na agropecuária é de
aproximadamente 4%, o que demonstra a intensa mecanização da lavoura.
23
(uma série de acidentes tem provocado vazamentos cujos
transtornos e prejuízos ao meio ambiente são incalculáveis).
ATUALIDADES
A Questão do Líbano
O território do Líbano é de 10.400 km2 e sua população é
de aproximadamente 3 milhões de habitantes, dos quais 80%
são libaneses, 12% são pales nos e 8% são de outras nacionalidades, destacando-se os armênios, os sírios e os curdos.
Calcula-se que cerca de 70% da população é de muçulmanos
e 30% de cristãos, que há muito lutam pelo controle polí co
do país. Pelo pacto polí co estabelecido em 1943, após a
independência em relação à França, ficou determinado que
a maioria da Câmara (cerca de 55% dos representantes) fosse
composta por cristãos, que na época eram maioria no país.
Com o passar dos anos, o quadro populacional alterou-se, já que o crescimento da população muçulmana foi muito
maior. Entretanto, os cristãos recusaram-se a alterar o quadro
de comando polí co definido pelo pacto, o que gerou forte
reação por parte dos muçulmanos.
A situação polí ca, já instável, agravou-se com o crescimento das concentrações pales nas e do grupo terrorista
Hezbollah no Sul do país. Isso levou à divisão territorial,
pois os cristãos, apoiados por Israel, exigem a expulsão
dos pales nos do Líbano. Os muçulmanos, declarando-se
aliados da OLP, defendem a permanência dos pales nos em
território libanês. As divergências acabaram determinando
a formação de milícias armadas por ambas as partes e,
consequentemente, a ocorrência de sangrentos conflitos.
O quadro complicou-se quando a Síria, alegando uma postura
moderadora, ocupou o Norte do país em 1976, e mais ainda
quando Israel ocupou o Sul do Líbano em 1982, visando
desmantelar as forças militares da OLP na região.
Em 1989, com o apoio dos Estados Unidos, Rússia, França,
Reino Unido e principais países árabes, numa reunião na
Arábia Saudita, foi aprovada uma Carta de Reconciliação
Nacional. Par ciparam das discussões as três principais
facções militares libanesas: Drusa, Amal (muçulmana) e
Falange (cristã). Entre as intenções expressas na Carta,
destacavam-se a determinação de se compor um governo
comum, entre cristãos e muçulmanos, e o desarmamento
das milícias no país.
Após a Guerra do Golfo, em troca do apoio que deu às
forças de coalizão, a Síria recebeu carta branca dos Estados
Unidos para dirigir o processo de unificação do Líbano.
Para tanto, em 1991 foi assinado um tratado sírio-libanês,
fortalecendo as relações entre os dois países, considerado
pelos opositores uma autorização para que a Síria viesse a
transformar o Líbano em seu protetorado.
Mesmo levando-se em conta o avanço das negociações
entre os sírios e as milícias armadas, que em sua grande
parte já depuseram suas armas, o país ainda não está livre de
conflitos e bombardeios internos. Isso deve-se sobretudo às
frequentes inves das israelenses no Sul do país, em ataque
às forças guerrilheiras do Hezbollah (Par do de Deus).
24
Afeganistão
A população do Afeganistão, país montanhoso e predominantemente árido, vive precariamente. Segundo o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em
1992, somente 2 dos 173 países analisados pelo programa
apresentavam Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH)
inferior ao do Afeganistão eram eles: Serra Leoa e Níger,
todos localizados no con nente africano.
O país está em guerra civil desde 1978, tendo sido ocupado pela ex nta União Sovié ca de 1979 a 1989, que nha
pretensões de incorporá-lo. Os conflitos não cessaram com
a saída dos sovié cos, pois as diversas facções muçulmanas
lutam entre si pelo poder.
Para evitar o avanço do comunismo sobre os países
então chamados de “terceiro-mundo”, os Estados Unidos
financiaram grupos guerrilheiros, como os Talibãs.
Uma das tá cas mais polêmicas dos EUA durante a Guerra Fria foi o apoio a grupos an comunistas, independentemente de sua orientação, retrógrada ou agressiva, visando ao
enfraquecimento da União Sovié ca. Os talibãs, os contras na
Nicarágua, as guerrilhas de direita em Angola e Moçambique
foram algumas das forças insurgentes patrocinadas, definidas
como “defensoras da liberdade”. O idealizador dessa postura
foi o Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos
durante o governo de Jimmy Carter, o polonês Zbigniew
Brzezinski, que durante a campanha eleitoral de 2008 foi
um dos conselheiros do atual presidente democrata Barack
Obama. No caso do Oriente Médio, Brzezinski o definia como
“Arco das Crises”, estratégico por suas reservas de petróleo.
Na época do governo Carter (1977-1981), no Afeganistão dos Talibãs, Bin Laden foi aliado dos EUA para, depois,
tornar-se seu principal inimigo, responsável pelos atentados
de 11 de setembro, à frente da Al-Qaeda. Na administração
Reagan (1981-1989), essa polí ca gerou o escândalo Irã-Contras. Inicialmente, o plano era patrocinar forças iranianas moderadas contra Khomeini, mas o projeto fracassou e
foi redirecionado à obtenção de recursos financeiros para
ajudar os “contras” nicaraguenses, que lutavam contra o
presidente socialista Daniel Ortega. Negados pelo Congresso,
os recursos para arcar com essas polí cas saíram da venda
secreta e ilegal de armas ao Irã, em guerra com o Iraque (a
quem os EUA igualmente repassavam armamentos). Ou seja,
na guerra Irã-Iraque (1980-1988) os EUA forneciam armas
tanto para o Iraque como também para o Irã. Membros da
equipe de Reagan foram denunciados e condenados, mas, na
administração seguinte, de George W. Bush (vice de Reagan
na época), receberam perdão presidencial.
Em setembro de 1996, os Talibãs ascenderam ao poder
e direcionaram suas ações visando à implantação de um
Estado islâmico.
Em 2002, o país foi surpreendido com a ofensiva anglo-americana que já resultou na morte de mais de 2.000 soldados. Após 9 anos de combates o presidente norte americano,
Barack Obama, prometeu em um anúncio realizado dia 31 de
agosto de 2010 que a re rada das tropas norte americanas
do território afegão está marcada para julho de 2011.
A Questão Árabe-Israelense
Os conflitos entre árabes e israelenses remontam a
formação do Estado de Israel, em 1947. Durante o século
XIX, na medida em que se intensificava a discriminação ao
povo judeu, na Europa, crescia o movimento sionista, ou
seja, o movimento polí co e religioso judaico que visava
o restabelecimento de um Estado judaico na Pales na, na
época sob controle do Império Turco-otomano.
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o território
pales no passou ao controle dos britânicos, que, a exemplo
dos turco-otomanos, se posicionaram contra a formação de
um Estado judaico no Oriente Médio. Isso gerou forte reação
judaica, inclusive com ação armada, por meio de organizações militares e atuação de grupos terroristas.
O Nazismo e a Crise na Europa esƟmulam a Migração
Judaica
Na Alemanha, Hitler capitalizou o descontentamento do
seu povo, humilhado pela derrota na Primeira Guerra e construiu uma monumental máquina bélica e militar. O ditador
unificou o país apontando claramente um inimigo, contra o
qual todos deveriam se unir. O judeu cosmopolita, segundo
ele, era responsável por tudo de mal que havia no mundo.
Hitler iniciou, assim, uma forte perseguição aos judeus a
par r dos anos 30.
Após a invasão de seu território em decorrência da
criação do Estado de Israel, a luta do povo pales no pela
formação de um lar nacional tem se arrastado, seja por
meio das organizações militares, como o Al Fatah, seja por
meio das organizações polí cas, como a Autoridade Nacional
Pales na (ANP), presidida por Mahmoud Abbas.
Em setembro de 1993, Israel e a OLP, depois de se reconhecerem mutuamente, fecharam um acordo histórico no
Oriente Médio. Por esse acordo, a ser subs tuído por outro
acordo global e duradouro, concedeu-se aos pales nos a autonomia administra va sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
A assinatura desse acordo provocou forte reação por
parte de radicais israelenses e pales nos, contrários ao que
foi estabelecido nas negociações. Os atentados se mul plicaram na região. Em novembro de 1995, o acordo de paz
sofreu o mais forte revés: Yitzhak Rabin foi assassinado por
um extremista israelense.
O seu subs tuto, Shimon Peres, mesmo enfrentando
grande reação interna, conseguiu dar andamento ao processo de paz na região. Em janeiro de 1996, foram realizadas
eleições no Estado da Pales na e Arafat foi eleito presidente
da Autoridade Pales na, com 88,1 % dos votos.
O acordo para a formação de um Estado Pales no autônomo deixou ainda muitas questões pendentes, tais como:
• a autonomia polí ca dos pales nos nos territórios
por eles ocupados é restrita à segurança policial e à
administração. Israel mantém o controle da defesa e
das relações exteriores;
• a cidade de Jerusalém, oficializada por Israel como sua
“capital eterna e indivisível”, é reivindicada pelos pales-
nos. A sede administra va provisória da Autoridade
Pales na é Jericó, mas sua capital é o setor oriental de
Jerusalém.
Em maio de 1996, Shimon Peres perdeu nas eleições
presidenciais para Binyamin Netanyahu, candidato do Par do
Conservador, por uma pequena margem de votos (0,9%).
Essa apertada vitória de Netanyahu mostrou que a opinião
pública israelense está bastante dividida quanto à possibilidade de reconhecimento de um Estado Nacional Pales no
inteiramente autônomo.
Jerusalém
Os cartógrafos medievais situavam Jerusalém no centro
do mundo e, para muita gente, a Cidade Velha con nua a
ser assim considerada. Para os Judeus, o Muro das Lamentações, parte do Segundo Templo, é o local mais sagrado de
todos. Acima dele está o Domo da Rocha, o terceiro local
mais importante no islamismo, de onde Maomé subiu aos
céus. A poucos quarteirões dali, a Igreja do Santo Sepulcro
assinala o local tradicional da crucificação, do enterro e da
ressurreição de Jesus. Israel reivindica a cidade como sua
capital eterna; já os pales nos a querem como capital de
seu Estado.
Atualidades
Na madrugada de 31 de maio, um comando militar
israelense tomou de assalto, em águas internacionais, uma
flo lha turca que tentava romper o bloqueio marí mo de
Israel e levar ajuda humanitária ao território pales no da
Faixa de Gaza. Na maior embarcação, Mavi Marmara, na qual
havia cerca de 600 integrantes do movimento “Gaza Livre”,
as tropas israelenses entraram em conflito com os a vistas,
matando nove a ros e ferindo mais de 30 pessoas.
Após o violento incidente, os dois lados, munidos de
câmeras filmadoras, travaram uma guerra de imagens, mostrando videoclipes que comprovam, cada qual, a sua versão
dos fatos. Enquanto os a vistas afirmam que os soldados
israelenses invadiram o navio a rando para todos os lados,
Israel garante que suas tropas agiram em legí ma defesa
depois de terem sido atacadas com facas, tacos e barras de
ferro por parte dos ocupantes dos barcos.
Apesar da disputa em torno de quem atacou primeiro,
o episódio deflagrou uma onda mundial de reprovação à ação
de Israel, aumentando o isolamento internacional do país.
A impressão que ficou para espectadores ao redor do globo
é a de que Israel usou violência excessiva, demonstrando,
mais uma vez, que prefere recorrer à força indiscriminada,
em vez da diplomacia, no trato com os pales nos e com
quem os apoia. O ataque à flo lha humanitária é o episódio
mais recente de algo que vem de longe: o complicado conflito entre israelenses e pales nos, povo que luta há muito
tempo pela criação de um Estado próprio.
Muro da Cisjordânia
O impasse no diálogo provocou um levante pales no
contra a ocupação, em 2000, a nova In fada, ou “Revolta das
Pedras”. Desde então, a situação não parou de se complicar.
Em Israel, o primeiro ministro Ariel Sharon (2001-2006) pra camente congelou as negociações de paz e ampliou o domínio sobre a Cisjordânia. Após lançar uma arrasadora ofensiva
militar contra cidades pales nas em 2002, Sharon ordenou a
construção de um muro de concreto ao redor da Cisjordânia
para separar as populações judaicas e árabes. A jus fica va
era impedir a entrada de terroristas em Israel, sobretudo na
cidade de Jerusalém onde vinham promovendo atentados.
Na prá ca, o muro segregou os territórios pales nos, limitou
a circulação de pessoas e mercadorias pela região e permi-
ATUALIDADES
Uma das consequências desse novo período da história
foi a intensificação da migração judaica para todas as partes
do planeta, mas principalmente para a Pales na. Em pouco
tempo, triplicou o número de judeus na região, de 10 para
30% da população. A instalação dos novos imigrantes não foi
tranquila. Os confrontos com a população árabe, majoritária,
tornaram-se cada vez mais frequentes.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Reino
Unido, debilitado, acabou perdendo o controle polí co da
Pales na. A par r daí, a questão da formação de um Estado
judaico em terras pales nas passou a ser responsabilidade
da ONU, que, em 29 de novembro de 1947, aprovou um
plano de par lha do território pales no em dois Estados:
um árabe e outro judeu. Em maio de 1948, foi fundado o
Estado de Israel.
Esse plano de par lha, porém, nunca foi aceito pelos árabes, visto que ignorava uma série de regiões historicamente
árabes, o que provocou alguns conflitos regionais:
• Guerra de 1948: de forma desorganizada, os árabes
atacaram Israel. Derrotados, viram o Estado Árabe
da Pales na desaparecer, uma vez que seu território
passou a ser ocupado por Israel, Jordânia (que anexou
a Cisjordânia) e Egito (que anexou a Faixa de Gaza).
• Guerra dos Seis Dias (1967): Israel derrotou o Egito,
a Jordânia e a Síria, conquistando estratégicos domínios a esses países, como a Península do Sinai e
a Faixa de Gaza, ao Egito, as colinas de Golã à Síria,
a Cisjordânia à Jordânia, além de Jerusalém, anexada
integralmente a Israel, que a transformou em sua
capital oficial em 1980.
• Guerra do Perdão ou do Yom Kippur (1973): os árabes,
liderados pelo Egito, tentaram surpreender Israel com
um ataque programado num feriado religioso. Pretendiam reconquistar os territórios ocupados em 1967,
mas sofreram nova derrota. Dos territórios ocupados,
somente a península do Sinai foi devolvida ao Egito,
em 1979.
25
u a Israel reafirmar o controle sobre áreas que deveriam
ser entregues aos pales nos pelos Acordos de Oslo.
Ao mesmo tempo, em 2005, Israel abandonou a Faixa
de Gaza. Além de ser menor e menos próspera do que a
Cisjordânia, ali os colonos judeus (8,5 mil) viviam em tensão
com a esmagadora maioria de pales nos (1,3 milhão). Após
a re rada, a ANP alertou para o risco de que a Faixa de Gaza
ficasse asfixiada pelo isolamento, pois Israel ainda controlava
a fronteira. Os temores da ANP se confirmariam.
ATUALIDADES
Cisão entre PalesƟnos
As aspirações por um Estado pales no independente
sofreram outro revés com a divisão polí ca dos pales nos
em organizações hos s. Desde 2007, a facção islâmica Hamas
domina a Faixa de Gaza, ao passo que o grupo laico al Fatah,
que dirige a ANP, governa a Cisjordânia.
A ruptura ocorreu depois que o Hamas venceu as eleições
parlamentares pales nas, em 2006, conquistando o direito
de nomear o primeiro-ministro da ANP. A chegada iminente
do Hamas ao poder teve consequências, pois o grupo prega
a destruição de Israel para criar um Estado islâmico em toda
a Pales na. Israel, EUA e União Europeia não aceitaram o
resultado da eleição e reagiram com um boicote aos territórios pales nos – cortando a ajuda financeira e o repasse de
taxas e impostos – até que o Hamas reconhecesse o Estado
de Israel e renunciasse à luta armada.
Sob intensa pressão externa, o Hamas e o al Fatah entraram em conflito enquanto tentavam formar um governo.
Uma guerra aberta, em 2007, levou à expulsão do Fatah da
Faixa de Gaza. Na Cisjordânia, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, nomeou um novo governo, logo reconhecido
por Israel e pelas potências ocidentais.
Assim que o Hamas assumiu o poder na Faixa de Gaza,
Israel decretou o bloqueio do território. Passou a proibir a
circulação de bens e de pessoas para dentro e para fora da
Faixa de Gaza, por terra e por mar. Como o Egito também
fechou a fronteira, 1,3 milhão de pales nos ficaram presos
numa minúscula faixa de terra.
No fim de 2008, Israel atacou a Faixa de Gaza, afirmando
que foguetes haviam sido lançados do território contra vilas
israelenses próximas, causando prejuízos e deixando feridos.
Os bombardeios, seguidos de ataques terrestres, mataram
1,3 mil pales nos, em sua enorme maioria civis, homens,
mulheres e crianças, arrasando a infraestrutura local. A ação
de Israel foi condenada internacionalmente.
Cerca de um ano e quatro meses depois, acontece a
tragédia com a flo lha humanitária, que pretendia desembarcar em Gaza 10 mil toneladas de suprimentos, incluindo
material de construção e casas pré-fabricadas para famílias
que estão desabrigadas desde os bombardeios.
26
Turquia
O Conselho de Segurança da ONU reagiu ao ataque israelense condenando os “atos que levaram à perda de vidas”.
Mas a ONU e os Estados Unidos, os principais aliados de
Israel, adotaram a cautela. Evitaram culpar o Estado judeu
e pediram a abertura de uma inves gação.
A reação mais dura par u da Turquia, porque a frota do
Gaza Livre era patrocinada por uma organização de caridade
turca, a IHH (Fundo de Ajuda Humanitária), e a maioria dos
passageiros do Mavi Marmara, bem como os nove a vistas
mortos, nha nacionalidade turca. A Turquia fez pressão na
ONU por uma resolução mais dura contra Israel, caracterizou
a operação militar de “terrorismo de Estado” e re rou seu
embaixador do país. No auge da crise, o país fez ameaças
veladas de romper relações diplomá cas caso Israel não peça
desculpas formais, não aceite uma inves gação internacional
e não levante o bloqueio contra a Faixa de Gaza.
Dias depois do ataque, Israel rejeitou uma inves gação
internacional da ONU, com a par cipação de especialistas
da Turquia e de outros países. O governo criou a própria
comissão e, buscando aplacar crí cas externas, incluiu nela
dois representantes estrangeiros. O inquérito irá analisar
a legalidade do bloqueio marí mo e do ataque em águas
internacionais, além de inves gar os a vistas turcos.
A tensão com a Turquia é problemá ca para Israel, porque o país de maioria muçulmana, sempre foi um interlocutor (uma ponte) do Estado judeu junto ao mundo islâmico,
advogando em seu favor em momentos de crise. As relações
turco-israelenses vinham se deteriorando nos úl mos anos,
e a polí ca recente do governo turco, sob influência de movimentos islâmicos, contribuiu para isso. O ataque israelense à
flo lha humanitária desencadeou uma crise sem precedentes,
e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, adver u
que Israel corre o risco de perder o seu canal de diálogo no
Oriente Médio.
O incidente aumentou as pressões internacionais pelo
fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Israel isolou o território para
enfraquecer a autoridade do Hamas. Também alega que o
bloqueio é vital para sua segurança, ao impedir a entrada
de armamentos e militantes radicais islâmicos na Faixa de
Gaza. No entanto, após três anos de bloqueio, o Hamas
con nua no poder e a população de Gaza vive uma grave
crise humanitária.
Embora Israel permita o ingresso de 15 mil toneladas de
ajuda humanitária por semana, alimentos, medicamentos e
outros bens de primeira necessidade, a ONU afirma que essa
quan dade não é suficiente. Além disso, Israel volta e meia
proíbe a entrada de itens básicos, como roupas e sapatos.
Material de construção – cimento, ferro, vidro, madeira – está
na lista negra, sob a jus fica va de que pode ser usado para
fins militares. Como resultado, a reconstrução do território
está parada.
A população tornou-se refém do auxílio externo, pois a
economia está arruinada. Sem matéria-prima para fazer seus
produtos ou mercadorias para vender nas lojas, quase tudo
é barrado por Israel, o comércio legal e a indústria fecharam
as portas. Em 2008, 40% da população estava desempregada.
Em contraste, os mercados em Gaza estão cheios de produtos
contrabandeados do Egito por uma complexa rede de túneis.
O maior beneficiário das a vidades subterrâneas tem sido o
Hamas, que supervisionou as escavações dos túneis e a taxa
dos carregamentos que entram na Faixa de Gaza.
Dessa maneira, diferentemente do que esperava Israel,
o Hamas encontrou uma nova fonte de receita e controla a
economia de resistência que sobrevive. Ao sufocar a economia formal, Israel também alienou a parcela produ va
da sociedade pales na, em geral pró-Ocidente, que agora
conta com polí cas assistencialistas e está vulnerável ao
extremismo do Hamas. Por fim, o sofrimento da população
de Gaza transformou-se no símbolo do tratamento israelense
aos pales nos, prejudicando a imagem do país.
São esses os mo vos que levaram o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, a classificar o bloqueio de “contraproduvo, insustentável e errado”. Até mesmo os Estados Unidos,
que endossavam o bloqueio, por concordar com as razões de
segurança de Israel, também chamaram de “insustentável”
a situação na Faixa de Gaza. Logo após o ataque à flo lha,
o Egito abriu sua fronteira com Gaza. Atendendo às pressões e reconhecendo a falência de sua polí ca para a Faixa
de Gaza, Israel anunciou no fim de junho que irá relaxar o
bloqueio terrestre ao território.
Na Cisjordânia, há um impasse nas negociações de paz
com Israel desde que o presidente da ANP, Mahmoud Abbas,
interrompeu o diálogo, no fim de 2008, em protesto contra o
ataque militar de Israel à Faixa de Gaza. A troca de governo
Chechênia
Como outras regiões da Federação Russa, a Chechênia,
república de maioria muçulmana situada no Cáucaso, enfrenta um conflito entre seus habitantes por mo vos históricos.
Durante o regime de Josef Stálin (1924-1953), milhares
de chechenos foram deportados para outras regiões da
URSS. Ao mesmo tempo, Stálin colonizou a região com imigrantes russos, dando-lhes as casas e os bens dos legí mos
moradores. Com a volta dos chechenos, uma década depois,
criou-se uma disputa que ainda alimenta os atuais conflitos.
Após o fim da União Sovié ca, a Chechênia declara
independência em 1991. As hos lidades aumentam em
1994, quando tropas russas invadem o território e acabam
derrotadas. Cerca de 100 mil pessoas morrem nos combates.
Um acordo de paz em 1996 suspende a guerra, mas não
soluciona a disputa.
Conflitos na Chechênia
Guerrilheiros chechenos invadem, em agosto de 1999,
a república russa do Daguestão, também de maioria muçulmana, para criar um Estado islâmico. Em setembro, atentados
a bomba em Moscou e em outras cidades russas matam cerca
de 300 pessoas. No fim de 1999, as tropas russas ocupam
novamente a Chechênia e, em fevereiro de 2000, tomam
a capital, Grozny. Nos três anos seguintes, os separa stas
impõem pesadas baixas às tropas federais e ao governo
checheno pró-russo. Ocorrem ações terroristas em diversos
pontos da federação. Ao mesmo tempo, en dades pró-direitos humanos denunciam massacres, estupros e torturas
come dos por militares russos contra civis na Chechênia.
Em março de 2003, o governo russo realiza um referendo
na Chechênia sobre a nova Cons tuição local, que estabelece subordinação a Moscou. A lei é aprovada por 96% dos
votantes, mas o referendo é condenado internacionalmente
como an democrá co. Numa eleição também cri cada, em
outubro, o candidato do governo russo, Akhmad Kadyrov,
é eleito presidente da Chechênia com 81% dos votos. Seu
governo é marcado pela dura repressão aos movimentos
separa stas. Em maio de 2004, Kadyrov é assassinado em
consequência de um atentado a bomba.
Em 2009, o governo de Moscou encerrou as operações
militares e suspendeu as restrições econômicas à Chechênia.
A população comemorou a decisão em Grozny, local que
a ONU considerou, em 2004, a cidade mais destruída do
mundo. O atual presidente checheno é, na prá ca, o braço
de Moscou na região.
Em março de 2010, rebeldes chechenos assumem a
autoria de dois ataques suicidas simultâneos no metrô de
Moscou, que mataram dezenas de pessoas. O atentado
foi realizado por mulheres bombas. Além dos chechenos,
o atentado envolveu guerrilheiros do Daguestão, território
vizinho da Chechênia, no qual também existem movimentos pela independência. Há suspeita de que os grupos que
aderem ao fundamentalismo islâmico sejam ligados à rede
terrorista Al Qaeda, dirigida por Osama bin Laden.
Sequestros
Durante a apresentação de um espetáculo musical alemão, 42 militantes chechenos armados ocuparam o teatro
lotado, anunciando pertencer ao movimento separa sta
da Chechênia, e tomaram as 850 pessoas presentes como
reféns. Em troca da libertação dessas pessoas, exigiram a
re rada das forças russas da Chechênia, bem como o fim
da Segunda Guerra da Chechênia. Oficialmente, a ação foi
liderada por Movsar Barayev, de 23 anos.
Depois de mais de dois dias de ocupação do teatro,
as forças especiais russas bombearam um gás tóxico desconhecido por meio do sistema de ven lação do edi cio e
começaram a invasão. Oficialmente, 39 dos sequestradores
foram mortos pelas forças russas, além de pelo menos 129
reféns (incluindo nove estrangeiros), sendo que algumas
es ma vas referem-se a mais de 200.
Quase todos os reféns que morreram durante a ocupação
foram mortos pela substância tóxica bombeada para dentro
do teatro. Poucos morreram em consequência de ferimentos
por arma de fogo. O uso do gás foi amplamente condenado.
Os médicos de Moscou também condenaram o segredo acerca da natureza da substância, pois, se ela fosse conhecida,
eles poderiam administrar um an doto específico e salvar
mais vidas. Vários reféns morreram a caminho do hospital
ou logo que chegaram.
Em setembro de 2004 teve início uma ação promovida
pelo comando terrorista checheno, que armados fizeram
mais de 1.200 reféns entre crianças e adultos, na Escola
Número 1, da cidade russa de Beslan, na Ossé a do Norte.
Os terroristas chechenos colocaram explosivos no prédio
da escola e man veram os reféns sob a mira de armas por
três dias, até que as forças de segurança russas entraram
na escola e atacaram os sequestradores, que detonaram
explosivos e a raram nos reféns. O resultado foi a morte de
344 civis, sendo 186 deles crianças e centenas de feridos.
O grupo terrorista liderado por Shamil Bassaiev, denominado “Brigada chechena de reconhecimento e sabotagem”
ligado aos separa stas chechenos, assumiu a responsabilidade pelo atentado terrorista à escola.
ATUALIDADES
em Israel, em março 2009, complicou a situação. Meses após
tomar posse como primeiro-ministro, o direi sta Benyamin
Netanyahu anunciou seu apoio a um Estado pales no desmilitarizado e que seja controlado por Israel na faixa de fronteira
com a Jordânia, proposta inaceitável para os pales nos.
Netanyahu também aprovou a construção de novas moradias em colônias da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental,
reforçando seu controle e ampliando a população israelense
em áreas dos territórios pales nos. Com essa medida, abriu
uma crise com seu principal aliado, os Estados Unidos, que
lideram os esforços para reavivar o processo de paz na região.
Abbas reagiu condicionando a retomada de qualquer diálogo ao congelamento na ampliação das colônias israelenses
nos territórios pales nos. A expansão dos assentamentos na
Cisjordânia contraria leis internacionais e os acordos de paz,
mas vem sendo pra cada por sucessivos governos em Israel,
em geral sob a alegação de atender ao crescimento natural
dessas comunidades.
Em clima de pessimismo, começaram, em maio de 2010,
as “negociações de proximidade”, patrocinadas pelo governo
norte-americano. Nelas, um enviado norte-americano faz
reuniões separadas com Abbas e Netanyahu, recebendo
propostas dos dois lados com relação às questões que entravam um acordo final, como as fronteiras, Jerusalém e os
refugiados.
Encaradas por muitos como retrocesso após quase
duas décadas de conversações diretas, as “negociações de
proximidade” foram inicialmente adiadas por causa de uma
decisão inesperada, de Netanyahu, de aprovar a construção
de novas casas em Jerusalém Oriental. Em meio ao impasse,
elas começaram, mas logo foram abaladas pelo ataque israelense à flo lha humanitária pró-pales na. Dias depois, numa
declaração carregada de ce cismo, Abbas afirmou que a falta
de progresso nas negociações está “começando a erodir” a
crença de que é possível uma solução de dois Estados (um
judeu e um pales no). Apesar das recentes negociações
entre o líder da ANP, Mahmoud Abbas e o primeiro-ministro
de Israel, Benyamin Netanyahu, o grupo extremista Hamás
diz não reconhecer as negociações e nem mesmo a criação
de um Estado Pales no em áreas parciais da Pales na.
27
FARC
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)
são abaladas em 2008 pela morte de três dos sete membros
de seu secretariado (Manuel Marulanda, Raúl Reyes e Iván
Rios) em ação do Exército colombiano. Isso debilita ainda
mais o grupo, que perdeu muito de sua capacidade de luta
nos úl mos anos.
Considerada a maior e mais an ga guerrilha da América
do Sul, as Farc, uma organização de inspiração comunista,
surgiram depois que o governo colombiano, no dia 27 de
maio de 1964, autorizou o envio de soldados para o povoado de Marquetalia para reprimir 48 camponeses que
reivindicavam um pedaço de terra para plantar. Quando
perceberam a ação militar, os camponeses fugiram para as
selvas e montanhas e criaram o núcleo que, anos mais tarde,
ganharia milhares de adeptos.
Na década de 1980, as Farc passaram a financiar suas
a vidades basicamente por meio da exploração do narcotráfico. Embora mantenham a fraseologia de esquerda, muitos
observadores consideram que sua principal a vidade se
relaciona com a busca de recursos com a venda de cocaína.
Com o governo Álvaro Uribe (2002-2010), as ações do
exército colombiano contra a guerrilha passaram a ser mais
incisivas.
Por meio do Plano Colômbia, que dispõe de recursos
norte-americanos, o exército empurrou o grupo para
regiões despovoadas perto das fronteiras com os países
vizinhos. As Farc afirmam ter 18 mil guerrilheiros em 2008,
mas es ma-se que o número real fique entre 8 mil e 9 mil.
Pesquisas de opinião indicam que os métodos da guerrilha
provocam ampla rejeição entre a população.
Entre os paramilitares de extrema direita, que surgiram
para combater as guerrilhas esquerdistas, o grupo mais importante é a milícia Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC).
Há denúncias de vinculação de seus integrantes a polí cos
da base de apoio do presidente Álvaro Uribe. A organização que afirmava reunir 30 mil combatentes é oficialmente
desmobilizada em 2006, como resultado das negociações de
paz com o governo. Analistas afirmam, contudo, que parte
dos milicianos não entregou as armas e con nua pra cando
violência.
ATUALIDADES
Sequestros
As Farc adotaram nas úl mas três décadas o sequestro
como a principal estratégia para suas reivindicações. Em
março de 2008, cerca de 700 reféns – entre os quais 44
polí cos – estavam em poder do grupo, alguns deles com
mais de dez anos de ca veiro.
