MARA ROJANE BARROS DE MATOS Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) em mangabeira (Hancornia speciosa Apocynaceae) Feira de Santana – Bahia 2007 Gomez, Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Botânica Fungos micorrízicos mangabeira arbusculares (Hancornia (FMA) speciosa em Gomez, Apocynaceae) MARA ROJANE BARROS DE MATOS Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Botânica. Orientador:Prof. Dr. Juan Tomas Ayala Osuna (UEFS) Co-orientador: Dr. Aldo Vilar Trindade (Embrapa/CNPMF) Feira de Santana Bahia - Brasil 2007 FICHA CATALOGRÁFICA M433f Matos, Mara Rojane Barros. Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) em mangabeira (Hancornia speciosa Gomez, Apocynaceae) / Mara Rojane Barros de Matos. Feira de Santana: UEFS/Departamento de Ciências Biológicas, 2007. f. : Il. ; 29cm Orientador: Profº Dr. Juan Tomas Ayala Osuna Co-orientador: Dr. Aldo Vilar Trindade Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Feira de Santana. Departamento de Ciências Biológicas. 2007. 1. Fungos micorrízicos arbusculares 2. Hancornia speciosa 3.Biodiversidade I. Osuna, Juan Tomas Ayala II. Trindade, Aldo Vilar III. Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas. IV. Título. CDD: 589.25 Biblioteca do Campus II / Uneb Bibliotecária : Iza Christina P de A. Costa- CRB:5/1042 Banca Examinadora ____________________________________________________ Prof. Dr. Juan Tomas Ayala Osuna Prof. Titular UEFS / Orientador e Presidente da Banca ___________________________________________________ Profa. Dra. Lígia Silveira Funch (UEFS) ___________________________________________________ Prof. Dr. Luís Fernando Pascholati Gusmão (UEFS) ___________________________________________________ Profa. Dra. Myrna Friederichs Landim de Souza (UFS) ___________________________________________________ Prof. Dr. Osvaldo Manoel dos Santos (UFBA) Feira de Santana – BA 2007 Aos meus filhos Rodrigo e Filipe, A meu pai Ivo Matos. CONTEÚDO Página Agradecimentos Lista de Figuras Lista de Tabelas Resumo geral General abstract 7 9 11 13 17 Capítulo I. Introdução Geral 1.1. Introdução 1.2. Referencial teórico 1.3. Associação micorrízica e sua importância 1.4. Fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) 1.5. Ecologia dos FMAs 1.6. Efeitos da simbiose micorrízica sobre o fitness da planta 1.7. Linhas gerais deste trabalho 1.8. Referências Bibliográficas 19 22 27 31 33 35 38 39 Capítulo II Diversidade e abundância de fungos micorrízicos na rizosfera de mangabeiras nativas (Hancornia speciosa Gómez) Resumo Abstract 2.1. Introdução 2.1.1. Objetivos do estudo 2.2. Material e Métodos 2.2.1. Áreas de estudo 2.2.2.Delineamento experimental 2.2.3. Dados climáticos 2.2.4. Amostragem do dolo 2.2.5. Extração dos esporos e montagem das lâminas 2.2.6. Identificação das espécies de FMA 2.2.7. Avaliação da biodiversidade de FMAs usando plantas armadilhas 2.2.8. Avaliação do potencial de infectividade através do NMP (Número Mais Provável) 2.2.9. Avaliação da colonização micorrízica em H. speciosa Gomez 2.2.10. Análises estatísticas 2.3. Resultados e Discussão 2.3.1. Densidade de esporos de FMAs 2.3.2. Taxa de colonização micorrízica em H. speciosa Gomez 2.3.3. Ocorrência das espécies 2.3.4. Estudo comparativo das populações de FMAs 2.3.5. Avaliação da biodiversidade de FMAs usando diferentes plantas iscas 2.3.6. Número de propágulos infectivos 2.3.7. Conclusões 2.3.8. Referências Bibliográficas 49 51 53 57 58 58 68 68 68 68 69 69 70 71 72 74 74 83 92 99 108 114 116 118 Capítulo III. Eficiência micorrízica de fungos micorrízicos arbusculares nativos em mangabeira (Hancornia speciosa Gómez) Resumo Abstract 3.1. Introdução 3.2. Material e Métodos 3.3. Resultados e Discussão 3.3.1. Efeito da inoculação sobre o crescimento e produção de biomassa 3.3.2. Avaliação nutricional 3.4. Conclusões 3.5. Referências Bibliográficas 128 130 132 135 138 138 147 149 150 4. Considerações Finais 155 AGRADECIMENTOS Ao Departamento de Ciências Exatas e da Terra (DCET) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB, Campus II) e ao Programa de Pós-Graduação em Botânica (PPGBOT) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), pela oportunidade