Saber Viver UMA REVISTA PARA QUEM VIVE COM O VÍRUS DA AIDS ANO 2 Nº 13 NOV/DEZ 2001 Ministério d aS OME NDA na ção de de aú e rd Coo REC DO DST/AID S DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Rose descobriu há 10 anos que foi infectada pelo marido. Hoje, ela preside uma ONG E PRESENT IAL ESPEC ENCARTE MIZADE OU A NAMORO DE MAIS AS 180 CART A importância da camisinha para sua saúde Espelho, espelho meu... Como as mulheres soropositivas encaram a Aids Saber Viver Uma publicação bimestral gratuita destinada a pessoas que vivem com o vírus da Aids Correspondências à redação: Caixa Postal 11.554 Rio de Janeiro (RJ) Cep 22.022-970 [email protected] Coordenação e edição Adriana Gomez e Silvia Chalub Jornalista responsável Adriana Gomez (MTb 15700) Secretária de redação Suzete Ferreira Consultoria lingüística Leonor Werneck Fotografia Cristina Veneu Ilustrações Raul Motta Desejamos muitos amigos em 2002 N a última edição da Saber Viver deste ano, resolvemos dar um presente para os nossos leitores: um encarte especial da seção Namoro ou Amizade. São mais de 180 pessoas que estão loucas para arrumar novos amigos e até, quem sabe, uma cara metade. Se você se sente sozinho, não deixe de dar uma olhadinha neste encarte e mudar o rumo de sua vida em 2002. Para viabilizar este presente, fechamos uma parceria muito especial com a DKT do Brasil, responsável pela distribuição dos preservativos da marca Prudence, Affair e Reality (camisinha feminina). O marketing social é uma política da DKT do Brasil, que viabiliza outros projetos destinados à prevenção do HIV e das DSTs. Com isso, esperamos que vocês aproveitem o encarte especial e fortaleçam novos laços de amizades para o próximo ano. Que venha 2002, repleto de saúde e muitas realizações. Conselho editorial deste número Estevão Portela (Infectologista) Marlete P. da Silva (Nutricionista) Colaboradores Arley Silva Jr. (Dentista) Beatriz Grinsztejn (Infectologista) Charlotte Kikoler (Prof. Meditação Transcendental) Luciana de Paula (Psicóloga) Sônia Batista (Psicóloga) Susana Aidé (Ginecologista) Editoração eletrônica A 4 Mãos Comunicação e Design [email protected] Leia neste número: Bom e barato: Prefira alimentos na safra............3 Cuide com carinho de sua boca........................4/5 Biovir, Indinavir, Ritonavir e Nevirapina............6/7 Fotolito Acerto Conquistando o seu bem estar..........................8/9 Impressão Gráfica JB Perfil das mulheres soropositivas.............10/11/12 Tiragem 70.000 exemplares Agradecimentos especiais A todas as pessoas que colaboraram dando seus depoimentos para as matérias Sua História.........................................................13 Por que você tem que usar camisinha..........14/15 Encarte especial: Namoro ou Amizade APOIO: MINISTÉRIO DA SAÚDE Coordenação Nacional de DST/AIDS Peça a Saber Viver na Unidade de Saúde onde você faz o seu tratamento. De dois em dois meses ela estará à sua disposição gratuitamente. Qualquer problema, entre em contato conosco imediatamente. Governo do Estado de São Paulo PATROCÍNIO: Os números anteriores da Saber Viver estão esgotados Aproveite o que esses alimentos têm de melhor onsumir os alimentos no período de safra é uma ótima opção. Além de mais baratos, eles estão com a concentração ideal de nutrientes. Em função disso, a Saber Viver preparou uma relação de alguns legumes e verduras que são ideais para serem consumidos nesta época do ano e os nutrientes que eles fornecem ao nosso organismo. Não deixe de aproveitar essas dicas. consumo e podem ser guardadas na geladeira, em saco plástico, por 5 dias. DICA: Aproveite os talos em sopas, bolinhos e omeletes. C Beterraba Época: de setembro a janeiro. Uso: Em vitaminas e sucos. Cozida, crua, refogada e assada. Rica em ferro (principalmente a sua folha), vitaminas, açúcar, sódio e potássio, ela está boa para uso quando a cor é concentrada, a casca lisa e as folhas brilhantes. Combate a anemia. DICA: Use as folhas em ensopados, refogados e saladas. Abóbora Época : o ano todo. Uso: cozida, em sopas cremosas, purês, refogados e em doces. Ela é rica em vitaminas A e B, cálcio e fósforo. Ela está em condições de consumo quando a casca é firme, sem partes moles. DICA: Aproveite a sementes. Asse-as no forno e sirva como aperitivo, temperadas com sal. Berinjela Época : de novembro a julho. Uso: frita, empanada e refogada, com molho. Vitamina B5 (pouca) e sais minerais. Ela deve ser consumida quando estiver firme e pesada, sem furinhos, de cor roxo-brilhante. SV Cenoura Época : de julho a janeiro. Uso: Crua, em saladas. Cozida em pratos salgados e doces. Rica em vitamina A (importante para a visão, para a pele e para os tecidos, além de auxiliar no crescimento de ossos e dentes) e sais minerais (que ajudam a combater a anemia), ela deve ser comprada quando estiver bem lisa, firme e de cor uniforme. DICA: As folhas são ricas em vitamina