Espelho, espelho meu... Espelho, espelho meu

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Saber Viver
UMA REVISTA PARA QUEM VIVE COM O VÍRUS DA AIDS
ANO 2 Nº 13
NOV/DEZ 2001
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DO
DST/AID
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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Rose descobriu há 10
anos que foi infectada
pelo marido. Hoje, ela
preside uma ONG
E
PRESENT IAL
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ENCARTE MIZADE
OU A
NAMORO DE
MAIS
AS
180 CART
A importância da
camisinha
para sua saúde
Espelho,
espelho
meu...
Como as mulheres
soropositivas
encaram a Aids
Saber Viver
Uma publicação bimestral gratuita
destinada a pessoas que vivem
com o vírus da Aids
Correspondências à redação:
Caixa Postal 11.554
Rio de Janeiro (RJ)
Cep 22.022-970
[email protected]
Coordenação e edição
Adriana Gomez e
Silvia Chalub
Jornalista responsável
Adriana Gomez (MTb 15700)
Secretária de redação
Suzete Ferreira
Consultoria lingüística
Leonor Werneck
Fotografia
Cristina Veneu
Ilustrações
Raul Motta
Desejamos muitos amigos
em 2002
N
a última edição da Saber Viver deste ano, resolvemos dar
um presente para os nossos leitores: um encarte especial
da seção Namoro ou Amizade. São mais de 180 pessoas que
estão loucas para arrumar novos amigos e até, quem sabe, uma
cara metade. Se você se sente sozinho, não deixe de dar uma
olhadinha neste encarte e mudar o rumo de sua vida em 2002.
Para viabilizar este presente, fechamos uma parceria muito
especial com a DKT do Brasil, responsável pela distribuição
dos preservativos da marca Prudence, Affair e Reality (camisinha feminina). O marketing social é uma política da DKT do
Brasil, que viabiliza outros projetos destinados à prevenção do
HIV e das DSTs. Com isso, esperamos que vocês aproveitem o
encarte especial e fortaleçam novos laços de amizades para o
próximo ano.
Que venha 2002, repleto de saúde e muitas realizações.
Conselho editorial deste número
Estevão Portela (Infectologista)
Marlete P. da Silva (Nutricionista)
Colaboradores
Arley Silva Jr. (Dentista)
Beatriz Grinsztejn (Infectologista)
Charlotte Kikoler (Prof. Meditação
Transcendental)
Luciana de Paula (Psicóloga)
Sônia Batista (Psicóloga)
Susana Aidé (Ginecologista)
Editoração eletrônica
A 4 Mãos Comunicação e Design
[email protected]
Leia neste número:
Bom e barato: Prefira alimentos na safra............3
Cuide com carinho de sua boca........................4/5
Biovir, Indinavir, Ritonavir e Nevirapina............6/7
Fotolito
Acerto
Conquistando o seu bem estar..........................8/9
Impressão
Gráfica JB
Perfil das mulheres soropositivas.............10/11/12
Tiragem
70.000 exemplares
Agradecimentos especiais
A todas as pessoas que colaboraram
dando seus depoimentos para as
matérias
Sua História.........................................................13
Por que você tem que usar camisinha..........14/15
Encarte especial: Namoro ou Amizade
APOIO:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Coordenação Nacional de DST/AIDS
Peça a Saber Viver na Unidade de Saúde onde você faz o seu
tratamento. De dois em dois meses ela estará à sua disposição
gratuitamente. Qualquer problema, entre em contato conosco
imediatamente.
Governo do Estado de São Paulo
PATROCÍNIO:
Os números anteriores da Saber Viver estão esgotados
Aproveite o que esses alimentos têm de melhor
onsumir os alimentos
no período de safra é
uma ótima opção. Além
de mais baratos, eles estão
com a concentração ideal de
nutrientes. Em função disso, a Saber Viver preparou
uma relação de alguns
legumes e verduras que
são ideais para serem
consumidos nesta época do
ano e os nutrientes que eles fornecem ao
nosso organismo. Não deixe de aproveitar
essas dicas.
consumo e podem ser
guardadas na geladeira, em
saco plástico, por 5 dias.
DICA: Aproveite os talos
em sopas, bolinhos e omeletes.
C
Beterraba
Época: de setembro a janeiro.
Uso: Em vitaminas e sucos. Cozida, crua,
refogada e assada. Rica em ferro (principalmente a sua folha), vitaminas, açúcar, sódio e
potássio, ela está boa para uso quando a cor é
concentrada, a casca lisa e as folhas brilhantes.
Combate a anemia.
DICA: Use as folhas em ensopados, refogados e
saladas.
Abóbora
Época : o ano todo.
Uso: cozida, em sopas cremosas, purês, refogados e em
doces. Ela é rica em vitaminas A
e B, cálcio e fósforo. Ela está em
condições de consumo quando a casca é firme,
sem partes moles.
DICA: Aproveite a sementes. Asse-as no forno e
sirva como aperitivo, temperadas com sal.
Berinjela
Época : de novembro a julho.
Uso: frita, empanada e refogada, com molho.
Vitamina B5 (pouca) e sais minerais. Ela deve
ser consumida quando estiver firme e pesada,
sem furinhos, de cor roxo-brilhante. SV
Cenoura
Época : de julho a janeiro.
Uso: Crua, em saladas. Cozida em pratos salgados e doces. Rica em vitamina A (importante
para a visão, para a pele e para os tecidos, além
de auxiliar no crescimento de ossos e dentes) e
sais minerais (que ajudam a combater a anemia),
ela deve ser comprada quando estiver bem lisa,
firme e de cor uniforme.