oferecida para realização deste curso, A FAPESB, pela Bolsa de Estudo e financiamento do projeto de Doutorado, Ao Prof. Dr. Juan Ayala Osuna, pela orientação e apoio, Ao Pesquisador Dr. Aldo Vilar Trindade, pela orientação e apoio, e por ter viabilizado e acreditado no meu trabalho, Ao Centro Nacional de Pesquisa da Mandioca e Fruticultura (CNPMF/EMBRAPA, Cruz das Almas, Bahia) pela disponibilização do espaço e materiais para realização dos experimentos, A COPENER Florestal Ltda., pela disponibilização dos dados climáticos da região de Alagoinhas. Ao Prof. Dr. José Marcos Nunes, pela amizade e apoio, e pela disponibilização dos equipamentos do Laboratório de Algas Marinhas (IB - UFBA), À Profa. Dra.Myrna Landim, pela amizade, conselhos, apoio, correções e bibliografia, À Profa. Dra. Luciene Lima, seu esposo e filha, Gilberto e Luciana Lima, pela acolhida, amizade, apoio e incentivo, À Lícia Diu, Larissa Diu e Maysa Vieira, pela grande ajuda em todos os momentos e, principalmente, na montagem das lâminas, Aos funcionários do laboratório de Microbiologia do Solo/CNPMF/Embrapa, pelo apoio, em especial Luís Carlos Barbosa, João Souza e Isabel Maia, À Mariana Baraúna, Carine Oliveira e Alessandra, pelo apoio, Ao Prof. Dr. Osvaldo Manoel dos Santos (in memorian), pela bibliografia e sábios e valiosos conselhos, Ao Prof. Dr. Cid José Bastos e Msc. Silvana Bastos, pelo apoio, À Msc. Francimira Rocha, pelo carinho, apoio e bibliografia, A Natalício Cruz, Valdelino Bispo, Jadson da Anunciação Santos e Ivanildo Pereira de Souza, pelo grande apoio nos trabalhos de campo, Aos estagiários Denis Benjamin, Alex Anjos, Jorge Santos, pela grande ajuda na montagem e manutenção dos experimentos, Ao estagiário José Augusto Sacramento e Alide Watanabe, pelo apoio em etapas importantes do experimento de inoculação, À Msc. Iraíldes da Silva Santos, pela identificação e confirmação das espécies, Ao Msc. Lander Alves, pela bibliografia, Aos Professores Dra. Ana Lúcia Torres e Dr. Geraldo Aquino, pela disponibilização do Laboratório de Citogenética (UFBA) para realização das microfotografias, Ao João Paulo I e João Paulo II, pelas dicas e ajuda na realização das microfotografias, À família Barros Ferreira (Alzamira, Antônio Carlos, Juliana e Zâmia), pelo grande apoio e por “adotarem” a minha família na minha ausência, A Cassimiro e Ezerlane, pelo incentivo, À Cassandra B. de Matos, pelo apoio, À Lea, pela acolhida e amizade. À Ery Mendes e Ana Lúcia Teixeira, pela ajuda na confecção dos mapas. À Prof. Dra. Marlene Peso, pelas sugestões e análises estatísticas, À Msc. Jacqueline Rosa, pelos programas estatísticos, À Profa. Dra. Lia D’Afonseca, pela bibliografia e disponibilização dos dados climáticos de Lençóis, À minha família, pelo apoio durante a realização desta jornada, e em especial Ivo Matos, pelo incentivo e pela valiosa ajuda nos trabalhos de campo, A todos os amigos que se fizeram presentes em tantos momentos, pelo incentivo e apoio sempre. LISTA DE FIGURAS Página Figura 2.1. Mapa do Estado da Bahia, Brasil, mostrando as duas regiões estudadas em laranja. Fonte CEIA. 2007. 59 Figura 2.2. Mapa do Município de Lençóis, Bahia, evidenciando a área de estudo (Capitinga), indicada com um círculo. Fonte: Folha Topográfica. Escala 1:100.000. SUDENE. 1976. Recorte ampliado com escala aproximada de 1:80.000. 60 Figura 2.3 Mapa do Município de Alagoinhas, Bahia, evidenciando a área de estudo (Calú) indicada com um círculo. Fonte: Folha Topográfica. Escala 1:100.000. IBGE. 1967. Recorte ampliado com escala aproximada de 1:80.000. 61 Figura 2.4. Lençóis, Balanço hídrico. Fonte: INMET. 2007. 64 Figura 2.5. Alagoinhas, Balanço hídrico. Fonte: INMET. 2007. 65 Figura 2.6. Aspecto geral da Capitinga mostrando a fisionomia semelhante às restingas arbustivas (A, B, C, D, E). Em detalhe árvores de mangabeiras (C,D,E) 66 Figura 2.7. Aspecto geral da área de estudo mostrando sua fisionomia de savânica (A, B), moitas mais densas de indivíduos de mangabeiras (D), e arvoretas de mangaba (D, E). 67 Figura 2.9. Número de esporos por 100 g e taxa de colonização radicular em mangabeiras nativas, árvores, em diferentes períodos. (A) Lençóis. (B) Alagoinhas. 