A e podem ser usadas em bolinhos, sopas e até mesmo em saladas (picadinha). Espinafre Época : de julho a novembro; janeiro. Uso: Cru em saladas e cozido em tortas, sopas e recheios. O espinafre é rico em ferro, vitamina A e vitaminas do complexo B. As folhas têm de estar com cor bem definida e bem lisas para o Saber Viver Panqueca Verde Limpe um maço de espinafre, lave, escorra e cozinhe. Pique bem e misture com 2 ovos batidos, 1 colher (sopa) de farinha de trigo e 1 colher (chá) de sal. Gele por 15 minutos e frite aos poucos em frigideira levemente untada, virando para dourar. Depois recheie com frango desfiado ou ricota temperada, coloque molho de tomate e queijo ralado por cima e leve ao forno para esquentar. Sirva em seguida. Fonte: Guia dos Alimentos do IDEC sob supervisão da nutricionista Marlete Pereira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 3 ALIMENTAÇÃO De olho na época da safra TRATAMENTO a SAÚDE começa pela BOCA anter dentes, gengiva, língua, céu da boca e lábios saudáveis é muito importante não só para aparência mas para a saúde de um modo geral. A boca pode se tornar uma porta de entrada de diversas doenças caso não sejam tomados os cuidados necessários. Quando as defesas do organismo estão enfraquecidas, como é o caso de quem vive com o vírus da Aids, a atenção deve ser redobrada. Segundo o dentista Arley Silva Júnior, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a doença bucal mais encontrada entre os pacientes soropositivos é a candidíase, mais conhecida como sapinho. Assim como ela, quase todas as doenças que afetam a boca podem ser evitadas com higiene adequada. "Fungos, bactérias e vírus encontram um meio propício para se devolver, quando a higiene da boca não é feita de forma satisfatória", afirma o dentista. Fazer sexo oral sem proteção também pode provocar o aparecimento de diversas doenças bucais. "Tenho observado com uma certa freqüência, nos pacientes porta- M dores do HIV, verrugas na boca, que são transmitidas através do sexo oral sem proteção. Essa lesões verrucosas têm um alto risco de transmissão", alerta Arley Silva Júnior. Estimulando a produção de saliva O portador do HIV ainda tem que enfrentar um outro problema. A produção de saliva, que funciona como uma proteção natural da boca, muitas vezes é afetada. A quantidade de saliva diminui, a boca fica mais seca e desprotegida contra infecções como cárie, feridas, úlcera e aftas. A medicação anti-retroviral é a principal causadora da baixa produção de saliva. No entanto, há a possibilidade de o vírus HIV se instalar na parótida, uma das principais glândulas salivares, provocando uma diminuição da função da glândula. No adulto é raro acontecer, sendo mais freqüente em crianças. Felizmente, existem diversas maneiras de estimular a salivação para restabelecer o equilíbrio. SV Aprenda a escovar os dentes e usar o fio dental corretamente Escove os dentes superiores de cima para baixo e os inferiores de baixo para cima, como se estivesse varrendo a sujeira para fora 4 Para escovar internamente os dentes da frente coloque a escova na vertical e faça o mesmo movimento de varrer a sujeira para fora Não se esqueça de escovar em cima dos dentes de trás O fio dental tem que ser enfiado entre os dentes, para limpar a lateral deles Deslize-o de um lado para outro e puxe-o para cima (no caso dos dentes inferiores) e para baixo (no caso dos superiores) Saber Viver I I I I I I I Beba bastante água, 2 litros por dia. Mantenha sempre uma garrafinha na bolsa Mastigue bem os alimentos Pingue gotinhas de limão em pedacinhos de maçã e mastigue Use pastilhas ou gomas de mascar sem açúcar Mastigue pequenos pedaços de gengibre Se a boca estiver muito seca, use um borrifador de água de bolso. Para casos mais severos, existem remédios que podem ser indicados pelo médico ou dentista Cuidados básicos que fazem uma grande diferença I I I I I Evite alimentos açucarados. Escove os dentes corretamente depois das refeições e, pelo menos antes de dormir, passe fio dental. Não se esqueça de escovar a língua uma vez por dia. A escova de dentes deve ter a cabeça pequena para atingir melhor as áreas de difícil acesso e cerdas macias para não machucar a gengiva. "Não use força ao escovar, o que importa é fazer os movimentos corretos. Troque a escova a cada três meses ou quando as cerdas começarem a abrir", aconselha Arley. Examine sua boca periodicamente. Na frente de um espelho, olhe bem as mucosas da boca, dos lábios, a língua e o céu da boca. Procure por manchas, bolinhas ou rachaduras. É fundamental ir ao dentista, pelo menos, de 6 em 6 meses. Isso evita que pequenos problemas se agravem. As doenças bucais em pacientes com o HIV podem se tornar extremamente agressivas, se não forem tratadas adequadamente Saber Viver T REINAMENTO E CAPACITAÇÃO PARA ODONTÓLOGOS DO E STADO DO R IO DE J ANEIRO De 20 a 23 de Novembro será realizado um curso de