DICA: As folhas são ricas em vitamina A e
podem ser usadas em bolinhos, sopas e até
mesmo em saladas (picadinha).
Espinafre
Época : de julho a novembro; janeiro.
Uso: Cru em saladas e cozido em tortas, sopas e
recheios. O espinafre é rico em ferro, vitamina A
e vitaminas do complexo B. As folhas têm de
estar com cor bem definida e bem lisas para o
Saber Viver
Panqueca Verde
Limpe um maço de espinafre, lave,
escorra e cozinhe. Pique bem e misture
com 2 ovos batidos, 1 colher (sopa) de
farinha de trigo e 1 colher (chá) de sal.
Gele por 15 minutos e frite aos poucos
em frigideira levemente untada, virando
para dourar. Depois recheie com frango
desfiado ou ricota temperada, coloque
molho de tomate e queijo ralado por
cima e leve ao forno para esquentar. Sirva
em seguida.
Fonte: Guia dos Alimentos do IDEC sob supervisão da
nutricionista Marlete Pereira, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro.
3
ALIMENTAÇÃO
De olho na época da safra
TRATAMENTO
a SAÚDE
começa pela
BOCA
anter dentes, gengiva, língua, céu da
boca e lábios saudáveis é muito
importante não só para aparência mas para
a saúde de um modo geral. A boca pode se
tornar uma porta de entrada de diversas
doenças caso não sejam tomados os cuidados necessários. Quando as defesas do
organismo estão enfraquecidas, como é o
caso de quem vive com o vírus da Aids, a
atenção deve ser redobrada. Segundo o dentista Arley Silva Júnior, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, a doença bucal
mais encontrada
entre os pacientes
soropositivos é a candidíase, mais conhecida como sapinho. Assim como ela, quase
todas as doenças que afetam a boca podem
ser evitadas com higiene adequada.
"Fungos, bactérias e vírus encontram um
meio propício para se devolver, quando a
higiene da boca não é feita de forma satisfatória", afirma o dentista.
Fazer sexo oral sem proteção também
pode provocar o aparecimento de diversas
doenças bucais. "Tenho observado com
uma certa freqüência, nos pacientes porta-
M
dores do HIV, verrugas na boca, que são
transmitidas através do sexo oral sem proteção. Essa lesões verrucosas têm um alto
risco de transmissão", alerta Arley Silva
Júnior.
Estimulando a produção de saliva
O portador do HIV ainda tem que
enfrentar um outro problema. A produção
de saliva, que funciona como uma proteção
natural da boca, muitas vezes é afetada. A
quantidade de saliva diminui, a boca fica
mais seca e desprotegida contra infecções
como cárie, feridas, úlcera e aftas. A medicação anti-retroviral é a principal causadora da baixa produção de saliva. No
entanto, há a possibilidade de o vírus HIV
se instalar na parótida, uma das principais
glândulas salivares, provocando uma
diminuição da função da glândula. No adulto é raro acontecer, sendo mais freqüente
em crianças.
Felizmente, existem diversas maneiras
de estimular a salivação para restabelecer o
equilíbrio. SV
Aprenda a escovar os dentes e usar o fio dental corretamente
Escove os dentes
superiores de cima
para baixo e os
inferiores de baixo
para cima, como se
estivesse varrendo
a sujeira para fora
4
Para escovar internamente os dentes
da frente coloque a
escova na vertical e
faça o mesmo movimento de varrer a
sujeira para fora
Não se esqueça
de escovar em
cima dos dentes
de trás
O fio dental
tem que ser enfiado
entre os dentes,
para limpar a lateral
deles
Deslize-o de um
lado para outro e
puxe-o para cima
(no caso dos
dentes inferiores) e
para baixo (no caso
dos superiores)
Saber Viver
I
I
I
I
I
I
I
Beba bastante água, 2 litros por dia. Mantenha
sempre uma garrafinha na bolsa
Mastigue bem os alimentos
Pingue gotinhas de limão em pedacinhos de
maçã e mastigue
Use pastilhas ou gomas de mascar sem açúcar
Mastigue pequenos pedaços de gengibre
Se a boca estiver muito seca, use um
borrifador de água de bolso.
Para casos mais severos, existem remédios
que podem ser indicados pelo médico ou
dentista
Cuidados básicos que fazem
uma grande diferença
I
I
I
I
I
Evite alimentos açucarados.
Escove os dentes corretamente depois das
refeições e, pelo menos antes de dormir,
passe fio dental. Não se esqueça de escovar a
língua uma vez por dia.
A escova de dentes deve ter a cabeça pequena
para atingir melhor as áreas de difícil acesso
e cerdas macias para não machucar a gengiva.
"Não use força ao escovar, o que importa é
fazer os movimentos corretos. Troque a
escova a cada três meses ou quando as cerdas
começarem a abrir", aconselha Arley.
Examine sua boca periodicamente. Na frente
de um espelho, olhe bem as mucosas da boca,
dos lábios, a língua e o céu da boca. Procure
por manchas, bolinhas ou rachaduras.
É fundamental ir ao dentista, pelo menos, de
6 em 6 meses. Isso evita que pequenos
problemas se agravem. As doenças bucais em
pacientes com o HIV podem se tornar
extremamente agressivas, se não forem
tratadas adequadamente
Saber Viver
T REINAMENTO
E CAPACITAÇÃO
PARA ODONTÓLOGOS
DO E STADO DO R IO DE J ANEIRO
De 20 a 23 de Novembro será realizado
um curso de capacitação de odontólogos
para o atendimento a pacientes portadores do HIV.