A intenção da guerrilha é trocar os reféns polí cos por
cerca de 500 integrantes, que estão presos em Bogotá, a capital colombiana. Para garan r a execução de suas ações,
as Farc contam com um poderoso “exército”, são pelo menos
17 mil combatentes bem treinados, que se movimentam pelo
interior da Colômbia.
28
Organização Terrorista
Para financiar todo esse aparato, as Farc recorrem às
extorsões, venda de proteção aos plantadores de coca e à
cobrança de impostos sobre o narcotráfico. Os guerrilheiros são implacáveis com os seus reféns, quase todos estão
amarrados por correntes e somente podem tomar banhos
em rios, em horários determinados. Também pesam contra
as Farc acusações que a guerrilha recruta crianças para usá-las na luta contra o governo.
A União Europeia, os Estados Unidos e a ONU consideram
as Farc como uma organização terrorista, por suas ações contra o governo e civis e a prá ca do sequestro, e pressionam as
autoridades colombianas para não dar trégua ao movimento.
Posição Brasileira
No úl mo dia 9, em Santa Marta, na Colômbia, Santos e
Chávez fecharam acordo, encerrando o impasse que envolvia
colombianos e venezuelanos há cerca de três semanas. No
dia 22 de julho, as relações diplomá cas entre a Colômbia e a
Venezuela foram rompidas depois que o governo colombiano
denunciou à OEA (Organização dos Estados Americanos) que
os venezuelanos abrigavam e financiavam guerrilheiros das
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do
Exército da Libertação Nacional (ELN).
O Brasil apoia o governo da Colômbia no combate à
guerrilha. Em meio à crise diplomá ca envolvendo a Colômbia e a Venezuela, o ministro das Relações Exteriores do
Brasil, Celso Amorim, afirmou, no Senado, que o Brasil não
é favorável a um diálogo polí co com os dirigentes das Farc
e impôs, como condição para uma eventual negociação, que
a guerrilha libertasse todos os sequestrados.
Caxemira
Situada na cordilheira do Himalaia, a Caxemira é o pivô
de uma disputa envolvendo a Índia e o Paquistão desde a
independência. A primeira guerra, iniciada em 1947, termina
no ano seguinte, com a divisão da região: cerca de um terço
fica como Paquistão (Azad Caxemira e Territórios do Norte)
e o restante, com a Índia (Jammu e Caxemira). O Paquistão
quer que a população local, de maioria muçulmana, decida
a qual dos países prefere integrar-se. A Organização das Nações Unidas (ONU) propõe um plebiscito entre os habitantes
da Caxemira que determine qual dos dois países exercerá
a soberania sobre o território. Em 1972, Índia e Paquistão
concordam em resolver suas diferenças sobre a Caxemira
por meios pacíficos, mas, na prá ca, o conflito prossegue.
Corrida Nuclear
Grupos muçulmanos na Caxemira indiana reivindicam
a independência da região ou anexação ao Paquistão, em
1989. A Índia acusa o governo paquistanês de apoiar os
separa stas. Pelo menos 38 mil pessoas morrem no conflito
e a fronteira é militarizada. Desencadeia-se uma corrida
nuclear entre os dois países, que a nge seu auge em 1998,
quando a Índia testa cinco bombas nucleares e o Paquistão,
a seguir, explode seis artefatos semelhantes. Os dois vizinhos
chegam à beira da guerra em maio de 1999, quando tropas
paquistanesas, ao lado dos rebeldes, invadem posições em
território indiano. No mês seguinte, forças indianas rechaçam
os ocupantes, o que resulta em 1,2 mil mortes.
Conversações entre os dirigentes dos dois países, em
2001, na cidade indiana de Agra, terminam em impasse.
Enquanto o Paquistão exige um plebiscito para definir o
futuro da região, a Índia reafirma que ele não é necessário,
uma vez que a Caxemira realiza periodicamente eleições
democrá cas.
Atentados
A repercussão mundial dos atentados de 11 de setembro
de 2001, nos Estados Unidos, intensifica as ações terroristas
na região, inspiradas nos métodos ousados da Al Qaeda. Em
dezembro de 2001, comandos suicidas investem contra o
Parlamento indiano. Catorze pessoas morrem. A Índia culpa
dois grupos separa stas.
Negociação
As relações diplomá cas são restabelecidas em maio
de 2003. Inicia-se o cessar-fogo. Em outubro de 2005 um
terremoto de 7,6 graus na escala Richter deixa 80 mil mortos na Caxemira paquistanesa. A Índia oferece ajuda e a
fronteira entre os países é aberta para o socorro às ví mas
do terremoto.
Tibet
Localizado no centro-leste da Ásia, oTibete é uma região
de tradição budista. A prá ca religiosa, aliada à submissão à
autoridade suprema do Dalai-Lama, marca a história do povo
betano, representado por cerca de 5,4 milhões de pessoas.
A ocupação chinesa, ocorrida em 1950, nunca foi aceita pela
população. Em 1959, a repressão chinesa a uma rebelião
liderada por monges budistas obriga ao exílio 100 mil betanos, inclusive seu líder espiritual, o 14º Dalai-Lama,Tenzin
Gyatso, que se refugia em Dharamsala, no norte da Índia.
A causa do Tibete ganha força no Ocidente após a concessão
do Prêmio Nobel da Paz a Gyatso, em 1989.
Opressão
Nas primeiras décadas da ocupação, o governo comunista destrói monastérios e procura suprimir a iden dade e
a religião do povo betano. Uma das medidas é incorporar
a porção leste a províncias chinesas, rompendo a unidade
polí co-territorial. Outra medida é es mular a emigração de
chineses han para o Tibete, de forma a diluir a cultura local.
Hoje, apoiado pelo crescimento econômico do país, o governo chinês procura legi mar sua presença com expressivos
inves mentos na região. Um deles é a mais alta ferrovia do
mundo, que liga a cidade chinesa de Golmud, em Oin Ghai, até
Lhasa, a capital betana. Inaugurada em 2006, a ferrovia possui pontos em que os trens circulam a 5 mil metros de al tude.
Protestos e Repressão
A reprovação internacional não impede a China de
manter-se irredu vel diante da reivindicação de autonomia
para a região. A questão do Tibete é amplamente exposta em
2008, por ocasião dos Jogos Olímpicos de Pequim. Em março,
monges budistas iniciam os protestos no próprio Tibete, para
marcar o 49º aniversário da revolta de 1959. A polícia reage
com força e o número de ví mas é controverso: entre 20,
segundo registro oficial, e 200, de acordo com a oposição
betana. Em várias partes do globo, o percurso da tocha
olímpica é também acompanhado de manifestações de
repúdio à ocupação do Tibete, que se repetem em agosto,
durante a cerimônia de abertura dos Jogos.
Encontros Históricos
Em novembro de 2008, os principais líderes betanos no
exílio encontram-se em Dharamsala, na Índia, na mais abrangente reunião para discu r o futuro da região. A maioria dos
600 delegados endossa a posição de Gyatso, que defende a
luta por maior autonomia para a província e pela preservação de sua cultura, derrotando correntes que reivindicam
a independência do Tibete. O governo chinês se antecipa e
reafirma que a China não fará nenhuma concessão sobre a
autonomia do território.
Já em fevereiro de 2010, o Dalai-Lama, líder espiritual do
Tibete que vive no exílio, disse que conversou com o presi-
dente dos EUA, Barack Obama, sobre a promoção da paz,
dos valores humanos e sobre a harmonia religiosa.
A Casa Branca, por sua vez, afirmou que os líderes falaram
sobre a importância de um diálogo coopera vo entre EUA e
China sobre a questão do Tibete. Obama também prometeu
apoio para preservar a iden dade do Tibete e os direitos
humanos na região.
O encontro do Dalai-Lama com Obama, que irritou o
governo da China, ocorreu de maneira discreta e longe da
presença da imprensa.
Pequim protestou contra o encontro. O governo chinês acusa o líder espiritual de querer a independência da
região do Tibete. O Dalai-Lama argumenta que pede apenas
mais autonomia para a província.
ETA
Em 2007, a organização separa sta Pátria Basca e Liberdade (ETA – Euskadi ta Askatasuna) suspende o cessar-fogo
anunciado no ano anterior.O grupo alega falta de espaço
polí co e acusa o governo espanhol de deter e torturar
militantes bascos.
História
Encravada entre o norte da Espanha e o sudoeste da
França, a região basca tem uma cultura própria, sobretudo
pela língua, o euskara, e sustenta um movimento nacionalista
desde fins do século XIX. A campanha pela independência
cresce com a fundação do ETA, em 1959, em plena ditadura
de Francisco Franco (1939-1975). Em 1968, o grupo inicia a
luta armada, e desde então lhe são atribuídos cerca de 850
assassinatos. Com a Cons tuição espanhola de 1978, o País
Basco conquista alto grau de autonomia, e a maior parte do
movimento depõe armas, criando par dos legais. Alguns
remanescentes do ETA, porém, decidem con nuar a luta
pela independência completa.
Terror
Na década de 1990, a prisão de diversos dirigentes do
movimento e a acirrada reprovação popular, campanha de
atentados promovida pelo ETA, levam o grupo ao maior
isolamento de sua história. Em 2000, depois de uma série
de assassinatos de autoridades, mais de 1 milhão de pessoas saem às ruas de Barcelona para protestar contra o ETA.
O governo reage prendendo mais de 100 supostos “etarras”
como são conhecidos os a vistas do grupo. O repúdio ao
terrorismo se manifesta na eleição legisla va local de 2001.
À frente do governo regional desde a democratização,
o moderado Par do Nacionalista Basco (PNV) obtém a maior
representação no Parlamento do País Basco: 33 deputados de
um total de 75. Já o radical Euskal Herritarrok – que depois
se integraria ao par do Batasuna (unidade, braço polí co do
ETA) – recua de 14 para sete assentos. Em 2002, o Batasuna
é considerado ilegal.
Negociação
Em maio de 2005, o Parlamento espanhol autoriza o
primeiro-ministro José Luís Zapatero a negociar com o ETA
caso a organização se desarme. O grupo anuncia, no mês
seguinte, o encerramento de suas “ações armadas” contra
os eleitos dos par dos polí cos da Espanha. O governo
considera a medida insuficiente. Mais de 200 mil saem as
ruas da capital em junho manifestando-se contra a abertura
de conversação oficial com os terroristas. Em 2005, o ETA
comete cinco grandes atentados com carros-bomba.
Fim da Trégua
Em março de 2006, o ETA declara cessar-fogo permanente, o que leva Zapatero a anunciar, em junho, o início das
ATUALIDADES
Protestos e choques entre a polícia indiana e grupos separa stas causam mais de uma centena de mortes na região
nos úl mos anos. A diplomacia dos dois países, no entanto,
afirma buscar uma solução negociada para o conflito. Em
outubro de 2008, são abertas rotas para o comércio entre
as duas partes da Caxemira, após 61 anos de interrupção.
Para marcar a retomada da a vidade, dois comboios de caminhões partem ao mesmo tempo de cada um dos países e
atravessam a fronteira carregados de mercadorias.
Em novembro, tem início o processo eleitoral na Caxemira indiana, com término previsto para o fim de dezembro.
Vários líderes de grupos separa stas que pregam o boicote
ao pleito são presos nos dias que antecedem a votação e
mais de 15 mil soldados são enviados à região para garan r
a realização das eleições.
29
negociações com o grupo, mas sem previsão de autonomia
para a região. Um carro-bomba é detonado no aeroporto de
Madri, em dezembro, matando duas pessoas, e o governo
interrompe as conversas. Em junho de 2007,o ETA declara o
fim da trégua. O líder do Batasuna, Arnaldo Otegi, é preso
e condenado a 15 meses de prisão, além de ter os direitos
polí cos cassados. Em agosto, o ETA detona um carro-bomba
no País Basco, deixando dois feridos. Em outubro, o governo autônomo basco anuncia a realização, em 2008, de um
referendo sobre o futuro da região. Dias depois, o governo
espanhol barra a votação. Ainda em outubro, 23 integrantes
do Batasuna são presos no País Basco, provocando protestos
violentos de milhares de pessoas na região. Em julho de
2008, o ETA detona cinco carros-bomba no norte da Espanha, quatro deles em regiões turís cas. Outro carro-bomba
é detonado em outubro na Universidade de Navarra, em
Pamplona, ferindo 17 pessoas. Em novembro, o chefe militar
do ETA, Mikel Garikoitz Aspiazu, é preso na França.
O ETA anunciou um novo cessar-fogo em setembro de
2010, mas a inicia va não atraiu a simpa a do governo e dos
par dos de oposição, uma vez que o grupo armado, rompeu
várias tréguas no passado. Alguns analistas afirmam que o
Batasuna quer voltar a par cipar do processo polí co legal
com a proximidade das eleições municipais, em 2011.
ATUALIDADES
Kosovo
O Parlamento da província sérvia de Kosovo aprovou
em 17 de fevereiro de 2008 uma declaração unilateral de
independência. No documento, Kosovo apresenta-se como
país soberano, separado da Sérvia, e afirma a intenção de
vincular-se à União Europeia (UE). Essa posição é reconhecida
rapidamente pelos Estados Unidos (EUA) – cujo governo foi
o principal incen vador da independência – e pela maioria
dos países da UE. Enfrenta, no entanto, a forte oposição
da própria Sérvia e de sua tradicional aliada, a Federação
Russa e Espanha.
Até outubro de 2008, pouco menos de 50 países reconhecem Kosovo como nação independente. A UE como bloco
não toma posição a respeito, deixando a decisão a cargo de
cada país. Espanha e Chipre, por exemplo, opõem-se ao reconhecimento. O governo brasileiro afirma que só reconhecerá
Kosovo quando houver decisão da ONU nesse sen do. Essa
definição, contudo, é di cil, já que a Federação Russa, como
membro permanente do Conselho de Segurança da ONU,
tem poder de veto sobre as resoluções do organismo.
30
Antecedentes
Até a declaração de independência, Kosovo, que tem
como capital a cidade de Pris na, permanecia formalmente
como província da Sérvia. Na prá ca, era um protetorado
internacional desde 1999, quando tropas da Organização
doTratado do Atlán co Norte (Otan) bombardearam a região
e obrigaram à rendição das tropas sérvias que dominavam
o território. Uma força de paz estrangeira, a Kfor, assumiu
então o controle militar do território. A administração da
província passou a ser feita por uma missão da ONU, a Unmik.
Da população de 2 milhões de habitantes do território,
90% são albaneses. Depois da ocupação pelas tropas internacionais, mais de 800 mil refugiados albaneses retornaram
para Kosovo. Em sen do oposto, cerca de 200 mil sérvios
abandonaram a província desde então, temendo a violência
étnica por parte dos albaneses.
Em 2000, o grupo guerrilheiro Exército de Libertação de
Kosovo (ELK), que lutara contra os sérvios, torna-se força de
defesa civil e cria um braço polí co, o Par do Democrá co
de Kosovo (PDK). Um governo provisório é ins tuído, com
Parlamento, presidente e primeiro-ministro subme dos ao
controle internacional. Em 2004, o clima de tensão aumenta
quando 30 pessoas são assassinadas na cidade de Mitrovica,
no norte de Kosovo, onde se concentra a minoria sérvia.
É o pior conflito entre albaneses étnicos e sérvios na região
desde 1999.
Em todos esses anos, mantém-se um impasse. Os albaneses da região batem-se pela independência, enquanto os
sérvios concordam apenas com a concessão de maior autonomia. A ONU estabelece uma série de determinações que
devem ser cumpridas por Kosovo – incluindo a preservação
do direito das minorias – para iniciar as discussões sobre o
futuro polí co da região. Em 2005, Mar Ah saari, ex-presidente da Finlãndia, é enviado a Kosovo como representante
da ONU. Em relatório de março de 2007, Ah saari defende a
independência da província “sob supervisão internacional”.
O presidente norte-americano, George W. Bush, pronuncia-se
pela imediata independência, mas a Federação Russa rejeita
essa decisão. Em setembro e outubro, o presidente sérvio,
Boris Tadic, reúne-se com lideres kosovares e oferece ampla
autonomia à província, mas não há acordo.
O PDK é o vencedor das eleições legisla vas regionais
de novembro, que registram alto índice de abstenção (cerca
de 43% do eleitorado). O PDK e a Liga Democrá ca de Kosovo (LDK) formam coalizão para governar o território. Em
janeiro de 2008, o Parlamento kosovar elege Hashim Thaci
(PDK) novo primeiro-ministro e reelege Fatmir Sejdiu (LDK)
presidente. No mês seguinte, os parlamentares aprovam
por unanimidade a declaração de independência proposta
por Thaci. Milhares de kosovares saem às ruas para comemorar, enquanto na capital sérvia, Belgrado, manifestantes
contrários à separação de Kosovo protestam e depredam a
embaixada dos EUA.
Um dos grandes problemas a enfrentar é a fragilidade da
economia local. Dados oficiais apresentados pelo governo
kosovar em julho de 2008 indicam elevadas taxas de desemprego (45% da população economicamente a va) e de
pobreza (37% dos habitantes). Analistas chamam atenção
também para o alto grau de corrupção nos meios oficiais
e para a existência de vínculos com o crime organizado e o
narcotráfico.
Em setembro de 2010, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou por aclamação uma
resolução que “reconhece” decisão da Corte Internacional de
Jus ça (CIJ) segundo a qual a declaração de independência
de Kosovo é legal. A Sérvia, da qual Kosovo se separou em
fevereiro de 2008, havia proposto uma resolução em que
alegava que “a secessão unilateral não é uma forma de emancipação nem de solução para disputas territoriais”. Porém,
os termos foram rejeitados por Estados Unidos e países da
União Europeia (UE), que reconheceram a independência.
A resolução adotada foi resultado de um acordo firmado pelos 27 membros da UE junto à Sérvia e adotada por
aclamação depois de um debate de duas horas e meia sobre
onde Kosovo deveria estar representado na Assembleia
Geral da ONU.
Sendo assim, a Sérvia aceitou uma resolução da ONU sobre Kosovo que reconhece a independência autoproclamada
da ex-província como legal.
Curdos
Os curdos são uma minoria é ca, nem tão pequena, 26
milhões de pessoas, que vivem sem ter um Estado nacional, nas fronteiras da Turquia, do Iraque, da Síria e do Irã e
também numa pequena parte da Armênia e do Azerbaijão.
Os curdos que desfrutavam rela va autonomia até o século
XVII lutam pela criação do seu próprio Estado, o Curdistão
(casa do curdo). Até o começo do século XX eles viviam sob o
Agrotóxicos e Alimentos Transgênicos
O uso de agrotóxicos e fer lizantes já é a segunda causa
de contaminação da água no Brasil. Só perde para o despejo
de esgoto domés co.
O Brasil consumiu em 2005, 365,5 mil toneladas de agrotóxicos, movimentando US$ 4 bilhões de dólares, segundo
dados do Sindag (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos
para Defesa Agrícola).
Ao comprar uma maçã, por exemplo, é impossível detectar o banho de dezenas de pes cidas que ela recebeu.
A intensa u lização de produtos químicos na produção de
alimentos afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas.
Os agrotóxicos podem promover a intoxicação progressiva
dos consumidores e afetar a saúde de trabalhadores do
campo que muitas vezes não estão preparados para lidar
com esses agentes tóxicos.
Os Transgênicos
Os transgênicos são organismos gene camente modificados em laboratório que veram genes estranhos, de
qualquer outro ser vivo (vegetal ou animal), inseridos em
seu código gené co visando a obtenção de caracterís cas
específicas. Por exemplo: uma semente é modificada para ter
tolerância (resistência) a um herbicida. Então a empresa de
biotecnologia vende a semente patenteada (cobra royalƟes
do agricultor) e vende o agrotóxico também.
As Plantas Transgênicas e o Debate Ambiental
A engenharia genética aplicada à criação de plantas
transgênicas insere, defini vamente, a agropecuária no ciclo
de inovação da revolução tecnocien fica. As empresas de biotecnologia criaram inúmeras novas variedades de soja, milho,
algodão, batata, tomate e outras plantas. Há dois pos mais
difundidos de OGM (organismos gene camente modificados),
ambos gerados pela introdução de um gene de bactéria: o
primeiro apresenta resistência a determinados insetos; o segundo apresenta maior tolerância a determinados herbicidas,
comercializados pelas mesmas empresas que fornecem as
sementes transgênicas. Além desses, há variedades capazes de
exterminar ervas daninhas ou insetos indesejáveis, tolerantes
a ambientes mais secos ou mais úmidos; que produzem frutos
maiores ou mais saborosos.
Os OGM começaram a ser plantados com propósitos
comerciais em meados da década de 1990. Atualmente,
cobrem nada menos que cerca de 60 milhões de hectares
(20% do total mundial), cul vados principalmente com soja,
milho, algodão e canola. Os Estados Unidos e, bem atrás,
o Brasil, Argen na, Canadá e China detêm as maiores áreas
cul vadas com transgênicos. A empresa norte-americana
Monsanto controla cerca de 85% do mercado mundial de
sementes gene camente modificadas. Suas concorrentes
principais são a suíça Syngenta, a norte-americana DuPont
e a alemã Bayer.
Uma das explicações para o sucesso dos organismos
transgênicos entre os agricultores encontra-se na expecta va de redução dos custos proporcionada pela menor
dependência de defensivos químicos. Diversas variedades
gene camente modificadas toleram herbicidas, de modo
que menores quan dades dessas substâncias, aplicadas
durante a fase de crescimento, poderiam ser suficientes.
Outras variedades demandam menos pesticidas para a
proteção contra insetos.
As empresas de biotecnologia aplicada à agricultura
u lizam esses argumentos para realçar o valor ambiental
de seus produtos. Contudo, os OGM sofrem o fogo de uma
oposição diversificada.
Do ponto de vista socioeconômico, a crí ca à nova tecnologia aponta o problema da subordinação dos agricultores ao
monopólio das grandes empresas que detêm as patentes das
sementes transgênicas. Do ponto de vista ambiental, os crícos iden ficam riscos genéricos inerentes à introdução de
organismos estranhos aos ecossistemas e apontam a ameaça
do surgimento de verdadeiras superpragas, que resultariam
da transferência horizontal (transmição entre espécies) dos
genes que geram resistência aos defensivos agrícolas para
as ervas daninhas e os insetos.
Acredita-se que os transgênicos podem causar alergias
alimentares e diminuir ou anular o efeito dos an bió cos no
organismo, entre outras consequências desconhecidas para
a saúde humana a longo prazo.
A resistência a agrotóxicos pode levar ao aumento das
doses de pes cidas aplicadas nas plantações.
O Green Peace se opõe ao uso de transgênicos na alimentação humana e animal. Para a ONG, os resultados são
imprevisíveis, incontroláveis e desnecessários. O Green Peace
mantém em seu site um Guia do Consumidor para consulta
de produtos.
Segundo o Princípio da Precaução, quando uma a vidade
representa ameaças de danos ao meio ambiente ou à saúde
humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo
se algumas relações de causa e efeito não forem plenamente
estabelecidas cien ficamente.
Os principais transgênicos plantados no mundo são: soja
(77%), milho (26%), algodão (49%) e canola (21%).
ATUALIDADES
domínio do Império Turco-Otomano, que se desintegrou
com a I Guerra Mundial (1914-1918). Em 1920, o Tratado de
Sèvres propôs a criação de um Estado curdo, o que nunca
se cumpriu. A maioria dos curdos vive na Turquia, acredita-se que metade deles, é uma verdadeira dor de cabeça
para o governo turco que não admite a existência desse
povo, chamando-os de “turcos da montanha”. Nesse país
é onde o movimento pela independência é mais intenso e
onde a repressão é também mais violenta; eles são mortos
aos milhares todos os anos. Em 1999, o principal líder curdo Abdullah Occalam, o Apo, ( o em curdo), fundador do
PKK – Par do Trabalhista do Curdistão foi preso e condenado
à morte. Só não foi ainda executado porque a Turquia tem
pretensões de entrar para a União Europeia, que não admite
pena de morte, e exigiu a suspensão da pena, além de exigir
que a Turquia resolva seus problemas com os curdos para
poder ser aceita na UE.
Na Guerra Irã-Iraque (1980-1987), eles colaboraram com
o regime do Irã, mais simpá co à causa curda. Em represália,
Saddam Hussein ordenou um ataque com armas químicas
que matou pelo menos 5.000 curdos. Durante a I Guerra do
Golfo (1991), os curdos apoiaram os EUA na esperança de,
no futuro, poder contar com o apoio daquele país na sua luta
independen sta. Os EUA ganharam a guerra, se re raram e
Saddam mais uma vez voltou a realizar vingança contra os
curdos. Os EUA, então, estabeleceram uma zona de exclusão
aérea no norte do Iraque para supostamente proteger os
curdos. Na verdade, os curdos estão sendo usados pelos
EUA, pois só queriam um pretexto para, à revelia da ONU,
estabelecer a zona de exclusão. Com o mesmo pretexto de
proteger os xiitas ao sul do Iraque, os EUA e Grã-Bretanha
também estabeleceram zona de exclusão aérea. Os curdos
novamente se aliaram aos EUA na II Guerra do Golfo, com a
promessa de que terão uma região autônoma no norte do
Iraque, o que vem provocando arrepios no governo turco,
onde vivem metade dos curdos do mundo, eles temem que
uma vez conquistada a autonomia eles queiram, proclamar
a independência de um estado no Curdistão, região riquíssima em petróleo. A Turquia atacou o povo curdo no final de
2007 e início de 2008, alegando ser uma retaliação militar
aos ataques do PKK.
31
A maioria dos europeus rejeita os produtos transgênicos
(pesquisa Eurobarômetro) e consequentemente grande
parte dos agricultores alemães é contrária aos transgênicos.
Insetos, pássaros e até mesmo o vento podem transportar o pólen de plantas transgênicas e assim contaminar
plantações convencionais vizinhas, ainda que localizadas a
grandes distâncias. A contaminação também pode ocorrer
pelo uso comum de equipamentos de movimentação e
armazenagem e no comércio. Pela evidente dificuldade
técnica em proteger os plan os convencionais e orgânicos
da contaminação transgênica (coexistência), muitas regiões
e alguns países da União Europeia foram declarados por
suas autoridades como Zonas Livres de Transgênicos. Tal
precaução não coloca em risco a saúde dos consumidores,
o meio ambiente e é um enorme diferencial compe vo no
mercado internacional.
Fontes de Energia
Energia, por definição, é a capacidade de produzir trabalho. As fontes de energia são todas as substâncias capazes de
produzir energia a par r de um processo de transformação.
Em nosso planeta encontramos diversos pos de fontes de
energia.
A descoberta e a u lização de fontes energé cas vêm
aumentando a capacidade de produzir do ser humano desde
o momento em que ele começou a viver em sociedade. Com
o passar do tempo, houve um aumento desse consumo,
como também a diversificação dessas fontes energé cas.
Cabe ressaltar que tal diversificação foi ocorrendo na medida
em que as necessidades sociais foram se modificando e se
sofis cando (avanço do capitalismo). A Revolução Industrial
inaugurou a u lização de máquinas em larga escala, transferindo para elas parte do trabalho que antes era produzido
pelo ser humano. Da Revolução Industrial até os dias atuais,
cada vez mais são u lizadas diferentes fontes de energia nas
diversas economias do planeta. A primeira fonte energé ca, u lizada durante a Revolução Industrial, para mover as
máquinas a vapor foi o carvão mineral. Com o aparecimento
dos motores de combustão interna, o petróleo tornou-se a
principal fonte energé ca do globo.
Os recursos energé cos também podem ser classificados
em dois grandes grupos: os recursos renováveis e os não
renováveis. Essa noção é de fundamental importância para
se ter boas perspec vas da capacidade de produção e de
consumo para um determinado país.
Renováveis
Energia hidrelétrica
Carvão vegetal
Álcool
Energia eólica
Energia solar
Não Renováveis
Petróleo
Carvão mineral
Gás natural
Energia nuclear
Xisto betuminoso
ATUALIDADES
Pode-se, ainda, classificar as fontes de energia em
convencionais, que correspondem àquelas fontes bastante
disseminadas e testadas pelo ser humano, e em alternaƟvas,
que são as que se encontram em fase de pesquisas e usos
experimentais.
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Fontes Convencionais
Petróleo
Carvão mineral
Gás natural
Hidreletricidade
Carvão vegetal
Fontes AlternaƟvas
Energia eólica
Energia solar
Álcool
Xisto betuminoso
Geotérmica
Pequeno Histórico
Há pouco mais de dois séculos, as principais formas de
energia eram aquelas cuja disponibilidade na natureza era de
fácil acesso: o vento e a água u lizados para produzir energia
mecânica e a queima de madeira para a geração de calor.
Com Revolução Industrial, a invenção da máquina a vapor
e do tear mecânico para a produção têx l, o carvão mineral
passou à principal fonte de energia dominante no processo
fabril. Foi o carvão, também, que colocou as locomo vas
em movimento. A humanidade estava pela primeira vez na
história subs tuindo as formas de energia renováveis por
formas de energia mais eficientes, porém não renováveis
e poluentes.
Já no final do século XIX a energia hidrelétrica e o petróleo
passaram a complementar a energia re rada do carvão. O petróleo em pouco tempo transformou-se na principal forma
de energia u lizada no mundo, até os dias atuais. Foi nesta
época que ocorreu a invenção dos motores de combustão
interna a gasolina e outros derivados de petróleo e a invenção da lâmpada elétrica. O petróleo passou a ser essencial
à economia mundial, fator gerador de conflitos entre países
e principal agente de poluição atmosférica.
Na segunda metade do século XX, em diversos países do
mundo, a energia nuclear para produção de energia elétrica
passou a ser u lizada em grande escala, principalmente
na Europa e nos Estados Unidos. Hoje se fala muito das
possibilidades novas que podem ser criadas pela u lização
do hidrogênio, uma energia limpa que pode ser re rada da
água, mas muita pesquisa ainda deverá ocorrer até que se
torne uma opção comercialmente viável. O hidrogênio teria
a capacidade de subs tuir os derivados de petróleo para
os veículos automo vos. Hoje, quase todas as indústrias
automo vas têm protó pos de veículo movido a hidrogênio.
As fontes de energia mais u lizadas no mundo são:
1º Petróleo.
2º Carvão Mineral.
3º Gás Natural.
4º Energia Nuclear.
5º Hidrelétrica.
Combusơveis Fósseis
Os combustíveis fósseis são encontrados em bacias
sedimentares e formados pela decomposição de matéria
orgânica. Esse processo leva milhões de anos e uma vez esgotadas essas formações fósseis não serão repostas na escala
da vida humana. É por essa razão que a matriz energé ca
atual não é sustentável. A subs tuição dessas energias sujas
por fontes alterna vas é vista como meta necessária para
tornar o mudo viável no século XXI.
Carvão Mineral
O carvão mineral é um minério não metálico, que possui
cor preta ou marrom com grande potencial combus vel, uma
vez queimado libera uma elevada quan dade de energia.
É cons tuído basicamente por carbono (quanto maior o
teor de carbono mais puro é o carvão) e magnésio, sendo
encontrado em forma de betume.
Esse carvão é considerado um combus vel fóssil, pois
as jazidas desse minério se formaram há milhões de anos;
quando extensas florestas foram submersas, fazendo com
que os restos de vegetais, que são ricos em carbono, se
transformassem em um elemento rochoso. Esse é classificado em turfa, linhito, hulha e antracito; essa dis nção existe
em razão das condições ambientais e época de formação,
sendo que o antracito é o melhor deles.