capacitação de odontólogos para o atendimento a pacientes portadores do HIV. Informações: Secretaria Estadual de Saúde. Tel: (21) 22400611 Arley Silva Júnior. Tel: (21) 25622043 ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO GRATUITO ESPECIALIZADO PARA SOROPOSITIVOS Brasília - DF Unidade Mista de Saúde da Regional Sul (antigo Hospital Dia) Setor de Odontologia – CRS/EQ 508/509 (W3) – Tel: (61) 443 2486 Rio de Janeiro - RJ UFRJ Faculdade de Odontologia – Setor de Diagnóstico Oral, 2º andar – Av. Brigadeiro Trompowsk, s/n (ao lado do Hospital Universitário) Ilha do Fundão – Inscrições: Dr. Arley Silva Júnior, às sextas das 9:00 às 11:30 – Tel: (21) 2562 2043 Gama Filho Faculdade de Odontologia – Rua Martins Costa, 68 – Piedade – Inscrições: Terças das 9:00 às 10: 30 e das 14:00 às 15:00 – Tel: 2599 7157/ 2599 7272 ramal 6166 Hospital Albert Schweitzer – Setor de Odontologia Rua Nilópolis, 267 – Realengo – Inscrições: Drª Renata Soares, aos sábados das 8:00 às 18:00 Duque de Caxias - RJ Unigranrio Clínica Odontológica para Pacientes Especiais Rua Prof. José de Souza Herdy , 1160 - Bairro 25 de Agosto Inscrições: Tel (21) 2671-4251/2672 7744 Responsável: Prof. Roberto Elias. São Paulo - SP Hospital Emílio Ribas – ONG Casa Sol – crianças soropositivas até 18 anos – Rua Barão de Tatui, 302 / 3º andar Inscrições: Tel (11) 3666-9310 CRT Unidade Odontológica – De segunda a sexta das 8:30 às 17h – Emergências: terças, quintas e sextas, das 8:30 às 20h Rua Santa Cruz, 81 – Vila Mariana. São Paulo - SP Tel: (11) 5579 9911 r. 2002 e 2009 Santos - SP Centro de Referência em DST/AIDS – Craids Rua Luiza Macuco , 40/ fundos – Vila Nova Tel: (13) 3222-8560 / 3222-2072 Campinas - SP Centro Corsini Rua Luiz Otávio, 471 – Jd Santa Cândida Tel: (19) 3256-6344 5 TRATAMENTO Dicas para melhorar a produção de saliva PASSO A PASSO BIOVIR + INDINAVIR + RITONAVIR + NEVIRAPINA A combinação apresentada desta vez requer algumas atenções especiais. Como todos nós sabemos, a água faz muito bem à saúde. Para quem toma o Indinavir, no entanto, beber bastante água é fundamental, pois esse medicamento provoca a formação de cálculos renais. Para evitá-los, são necessários, pelo menos, 2 litros de água por dia, ou seja, uns 15 copos. Quando estiver fora de casa, uma boa idéia é levar sempre com você uma garrafinha de água. A Nevirapina também necessita de atenção. Para que seja evitado ou ao menos amenizado seu efeito colateral mais freqüente – o rash (pintas vermelhas que aparecem pelo corpo) – deve-se iniciar a terapia tomando apenas 1 comprimido de Nevirapina 1 vez ao dia. Depois de 14 dias, a dose recomendada é 1 comprimido de Nevirapina 2 vezes ao dia. De qualquer forma, se o rash aparecer, não pare de tomar seu medicamento. Procure imediatamente seu médico. Caso não o encontre, procure outro médico infectologista na unidade de saúde onde você se trata e relate o que está se passando. O rash é quase sempre contornável com medicamentos. Confira a seguir como o nosso personagem João se organiza para tomar a combinação de medicamentos deste número. BIOVIR 1 comprimido de 12 em 12 horas NEVIRAPINA (Viramune) 1 comprimido de 12 em 12 horas INDINAVIR (Crixivan) 2 cápsulas de 12 em 12 horas RITONAVIR (Norvir) 2 cápsulas de 12 em 12 horas 8h da manhã Ao acordar, João toma seus medicamentos: 1 comprimido de Biovir, 1 comprimido de Nevirapina, 2 cápsulas de Indinavir e 2 cápsulas de Ritonavir 6 Saber Viver PASSO A PASSO 8h da noite No restaurante, com amigos, João toma novamente os quatros medicamentos: 1 comprimido de Biovir, 1 comprimido de Nevirapina, 2 cápsulas de Indinavir e 2 cápsulas de Ritonavir. Como está fora de casa na hora da medicação, ele não esquece de levar todos os medicamentos numa caixinha. *Os horários das tomadas de medicamentos escolhidos para o nosso personagem João são apenas sugestões. Cabe a você e a seu médico escolherem os horários mais adequados ao seu estilo de vida. TOMAR OS MEDICAMENTOS CORRETAMENTE É A MELHOR FORMA DE EVITAR FALHAS NO TRATAMENTO P ara que seu tratamento contra a Aids transcorra sem problemas, alguns cuidados devem ser observados. Obedeça com rigor o horário das tomadas dos medicamentos e a quantidade de comprimidos ou cápsulas que devem ser ingeridos. Essa é a melhor forma de evitar que sua terapia falhe. Se você tiver qualquer dificuldade em seguir a receita médica, seu infectologista deve ser avisado. Com certeza, vocês dois, juntos, encontrarão uma solução adequada. "Quanto menos negligente você for com os medicamentos, maiores são as chances de sucesso do seu tratamento ", afirma o infectologista Estevão Portela. "O paciente que, com a terapia antiretroviral, consegue manter o nível de carga viral indetectável por uns dois anos, provavelmente vai conseguir mantê-lo assim indefinidamente, contanto que use o medicamento corretamente", completa ele. A medicina ainda não conhece os efeitos do