Informações:
Secretaria Estadual de Saúde.
Tel: (21) 22400611
Arley Silva Júnior. Tel: (21) 25622043
ATENDIMENTO
ODONTOLÓGICO GRATUITO
ESPECIALIZADO PARA SOROPOSITIVOS
Brasília - DF
Unidade Mista de Saúde da Regional Sul (antigo
Hospital Dia) Setor de Odontologia – CRS/EQ
508/509 (W3) – Tel: (61) 443 2486
Rio de Janeiro - RJ
UFRJ
Faculdade de Odontologia – Setor de Diagnóstico
Oral, 2º andar – Av. Brigadeiro Trompowsk, s/n (ao
lado do Hospital Universitário) Ilha do Fundão –
Inscrições: Dr. Arley Silva Júnior, às sextas das 9:00
às 11:30 – Tel: (21) 2562 2043
Gama Filho
Faculdade de Odontologia – Rua Martins Costa,
68 – Piedade – Inscrições: Terças das 9:00 às 10:
30 e das 14:00 às 15:00 – Tel: 2599 7157/ 2599
7272 ramal 6166
Hospital Albert Schweitzer – Setor de
Odontologia
Rua Nilópolis, 267 – Realengo – Inscrições: Drª
Renata Soares, aos sábados das 8:00 às 18:00
Duque de Caxias - RJ
Unigranrio
Clínica Odontológica para Pacientes Especiais
Rua Prof. José de Souza Herdy , 1160 - Bairro 25
de Agosto
Inscrições: Tel (21) 2671-4251/2672 7744
Responsável: Prof. Roberto Elias.
São Paulo - SP
Hospital Emílio Ribas – ONG Casa Sol – crianças
soropositivas até 18 anos – Rua Barão de Tatui,
302 / 3º andar
Inscrições: Tel (11) 3666-9310
CRT
Unidade Odontológica – De segunda a sexta das
8:30 às 17h – Emergências: terças, quintas e sextas, das 8:30 às 20h
Rua Santa Cruz, 81 – Vila Mariana. São Paulo - SP
Tel: (11) 5579 9911 r. 2002 e 2009
Santos - SP
Centro de Referência em DST/AIDS – Craids
Rua Luiza Macuco , 40/ fundos – Vila Nova
Tel: (13) 3222-8560 / 3222-2072
Campinas - SP
Centro Corsini
Rua Luiz Otávio, 471 – Jd Santa Cândida
Tel: (19) 3256-6344
5
TRATAMENTO
Dicas para melhorar
a produção de saliva
PASSO A PASSO
BIOVIR + INDINAVIR +
RITONAVIR + NEVIRAPINA
A combinação apresentada desta vez requer algumas atenções especiais.
Como todos nós sabemos, a água faz muito bem à saúde. Para quem toma o Indinavir,
no entanto, beber bastante água é fundamental, pois esse medicamento provoca a
formação de cálculos renais. Para evitá-los, são necessários, pelo menos, 2 litros de
água por dia, ou seja, uns 15 copos. Quando estiver fora de casa, uma boa idéia é levar
sempre com você uma garrafinha de água.
A Nevirapina também necessita de atenção. Para que seja evitado ou ao menos
amenizado seu efeito colateral mais freqüente – o rash (pintas vermelhas que
aparecem pelo corpo) – deve-se iniciar a terapia tomando apenas 1 comprimido de
Nevirapina 1 vez ao dia. Depois de 14 dias, a dose recomendada é 1 comprimido de
Nevirapina 2 vezes ao dia. De qualquer forma, se o rash aparecer, não pare de tomar
seu medicamento. Procure imediatamente seu médico. Caso não o encontre, procure
outro médico infectologista na unidade de saúde onde você se trata e relate o que
está se passando. O rash é quase sempre contornável com medicamentos.
Confira a seguir como o nosso personagem João se organiza para tomar
a combinação de medicamentos deste número.
BIOVIR
1 comprimido de
12 em 12 horas
NEVIRAPINA
(Viramune)
1 comprimido de
12 em 12 horas
INDINAVIR
(Crixivan)
2 cápsulas de 12
em 12 horas
RITONAVIR
(Norvir)
2 cápsulas de 12
em 12 horas
8h da manhã
Ao acordar, João toma seus medicamentos: 1 comprimido de Biovir, 1 comprimido de Nevirapina, 2 cápsulas de Indinavir
e 2 cápsulas de Ritonavir
6
Saber Viver
PASSO A PASSO
8h da noite
No restaurante, com amigos, João toma novamente os quatros medicamentos: 1 comprimido de Biovir, 1 comprimido de Nevirapina, 2
cápsulas de Indinavir e 2 cápsulas de
Ritonavir. Como está fora de casa na hora da
medicação, ele não esquece de levar todos os
medicamentos numa caixinha.
*Os horários das tomadas de medicamentos escolhidos para o nosso personagem João são apenas sugestões. Cabe a você
e a seu médico escolherem os horários mais adequados ao seu estilo de vida.
TOMAR OS MEDICAMENTOS CORRETAMENTE É A MELHOR
FORMA DE EVITAR FALHAS NO TRATAMENTO
P
ara que seu tratamento contra a Aids
transcorra sem problemas, alguns
cuidados devem ser observados. Obedeça
com rigor o horário das tomadas dos
medicamentos e a quantidade de comprimidos ou cápsulas que devem ser
ingeridos. Essa é a melhor forma de evitar
que sua terapia falhe. Se você tiver qualquer dificuldade em seguir a receita médica, seu infectologista deve ser avisado.
Com certeza, vocês dois, juntos, encontrarão uma solução adequada.