O combustível fóssil é utilizado, especialmente, no
aquecimento de fornos de siderúrgicas, indústria química
Petróleo
O petróleo é encontrado em bacias sedimentares resultantes de substâncias orgânicas, restos de animais e vegetais,
que se depositaram em grandes quan dades no fundo dos
mares. Essa massa de detritos, sob a ação do calor, da pressão
das camadas que forma se depositando e do tempo, transformou-se em petróleo ou gás natural. É usado pelo homem
desde muito tempo. O petróleo, além de ser a principal fonte
de energia do planeta nas atualidades, é importan ssimo
e está presente em nosso co diano. Com ele, as indústrias
petroquímicas fabricam o plás co, a borracha sinté ca,
os fer lizantes e os adubos usados na agricultura. Mas, essa
grande dependência gera outras questões: o petróleo é uma
fonte não renovável de energia. Algumas previsões indicam
que ele se esgotará em no mínimo dois séculos.
Edwin Drake encontrou petróleo em apenas 21 metros
de profundidade, na Pensilvânia, Estados Unidos, e passou
a comercializá-lo nas cidades (em subs tuição ao óleo de
baleia u lizado na iluminação pública). O petróleo passou a
par r do século XIX, a ser consumido em quan dade crescente a cada ano. Junto com esse rápido consumo, surgiram
companhias petrolíferas, atuando em todas as quatros fases
econômicas de exploração: extração, transporte, refino e
distribuição.
A par r da Década de XXX, diversas empresas estatais
passaram a atuar diretamente nas quatro fases econômicas do
petróleo, ou pelo menos em uma delas. Alguns países fizeram
concessões para que as empresas estrangeiras atuassem no
setor petrolífero. Exemplo: a Pemox, no México; a Petroven,
na Venezuela; a Agip, na Itália. No Brasil, com a criação da
Petrobras em 1953, no governo de Getúlio Vargas, esta zou-se a extração, o refino e o transporte. Em 1995, foi ex nto o
monopólio da Petrobras.
Em 1960, criou-se a Opep (Organização dos países Exportadores de Petróleo), formada por 12 países: Emirados
Árabes Unidos, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Catar,
Angola, Argélia, Nigéria, Líbia, Venezuela e Equador.
Com a eclosão da guerra entre Irã e Iraque, entre 1979
e 1980, os países importadores ficaram apreensivos com a
possibilidade iminente de ingresso de outras nações árabes
no conflito. Se isso acontecesse, a oferta mundial do petróleo
ficaria comprome da, o que levou muitos países a comprar
o produto, visando aumentar os seus estoques estratégicos.
Gás Natural
O gás natural é caracterizado pela junção de alguns hidrocarbonetos leves que são encontrados nos subsolos, ele
é uma parte do petróleo em sua fase gasosa, onde o metano
tem 70% do volume.
A decomposição de matéria orgânica, que foi soterrada
em grandes profundidades, resulta em gás natural, que é
encontrado nos subsolos, em algumas rochas porosas.
O gás natural é conhecido pela humanidade desde os
tempos da an guidade. Em lugares onde o gás mineral era
expelido naturalmente para a super cie, povos da an guidade como Persas, Babilônicos e Gregos construíram templos
onde man nham aceso o “fogo eterno”.
Um dos primeiros registros históricos de uso econômico
ou socialmente aproveitável do gás natural aparece na China,
nos séculos XVIII e XIX. Os chineses u lizaram locais de escape de gás natural mineral para construir fornos des nados à
cerâmica e metalurgia de forma ainda rudimentar.
O gás natural passou a ser u lizado em maior escala na
Europa no final do século XIX, com a invenção do queimador
Bunsen, em 1885, que misturava ar com gás natural e com a
construção de um gasoduto à prova de vazamentos, em 1890.
Porém, as técnicas de construção de gasodutos eram
incipientes, não havendo transporte de grandes volumes a
longas distâncias, consequentemente, era pequena a par cipação do gás em relação ao óleo e ao carvão. Entre 1927 e
1931, já exis am mais de 10 linhas de transmissão de porte
nos Estados Unidos, mas sem alcance interestadual, no final
de 1930 os avanços da tecnologia já viabilizavam o transporte
do gás para longos percursos.
O grande crescimento das construções do pós-guerra
durou até 1960, este fato foi responsável pela instalação
de milhares de quilômetros de gasodutos, dado os avanços
em metalurgia, técnicas de soldagem e construção de tubos. Desde então, o gás natural passou a ser u lizado em
grande escala por vários países, dentre os quais podemos
destacar os Estados Unidos, Canadá, Japão além da grande
maioria dos países europeus, isso se deve principalmente
as inúmeras vantagens econômicas e ambientais que o gás
natural apresenta.
Energia Nuclear
A energia gerada nas usinas nucleares pode ser ob da de
duas maneiras: por fissão (quebra) e por fusão (colisão) de
átomos. Até o momento só é usada a fissão. São u lizados
como matérias-primas para a energia nuclear os minerais
radioa vos – como o plutônio, o tório e o urânio – , sendo
este úl mo pra camente o único usado no processo de geração de energia atômica, sendo o plutônio u lizado apenas
em usina do oriente, como no Japão e Rússia.
Hoje, esta fonte de enrgia ocupa a quarta colocação entre
as fontes mais u lizadas no mundo e, acredita-se que por seu
caráter não poluidor (a energia nuclear é limpa), esta fonte
deve ganhar maior espaço nas próximas décadas.
A fissão nuclear é controlada, em uma usina, por meio de
barras, com elemento absorvedor de nêutron. Introduzidas
ou re radas convenientemente do reator, permitem uma
maior ou menor população de nêutrons, aumentando ou
diminuindo a taxa de fissão e, em consequência, produzindo
mais ou menos calor. A queima de um quilo de urânio corresponde à queima de 3 mil toneladas de carvão e à queima
de 12 mil barris de petróleo.
Os problemas dos reatores nucleares são os altos custos
desse po de empreendimento e as medidas de segurança
que são necessárias para evitar qualquer po de acidente,
pois a contaminação radioa va pode provocar sérios problemas de ordem gené ca, como deformações congênitas,
em filhos de pessoas contaminadas (e também em animais
e vegetais); doenças como o câncer, queimaduras e mortes,
e seus efeitos nocivos perduram por muito tempo. Há ainda
o problema do lixo atômico e o da vida ú l dessas usinas,
calculada em aproximadamente 30 anos. A energia elétrica
produzida pelas usinas atômicas no mundo ocupa o quarto
lugar em termos de fonte geradora.
ATUALIDADES
(produção de corantes), na fabricação de explosivos, inse cidas, plás cos, medicamentos, fer lizantes e na produção
de energia elétrica nas termoelétricas. Como já dissemos,
o carvão mineral teve seu uso difundido bem antes do descobrimento do petróleo como fonte de energia. No século
XVIII surgiram máquinas movidas a vapor, que permi ram a
subs tuição da força animal pela mecânica.
No século XX o petróleo ocupou lugar de principal fonte
de energia, superando o uso do carvão mineral, no entanto,
sua importância é bastante representa va no mundo. Atualmente, do total de reservas de carvão existentes no mundo,
55% se encontra na Rússia; 18%, nos Estados Unidos; 9%, na
China; 8%, no Canadá; 6%, na Europa; 3%, na África; e 1%,
em outros países.
A principal matriz energé ca das indústrias chinesas é o
carvão mineral fato que fez contribuir de maneira significava, para que o país se tornasse o maior poluidor mundial.
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Principais Acidentes:
• (1979) – Usina de Three Mile Island / Pensilvania – EUA;
• (1986) – Usina Nuclear de Chernobyl / Chernobyl –
Ucrânia.
Hidrelétrica
A energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica por
meio do aproveitamento do potencial hidráulico de um rio.
Para que esse processo seja realizado é necessária a construção de usinas em rios que possuam elevado volume de água
e que apresentem, de preferência, desníveis em seu curso.
A força da água em movimento é conhecida como
energia potencial, essa água passa por tubulações da usina
com muita força e velocidade, realizando a movimentação
das turbinas. Nesse processo, ocorre a transformação de
energia potencial (energia da água) em energia mecânica
(movimento das turbinas). As turbinas em movimento estão
conectadas a um gerador, que é responsável pela transformação da energia mecânica em energia elétrica.
Normalmente, as usinas hidrelétricas são construídas em
locais distantes dos centros consumidores, esse fato eleva
os valores do transporte de energia, que é transmi da por
fios até as cidades.
A eficiência energé ca das hidrelétricas é muito eficaz,
em torno de 95%. O inves mento inicial e os custos de
manutenção são elevados, porém o custo do combus vel
(água) é nulo.
Atualmente, as usinas hidrelétricas são responsáveis por
aproximadamente 18% da produção de energia elétrica no
mundo. Esses dados só não são maiores pelo fato de poucos
países apresentarem as condições naturais para a instalação
de usinas hidrelétricas. As nações que possuem grande potencial hidráulico são: Brasil, Canadá, Rússia, Estados Unidos
e China. No Brasil, mais de 95% da energia elétrica produzida
é proveniente de usinas hidrelétricas.
Apesar de ser uma fonte de energia renovável e não
emi r poluentes, a energia hidrelétrica não está isenta de
impactos ambientais e sociais. A inundação de áreas para a
construção de barragens gera problemas de realocação das
populações ribeirinhas, comunidades indígenas e pequenos
agricultores. Os principais impactos ambientais ocasionados
pelo represamento da água para a formação de imensos lagos ar ficiais são: destruição de extensas áreas de vegetação
natural, matas ciliares, o desmoronamento das margens,
o assoreamento do leito dos rios, prejuízos à fauna e à flora
locais, alterações no regime hidráulico dos rios, possibilidades da transmissão de doenças, como esquistossomose e
malária, ex nção de algumas espécies de peixes.
ATUALIDADES
Belo Monte
34
É uma usina hidrelétrica que será construída no Rio Xingu, no estado do Pará. A previsão é que, quando concluída,
a usina será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás
apenas da chinesa Três Gargantas e da binacional (Brasil-Paraguai) Itaipu.
A polêmica em torno da construção da usina de Belo
Monte na Bacia do Rio Xingu, em sua parte paraense, já
dura mais de 20 anos.
O projeto prevê a construção de uma barragem principal
no Rio Xingu, localizada a 40 km abaixo do município de Altamira, no Sí o Pimental, sendo que o Reservatório do Xingu,
localiza-se no Sí o Bela Vista. A par r desse reservatório,
a água será desviada por canais de derivação que formarão
o reservatório dos canais, localizado a 50 km de Altamira.
A área inundada afetará as terras dos municípios de
Vitória do Xingu, Brasil Novo e Altamira.
A construção da usina tem opiniões conflitantes. As organizações sociais têm convicção de que o projeto tem graves
problemas e lacunas na sua formação.
O movimento contrário à obra, encabeçado por ambientalistas e acadêmicos, defende que a construção da hidrelétrica irá provocar a alteração do regime de escoamento do
rio, com redução do fluxo de água, afetando a flora e fauna
locais e introduzindo diversos impactos socioeconômicos.
Um estudo formado por 40 especialistas defende que a usina
não é viável dos pontos de vista social e ambiental.
Já o empresário Vilmar Soares, que vive em Altamira há
29 anos, acredita que a usina irá melhorar a qualidade de
vida de Altamira, com o remanejamento da população das
palafitas – área que será inundada – para moradias bem
estruturadas em Vitória do Xingu, e que a usina maior seria
acompanhada de outros inves mentos, como geração de
empregos, energia elétrica para a população rural (a maior
parte da energia de Altamira vem do diesel) e a pavimentação
da Transamazônica que impulsionaria a des nação do cacau
produzido na região.
Os defensores da obra, formados por empresários,
polí cos e moradores das cidades envolvidas pelo projeto,
es mam que cerca de R$ 500 milhões sustentam o plano
de desenvolvimento regional que estaria garan do com a
usina. Essa injeção de recursos seria aplicada em geração
de empregos, educação, desenvolvimento da agricultura e
atração de indústrias. Acredita-se também que o empreendimento atrairá novos inves dores para a região, considerada
a única forma de alavancar o desenvolvimento de uma região
carente de inves mentos.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energé ca, Maurício Tolmasquim, afirma que Belo Monte, um inves mento
equivalente a 19 vezes ao orçamento do Pará em 2010, será
a salvação para a região e que as opiniões contrárias são
preconceituosas, pois, segundo ele, a atual proposta envolve
um terço da área original que seria alagada. O consumo de
energia elétrica tende a aumentar e os inves mentos com
Belo Monte, segundo ele, serão necessários.
O sico, professor emérito da Universidade Estadual de
Campinas e membro do conselho editorial do jornal Folha
de S.Paulo, Rodrigo Cezar de Cerqueira Leite, disse que milhares de espécimes vão sucumbir, mas, em compensação,
20 milhões de brasileiros terão energia elétrica garan da.
No entanto, outros defendem que estas perspec vas
de demanda de desenvolvimento, geração de empregos e
atração de inves mentos para a região confrontam com o já
existente es lo de vida viável e sustentável dos habitantes da
região, baseado em sistemas agroflorestais e na exploração
de recursos naturais. O deslocamento de uma comunidade
de sua área de origem, cultura e meio de vida, como já observado em outros casos de deslocamento compulsório por
hidrelétricas, podem não ser indenizáveis por programas de
apoio ou dinheiro.
Energia Eólica
Gerada a par r do vento. Grandes hélices são instaladas
em áreas abertas, sendo que, os movimentos delas geram
energia elétrica. É uma fonte limpa e inesgotável, porém,
ainda pouco u lizada. No Brasil o desenvolvimento de tecnologia eólica está bastante avançado no estado do Ceará.
No mundo, as nações que mais se destacam são Estados
Unidos, Alemanha e China.
Energia Solar
Ainda pouco explorada no mundo, em função do custo
elevado de implantação, é uma fonte limpa, ou seja, não
gera poluição nem impactos ambientais. A radiação solar
é captada e transformada para gerar calor ou eletricidade.
Os países que mais produzem energia a par r de placas fotovoltáicas são Portugal, Japão, Alemanha e Estados Unidos.
Energia de Biomassa
É a energia gerada a par r da decomposição, em curto
prazo, de materiais orgânicos (esterco, restos de alimentos,
resíduos agrícolas). O gás metano produzido é usado para
gerar energia. Um exemplo é a obtenção de biogás.
Energia Geotérmica
Nas camadas profundas da crosta terrestre existe um
alto nível de calor. Em algumas regiões, a temperatura pode
superar 5.000ºC. As usinas podem u lizar este calor para
acionar turbinas elétricas e gerar energia, porém, ainda é
pouco u lizada.
Recursos EnergéƟcos e o Desenvolvimento Sustentável
A energia movimenta a indústria e os meios de transporte, viabiliza as a vidades comerciais e de serviços e alimenta
uma porção de equipamentos domés cos e pessoais, como
os telefones celulares, os relógios à bateria, equipamentos
de som, computadores e eletrodomés cos. É transportada
por gasodutos, linhas de transmissão, rodovias, ferrovias e
navios. No entanto, a energia encontrada na natureza precisa ser transformada nas refinarias de petróleo, nas usinas
hidrelétricas, nas termelétricas, nas termonucleares; nas
carvoarias que transformam a lenha em carvão vegetal; e etc.
Em uma época em que o aquecimento global e a poluição ambiental são fatos incontestáveis, a necessidade
de alteração da matriz energé ca convencional (poluidora)
para uma matriz alterna va (limpa) tornou-se prioritária.
A maioria dos especialistas em fontes de energia concorda
que a solução dessa questão ambiental e o controle sobre o
risco de escassez de energia num futuro não distante estão
no desenvolvimento e na maior u lização de fontes não
convencionais.
Fontes não convencionais ou alterna vas são aquelas que
ainda são u lizadas em pequena quan dade e que estão em
fase de desenvolvimento para a obtenção de maior eficácia;
é aquela originada como solução para diminuir o impacto
ambiental oriundo do desenvolvimento do capitalismo,
como é o caso da energia solar, da biomassa, dos ventos, do
hidrogênio, dentre outras.
na década de 1990 e com a falta de incen vos do Estado
em relação aos monocultores de cana-de-açúcar, o projeto
estava pra camente encerrado. No início deste século surgiu
um Novo Proálcool com o obje vo de es mular a produção
e o consumo desse combus vel.
A instabilidade do preço do barril do petróleo, a consciência sobre a necessidade de maior diversificação das
fontes energé cas, a invenção do motor bicombus vel e
a difusão de um pensamento sustentável foram os fatores
que possibilitaram a rea vação do projeto. A homologação
do Protocolo de Kyoto, por sua vez, elevou a demanda de
álcool no mercado internacional e as exportações brasileiras
des nadas aos países europeus e ao Japão que têm metas
de redução de gases estufa.
Outra perspec va o mista é o biodiesel, fonte menos
poluente e renovável de energia. O biodiesel já é um adi vo
u lizado para motores de combustão, derivado do dendê, da
soja, da palma, da mamona e de uma infinidade de vegetais
oleaginosos. Pode ser usado puro ou misturado com o diesel,
em proporções diversas e sem a necessidade de alteração
de equipamentos no motor.
O biodiesel puro reduz em até 68% as emissões de gás
carbônico, em 90% as de fumaça e elimina totalmente as
emissões de óxido de enxofre. Por ser biodegradável, atóxico
e pra camente livre de enxofre é considerado um combus vel ecológico. Apresenta ainda outras vantagens: o produtor
rural pode produzir o seu próprio combus vel, misturá-lo em
qualquer proporção com o óleo diesel ou usá-lo totalmente
puro nos motores de combustão, sem necessidade de ajuste.
Mas há críticas em relação ao desenvolvimento do
projeto brasileiro dos biocombustíveis. Alguns especialistas afirmam que com o desenvolvimento da polí ca de
biocombus veis, o Brasil, que é um grande exportador de
commodiƟes agrícolas, poderia influenciar uma elevação
dos preços dos alimentos no mundo, já que boa parte das
terras férteis do país seria des nada à demanda dos veículos
movidos à biocombus veis.
A tropicalidade e a possibilidade de exploração da força
dos ventos (energia eólica) em diversos pontos do território
complementam a pluralidade de alterna vas existentes para
o Brasil.
Desenvolvimento Sustentável e Conferências Ambien-
A Matriz EnergéƟca Mundial
A par cipação de energia renovável no fornecimento
mundial em 2009 era de pouco mais de 16% e as renováveis
limpas como a solar, eólica, geotermal eram de apenas 2,6%
do total mundial. Em contrapar da, os combus veis fósseis,
como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural contribuíram, neste mesmo ano, com 80%. Justamente as fontes
responsáveis pela maior parcela da poluição ambiental e do
efeito estufa, em par cular.
PerspecƟva e Vantagem Brasileiras
O Brasil não é autossuficiente em energia, mas produz
cerca de 90% do total que consome, importando o restante.
O país é um dos poucos do mundo que apresenta possibilidade múl pla de ampliar as suas alterna vas energé cas,
devido à abundância dos seus recursos naturais e de sua
extensão territorial. Em 2009, as fontes renováveis representavam 48% da oferta de energia gerada no país, enquanto
que no mundo essas fontes não ultrapassavam 14%.
A crise do petróleo de 1973 incen vou mudanças significa vas no po de energia gerada no país. Em 1975, foi
implantado o Proálcool com obje vo de subs tuir parte
da gasolina nos veículos de passageiros e como adi vo à
gasolina. No entanto, com a queda do preço do petróleo,
O atual modelo de produção capitalista provocou uma
série de desequílíbrios em diversos aspectos. Cada dia que
passa o ritmo de produção aumenta, gerando riqueza e novas
tecnologias, porém a desigualdade social e a degradação ambiental tornam-se cada vez mais presentes. O sistema vigente
de produção (o capitalismo) tornou-se caracteris camente
contraditório e excludente, pois favorece apenas uma pequena parcela da população mundial, que consome demasiadamente, sem preocupações com os efeitos ambientais e com
a desigualdade social gerada pela crescente concentração
de renda. O consumo exagerado, o rápido esgotamento das
riquezas naturais e a poluição fazem parte do contexto do
sistema capitalista atual.
Diante dessa observação, surgiu a ideia de criar um
sistema que concilia desenvolvimento econômico, igualdade social e preservação ambiental. O desenvolvimento
sustentável consiste em criar um modelo econômico capaz
de promover o crescimento da riqueza e a melhoria das
condições de vida segundo modelos adequados para evitar
a degradação ambiental e a exaustão dos recursos naturais.
O desenvolvimento sustentável procura sa sfazer as
necessidades presentes de produção e consumo, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades.
ATUALIDADES
tais
35
ATUALIDADES
Os conceitos dessa ideologia apontam para a distância
entre o conceito de crescimento e o conceito de desenvolvimento: o primeiro não conduz à igualdade e à jus ça
social, procurando apenas gerar riquezas; já o segundo
propõe, teoricamente, uma preocupação em gerar riquezas
também, porém procura melhorar a qualidade de vida de
toda sociedade. O desenvolvimento sustentável busca o
desenvolvimento econômico, cien fico e social, sem exaurir
os recursos naturais do mundo.
Assim sendo, dentro do contexto teórico do desenvolvimento sustentável, os setores industriais devem controlar a
emissão de poluentes, os setores agrícolas devem preocupar-se com a preservação do meio ambiente e os países devem
diminuir as desigualdades sociais e a miséria.
Em suas conferências, a ONU aprova documentos conhecidos como convenções com propostas de consenso e regulam
a ação dos países que as adotam. As propostas são reunidas
em documentos que recebem o nome de tratados. As nações
concordantes assinam os tratados e, nos anos seguintes,
podem ra ficá-los ou não. As convenções estabelecem um
processo para que os países cheguem a um consenso sobre as
ações específicas a serem tomadas mais adiante para cumprir
o tratado. Disso resultam os protocolos, como o de Kyoto, que
detalha medidas e estabelece metas para a ngir determinado
obje vo. Para que entre em vigor, é preciso que cada nação
o ra fique, aprovando a adesão em seu Parlamento. Quando
ra ficam um protocolo, os países se comprometem a adotá-lo
com leis e metas. Passam, assim, a gozar de bene cios, como
a transferência de tecnologias, intercâmbios de pesquisas e
acessos a recursos financeiros. As nações que não ra ficam
passam a ter mais dificuldade para exportar produtos e obter
créditos internacionais.
36
A Conferência de Estocolmo (1972)
Em 1972, a cidade de Estocolmo, capital da Suécia, presenciou a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente,
a primeira de importância global sobre o tema. Foi nesta
Conferência que, pela primeira vez, chamou-se a atenção do
mundo quanto à forma de desenvolvimento econômico que
estava sendo u lizada nos úl mos séculos e quanto aos seus
resultados devastadores em relação às condições ambientais
do planeta. Pela primeira vez, de forma mais organizada, a sociedade tomou conhecimento de assuntos como: ecologia,
desenvolvimento sustentável, biodiversidade, consciência
ecológica, entre outros temas ligados à preocupação com
a preservação do planeta. Surgiram também as primeiras
Organizações Não Governamentais (ONG´s).
Em Estocolmo inaugura-se um novo conflito diplomá co
entre países desenvolvidos – responsáveis pela maior parte
da poluição global e ambiciosos por atrair os demais países
para uma solução mul lateral – , e os países em desenvolvimento, não dispostos a adotar medidas que limitem o
desenvolvimento nacional. Tal conflito verifica-se ainda nos
dias de hoje.
Foram deba dos os seguintes temas na Conferência
de Estocolmo: poluição atmosférica, poluição da água e
do solo provenientes da industrialização e a pressão que o
crescimento demográfico exerce sobre os recursos naturais.
A ideia malthusiana de que crescimento populacional
ocorre maior que a produção de alimentos acirrou os debates
na Conferência de Estocolmo. Os defensores dessa ideia,
mormente o Clube de Roma e o Massachussets InsƟtute of
Technology, argumentavam que os recursos naturais da Terra
seriam insuficientes para prover a base material necessária
à produção de alimentos para toda a população do planeta.
Nos anos subsequentes, as pesquisas na área ambiental
conduziram a temas, como: a camada de ozônio, o efeito
estufa, as chuvas ácidas, o envenenamento dos solos e das
águas, o aumento da temperatura atmosférica e o derre mento das calotas polares.
O Protocolo de Montreal
A grande quan dade de dados cien ficos que comprovavam os efeitos das emissões de CFC´s foi decisiva para gerar
um amplo consenso entre as potências econômicas. Em
1985, foi assinada a Convenção de Viena para a Proteção da
Camada de Ozônio. Em 16 de setembro de 1987, foi firmado
o Protocolo de Montreal, que passou a vigorar dois anos
mais tarde e regula a produção e o consumo de substâncias
destruidoras da camada de ozônio. O Protocolo de Montreal
é exemplo de ação eficaz da diplomacia ambiental. Elaborado
por um pequeno número de Estados, recebeu a adesão de
mais de 150 países. Devido a essa grande adesão mundial,
Kofi Annan disse sobre ele: “Talvez seja o mais bem sucedido
acordo internacional de todos os tempos…”. Em comemoração, a ONU declarou a data de 16 de Setembro como o
Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio.
Depois das revisões (reuniões) de Londres (1990) e de
Copenhague (1992), os signatários estão obrigados a eliminar 15 diferentes CFC´s e 3 BrFC´s, além de diversas outras
substâncias que têm efeitos similares, de acordo com um
rígido cronograma.
A eficácia do Protocolo assentou-se sobre duas bases.
De um lado, foi decidida a eliminação de substâncias antes
mesmo que a indústria vesse subs tutos para elas. Com
isso, acelerou-se a pesquisa para a produção desses subs tutos, que atualmente se encontram disponíveis. De outro
lado, concedeu-se um prazo de 10 anos para que os países
subdesenvolvidos que consomem pequenas quan dades de
CFC´s os eliminassem.
Por seu sucesso, os tratados sobre a camada de ozônio
diferem de outros acordos ambientais, como a Convenção
do Clima, que pouco avançaram do discurso para a prá ca.
O entendimento a respeito dos efeitos nocivos dos CFC´s
sobre a camada de ozônio tornou-se uma unanimidade entre os cien stas – diferentemente do aquecimento global,
que envolve teorias divergentes e acirrado debate entre os
especialistas.
A diferença crucial, porém, é de outra ordem: a defesa
da camada de ozônio não implica alterações nas relações
polí cas e econômicas existentes, mas apenas mudanças
tecnológicas. A questão do aquecimento global ameaça
alguns dos fundamentos dos modelos socioeconômicos dos
países desenvolvidos, como o elevado consumo energé co.
A restrição à produção de CFC´s, por sua vez, requer apenas a
pesquisa de produtos de subs tuição. No fundo, o Protocolo
de Montreal representou um incen vo indireto à reciclagem
tecnológica, pois os novos produtos que estão subs tuindo
os CFC´s proporcionam negócios em escala global, beneficiando empresas sediadas nos países desenvolvidos.
A meta para a proteção da camada de ozônio não pode
ser outra a não ser buscar-se subs tuto para os CFC’s . Muitos frascos de sprays já não usam esse produto, bem como
muitas geladeiras (apelidadas ecológicas), também aparelhos
de refrigeração do ar já estão usando como gases refrigeradores o isobutano ou o HCFC (hidroclorofluorcarbono), que
não agridem o ozônio.
O acordo surte efeito entre 1988 e 1995, o consumo
de CFC´s caiu 76% no mundo. Mas a aplicação completa do
protocolo enfrenta problemas. Em 2003, os EUA anunciam
que querem aumentar o uso de brometo de me la, muito
mais prejudicial que o CFC, por razões econômicas. O Brasil
reduz suas emissões, superando a meta do Protocolo de
Montreal: o uso dos CFC´s caiu de 11,2 mil toneladas em
1992 para 4,3 mil em 2003, segundo o IBGE.
Protocolo de Kyoto
Em 1997, na an ga capital do Japão, Kyoto, governos do
mundo assinaram o acordo chamado “Protocolo de Kyoto”
inicialmente ra ficado por 84 nações. Nesse Protocolo os
países desenvolvidos se comprometem a reduzir sua emissão de gases de efeito estufa (em par cular, o dióxido de
carbono, CO2) em pelo menos 5,2% em relação aos níveis de
1990. Essa meta, que deve ser cumprida entre 2008 e 2012,
não é a mesma para todas as nações: 8% para a União Europeia, 7% para os Estados Unidos e 6% para o Japão. Países
em desenvolvimento (como Brasil, China e Índia) não têm
metas de redução. Para entrar em vigor, o acordo precisava
ser ra ficado (aprovado como lei pelo Congresso) por países
que representassem pelo menos 55% das emissões de gases
do efeito estufa no mundo. Os Estados Unidos, que na época
da assinatura do Protocolo eram os maiores poluidores do
planeta (hoje a China ocupa o primeiro lugar em poluição),
não assinaram o documento, argumentando que o consideram prejudicial à economia do país.
Com a adesão da Federação Russa, em novembro de
2004, a ngiu-se, finalmente, o patamar de 129 países aderentes, superando 55% das emissões. O Protocolo de Kyoto
entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005.
Para muitos especialistas em meio ambiente, a entrada
em vigor do Protocolo vale mais pelo esforço e compromisso
e pelo efeito mul plicador do senso de responsabilidade
do que pelos resultados em si de diminuição de emissão
de poluentes.
Crédito de Carbono
De acordo com o Protocolo de Kyoto os países que não
estão dispostos a reduzir a poluição podem comprar o excedente de outras nações. A operação de compra e venda
é simples: indústrias e países que não conseguem reduzir
a quan dade de poluentes que despejam no ar precisam
adquirir créditos de carbono. Por outro lado, as empresas e
nações que poluem menos do que a cota estabelecida pelo
Protocolo de Kyoto ganham o direito de negociar a diferença
no mercado internacional.
Para facilitar as transações, foi criada uma moeda, o crédito de carbono. Uma tonelada métrica de CO2 (dióxido de
carbono) equivale a um crédito de carbono, que pode ser
negociado no mercado internacional, como qualquer ação
de uma empresa.
Em 2006, as transações envolvendo créditos de carbono
a ngiram US$ 25 bilhões, sendo que os principais negociadores foram países da Europa e o Japão. Os Estados Unidos,
considerado o maior poluidor do mundo, e a Austrália não
par cipam do acordo. Para estes países, cumprir o Protocolo
de Kyoto significa diminuir o desenvolvimento econômico.
Além disso, a Austrália e Estados Unidos também defendem
a inclusão de países poluentes em desenvolvimento no
acordo, como a China.
Bolsa de Valores
Na América La na, o primeiro leilão para a venda de créditos de carbono aconteceu em setembro de 2007, na Bolsa
de Mercadorias e Futuros, no Brasil. O banco belgo-holandês
For s pagou à Prefeitura de São Paulo R$ 34 milhões pelas
emissões evitadas em um aterro sanitário.
As empresas interessadas em ingressar nesse mercado
precisam desenvolver projetos que promovam a redução dos
gases causadores do efeito estufa e realizar a sua inscrição
na Bolsa de Valores. No pregão eletrônico, as empresas vão
repassar os créditos, chamados de “Reduções Cer ficadas
de Emissões”, a outras empresas. Aterros sanitários, usinas
de álcool, indústrias siderúrgicas e centrais hidrelétricas
são exemplos de potenciais empresas que podem realizar
transações desse po.