anti-retrovirais a longo prazo. O que se sabe é que não existe nenhuma razão para pensar que o organismo pode se acostumar com os medicamentos a Saber Viver ponto de não mais se beneficiar com eles. "Essa preocupação não faz sentido. O paciente deve se preocupar em tomar a medicação corretamente, porque, ao tomá-la de modo errado, o HIV cria resistência aos anti-retrovirais e aí sim será necessário mudar a medicação", alerta Estevão Portela. Terapia de resgate Quando os anti-retrovirais que você está tomando não estão surtindo o efeito desejado, o médico deve recorrer a uma terapia resgate. Isso significa que você terá que começar a tomar novos antiretrovirais. Estevão Portela aconselha paciência nesse momento: "Os primeiros dias são mais complicados porque o organismo está tentando se adaptar à nova medicação. Com o tempo ele aprende a metabolizar melhor essas novas substâncias e então as reações adversas melhoram bastante", diz ele. Para evitar todo esse transtorno, o melhor é não bobear com seu tratamento, pois as terapias de resgate são quase sempre mais complicadas. 7 SEU BEM ESTAR O que algumas pessoas fazem para melhorar sua qualidade de vida Hoje em dia, cada vez mais pessoas, soropositivas ou não, estão buscando um maior equilíbrio em suas vidas. Uma vida saudável, espiritualizada, com mais tempo para você mesmo, para a família e amigos compensa os estresses a que somos submetidos no dia a dia. Não há como negar que conviver com o vírus da Aids é uma experiência desgastante. Mas algumas pessoas estão conseguindo passar por isso de uma forma mais leve. Como? Aceitando e compreendendo o que está acontecendo com elas e procurando alternativas para aumentar sua qualidade de vida. Rita de Cássia, 32 anos, é baiana e João, 50, vive no Rio de Janeiro. Os dois nunca desistiram de buscar uma vida melhor depois que descobriram que eram portadores do HIV. E, por diferentes meios, conseguiram. Se você ainda não começou, esta é a hora. Procure seu próprio caminho e não desista com as dificuldades que aparecerem. Conquiste sua felicidade. A BUSCA PELO EQUILÍBRIO uando descobriu que era ração profunda e pausada que portadora do HIV, Rita encontra seu principal alise viu às voltas com um mento. "Considero a respimonte de questões para as ração correta primordial para quais os médicos não tinham uma vida saudável. Quando a resposta. "Decidi então gente faz uma caminhada ou começar a ler", conta ela. se exercita é fundamental uti"Queria saber exatamente o lizar plenamente a capacique estava acontecendo dade de nosso pulmão", diz comigo". Lendo e consultanela. Ao acordar, Rita faz uma do seu médico, que usa terespiração profunda durante rapias não convencionais alguns minutos e, depois, dá para tratar doenças, Rita soquinhos com a mão por descobriu que poderia cola- “Eu precisei do HIV todo o corpo, despertando-o borar muito com seu tratapara mais um dia na escola para começar a mento anti-Aids. "A alopatia em que trabalha. A mastomar conta desse sagem lhe proporciona um sozinha não faz milagre, ela precisa de uma parceria. Esse grande bem estar. Quando não país com tantos é o momento de prestarmos pode pagar um massagista, ela conflitos que é o mais atenção em nós mesmesma se aperta e apalpa, meu corpo”. mos. Eu precisei do HIV para descobrindo onde dói, onde Rita existe tensão. "Assim, me começar a tomar conta deste país com tantos conflitos, que sinto menos tensa e ansiosa. é o meu corpo", revela. Até minha prisão de ventre melhora", Hoje, Rita não perde uma noite de conta Rita. sono, tem uma alimentação natural, bebe Depois de oito anos convivendo com o muita água e só toma banho frio, porque HIV, Rita credita ao seu interesse em saber assim se sente revigorada. Mas é na respisempre mais e aos seus cuidados com o Q 8 Foto: Silvia Chalub COMPORTAMENTO CONQUISTE Saber Viver não possa fazer tudo todos os dias, faça no dia que puder, que lembrar de fazer, mas faça. Porque se a gente pensar: ‘Já que todo dia eu não posso, então não vou fazer’, aí não dá" MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL Saber Viver “A meditação é uma poderosa forma de exercitar nossa mente para a felicidade”. Foto: Silvia Chalub editar é uma excelente forma de se livrar de tensões e traumas. Desde que começou a praticar meditação transcendental, há quatro anos, João sente que mudou sua maneira de encarar a vida. “Estou mais tranqüilo”, diz ele. Mas seu caminho até ela foi longo. Desde 1988, quando descobriu que era portador do HIV, João tem procurado formas para se sentir melhor. "Fiz acompanhamento psicológico durante um tempo e comecei a freqüentar um grupo de pessoas soropositivas. Mas não me adaptei ao grupo, talvez pelo fato de estar tudo muito recente na minha cabeça", conta ele. Atualmente, João freqüenta as reuniões organizadas por Charlotte Kikoler. Charlotte é professora de meditação transcendental e há 14 anos recebe