Faculdade de Engenharia Problemas sobre Magnetostática ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO MIB Maria Inês Barbosa de Carvalho Setembro de 2007 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 LEI DE BIOT-SAVART PROBLEMA RESOLVIDO 1. Considere um semi-anel circular de raio R que transporta uma corrente estacionária de intensidade I. Admitindo que o semi-anel está no plano xy, e que o seu eixo coincide com o eixo dos zz, determine o campo de indução magnética no ponto P (0, 0, h) x R I P h z y Resolução: Quando se pretende determinar o campo de indução magnética criado por uma dada distribuição de corrente num problema que não tem simetria, é necessário recorrer à lei de Biot-Savart. Esta tem na magnetostática um papel semelhante ao da lei de Coulomb na electrostática. De acordo com a lei de Biot-Savart, o campo de indução magnética criado por uma distribuição linear de corrente (os enunciados desta lei para distribuições superficiais e volumétricas de corrente são análogos) é dado por r r µ 0 I dl × rr B= 4π ∫L r 3 r onde L é o contorno do circuito percorrido pela corrente I, dl é um vector elementar r r tangente a esse contorno em cada ponto e r é o vector que aponta desse elemento dl para o ponto onde se quer calcular o campo de indução magnética. 2 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 Apesar de na figura do problema estarem representados os eixos coordenados cartesianos, r deve utilizar-se no cálculo de B o sistema de coordenadas cilíndricas ( ρ , φ , z ) , o qual se x r dl r r R P I h z y adapta perfeitamente à geometria do problema. O eixo dos zz é o que aparece representado r r na figura. Na figura estão também representados o elemento dl e o vector r . r r Da observação desta figura facilmente se conclui que dl = R dφ uˆφ e r = − Ruˆρ + huˆ z e ( que, portanto, r 3 = R 2 + h 2 ) 32 e uˆ ρ uˆφ r r dl × r = 0 R dφ −R 0 uˆ z 0 = R h dφ uˆ ρ + R 2 dφ uˆ z h Substituindo na expressão da lei de Biot-Savart, temos r B= = ( µ0 I R 4π R 2 + h 2 ( µ0I R 4π R + h 2 ) 32 ) 2 32 π 2 π2 h uˆ ρ dφ + R uˆ z dφ = ∫ −π∫ 2 −π 2 (2h uˆ x + π R uˆ z ) Na expressão acima, o versor û ρ não passou para fora do sinal de integração porque varia com a variável de integração φ (ver apêndice e problema resolvido sobre lei de Gauss). PROBLEMAS PROPOSTOS 1. Um fio condutor de comprimento L é percorrido por uma corrente estacionária de intensidade I. Determine o campo de indução magnética num ponto P situado no plano bissector do fio, a uma distância a deste. 3 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 2. Mostre que o campo de indução magnética no centro de um polígono regular de N lados, circunscrito por uma circunferência de raio R e percorrido por uma corrente eléctrica estacionária de intensidade I no sentido anti-horário, é dado por r µ NI π B = 0 tg aˆn 2πR N onde aˆn é o versor normal ao plano do polígono. 3. Uma folha condutora muito fina tem a forma de uma calha de raio R , comprimento infinito e abertura angular de π radianos. Na calha circula uma corrente estacionária de intensidade I no sentido do eixo dos zz . Sabendo que a corrente se distribui r uniformemente por toda a calha, determine B num ponto do eixo da calha. x z y 4. Uma corrente estacionária de intensidade I percorre uma fina folha condutora de largura w e comprimento infinito. A folha condutora esta colocada no plano xy , com a origem no seu centro. Admitindo que a corrente tem o sentido do eixo dos xx , r determine B no ponto de coordenadas (0, 0, z) . r 5. Determine B num ponto do eixo de um anel circular de raio R que transporta uma corrente estacionária de intensidade I . 