Os gases do efeito estufa atuam retendo o calor do sol
junto à terra, aumentando a temperatura global. O principal
deles é o dióxido de carbono (CO2), emi do por veículos movidos a petróleo, usinas termelétricas a carvão, por exemplo.
A COP e o IPCC
A Conferência das Partes sobre Mudanças Climá cas
(COP) deve definir os princípios, as modalidades, regras e
diretrizes apropriados, em par cular para verificação, elaboração de relatórios e prestação de contas do comércio
de emissões.
Na questão do aquecimento global, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climá cas (IPCC, na sigla em
inglês) apresenta-se como órgão central. Compõe-se por
delegações de 130 governos para prover avaliações regulares
sobre a mudança climá ca. Nasceu em 1988, da percepção
de que a ação humana poderia exercer forte influência sobre
o clima do planeta e que é necessário acompanhar esse processo e explicá-lo empiricamente. Desde então, o IPCC tem
publicado uma série de documentos e pareceres técnicos.
ATUALIDADES
Eco-92
A Eco-92, Rio-92 ou Cúpula da Terra são nomes pelos
quais é mais conhecida a Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em
junho de 1992 no Rio de Janeiro. O seu principal obje vo
foi estabelecer a fundação de uma associação global entre
os países em desenvolvimento e os países mais industrializados, tendo como base as suas necessidades mútuas e
os seus interesses comuns, com o intuito de assegurar o
futuro do planeta. A questão subjacente foi encontrar um
equilíbrio justo e viável entre o meio ambiente e o desenvolvimento. A Conferência do Rio consagrou o conceito de
desenvolvimento sustentável e contribuiu para a mais ampla
conscien zação de que os danos ao meio ambiente eram
majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos (os mais industrializados).
Reconheceu-se, ao mesmo tempo, a necessidade de os
países em desenvolvimento receberem apoio financeiro e
tecnológico para avançarem na direção do desenvolvimento
sustentável. Naquele momento, a posição dos países em desenvolvimento tornou-se mais bem estruturada e o ambiente
polí co internacional favoreceu a aceitação pelos países
desenvolvidos de princípios como o das responsabilidades
comuns, mas diferenciadas. A mudança de percepção com
relação à complexidade do tema deu-se de forma muito clara
nas negociações diplomá cas, apesar de seu impacto ter sido
menor do ponto de vista da opinião pública.
O principal documento produzido na Eco-92, a Agenda
21 é um programa de ação que viabiliza o novo padrão de
desenvolvimento ambientalmente racional. Ele concilia
métodos de proteção ambiental, jus ça social e eficiência
econômica. É um documento que estabelece a importância de cada país em se comprometer a refle r, global e
localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas,
organizações não governamentais e todos os setores da
sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para
os problemas socioambientais. Cada país desenvolve a sua
Agenda 21. Esse documento se cons tui num poderoso
instrumento de reconversão da sociedade industrial rumo a
um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito
de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio
holís co entre o todo e as partes, promovendo a qualidade,
não apenas a quan dade do crescimento.
37
Em dezembro de 2009, em Copenhague, realizou-se a
COP-15, reunião das partes da Convenção-Quadro sobre
Mudanças Climá cas. O governo brasileiro, assim como a
maior parte da comunidade internacional, considerou a
Conferência de Copenhague decepcionante. Os europeus haviam apresentado uma proposta de redução de emissões dos
gases de efeito estufa que poderia variar de 20% a 30% em
relação a 1990, dependendo do resultado das negociações.
O fato de os americanos terem apresentado, no entanto, uma
meta que, na prá ca, representa apenas 4% na comparação
com 1990 permi u um esforço mínimo da União Europeia.
Divergências entre os dois países que mais poluem – os
Estados Unidos e a China – levaram a um impasse. Antes,
os organizadores da conferência haviam preparado um
rascunho de documento de trabalho que, se adotado, permi ria aos países ricos con nuar poluindo e condenava os
países pobres a arcar com os custos econômicos e sociais do
efeito estufa. Distribuído para uma dezena de países, ditos
formadores de consenso, o documento causou indignação
e foi engavetado. Em uma tenta va para salvar a reunião
de cúpula, os governantes do Brasil, China, Índia e África do
Sul – aos quais depois juntou-se o presidente Barack Obama,
sem ter sido convidado – reuniram-se numa sala fechada e
elaboraram um documento que não limitava o aumento do
aquecimento global a 2ºC, não previa recursos suficientes
para alcançar a meta e não dava caráter obrigatório às decisões da cúpula.
Em Copenhague, o Secretário-Geral das Nações Unidas
Ban Ki-moon pediu aos países ricos que contribuam com um
fundo mul bilionário para ajudar as nações mais pobres a
enfrentarem as consequências do aquecimento global.
O metano e o óxido nitroso, dois outros gases que também colaboram com o aumento do efeito estufa, são gerados, sobretudo, pela decomposição do lixo, pela pecuária e
pelo uso de fer lizantes. As queimadas de floresta também
contribuem para reforçar o efeito estufa.
No Brasil, desmatamento e queimadas são as principais
fontes de emissão de gases efeito estufa. Os números mostram
que o Brasil é responsável por 3% dos gases de efeito estufa
produzidos pela humanidade. A agropecuária produz 77%
dos 13,2 milhões de toneladas de gás metano do Brasil, principalmente pela flatulência bovina, e por 92% das emissões
de óxido nitroso. A destruição das matas é responsável por
50% do monóxido de carbono (CO), enquanto a queima de
combus veis contribui com 39% dos 31,3 milhões de toneladas de CO2 lançadas no ar em 1994.
Problemas Ambientais
Chuva Ácida
Um problema ambiental em regiões muitas poluídas é
a chuva, neve ou neblina com alta concentração de ácidos
em sua composição. Com denominação genérica de chuva
ácida, sua origem são os óxidos de nitrogênio (NO2) e o dióxido de enxofre (SO2) liberados na atmosfera pela queima
de combus veis fósseis (principalmente o carvão mineral).
Esses compostos reagem com o vapor de água presente na atmosfera, formando o ácido nítrico (HNO3) e o ácido sulfúrico
(HZSO4), que depois se precipitam alteram as caracterís cas
do solo e da água, prejudicando as lavouras, as florestas e a
vida aquá ca. Também danificam edificíos e monumentos
históricos. Até os anos 1990, os Estados Unidos eram os
principais responsáveis pelo fenômeno, mas foram, então,
superados pelos países asiá cos. Altamente dependentes
de carvão, essas nações lançam na atmosfera cerca de 34
milhões de toneladas de SO, ao ano.
ATUALIDADES
Efeito Estufa
Capacidade da atmosfera de reter radiação solar no planeta,
o que explica, entre outras coisas, por que as noites na Terra
não são extremamente mais frias do que os dia, tal qual ocorre
na Lua, onde não há atmosfera. De modo geral, é o mesmo sistema que uma estufa de plantas, onde o vidro deixa a radiação
passar, mas retém o calor. O efeito estufa é de origem natural
o que o homem faz, por meio da emissão de gases de efeito
estufa, é intensificar esse fenômeno. O que se sabe é que ele
é benéfico aos seres humanos, à fauna e à flora, mas uma vez
intensificado, o fenômeno poderá trazer inúmeros problemas,
tais como: aquecimento global, degelo das calotas polares,
mudanças climá cas, inundações, desaparecimento de regiões
litorâneas e outras transformações mais.
38
Aquecimento Global
Uma das consequências da ação do homem sobre o meio
ambiente é a elevação da temperatura média global, provocada pela intensificação do efeito estufa. O aquecimento global
está ligado a fenômenos como o degelo nas regiões polares e
o agravamento da deser ficação. Um aumento de 1ºC na temperatura média da Terra seria suficiente para alterar o clima
de várias regiões, afetando a biodiversidade. Muitos estudos
confirmam o aquecimento global. De acordo com os cien stas
do Painel Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC),
da ONU, o século XX foi o mais quente dos úl mos 500 anos,
com aumento da temperatura média entre 0,3 ºC e 0,6 ºC.
Pesquisas cien ficas realizadas nos úl mos anos evidenciaram que o efeito estufa está sendo reforçado pelo excesso
de gás carbônico e outros gases liberados no ar pelas a vidades humanas, principalmente a queima de combus veis
fósseis – como o carvão, o petróleo e o gás natural. Esses três
combus veis ainda correspondem a bem mais da metade das
fontes de energia do mundo, base para a a vidade industrial
e de transportes.
Buraco na Camada de Ozônio
O aparecimento de buracos na camada de ozônio é um
processo natural, já que, em certas épocas do ano, reações
químicas na atmosfera produzem aberturas na camada, que
depois se fecham. A a vidade humana, porém, acentuou
esse processo. As emissões de substâncias químicas ar ficiais – sobretudo os clorofluorcarbonos (CFC´s), desenvolvidos na década de 1930 para serem usados especialmente
como fluidos refrigerantes em geladeiras e em ar-condicionado – intensificam as reações químicas que destroem
o ozônio. Sem a camada de ozônio absorvendo parte da
radiação ultravioleta B (UVB) emi da pelo Sol, as plantas
teriam uma redução na capacidade de fotossíntese e haveria
maior incidência de câncer de pele e catarata.
DeserƟficação
Considera-se deser ficação a redução da vegetação e da
capacidade produ va do solo, principalmente em regiões
áridas, semiáridas e subúrnidas, causada pela ação humana e, em menor grau, por mudanças naturais. Segundo o
Worldwatch InsƟtute, cerca de 15% da super cie terrestre
sofre algum po de deser ficação. As áreas mais afetadas
são o oeste da América do Sul, o nordeste do Brasil, o norte
e o sul da África, o Oriente Médio, a Ásia Central, o noroeste
da China, a Austrália e o sudoeste dos Estados Unidos.
Desde a primeira Conferência Mundial sobre Deser ficação, no Quênia, em 1977, os cien stas vêm mostrando
que o principal fator para a expansão das regiões áridas no
globo é a ação do homem, por meio do desmatamento, da
agropecuária predatória e de certos pos de mineração.
Essas a vidades levam à redução da cobertura vegetal,
ao surgimento de terrenos arenosos, à perda de água do
subsolo e outros fenômenos mais.
O processo de expansão industrial no Brasil foi intensificando nas décadas de 1930 a 1950. A par r da segunda metade dos anos 50, o setor industrial passou a ser o “carro-chefe”
da economia no país. Durante o período colonial, pelas regras
da polí ca econômica mercan lista, não se podia implantar
no Brasil nenhuma a vidade produ va que compe sse com
as a vidades da metrópole (no nosso caso, Portugal) ou que
prejudicasse seus interesses comerciais. Em 1785, o governo
português proibiu formalmente o funcionamento de fábricas
na colônia, para não atrapalhar a venda de tecidos e roupas
comercializadas por portugueses no Brasil. Os primeiros
esforços importantes para a industrialização aconteceram
no Império, mas a a vidade industrial no Brasil só ganha
fôlego no governo de Getúlio Vargas.
Os efeitos da quebra da bolsa de Nova York sobre a agricultura cafeeira e as mudanças geradas pela Revolução de
1930 (movimento polí co-militar que derrubou o presidente
Washington Luís e acabou com a República Velha, levando Getúlio Vargas ao poder) mudaram o eixo da polí ca econômica,
que assumiu um caráter mais nacionalista e industrialista.
As medidas concretas para a industrialização foram
tomadas durante o Estado Novo (1937-1945). As dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial ao comércio
internacional favoreceram essa estratégia de subs tuição
de importações. Em 1946 começou a operar o primeiro
alto-forno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em
Volta Redonda, no Rio de Janeiro. A Petrobras foi criada em
outubro de 1953.
Durante o governo provisório, Getúlio Vargas deu início
à modernização do Estado brasileiro:
• Criou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
• Estabeleceu pela primeira vez o horário de verão no
Brasil;
• Criou o Departamento de Correios e Telégrafos, atual
ECT;
• Ins tui a carteira de trabalho, ou carteira profissional;
• Garante, aos trabalhadores do comércio, a jornada de
trabalho de 8 horas diárias e 48 horas semanais;
• Criou o Ins tuto Nacional do Açúcar e do Álcool;
• Criou o Código Florestal (vigente até 1965);
• Criou o Ins tuto Nacional de Esta s ca, atual IBGE.
O nacionalismo da era Vargas foi subs tuído pelo desenvolvimen smo do governo Juscelino Kubs schek (1956 a
1961). Atraindo o capital estrangeiro e es mulando o capital
nacional com incen vos fiscais e financeiros e medidas de
proteção do mercado interno. JK implantou a indústria de
bens de consumo duráreis, como eletrodomés cos e veículos, com o obje vo de mul plicar o número de fábricas
de peças e componentes. Ampliou os serviços de infraestruturas, como transporte e fornecimento de energia elétrica.
Com os inves mentos externos e internos, es mulou a diversificação da economia nacional, aumentando a produção
de máquinas e equipamentos pesados para mecanização
agrícola, fabricação de fer lizantes, frigoríficos, transporte
ferroviário e construção naval. No início dos anos 60 o setor
industrial superou a média de crescimento dos demais setores da economia brasileira.
O Governo DesenvolvimenƟsta
O governo de JK é lembrado como de grande desenvolvimento, incen vando o progresso econômico do país
por meio da industrialização. Ao assumir sua candidatura,
ele se comprometeu a trazer o desenvolvimento de forma
absoluta para o Brasil, realizando 50 anos de progresso em
apenas cinco de governo, o famoso Plano de Metas, ou seja,
desenvolver “50 em 5”.
Seu mandato foi marcado por grande calmaria polí ca,
sofrendo apenas dois movimentos de contestação por medo
das tendências esquerdistas do presidente: as revoltas militares de Jacareacanga, em fevereiro de 1956 e de Aragarças,
em dezembro de 1959. As duas contaram com pequeno número de insa sfeitos, sendo ambas reprimidas pelas Forças
Armadas. Com o fim das revoltas, Juscelino concedeu “anis a
ampla e irrestrita” a todos os envolvidos nos acontecimentos.
O governo JK foi marcado por grandes obras e mudanças.
As principais foram:
• O Plano de Metas, que estabelecia 31 obje vos para
serem cumpridos durante seu mandato, o mizando
principalmente os setores de energia e transporte (com
70% do orçamento), indústrias de base, educação e alimentação. Os dois úl mos não foram alcançados, mas
isso passou despercebido diante de tantas melhorias
proporcionadas por JK;
• Criação do Grupo Execu vo da Indústria Automobilís ca (Geia), implantando várias indústrias de automóvel
no país;
• Criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear;
• Expansão das usinas hidrelétricas para obtenção de
energia elétrica, com a construção da Usina de Paulo
Afonso, no Rio São Francisco, na Bahia e das barragens
de Furnas e Três Marias;
• Criação do Grupo Execu vo da Indústria de Construção
Naval (Geicon);
• Abertura de novas rodovias, como a Belém-Brasília,
unindo regiões até então isoladas entre si;
• Criação do Ministério das Minas e Energia, expandindo
a indústria do aço;
• Criação da Superintendência para o Desenvolvimento
do Nordeste (Sudene) e;
• Fundação de Brasília (A nova capital).
Durante esse governo houve um grande avanço industrial e a sua força motriz estava concentrada nas indústrias
de base e na fabricação de bens de consumo duráveis e
não duráveis. O governo atraiu o inves mento de capital
estrangeiro no país incen vando a instalação de empresas
internacionais, principalmente as automobilís cas.
Essa polí ca desenvolvimen sta só foi possível por meio
de duas realizações de Vargas: a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), em 1946 e a Petrobras, em
1953. Com a criação da Siderúrgica, o Brasil pôde começar
a produzir chapas de ferro e laminados de aço, necessários
como material para outras indústrias na fabricação de
ferramentas, pregos, eletrodomés cos, motores, navios,
automóveis e aviões.
A Siderúrgica impulsionou a indústria automobilís ca
que, por sua vez, impulsionou a indústria de peças e equipamentos. As três juntas impulsionaram o crescimento e a
construção de usinas hidrelétricas mais potentes. A criação
da Petrobras também forneceu matéria-prima para o desenvolvimento da indústria de derivados do petróleo, como
plás cos, ntas, asfalto, fer lizantes e borracha sinté ca.
Todo esse desenvolvimento concentrou-se no Sudeste
brasileiro, enquanto as outras regiões con nuavam com
suas a vidades econômicas tradicionais. Por esse mo vo,
as correntes migratórias aumentaram, sobretudo as do
Nordeste para o Sudeste – que chegaram a 600 mil pessoas
em 1953, o que significava 5% da população nordes na – e
do campo para a cidade.
Os bens produzidos pelas indústrias eram acessíveis apenas a uma pequena parcela de brasileiros, enquanto que a
maioria – formada pela classe trabalhadora – con nuava
polí ca e economicamente marginalizada, prova cabal da
concentração de riquezas nas mãos de poucos.
ATUALIDADES
BRASIL
39
Para tentar sanar esse problema, JK criou a Sudene,
em 1959, para promover o desenvolvimento do Nordeste.
A intenção era que houvesse industrialização e agricultura
irrigada na região. Porém, o seu par do, o PSD, era ligado
aos coronéis do interior, o que impediu que a Sudene fosse
um instrumento da prá ca da Reforma Agrária na região,
solução decisiva para acabar com as desigualdades sociais.
Além desses problemas, o progresso econômico também
gerou muitas dívidas. Apesar de o Produto Interno Bruto –
PIB – ter crescido 7% ao ano e da taxa de renda per capita
ter aumentado num ritmo quatro vezes maior do que o da
América La na, as exportações não a ngiram o mesmo valor do endividamento e JK foi se enforcando com a própria
corda. O capital estrangeiro que trazia riquezas ao Brasil era
o mesmo que lhe cobrava montanhas de juros pelos emprésmos realizados pelos Estados Unidos. Nessa época a taxa de
inflação crescia sem parar e a moeda brasileira estava cada
vez mais desvalorizada.
A sorte de Juscelino foi que esses problemas só vieram
à tona quando seu mandato estava bem perto do fim, e isso
não abalou a sua imagem diante da população, que até hoje
o considera como um polí co visionário e de grande responsabilidade pelo desenvolvimento do país.
Brasília
ATUALIDADES
A fundação de Brasília como nova capital do país, em
localização estratégica, criou uma metrópole no interior do
território nacional. Até 1950 exis a uma ideia de que exis am
dois “Brasis”: um litorâneo, produ vo e moderno e outro
interiorano, estagnado social e economicamente. Brasília
serviria para permi r a interiorização do desenvolvimento.
A Novacap, empresa responsável pela construção de Brasília,
atraiu mais de 3 mil operários para o centro do país.
Conhecidos como “candangos”, estes homens trabalhavam sem parar, noite e dia. No dia de sua inauguração, em
21 de Abril de 1960, a nova capital contou com a presença
de mais de 100 mil visitantes que puderam ver o nascimento
de um dos principais símbolos arquitetônicos do mundo,
idealizado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer.
40
A Era Militar e o Milagre Econômico
O chamado Milagre Econômico é o período caracterizado por um crescimento acelerado, decorrente em grande
parte das reformas ocorridas no período anterior e das
condições internacionais favoráveis, em que a manutenção
do crescimento se deu em função da vontade polí ca do
governo militar (o obje vo do Brasil Potência), que foi contra
a tendência mundial de retração do crescimento, a par r da
primeira crise do petróleo de 1973.
Durante o militarismo o crescimento acelera-se e diversifica-se no período do chamado “milagre econômico”, de 1968 a
1974. A disponibilidade externa de capital e a determinação dos
governos militares de fazer do Brasil uma “potência emergente”
viabilizam pesados inves mentos em infraestrutura (rodovias,
ferrovias, telecomunicações, portos, usinas hidrelétricas, usinas
nucleares), nas indústrias de base (mineração e siderurgia), de
transformação (papel, cimento, alumínio, produtos químicos,
fer lizantes), equipamentos (geradores, sistemas de telefonia,
máquinas, motores, turbinas), bens duráveis (veículos e eletrodomés cos) e na agroindústria de alimentos (grãos, carnes,
la cínios). No início da década de 70, a economia apresenta
resultados excepcionais, com o PIB crescendo a 12 % e o setor
industrial a 18% ao ano.
O “Milagre Econômico” brasileiro foi acompanhado de
muitas “explosões”, dentre elas um crescimento con nuo
das classes médias, primeiro nas grandes cidades e depois
nas cidades menores e no campo modernizado. Como essa
expansão foi acelerada, é lícito falar em explosão das classes
médias, que, nesse meio século, acompanha a explosão
demográfica, a explosão urbana e a explosão do consumo
e do crédito.
Esse conjunto de fenômenos tem relação com o aumento
da produção industrial e agrícola, como também do comércio, dos transportes, das trocas de todos os pos, das obras
públicas, da administração e da necessidade de informação.
Há, paralelamente, uma expansão e diversificação do emprego, ainda que uma parcela importante dos que se dirigiram às
cidades não pudesse ser assalariado formal, só encontrando
trabalho no circuito inferior da economia.
Um sentimento de segurança é infundido na classe
média pelos programas governamentais que lhe facilitam a
aquisição da casa própria, programas de que foram os beneficiários privilegiados, enquanto os brasileiros mais pobres
apenas foram incompletamente atendidos nos úl mos anos
do regime autoritário.
Vale realçar que no Brasil do milagre, e durante boa parte
dos anos 80, a classe média se expandiu e se desenvolveu
sem que houvesse verdadeira competição dentro dela
quanto ao uso dos recursos que o mercado ou o Estado lhe
ofereciam para a melhoria do seu poder aquisi vo e do seu
bem-estar material. Daí a sua rela va coesão e a consciência
de haver tornado um poderoso estamento. A compe ção é,
na realidade, com os pobres, cujo acesso aos bens e serviços torna-se cada vez mais di cil, na medida em que estes
se mul plicam e diversificam. A classe média é a grande
beneficiária do crescimento econômico, do modelo polí co
e dos projetos urbanís cos adotados.
O período 1968-1973 caracterizou-se pelas maiores taxas
de crescimento do produto brasileiro na história recente, com
rela va estabilidade de preços. A taxa média de crescimento
do produto situou-se acima de 10% a.a., com destaque para o
produto industrial, enquanto a taxa de inflação permaneceu
entre 15 e 20% a.a. no período. Esta performance foi decorrência das reformas ins tucionais e da recessão do período
anterior, que geram uma capacidade ociosa no setor industrial e as condições necessárias para a retomada da demanda.
Além disso, o crescimento da economia mundial também
permi u a superação das taxas históricas de crescimento.
As diretrizes do governo em 1967 já colocavam o crescimento econômico como obje vo principal, acompanhado de
contenção da inflação, sendo que se admi a o convívio com
uma taxa de inflação em torno de 20 a 30% a.a., com redução gradual (a chamada “polí ca gradualista” de combate à
inflação, em oposição ao “tratamento de choque” do período
Campos-Bulhões). Nessa fase, alterou-se o diagnós co sobre
as causas da inflação, destacando os custos como principal
determinante.
Governo Collor
No governo Collor, no início da década de 1990, os produtos importados passaram a invadir o mercado brasileiro,
com a redução dos impostos de importação. A oferta de
produtos cresceu e os preços de algumas mercadorias caíram
ou se estabilizaram. Os efeitos iniciais dessas medidas indicavam que o governo estava no caminho certo, ao debelar a
inflação que havia a ngido patamares elevados no final da
década de 1980 e início da década de 1990, mas isso durou
pouco tempo.
Ao mesmo tempo, o governo passou a incen var os
inves mentos externos no Brasil mediante incen vos fiscais
e priva zação das empresas estatais, iniciando a influência
do neoliberalismo sobre a economia brasileira. No entanto,
esses inves mentos chegaram um pouco mais tarde, dado
o receio dos inves dores frente à instabilidade econômica
do país naquele momento.
O Governo FHC e o Processo de PrivaƟzação
Nem todos países incorporaram plenamente as ideias
neoliberais. A China e a Índia, por exemplo, países que têm
ob do grande sucesso econômico nas úl mas décadas,
adotaram uma abertura restrita e gradual. Nesses países,
os inves mentos produ vos das mul nacionais foram realizados em associações com empresas nacionais. Mas não
foi esse o caminho seguido pelo Brasil.
Aqui, a concessão para exploração do sistema de transportes, o fim da proibição da par cipação estrangeira nos
setores de comunicação e o fim do monopólio da Petrobras
para a exploração de petróleo e a priva zação de setores
estratégicos ligados à energia e à mineração, foram medidas
adotadas pelo país em curto espaço de tempo.
O argumento favorável a essas polí cas é de que as estatais
eram improdu vas, davam prejuízo, estavam endividadas,
eram cabides de emprego, um canal propício à corrupção e
sobreviviam somente devido aos subsídios governamentais.
Mas as principais empresas priva zadas, como são os casos
da Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia Siderúrgica
Nacional, eram empresas lucra vas e compe vas.
Não são poucas as crí cas sobre a venda do patrimônio
público. Uma delas aponta ao fato de que o dinheiro arrecadado pelo Estado brasileiro, por meio da priva zação, foi
emprestado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Isto é, o governo financiou a juros
baixos as empresas que ele próprio vendeu.
Os recursos captados com o processo de priva zação
deveriam servir para diminuir a dívida pública (toda as dívidas do setor público, incluindo governo (federal, estadual e
municipal) e empresas estatais, com emprés mos e emissões
de tulos de dívida negociados a prazo e juros definidos).
Mas seu obje vo foi inviabilizado em pouco tempo. A polí ca
de juros altos para conter a inflação e atrair inves mentos
externos levou a uma elevação da dívida em valores superiores aos conseguidos com a venda das empresas estatais.
Após o sucesso do plano real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito Presidente do Brasil já no primeiro turno
com larga escala de votos e tomou posse dia 1º de Janeiro
de 1995, sendo reeleito em 1998, tendo nos dois mandatos
Marco Maciel, do PFL, como vice-presidente.
A polí ca de estabilidade e da con nuidade do Plano Real
foi o principal apelo da campanha eleitoral de Fernando Henrique Cardoso e um dos fatores decisivos para sua reeleição
em 1998, sendo reeleito no primeiro turno.
FHC conseguiu sua eleição graças ao apoio do PSDB, do
PFL, do Par do Progressista brasileiro (atual PP) e de parte
do PMDB, e conseguiu manter uma estabilidade polí ca
durante seus oito anos de governo. No primeiro mandato
FHC conseguiu a aprovação da emenda cons tucional que
criou a reeleição para cargos execu vos.
O governo de Fernando Henrique Cardoso foi marcado
pela priva zação de empresas estatais, como: Embraer,
Telebrás, Vale do Rio Doce e outras estatais.
Além da privatização, seu governo também houve
diversas denúncias de corrupção, como: a compra de parlamentares para aprovação da emenda cons tucional que
autorizava a reeleição e também o favorecimento de alguns
grupos financeiros na aquisição de algumas estatais.
No início do segundo mandato de FHC, em 1999 houve
uma forte desvalorização do real, devido a crises financeiras
internacionais (Rússia, México e Ásia) que levou o Brasil a
maior crise financeira da história, além de aumentar os juros
reais e aumentar a dívida interna brasileira.
Os grandes destaques brasileiros foram a implantação do
gasoduto Brasil-Bolívia, a elaboração de um Plano Diretor da
Reforma do Estado, um acordo que priorizaria o inves mento
em carreiras estratégicas para a gestão do setor público,
aprovação de emendas que facilitaram a entrada de empresas estrangeiras no Brasil e a flexibilização do monopólio de
várias empresas, como a Petrobras, Telebrás e etc.
Alguns dos programas sociais criados no governo de
Fernando Henrique Cardoso foram: A Bolsa Escola, Bolsa
Alimentação e o Vale Gás.
No governo de FHC entrou em vigor a lei de responsabilidade fiscal (LRF) que caracterizava-se pelo rigor exigido
na execução do orçamento público, que limitava o endividamento dos estados e municípios e os gastos com o funcionalismo público.
Os salários dos funcionários públicos também não veram reajustes significa vos, uma forma de evitar a inflação
e controlar os gastos públicos.
O governo de Fernando Henrique Cardoso teve fim no
dia 1º de Janeiro de 2003, com a posse de Luiz Inácio Lula
da Silva.
O Governo Lula
Lula se tornou presidente do Brasil e sua trajetória de
vida fazia com que diversas expecta vas cercassem o seu
governo. Seria a primeira vez que a esquerda tomaria controle da nação (se bem que seu governo não se caracterizou
tão assim pela esquerda, já que o PMDB foi o maior aliado
polí co do PT). No entanto, seu governo não se resume a
essa simples mudança. Entre as primeiras medidas tomadas,
o Governo Lula anunciou um projeto social des nado à melhoria da alimentação das populações menos favorecidas.
Estava lançada a campanha “Fome Zero”.
Essa seria um dos diversos programas sociais que marcaram o seu governo. A ação assistencialista do governo se
jus ficava pela necessidade em sanar o problema da concentração de renda que assolava o país. Tal medida inovadora foi
possível graças à con nuidade dada às polí cas econômicas
traçadas durante a “Era FHC”. O combate à inflação, a ampliação das exportações e a contenção de despesas foram
algumas das metas buscadas pelo governo.
A ação política de Lula conseguiu empreender um
desenvolvimento historicamente reclamado por diversos
setores sociais. No entanto, o crescimento econômico do
Brasil não conseguiu se desvencilhar de prá cas econômicas
semelhantes às dos governos anteriores. A manutenção de
determinadas ações polí cas foram alvo de duras crí cas. No
ano de 2005, o governo foi denunciado por realizar a venda
de propinas para conseguir a aprovação de determinadas
medidas.
O esquema, que ficou conhecido como “Mensalão”,
instaurou um acalorado debate polí co que ques onava se
exis a algum po de oposição polí ca no país. Em meio a
esse clima de indefinição das posições polí cas, o governo
Lula conseguiu vencer uma segunda disputa eleitoral. O novo
mandato de Lula é visto hoje mais como uma tendência
con nuísta a um quadro polí co estável, do que uma vitória
dos setores de esquerda do Brasil.
Independente de ser um governo vitorioso ou fracassado,
o Governo Lula foi uma importante etapa para a experiência
polí ca no país. De certa forma, o fato de um par do for-
ATUALIDADES
O processo acelerado de abertura econômica, mais
intenso no governo Fernando Henrique Cardoso, fez com
que muitas empresas não conseguissem se adaptar às novas
regras de mercado, levando-as à falência ou a vender seu patrimônio. Muitas mul nacionais compraram essas empresas
nacionais ou associaram-se a elas. Em apenas uma década
as mul nacionais mais que dobraram sua par cipação na
economia brasileira.
O governo Lula não mudou a orientação da polí ca econômica do governo que o antecedeu.
41
malmente considerado de esquerda ascender ao poder nos
insere em uma nova etapa do jogo polí co nacional. Mesmo
ainda sofrendo com o problema da corrupção, a chegada de
Lula pode dar fim a um pensamento polí co que excluía a
chegada de novos grupos ao poder.
ATUALIDADES
Educação
42
Educar é promover o desenvolvimento sico, intelectual e
moral de um indivíduo, com o obje vo de integrá-lo à sociedade, por meio da transmissão de valores e conhecimentos
acumulados. Nesse sen do primordial, toda sociedade, por
mais simples que seja, tem algum sistema de educação.