em sua casa pessoas que convivem com o vírus da Aids. Além de um delicioso jantar, muita conversa e troca de experiências, seus convidados meditam em conjunto. Para João tem sido muito gratificante fazer parte desse grupo. "A gente conhece pessoas, faz amizades e tem a Charlotte, que é uma mãezona", diz ele. A meditação praticada em grupo é só uma amostra do que a meditação transcendental é capaz de proporcionar. “A meditação é uma poderosa forma de exercitar nossa mente para a felicidade. Quem medita aprende a colocar as mágoas para fora e se abrir para novas oportunidades”, ensina Charlotte. Trabalhando há 18 anos com pessoas soropositivas, Charlotte diz que a tranqüilidade e a clareza mental que a meditação traz ajuda muito àqueles que não aceitam o fato de serem portadores do HIV. Para alcançar todos os benefícios que a meditação traz, ela deve M COMPORTAMENTO corpo o fato de estar muito bem. Para que quiser seguir seu exemplo, Rita dá dois conselhos: "O melhor é ir devagar e sempre. Se você tentar mudar de uma hora para outra, dura só uma semana. É só uma chuva, depois passa". E mais: "Caso você Charlotte fazer parte da sua rotina. O ideal é praticála duas vezes ao dia. Pela manhã você se abastece de energia e à noite repõe a energia gasta. Mas se não for possível meditar diariamente, não tem problema. Medite sempre que puder. João medita quase todos os dias. "Posso meditar em diversos lugares. Até no ônibus, durante um engarrafamento", diz ele. Charlotte concorda: "A meditação é portátil. É só sentar no chão, na cadeira, em cima da cama ou onde você estiver confortável e fechar os olhos. A igreja é um excelente lugar, por causa do silêncio e do respeito". Para se iniciar na meditação transcendental, são necessários, em média, cinco encontros com um instrutor. Segundo Charlotte, desse modo, ele pode conhecer seus sentimentos, sua conduta de vida e suas expectativas. Durante esses encontros você aprende técnicas de respiração e recebe seu mantra, que é um som que deve ser repetido mentalmente. "Quando estou meditando, os pensamentos vem e vão e eu deixo fluir", diz João. A meditação é um mergulho profundo dentro da sua mente. Prepare-se. SV 9 COMPORTAMENTO Mulheres QUE AMAM demais Existem muitas coisas em comum entre Elenice, Carmen e Rose. Além de serem soropositivas, todas afirmam que foram infectadas pelos seus maridos e nenhuma delas admite ter sentido raiva por isso, tampouco abandonaram os parceiros. Muito pelo contrário. A primeira providência foi cuidar do outro antes mesmo de pensar em cuidar de si própria. Somente após o falecimento dos companheiros, elas conseguiram, depois de passar por um processo "Ele prec de luto, encarar a infecção e cuidar da isava de m im" Carmem*, própria saúde. 4 minha missão" "Me senti cumprindo 37 anos, mora em nice dos Santos Barros, 5 anos, m Salvador e ora em há 2 anos sabe que é soropositiv a. O marid o fi nado 4 m eses seguid cou interos, antes falecer: "E de u tinha que ficar ao lad dele. Ele p o recisava de mim. Se eu saísse do la do dele, el e não ficari vivo. Pratica a mente me m ud hospital. S omente dep ei para o ois de ele falecer, eu fui procura r tratamento Hoje, Carm ". em admite que só pen em continu sa ar o tratam en tem uma fi lha de 10 an to porque os e um net para cuidar o . "Se não fo ssem eles, não teria v eu ontade de v iver". Ele anos que é soropositiva. O Santos (SP) e sabe há 14 a drogas injetáveis desde marido era usuário de que ava . "Eu não imagin época em que namoravam pelo HIV". Elenice, que ado ect inf ele poderia estar a do marido, assume que diz nunca ter sentido raiv . "A minha família pediu ficou muito decepcionada ". s eu não tive coragem que eu o largasse, ma dos o, rid ma em cuidar do Elenice pensava apenas esqueci de mim". Hoje, "Eu a: cas da e dois filhos amente. Porém, reconov ela afirma que faria tudo panheiro foi um alívio: nhece que a morte do com ha * Nome fic "Me senti cumprindo min tício fre e, "C ent alm u id Atu ar do outro fa missão". z parte da al res ma feminina" qüenta um grupo de mulhe A pe sa r de is se Ma r muito diferente e coordena o Projeto de Carmem, a ca o de Souza, 39 anos, comporto rioca Rose u-se da mesma Mulher, que prevê a geraçã co m o m ar maneira no trato id o. oC aut as da o ou ent -s aum e e aos 17 anos co de renda m o único hom de sua vida e há 10 anos descob em de estima feminina."O fato riu que ele havi "N o in íc io a lhe infectado. , eu o fiq m ue i anestesiada. N as mulheres amare Depois eu perc ão consegui se as ebi o quanto el ntir raiva. outro acima delas mesm e precisava de depois que o co mim". Somente m por pa o nad nh stio ei que ro morreu, Rose de deve ser sua vida. Faz pa u um novo rum lestras em esco oà nós", reavalia Elenice, é presiden las e igrejas sobr te e prevenção e da . O ndo N G Gestar, cujo que hoje está namora objetivo é valo estima das mul rizar a autoheres. "Antes de o meu marido m perguntou se eu orrer, ele me iria morrer junt o. Eu disse que ria estar viva pa não! Eu quera poder ajudar a outras pessoa outro faz parte s. Cuidar do da alma feminin a". 