4 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 r 6. Utilizando o resultado do problema anterior, determine B no eixo de um solenóide formado por um enrolamento de N espiras por unidade de comprimento em torno um tubo cilíndrico de raio R , percorrido por uma corrente estacionária de intensidade I . r Qual o valor de B no eixo de um solenóide infinito? θ1 P θ2 SOLUÇÕES 1. (µ 0 IL ) (4πa ) a 2 + L2 4 uˆφ 3. − µ 0 I (π 2 R ) iˆ 4. − µ 0 I arctg (w 2 z ) (πw) ˆj [( 2. µ 0 IR 2 2 R 2 + z 2 ) 32 ] kˆ 3. µ 0 IN (cosθ 2 − cosθ 1 ) 2 kˆ ; solenóide infinito: µ0 IN kˆ 5 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 LEI DE AMPÈRE PROBLEMA RESOLVIDO 1. N voltas de um fio condutor percorrido por uma corrente estacionária de intensidade I estão enroladas de forma compacta em torno de um núcleo cilíndrico de raio R e comprimento l (muito longo). Sabendo que o núcleo é feito de um material não magnético, determine o campo de indução magnética em todo o espaço. I z I Resolução: Na resolução deste problema é conveniente utilizar-se o sistema de coordenadas cilíndricas (ρ ,φ , z ) . A simetria presente neste problema permite aplicar a lei de Ampère na determinação do campo de indução magnética. No vazio (ou para um material não magnético), esta lei afirma que a circulação do campo de indução magnética ao longo de um dado percurso fechado é igual à corrente que atravessa a superfície limitada por esse percurso a multiplicar pela permeabilidade magnética do vazio: r r B ∫ ⋅ dl = µ 0 I int Γ É importante referir que apesar de a lei de Ampère ser sempre válida, deve ser utilizada apenas quando o problema tem simetria (plana, solenoidal, toroidal ou cilíndrica). 6 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 r Na expressão anterior, Γ é o percurso fechado, dl é um elemento desse percurso e I int é a r corrente que atravessa a superfície limitada pelo percurso. No cálculo da circulação de B ao longo do referido percurso, o sentido é muito importante. Como regra geral, o sentido de integração está relacionado com o sentido considerado positivo para a corrente eléctrica pela regra da mão-direita. Este sentido de integração pode ser indicado matematicamente r de duas formas diferentes: ou através do sentido escolhido para o vector dl ou através dos limites de integração. No entanto, não se deve indicar o sentido de integração simultaneamente destes dois modos. Por causa da simetria deste problema, espera-se que o módulo do campo de indução magnética não dependa de z (porque se admite que o solenóide é praticamente infinito) e de φ , mas apenas da distância ao fio condutor, a qual depende de ρ , isto é, B = B(ρ ) . Por r outro lado, a simetria e a regra da mão-direita permitem-nos afirmar que B tem a direcção e o sentido do versor û z . Assim, por simples inspecção do problema sabe-se que r B = B( ρ )uˆ z . Esta informação vai condicionar a escolha do percurso fechado a utilizar na lei de Ampère. Obviamente, deve escolher-se o percurso que torne mais simples o cálculo r da circulação de B . Neste caso, esse percurso será um percurso rectangular, assente num plano correspondente a um valor de φ constante, e com dois lados paralelos ao eixo dos zz. Na figura seguinte, que representa uma secção transversal do solenóide, estão desenhados a tracejado três percursos possíveis. R z ρ3 ρ2 ρ1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • a percurso 2 percurso 3 w percurso 1 7 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 Nesta figura está indicado por setas o sentido de circulação que corresponde a considerarse como positiva a corrente que aponta para nós. Cada percurso tem uma largura w , uma altura a , e está a uma distância mínima ρ i do eixo dos zz. Consideremos os três percursos separadamente. Percurso 1 r r r Atendendo a que B = B( ρ )uˆ z , pode facilmente mostrar-se que B ⋅ dl = B ( ρ ) dz e que r r ∫ B ⋅ dl = [B(ρ1 ) − B(ρ1 + a )]w . Por outro lado, observando a figura conclui-se que percurso1 nenhuma corrente atravessa a superfície limitada por este percurso. Isso significa que Iint é igual a zero. Como w ≠ 0 , devemos ter B( ρ1 ) = B( ρ1 + a ) , ou seja, o campo de indução magnética é constante no exterior do solenóide. Além disso, é de esperar que a uma distância infinita