75 Figura 2.10. Detalhe do solo rizosférico arenoso e raízes finas de indivíduos de mangabeiras que foram coletadas para estudo da taxa de colonização radicular por FMA. (A-B) Vista geral da área de estudo em Lençóis, mostarndo solo arenoso; (c) Raízes mais grossas de H. speciosa; (D-E) Raízes mais finas. 86 Figura 2.11. Pelos radiculares (papilas) em Hancornia speciosa Gomez. 87 Figura 2.12. (A-D). Detalhes da colonização micorrízica em Hancornia speciosa Gomez. V= vesícula, HI= hifa interna, E= hifa externa, AR= ápice radicular, DSE= Dark Septate Endophyte. 89 Figura 2.13. Detalhes da colonização micorrízica em H. speciosa Gómez. V= vesícula, HI= hifa interna, E= hifa externa, A= arbúsculo. 90 Figura 2.14. Valores médios de Insolação mensal (em horas), temperatura média mensal (°C), Umidade relativa (%), Precipitação (mm) e Evaporação de Piche mensal (mm) de Alagoinhas e Lençóis, Bahia, referente ao período de estudo (julho de 2003 a julho de 2005). Fonte: INMET e COPENER Florestal Ltda. 91 Figura 2.15. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) entre diferentes períodos de amostragem em Alagoinhas, Bahia 103 Figura 2.16. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) da presença e ausência de diferentes espécies de FMA na rizosfera de H. speciosa em Alagoinhas, Bahia. 104 Figura 2.17. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) entre diferentes períodos de amostragem em Lençóis, Bahia. 106 Figura 2.18. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) da presença e ausência de diferentes espécies de FMA na rizosfera de H. speciosa em Alagoinhas, Bahia. 107 Figura 2.19. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) Dendrograma (a) entre as populaçõs nativas do solo de campo de Alagoinhas e Lençóis, Bahia, e as multiplicações com mangaba e sorgo. 114 Figura 3.1. Incremento em altura de mudas de mangabeira em função do tempo (em meses) para os diferentes fungos micorrízicos inoculados. (NA= solo não autoclavado; A= solo autoclavado; NC= pH não corrigido; C= pH corrigido). 143 LISTA DE TABELAS Página Tabela 2.1. Características químicas do solo nas rizosferas de mangabeiras nativas nos dois locais estudados, Lençóis e Alagoinhas, Bahia. Os dados são médias de dez unidades amostrais de coleta para cada período. 79 Tabela 2.2. Comparação dos valores médios das variáveis abióticas do solo nas duas áreas estudadas entre períodos e entre as duas áreas estudadas. Valores com a mesma letra (na coluna) não diferem significativamente pelo Teste de comparação múltipla de Dunn.α=0,05. 80 Tabela 2.3. Dados de correlação entre o número de esporos (NE) e as variáveis do solo, nos dois locais estudados. rs (Coeficiente de Spearman. Valores em negrito são significativos. 82 Tabela. 2.4. Variação sazonal da taxa de colonização radicular por MA em Hancornia speciosa Gómez, em dois locais, usando o método da lâmina (20-50 segmentos/lâmina). Áreas em vermelho representam o período seco, em verde o chuvoso, e em azul um período chuvoso secundário, e em cinza um veranico. 84 Tabela 2.5. Coeficiente de Correlação de Postos de Spearman (rs) mostrando a relação entre colonização por micorriza arbuscular (MA) (em %) e variáveis climáticas e eventos fenológicos. Coeficientes foram determinados de médias de todos os períodos combinados (n=7). Valores em negrito são significativos a 5%. 88 Tabela 2.6. Número de esporos por 100 g de solo rizosférico de H. speciosa Gómez, em Alagoinhas e Lençóiis, Bahia, em diferentes períodos de amostragem. 94 Tabela 2.7. Freqüência relativa de ocorrência e Abundância relativa (AR) de FMA em solo rizosférico (100 g) de Hancornia speciosa Gómez, em Alagoinhas, Bahia, em diferentes períodos de amostragem. 96 Tabela 2.8. Freqüência relativa de ocorrência e Abundância relativa (AR) de FMA em solo rizosférico (100 g) de Hancornia speciosa Gómez, em Lençóis, Bahia, em diferentes períodos de amostragem. 97 Tabela 2.9. Índice de constância (IC) nos 4 períodos das espécies de FMA nos dois locais estudados. 98 Tabela 2.10. Número de espécies e Índice de diversidade obtidos em vários períodos de estudo na rizosfera de mangabeiras nativas, em Alagoinhas e Lençóis, Bahia. 