Mas, no contexto de provas de concurso, o termo educação
refere-se, no geral, ao sistema em que o aprendizado se dá
num sistema organizado numa sequência de etapas a serem
vencidas sucessivamente, do ensino primário ao superior – o
que costumamos chamar de educação formal, oferecida em
escolas, colégios e universidades, que segue normas gerais
definidas pelo governo. Por tradição, essa educação formal
é voltada principalmente para crianças e jovens. Mas a
crescente complexidade da vida em sociedade – resultante
dos avanços tecnológicos e traduzida fundamentalmente
na alta compe ção no mercado de trabalho – exige que o
cidadão dedique um período cada vez maior aos estudos.
No Ocidente, a origem da educação formal, como a
conhecemos, está ligada à Igreja Católica. Durante a Idade
Média, por volta do século XII, os monges cons tuem a
maior parte da população instruída da Europa. Pouco a
pouco, os mosteiros, que já nham a vidades voltadas para
a formação intelectual dos monges, passam a ter também
escolas para as crianças e para os jovens da região onde
estavam instalados – num ensino baseado na manutenção
das hierarquias sociais e na valorização da fé religiosa.
No século XVIII, consolidadas as ideias da revolução
cien fica (que definiu um novo modo de enxergar o mundo
natural) e do Iluminismo, a nova ordem mundial imposta pela
Revolução Industrial desbanca a religião como força moldadora da educação. A ciência e o bom uso da razão cons tuem,
agora, o caminho certo para o aperfeiçoamento do espírito
humano e para a melhoria das condições materiais de vida
da sociedade. A burguesia do século XIX associa a essa visão
laica da educação um aspecto eminentemente prá co e posi vista, em busca do progresso: a necessidade de preparar
mão de obra capaz de lidar com a crescente complexidade
da tecnologia do mundo industrializado.
A escolarização de um con ngente cada vez maior de
trabalhadores por mo vos econômicos acaba promovendo,
até certo ponto, a democra zação da educação. Nascem os
sistemas nacionais de educação, que persistem até hoje.
A par r do século XX, a educação sofre profundas transformações. A explosão demográfica mundial, o aumento das
diferenças entre pobres e ricos, o valor da economia baseada
na produção em grande escala, a crescente dependência
da ciência e da tecnologia e a importância dos meios de
comunicação de massa aos poucos associam a educação ao
desenvolvimento de uma nação: quanto mais educado um
povo for, maior será a riqueza da sociedade. Hoje, as teorias
econômicas reconhecem a educação como capital humano –
uma ferramenta que não apenas aumenta o desempenho
individual de um trabalhador como também é fator decisivo
para a geração de riquezas e para o crescimento econômico
de um país. Assim, as polí cas voltadas para a melhoria dos
sistemas educacionais são muito valorizadas para diminuir
as desigualdades sociais, e a educação cons tui um dos
indicadores adotados por organismos internacionais para
medir o desenvolvimento de uma nação e a qualidade de
vida de sua população.
Ao mesmo tempo, a disseminação da informá ca e a
nova ordem mundial imposta pela globalização quebram
alguns dos paradigmas mais sagrados dos modelos pedagógicos válidos até então. Em menos de uma geração, o tradicional aprendizado por meio de livros passa a compe r com
as ferramentas audiovisuais e virtuais – par cularmente o
computador. Além disso, a internet permite uma propagação
de valores e troca de informações entre sociedades e grupos
antes rela vamente isolados. Como assimilar as mudanças
tecnológicas e as revoluções nos meios pelos quais se adquirirem conhecimento, que vão além dos moldes da educação formal, cons tui grande desafio para os educadores
do século XXI.
A Educação no Brasil
A Cons tuição Federal de 1988 lista a educação como um
direito social, ao lado de outros, como saúde, alimentação,
trabalho, moradia e lazer. Define como obje vos da educação “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
A Carta Magna estabelece, também, as obrigações de todas
as esferas do poder público. A União compete organizar o
sistema federal de ensino e o dos territórios, financiar as
ins tuições de ensino públicas federais, distribuir e suplementar verbas e assistência técnica aos estados, municípios
e ao Distrito Federal. Os estados e os municípios devem
trabalhar de maneira integrada, cabendo aos municípios,
prioritariamente, a educação infan l e o ensino fundamental.
Os estados e o Distrito Federal devem atuar principalmente
no ensino fundamental e médio.
As principais diretrizes educacionais brasileiras são
detalhadas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que define o
Plano Nacional de Educação (PNE). Paralelamente a essas
exigências cons tucionais, o governo federal estabelece, em
2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), com
vista a elevar a qualidade do ensino brasileiro.
Lei de Diretrizes e Bases
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é a principal
lei federal que regulamenta a educação no Brasil, de acordo
com o estabelecido na Cons tuição. Aprovada em dezembro de 1996, sob o nº 9.394/1996, é também chamada Lei
Darcy Ribeiro, em alusão ao educador que foi um de seus
principais negociadores. Com 92 ar gos, reforça o direito de
todo brasileiro ao acesso gratuito à educação fundamental e
prevê a grada va extensão dessa condição ao ensino médio.
Detalha o papel da União, dos estados, dos municípios e
do Distrito Federal em relação à educação – e ar cula suas
ações – e determina as obrigações gerais dos ins tutos de
ensino, dos professores e dos outros profissionais da área.
Define os níveis da educação no Brasil, apresenta referenciais
curriculares e estabelece a carga horária mínima para cada
um, nas diversas modalidades.
Plano Nacional da Educação
O Plano Nacional da Educação (PNE), previsto na Constuição Federal e ins tuído pela Lei nº 10.172, de 2001,
direciona os esforços dos governos federal, estaduais e
municipais para a educação. Complementando as orientações e diretrizes ditadas pela LDB, o PNE estabelece metas
qualita vas e quan ta vas gerais, a serem alcançadas grada vamente em, no máximo, dez anos.
Os obje vos gerais são: elevar o nível de escolaridade
da população, melhorar a qualidade do ensino, reduzir as
desigualdades sociais e regionais quanto ao acesso à escola
e à permanência nela e democra zar a gestão do ensino
Plano de Desenvolvimento da Educação
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), apelidado de PAC da Educação, é o mais recente plano do governo
federal para a educação básica. Apresentado pelo Ministério
da Educação no inicio de 2007,o PDE concre za as diretrizes
constantes do Plano Nacional da Educação (PNE). Define
metas específicas para as escolas de cada estado e município,
com base no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb). Ao aderir ao plano, cada estado e município assume
o compromisso de elevar grada vamente seu Ideb até 2021.
De outro lado, o governo federal garante – por meio de cerca
de 40 programas – recursos financeiros e técnicos para ajudar as escolas e as regiões mais carentes e deficientes. Em
seu primeiro ano, mais de outro lado, a len dão no repasse
dos recursos vem retardando boa parte dos inves mentos.
Além do suporte técnico e financeiro do MEC, o plano
prevê inves mentos na formação con nuada de professores, construção de creches e pré-escolas, criação de bolsa
de estudo para jovens de até 17 anos de família com baixa
renda e universalização de laboratórios de informá ca em
escolas públicas. As ações e os inves mentos propostos no
PDE envolvem, ainda, questões de infraestrutura que vão
além dos limites da sala de aula, como o acesso de 18 mil
escolas à energia elétrica, financiamento para a renovação
da frota de veículos para transporte escolar das prefeituras e
qualificação da saúde do estudante. O plano trata também de
estabelecimento de uma polí ca salarial. Em julho de 2008,
o presidente Luís Inácio Lula da Silva sanciona projeto lei
que ins tui o piso nacional de 950 reais para os professores
da rede pública.
Reforma da Saúde nos EUA
Entre tantos problemas, a proposta de ampliar o atendimento de saúde à população foi a grande prioridade do
presidente. A maior dificuldade para reformar o sistema de
saúde é que ele provoca um aumento de gastos, e já existe
um elevado déficit no orçamento federal norte-americano,
ou seja, as despesas vêm sendo maiores do que as receitas.
Os bilhões de dólares de dinheiro público usados em 2009
para salvar bancos e empresas e os altos gastos militares já
vêm aumentando esse déficit.
Pelas previsões, a reforma do sistema de saúde custará
900 bilhões aos cofres públicos em dez anos. Segundo Obama, o financiamento do novo sistema se dará pelo aumento
nos impostos sobre a renda de pessoas que ganham mais
de 250 mil dólares por ano e pelo corte de 500 bilhões de
dólares nas despesas do Medicare. O presidente afirma que
há desperdício de recursos no programa.
Nos EUA, os planos de saúde são privados e contratados
individualmente. Caso a pessoa tenha um bom emprego,
a empresa paga ou subsidia sua assistência médica, com acordos estabelecidos nos contratos cole vos de trabalho. A saúde
dos norte-americanos acima de 65 anos e dos mais pobres é
bancada pelo governo por meio dos programas Medicare e Medicaid, que beneficiam, respec vamente, cerca de 45 milhões
e 60 milhões de pessoas. São qualificados ao Medicaid aqueles
cuja renda é menor que um certo patamar, que varia de estado
para estado e conforme o número de integrantes da família. No
estado de Nova York, por exemplo, têm direito à assistência os
solteiros que ganham abaixo de 707 dólares mensais.
O problema é que, antes da reforma na saúde, ficava
sem assistência médica quem não nha condições de pagar
por um plano nem se encaixava nos casos previstos para
Medicare e o Medicaid.
Com a nova lei, todos os cidadãos serão obrigados a contratar um plano de saúde, sob pena de serem multados em
750 dólares por ano. Para as famílias cuja renda atual é de
até 902 dólares por pessoa ao mês, o governo dará subsídios
e gerenciará um novo mercado de venda de seguros de saúde, no qual os planos poderão ser contratados. O programa
Medicaid será ampliado, estendendo-se a uma fa a maior
da população de baixa renda.
As empresas com mais de 50 funcioná rios ficarão
obrigadas a pagar seguro de saúde aos seus empregados.
As pequenas empresas terão incen vo fiscal para contratar
planos de saúde cole vos. A reforma também estabelece
mudanças nos procedimentos das seguradoras. Elas ficam
proibidas de recusar atendimento a pacientes com doenças
preexistentes e de negar assistência aos segurados quando
estes ficarem doentes, prá cas comuns antes da lei. Os filhos,
que geralmente eram cobertos pelos planos de saúde dos
pais até que terminassem a faculdade, agora terão assistência
até os 26 anos.
O esclarecimento, no texto da lei, de que o governo não
subsidiaria abortos – mulheres com plano subsidiado poderão abortar, desde que paguem pela operação – permi u
que a lei ganhasse o apoio de parlamentares do Par do
Democrata que estavam hesitantes. Esses votos se tornaram
decisivos, pois a reforma do sistema de saúde foi aprovada
sem um único voto de parlamentar republicano, graças à
maioria que o Par do Democrata detém na Câmara e no
Senado.
As controvérsias, tanto com republicanos quanto com
parte dos democratas, referem-se basicamente a dois
pontos:
a) o item que obriga todos os cidadãos a ter um seguro
de saúde sofreu forte oposição, pois contraria uma ideia
tradicional no país: a liberdade de escolha. O presidente
estaria ignorando-a ao penalizar os que optarem por não
ter um plano de saúde, e
b) oposicionistas dizem que a lei interfere na soberania dos
estados, pois, nos EUA, a competência legisla va da União é
limitada e a dos estados é ampla.
Apesar dos argumentos em contrário, o texto aprovado
manteve obrigatoriedade e, por causa disso, alguns republicanos prometem ques onar a cons tucionalidade da lei
na Jus ça.
Outro ponto polêmico do projeto original era a “opção
pública”, pela qual o governo ofereceria um plano de saúde
federal a quem quisesse. Como sairia mais barato para a
população, já que seria um serviço público, o plano levaria as
seguradoras a também baratear suas mensalidades. Muitos
oponentes da reforma afirmam que, ao oferecer um serviço
público de saúde (com o preço não regulado pelo mercado),
o governo criaria uma situação de concorrência desleal com
as seguradoras. Segundo eles, a “opção pública” é uma
ingerência excessiva do Estado em relações econômicas
que deveriam permanecer na esfera privada. Ela minaria,
portanto, a livre concorrência e o livre mercado, preceitos
centrais do neoliberalismo, doutrina que guiou a economia
ATUALIDADES
público, com a par cipação da comunidade. O PNE estabelece prioridades para os inves mentos na preparação e
na valorização dos professores e profissionais da educação
para a manutenção das instalações e dos equipamentos
escolares, além de instrumentos que garantam a frequência
dos estudantes à ins tuição.
Entre os resultados que o PNE pretende ver alcançados
até 2011 constam a erradicação do analfabe smo entre
adultos, a inclusão no ensino infan l de 50% das crianças com
idade entre 0 e 3 anos e 80% das de 4 e 5 anos, a universalização do acesso ao ensino fundamental e ao ensino médio
e o acesso à educação superior de pelo menos 30% de jovens
com idade entre 18 e 24 anos.
43
dos Estados Unidos nas úl mas décadas. O plano de saúde
federal acabou sendo re rado da proposta e não consta no
texto final sancionado por Obama.
As diferenças entre o projeto proposto por Obama e
o texto aprovado mostram que foram necessárias muitas
negociações e concessões por parte do governo para que a
reforma se tornasse realidade. No final, a lei não agradou
aos setores mais progressistas dos meios polí cos, que
queriam ver aprovada a “opção pública”, nem aos mais
conservadores, que veem na reforma da saúde um conjunto
de medidas socialistas. A insa sfação refle u-se no índice de
popularidade do presidente, que vinha caindo e, em março
de 2010, chegou a 46%, nível mais baixo desde a sua posse.
Artes e Literatura
José de Sousa Saramago (1922-2010) foi um escritor,
jornalista, dramaturgo, romancista e poeta português.
Único escritor de língua portuguesa a ganhar o prêmio
Nobel de Literatura (no ano de 1998) também ganhador
do prêmio Camões – a mais importante condecoração da
língua portuguesa.
Entre seus livros mais conhecidos estão “Memorial do
convento”, “O ano da morte de Ricardo Reis”, “O evangelho
segundo Jesus Cristo”, “A jangada de pedra” e “A viagem do
elefante”. O mais recente romance publicado pelo escritor
foi “Caim”, de 2009. Seu es lo de escrita era caracterizado
pelos parágrafos muito longos e escassez de pontuações.
“Ensaio sobre a cegueira”, que conta a história de uma
epidemia branca que cega as pessoas, metáfora da cegueira
social, foi levado às telas em uma produção hollywoodiana
filmada pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles (de “Cidade de Deus”) em 2008. O autor, normalmente avesso a
adaptações de suas obras, aprovou o trabalho de Meirelles.
Saramago era considerado o criador de um dos universos literários mais pessoais e sólidos do século XX e uniu a
a vidade de escritor com a de homem crí co da sociedade,
denunciando injus ças e se pronunciando sobre conflitos
polí cos de sua época. Em 1997, escreveu a introdução para
o livro de fotos “Terra”, em que o fotógrafo Sebas ão Salgado
retratava a ro na do movimento dos sem-terra no Brasil.
ÚlƟmas Noơcias
Novo Código Florestal Ameaça Espécies, dizem CienƟstas
ATUALIDADES
Se for implantado o novo Código Florestal, aprovado em
julho de 2010, por uma comissão da Câmara dos Deputados,
os impactos nega vos na fauna e na flora brasileira – como a
redução e até a ex nção de algumas espécies – poderão ser
sen dos já nos próximos cinco anos. A análise é de cien stas que já ar culam encontros e congressos para discu r o
projeto de lei proposto pelo Deputado Federal Aldo Rebelo
(PC do B-SP). De acordo com eles, o código não contou com
a comunidade cien fica para ser elaborado. O novo código,
que ainda precisa ser votado no Congresso, encolhe as APPs
(áreas de proteção permanente), reduz de 30m para 15m
das APPs nas margens dos riachos (com até 5m de largura),
que compõem 90% da malha hidrográfica nacional, é um
dos pontos crí cos. Matas na beira dos rios são importantes
para os bichos terrestres e os debaixo d’água, pois fornecem
insetos e material orgânico aos peixes.
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Um Matagal de Polêmica
As Principais CríƟcas dos Biólogos à Nova Lei
O que é o Código Florestal?
Conjunto de regras sobre exploração florestal que estabelece, dentre outras coisas, que áreas acima de 1.800m deixem
de ser consideradas APPs e recebem permissão legal para
serem desmatadas, pequenas propriedades não precisam
manter sua reserva legal e ainda a redução das APPs nas
beiras de riachos (até 5m de largura), por exemplo, passam
de 30m para 15m de área preservado.
Crise no Equador
Entenda a Crise Gerada pelos Violentos Protestos no
Equador
O governo do Equador decretou o estado de exceção em
todo o território nacional e delegou a segurança interna e
externa do país às Forças Armadas como reação ao amplo
protesto de policiais e de parte dos militares contra o governo. As manifestações foram mo vadas por uma proposta
do governo que reduz bene cios salariais das forças de
segurança e que está em votação no Congresso.
O estado de exceção pode ser decretado pelo líder de
um país em situações de emergência. A medida extrema
inclui a suspensão temporária das garan as cons tucionais,
a possibilidade de decretar o toque de recolher e dá às Forças
Armadas amplos direitos – como o de voz de prisão – para
garan r a segurança nacional.
Entenda a Crise
O estado de exceção foi decretado após centenas de
agentes de segurança terem ido às ruas em violentos protestos contra as medidas do presidente Rafael Correa que
buscam diminuir os bene cios de policiais e militares.
Em poucas horas a situação no país tornou-se instável,
quando cerca de 120 militares teriam se juntado a centenas
de policiais nas manifestações, fechando o aeroporto internacional de Quito.
Ferido, o presidente foi internado num hospital no
centro de Quito, e pouco depois o prédio foi cercado pelos
manifestantes.
A escalada de violência levou a OEA (Organização dos
Estados Americanos) a convocar uma reunião de emergência e o secretário-geral da Unasul (União das Nações
Sul-Americanas) afirmou que a “América do Sul não pode
tolerar mais” situações desse po.
Correa despertou a fúria de centenas de policiais equatorianos ao tentar aprovar no Congresso nacional uma série
de medidas que visa reduzir bene cios e promoções, o que
impactaria diretamente nos salários dos agentes.
Dias antes, o presidente havia afirmado que poderia
dissolver o Congresso e convocar eleições antecipadas, caso
os parlamentares não aprovassem suas medidas.
A ministra para a Polí ca, Doris Solís, tornou pública a
intenção de Correa, jus ficada com a “morte cruzada”, um
mecanismo cons tucional que determina a dissolução do
Congresso e a convocação de eleições gerais em alguns casos
específicos, como: obstrução pelos congressistas do plano de
desenvolvimento, grave crise polí ca ou comoção interna.
“A ‘morte cruzada’ é uma das possibilidades. Nós estamos
em um projeto de mudança, precisamos construir leis de
consenso”, disse a ministra à imprensa.
Horas depois o país vivenciou o início de fortes protestos.
Tentando conter o clima de tensão, o presidente Rafael
Correa fez aparições públicas em que tentou conter o clima
de tensão, mas os inflamados discursos apenas agravaram
ainda mais a delicada situação de segurança vivida na capital.
O mandatário disse que os policiais “são um grupo de
bandidos ingratos” e os desafiou a matá-lo.
O chefe das Forças Armadas, o general Ernesto González,
manifestou apoio integral ao presidente e reiterou que ele
é a autoridade máxima do país, embora um reduzido grupo
Prêmio Nobel
O Prêmio Nobel foi ins tuído por Alfred Nobel, químico
sueco, inventor da dinamite, em seu testamento.
Os prêmios são entregues a pessoas que fizeram pesquisas importantes, criaram técnicas pioneiras ou deram
contribuições destacadas à sociedade.
Nobel jamais criou um prêmio de Economia. O que se
conhece por Nobel de Economia é na verdade o Prêmio
Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de
Alfred Nobel, que nada tem a ver com a Fundação Nobel.
Alfred Nobel que já vinha desgostoso com o uso militar
dos explosivos que havia criado ficou chocado ao ver a edição de um jornal francês, que no ciara por engano a morte
de seu irmão Ludvig como sendo a sua e qualificando-o
como “mercador da morte”. É possível que essa visão antecipada do seu obituário tenha despertado nele o desejo
de modificá-lo. Daí sua decisão de premiar aqueles que, no
futuro, servissem ao bem da Humanidade – mais propriamente nos campos da sica, química, fisiologia (medicina),
literatura e paz.
Alfred Nobel deixou uma herança de 32 milhões de
coroas. Seu testamento, redigido em 1895, não deixava nenhum legado aos seus herdeiros diretos, mas determinava
a criação de uma ins tuição à qual caberia recompensar,
a cada ano, pessoas que prestaram grandes serviços à humanidade, nos campos da paz ou da diplomacia, literatura,
química, fisiologia e sica. O testamento estabelecia também
que a nacionalidade das pessoas não seria considerada na
atribuição do prêmio.
A Fundação Nobel foi criada em junho de 1900 e é
responsável pelo controle do respeito às regras na designação dos laureados e verifica o bom andamento da eleição.
Também é responsável, por meio de um comitê específico
para cada uma das cinco áreas e de acordo com as propostas
de personalidades eminentes, pela elaboração e encaminhamento das listas de indicações às várias instâncias que
atribuem o prêmio.
Os prêmios são custeados pelos rendimentos oriundos
do legado de Alfred Nobel, tendo sido esse patrimônio conver do em ações.
A Primeira Entrega dos Prêmios
A primeira cerimônia de premiação nos campos da
literatura, sica, química e fisiologia/medicina ocorreu no
Conservatório Real de Estocolmo, em 1901; o Prêmio Nobel
da Paz foi entregue em Oslo.
Desde 1902, os prêmios são formalmente entregues pelo
Rei da Suécia. A entrega do Nobel da Paz con nua a ser feita
em Oslo sendo presidida pelo Rei da Noruega.
O Rei Oscar II inicialmente não aprovou que os prêmios
fossem concedidos a estrangeiros, mas mudou de ideia
depois de compreender o valor do pres gio que os prêmios
dariam ao seu país.
Os nomes dos laureados são anunciados em outubro
pelos diferentes comitês e ins tuições que realizam a escolha. A Fundação Nobel, en dade administradora dos fundos
do prêmio, com sede em Estocolmo, não está envolvida na
seleção dos vencedores.
O prêmio consiste numa medalha de ouro com a e gie
de Alfred Nobel, gravada com seu nome, um diploma com
a citação da condecoração e uma soma em dinheiro que
varia de acordo com os rendimentos da Fundação Nobel,
mas que ronda os 10 milhões de coroas suecas (mais de um
milhão de euros). O propósito original era permi r que as
pessoas laureadas con nuassem a trabalhar ou pesquisar,
sem pressões financeiras.
Os seguintes prêmios são concedidos anualmente:
• Nobel de Física (decidido pela Academia Real das
Ciências da Suécia)
• Nobel de Química (decidido pela Academia Real das
Ciências da Suécia)
• Nobel de Fisiologia ou Medicina (decidido pelo Karolinska Ins tutet)
• Nobel de Literatura (decidido pela Academia Sueca)
• Nobel da Paz (decidido por um comitê designado pelo
parlamento norueguês)
O Prêmio Nobel é concedido sob várias condições: pode
ser ganhado individualmente ou repar do entre até três
pessoas no máximo, ou pode não ser concedido em determinado ano, o que permite a concessão de dois prêmios
da mesma categoria no ano seguinte. Além disso, o prêmio
em determinado campo pode não ser concedido por um
ano ou mais – o que ocorre mais frequentemente com o
Nobel da Paz.
Os Prêmios de 2010
Paz
Diplomatas chineses já haviam adver do o comitê no
Nobel para que não premiasse Liu Xiaobo, sob risco de
comprometer relações entre China e Noruega.
O dissidente chinês Liu Xiaobo obteve nesta sexta-feira,
dia 8, o Prêmio Nobel da Paz 2010 devido ao uso da não
violência na defesa dos direitos humanos no seu país natal.
O regime chinês imediatamente bloqueou as no cias
sobre o assunto na TV e na internet, censurando mensagens
na rede com o nome do dissidente, e afirmou que a decisão
põe em risco as relações entre a China e a Noruega, país-sede do ins tuto que confere o prêmio. Tenta vas de envio
de mensagens de texto por celular sobre “Liu Xiaobo” não
eram possíveis.
Nos úl mos dias, diplomatas chineses já vinham pressionando o comitê do Nobel a não premiar Liu, adver ndo que
a decisão poderia comprometer as relações bilaterais entre
a China e a Noruega.
O ins tuto, no entanto, conferiu ao dissidente o prêmio
recebido no ano passado pelo presidente americano, Barack
Obama, e louvou a via pacifista adotada por ele nos protestos
ao regime chinês.
Histórico
Liu, 54, tem defendido uma mudança polí ca pacífica e
gradual, em vez da confrontação com Pequim. O dissidente
par cipou dos protestos da Praça da Paz Celes al e foram
duramente reprimidos pelo governo em 1989.
Há dois anos, Liu foi coautor de um documento exortando o governo chinês a conceder mais liberdade ao país e a
acabar com o domínio absoluto do Par do Comunista sobre
a polí ca chinesa. Devido a essa carta, o ganhador do Prêmio
Nobel 2010, foi condenado no ano passado a 11 anos de
prisão, pena que cumpre atualmente em uma penitenciária
de Pequim.
O advogado de Liu, Shang Baojun, disse esperar que,
“graças a essa decisão, ele seja liberado rapidamente, embora ainda seja muito cedo para saber se será assim mesmo”.
“Espero que nesta ocasião, a China se abra ainda mais, que
se levantem as restrições à liberdade de expressão”.
ATUALIDADES
de militares tenha se juntado aos policiais, de acordo com
a imprensa local.
Correa adver u aos policiais que não cederá ante os
protestos da polícia. “Não darei nenhum passo atrás. Se
quiserem, tomem os quartéis, se quiserem deixar a cidadania
indefesa e se quiserem trair sua missão de policiais”, afirmou
Correa em uma acalorado discurso ante dezenas de militares
que tomaram o principal regimento de Quito.
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Reações
O Ministério das Relações Exteriores da China atacou
a decisão e disse que o prêmio deveria, em vez disso, ser
usado para a promoção da amizade internacional e do
desarmamento.
“Liu Xiaobo é um criminoso sentenciado pela Jus ça
chinesa por violar as leis da China”, disse a Chancelaria em
Comunicado. “[A decisão] é completamente contrária ao próprio espírito do prêmio e é uma blasfêmia ao Nobel da Paz”.
Apesar da censura, em Pequim mais de uma dúzia de
apoiadores de Liu se reuniram na entrada de um parque na
região central da cidade para parabenizar o dissidente. Eles
entoavam os gritos “Vida longa à liberdade de expressão,
vida longa à democracia!”.
Liu, no entanto, é conhecido na China apenas por a vistas
polí cos, e a maior parte das pessoas que passavam pelo
local não paravam por não saber do que se tratava.
O presidente do comitê do Nobel, o norueguês Thorbjoern Jagland disse que “a China tem se tornado uma grande
potência em termos econômicos e polí cos, e é normal que
grandes potências estejam sob crí cas”. Jagland disse que
Liu é um símbolo da luta pelos direitos humanos.
O premiê norueguês, Jens Stoltenberg, afirmou não ver
mo vo para a China punir a Noruega como país pelo prêmio.
“Eu acho que seria nega vo para a reputação da China no
mundo se eles decidissem fazer isso”.
ATUALIDADES
Literatura
O prêmio Nobel de literatura de 2010, divulgado nesta
quinta-feira (7) às 8h (horário de Brasília), foi para o escritor
peruano Mario Vargas Llosa, de 74 anos.
De acordo com a Academia Sueca, a escolha seu deu
por conta da “cartografia das estruturas do poder e afiadas
imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo” que
aparecem na obra de Llosa.
Peter Englund, presidente do júri de literatura do Nobel, afirmou que Vargas Llosa se disse “muito comovido e
entusiasmado” ao saber do prêmio. O escritor, que está em
Nova York, onde é professor visitante na Universidade de
Princeton, contou a Englund que “ nha levantado às cinco da
manhã para dar uma aula” e que quando recebeu a no cia
já “trabalhava intensamente”.
Llosa receberá um prêmio no valor de 10 milhões de coroas suecas (1,5 milhão de dólares). A cerimônia de premiação
está marcada para o dia 10 de dezembro.
Autor de romances marcados por questões polí cas da
América La na – e não raro autobiográficas – como “A cidade e os cachorros”, “Pantaleão e as visitadoras”, “A festa do
bode” e “Travessuras da menina má”, Llosa já havia vencido,
dentre outros, o Prêmio Cervantes, o mais importante da
literatura em língua espanhola, em 1994. O Brasil costuma
ser tema de seus textos, sejam ensaios polí cos ou romances,
como em “A guerra do fim do mundo”, de 1981, inspirado
na Guerra de Canudos.
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Pensou que era Trote
Em declaração a uma rádio colombiana, o escritor peruano afirmou que se surpreendeu com a escolha e disse que o
prêmio é “um reconhecimento” à literatura la no-americana
e em língua espanhola.
“Não pensava que estaria nem entre os candidatos”,
brincou o autor. “Por mim, vou seguir trabalhando com
um sen mento de responsabilidade, como sempre fiz. Defendendo coisas que são fundamentais para o Peru, para a
América La na e o mundo. A liberdade e a democracia são o
verdadeiro caminho do progresso, da verdadeira civilização,
que acredito que seja o papel de um escritor defender”,
comentou Llosa à rádio.
Mais tarde, falando à rádio peruana RPP, contou que, em
um primeiro momento, chegou a pensar que a ligação com
a no cia do Nobel “era uma brincadeira”.
Em mais de um século de existência do prêmio, Mario
Vargas Llosa é apenas o sexto escritor la no-americano a
receber um Nobel. Antes dele, foram premiados a escritora
chilena Gabriela Mistral (1945), o guatemalteco Miguel Ángel
Asturias (1967), o também chileno Pablo Neruda (1971),
o colombiano Gabriel García Márquez (1982) e o mexicano
Octavio Paz (1990).
Candidato à Presidência em 1990
Nascido em Arequipa, em 28 de março de 1936, Jorge
Mario Pedro Vargas Llosa se formou em Letras e Direito pela
Universidade Nacional Maior de São Marcos, em Lima. Antes
de se tornar escritor, trabalhou como redator de no cias na
ex nta Rádio Central, funcionário de biblioteca e até revisor
de nomes de túmulos de cemitério, segundo biografia em
seu site oficial.
Em 1959, ganhou uma bolsa de estudos e parte para uma
temporada na Europa, onde se tornou doutor em Filosofia
e Letras pela Universidade de Madri, publicou seu primeiro
livro, a coletânea de contos “Os chefes” (1959), e escreveu
uma peça de teatro, “La huída del Inca”.
No mesmo ano, Llosa casou-se com a sua a, Julia Urquidi, que era 15 anos mais velha. A experiência inspirou o livro
“Tia Julia e o escrevinhador”, que seria lançado em 1977.
O casamento durou cinco anos e, depois do seu fracasso,
casou-se com uma prima, Patrícia.
Regressou em 1964 ao Peru e daí em diante voltaria
a passar temporadas em diversos países, incluindo Cuba,
Grécia, França, Inglaterra e Espanha – de onde recebeu
oficialmente a cidadania em 1993.
Conhecido por suas posições polí cas consideradas de
direita, Llosa se engajou no Movimento Liberdade peruano
em 1987, que se opunha ao programa de esta zação do
então presidente Alan García Pérez.