do solenóide não exista campo de indução magnética ( B( ρ = ∞ ) = 0 ). r Isto leva-nos a concluir que B = 0 no exterior do solenóide. Percurso 2 Neste caso verifica-se que r r ∫ B ⋅ dl = [B(ρ ) − B(ρ 2 2 r + a )] w = B( ρ 2 ) w (note que B = 0 percurso 2 no exterior do solenóide). Além disso, a corrente que atravessa a superfície limitada por este percurso é igual a I vezes o número de vezes que o fio condutor atravessa a superfície. Como N voltas de fio estão enroladas ao longo de um comprimento l do solenóide, o número de voltas por unidade de comprimento é igual a N/l e, portanto, para este percurso, Iint=(N/l )w I. Substituindo na expressão da lei de Ampère, obtém-se B( ρ 2 ) = µ 0 nI , onde n=N/l é o número de voltas do fio por unidade de comprimento. É interessante verificar que o resultado obtido não depende do valor de ρ 2 , o que leva a pensar que B terá o mesmo valor em qualquer ponto do interior do solenóide. Essa hipótese é facilmente verificável considerando a aplicação da lei de Ampère ao percurso 3. 8 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 Percurso 3 À semelhança do que acontecia com o percurso 1, também aqui se verifica que Iint=0. r B é dada pela expressão Como neste caso a circulação de r r ∫ B ⋅ dl = [B(ρ 3 ) − B(ρ 3 + a )]w , podemos concluir que B(ρ 3 ) = B(ρ 3 + a ) , ou seja, o percurso 3 campo de indução magnética é constante no interior do solenóide. Tem-se então r Binterior = µ 0 nI uˆ z r Bexterior = 0 PROBLEMAS PROPOSTOS 1. Um condutor cilíndrico de raio b e comprimento infinito transporta uma corrente estacionária de intensidade I . a) Mostre que o módulo do vector de indução magnética para todo o espaço é dado por B = µ0 Ir (2πb 2 ), para 0 < r < b , e B = µ0 I (2πr ), para r > b . b) Do condutor referido é removido um cilindro de y diâmetro b /2 e comprimento infinito. O eixo deste vazio é paralelo ao eixo do condutor (eixo dos zz ), e intersecta o plano xy no ponto r (x = 0, y = b/ 4). Determine B num ponto b/2 b x qualquer da cavidade. NOTA: Use o princípio da sobreposição. 2. Uma superfície plana infinita condutora assente no plano xy é percorrida por uma corrente eléctrica estacionária de densidade superficial uniforme de valor K segundo a direcção do eixo dos xx. Determine o campo de indução magnética em qualquer ponto do espaço. 9 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 SOLUÇÕES 1. 2. − 2µ0 I (15πb) iˆ r z>0: B = − µ 0 K 2 uˆ y b) z<0: r B = µ 0 K 2 uˆ y 10 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 FORÇA MAGNÉTICA PROBLEMA RESOLVIDO 1. Uma espira rectangular de lados a e b, colocada no plano xz, é percorrida por uma corrente constante de intensidade Ie, com o sentido indicado na figura. Um fio infinito, localizado no plano yz e paralelo ao eixo dos zz é também percorrido por uma corrente constante de intensidade If. Sabendo que a distância entre o fio e a espira é A, determine a força magnética que é exercida sobre cada lado da espira. z IV I b Ie If a II III I A y x Resolução: Um condutor percorrido por uma corrente eléctrica I que esteja colocado numa região do r espaço onde exista um campo de indução magnética B sofre a acção de uma força magnética dada por r r r Fmag = I ∫ dl × B C r onde C é o contorno do circuito e dl é um vector tangente em cada ponto a esse contorno. Deve ser referido que o sentido de integração é muito importante no cálculo acima. Esse sentido de integração, que corresponde ao sentido da corrente no circuito, pode ser r indicado matematicamente de duas formas diferentes: ou associando ao vector dl o 11 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 sentido da corrente I, ou através dos limites de integração. É, no entanto, necessário ter cuidado com este passo, uma vez que estes dois processos não podem ser utilizados simultaneamente. NOTA: Nesta resolução, o sentido de integração será indicado pelos limites de integração. Neste problema pretende-se calcular a força