99 Tabela 2.11. Similaridade, a partir do Coeficiente de Sorensen, entre as populações de FMAs, entre os períodos e áreas estudadas. 101 Tabela 2.12. Ocorrência das espécies de FMA nos locais de estudo e nas multiplicações com mangaba e com o consórcio sorgo mais leguminosa. 109 Tabela 2.13. Número específico de esporos (NE), Freqüência relativa de ocorrência e Abundância relativa (AR) de FMAs em solo rizosférico (100 g) de Hancornia speciosa Gómez, cultivado com diferentes culturas-armadilha. 110 Tabela 2.14. Matriz de similaridade, a partir do Coeficiente de Sorensen, entre as multiplicações e as populações nativas de FMAs. 111 Tabela 2.15. Número de espécies e Índice de diversidade obtidos nas populações de campo e na multiplicação com mangaba e sorgo e leguminosa, em Alagoinhas e lençóis, Bahia. 112 Tabela 2.16. Número médio de esporos e Número Mais Provável (NMP) de propágulos infectivos em 100g de solo na rizosfera de mangabeiras adultas, em Alagoinhas e Lençóis. 113 Tabela 3.1. Matéria seca da parte aérea e raiz, colonização radicular e área foliar de plantas de mangabeira em função da inoculação de diferentes fungos MA. 142 Tabela 3.2. Valor percentual das faixas de diâmetro em relação ao comprimento total da da raiz nos diferentes tratamentos. N=4. 144 Tabela 3.3. Eficiência micorrízica de fungos micorrízicos arbusculares em mangabeira em solo com pH corrigido e não corrigido. 145 Tabela 3.4. Teor de macronutrientes ( em g. kg-1) e micronutrientes nas folhas de h. speciosa em função da inoculação de diferentes fungos micorrízicos. Valores médios seguidos de desvio entre parênteses. 148 RESUMO GERAL Este trabalho apresenta resultados de observações ecológicas de duas populações de H. speciosa Gomez em duas áreas de ocorrência nativa da espécie. A primeira área de estudo localiza-se a 4,7 Km da sede do município de Alagoinhas, Bahia, 12°08’ - 12°15’ S e 38°23’ - 38°30’ W, a 150 m de altitude. A outra área situa-se dentro da APA MarimbúsIraquara, Serra do Sincorá, borda leste da Chapada Diamantina, 12º30' - 12º32' S e 41º23' 41º27 'W, a 450m de altitude, a 5 Km da sede do município de Lençóis. As duas áreas distam mais de 500 km uma da outra, e apresentam tipos de vegetação diferentes. A vegetação presente em Alagoinhas possui fisionomia semelhante à savana arbórea aberta. A vegetação em Lençóis possui fisionomia semelhante às restingas arbustivas. As duas apresentam semelhanças quanto ao fato de serem áreas de vegetação aberta, sendo H. speciosa uma planta heliófita, justifica a sua ocorrência nestas áreas. H. speciosa apresenta nestas áreas alta densidade de indivíduos. Outra semelhança é a ocorrência nestas áreas de solos de textura arenosa, considerada ótima para o estabelecimento de Micorrizas Arbusculares (MAs) e para a atividade metabólica de Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMAs). Estes solos são pobres em nutrientes, com baixa disponibilidade de fósforo e de bases trocáveis, e com pH ácido. Em cada local foram coletadas 10 amostras de solo em quatro períodos ao longo dos anos de 2004 e 2005, abrangendo períodos de maior precipitação, março de 2004 (249,4 mm) e janeiro de 2005 (145,8mm) e mais secos, julho (27,6 mm) e setembro de 2004 (3,2 mm), em Lençóis. Em Alagoinhas, as coletas em períodos de maior precipitação foram realizadas em julho de 2004 (86,8 mm) e janeiro de 2005 (156,8 mm), e em períodos mais secos, março (32,6 mm) e setembro (48,0 mm) de 2004. As amostras de solo, após secagem em temperatura ambiente, foram guardadas em câmara refrigerada, a 7ºC de temperatura, até avaliação da fertilidade do solo e extração e contagem do número de esporos. Vários autores ressaltam a importância de FMAs para plantas em ambientes com solos de baixa fertilidade, exercendo papel importante na aquisição de nutrientes minerais pela planta hospedeira, principalmente fósforo, o zinco e o cobre. As espécies de FMAs nativos coletados na rizosfera de H. speciosa foram investigados, supondo haver uma estreita relação com a planta hospedeira. Neste trabalho buscou-se conhecer a dinâmica sazonal das populações nativas de FMAs na rizosfera de mangabeiras, comparando a diversidade de espécies, nos