10 Saber Viver COMPORTAMENTO Desinformação e busca pelo amor ideal história dessas mulheres talvez seja muito parecida com a de outras soropositivas que nunca se imaginaram vulneráveis ao HIV por serem monogâmicas e terem se dedicado quase que exclusivamente ao lar. A psicóloga Luciana de Paula acredita que um dos fatores que torna a mulher mais vulnerável é o sonho de um relacionamento ideal: "Elas confiam demais nos parceiros e idealizam as relações". Para a psicóloga Sônia Batista, coordenadora do Centro de Testagem Anônima (CTA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a mulher se sente realizada quando a relação afetiva está bem encaminhada. A desconfiança do parceiro coloca em risco o projeto amoroso. Segundo a psicóloga, a desinformação é também uma característica de parte da população feminina, tornando-a mais vulnerável ao vírus da Aids. "Geralmente as mulheres vêm fazer o teste por indicação de algum amigo ou porque o companheiro é soropositivo. A desinformação é gritante. Elas não se sentem expostas ao risco da infecção". Sônia conta que a primeira reação delas ao receber o resultado do teste é emotiva e chorosa. "A maioria se sente desamparada em relação ao futuro". Porém, quando retornam ao CTA para receber o resultado do segundo teste (o A confirmatório), elas se sentem mais estruturadas, demonstrando muita preocupação com os filhos e os maridos. O contágio do homem para mulher é mais eficaz Até na forma de contágio pelo HIV, a mulher é mais vulnerável. Segundo a infectologista Beatriz Grinsztejn, a transmissão do homem para mulher é mais freqüente, porque no esperma existe uma concentração de vírus maior do que na secreção vaginal, e a superfície mucosa da vagina é mais extensa, aumentando a eficácia da transmissão. A situação ainda piora quando percebemos a dificuldade da maioria das mulheres em negociar com o parceiro o uso da camisinha e a falta de incentivo ao uso do preservativo feminino. Resultado: muitas que estão em tratamento acabam engravidando por falta de um aconselhamento mais individualizado. Para a psicóloga Sônia Batista, mudar essa realidade é fundamental que se ofereçam a essas mulheres informações substanciais sobre saúde sexual e aconselhamento reprodutivo. "Elas precisam ter mais poder sobre o seu próprio corpo e sobre as questões femininas. Paralelo a isso, são necessárias ações que visem aumentar a sua auto-estima". Cuidados fundamentais com a saúde aparecimento de lesões que podem dar origem ao câncer de colo de útero é mais freqüente entre as mulheres infectadas pelo HIV. Essas lesões são causadas pelo vírus do papiloma humano (conhecido como HPV). Para a infectologista Beatriz Grinsztejn, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, as mulheres soropositivas devem fazer o exame de papanicolau (que diagnostica as lesões de colo de útero) assim que recebem o diagnóstico positivo para o HIV. Beatriz recomenda que o O Saber Viver primeiro exame seja feito imediatamente e repetido 6 meses depois se não houver nenhuma lesão. Após esse procedimento, a paciente deve repetir o papanicolau anualmente. Caso seja diagnosticada alguma lesão, a mulher deve ser encaminhada à colposcopia (um exame mais detalhado que definirá a gravidade do caso). Porém, Beatriz enfatiza que o fato de a mulher ter uma lesão causada pelo HPV não significa que ela terá câncer de colo de útero. Mas essa mulher precisará realizar um tratamen11 COMPORTAMENTO to específico para evitar que essa lesão venha a se transformar em algo mais grave. Inclusive, há mulheres que possuem o HPV, mas nunca desenvolveram nenhuma lesão. Em sua pesquisa de doutorado, a infectologista verificou em mulheres com CD4 abaixo de 200 uma propensão ao desenvolvimento dessas lesões. Por isso, ela indica que essas mulheres, mesmo com o resultado de papanicolau normal, devem ser encaminhadas à colposcopia. Alterações menstruais freqüentes Uma queixa muito comum entre as mulheres soropositivas é a alteração no ciclo menstrual, em relação à freqüência e ao fluxo. Segundo a infectologista Beatriz Grinsztejn, dados de uma pesquisa americana destaca que 30% das mulheres soropositivas têm alterações menstruais. "São muitas as explicações para isso. Na maioria das vezes, se uma mulher tem a imunidade mais debilitada, ela terá mais chances de ter alterações menstruais. Ainda não há estudos que comprovem se essas alterações têm relação com o uso de medicamentos antiretrovirais mais potentes". Outro problema que vem sendo descrito entre mulheres é a alteração hormonal. Porém, também não existem pesquisas relacionando essas alterações com medicamentos, infecção pelo HIV ou perda de gordura causada pela lipodistrofia. "Infelizmente, as