magnética que é exercida sobre cada lado da espira. A espira sofre a acção de uma força magnética porque está colocada numa região onde existe um campo de indução magnética. Esse campo é o criado pela corrente que atravessa o fio infinito. Aplicando a lei de Ampère, pode facilmente verificar-se que o campo de indução magnética criado pelo fio infinito num ponto a uma distância r do fio tem módulo B = µ 0 I f 2πr e direcção e sentido dados pela regra da mão-direita: r B If r B r B • r B Como queremos calcular a força magnética que se exerce sobre a espira, e esta está r colocada no plano xz, temos que determinar a expressão de B para um ponto qualquer do plano xz. Além disso, por causa da geometria deste problema, a distância de um qualquer ponto P(x,0,z), pertencente ao plano xz, ao fio infinito não depende de z, mas apenas de x, sendo dada por x 2 + A2 : A θ • If y x θ r B x 12 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 No ponto considerado, o campo de indução magnética criado pela corrente If toma a forma r B = B (cosθ uˆ x + sin θ uˆ y ) = µ 0 I 2π x 2 + A 2 (cosθ uˆ x + sin θ uˆ y ) , onde ( cosθ = A x 2 + A 2 e sin θ = x ) x 2 + A2 . Tendo em atenção que a espira se localiza no plano xz, podemos escrever para qualquer r lado da espira dl = dx uˆ x + dy uˆ y e r r dl × B = uˆ x uˆ y dx B cosθ 0 B sin θ uˆ z dz = − B(sin θ uˆ x + cosθ uˆ y )dz + B sin θ dx uˆ z 0 Calculemos agora a força que actua em cada lado da espira. Lado I r r Para este lado z=constante, o que significa que dz=0. Então, dl × B = B sinθ dx uˆ z e temos r FI = I e a2 ∫ B sin θ uˆ −a 2 z dx = µ0Ie I f 2π a 2 uˆ z x dx = 0 2 −a 2 x + A ∫ 2 Lado II Neste caso x=a/2, o que significa que dx=0. Então, r r dl × B = − B(sin θ uˆ x + cosθ uˆ y )dz = − µ 0 I f 2π a 2 4 + A 2 (a 2 uˆ x + A uˆ y ) e temos ( r FII = − ) µ0Ie I f z0 µ0 Ie I f b a a ˆ ˆ u + A u dz = uˆ x + A uˆ y x y ∫ 2 2 a 2 a 2 z0 + b 2π + A 2 2π + A 2 4 4 onde z0 representa a altura do lado da espira mais próximo da origem. Lado III r r Tal como acontecia com o lado I, também neste caso dl × B = B sinθ dx uˆ z e −a 2 r µ 0 I e I f −a 2 x FIII = I e ∫ B sin θ uˆ z dx = uˆ z ∫ 2 dx = 0 2 π 2 x + A a 2 a 2 13 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 Lado IV Neste caso x=-a/2, o que significa que dx=0. Então, r r dl × B = − B(sin θ uˆ x + cosθ uˆ y )dz = − µ 0 I f 2π a 2 4 + A 2 (− a 2 uˆ x + A uˆ y ) e temos ( r FIV = − µ0Ie I f a − uˆ x + A uˆ y 2 2 a + A 2 2π 4 ) z0 + b ∫ dz = − z0 µ0Ie I f b a − uˆ x + A uˆ y 2 a + A 2 2π 4 2 NOTA: Compare os limites de integração para os diferentes lados. PROBLEMAS PROPOSTOS 1. Um fio infinito e uma espira quadrada estão no mesmo plano. O fio é percorrido por uma corrente I1 e a espira por uma corrente I2 com os sentidos mostrados na figura. Determine as forças exercidas sobre os lados da espira, indicando as suas direcções e sentidos. z 3 I1 I2 4 2 y 1 c b a 2. Uma espira triangular, com as dimensões indicadas na figura, está colocada a uma distância b de um fio infinito percorrido por uma corrente eléctrica estacionária de intensidade I1. Determine r a) o campo de indução magnética criado pelo fio infinito, B1 ; b) a força resultante que actua sobre a espira, quando esta é percorrida pela corrente estacionária de intensidade I2 no sentido horário. z I1 I2 a b a x 14 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 SOLUÇÕES 1. 