períodos seco e chuvoso, e investigando a influência das variáveis ambientais sobre a abundância das espécies de FMAs nos dois locais de estudo. Também a taxa de colonização radicular da mangabeira foi avaliada. A eficiência simbiótica de espécies de FMAs nativos foi avaliada visando a obtenção de informações que viabilizem o desenvolvimento de tecnologias para inoculação com FMAs na fase de formação de mudas. Comparando os dois locais, os teores de P, K, H +Al, matéria orgânica e pH diferiram significativamente em pelos menos um período do ano. Em Lençóis, o teor de matéria orgânica, Al e fósforo no solo foram maiores que em Alagoinhas. A colonização micorrízica das raízes de mangabeiras nativas nos dois locais sempre foi alta, em todos os períodos estudados. Os altos níveis de colonização micorrízica podem ser correlacionados com o teor extremamente baixo de P no solo e a alta dependência micorrízica da mangabeira. Não foi encontrada correlação entre número de esporos no solo e taxa de colonização radicular. A colonização micorrízica abundante tem sido correlacionada com a presença de raízes grossas sustentando poucos pelos radiculares, mas estas informações são conhecidas para poucas espécies. A mangabeira possui um sistema radicular com poucas raízes finas e poucas ordens de ramificação. Neste estudo, arbúsculos foram visualizados somente em raízes novas. Quanto a ocorrência de espécies, foram identificadas um total de 23 morfoespécies de FMAs. A família com maior número de morfoespécies foi Glomeraceae (60,87 %), seguida de Gigasporaceae (21,74 %) e Acaulosporaceae (17,39 %). O número de espécies encontradas nas duas áreas estudadas variou segundo o período de coleta. Em Alagoinhas o maior número de espécies foi encontrado em março de 2004 (n=21), e em Lençóis no mês de setembro de 2004 (n=23), períodos com menor índice pluviométrico. A espécie Glomus etunicatum Becker & Gerdemann foi a mais numerosa em Lençóis, variando de 30,6 a 60,8% do número total de esporos no solo, em Lençóis , e também a mais freqüente (100% em todos os períodos nas duas áreas). Em Alagoinhas a espécie G. macrocarpum Tulasne & Tulasne variou de 21,17% a 30,18% e Glomus etunicatum de 17,8 a 25,13 % do número total de esporos. Espécies com elevado número de esporos, e estes sendo encontrados em diferentes períodos ou etapas de desenvolvimento da planta, confirmam a condição micotrófica e podem estar participando mais efetivamente da colonização radicular, o que deve ser o caso no presente estudo. Em relação ao Índice de Constância, 33,3% das espécies de FMAs em Alagoinhas (n=21) e 13,6% das espécies em Lençóis (n=22) foram consideradas raras por ocorrerem em menos de 30% das amostras de solo rizosférico de mangabeiras nativas em diferentes períodos. Analisando-se os dados de freqüência das espécies de FMAs verifica-se apenas uma morfoespécie com ocorrência exclusiva (apenas em uma área): Glomus sp 9. Os valores do índice de similaridade entre os períodos de amostragem, com base nos Coeficientes de Sorensen, foram sempre altos, variando de 76% a 83% nos diferentes períodos, o que sugere que as espécies presentes apresentam adaptabilidade e persistência nas condições ambientais das regiões estudadas, implicando também, alta capacidade competitiva e infectividade. As mudanças na composição de espécies de FMAs antes e após o cultivo armadilha foi pequena, havendo modificações apenas na representatividade das populações em termos de número de esporos. A espécie Gl. etunicatum foi a espécie dominante, sendo que outras morfoespécies, inicialmente presentes com poucos esporos, passaram a ter uma maior representatividade nas populações após o cultivo, como por exemplo, Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe. O número de esporos foi superior ao Número de Propágulos Infectivos (NPI) apenas em Lençóis. A eficiência micorrízica das espécies nativas mais representativas também foi investigada. As espécies utilizadas foram: Glomus etunicatum Becker & gerdemann, Glomus sp.2, Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe, Scutellospora sp. e Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck. O estudo revela a