"Quanto menos negligente você for
com os medicamentos, maiores são as
chances de sucesso do seu tratamento ",
afirma o infectologista Estevão Portela.
"O paciente que, com a terapia antiretroviral, consegue manter o nível de
carga viral indetectável por uns dois
anos, provavelmente vai conseguir
mantê-lo assim indefinidamente, contanto que use o medicamento corretamente", completa ele.
A medicina ainda não conhece os
efeitos do anti-retrovirais a longo prazo.
O que se sabe é que não existe nenhuma
razão para pensar que o organismo pode
se acostumar com os medicamentos a
Saber Viver
ponto de não mais se beneficiar com eles.
"Essa preocupação não faz sentido. O
paciente deve se preocupar em tomar a
medicação corretamente, porque, ao
tomá-la de modo errado, o HIV cria
resistência aos anti-retrovirais e aí sim
será necessário mudar a medicação", alerta Estevão Portela.
Terapia de resgate
Quando os anti-retrovirais que você
está tomando não estão surtindo o efeito
desejado, o médico deve recorrer a uma
terapia resgate. Isso significa que você
terá que começar a tomar novos antiretrovirais. Estevão Portela aconselha
paciência nesse momento: "Os primeiros
dias são mais complicados porque o
organismo está tentando se adaptar à nova
medicação. Com o tempo ele aprende a
metabolizar melhor essas novas substâncias e então as reações adversas melhoram
bastante", diz ele.
Para evitar todo esse transtorno, o melhor é não bobear com seu tratamento,
pois as terapias de resgate são quase sempre mais complicadas.
7
SEU
BEM ESTAR
O que algumas pessoas fazem para melhorar sua qualidade de vida
Hoje em dia, cada vez mais pessoas, soropositivas ou não, estão buscando um maior
equilíbrio em suas vidas. Uma vida saudável, espiritualizada, com mais tempo para
você mesmo, para a família e amigos compensa os estresses a que somos submetidos
no dia a dia. Não há como negar que conviver com o vírus da Aids é uma experiência
desgastante. Mas algumas pessoas estão conseguindo passar por isso de uma forma
mais leve. Como? Aceitando e compreendendo o que está acontecendo com elas e
procurando alternativas para aumentar sua qualidade de vida. Rita de Cássia, 32 anos,
é baiana e João, 50, vive no Rio de Janeiro. Os dois nunca desistiram de buscar uma
vida melhor depois que descobriram que eram portadores do HIV. E, por diferentes
meios, conseguiram. Se você ainda não começou, esta é a hora. Procure seu próprio
caminho e não desista com as dificuldades que aparecerem. Conquiste sua felicidade.
A
BUSCA PELO EQUILÍBRIO
uando descobriu que era
ração profunda e pausada que
portadora do HIV, Rita
encontra seu principal alise viu às voltas com um
mento. "Considero a respimonte de questões para as
ração correta primordial para
quais os médicos não tinham
uma vida saudável. Quando a
resposta. "Decidi então
gente faz uma caminhada ou
começar a ler", conta ela.
se exercita é fundamental uti"Queria saber exatamente o
lizar plenamente a capacique estava acontecendo
dade de nosso pulmão", diz
comigo". Lendo e consultanela. Ao acordar, Rita faz uma
do seu médico, que usa terespiração profunda durante
rapias não convencionais
alguns minutos e, depois, dá
para tratar doenças, Rita
soquinhos com a mão por
descobriu que poderia cola- “Eu precisei do HIV todo o corpo, despertando-o
borar muito com seu tratapara mais um dia na escola
para começar a
mento anti-Aids. "A alopatia
em que trabalha. A mastomar conta desse sagem lhe proporciona um
sozinha não faz milagre, ela
precisa de uma parceria. Esse
grande bem estar. Quando não
país com tantos
é o momento de prestarmos
pode pagar um massagista, ela
conflitos que é o
mais atenção em nós mesmesma se aperta e apalpa,
meu corpo”.
mos. Eu precisei do HIV para
descobrindo onde dói, onde
Rita existe tensão. "Assim, me
começar a tomar conta deste
país com tantos conflitos, que
sinto menos tensa e ansiosa.
é o meu corpo", revela.
Até minha prisão de ventre melhora",
Hoje, Rita não perde uma noite de
conta Rita.
sono, tem uma alimentação natural, bebe
Depois de oito anos convivendo com o
muita água e só toma banho frio, porque
HIV, Rita credita ao seu interesse em saber
assim se sente revigorada. Mas é na respisempre mais e aos seus cuidados com o
Q
8
Foto: Silvia Chalub
COMPORTAMENTO
CONQUISTE
Saber Viver
não possa fazer tudo todos os dias, faça no
dia que puder, que lembrar de fazer, mas
faça. Porque se a gente pensar: ‘Já que todo
dia eu não posso, então não vou fazer’, aí
não dá"
MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL
Saber Viver
“A meditação
é uma
poderosa
forma de
exercitar
nossa mente
para a
felicidade”.
Foto: Silvia Chalub
editar é uma excelente forma de se
livrar de tensões e traumas. Desde que
começou a praticar meditação transcendental, há quatro anos, João sente que mudou
sua maneira de encarar a vida. “Estou mais
tranqüilo”, diz ele. Mas seu caminho até ela
foi longo. Desde 1988, quando descobriu que
era portador do HIV, João tem procurado formas para se sentir melhor. "Fiz acompanhamento psicológico durante um tempo e
comecei a freqüentar um grupo de pessoas
soropositivas. Mas não me adaptei ao grupo,
talvez pelo fato de estar tudo muito recente
na minha cabeça", conta ele. Atualmente,
João freqüenta as reuniões organizadas por
Charlotte Kikoler. Charlotte é professora de
meditação transcendental e há 14 anos
recebe em sua casa pessoas que convivem
com o vírus da Aids. Além de um delicioso
jantar, muita conversa e troca de experiências, seus convidados meditam em conjunto. Para João tem sido muito gratificante
fazer parte desse grupo. "A gente conhece
pessoas, faz amizades e tem a Charlotte, que
é uma mãezona", diz ele.