Informado sobre a vitória no Nobel de seu an go desafeto, García – que voltou à Presidência do Peru em 2006 –
afirmou que o prêmio é “uma honra e um grande dia para o
Peru”. “Vargas Llosa é um extraordinário criador da linguagem, um grande romancista, um grande dramaturgo que tem
incursionado em todos os cantos da criação”, completou.
Além dos polí cos do Peru, o escritor costuma disparar
crí cas contra líderes la no-americanos como Fidel Castro,
de quem já foi próximo, Hugo Chávez, Álvaro Uribe e Lula.
Em 1990, lançou-se candidato à presidência do Peru pelo
par do Frente Democrá ca-Fredemo, mas foi derrotado por
Alberto Fujimori. Sua experiência na campanha foi relatada
no livro de memórias “Peixe na água”, lançado em 1993.
Outros Premiados
No ano passado, a escritora romena radicada na Alemanha Herta Müller, 56, foi a vencedora do Prêmio. Em 2008,
foi a vez do francês Jean-Marie Gustave Le Clézio e em 2007,
Doris Lessing, nascida na Pérsia, mas que escreve em inglês.
O prêmio é escolhido pelos membros da academia sueca e dá um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, algo como
R$ 3 milhões, entregue em dezembro. Durante o processo,
os membros da academia enviam convites para centenas de
pessoas ligadas à literatura, como professores e escritores
do mundo, para chegar aos candidatos.
De uma lista inicial de 250 nomes, em cortes sucessivos,
se chega a um segundo grupo, com 15 a 20 e, num terceiro,
a cinco nomes. Os membros da academia leem as obras dos
candidatos e discutem sobre quem deve ser o vencedor. Um
pouco antes do anúncio, os membros da academia ligam
para o vencedor.
Física
Dois cien stas de origem russa, o holandês Andre Geim e
o russo-britânico Konstan n Novoselov foram os ganhadores
do Prêmio Nobel de Física. Eles foram reconhecidos pelos
“trabalhos revolucionários sobre o grafeno”, uma forma de
carbono que pode transformar a eletrônica.
“O grafeno é uma forma de carbono, que é o melhor
condutor de calor conhecido até o momento”, explica o comunicado da Academia Suécia de Ciências. “Muitos cien stas
consideram que o grafeno terá um grande papel na eletrônica, porque o material é consideravelmente mais rápido do
que os transistores clássicos de silício. Isso permi rá fabricar
computadores mais eficazes”, explica a Academia.
“Como é pra camente transparente e bom condutor,
o grafeno é propício para produzir telas táteis (touch screens), painéis luminosos e talvez captores de energia solar”,
destaca o comunicado.
Novoselov, 36 anos, e Geim, 51, ambos nascidos na
Rússia, são professores na Universidade de Manchester, Grã-Bretanha. O primeiro tem passaporte britânico, e o segundo,
cidadania holandesa.
“Geim e Novoselov extraíram grafeno de um pedaço de
grafite. Com uma fita adesiva normal, conseguiram obter
uma pequena lâmina de carbono com a espessura de um
átomo”, segundo o comitê. “Combinado com plásticos,
o grafeno pode transformá-los em condutores de eletricidade
e, ao mesmo tempo, torná-los mais resistentes ao calor e
mais robustos mecanicamente”, explica o comunicado da
Academia.
Geim e Novoselov são os cien stas de número 187 e
188 a receber o Prêmio Nobel de Física desde sua criação.
A Universidade de Manchester parabenizou seus acadêmicos pela premiação. O grafeno foi descoberto no centro de
ensino em 2004.
“É uma no cia fantás ca. Estamos muito felizes pelo fato
de o trabalho de Andre e Konstan n com o grafeno ter sido
reconhecido no mais alto nível pelo Comitê do Prêmio Nobel
2010”, declarou a reitora da Universidade de Manchester,
Nancy Rothwell.
“Esse é um magnífico exemplo de uma descoberta fundamental baseada na curiosidade cien fica, com importantes
bene cios prá cos, sociais e econômicos para a sociedade”,
completou. A Universidade de Manchester tem agora quatro
vencedores do Prêmio Nobel.
átomos de carbono não reagem facilmente com o outro.
Os primeiros métodos u lizados pelos químicos de átomos
de carbono foram, portanto, com base em várias técnicas
de processamento de carbono mais rea vo. Tais métodos
foram trabalhados na criação de moléculas simples, mas
quando os químicos tentavam sinte zar moléculas mais
complexas acabaram criando subprodutos indesejáveis em
seus tubos de ensaio.
O acoplamento cruzado de Palladium catalisado resolveu
esse problema e químicos nham uma ferramenta mais precisa e eficiente para se trabalhar. Na reação de Heck, Negishi
e Suzuki, átomos de carbono, reúnem-se em um átomo de
paládio, que inicia a reação química.
O acoplamento cruzado de Palladium catalisado é usado
em pesquisas por todo mundo, bem como na produção comercial de produtos farmacêu cos e em moléculas usadas
na indústria eletrônica.
Química
O Prêmio Nobel de Química foi atribuído a Richard F.
Heck, Negishi Ei-ichi e Suzuki Akira pelo desenvolvimento de
acoplamento cruzado de paládio-catalisado. Esta ferramenta
química melhorou as possibilidades de os químicos criarem
produtos sofis cados, por exemplo, moléculas à base de carbono tão complexas como as criadas pela própria natureza.
A química orgânica tornou-se uma forma de arte, onde
os cien stas produzem criações químicas em seus tubos de
ensaio. Os bene cios para a humanidade estão no desenvolvimento de medicamentos, produtos eletrônicos, cada vez
mais precisos, e avançados materiais tecnológicos.
As moléculas de carbono são a base da vida e responsáveis por inúmeros fenômenos naturais, como a cor das flores,
veneno de cobra e substâncias que matam as bactérias, como
a penicilina. A química orgânica permi u ao homem construir
sobre a química da natureza, fazendo uso da capacidade do
carbono para fornecer um esqueleto estável para moléculas
funcionais. Isso deu nova humanidade a medicamentos e
materiais revolucionários, como os plás cos.
A fim de criar esses produtos químicos complexos,
os profissionais precisam ser capazes de unir os átomos de
carbono em conjunto. No entanto, o carbono é estável e os
1. Por que a cotação do dólar está caindo?
Porque a entrada de dólares no país vem superando
a saída da moeda norte americana. Esse excesso de
oferta gera valorização do real ante o dólar, que entra
no país via exportações, inves mentos estrangeiros
diretos, inves mentos financeiros, captações internacionais e turismo. Já a saída é registrada via importações, inves mentos brasileiros diretos e financeiros
no exterior levado por turistas brasileiros em visita a
outros países.
Ah! Outro fator que colabora com a desvalorização
do dólar é a queda do Risco – Brasil, que está abaixo
dos 160 pontos.
2. A queda do dólar significa que o real está se valorizando?
Sim. A valorização diz respeito a fatores como o
aumento da confiança dos inves dores externos no
país que se deve à forte recuperação da economia
brasileira após a crise econômica desencadeada pelos
EUA em 2008/2009.
Outro fator que colabora com esse fenômeno é a
progressiva queda das taxas de juros.
Medicina
O ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia, Robert Edwards começou a desenvolver seus estudos no início da década
de 1960 em Cambridge sobre fer lidade humana. A técnica
Desenvolvida no Reino Unido naquela época ainda é usada
até hoje. Trata-se da IVF (in vitro FerƟlisaƟon), onde os espermetazoides são colocados num meio de gela na especial
que os conduz até o óvulo re rado por vídeo histeroscopia
da mãe da criança. São produzidos vários embriões assim e
então implantados dentro do útero materno na melhor data
possível dentro do ciclo menstrual (em torno do 14º dia).
A primeira criança do mundo a nascer por meio dessa
técnica foi a britânica Louise Brown, hoje com 32 anos,
casada e mãe de uma criança (concebida de forma natural).
No Brasil (e na América La na), o primeiro bebê de proveta foi Anna Paula Caldeira, nascida em 1984 em Curi ba,
hoje com 26 anos – bem mais jovem que a britânica.
A técnica desenvolvida pelo Dr. Edwards foi muito comentada e até comba da quando foi desenvolvida há mais de
30 anos atrás. Contudo, a necessidade de casais terem seus
filhos fomentou o desenvolvimento do estudo da fer lidade
e hoje já existem até outras técnicas mais inovadoras, como
a ICSI (Intra-Cytoplasmic Sperm InjecƟon), que costumeiramente aparece na TV: uma agulhona furando um óvulo.
ATUALIDADES
A Desvalorização do Dólar e a Economia Brasileira
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ATUALIDADES
3. Este é um fenômeno exclusivamente brasileiro?
Não. As moedas de outros países, como Egito, Colômbia, Canadá, Austrália e Peru, também vêm se
valorizando perante o dólar. Este já é considerado
um fenômeno global causado pelo desequilíbrio das
contas norte americanas.
4. O que o governo pode fazer para controlar a queda?
Par ndo do princípio que mantenha o câmbio flutuante, ou seja, não regule sobre as cotações do real e
do dólar, deixando que o mercado se encarregue do
ajuste, a medida comum é comprar dólares, reduzindo
a oferta da moeda no país.
5. O dólar baixo prejudica o país?
Embora prejudique alguns setores da economia como
têxteis, calçados, turismo e exportações, a queda
necessariamente não prejudica ou compromete o
crescimento do país. Há setores que são beneficiados, dentre eles os que dependem de importação de
insumos e máquinas para a produção.
6. Qual é o papel do Banco Central?
A a tude habitual do BC é intervir no mercado, comprando ou vendendo dólares de acordo com o interesse do governo, influenciando na oferta de moedas
no país.
7. Quais os efeitos da queda do dólar para a população
em geral?
Na prá ca, o dólar baixo aumenta o poder de consumo
de mercadorias importadas e incrementa o turismo
ao exterior.
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A Lama Tóxica na Hungria
Menos de seis meses depois de o Golfo do México, na
costa leste dos Estados Unidos, ser a ngido por uma maré
gigantesca de petróleo, uma nova catástrofe ambiental afeta
um importante sistema aquá co, desta vez na Europa. Já
denominada maré vermelha, a enxurrada de 1,1 milhão de
metros cúbicos de lama tóxica que vazou de uma fábrica de
refinamento da bauxita na Hungria, após um acidente, a ngiu
o Rio Danúbio e ameaça o ecossistema da região. A fauna e
a flora de um de seus afluentes, o Rio Marcal, foi devastada.
“Todos os peixes morreram e a vegetação também não pôde
ser salva, porque o nível de alcalinidade muito elevado matou
tudo”, lamentou o diretor das equipes húngaras de combate
a desastres, Tibor Dobson. “O Marcal recebeu a sua pena
de morte quando a substância entrou, de repente, pelo Rio
Torna”, destacou.
A lama tóxica que contém chumbo, cromo e arsênico –
passou do Rio Raba para o Rio Danúbio na altura da cidade
de Györ. Ainda assim, a organização não governamental da
WWF es ma que a poluição não a ngirá os outros países
por onde passa o segundo maior rio da Europa: Croácia,
Sérvia, Romênia, Bulgária, Ucrânia e Moldávia. Com base em
nossas es ma vas atuais, a poluição se limitará à Hungria,
e acreditamos que o vazamento chegará a Budapeste com
níveis de pH aceitáveis”. Ao longo do percurso pelos vários
rios, o material químico se dilui aos poucos na água, por
causa do despejo de agentes neutralizantes.
A tragédia teve origem na cidade de Ajka (a 165 km a
oeste de Budapeste), onde fica o depósito de resíduos da
Companhia Húngara de Produção e Comércio de Alumínio.
A empresa atribuiu o desastre às chuvas intensas e garan u
que a úl ma inspeção feita no reservatório, ainda na segunda, não havia mostrado nada de errado. O primeiro-ministro
húngaro, Viktor Orban, afirmou, no entanto, que o acidente
pode ter sido provocado por erro humano. “O muro (do
reservatório) não desintegrou em um minuto. Isso deveria
ter sido detectado”, cri cou.
A maré vermelha inundou 40km² do oeste da Hungria,
matou quatro pessoas, entre elas uma menina de 14 meses,
deixou três desaparecidas e 123 intoxicadas, das quais 61
foram hospitalizadas. A catástrofe fez com que o governo
húngaro decretasse estado de emergência em três estados
na úl ma terça-feira, após o líquido ter chegado a sete cidades. Cerca de 500 pessoas veram de deixar suas casas,
e as autoridades orientaram os moradores das localidades
afetadas a não comer peixes ou vegetais que veram contato
com a água dos afluentes do Danúbio.
O pH, também conhecido como nível de alcalinidade ou
acidez, determina a concentração de hidrogênio em uma solução. Parâmetro geralmente usado para indicar a qualidade
da água, ele mostra a capacidade da solução para neutralizar
ácidos sem danificar o ecossistema inserido ou próximo a
ela. O pH vai de 0 (ácido) a 14 (alcalino).
Com a chuva dando lugar a um tempo mais seco e quente
nos úl mos dias, a lama cáus ca cada vez mais tem se tornado poeira em suspensão, o que pode causar problemas
respiratórios. O governo orienta que os moradores próximos
da área de inundação tóxica u lizem máscaras.
Os Heróis do Chile
A humanidade concentrou na segunda semana de outubro sua atenção no resgate dos 33 mineiros chilenos que
ficaram presos a mais de 600 metros de profundidade numa
mina de ouro e cobre. Às 23h08 do dia 12/10/2010 teve início
o resgate dos 33 homens presos na mina, San José, no Chile,
uma história dramá ca que chamou a atenção de todo o
mundo e que felizmente teve um final feliz.
Depois do resgate bem-sucedido, o presidente do Chile, Sebás an Piñera, que acompanhou toda a operação de perto, fez
um discurso exaltando a união dos chilenos em dois momentos
di ceis que enfrentaram em 2010: o terremoto seguido de
tsunami em fevereiro e o acidente na mina San José.
“Quando o Chile se une, somos capazes de grandes coisas”, afirmou Piñera. “Quero convidar a todos os chilenos que
tenham esse compromisso não apenas nas adversidades”.
Piñera também chamou a atenção para o fato de que o
primeiro mineiro deixou a jazida no dia 13/10/2010. Os três
números juntos somam 33, o “número mágico” da mina San
José: 33 mineiros; 33 caracteres no bilhete que mandaram à
super cie (“estamos bien en lo refugio los 33”); e 33 dias de
perfuração.
É comovente constatar tal mobilização em torno da vida.
Diversas nações atenderam ao apelo do governo chileno e
contribuíram com equipamentos, tecnologia e especialistas
para que o salvamento seja bem-sucedido. O mundo está
torcendo pelos trabalhadores e acompanhando com ansiedade e atenção a operação de resgate.
Numa época marcada por violência, fana smo e conflitos, em que o no ciário todo dia mostra o aviltamento
do valor da vida – que deveria ser protegida como a mais
preciosa dádiva da natureza – , a lição de solidariedade que
emerge das áridas solidões do deserto do Atacama precisa
ser destacada. Trata-se de um contraponto para os gestos de
egoísmo e de ganância, hoje tão comuns na vida co diana
das pessoas e dos governos.
Mas a lição de humanidade que o inédito acidente chileno
está proporcionando não se resume a esse aspecto. Há alguns
anos seria inimaginável pensar na possibilidade de resgatar
e resgatar com vida, mineiros soterrados a profundidade de
algumas dezenas de metros, quanto mais de centenas, como
agora. O aperfeiçoamento da tecnologia de comunicação,
os avanços da engenharia e da geologia, a decisão administra va e a polí ca de mobilizar os recursos indispensáveis e, acima
A Prova do Enem
O Enem 2010, foi aplicado nos dias 6 e 7 de novembro de
2010, em todo o país. O balanço divulgado pelo MEC informa
que 3,3 milhões de pessoas par ciparam da prova. No sábado
(6), estudantes reclamaram de erros na impressão da folha
de respostas e da prova amarela. O MEC admi u as falhas.
A es ma va é que cerca de 2 mil estudantes foram prejudicados pelas falhas na prova amarela. Eles não trocaram os
cadernos que chegaram com questões repe das, sequência
numérica errada e até algumas questões de outro modelo
aplicado, a prova branca. O ministério havia informado que
avaliava a possibilidade de realizar um novo exame para esse
grupo de alunos.
No entanto, a juíza Karla de Almeida Miranda Maia, da
Jus ça Federal do Ceará, entendeu que a nova prova pode
beneficiar alguns estudantes e decidiu suspender o Enem.
A disponibilização de requerimento àqueles estudantes prejudicados pela prova correspondente ao
caderno amarelo, e a intenção de realizar provas
apenas para os que reclamarem administra vamente
não resolve o problema. Novas provas poriam em
desigualdade todos os candidatos remanescentes.
Do mesmo modo, novas provas não solucionaram o
problema da segurança na aplicação do exame, diz
trecho da liminar.
A Advocacia Geral da União (AGU) informou que vai
recorrer ainda nesta semana, a pedido do MEC.
Educação Prejudica Brasil no IDH, mas IPEA CriƟca Índice
Os números de educação foram os que menos mostraram
avanço do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), calculado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD). O País ficou em 73º no ranking
de 169 nações. Se considerado, porém, apenas o dado da
média de anos de estudo da população adulta, o Brasil ficaria
na 105ª posição.
“Se você olha a educação da população adulta brasileira,
ela é muito ruim graças às péssimas polí cas educacionais
dos anos 70, 80 e 90”, jus fica o pesquisador do Ins tuto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Serguei Soares.
“Melhorou só lá por meados de 90, então a gente tem um
passivo educacional imenso que não tem jeito, só vai embora
quando essas pessoas morrerem”.
Nesta edição, o IDH mudou sua metodologia e considera
dados novos. Por isso não é possível comparar com o número
de anos anteriores. A ONU recalculou os números e aponta que
o Brasil subiu quatro posições. O índice brasileiro foi de 0,699.
Quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho. O IDH reúne
dados de expecta va de vida, educação e renda.
A média de anos de estudo da população adulta no Brasil
apontada pelo estudo é 7,2 anos. Na Noruega, o primeiro do
ranking, são 12,4 anos em média. Para compensar os dados
da educação, o principal responsável pelo bom desempenho
foi o índice de renda per capita. A soma de todo o valor
produzido dividido pela população no Brasil chega a US$
10.607 e coloca o país numa posição boa, 75º em renda.
“Nos úl mos 10 anos o Brasil tem comba do fortemente a
desigualdade e é mais do que justo sermos favorecidos nesse
índice”, defende Soares.
Segundo o economista Flávio Comim, o novo IDH é mais
exigente quando se trata de educação. “Foram introduzidas
novas variáveis, uma nova fórmula de cálculo, e, dentro dessa
nova fórmula, um padrão mais alto sobre o sistema educacional e a qualidade desse sistema”, explicou o economista.
“Então, não basta mais colocar as crianças e os jovens
na escola. Agora, eles têm que estar na série adequada, na
série que se espera que eles estejam para que você consiga
dar a eles uma oportunidade igual”, disse Comim. Segundo
ele, “o desafio para o Brasil evoluir ficou maior”.
“Com o novo IDH, você tem novos critérios, e é dentro
desses novos critérios, que são mais qualita vos, que nós [o
Brasil] devemos ser julgados. À medida que você levanta esses novos critérios, a ambição de ter um sistema educacional
melhor, um sistema educacional mais justo, fica mais evidente do que era antes. An gamente, nós nhamos apenas taxa
de matrícula e alfabe zação. Hoje, temos um modelo dentro
do qual nós estamos esperando que as pessoas estudem mais
e com qualidade melhor, e é isso que está sendo refle do no
novo IDH”, explicou Comim.
Morre Néstor Kirchner
A morte totalmente inesperada do ex-presidente Néstor
Kirchner, no dia 27 de outubro de 2010, provocou uma reviravolta polí ca na segunda maior economia da América do
Sul. Ele deveria concorrer à presidência em outubro do ano
que vem, assumindo o poder das mãos de sua mulher, assim
como ela lhe sucedeu em 2007. Agora, Cris na deverá buscar,
ela própria, a reeleição.
Os mercados se normalizaram após a morte de Kirchner, percebendo o fim do es lo comba vo do casal e das
polí cas econômicas não ortodoxas, como nacionalizações
súbitas, subno ficações dos dados de inflação e restrições
à exportação de grãos.
Mas com a economia crescendo, e com as taxas de aprovação provavelmente crescendo por solidariedade, a presidente poderá ver poucos mo vos para mudar de rumo,
especialmente se ela puder contar com o apoio dos figurões
do Par do Peronista, que controlam a máquina eleitoral.
Mulheres Presidentes na América do Sul
Dilma Rousseff (PT) será a 11ª mulher a ocupar o cargo de
presidente na América La na – a oitava eleita. Dos 33 países
da região, a Argen na já teve duas mulheres no governo.
Outros oito países la no--americanos veram uma mulher
presidente: Bolívia, Hai , Nicarágua, Equador, Guiana, Panamá, Chile e Costa Rica.
A primeira mulher a chegar à presidência na América
La na foi a argen na María Estela Mar nez de Perón, mais
conhecida como “Isabelita” Perón.
Ela era vice na chapa do marido, mas com a morte de
Juan Domingo Perón, eleito presidente, “Isabelita” assumiu
e governou o país entre 1974 e 1976.
A boliviana Lidia Gueiler Tejada foi a 56ª presidente do
país. Assumiu o cargo interinamente em 1977. No Hai ,
Ertha Pascal-Trouillot também foi interina entre 1990 e 1991.
A terceira presidente interina na América La na foi Rosalía Arteaga, no Equador. Ela era vice do presidente eleito, Abdala Bucaram. Como ele foi deposto pelo Congresso, Rosalía
foi designada presidente interina do Equador em 1997. Dois
dias depois, o Congresso elegeu um novo presidente interino,
Fabián Alarcón Rivera, e Rosalía retornou ao cargo de vice.
Violeta Chamorro, da Nicarágua, foi a primeira mulher
la no-americana que se tornou presidente por meio de
eleição – Isabelita Perón também se elegeu, mas como
vice. Em 1990, Violeta Chamorro derrotou nas urnas o atual
presidente do país, Daniel Ortega.
ATUALIDADES
de tudo, a solidariedade internacional que se associou ao
esforço chileno, tudo isso forma um painel que engrandece o
episódio que teve o desfecho que todos queriam: um final feliz.
49
Na Guiana, Janet Jagan foi primeira-dama antes de ser
eleita presidente, em 1997. O marido dela, Cheddi Jagan,
governou o país entre 1992 e 1997, ano de sua morte. Janet,
que assumiu em seguida, renunciou em 1999, cerca de dois
anos após ter sido eleita, por mo vos de saúde.
Também em 1999, Mireya Moscoso se tornou presidente
do Panamá. Em 2006, foi a vez de Michelle Bachelet, no Chile.
A argen na Cris na Kirchner, eleita em 2007, a costarriquenha Laura Chinchilla, eleita em fevereiro de 2010,
e agora Dilma Rousseff compõem o grupo de mulheres que
atualmente governam um país la no-americano.
A Indonésia
O balanço de mortos no tsunami que arrasou várias
ilhas da Indonésia, no dia 25 de outubro de 2010, voltou a
subir e chegou a 343, enquanto equipes de ajuda finalmente
começam a desembarcar nas áreas afetadas.
Em outra localidade do país, perto da ilha de Java, as
autoridades também contabilizam as ví mas da erupção do
vulcão Merapi, que deixou 32 mortos e cerca de cem feridos.
O material de socorro e ajuda começou a chegar às zonas mais afetadas das ilhas Mentawai, três dias depois do
terremoto seguido por tsunami que abalou a costa oeste
do arquipélago. As esperanças de encontrar sobreviventes
entre os cerca de 300 desaparecidos, no entanto, são cada
vez menores.
Um navio com alimentos, água e remédios chegou a
Sikakap, na ilha de Pagai do Norte, onde a falta de estradas
em bom estado e os problemas de comunicação prejudicam
muito as tarefas de emergência.
De acordo com o úl mo balanço, cerca de 4.000 cidadãos
perderam suas casas, destruídas por ondas de até 6m que
avançaram cerca de 600m sobre a costa nas ilhas Mentawai,
situadas próximo ao litoral de Sumatra.
Já a erupção do vulcão Merapi, na região central da
ilha de Java, forçou a re rada de 42 mil pessoas, colocadas
temporariamente em abrigos de emergência fora da zona de
perigo, que compreende um círculo de até 20km de diâmetro
ao redor do monte.
A Agência de Meteorologia e Geo sica da Indonésia
reconheceu que os sistemas de alarme de tsunami deixaram
de funcionar devido à falta de manutenção.
As autoridades, no entanto, indicaram que o alerta teria
sido inú l, pois as ilhas – um des no turís co para surfistas –
estavam muito perto do epicentro do terremoto. Por esse
mo vo, as ondas levaram apenas de cinco a dez minutos
para a ngir a costa.
A falha onde aconteceu o terremoto é a mesma que, em
26 de dezembro de 2004, causou o tremor de 9,1 graus na
escala Richter, seguido de um tsunami, que destruiu localidades litorâneas e matou 226 mil pessoas.
Círculo de Fogo do Pacífico
A Indonésia está localizada sobre o chamado Círculo de
Fogo do Pacífico, uma zona de grande a vidade sísmica e
vulcânica que é a ngida por cerca de 7.000 tremores por ano,
a maioria de baixa magnitude e não sen da pela população.
ATUALIDADES
As Eleições nos EUA
50
As eleições nos Estados Unidos em 2010, foram eleições
de meio de mandato, realizadas no dia 2 de novembro de
2010. Todas as 435 vagas da Câmara dos Representantes e 37
vagas nos 100 assentos no Senado dos Estados Unidos foram
disputadas nesta eleição, juntamente com 38 governadores
estaduais e territoriais, muitas legislaturas de estado, quatro
legislaturas territoriais e várias corridas locais.
Elas se caracterizaram por um forte avanço do Par do
Republicano, uma das maiores derrotas democratas no
pós-guerra, e pela eleição, principalmente na Câmara, de
muitas personalidades do novo movimento Tea Party (movimento social, polí co, conservador e liberal surgido nos
Estados Unidos em 2009 por meio de uma série de protestos
coordenados a nível local e nacional. Os protestos foram,
parcialmente, em resposta a diversas leis federais, como o
Plano de resgate econômico de 2008, a Lei de Recuperação
dos Estados Unidos de 2009 e uma série de projetos de
reforma do sistema de saúde do país). Entre os democratas,
as perdas foram especialmente de membros da coalização
Blue Dog. As eleições resultaram na obtenção da maioria
pelos republicanos na Câmara dos Representantes, ao passo
que os democratas conservaram sua maioria no Senado,
ainda que tenham perdido cadeiras também nesta Casa.
Os Piratas Somalis
A pirataria na costa da Somália tem sido uma ameaça à
marinha mercante internacional no mar Vermelho desde o
início da guerra civil daquele país, na década de 1990. Desde
1998 há relatos deste po de a vidade, reportado por diversas organizações internacionais, incluindo a Organização
Marí ma Internacional e o Programa Alimentar Mundial que
expressaram sua preocupação com o aumento nos atos de
pirataria; a a vidade contribuiu para um aumento nos custos
do transporte marí mo, e impediram a entrega de remessas
assistenciais de alimentos. 90% das remessas do Programa
Alimentar Mundial são enviados pelo mar, e os navios passaram a precisar de escolta militar.
China é Favorável à Ampliação de Conselho de Segurança
O governo chinês se disse favorável à ampliação do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, de que é um dos
cinco membros permanentes com direito a veto. A abertura
à negociação foi anunciada após o apoio explícito dado pelo
presidente dos EUA, Barack Obama, à candidatura da Índia.
Cúpula do G 20
Os líderes dos países do G 20 (grupo que reúne representantes dos 19 países mais ricos do mundo e a União
Europeia) iniciaram na segunda semana de outubro de 2010,
em Seul (Coreia do Sul) sua reunião de cúpula, com a tarefa
de encontrar uma solução para a guerra cambial que afeta o
comércio mundial.
“Guerra Cambial” é a expressão para designar o atual
processo de desvalorização do dólar nas economias mundiais.
Essa desvalorização do dólar tem como reflexo, a valorização
das moedas de outros países; isso torna os produtos desses
países mais caros no mercado global, portanto, menos compe vos.
Para combater o dólar fraco e manter a balança comercial
posi va, os países desvalorizam a sua moeda. Isso significa
que, para se proteger da circulação excessiva de dólar no
mercado, alguns países, como a China, mantém a sua moeda
(yuan) ainda mais barata. A quinta cúpula de potências industrializadas e emergentes foi aberta com um jantar oficial
oferecido pelo presidente sul-coreano Lee Myung-bak no
Museu Nacional da Coreia do Sul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as nações industrializadas devem incen var seu consumo interno,
caso contrário, “o mundo vai à falência”.
Coreia do Norte ataca Coreia do Sul
A Coreia do Norte fez dezenas de disparos de ar lharia
contra uma ilha sul-coreana, no dia 23 de novembro de 2010,
matando dois soldados e dois civis, em um dos ataques mais
pesados contra o país vizinho desde que a Guerra da Coreia
chegou ao fim, em 1953.
A troca de disparos – a Coreia do Sul disparou de volta e
enviou um caça-bombardeiro para a região – ocorreu perto
da fronteira marí ma do lado ocidental da península dividida. O limite é contestado e a área já foi palco de choques
mor feros no passado.
A Coreia do Sul estava fazendo exercícios militares na
área no momento do ataque, mas disse que não estava
disparando contra o Norte.
O ataque aconteceu no momento em que a isolada Coreia do Norte e sua aliada, a China, pressionam as potências
regionais a voltar à mesa de negociações sobre o programa
de armas nucleares norte-coreano, e em meio à revelação,
de que o Norte está desenvolvendo em ritmo acelerado outra fonte de material para a produção de bombas atômicas.
O ataque aconteceu semanas depois da inicia va do
líder Kim Jong-il de tornar seu filho mais jovem seu sucessor,
levando alguns analistas a indagar se o bombardeio pode ter
sido parte de um esforço para reforçar a imagem da família
governante no establishment militar norte-coreano.
“Casas e montanhas estão ardendo em chamas, e as pessoas estão desocupando a área. Não dá para enxergar muito
bem por causa das colunas de fumaça”, disse à imprensa
uma testemunha na ilha, antes do ataque com morteiros,
que durou cerca de uma hora para terminar.
Há relatos de que pelo menos 200 granadas de morteiro
norte-coreanas a ngiram a ilha de Yeongyeong, que fica ao
lado da costa oeste da península dividida, perto da fronteira
marí ma contestada. A maioria dos morteiros caiu sobre
uma base militar.
A no cia do ataque abalou os mercados mundiais, já
agitados com os problemas da dívida da Irlanda e com a
mudança para a vos de risco menor.
Especialistas dizem que Kim Jong-il vem há décadas fazendo um jogo de provocação bem calculado para arrancar
concessões da comunidade internacional e impressionar
seu establishment militar. Existe o risco de a transição para
outra liderança ter atrapalhado esse equilíbrio e que os fatos
saíam de controle;
O presidente sul-coreano Lee Myung-bak, que chegou
ao poder há quase três anos e vem seguindo uma linha
dura com a Coreia do Norte, disse que a resposta ao ataque
precisa ser firme.
Mas ele não indicou que o sul vá retaliar mais, dando a
entender que o governo sul-coreano está respondendo de
modo comedido para evitar que a situação saia de controle.