existência de populações de esporos nativos eficientes na rizosfera da mangabeira, e que estas possuem um potencial elevado de inoculação no solo. Alguns isolados diferiram na eficiência micorrízica e também na capacidade infectiva, e estas modificaram-se nos diferentes pH testados. A elevação do pH em substratos para plantas nativas deve ser melhor estudada, não só quanto ao efeito no crescimento da planta, mas também seu efeito sobre a associação micorrízica e as diferentes espécies de FMAs. A inoculação por FMAs nativos resultou em plantas com maior crescimento em altura, comprimento radicular e biomassa seca. A máxima eficiência micorrízica foi obtida pela inoculação com populações nativas em solo com pH corrigido, atingindo valores de 80,81% de incremento em altura. Os fungos Scutellospora sp. e Gigaspora gigantea foram os mais eficientes em solo com pH não corrigido. Plantas micorrizadas absorveram mais P, Cu e Mg. Devido aos resultados promissores, estudos posteriores são necessários para testar a eficiência micorrízica de outras espécies de FMAs, nativas e exóticas, em diferentes concentrações de P no solo, bem como experimentos em condições, onde competição não seja excluída. GENERAL ABSTRACT This work presents results from ecological observations on two wild populations of H. speciosa Gomez in two different areas. The first one is located at 4.7 Km from the city of Alagoinhas, Bahia (12°08’ - 12°15’ S and 38°23’ - 38°30’ W), 150 m high. The other study site is situated in the Environmental Protection Area (APA) Marimbús-Iraquara, in the Sincorá Range, east border of the Diamantina Plateau, 12º30' - 12º32' S and 41º23' 41º27 'W, 450m high, 5 Km far from the Lençóis city. The two areas are more than 500 km far from each other, presenting different vegetation types. In Alagoinhas, vegetation is similar to an open tree savanna. Vegetation in Lençóis like a shruby restinga. Both sites present open vegetation and wild populations of H. speciosa plants, a heliophyte. In these areas H. speciosa presents high density. Another aspect in which both sites are similar are the sandy soils, feature considered optimal to the establishment of arbuscular mycorrhizas (AM) and the metabolically activity of the arbuscular mycorrhizal fungi (AMF). These acid soils are nutrient poor, with low P and exchangeable bases availability. In each site ten soil samples were collected in four periods within 2004 and 2005, including rainy periods, March 2004 (249.4 mm) and January 2005 (145.8mm), and dry periods, July (27.6mm) and Septtember 2004 (3.2 mm), in Lençóis. In Alagoinhas, sampling in the rainy season were carried out in July 2004 (86.8 mm) and January 2005 (156.8 mm), and in the dry season, in March (32.6 mm) and September 2004 (48,0 mm). The soil samples, after dried at room temperature, were stored in refrigerated chamber, at 7ºC, until soil fertility was evaluated and extraction and counting of spore numbers were carried out. Several authors emphasize the importance of AMF to plants in low fertility environments, presenting an important role in nutrient acquisition by the host plant, especially phosphor, zinc and copper. The AMF native species collected in H. speciosa plants rhizosphere were investigated, as a close relationship between them and the host plant was assumed. In this work the seasonal dynamic of AMF wild populations in H. speciosa plants rhizosphere was studied, including the comparison of the species diversity, in the dry and rainy periods and the investigation of the influence of environmental variables on the AMF species abundance in both study sites. The root colonization rate was also assessed. The symbiotic efficiency of native AMF species was evaluated, aiming the acquisition of information that allows the development of inoculation technologies of AMF in the seedling stage. Levels of soil P, K, H+Al, organic matter and pH differed significantly in at least one period of the year. In Lençóis, soil organic matter content, Al and P were higher than in Alagoinhas. Mycorrhizal root colonization of H. speciosa native plants in both sites was always high, in all periods. The high levels of mycorrhizal colonization