A meditação praticada em grupo é só
uma amostra do que a meditação transcendental é capaz de proporcionar.
“A meditação é uma poderosa forma de
exercitar nossa mente para a felicidade.
Quem medita aprende a colocar as mágoas
para fora e se abrir para novas oportunidades”, ensina Charlotte. Trabalhando há
18 anos com pessoas soropositivas,
Charlotte diz que a tranqüilidade e a clareza
mental que a meditação traz ajuda muito
àqueles que não aceitam o fato de serem
portadores do HIV. Para alcançar todos os
benefícios que a meditação traz, ela deve
M
COMPORTAMENTO
corpo o fato de estar muito bem. Para que
quiser seguir seu exemplo, Rita dá dois
conselhos: "O melhor é ir devagar e sempre. Se você tentar mudar de uma hora para
outra, dura só uma semana. É só uma
chuva, depois passa". E mais: "Caso você
Charlotte
fazer parte da sua rotina. O ideal é praticála duas vezes ao dia. Pela manhã você se
abastece de energia e à noite repõe a energia
gasta. Mas se não for possível meditar diariamente, não tem problema. Medite sempre
que puder. João medita quase todos os dias.
"Posso meditar em diversos lugares. Até no
ônibus, durante um engarrafamento", diz
ele. Charlotte concorda: "A meditação é
portátil. É só sentar no chão, na cadeira, em
cima da cama ou onde você estiver confortável e fechar os olhos. A igreja é um
excelente lugar, por causa do silêncio e do
respeito".
Para se iniciar na meditação transcendental, são necessários, em média, cinco
encontros com um instrutor. Segundo
Charlotte, desse modo, ele pode conhecer
seus sentimentos, sua conduta de vida e
suas expectativas. Durante esses encontros
você aprende técnicas de respiração e
recebe seu mantra, que é um som que deve
ser repetido mentalmente. "Quando estou
meditando, os pensamentos vem e vão e eu
deixo fluir", diz João. A meditação é um
mergulho profundo dentro da sua mente.
Prepare-se. SV
9
COMPORTAMENTO
Mulheres
QUE AMAM
demais
Existem muitas coisas em comum entre Elenice, Carmen e Rose. Além de serem
soropositivas, todas afirmam que foram infectadas pelos seus maridos e nenhuma
delas admite ter sentido raiva por isso, tampouco abandonaram os parceiros. Muito
pelo contrário. A primeira providência foi cuidar do outro antes mesmo de pensar
em cuidar de si própria. Somente após o falecimento dos companheiros, elas
conseguiram, depois de passar por um processo
"Ele prec
de luto, encarar a infecção e cuidar da
isava de m
im"
Carmem*,
própria saúde.
4
minha missão"
"Me senti cumprindo
37 anos, mora em
nice dos Santos Barros,
5 anos, m
Salvador e
ora em
há 2 anos
sabe que é
soropositiv
a. O marid
o fi
nado 4 m
eses seguid cou interos, antes
falecer: "E
de
u tinha que
ficar ao lad
dele. Ele p
o
recisava de
mim. Se eu
saísse do la
do dele, el
e não ficari
vivo. Pratica
a
mente me m
ud
hospital. S
omente dep ei para o
ois de ele
falecer, eu
fui procura
r tratamento
Hoje, Carm
".
em admite
que só pen
em continu
sa
ar o tratam
en
tem uma fi
lha de 10 an to porque
os e um net
para cuidar
o
. "Se não fo
ssem eles,
não teria v
eu
ontade de v
iver".
Ele
anos que é soropositiva. O
Santos (SP) e sabe há 14
a
drogas injetáveis desde
marido era usuário de
que
ava
. "Eu não imagin
época em que namoravam
pelo HIV". Elenice, que
ado
ect
inf
ele poderia estar
a do marido, assume que
diz nunca ter sentido raiv
. "A minha família pediu
ficou muito decepcionada
".
s eu não tive coragem
que eu o largasse, ma
dos
o,
rid
ma
em cuidar do
Elenice pensava apenas
esqueci de mim". Hoje,
"Eu
a:
cas
da
e
dois filhos
amente. Porém, reconov
ela afirma que faria tudo
panheiro foi um alívio:
nhece que a morte do com
ha
* Nome fic
"Me senti cumprindo min
tício
fre
e,
"C
ent
alm
u
id
Atu
ar do outro fa
missão".
z parte da al
res
ma feminina"
qüenta um grupo de mulhe
A
pe
sa
r
de
is
se
Ma
r
muito diferente
e coordena o Projeto
de Carmem, a ca
o de Souza, 39 anos, comporto
rioca Rose
u-se da mesma
Mulher, que prevê a geraçã
co
m
o
m
ar
maneira no trato
id
o.
oC
aut
as
da
o
ou
ent
-s
aum
e
e
aos 17 anos co
de renda
m o único hom
de sua vida e há 10 anos descob
em de
estima feminina."O fato
riu que ele havi
"N
o
in
íc
io
a lhe infectado.