pesquisas relacionadas à saúde da mulher soropositiva são insuficientes no mundo e deixam muitas perguntas sem respostas. O foco das pesquisas é mais direcionado à transmissão vertical porque existe um interesse geral em salvar o bebê". Aconselhamento reprodutivo A infectologia Beatriz Grinsztejn alerta que os profissionais de saúde que trabalham na rede pública precisam oferecer um acompanhamento diferenciado às mulheres soropositivas. "Existem, em alguns lugares, serviços de ginecologia. Mas o aconselhamento reprodutivo é primordial. Nós estamos observando que essa área não está 12 recebendo a atenção devida. A maior prova é a gravidez de várias pacientes em tratamento nos hospitais". Segundo a médica, esse aconselhamento reprodutivo é necessário para apresentar às mulheres alternativas ao uso da camisinha. "Não podemos ser extremistas. Precisamos trabalhar com a questão do sexo seguro, mas sabemos que muitas pessoas não usam camisinha freqüentemente". Alerta para a dupla-proteção Para Beatriz, essas mulheres devem ser orientadas para a dupla-proteção: "falar do uso do preservativo, mas também oferecer outro método que possa ajudá-las a se proteger de uma gravidez indesejada, como o uso de anticoncepcionais". É fundamental, segundo Beatriz, que esse serviço tenha informações específicas, por exemplo, sobre a interação de alguns anticoncepcionais com os medicamentos anti-retrovirais, que já foi comprovada em pesquisas. "Alguns anticoncepcionais têm a sua eficácia diminuída quando são ingeridos junto com os anti-retrovirais. O ideal é que o ginecologista tenha contato com o infectologista. Se a paciente já tiver um ginecologista, ela poderá pedir que ele mande uma carta ao seu infectologista contendo o nome do contraceptivo que ele pensa em prescrever. O importante é dar subsídios a mulher para que ela possa escolher o seu caminho, optando, inclusive, por ter um filho, se esse for o desejo dela". SV BATE-PAPO ENTRE MULHERES Alguns locais que possuem grupo de mulheres Rio de Janeiro Grupo Gestar – (21) 2526-7313 RNP+ Rio – Conversa de Mulher (21) 2597-4242, ramal 2163 ou 3899-5477 São Paulo Grupo de Incentivo à Vida – Toque de Mulher (11) 5084-0255 ou 5084-6397 Santos RNP+ - Projeto Mais Você – (13) 3236-5100 Saber Viver DEPOIMENTO Adesão certa é fundamental “ Mesmo me conmaravilhosa. Destaco o siderando um veterano de dr. Môa (é assim que ele diagnóstico soropositivo, gosta de ser chamado). aconteceu um fato que me Conversei com ele sobre devolveu a vida. Tenho a mudança do meu remé47 anos. Há 11 sei que dio e ele me aconselhou sou soropositivo. Como que eu continuasse com o todos (as) que se deparam medicamento por pelo com um fato dessa menos três meses, senatureza, me desesperei. guindo religiosamente os Graças ao apoio da fahorários prescritos pelo mília e de amigos acabei médico. Assim fiz. Eu, me conscientizando e me como tantas outras pesconformando com minha soas, não segui ao pé da atual realidade. Vale a letra a prescrição médica. pena lembrar que há 11 Quando o médico dizia anos atrás o diagnóstico de 12 em 12 horas, eu de Aids era uma condeachava que poderia ser ao “Eu, como tantas outras nação (sentença de mordeitar e ao levantar. Mas pessoas, não segui ao pé da te). Fui e sou muito bem esse horário é sempre letra a prescrição médica. assistido pelo meu médivariado. Nunca deitamos Quando o médico dizia para co. Ele me comunicou tomar o remédio de 12 em 12 e nos levantamos nas que eu precisava mudar horas, eu achava que poderia mesmas horas. Conversei novamente a minha mecom o meu médico e lhe ser ao deitar e ao levantar”. dicação, pois eu já estava pedi um tempo para que fazendo uso há 3 anos desses remédios e os eu fizesse essa tentativa. Não deu outra: resultados laboratoriais indicavam falência meu CD4 aumentou (está em 792) e minha terapêutica. Meu CD4 havia parado de carga viral é indetectável. Por isso eu digo: aumentar há 2 anos e aos poucos a minha a adesão certa é fundamental. Hoje faço carga viral subia. parte como voluntário de uma instituição e Participei, em janeiro de 2000, de um me sinto curado.” SV treinamento (Liderança e Ativismo) em uma R. A S -Uberlândia - MG cidade de São Paulo, onde toda a equipe foi [email protected] Saber Viver 13 PREVENÇÃO Por que você tem que usar CAMISINHA SOROPOSITIVOS DEVEM EVITAR UM NOVO CONTATO COM O HIV Alguns casais soropositivos têm a ilusão de que não precisam utilizar a camisinha nas relações sexuais. Cometer esse erro pode custar muito caro à saúde dessas pessoas. Os casais soropositivos podem e devem manter uma vida sexual ativa e saudável. Contudo, o uso do preservativo deve ser encarado como parte do tratamento. A ginecologista do Instituto Fernandes Figueiras, no Rio de Janeiro, Susana Aidé, alerta que o uso da camisinha evita um possível aumento de carga viral entre parceiros, além de prevenir a infecção por HIV mutantes. "Esses