can be correlated with the extremely low soil P levels and the high mycorrhizal dependency of H. speciosa. No correlation between spore numbers and root colonization rate was found. High mycorrhizal colonization has been correlated with thick roots with few root hairs, but these information are known for few species. H. speciosa possess a root system with few thin roots and little ramification. In the present study, arbuscules were found only in young roots. A total of 23 AMF morphospecies was found. The family with greater morphospecies number was Glomeraceae (60.87%), followed by Gigasporaceae (21.74%) and Acaulosporaceae (17.39%). The species numbers found in both study sites varied with the sampling period. In Alagoinhas the higher species number was found in March 2004 (n=21), and in Lençóis, in September 2004 (n=23), both periods with lower pluviometric index. Glomus etunicatum Becker & Gerdemann was the most abundant species in Lençóis, varying from 30.6 to 60.8% of the total soil spore number, and also the most frequent (100% in all sampling in both sites). In Alagoinhas G. macrocarpum Tulasne & Tulasne varied from 21.17% to 30.18% and Glomus etunicatum, from 17.8 to 25.13% of the total spore numbers. Species with high spore numbers, these being found in different periods or plant development stages, confirm the mycotrophic condition and may have a more important role on the root colonization, what seems to happen in the present study. Regarding the Constancy Index, 33.3% of the AMFs species in Alagoinhas (n=21) and 13.6% of the species in Lençóis (n=22) were considered rare, occurring in less than 30% of the soil H. speciosa rhizosphere samples in different periods. Only one morphospecies presented exclusive occurrence (occurred only in one site): Glomus sp 9. The Similarity Index values between the sampling periods (Sorensen’s coefficient), were always high, varying from 76% to 83% in the different periods, what suggests that the species found present adaptability and persistence in the environmental conditions of the studied areas, implying, also, high competitive capacity and infectivity. Changes in the AMF species composition before and after trap cultures were low, differences being restricted to the abundance of the populations. Gl. aff. etunicatum was the dominant species, but other morphoespecies, initially present only with few spores, presented a higher abundance after culturing, as Gigaspora gigantean (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe. The spore numbers was higher than the Most probable Number (MPN) only in Lençóis. The mycorrhizal efficiency of the most representative native species was also investigated. The species used were: Glomus etunicatum Becker & gerdemann, Glomus sp.2, Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe, Scutellospora sp. and Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck. The study reveals the existence of efficient spore wild populations in the rhizosphere of H. speciosa plants, and that those possess a high inoculation potential in the soil. Some isolates differed in the mycorrhizal efficiency and also in the infective capacity, these being modified in the different soil pH tested. Increasing soil pH in the substrate with native plants must be better studied, not only regarding its effects on plant growth, but also in relation to its effect on the mycorrhizal association and the different AMF species. The inoculation with native AMF species resulted in plants with higher shoot growth, root length and dry biomass. The maximal mycorrhizal efficiency was obtained with the inoculation with native populations in pH adjusted soil, achieving 80,81% in shoot length growth. Scutellospora sp., Entrophospora aff. colombiana, and Gigaspora gigantea were the most efficient species in pH not adjusted soil. Mycorrhizal plants absorbed more P, Cu, and Mg. Due to the positive results, further studies are needed in order to test the mycorrhizal efficiency of other AMF species, native and exotic, under different soil P concentrations, as well experiments under natural conditions, where competition is not excluded. 