,
eu
o
fiq
m
ue
i anestesiada. N
as mulheres amare
Depois eu perc
ão consegui se
as
ebi o quanto el
ntir raiva.
outro acima delas mesm
e precisava de
depois que o co
mim". Somente
m
por
pa
o
nad
nh
stio
ei
que
ro
morreu, Rose de
deve ser
sua vida. Faz pa
u um novo rum
lestras em esco
oà
nós", reavalia Elenice, é presiden
las e igrejas sobr
te
e prevenção e
da
.
O
ndo
N
G Gestar, cujo
que hoje está namora
objetivo é valo
estima das mul
rizar a autoheres. "Antes de
o meu marido m
perguntou se eu
orrer, ele me
iria morrer junt
o. Eu disse que
ria estar viva pa
não! Eu quera poder ajudar
a outras pessoa
outro faz parte
s. Cuidar do
da alma feminin
a".
10
Saber Viver
COMPORTAMENTO
Desinformação e busca pelo amor ideal
história dessas mulheres talvez seja
muito parecida com a de outras
soropositivas que nunca se imaginaram vulneráveis ao HIV por serem monogâmicas e
terem se dedicado quase que exclusivamente ao lar. A psicóloga Luciana de Paula
acredita que um dos fatores que torna a mulher mais vulnerável é o sonho de um relacionamento ideal: "Elas confiam demais
nos parceiros e idealizam as relações". Para
a psicóloga Sônia Batista, coordenadora do
Centro de Testagem Anônima (CTA) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), a mulher se sente realizada quando
a relação afetiva está bem encaminhada. A
desconfiança do parceiro coloca em risco o
projeto amoroso. Segundo a psicóloga, a
desinformação é também uma característica
de parte da população feminina, tornando-a
mais vulnerável ao vírus da Aids.
"Geralmente as mulheres vêm fazer o teste
por indicação de algum amigo ou porque o
companheiro é soropositivo. A desinformação é gritante. Elas não se sentem
expostas ao risco da infecção". Sônia conta
que a primeira reação delas ao receber o
resultado do teste é emotiva e chorosa. "A
maioria se sente desamparada em relação ao
futuro". Porém, quando retornam ao CTA
para receber o resultado do segundo teste (o
A
confirmatório), elas se sentem mais estruturadas, demonstrando muita preocupação
com os filhos e os maridos.
O contágio do homem para
mulher é mais eficaz
Até na forma de contágio pelo HIV, a
mulher é mais vulnerável. Segundo a infectologista Beatriz Grinsztejn, a transmissão
do homem para mulher é mais freqüente,
porque no esperma existe uma concentração
de vírus maior do que na secreção vaginal,
e a superfície mucosa da vagina é mais
extensa, aumentando a eficácia da transmissão. A situação ainda piora quando percebemos a dificuldade da maioria das mulheres
em negociar com o parceiro o uso da camisinha e a falta de incentivo ao uso do preservativo feminino. Resultado: muitas que
estão em tratamento acabam engravidando
por falta de um aconselhamento mais individualizado. Para a psicóloga Sônia Batista,
mudar essa realidade é fundamental que se
ofereçam a essas mulheres informações
substanciais sobre saúde sexual e aconselhamento reprodutivo. "Elas precisam ter
mais poder sobre o seu próprio corpo e
sobre as questões femininas. Paralelo a isso,
são necessárias ações que visem aumentar a
sua auto-estima".
Cuidados fundamentais com a saúde
aparecimento de lesões que podem
dar origem ao câncer de colo de útero
é mais freqüente entre as mulheres infectadas pelo HIV. Essas lesões são causadas
pelo vírus do papiloma humano (conhecido
como HPV). Para a infectologista Beatriz
Grinsztejn, da Fundação Oswaldo Cruz, no
Rio de Janeiro, as mulheres soropositivas
devem fazer o exame de papanicolau (que
diagnostica as lesões de colo de útero)
assim que recebem o diagnóstico positivo
para o HIV. Beatriz recomenda que o
O
Saber Viver
primeiro exame seja feito imediatamente e
repetido 6 meses depois se não houver nenhuma lesão. Após esse procedimento, a
paciente deve repetir o papanicolau anualmente. Caso seja diagnosticada alguma
lesão, a mulher deve ser encaminhada à colposcopia (um exame mais detalhado que
definirá a gravidade do caso). Porém,
Beatriz enfatiza que o fato de a mulher ter
uma lesão causada pelo HPV não significa
que ela terá câncer de colo de útero. Mas
essa mulher precisará realizar um tratamen11
COMPORTAMENTO
to específico para evitar que essa lesão
venha a se transformar em algo mais grave.
Inclusive, há mulheres que possuem o HPV,
mas nunca desenvolveram nenhuma lesão.
Em sua pesquisa de doutorado, a infectologista verificou em mulheres com CD4
abaixo de 200 uma propensão ao desenvolvimento dessas lesões. Por isso, ela indica que essas mulheres, mesmo com o resultado de papanicolau normal, devem ser
encaminhadas à colposcopia.
Alterações menstruais freqüentes
Uma queixa muito comum entre as mulheres soropositivas é a alteração no ciclo
menstrual, em relação à freqüência e ao
fluxo. Segundo a infectologista Beatriz
Grinsztejn, dados de uma pesquisa americana destaca que 30% das mulheres soropositivas têm alterações menstruais. "São
muitas as explicações para isso. Na maioria
das vezes, se uma mulher tem a imunidade
mais debilitada, ela terá mais chances de ter
alterações menstruais. Ainda não há estudos
que comprovem se essas alterações têm
relação com o uso de medicamentos antiretrovirais mais potentes".