2. r r F1 = µ 0 I 1 I 2 ln(1 + a c ) (2π ) kˆ = − F3 ; r F4 = µ 0 I 1 I 2 b (2πc ) ˆj a) µ 0 I 1 (2πr ) uˆφ ; b) r F2 = − µ 0 I 1 I 2 b [2π (c + a )] ˆj ; − µ 0 I 1 I 2 [a b − ln (1 + a b )] (2π ) iˆ 15 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 COEFICIENTE DE AUTO-INDUÇÃO PROBLEMA RESOLVIDO 1. Determine o coeficiente de auto-indução de um solenóide de raio a, comprimento l, muito longo, constituído por N voltas de um fio condutor, percorrido por uma corrente I, enrolado de forma compacta em torno de um núcleo não magnético. I z I Resolução: Método 1 O coeficiente de auto-indução L é dado por L = Λ I , onde Λ = N Φ é o fluxo de ligação, N é o número de espiras do circuito e Φ é o fluxo magnético que atravessa uma espira. Para se poder calcular o coeficiente de auto-indução a partir da expressão acima, é necessário calcular o fluxo magnético que atravessa uma espira. Por definição, o fluxo magnético que atravessa uma espira é dado por r Φ = ∫ B ⋅ nˆ ds S r onde B é o campo de indução magnética criado pela corrente I que atravessa o circuito e S é a superfície limitada pela espira. r Neste caso, o campo de indução magnética no interior do solenóide é B = (µ 0 NI l )uˆ z (ver problema resolvido sobre a lei de Ampère). Além disso, escolhendo S como a superfície correspondente à secção transversal do solenóide ( S = πa 2 ), vem nˆ = uˆ z , o que significa 16 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 r r que B ⋅ n = µ 0 NI l e Φ = πµ 0 NIa 2 l . A partir deste resultado facilmente se obtém L = πµ 0 N 2 a 2 l . Método 2 Para materiais não magnéticos, a energia magnética é dada por Wm = 1 2µ 0 ∫ B 2 dv todo o espaço Neste caso, como o campo de indução magnética toma valores não nulos apenas no interior do solenóide, pode escrever-se que a energia magnética armazenada é Wm = 1 2µ 0 ∫ B 2 dv solenóide Utilizando os resultados obtidos para B e o sistema de coordenadas cilíndricas, temos 1 Wm = 2µ 0 l 2π a ∫ 0 πµ 0 N 2 I 2 a 2 ∫0 ∫0 (µ 0 NI l ) ρ dρ dφ dz = 2l 2 Por outro lado, a energia magnética armazenada num sistema com um coeficiente de autoindução L é dada por Wm = LI 2 2 , o que significa que L= 2Wm πµ 0 N 2 a 2 = l I2 PROBLEMAS PROPOSTOS 1. Um circuito magnético é formado por duas metades de um toroide de raio médio R , área de secção transversal S e por dois entreferros de ar I de comprimento y . O material magnético que constitui as duas metades do toroide tem permeabilidade µ . Em torno deste circuito magnético enrolam-se de forma compacta N voltas de um fio condutor percorrido por y R µ uma corrente eléctrica estacionária de intensidade I . Determine 17 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 a) o fluxo magnético, Φ , que atravessa este circuito; b) o coeficiente de auto-indução, L , deste circuito; c) a energia magnética, Wm , armazenada neste circuito. 2. Um cabo coaxial de comprimento l é constituído por duas superfícies cilíndricas condutoras coaxiais de raios a e b (a >b , l >>a , b ). Os cilindros estão curtocircuitados numa extremidade e o espaço entre eles está preenchido por material magnético de permeabilidade µ. Sabendo que o cabo coaxial transporta uma corrente eléctrica estacionária de intensidade I, determine o seu coeficiente de auto-indução a) usando o método dos fluxos de ligação; b) usando a energia magnética. b µ a l 3. Um cabo coaxial de comprimento l , muito longo, é constituído por um condutor interior sólido de raio a ( e permeabilidade µ0 ) e uma superfície condutora exterior de raio b (b > a e l >> a,b ). O espaço entre os dois condutores está preenchido por material magnético de permeabilidade µ . A distribuição de corrente no condutor 2 interior não é uniforme e a densidade de corrente pode ser aproximada por J = kr , onde k é uma constante e r é a distância ao eixo do cabo. A corrente eléctrica total, de intensidade I , retorna através do condutor exterior. a) Determine k em função de I e a . r b) Determine B em todo o espaço. c) Determine a energia magnética armazenada neste sistema. d) Utilizando o resultado da alínea anterior, obtenha uma expressão para o coeficiente de auto-indução do cabo z µ a b coaxial. 18 MAGNETOSTÁTICA Faculdade de Engenharia ÓPTICA E ELECTROMAGNETISMO – MIB 2007/2008 SOLUÇÕES 1. a) NIS [2(πR µ + y µ 0 )] ; b) N 2 S [2(πR µ + y µ 0 )] ; c) N 2 I 2 S [4(πR µ + y µ 0 )] 2. µ l ln (a b ) (2π ) ( ) 3. a) k = 2 I πa 4 ; b) r > b: 0; c) ( ) r < a : µ 0 Ir 3 2πa 4 uˆφ ; I 2 l [µ 0 8 + µ ln (b a )] (4π ) ; d) a < r < b : µI (2πr ) uˆφ l [µ 0 8 + µ ln (b a )] (2π ) 19