casais poderão gerar uma transferência de carga viral entre eles. Ou seja, quando um dos parceiros tem uma carga viral alta, ele poderá transferi-la para o outro através do sexo, aumentando a quantidade de vírus em seu corpo. Por exemplo, uma pessoa que toma os anti-retrovirais corretamente e se trata de maneira adequada, mas, na hora do sexo, não se cuida, poderá ter a sua carga viral aumentada , apesar de todo o esforço no tratamento". Infecção por vírus resistentes Outro risco que a pessoa corre ao abrir mão do uso do preservativo é a infecção por vírus mutável. "O HIV é conhecido pela sua facilidade de sofrer mutações. Por exemplo: Se uma das partes do casal recebe uma grande carga de vírus da outra pessoa que já apresentou resistência a um medicamento, ela também poderá criar resistência ao mesmo remédio". Susana Aidé lembra também que o uso correto do preservativo é importante para evitar o contágio de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). "As pessoas que estão com a imunidade baixa devem ter atenção redobrada na prevenção às DSTs". Segundo a ginecologista, as úlceras e lesões causadas pelas DSTs se transformam numa 14 "porta de entrada" para a infecção do HIV. Logo, as chances de transferência de vírus aumentam ainda mais. Além disso, a probabilidade de essas lesões ou úlceras aumentarem, ficando expostas a novas infecções, é bem maior quando se trata de uma pessoa com baixa imunidade. A médica acredita que a camisinha feminina poderá gerar uma revolução nessa área: "Eu vejo, através das minhas pacientes, que as mulheres possuem um cuidado maior com a saúde. Mas, infelizmente, o preservativo masculino é mais utilizado, dando mais poder ao homem. A camisinha feminina veio para revolucionar essa situação. Espero que as mulheres façam uso dela, dando mais autonomia às suas vidas". SV Saber Viver G Verifique se ela possui o selo INMETRO, que garante a qualidade do produto. G Prefira os produtos lubrificados à base de água. Não utilize qualquer produto como lubrificante de preservativo. Ele poderá romper o látex. G Não use duas camisinhas como precaução. O atrito entre duas poderá, sim, facilitar o rompimento. G Nunca use duas vezes a mesma camisinha. Usou, jogue fora. G Procure uma ONG ou informe-se no posto de saúde sobre os locais que distribuem preservativo gratuitamente. DSTs mais comuns SÍFILIS – Ferida no pênis, ou no saco, na vagina ou até na boca (quando se pega por sexo oral), alguns dias depois da relação sexual. A ferida não dói. Desaparece com o tempo e a pessoa acha que está curada. Meses depois, surgem manchas pelo corpo e descamação na sola do pé e na palma da mão. Essas manchas também somem, mas a sífilis continua no sangue. É uma doença que ataca homens e mulheres. Quando descoberta no início, ela é totalmente curável. Se as feridas estiverem fora da área de proteção da camisinha, o contato pode passar a doença para outra pessoa. CANCRO MOLE – Feridas com pus que surgem na cabeça do pênis e na parte externa genitália feminina (vulga). Como é muito contagiosa, também pode aparecer no saco, na virilha ou outro lugar que entre em contato com o pus da ferida. A ferida é dolorosa e não some sozinha. Se tratar, a pessoa fica totalmente curada. CONDILOMA ACUMINADO – Verrugas nos órgãos sexuais ou em volta (ou dentro) do ânus. Se não forem tratadas, as verrugas crescem e se espalham. Podem aparecer até alguns anos após a relação sexual que causou o contágio. Também é conhecido como crista de galo ou couve-flor. Se as verrugas estiverem fora da área de proteção da camisinha, o contato pode passar a doença para outra pessoa. HERPES GENITAL – Ardência e dor no local e pequenas bolhas agrupadas sobre uma base avermelhada ao pênis, à vagina e à boca (se pegou pelo sexo oral). Não se deve coçálas. O líquido que escorre das bolhas é o responsável pela transmissão do herpes. O vírus fica sempre no organismo. Em situações de estresse, exposição ao sol e baixa imunidade, ele se manifesta. No paciente HIV, ela aparece mais freqüentemente e a lesão pode ser maior. TRICOMONÍASE – Corrimento amarelo-esverdeado com mau cheiro, coceira na vagina e no pênis, dor na hora do xixi. No homem, geralmente não apresenta sinais ou sintomas. Usar a camisinha evita a sua transmissão. Tratando, o problema se resolve. GONORRÉIA – Corrimento amarelado ou esverdeado, ou até mesmo um pouco de sangue que sai do pênis, da vagina ou do ânus. Isso aparece de 2 a 8 dias após a relação sexual. Dói para urinar e para transar. Sem tratamento, a doença pode afetar o sistema nervoso, os ossos e o coração. Com tratamento, a pessoa fica curada. Informações obtidas da cartilha "Tudo o que você sempre quis saber sobre as doenças transmitidas pelo sexo" elaborada pela assessoria de DST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Informações (21) 2240-2263 ou 2240-7718. Saber Viver 15 PREVENÇÃO Dicas sobre a camisinha