Outro problema que vem sendo descrito
entre mulheres é a alteração hormonal.
Porém, também não existem pesquisas relacionando essas alterações com medicamentos, infecção pelo HIV ou perda de gordura
causada pela lipodistrofia. "Infelizmente, as
pesquisas relacionadas à saúde da mulher
soropositiva são insuficientes no mundo e
deixam muitas perguntas sem respostas. O
foco das pesquisas é mais direcionado à
transmissão vertical porque existe um interesse geral em salvar o bebê".
Aconselhamento reprodutivo
A infectologia Beatriz Grinsztejn alerta
que os profissionais de saúde que trabalham
na rede pública precisam oferecer um
acompanhamento diferenciado às mulheres
soropositivas. "Existem, em alguns lugares,
serviços de ginecologia. Mas o aconselhamento reprodutivo é primordial. Nós
estamos observando que essa área não está
12
recebendo a atenção devida. A maior prova
é a gravidez de várias pacientes em tratamento nos hospitais". Segundo a médica,
esse aconselhamento reprodutivo é necessário para apresentar às mulheres alternativas ao uso da camisinha. "Não podemos
ser extremistas. Precisamos trabalhar com a
questão do sexo seguro, mas sabemos que
muitas pessoas não usam camisinha freqüentemente".
Alerta para a dupla-proteção
Para Beatriz, essas mulheres devem ser
orientadas para a dupla-proteção: "falar do
uso do preservativo, mas também oferecer
outro método que possa ajudá-las a se proteger de uma gravidez indesejada, como o
uso de anticoncepcionais". É fundamental,
segundo Beatriz, que esse serviço tenha
informações específicas, por exemplo,
sobre a interação de alguns anticoncepcionais com os medicamentos anti-retrovirais, que já foi comprovada em pesquisas.
"Alguns anticoncepcionais têm a sua eficácia diminuída quando são ingeridos junto
com os anti-retrovirais. O ideal é que o
ginecologista tenha contato com o infectologista. Se a paciente já tiver um ginecologista, ela poderá pedir que ele mande uma
carta ao seu infectologista contendo o nome
do contraceptivo que ele pensa em prescrever. O importante é dar subsídios a mulher para que ela possa escolher o seu caminho, optando, inclusive, por ter um filho,
se esse for o desejo dela". SV
BATE-PAPO ENTRE MULHERES
Alguns locais que possuem grupo de mulheres
Rio de Janeiro
Grupo Gestar – (21) 2526-7313
RNP+ Rio – Conversa de Mulher
(21) 2597-4242, ramal 2163 ou 3899-5477
São Paulo
Grupo de Incentivo à Vida – Toque de Mulher (11) 5084-0255 ou 5084-6397
Santos
RNP+ - Projeto Mais Você – (13) 3236-5100
Saber Viver
DEPOIMENTO
Adesão certa
é fundamental
“
Mesmo me conmaravilhosa. Destaco o
siderando um veterano de
dr. Môa (é assim que ele
diagnóstico soropositivo,
gosta de ser chamado).
aconteceu um fato que me
Conversei com ele sobre
devolveu a vida. Tenho
a mudança do meu remé47 anos. Há 11 sei que
dio e ele me aconselhou
sou soropositivo. Como
que eu continuasse com o
todos (as) que se deparam
medicamento por pelo
com um fato dessa
menos três meses, senatureza, me desesperei.
guindo religiosamente os
Graças ao apoio da fahorários prescritos pelo
mília e de amigos acabei
médico. Assim fiz. Eu,
me conscientizando e me
como tantas outras pesconformando com minha
soas, não segui ao pé da
atual realidade. Vale a
letra a prescrição médica.
pena lembrar que há 11
Quando o médico dizia
anos atrás o diagnóstico
de 12 em 12 horas, eu
de Aids era uma condeachava que poderia ser ao
“Eu, como tantas outras
nação (sentença de mordeitar e ao levantar. Mas
pessoas, não segui ao pé da
te). Fui e sou muito bem
esse horário é sempre
letra a prescrição médica.
assistido pelo meu médivariado. Nunca deitamos
Quando o médico dizia para
co. Ele me comunicou tomar o remédio de 12 em 12 e nos levantamos nas
que eu precisava mudar horas, eu achava que poderia
mesmas horas. Conversei
novamente a minha mecom o meu médico e lhe
ser ao deitar e ao levantar”.
dicação, pois eu já estava
pedi um tempo para que
fazendo uso há 3 anos desses remédios e os
eu fizesse essa tentativa. Não deu outra:
resultados laboratoriais indicavam falência
meu CD4 aumentou (está em 792) e minha
terapêutica. Meu CD4 havia parado de
carga viral é indetectável. Por isso eu digo:
aumentar há 2 anos e aos poucos a minha
a adesão certa é fundamental. Hoje faço
carga viral subia.
parte como voluntário de uma instituição e
Participei, em janeiro de 2000, de um
me sinto curado.” SV
treinamento (Liderança e Ativismo) em uma
R. A S -Uberlândia - MG
cidade de São Paulo, onde toda a equipe foi
[email protected]
Saber Viver
13
PREVENÇÃO
Por que você tem que usar
CAMISINHA
SOROPOSITIVOS
DEVEM EVITAR
UM NOVO CONTATO COM O HIV
Alguns casais soropositivos têm a ilusão de que não precisam utilizar a camisinha
nas relações sexuais. Cometer esse erro pode custar muito caro à saúde dessas
pessoas. Os casais soropositivos podem e devem manter uma vida sexual ativa e
saudável. Contudo, o uso do preservativo deve ser encarado como parte do
tratamento. A ginecologista do Instituto Fernandes Figueiras, no Rio de Janeiro,
Susana Aidé, alerta que o uso da camisinha evita um possível aumento de carga
viral entre parceiros, além de prevenir a infecção por HIV mutantes. "Esses casais
poderão gerar uma transferência de carga viral entre eles. Ou seja, quando um dos
parceiros tem uma carga viral alta, ele poderá transferi-la para o outro através do
sexo, aumentando a quantidade de vírus em seu corpo. Por exemplo, uma pessoa
que toma os anti-retrovirais corretamente e se trata de maneira adequada, mas,
na hora do sexo, não se cuida, poderá ter a sua carga viral aumentada , apesar de
todo o esforço no tratamento".