A Coreia do Norte tem uma força enorme de ar lharia
apontada para Seul e poderia dizimar uma área urbana onde
vivem cerca de 25 milhões de habitantes, causando também
prejuízos enormes à economia trilhonaria sul-coreana.
As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra,
a Guerra da Coreia terminou apenas com um cessar-fogo,
sem a assinatura de um acordo de paz, e as tensões cresceram muito este ano depois de o Sul acusar o Norte de
torpedear um dos navios (corveta) de sua marinha, matando
46 marinheiros.
A Coreia do Sul afirmou que estava fazendo exercícios
militares na área antes do ataque, mas que disparara para
o oeste, não para o norte.
Uma fonte diplomá ca francesa disse que o Conselho de
Segurança da ONU vai convocar uma reunião de emergência
para discu r a questão da Coreia do Norte, à qual impôs
sanções econômicas pesadas por seus testes nucleares e
de mísseis.
O chanceler russo Sergei Lavrov descreveu a escalada
nas tensões como “perigo colossal”.
A Polêmica do WikiLeaks
Julian Paul Assange é um jornalista e cibera vista australiano. Ele é um dos nove membros do conselho consul vo do
WikiLeaks, um wiki de denúncias e vazamento de informações. É também o principal porta-voz do website.
Assange estudou matemá ca e sica, foi programador
e hacker, antes de se tornar porta-voz e editor-chefe do
WikiLeaks. Fundou o WikiLeaks em 2006 e atua em seu
conselho consul vo. Esteve envolvido nas publicações de
documentos sobre execuções extrajudiciais no Quênia, e isso
lhe garan u o prêmio Amnesty InternaƟonal Media Award de
2009. Também publicou documentos sobre resíduos tóxicos
na África, procedimentos na base de Guantánamo, e outros.
Em 2010, ele publicou detalhes sobre o envolvimento dos
Estados Unidos nas guerras do Afeganistão e Iraque. E, então, em 28 de novembro do mesmo ano o WikiLeaks e seus
cinco parceiros de mídia, El País, Le Monde, Der Spiegel, The
Guardian e The New York Times, começaram a publicar os
telegramas secretos da diplomacia dos EUA. Por seu trabalho
no WikiLeaks ganhou outros prêmios, como o Sam Adams
Award de 2010 e o Index on Censorship do The Economist
em 2008.
Em 2010, após o vazamento da vasta massa de documentos sobre possíveis crimes de guerra come dos na Guerra do
Afeganistão e na Guerra do Iraque pelo Exército dos Estados
Unidos, sua fama cresceu. Recentemente, Assange perdeu
a cidadania sueca e está à procura de um país que o receba.
Em 30 de novembro, foi acusado de estupro e abuso sexual
na Suécia. A Interpol o colocou em sua lista de procurados.
No dia 7 de dezembro, em Londres, Assange apresentou-se
à Polícia Metropolitana e negou as acusações contra ele,
sendo liberado nove dias depois.
A acusação da jus ça sueca contra Julian Assange é a de
que, durante uma sessão de sexo consensual, seu preserva vo se rompeu, tendo sido re rado – o que na Suécia é
equivalente a estupro (pena de dois anos de prisão). Uma
das denunciantes, Ana Ardin (a outra é Sofia Wilen), alega
que Assange rompeu a camisinha de propósito. Ardin é
cubana, an castrista e consta que trabalhou para ONGs
financiadas pela CIA.
Em 14 de dezembro, Julian Assange foi julgado por um
tribunal de Londres, obtendo sua libertação mediante o
pagamento de fiança no valor de 240 mil libras (cerca de
R$ 649 mil). Além disso, ele deve entregar seu passaporte,
viver sob toque de recolher e usar um disposi vo eletrônico que indique sua localização, até a próxima audiência do
caso, marcada para o dia 11 de janeiro de 2011. O cineasta
inglês Ken Loach, a milionária Jemima Khan e o jornalista
inves ga vo australiano John Pilger nham se oferecido
ATUALIDADES
Se os países desenvolvidos não consumirem, e se quiserem apenas apostar nas exportações, como mecanismo para
sair da crise, o mundo vai à falência.
O debate sobre as intervenções para desvalorizar as
moedas e impulsionar as exportações próprias ficou mais
tenso depois da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco
central norte americano), de injetar R$ 1 trilhão (US$ 600
bilhões) para recuperar sua economia.
O anúncio despertou fortes crí cas da China, Alemanha
e do Brasil porque enfraquece a cotação do dólar; o dólar
fraco, por sua vez, prejudica outros países, que têm perdido
compe vidade nas exportações (venda de produtos).
51
para pagar a fiança de Assange e também compareceram à
corte de Westminster no dia do julgamento. Além de dezenas
de jornalistas, uma mul dão de simpa zantes do a vista
australiano se concentrou em frente ao tribunal londrino,
recebendo com alegria a no cia de que ele seria posto em liberdade. Desde o dia 7, Assange ficou de do em uma cela de
isolamento na prisão de segurança máxima de Wandsworth,
onde teve a correspondência censurada. Sua mãe, Chris ne
Assange, falou por telefone durante dez minutos com ele e
recebeu uma mensagem, depois transmi da ao canal de
televisão australiano Seven Network: “Faço um apelo a todo
o mundo para que meu trabalho e meus seguidores sejam
protegidos desses ataques ilegais e imorais”, dizia um trecho
da mensagem. Dois dias depois foi finalmente libertado pela
jus ça britânica, após a negação do recurso da Promotoria
da Coroa do Reino Unido e o pagamento de fiança.
Invasão ao Complexo do Alemão
Na manhã do dia 28 de novembro de 2010, as Forças
de Segurança (Polícia Civil, Polícia Militar, Exército, Marinha
e o BOPE – Operações Especiais) invadiram o Complexo do
Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio de
Janeiro, localizada na zona norte do Rio.
Apreensões de drogas (maconha, cocaína e craque), além
de diversos pos de armamentos como pistolas de vários
calibres e fuzis de alto poder de fogo. Até o final da manhã
do domingo, mais de 15 traficantes foram presos, entre eles
alguns gerentes do tráfico, além de marginais de outros locais
do Estado do Rio de Janeiro.
Foi descoberta também a casa do traficante Polegar,
que se demonstrou bem luxuosa, contrastando com toda a
miséria que cerca aquela região.
Existe um módulo móvel da polícia para onde os criminosos estão sendo encaminhados, bem como os suspeitos
estão sendo subme dos a uma triagem rigorosa.
Não se tem ciência de quando a operação chegará ao
fim, mas o que o Brasil espera é que ações como essa sejam
feitas não só na cidade do Rio de Janeiro, mas em todas as
áreas crí cas brasileiras.
ATUALIDADES
O que são as UPPs?
52
A Unidade de Policiamento Pacificadora é um novo
modelo de Segurança Pública e de policiamento que promove a aproximação entre a população e a polícia, aliada
ao fortalecimento de polí cas sociais nas comunidades.
Ao recuperar territórios ocupados há décadas por traficantes e, recentemente, por milicianos, as UPPs levam a paz às
comunidades do Morro Santa Marta (Botafogo – Zona Sul);
Cidade de Deus (Jacarepaguá – Zona Oeste), Jardim Batam
(Realengo – Zona Oeste), Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme – Zona Sul). Atualmente, as favelas dos Tabajaras e dos Cabritos, em Laranjeiras, do Pavão-Pavãozinho e do
Cantagalo, em Copacabana, além da favela da Providência,
no Centro, já foram contempladas com UPPs. Criadas pela
atual gestão da secretaria de Estado de Segurança, as UPPs
trabalham com os princípios da Polícia Comunitária. A Polícia
Comunitária é um conceito e uma estratégia fundamentada
na parceria entre a população e as ins tuições da área de
segurança pública. Até o fim de 2010, 3,5 mil novos policiais
serão des nados às Unidades Pacificadoras.
A par r desta definição, e pelas inicia vas adotadas pelos
responsáveis das UPPs relatadas pelos órgãos de comunicação da PME/RJ e de importantes veículos da imprensa,
as referidas unidades revestem, efe vamente, uma novidade
na polí ca de segurança do Governo do Estado, não pela
ocupação permanente das favelas pela polícia – o que já
vinha sendo feito pelo Grupamento de Policiamento de Áreas
Especiais em algumas localidades – , mas pela intenção de se
levar a cabo um pretendido policiamento comunitário, cujo
princípio cons tu vo é, em linhas gerais, o contato direto e,
em certa medida, solidário, entre os policiais e os moradores
para a iden ficação conjunta dos anseios e dos problemas
da comunidade, de maneira a delinear os procedimentos de
segurança mais apropriados.
Curiosidades
O Círculo (ou Anel) de fogo do Pacífico é uma área onde
há um grande número de terremotos, maremotos, tsunamis e uma forte a vidade vulcânica, localizado na bacia do
Oceano Pacífico. O Anel de Fogo do Pacífico tem a forma
de ferradura, com 40.000 km de extensão e está associado
com uma série quase con nua de trincheiras oceânicas,
arcos vulcânicos, cinturões de vulcões e / ou movimentos
de placas tectônicas. O Anel de Fogo do Pacífico tem cerca
de 452 vulcões e é o lar de mais de 75% dos vulcões a vos
e latentes do mundo.
Países e regiões próximos ou inseridos no círculo de fogo:
• Japão.
• República Popular da China, na zona de fronteira com
a Coreia do Norte.
• Península da Coreia.
• Taiwan ou Formosa, no Mar da China.
• Rússia (costa oriental – Ilhas Curilas e Península de
Kamchatka).
• Alasca, costa sul e Ilhas Aleutas, pertencente aos Estados Unidos da América.
• Costa oeste do Canadá e dos Estados Unidos da América.
• Costa oeste da América Central (México até Panamá).
• Costa oeste da América do Sul (Colômbia até Chile).
• Tailândia.
• Indonésia.
• Malásia, parte insular na ilha de Bornéu.
• Filipinas.
• Timor-Leste.
• Papua-Nova Guiné.
• Ilhas Salomão.
• Vanuatu.
• Tonga.
• Nova Zelândia.
• Partes da Antár da próximas da América do Sul (Península Antár ca) e também próximas da Nova Zelândia
(costa do Mar de Ross).
As áreas de fratura são denominadas de cinturões (um
dos mais conhecidos é o cinturão de fogo do Oceano Pacífico,
que inclui o leste da Ásia, desde a península de Kamchatka
e as ilhas do Japão até as Filipinas, além do oeste do con nente americano). Nesta área, o vulcanismo é resultado do
mergulho de uma placa sob a outra, formando os arcos de
ilhas, com vulcões mais cônicos e explosivos. Esta área possui
uma das maiores concentrações de vulcões.
Cidades brasileiras que sediarão os jogos do Mundial
de 2014
GRUPO 1
São Paulo
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Porto Alegre
GRUPO 2
Curi ba
Recife
Salvador
Fortaleza
GRUPO 3
Brasília
Cuiabá
Manaus
Natal
1. O horário de verão só acontece no Brasil.
MenƟra. Atualmente ele é adotado no Brasil, no Chile,
Estados Unidos e Canadá, grande parte da Europa e alguns
países da Ásia, África e Oceania.
2. O horário de verão serve para que as pessoas possam
aproveitar mais o dia.
Meia verdade. Além de aproveitar a luz natural, o horário de verão também existe para que haja uma diluição no
horário de pico, evitando assim uma sobrecarga do sistema
energé co e trazendo como consequência a economia de
energia elétrica.
3. O horário de verão no Brasil foi adotado pela primeira
vez em 1931.
Verdade. Até 1967 a implantação do horário de verão foi
feita de forma esporádica. Após 18 anos sem que o horário
de verão fosse ins tuído, a medida voltou a vigorar no verão
de 1985. Desde então o horário de verão passou a ocorrer
todos os anos no Brasil.
4. O horário de verão acontece do primeiro ao úl mo
dia de verão.
MenƟra. Ele começa na primavera e termina antes do
verão acabar.
5. Adianta-se em uma hora o relógio no horário de verão.
Verdade. E no fim do horário de verão, o relógio deve
ser atrasado em 1 hora.
6. O horário de verão vai do 3º domingo de outubro até
o 3º domingo de fevereiro.
Meia verdade. Segundo o Decreto n° 6.558, de 8 de
setembro de 2008, que estabelece datas fixas para o horário
de verão, se o fim cair no domingo de carnaval, deve-se adiar
em uma semana o término.
7. O primeiro país a adotar o horário de verão foi os
Estados Unidos.
MenƟra. O primeiro país a adotar oficialmente o horário
de verão foi a Alemanha em 1916, durante a Primeira Guerra.
Apenas a ideia foi lançada em 1784 pelo americano Benjamin
Franklin, com o fim de aproveitar mais a luz natural.
8. Todos os estados brasileiros adotam o horário de verão.
MenƟra. O horário de verão já foi nacional, mas atualmente ele vigora em: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais,
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
9. O comércio fatura mais no horário de verão.
Verdade. De acordo com a Associação Comercial do Rio,
há um aumento de 50% nas vendas na beira da praia. No
comércio de rua, o aumento nas vendas chega a 8%. Nos
shoppings de cidades sem praia, o aumento é de 4%.
10. O governo espera economia de energia de 5% em
horário de pico.
Verdade. Segundo o MME, além da economia de 5% nos
horários de pico durante o horário de verão, a redução geral
do consumo, considerando todo o dia, deve ser de 0,5% nas
regiões sul, sudeste e centro-oeste.
A Nova GeopolíƟca do Oceano Pacífico
A China avança na construção de um míssil balís co
capaz de afundar um porta-aviões, quem informa são as
Forças Armadas dos Estados Unidos. Os norte-americanos
acreditam que o programa de mísseis balís cos contra navios
a ngiu sua “capacidade operacional inicial”, o que significa
que um projeto viável, previamente aprovado, se encontra
atualmente em vias de produção. Conhecido pelos analistas
da defesa como “destruidor de porta-aviões”, o míssil “Dong
Feng 21 D” mudaria todo o jogo em matéria de segurança na
Ásia, onde os Grupos de Batalha de porta-aviões da Marinha
dos EUA dominam os mares desde o final da 2ª Guerra.
A par cularidade do “Dong Feng 21 D” está em sua
capacidade de a ngir com extrema precisão um alvo em
movimento dotado de uma poderosa defesa – capacidade
que os planejadores navais americanos tentam agora anular.
Os componentes do sistema foram provavelmente projetados e testados, mas as fontes americanas não detectaram
testes sobre a água para saber com que perfeição é capaz de
a ngir um navio que se desloca no oceano.
Segundo os militares norte-americanos, serão ainda necessários anos de testes para que o míssil seja operacional.
A arma exige sistemas de direção extremamente sofis cados,
e alguns especialistas acreditam que a China precisará de
uma década aproximadamente para que o míssil represente
uma ameaça concreta.
O “Dong Feng 21 D” é considerado um componente
fundamental da estratégia da China que consiste em não permi r a aviões e navios americanos o acesso ao largo de suas
costas. A estratégia, que tem como base um ataque maciço,
inclui sistemas de defesa aérea, submarinos e mísseis balíscos avançados – todos conectados a uma rede de satélites.
O míssil poderia ser lançado da terra com precisão
suficiente para penetrar nas defesas do porta-aviões mais
avançado em movimento a uma distância superior a 1.500
quilômetros.
Isso poderia enfraquecer consideravelmente a capacidade de Washington de intervir em um possível conflito
sobre Taiwan ou a Coreia do Norte, bem como negar a
navios americanos o acesso seguro a águas internacionais
nas proximidades da costa da China, de 18 mil quilômetros
de extensão.
A porta-voz da chancelaria, Jiang Yu, reiterou as declarações de Pequim de que a expansão de suas forças militares não ameaça ninguém. “Posso dizer que a China busca
uma polí ca nacional defensiva. Não representamos uma
ameaça para outros países. Sempre seremos uma força de
salvaguarda da estabilidade e da paz regional”, disse Jiang
aos repórteres.
Os mísseis, “Dong Feng 21 D” e “Vento Oeste”, são o
horror do Pentágono. Grandes como três campos de futebol,
com 80 aviões de combate e 6,2 mil tripulantes, os porta-aviões nucleares dos EUA não são propriamente fáceis de
esconder – logo – circulam guarnecidos por fragatas lança-mísseis, destróieres e submarinos que garantem certo perímetro de segurança. Não contra “Dong Feng 21 D”, de 14,7
toneladas, 10 metros, e capaz de receber ogiva atômica. Em
um ataque múl plo, dezenas deles, orientados pelos satélites
Jianbing, caem de surpresa sobre os navios, sem chance de
defesa. É o pior pesadelo dos militares americanos.
Fonte: Estadão.
COP 16 (CANCÚN – México)
O Brasil no final de 2010 oficializou um plano relacionado
à mudança do clima, o qual prevê a redução da emissão de
730 milhões de toneladas de CO2 até 2020.
Essa redução é referente às emissões feitas pelo setor da
agricultura, o qual, segundo as Nações Unidas, é responsável
por 14% das emissões de gases que causam o efeito estufa.
Esse plano está no contexto da COP-16, Conferência
sobre Mudança Climá ca encerrada na madrugada deste
sábado, em Cancún, no México.
Como resultado do encontro, foi aprovado um fundo de
ajuda para os países em desenvolvimento, o “Fundo Verde”,
que des nará 100 bilhões de dólares por ano, equivalentes
a 170 bilhões de reais, às nações mais pobres, que deverão
empregar o montante no combate às mudanças climá cas.
ATUALIDADES
Verdades e MenƟras sobre o Horário de Verão
53
Também foi adotado um pacote de medidas, ba zado
de “Acordos de Cancún”, para conter a emissão de gases de
efeito estufa (a entrar em vigor após o término da validade
do Protocolo de Kyoto, em 2012). O novo acordo prevê
um sistema de maior prestação de contas, por parte dos
governos, sobre o combate ao aquecimento global. Além
disso, os países comprometeram-se a ações concretas para
proteger as florestas do mundo.
Os “Acordos de Cancún” ainda não são um instrumento
jurídico vinculante, como é o Protocolo de Kyoto, e não foram es pulados compromissos muito precisos. Os próximos
ajustes serão na COP 17, em Durban, África do Sul, no final
do ano que vem.
E para 2012, as Nações Unidas irão realizar, no Rio de Janeiro, outra Conferência sobre Mudança Climá ca. O evento,
in tulado Rio + 20, irá comemorar os 20 anos da Eco-92, além
de avaliar os progressos alcançados desde 1992 na proteção
do meio ambiente.
Rússia e Catar
A Rússia é a sede da Copa do Mundo de 2018 e o Catar
receberá o Mundial de 2022. Confirmando o favori smo, os
russos desbancaram as candidaturas europeias de Inglaterra,
Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda e Zurique, na Suíça.
Enquanto o país do Oriente Médio superou Estados Unidos,
Japão, Coreia do Sul e Austrália e levou a compe ção.
ATUALIDADES
Coreias
54
O líder comunista norte-coreano, Kim Jong-il, colocou
no ano de 2010 seu filho mais novo à frente da linha sucessória, um delicado processo em um regime militarizado que
coincidiu com dois ataques sem precedentes à Coreia do Sul.
O plano de sucessão norte-coreano começou a tomar
forma no final de setembro de 2010, quando o Par do dos
Trabalhadores, em uma incomum reunião, rou Kim Jong-um
do anonimato, jovem cuja idade não foi divulgada, mas que,
conforme especulações tem 27 anos, e o outorgou postos
relevantes no Comitê Central, além da Vice-Presidência da
Comissão Central Militar.
Seu pai o transformou, além disso, em general de quatro estrelas e, desde aquele momento, na figura com mais
probabilidades para se tornar o herdeiro de terceira geração
do an go regime stalinista fundado por seu avô Kim Il-sung,
falecido em 1994.
Pouco depois que, em outubro, Kim Jong-um se apresentou à imprensa internacional à direita de seu pai no
desfile militar pelo aniversário do Par do dos Trabalhadores,
a Coreia do Norte executou o primeiro ataque com ar lharia
sobre território sul-coreano desde o fim da Guerra da Coreia
(1950-1953).
Na tarde de 23 de novembro, a pequena ilha sul-coreana
de Yeonpyeong se estremeceu por uma chuva de obuses
norte-coreanos que deixou dois militares e dois civis mortos
e levou a península a sua pior crise em décadas, além de
romper as já frágeis relações com o Governo sul-coreano
do presidente Lee Myung-bak.
Desde março, os laços entre Pyongyang e Seul estavam
abalados pelo afundamento do navio de guerra (corveta)
sul-coreano “Cheonan”, no qual morreram 46 tripulantes,
e que segundo Seul foi causado por um torpedo de um
submarino norte-coreano.
Os analistas e o próprio governo da Coreia do Sul acham
que os fatos tentam consolidar Kim Jong-um no poder e
dar-lhe credibilidade diante da cúpula militar norte-coreana
para o dia em que seu pai, que sofreu um acidente vascular
cerebral em agosto de 2008, morrer.
O repen no ataque a Yeonpyeong, que pôs a península à
beira de um confronto armado de maior escala, é visto por
Seul como um cuidadoso plano para escorar a sucessão no
regime e como uma resposta frente ao isolamento empregado por Estados Unidos e Coreia do Sul.
Desde o incidente do “Cheonan”, que uma inves gação
mul nacional atribuiu a um torpedo norte-coreano, Seul e
Washington se negam a retomar o diálogo de seis lados para
o desarmamento nuclear da Coreia do Norte.
As conversas, das quais par cipam as duas Coreias, EUA,
China, Japão e Rússia, estão estagnadas desde dezembro de
2008 por decisão unilateral de Pyongyang, que agora deseja
reabrir a negociação para voltar a obter ajudas em troca de
concessões.
Uma semana depois do ataque a Yeonpyeong, o regime
comunista norte-coreano confirmou que tem milhares de
centrífugas funcionando para enriquecer urânio, o que lhe
abriria uma nova porta, com uma técnica mais singela que
seu programa com plutônio, para obter armas nucleares.
Pyongyang reivindicou o uso pacífico da nova tecnologia,
mas Seul e Washington a consideram um perigoso passo
em sua corrida nuclear, após os dois testes atômicos que
fez em 2006 e 2009, e seu histórico de desenvolvimento
armamen sta que foram contra as resoluções do Conselho
de Segurança das Nações Unidas.
Seul não descarta que a Coreia do Norte, que está
ampliando sua central nuclear de Yongbyon, realize no
próximo ano um terceiro teste nuclear, enquanto o Exército
sul-coreano começou a se rearmar e intensificar os exercícios militares para contestar com contundência uma nova
provocação norte-coreana.
A Kim Jong-il, de 68 anos, só resta como aliada a China,
país ao qual realizou duas visitas não anunciadas, em maio
e agosto, com o obje vo de buscar respaldo diplomá co e
econômico em um momento-chave para o regime.
Os chineses, por sua vez, estão sendo cada vez mais
pressionados por EUA, Coreia do Sul e Japão para que seja
mais crí co com a Coreia do Norte e contribua para reduzir
o imprevisível risco que vem representando o úl mo regime
stalinista do mundo, com mais de um milhão de soldados e
um programa nuclear em andamento.
Fonte: Terra.
1. O que é a polêmica envolvendo Cesare BaƫsƟ?
O italiano ex-a vista é acusado de quatro assassinatos em
seu País. Membro do Proletários Armados pelo Comunismo
(PAC), ele é condenado à prisão perpétua pela Jus ça de
Milão em 1988 por quatro “homicídios hediondos”, contra
um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante
neofascista e um joalheiro. Os crimes teriam sido come dos
entre 1977 e 1979. Ba s nega a autoria dos crimes, mas em
1979 é preso em Milão. Foge para a França e depois para o
México. Preso no Brasil em 2007, Ba s obteve o status de
refugiado polí co e, no úl mo dia do governo Lula, teve seu
pedido de extradição negado, permanecendo então no País.
2. Quais os argumentos usados para negar sua extradição?
Em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), haveria
“razões ponderáveis para supor” que Ba s poderia ter a
situação agravada, até mesmo com risco de perseguição
polí ca, caso fosse entregue para cumprir a pena em terri-
3. Cesare BaƫsƟ está livre?
Sua libertação é pedida pelo governo, mas deve ser
ques onada pelo STF, que ainda vai julgar o caso. Quando
solto, Ba s deve pedir visto de permanência no Brasil no
Ministério do Trabalho, para só então passar a ser considerado imigrante.
4. A decisão pode ser reverƟda?
Sim. O governo italiano recorreu da decisão junto ao
Supremo Tribunal Federal (STF), que julgará a legalidade
da decisão.
5. Qual é a posição do STF no caso?
O STF deve avaliar se o governo afrontou o tratado de
extradição entre os dois países e se os argumentos registrados por Lula para recusa da extradição são diferentes dos
usados pelo Ministério da Jus ça para reconhecer o status
de refugiado de Ba s em 2009, ato que foi julgado ilegal
pelo próprio STF.
6. Por que BaƫsƟ veio parar no Brasil?
Do México, ele volta para a França em 1990 e é beneficiado pela polí ca do presidente François Mi errand, segundo
a qual o ex-a vistas não são extraditados desde que abandonem a luta armada. Com o fim do governo Mi errand,
a Jus ça francesa decide pela extradição. Foge para o Brasil
em 2004 e em 2007, é preso no Rio. No começo de 2009,
conseguiu status de refugiado polí co no Brasil pelo ministro
da Jus ça, Tarso Genro, o que provocou reações favoráveis
e contrárias. Mesmo depois do status de refugiado, Ba s
con nuou preso em Brasília, no presídio da Papuda.
7. Por que BaƫsƟ conƟnuou preso, mas não pôde ser
extraditado?
O preso aguardava o julgamento do STF sobre a concessão do refúgio. Não podia ser extraditado porque, pela lei,
a concessão do refúgio impede a extradição do preso. A tese
da ala contrária a Ba s é de que uma lei ordinária, como a
lei do refúgio, não pode rar a competência do STF de julgar
extradição, prevista na Cons tuição Federal.
8. Quais são os argumentos usados para sua extradição?
Os ministros deverão, para isso, considerar que os crimes
come dos pelo italiano não foram polí cos, que a decisão
da Jus ça italiana foi democrá ca e ele não correria riscos
de ser perseguido poli camente ao voltar à Itália.
9. O que diz a Itália?
Insa sfeita, a Itália intensificou seus protestos contra a
concessão do refúgio polí co para Ba s quando convocou,
em janeiro de 2009, seu embaixador em Brasília de volta a
Roma – no ritual da diplomacia, o gesto evidencia a insa sfação com a conduta de autoridades brasileiras e a deterioração das relações entre os dois países. Com a negação do
pedido de extradição, o gesto se repe u.
Fonte: Estadão.
REFERÊNCIA
Revista Brazil Export, nº 384, p. 36-37.
União Estável HomoafeƟva
Em um julgamento histórico e por unanimidade, o STF
(Supremo Tribunal Federal) decidiu no dia 5 de maio de
2011 reconhecer as uniões estáveis de homossexuais no
País. Os dez ministros presentes entenderam que casais
gays devem desfrutar de direitos semelhantes aos de pares
heterossexuais, como pensões, aposentadorias e inclusão
em planos de saúde. A decisão pode ainda facilitar a adoção,
por exemplo.
Foram analisados dois pedidos no julgamento: um deles
do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para
que funcionários públicos homossexuais estendam benecios a seus parceiros e o outro da Procuradoria-Geral da
República (PGR), para admi r casais gays como “en dade familiar”. A decisão do Supremo terá efeito vinculante, ou seja,
será aplicada em outros tribunais para casos semelhantes.
Tablets no Brasil
A empresa Foxconn, que fabrica o iPhone e o iPad para a
Apple, deve começar a produzir esses aparelhos no Brasil a
par r de julho deste ano, provavelmente em sua fábrica de
Jundiaí, interior de São Paulo. A informação é do Ministério
da Ciência e Tecnologia.
De acordo com o governo, a direção da empresa mandou
uma carta para a presidente Dilma Rousseff informando que
gostaria de antecipar o início da fabricação dos produtos da
Apple no Brasil de novembro para julho.
Osama Bin Laden
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou em pronunciamento na TV na madrugada do dia 2
de maio de 2011 a morte de Osama Bin Laden, líder da rede
terrorista da Al-Qaeda, responsável pelos ataques terroristas
de 11 de setembro de 2001 nos EUA, que mataram cerca de
3.000 pessoas.
De acordo com Obama, a morte foi consequência de uma
ação de inteligência do exército norte-americano em parceria com o governo do Paquistão, que localizou o terrorista.
EXERCÍCIOS
Funiversa/Ministério do Turismo/2010
A Copa do Mundo da FIFA foi um dos maiores projetos de
inves mentos para infraestrutura da África do Sul, a exemplo
do que ocorreu em outros países-sede. O evento serviu de
trampolim para desenvolver setores-chave da economia, acelerando o crescimento e o desenvolvimento, especialmente
em áreas como o turismo.
O desenvolvimento do turismo. In: Correio Braziliense,
11/9/2010, p. 6.
1.
Acerca do assunto abordado no texto e de temas correlatos, assinale a alterna va correta.
a) As três capitais estaduais do Centro-Oeste sediarão
jogos da Copa do Mundo da FIFA em 2014, no Brasil,
o que deverá representar significa vo aporte de
inves mentos para dinamizar a economia regional.
b) Um dos maiores desafios que o Brasil deverá enfrentar, em termos de transporte de massa durante a
Copa do Mundo da FIFA em 2014, está no transporte
aquaviário, ainda deficiente, apesar dos grandes
inves mentos dos úl mos anos.
c) As cidades do Nordeste brasileiro que, por sediarem
jogos da Copa do Mundo da FIFA em 2014, deverão
receber maior afluxo de turistas são justamente as
três metrópoles regionais: Fortaleza, Natal e Recife.
d) A exemplo do que ocorreu na África do Sul, em 2010,
prevê-se grande es mulo às a vidades turís cas na
ATUALIDADES
tório italiano. Prova disso seria o fato de que o assunto ainda
mobiliza a Itália após três décadas.
55
Alemanha, em 2012, quando sua capital, Berlim,
sediará os Jogos Olímpicos.
e) O grande fluxo esperado de turistas estrangeiros
para a Copa do Mundo da FIFA, em 2014, aliado ao
previsível aumento das viagens internas, exige do
Estado e da inicia va privada grandes inves mentos
em hotelaria, transportes, segurança e qualificação
de mão de obra a esses setores.
O horário de verão 2010/2011 começou a par r de zero
hora do dia 17 de outubro de 2010. Isso significa que, da
noite de sábado (16) para domingo (17), as pessoas que
moram nas regiões onde o horário de verão vigora veram
de adiantar seus relógios em uma hora. O ano de 2010 é o
segundo em que o horário de verão começa conforme um
decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em 2008. De acordo com esse decreto, o horário de verão
começará sempre a par r da zero hora do terceiro domingo
de outubro.
2.
Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a
alterna va correta.
a) Os estados da região Sul do Brasil não adotaram o
horário de verão porque, naquelas unidades federadas, não existem grandes discrepâncias entre a
duração dos dias e das noites, durante o verão.
b) Os estados da região Norte do Brasil não adotaram
o horário de verão porque são regiões pouco populosas, de
baixíssimo nível de urbanização e
de industrialização e, por consequência, de reduzido
consumo energé co.
c) O horário de verão e as a vidades turís cas não têm
nenhuma relação entre si.
d) Entre os principais bene cios da adoção do horário
de verão, está a redução do consumo energé co nos
horários de pico, o que contribui para minimizar os
riscos de eventuais apagões.
e) Por ser o país do mundo com maior extensão territorial em zonas tropicais, o Brasil é o único que adota
o horário de verão.
Os 33 trabalhadores que, desde 5 de agosto, permanecem soterrados pelo deslizamento na mina de cobre e ouro
San José, no Chile, vivem o que, no vocabulário das tragédias,
chama-se uma situação-limite. Totalmente isolados do mundo até uma semana atrás, quando uma sonda perfurou os
700 metros de rocha que os separam da super cie e trouxe
de volta um bilhete avisando que estavam vivos, os operários
sobrevivem em situação extremamente precária.
In: Veja, 2010, p. 135 (com adaptações).
ATUALIDADES
3.
56
Com relação ao tema abordado no texto e a assuntos
correlatos, assinale a alterna va correta.
a) O Chile viveu, em 2010, a alternância de governantes: a presidente Michelle Bachelet deixou o cargo
com elevada popularidade e foi subs tuída pelo
empresário Sebas án Piñera, vitorioso nas eleições
de janeiro.
b) A exemplo do que ocorreu no Hai em fevereiro
úl mo, o Chile `também foi ví ma de um forte terremoto, que provocou, mais mortes naquele país
que na pequena nação centro-americana.
c) A mineração é uma a vidade de baixa significância
para a economia chilena que se apoia quase exclusivamente no turismo.
d) O episódio mencionado no texto foi o primeiro
acidente ocorrido na mina San José, que se destacava mundialmente pela elevada segurança de suas
operações.
e) Cortado de norte a suI pela Cordilheira dos Andes e
banhado pelo Oceano Atlân co, o Chile é um país
de alto potencial de desenvolvimento do turismo
ecológico.
Funiversa/CEB/ Superior/2010
Obama, Prêmio Nobel da Paz: recompensa a uma nova
visão do mundo
(10/10/2009) Passado um primeiro momento de surpresa, a concessão do Prêmio Nobel da Paz a Barack Obama tem
muita lógica. Premia-se assim uma visão do mundo – e do
papel dos EUA no mundo – , e não uma obra. Obama não
está nem há um ano na Casa Branca, por isso ainda não é
possível julgá-lo por seus resultados, mas nesse período já
mudou radicalmente a música e a letra da polí ca internacional norte-americana. E em um sen do que não pode ser
mais grato aos ouvidos dos escandinavos, dos europeus e,
em geral, da maioria dos habitantes do planeta.
Internet: <hƩp://noƟcias.uol.com.br/> (com adaptações). Acesso
em 28/12/2009.
4.
Acerca do tema abordado no fragmento acima, assinale
a alterna va correta.
a) Barack Obama, após sua posse como presidente
dos Estados Unidos, reduziu substancialmente os
efe vos militares norte-americanos no Afeganistão.
b) Percebe-se, no texto, que Barack Obama foi premiado pela esperança que conseguiu despertar, junto à
comunidade internacional, de um mundo melhor e
mais justo.
c) Os escandinavos não são europeus.
d) O Prêmio Nobel da Paz é concedido anualmente,
pela Organização das Nações Unidas (ONU), a personalidades da sociedade civil que se destaquem
por seu trabalho em prol do bem comum.
e) Por ter adotado uma polí ca pacifista e trabalhar
pela paz entre judeus e pales nos, um dos antecessores de Barack Obama, Bill Clinton, foi também
agraciado com o Prêmio Nobel, na década de 1990.
O catecismo ambiental
Livros didá cos de Geografia adotados em escolas públicas e par culares do Distrito Federal pregam uma espécie
de catecismo verde. Neles consta que o mundo vai acabar
em breve por causa do aquecimento global e que o principal
culpado por isso é o homem. O dogma ecológico está no
material usado entre o 6º e o 9º ano, séries finais do ensino
fundamental.
Darcy. Revista de Jornalismo Cienơfico e
Cultural da UnB, nº 3, p. 50.
5.
Os termos “catecismo ambiental” e “dogma ecológico”
são u lizados no texto porque
a) não há nenhuma evidência de que a ação antrópica
provoque qualquer alteração climá ca no planeta.
b) o uso mais intensivo de tecnologias, desde a chamada Terceira Revolução Industrial, ocorrida após a
Segunda Guerra Mundial, tem diminuído o impacto
da ocupação humana sobre o meio ambiente.
c) não há consenso na comunidade cien fica acerca do
real papel do homem sobre o fenômeno do aquecimento global e sobre as alterações climá cas.
d) não ocorrem, no Distrito Federal, grandes mudanças
climá cas em virtude do ainda incipiente processo
de industrialização local.
e) a Universidade de Brasília defende que os recursos
do planeta são finitos, mas isso não jus ficaria a
criação de uma sensação de pânico entre os alunos.
abaixo as torres gêmeas do World Trade Center, cujo destaque no horizonte de arranha-céus de Nova York simbolizava
a supremacia econômica da superpotência. “Foi um ato de
guerra”, definiu o presidente Bush. Tratou-se, de fato, de uma
ofensiva terrorista em larga escala, sem similar na história,
com milhares de mortos inocentes. Uma das primeiras coisas
que se ouviram foi o clamor por revanche. Os americanos
acham que é preciso dar o troco – mas contra quem?
A descoberta da vulnerabilidade.
In: Veja, 2001, p. 48 (com adaptações).
In: Veja Especial Amazônia, set./2009, p. 43.
6.
Tomando o texto como referência inicial, assinale a
alterna va correta.
a) Não há relação entre um eventual desaparecimento
da floresta amazônica e as alterações climá cas no
planeta, razão pela qual é falsa a afirmação de que
aquela região é o “pulmão do planeta”.
b) A área comumente denominada Amazônia circunscreve-se à região Norte do Brasil.
c) A Amazônia é o segundo bioma em área do Brasil,
sendo menor apenas que o cerrado.
d) Tendo sido criada na década de 1990, quando da
introdução do modelo neoliberal no Brasil, a Zona
Franca de Manaus especializou-se na produção de
produtos industrializados de alto valor agregado,
como eletroeletrônicos.
e) O envenenamento da atmosfera com gases de efeito
estufa a que o texto se refere ocorre por meio das
queimadas e do uso de grande número de usinas
termelétricas, geralmente movidas a óleo diesel.
7.
Na terça-feira, dia 10/11/2009, grande parte do Brasil
foi surpreendida com uma queda de energia que chegou a mais de quatro horas em alguns lugares. Esse
acontecimento ainda não teve uma explicação oficial
defini va. Acerca das possíveis causas e consequências
do fato apresentado, assinale a alterna va correta.
a) Esse apagão que ocorreu no Brasil, embora ainda
sem causas definidas oficialmente e aceitas pela
comunidade cien fica, demonstra que o país necessita de maior inves mento em programas de
eficiência energé ca que promovam a redução da
possibilidade de uma nova queda de energia dessa
dimensão.
b) Uma possível causa discu da para a situação da
queda de energia é a ineficiência do Programa Brasileiro de Energia Nuclear, que insiste em manter em
funcionamento as sucateadas usinas de Angra 1 e 2.
c) Um maior inves mento econômico do país no desenvolvimento de polí cas públicas de sustentabilidade
no uso dos biocombus veis teria evitado o apagão
elétrico registrado em novembro.
d) Os frequentes apagões da magnitude do que ocorreu
em novembro de 2009 afetam exclusiva e diretamente o setor produ vo brasileiro. Esse fato promove
uma significa va perda econômica que, por sua vez,
desequilibra a balança comercial do país.
e) De acordo com a comunidade cien fica nacional,
esse apagão foi provocado por uma descarga atmosférica de grande intensidade, fato bastante previsível
em período de elevada quan dade de chuvas em
todo o país.
Funiversa/Ceb/Médio/2010
No dia 9 de setembro de 2001, o país mais poderoso do
mundo viu ícones de sua iden dade nacional serem alvejados com desconcertante facilidade. Por volta de 9 horas da
manhã, dois aviões de passageiros sequestrados puseram
8.
Após o atentado terrorista às torres gêmeas, nos Estados Unidos, o mundo passa a vivenciar uma situação
de constante tensão em relação à violência pra cada
por grupos extremistas. A respeito desse tema, assinale
a alterna va correta.
a) O terrorismo, no mundo globalizado, subs tuiu a
ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Sovié cas)
como o grande inimigo dos Estados Unidos. Este
país, desde o ataque de 11 de setembro de 2001,
toma medidas frequentes para impedir atos terroristas e suas possíveis consequências.
b) Os ataques terroristas pra cados contra os Estados
Unidos são sempre mo vados por intolerância religiosa de grupos islâmicos do mundo árabe.
c) No cenário político e econômico da atualidade,
a Organização das Nações Unidas (ONU) tem conseguido cumprir com eficiência o seu papel para a
manutenção da paz mundial.
d) O mo vo do ataque terrorista aos Estados Unidos
em setembro de 2001 assemelha-se ao fator responsável pela violência pra cada por descendentes
de quilombolas surinameses a imigrantes brasileiros
em dezembro de 2009.
e) O crescimento constante da economia dos Estados
Unidos faz com que este país seja alvo único de
ataques terroristas.
O Cerrado pico é cons tuído por árvores rela vamente
baixas (até vinte metros), esparsas, disseminadas em meio a
arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa cons tuída, em
geral, por gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente
dois estratos: um superior, formado por árvores e arbustos
dotados de raízes profundas que lhes permitem a ngir o
lençol freá co, situado entre 15 a 20 metros; e um inferior,
composto por um tapete de gramíneas de aspecto rasteiro,
com raízes pouco profundas, no qual a intensidade luminosa
que as a nge é alta, em relação ao espaçamento. Na época
seca, este tapete rasteiro parece palha, favorecendo, sobremaneira, a propagação de incêndios.
Internet: <hƩp://www.ibama.gov.br/>. Acesso em 31/12/2009.
9.
Tomando o texto apenas como referência, assinale a
alterna va correta.
a) A re rada de calcário dos solos de cerrado, visando
corrigir sua acidez e torná-los mais adequados ao
aproveitamento agrícola, recebe o nome de calagem.
b) O cerrado é uma espécie de savana, só não ocorrendo, no Brasil, nas regiões Norte e Sul.
c) No Distrito Federal, na Estação Ecológica de Águas
Emendadas, nascem rios que formam grandes bacias
hidrográficas do Brasil, o que reforça a importância
de se preservar o cerrado.
d) Por “época seca”, entende-se, no Brasil Central,
os meses da primavera.
e) O bioma cerrado é formalmente protegido pela atual
cons tuição brasileira como patrimônio nacional.
ATUALIDADES
A maioria das pessoas ainda acredita que a floresta
amazônica é o pulmão do planeta. Que, se ela desaparecer,
o aquecimento global vai se acelerar de modo calamitoso.
Quanto a isso, vale uma ressalva. Para merecer o tulo de
pulmão do planeta, a região precisaria parar de envenenar a
atmosfera com gases de efeito estufa. [...] Manaus abriga uma
das experiências mais bem sucedidas de desenvolvimento
sustentável, a Zona Franca, que produz riquezas sem precisar
destruir um só graveto da floresta.
57
Alerta ligado
Funiversa/Terracap/Superior/2010
O ministro Guido Mantega afirma que a valorização do
real, ao contrário do que desejam os inves dores financeiros, não é um problema superado, mas “encaminhado”.
Segundo ele, “se os empresários brasileiros forem corajosos
e souberem aproveitar esse câmbio, que não vai perdurar a
vida toda, é um momento também de eles irem às compras
de empresas no exterior”.
Homenagem às víƟmas do terremoto de Kobe
In: Revista Carta Capital, nº 577, 23/12/2009,
p. 36 (com adaptações).
10. Tomando o fragmento como referência inicial, assinale
a alterna va correta.
a) Guido Mantega ocupa o cargo de ministro da Fazenda desde a posse do presidente Luís Inácio Lula da
Silva em seu primeiro mandato.
b) A valorização do real gera duas situações antagônicas
para a economia brasileira: beneficia os exportadores e prejudica os que dependem de importações.
c) Para controlar a valorização excessiva do real,
o governo federal criou um imposto de 20% sobre
operações financeiras (IOF) para os inves mentos
de capitais produ vos de longo prazo.
d) Segundo o texto, a valorização do real jus ficaria
uma maior cautela das empresas brasileiras no
mercado global, no que tange às aquisições e fusões
com outras corporações.
e) A balança comercial brasileira tem apresentado
constantes superavits nos úl mos anos.
Lobão diz que tem de mendigar
licença ambiental de Belo Monte
(23/12/2009) Brasília – O ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão, reclamou da demora na concessão da licença
ambiental para construção da Usina de Belo Monte, no Pará.
Segundo o ministro, sua pasta está tendo que “mendigar” a
licença. Em discurso durante a posse dos novos diretores da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Julião Coelho
e Edvaldo Santana, Lobão reiterou que a matriz energé ca
brasileira é a mais limpa do mundo, pois está baseada na
geração hidrelétrica, mas isso não é compreendido pelos
ambientalistas. – Estamos quase mendigando ao Meio Ambiente a autorização para construir a Usina de Belo Monte –
disse o ministro.
ATUALIDADES
Internet: <hƩp://oglobo.globo.com/economia/>.
Acesso em 27/12/2009.
58
11. Tomando o texto como referência inicial, assinale a
alterna va correta.
a) O Pará, um dos maiores estados em extensão, enfrenta escassez de energia, pois não possui grande
potencial energé co e detém um dos maiores parques industriais do país, dependendo vitalmente de
Belo Monte para o seu progresso econômico.
b) Infere-se do texto que a produção de energia de
origem hidráulica não causa danos ambientais.
c) Um dos problemas apontados em relação à usina de
Belo Monte é que ela afetará a produção de energia
de Tucuruí, visto que ambas aproveitarão o fluxo das
águas do rio Tocan ns.
d) Frequentemente, projetos de grande importância
econômica têm encontrado resistência dos órgãos de
proteção ao meio ambiente, o que leva a constantes
atritos entre as alas desenvolvimen sta e ambientalista do governo.
e) O Brasil, assim como a grande maioria dos países,
tem sua matriz de energia elétrica assentada, basicamente, em fontes não renováveis.
(19/1/2010) O Japão homenageou as ví mas do terremoto de Kobe (7,3 graus na escala Richter) que completou
15 anos no úl mo dia 17. O desastre deixou 6,4 mil pessoas
mortas e destruiu 240 mil casas. Entre outras manifestações,
pessoas se reuniram ao redor de velas que formavam a data
do terremoto (17 de janeiro de 1995). Atualmente, a cidade
está totalmente reconstruída, com uma população recorde
de 1,5 milhão de pessoas. Segundo o prefeito de Kobe, Tatsuo Yada, 10% dos residentes nasceram depois do desastre.
Internet: <hƩp://madeinjapan.uol.com.br/>.
Acesso em 26/1/2010.
Número de mortos em terremoto
no HaiƟ passa de 75 mil
(19/1/2010) AFP – O terremoto de 12 de janeiro no Hai ,
que a ngiu 7,0 pontos na escala Richter, já deixou 75 mil mortos, 250 mil feridos e um milhão de desabrigados, anunciou a
Direção da Proteção Civil hai ana nesta terçafeira. O balanço
anterior, fornecido domingo pelo secretário de Estado para a
Alfabe zação, Carol Joseph, mencionava 70 mil mortos.
Internet: <hƩp://noƟcias.terra.com.br/>.
Acesso em 26/1/2010.
12. A respeito do tema abordado nos textos, assinale a
alterna va correta.
a) O tsunami que, em 2004, devastou em maior escala
a África e, com menor intensidade, países do Oriente
Médio, teve causas semelhantes às do ocorrido no
Hai : a movimentação da crosta terrestre submarina
e a consequente alteração no comportamento das
marés.
b) A escala Richter, que mede a intensidade dos terremotos, varia de 0 (tremores mais fracos) a 7,9 (os
mais violentos).
c) O Japão situa-se em uma região de alta instabilidade geológica, conhecida como Círculo de Fogo do
Pacífico, o que explica a ocorrência de frequentes
terremotos naquele país.
d) Curiosamente, a América Central, onde se situa o
Hai , não é zona de encontro de placas tectônicas; o
terremoto mencionado foi resultado do atrito entre
a placa sul americana e a placa da América do Norte,
cujo impacto reverberou sobre o Caribe.
e) Considerando-se os eventos mencionados, não há
como estabelecer correlação entre o nível socioeconômico de um país, sua capacidade de prevenção e
de reação a calamidades e o número de ví mas em
terremotos.
(21/1/2010) – Dólar fecha a R$ 1,80, maior preço em 4
meses; Bovespa cede 2,61%. O dragão chinês
O governo chinês revelou hoje que o país cresceu a uma
taxa de 8,7% no ano passado. A cifra acima das expecta vas
detonou uma preocupação generalizada de que uma das
“locomo vas” da economia global tome novas medidas para
puxar o freio do crescimento. Esse temor tem precedente, já
que nos úl mos dias as autoridades chinesas mul plicaram
as inicia vas para elevar o custo do capital e re rar dinheiro de circulação. A China é um dos maiores compradores
mundiais de commodiƟes, principalmente do Brasil. E nesse
ambiente de maior nervosismo, o dólar vira o ponto de fuga
para agentes financeiros, já preocupados com o fechamento
das contas externas brasileiras, num ano em que se espera
o aumento das importações.
Internet: <www1.folha.uol.com.br> (com adaptações).
Funiversa/ Terracap/ Médio/2010
14. Acerca das consequências sicas, econômicas e sociais
da recente tragédia que abalou o Hai , assinale a alterna va correta.
a) A ajuda humanitária que chega ao território é pouco
importante diante da tragédia ocorrida.
b) O terremoto ocorrido no Hai sensibilizou as Forças
Armadas do Brasil que, pela primeira vez, enviou
tropas ao país.
c) Países pertencentes à União Europeia não par cipam
da missão de paz e da ajuda humanitária ao Hai .
Diploma camente, eles preferiram dar encaminhamento às decisões tomadas na Conferência do Clima,
que ocorreu em Copenhague, no final de 2009.
d) Além da destruição sica, a situação sanitária do
Hai é preocupante. Corpos soterrados e ausência
de água potável podem provocar epidemias que
trarão ainda mais sofrimento à nação hai ana.
e) Ações polí cas entre as nações não são importantes
para resolver questões como as que ocorreram no
Hai .
A urbanização é um dos traços fundamentais da modernidade. Há urbanização quando o crescimento da população
urbana supera o da população rural – um fenômeno que se
verifica há mais de dois séculos na Europa e que adquiriu
contornos mundiais ao longo do século XX.
Demétrio Magnoli. Geografia para o Ensino Médio.
São Paulo: Moderna, 2008, p. 227.
15. Acerca do assunto mencionado no texto e de temas
correlatos, assinale a alterna va correta.
a) No Brasil atual, o processo de migração do campo
para a cidade ocorre em ritmo mais intenso a cada
ano, o que explica o acelerado crescimento da população das grandes metrópoles do país.
b) De acordo com o Ins tuto Brasileiro de Geografia
e Esta s ca (IBGE), o Distrito Federal apresentou,
no úl mo censo realizado, taxas de crescimento
populacional superiores à média nacional.
c) A população rural do Distrito Federal, que compreende cerca de 25% da população total, apresenta taxa
de crescimento pouco inferior da população urbana,
o que se explica em virtude dos fluxos migratórios de
outras regiões para os núcleos rurais aqui existentes.
d) Os dois países mais populosos do mundo, Índia e
China, encontram-se também entre os países mais
urbanizados do globo.
e) Brasília é a única grande cidade brasileira cujo
surgimento foi fruto de planejamento por parte do
poder público, o que é facilmente explicável por sua
condição de capital federal.
A poluição é geralmente consequência da atividade
humana. Ela é causada pela introdução de substâncias (ou
de condições) que normalmente não estão no ambiente ou
que nele existem em pequenas quan dades. Poluente é o
detrito introduzido num ecossistema não adaptado a ele, ou
que não suporta as quan dades que são nele introduzidas.
Internet: <hƩp://www.webciencia.com/19_planeta.htm/> (com
adaptações). Acesso em 24/1/2010.
16. Acerca da questão ambiental no planeta e de temas
correlatos, assinale a alterna va correta.
a) Por se tratar de um processo de origem antrópica,
surgido a par r da Revolução Industrial do século
XVIII e agravado nos séculos seguintes, o efeito
estufa pode ser rever do se forem implementadas
medidas que reduzam a emissão de monóxido e
dióxido de carbono, os principais gases de efeito
estufa.
b) A chuva ácida é uma das principais consequências
da poluição do ar. Resultante das queimadas de
florestas tropicais, que liberam resíduos gasosos,
como óxidos de nitrogênio e de enxofre, é um fenômeno corriqueiro em países subdesenvolvidos com
economia de base agrícola.
c) Com o constante crescimento da população doplaneta, que ocorre de forma homogênea nos diversos
países, aumenta terrivelmente a gravidade dos
problemas que a Terra já enfrenta, como uma maior
necessidade de energia e de alimentos.
d) A camada de gás ozônio (O3) existente na estratosfera
é um eficiente filtro de raios ultravioleta. O ozônio
forma-se pela exposição de moléculas de oxigênio
(O2) à radiação solar ou às descargas elétricas. Nos
seres humanos, o excesso de raios ultravioleta pode
causar câncer.
e) Em áreas de relevo acidentado, o desmatamento de
áreas adjacentes aos cursos d’água pode provocar o
desmoronamento das encostas, o que, por sua vez,
provoca o fenômeno chamado de eutrofização dos
rios.
Funiversa/ Adasa/Superior/2009
Em qualquer país, a estrutura energética é um dos
elementos mais decisivos da economia e da geopolí ca,
por isso é considerado um setor estratégico. [...] Por isso
o setor energé co geralmente é controlado pelo Estado,
que atua diretamente na produção de energia, por meio
de empresas estatais ou pela concessão dessa produção a
empresas privadas.
João Carlos Moreira e Eustáquio de Sene. Geografia Geral e do
Brasil. São Paulo: Scipione, 2006.
17. A respeito do assunto abordado no texto acima, assinale
a alterna va correta.
a) Em decorrência da escassez que começa a se anunciar, o petróleo, que já foi a fonte de energia mais
u lizada no mundo, perdeu espaço gradualmente
para outras fontes, algumas mais an gas, como
a hidreletricidade, outras mais recentes, como a
energia eólica, que atualmente superam o “ouro
negro” noconsumo energé co mundial.
b) O carvão mineral, não obstante ser uma fonte
poluidora, ainda é muito utilizado como matriz
ATUALIDADES
13. Acerca do tema abordado no texto acima, assinale a
alterna va correta.
a) A leitura do texto permite inferir que, caso a China
reduza a importação de commodiƟes, o Brasil pode
ter problemas econômicos.
b) O crescimento econômico de 8,7% ao ano da China
é igualmente acompanhado pelos demais países
emergentes, como o Brasil e a Índia.
c) A previsão para o Brasil de aumento nas importações irá provocar uma elevação, sem precedente,
na dívida externa do país.
d) O crescimento econômico chinês está diretamente
relacionado à polí ca an natalista do filho único e à
sua matriz energé ca baseada na geração de energia
por hidrelétricas.
e) O crescimento da economia chinesa é acompanhado
de igual desenvolvimento social com crescente redução das desigualdades entre os cidadãos do país.
59
energé ca, especialmente nos países do Hemisfério
Norte. Entre os danos ambientais que causa, não se
encontra a geração de gases de efeito estufa, o que
minimiza os impactos ambientais de sua u lização.
c) No Brasil, o Estado atua da maneira mencionada
no texto: concede a empresas privadas a produção
de energia hidrelétrica, ao mesmo tempo em que
mantém o monopólio sobre a pesquisa, a extração
e o refino dopetróleo, por meio da Petrobras.
d) Países como França, Coreia do Sul, Ucrânia e Estados Unidos u lizam largamente a energia atômica.
Apesar dos riscos que o uso desse po de fonte energé ca oferece, não foram registrados, nas úl mas
três décadas, acidentes que tenham causado danos
significa vos a pessoas ou ao meio ambiente.
e) O consumo energé co tem se mostrado rela vamente constante nos países desenvolvidos, ao longo
dos úl mos anos. O maior incremento do consumo
tem ocorrido nos países em desenvolvimento (ou
emergentes), como Índia, China e Brasil, que vêm
apresentando um maior dinamismo econômico e
apresentam, geralmente, crescimento populacional
superior ao dos países mais ricos.
Na queda-de-braço entre chavismo e oposição, ambos os
lados personalizam na figura do presidente sua discordância
diametral sobre os rumos que o país deve tomar. Por trás da
figura do coronel paraquedista transformado em chefe de
Estado está um projeto de contornos vagos, mas com um
sen do geral claro: socialismo bolivariano, uma mescla de
esta smo distribu vista com nacionalismo an americano.
O empenho de Chávez em assegurar-se o direito de renovar
o mandato indefinidamente sugere insegurança: a revolução
não teria pernas para seguir em frente sem o líder. De maneira análoga, os opositores do projeto chavista parecem ver no
presidente um obstáculo cuja remoção seria indispensável
para reverter a marcha socializante.
ATUALIDADES
Sílvio Queiroz. Duelo de espelhos.
In: Correio Braziliense, 15/2/2009, p. 18.
60
18. Esse texto foi publicado no dia do referendo realizado
na Venezuela, a respeito da possibilidade de reeleições
sucessivas para os principais cargos execu vos do país,
cujo resultado foi favorável ao presente Hugo Chávez.
Tomando apenas como referência inicial, assinale a
alterna va correta.
a) Maior produtor de petróleo do hemisfério ocidental,
a Venezuela é grande fornecedora daquele produto
aos Estados Unidos. Portanto, as disputas diplomácas entre o ex-presidente George W. Bush e Hugo
Chávez encontravam-se inseridas em um quadro de
fortes laços econômicos.
b) A exemplo de Hugo Chávez, outros governos sulamericanos, como Evo Morales, Rafael Correa e Michele Bachelet anunciaram que pretendem realizar,
brevemente, referendos com o obje vo de tentar
estender sua permanência no poder.
c) No ano de 2008, a Venezuela realizou, em áreas próximas ao seu litoral, manobras navais conjuntas com
a marinha da Rússia. Considerando-se que Rússia e
Estados Unidos veram alguns atritos em períodos
recentes, como no caso da invasão da Geórgia por
tropas russas, é possível afirmar que as manobras
militares estão relacionadas ao “nacionalismo an americano” citado pelo jornalista.
d) As excelentes relações diplomá cas que o governo
Chávez sempre manteve com a Colômbia contribuíram de maneira significa va para a intermediação
venezuelana no conflito Colômbia-FARC, resultando
na libertação de diversos reféns.
e) Tendo assumido o poder por meio de um golpe,
o atual mandatário venezuelano implementou um
regime personalista e autoritário, lembrando velhos
caudilhos que fizeram história na América La na,
como Getúlio Vargas, no Brasil, e Juan Domingo
Perón, na Argen na.
Governo trocará 10 milhões
de geladeiras em 10 anos
O governo federal trocará 10 milhões de geladeiras em
10 anos. O obje vo é acabar com os refrigeradores feitos
antes de 2001. Estes usam o CFC – gás com potencial para
efeito estufa e que causa dano à camada de ozônio – para
refrigeração. Na quarta-feira (4), os ministros do Meio Ambiente, de Minas e Energia, do Desenvolvimento Social, de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio e da Fazenda apresentaram o projeto ao presidente Lula, que prevê doações
e financiamentos de novos refrigeradores.
Internet: <hƩp://noƟcias.ambientebrasil.com.br/
noƟcia/?id=43553>. Acesso em 13/2/2009.
19. Além da questão da emissão de CFC, aparelhos mais
an gos são também maiores consumidores de energia.
Considerando essa afirmação, a temá ca abordada no
texto e assuntos a ela relacionados, assinale a alternava correta.
a) A inicia va do governo, mencionada no texto, demonstra a preocupação existente, não só no Brasil,
mas em boa parte do mundo, em buscar alterna vas
energéticas mais eficientes e de menor impacto
ambiental. Na prá ca, entretanto, as a tudes são
muito midas; não há no cias de outras medidas,
seja do governo, seja da sociedade civil, que busquem
a redução do dispêndio energé co ou outras fontes
alterna vas ambientalmente mais eficazes.
b) A adoção do horário de verão em três grandes
regiões brasileiras, visando à economia de energia,
deriva do fato de que, por ser um país tropical, o Brasil apresenta, no verão, grandes diferenças entre a
duração dos dias e das noites. Sabe-se também que
a escolha das regiões que adotam tal medida decorre
do fato de serem as mais populosas do país.
c) O Brasil ocupa uma posição de vanguarda na produção de energia no mundo. A grande disponibilidade
de terras férteis torna possível e perfeitamente
viável, nos aspectos ambiental e econômico, que o
país possa vir a sustentar, em curto espaço de tempo,
toda sua frota de veículos e até mesmo o seu parque
industrial u lizando apenas biocombus veis.
d) A instalação de uma usina nuclear no Nordeste, que
vem sendo discu da pelo governo, pode resolver os
crônicos problemas de energia que aquela região
enfrenta. Entretanto, pode permi r, também, que
o Brasil desenvolva um programa nuclear para fins
militares, situação passível de ocorrer, já que o país
não é signatário do Tratado de Não Proliferação de
Armas Nucleares (TNP).
e) A Amazônia apresenta elevado potencial energé co
de origem hidráulica; entretanto, a presença da
floresta equatorial e sua gigantesca biodiversidade
geram preocupações quanto aos impactos que as
construções de usinas hidrelétricas poderão gerar,
inclusive relacionadas aos danos causados às populações indígenas locais.
Entre o final do mês de janeiro e os primeiros dias do
mês de fevereiro úl mos, inspetores da Fifa visitaram as 17
cidades brasileiras candidatas a sediar os jogos da Copa do
Mundo de 2014.
20. Acerca desse assunto, assinale a alterna va incorreta.
a) Os representantes da Fifa analisaram as condições
gerais das cidades candidatas a sediar os jogos do
Mundial 2014, como estruturas dos estádios, rede
hoteleira e condições de trânsito, entre outros aspectos.
b) Brasília apresentou um projeto que inclui uma ampla
reforma do estádio Mané Garrincha, prevendo-se,
entre outras medidas, a ampliação da capacidade
do estádio; o projeto também contempla a melhoria
das condições de transporte público.
c) O governo federal manifestou desejo de que uma
cidade da Amazônia e outra da região do Pantanal
Mato-grossense sediassem jogos do Mundial 2014,
sob o pretexto de tratar-se de regiões com elevado
potencial turís co e que valorizam a imagem do
Brasil no exterior.
d) Entre as cidades nordes nas candidatas a sediar jogos, as mais fortes candidatas são, por uma questão
de peso polí co e capacidade de adaptação, as três
maiores metrópoles regionais: Salvador, Recife e
João Pessoa.
e) Entre as 17 cidades candidatas a sediar os jogos,
visitadas pelos inspetores da Fifa, todas são capitais
de estado, à exceção de Brasília.
GABARITO
11. d
12. c
13. a
14. d
15. b
16. d
17. e
18. c
19. e
20. d
ATUALIDADES
1. e
2. d
3. a
4. b
5. c
6. e
7. a
8. a
9. c
10. e
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