Infecção por vírus resistentes
Outro risco que a pessoa corre ao abrir
mão do uso do preservativo é a infecção por
vírus mutável. "O HIV é conhecido pela sua
facilidade de sofrer mutações. Por exemplo:
Se uma das partes do casal recebe uma
grande carga de vírus da outra pessoa que já
apresentou resistência a um medicamento,
ela também poderá criar resistência ao
mesmo remédio".
Susana Aidé lembra também que o uso
correto do preservativo é importante para
evitar o contágio de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DSTs). "As pessoas que
estão com a imunidade baixa devem ter
atenção redobrada na prevenção às DSTs".
Segundo a ginecologista, as úlceras e lesões
causadas pelas DSTs se transformam numa
14
"porta de entrada" para a infecção do HIV.
Logo, as chances de transferência de vírus
aumentam ainda mais. Além disso, a probabilidade de essas lesões ou úlceras aumentarem, ficando expostas a novas infecções, é
bem maior quando se trata de uma pessoa
com baixa imunidade.
A médica acredita que a camisinha feminina poderá gerar uma revolução nessa
área: "Eu vejo, através das minhas
pacientes, que as mulheres possuem um
cuidado maior com a saúde. Mas, infelizmente, o preservativo masculino é mais utilizado, dando mais poder ao homem. A
camisinha feminina veio para revolucionar
essa situação. Espero que as mulheres
façam uso dela, dando mais autonomia às
suas vidas". SV
Saber Viver
G Verifique se ela possui o selo INMETRO,
que garante a qualidade
do produto.
G Prefira os produtos
lubrificados à base de
água. Não utilize qualquer
produto como lubrificante de preservativo. Ele
poderá romper o látex.
G Não use duas camisinhas
como precaução. O atrito
entre duas poderá, sim,
facilitar o rompimento.
G Nunca use duas vezes a
mesma camisinha. Usou,
jogue fora.
G Procure uma ONG ou
informe-se no posto de
saúde sobre os locais que
distribuem preservativo
gratuitamente.
DSTs mais comuns
SÍFILIS – Ferida no pênis, ou no saco, na vagina ou
até na boca (quando se pega por sexo oral), alguns dias
depois da relação sexual. A ferida não dói. Desaparece
com o tempo e a pessoa acha que está curada. Meses
depois, surgem manchas pelo corpo e descamação na sola
do pé e na palma da mão. Essas manchas também somem,
mas a sífilis continua no sangue. É uma doença que ataca
homens e mulheres. Quando descoberta no início, ela é
totalmente curável. Se as feridas estiverem fora da área de
proteção da camisinha, o contato pode passar a doença
para outra pessoa.
CANCRO MOLE – Feridas com pus que surgem na
cabeça do pênis e na parte externa genitália feminina
(vulga). Como é muito contagiosa, também pode aparecer
no saco, na virilha ou outro lugar que entre em contato
com o pus da ferida. A ferida é dolorosa e não some sozinha. Se tratar, a pessoa fica totalmente curada.
CONDILOMA ACUMINADO – Verrugas nos
órgãos sexuais ou em volta (ou dentro) do ânus. Se não
forem tratadas, as verrugas crescem e se espalham. Podem
aparecer até alguns anos após a relação sexual que causou
o contágio. Também é conhecido como crista de galo ou
couve-flor. Se as verrugas estiverem fora da área de proteção da camisinha, o contato pode passar a doença para
outra pessoa.
HERPES GENITAL – Ardência e dor no local e pequenas bolhas agrupadas sobre uma
base avermelhada ao pênis, à vagina e à boca (se pegou pelo sexo oral). Não se deve coçálas. O líquido que escorre das bolhas é o responsável pela transmissão do herpes. O vírus fica
sempre no organismo. Em situações de estresse, exposição ao sol e baixa imunidade, ele se
manifesta. No paciente HIV, ela aparece mais freqüentemente e a lesão pode ser maior.
TRICOMONÍASE – Corrimento amarelo-esverdeado com mau cheiro, coceira na
vagina e no pênis, dor na hora do xixi. No homem, geralmente não apresenta sinais ou
sintomas. Usar a camisinha evita a sua transmissão. Tratando, o problema se resolve.
GONORRÉIA – Corrimento amarelado ou esverdeado, ou até mesmo um pouco de
sangue que sai do pênis, da vagina ou do ânus. Isso aparece de 2 a 8 dias após a relação
sexual. Dói para urinar e para transar. Sem tratamento, a doença pode afetar o sistema
nervoso, os ossos e o coração. Com tratamento, a pessoa fica curada.
Informações obtidas da cartilha "Tudo o que você sempre quis saber sobre as doenças transmitidas pelo sexo" elaborada pela assessoria de DST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Informações (21) 2240-2263 ou 2240-7718.
Saber Viver
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PREVENÇÃO
Dicas
sobre a
camisinha
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