19 CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO GERAL 1.1.INTRODUÇÃO A mangabeira (Hancornia speciosa Gomez) é uma planta decídua, latescente, nativa de clima tropical, ocorrendo sobretudo em áreas de vegetação aberta (Lorenzi, 1992; Silva Júnior, 2003). Os solos nos quais H. speciosa se desenvolve são de textura arenosa, ácidos, com baixa disponibilidade de fósforo e de bases trocáveis (Espíndola e Ferreira, 2003), caracterizados também por baixo teor de matéria orgânica (Jacomine et al., 1975), sendo predominantes na região de Cerrados, Tabuleiros Costeiros e Baixada Litorânea, em neossolos quartzarênicos (areias quartzosas), argissolos e latossolos (Wisniewski e Melo, 1982; Lederman et al., 2000; Jacomine et al., 1975). Os latossolos que ocorrem nos Tabuleiros Costeiros do Nordeste além de apresentarem baixa disponibilidade de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e outros nutrientes essenciais, apresentam excesso de alumínio, ferro e manganês, que são limitantes ao crescimento e à produção da maioria das culturas (Jacomine e Ribeiro, 1997). Segundo Espíndola e Ferreira (2003) plantas adaptadas às condições de baixa fertilidade do solo apresentam teores normais e elevados de todos os nutrientes, apesar da escassez dos mesmos no substrato. Esse fenômeno pode ser causado pelo eficiente uso dos elementos dentro da planta (Espíndola e Ferreira, 2003). Epstein (1975) cita os seguintes mecanismos e processos que contribuem para o uso eficiente de um nutriente pela planta: geometria radicular, solubilização do nutriente na rizosfera, capacidade de absorção em baixas concentrações na solução do solo, alocação interna na planta e a concentração mínima de um nutriente capaz de manter as funções metabólicas da planta. Partindo-se da hipótese de que a mangabeira não é muito exigente em fertilidade, já que vegeta em solos pobres e ácidos, alguns pesquisadores, entre eles Espíndola (1999) e Almeida (2000), recomendam quantidades menores de elementos nutritivos nas adubações dessa espécie. Vários autores ressaltam a importância dos Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMAs) para as plantas em solos de baixa fertilidade e escassa precipitação (Saggin Júnior e Silva, 2005). 20 A simbiose micorrízica é um sistema complexo, formado pelo solo, planta e fungo, onde cada componente afeta o outro de diversas formas, sendo que os fatores que mais influenciam o funcionamento da simbiose são: a dependência micorrízica da planta, a eficiência simbiótica do fungo e a disponibilidade de fósforo do solo (Saggin Júnior e Silva, 2005). A dependência micorrízica foi definida pela primeira vez por Gerdemann (1975), e redefinida por Saggin Júnior e Silva (2005) como sendo o grau de necessidade da simbiose micorrízica que a planta apresenta para sobreviver e crescer, independente do nível de fertilidade do solo, enquanto resposta à micorriza é o quanto que uma planta micorrizada cresce ou produz mais que uma não micorrizada, em virtude de seu estado simbiótico, em determinado nível de fertilidade. A dependência pode ser estimada pelo nível de P na solução do solo necessário para “substituir” a micorriza, conforme proposto por Janos (1988), sendo que quanto maior este nível mais dependente de micorrizas é a planta (Saggin Júnior e Silva, 2005). As diferentes espécies de FMAs apresentam diferentes capacidades de promover o crescimento de uma mesma espécie de planta (Smith e Gianinazzi-Pearson, 1988), ou seja diferentes eficiências simbióticas ou micorrízicas. As características que levam um FMA a ser eficiente, segundo Saggin Júnior e Silva (2005), incluem: capacidade de colonizar rápida e extensivamente as raízes e competir com outros FMAs e microorganismos pelos sítios de infecção e absorção de nutrientes; capacidade de formar rapidamente extenso e ramificado micélio extra-radicular; capacidade de absorver nutrientes mais rápido e mais eficientemente que as plantas; capacidade de transferir eficientemente os nutrientes absorvidos para a planta; capacidade de promover benefícios não nutricionais à planta, como agregação e estabilização do solo, modificações fisiológicas, resistência a estresses, entre outras. Visando investigar a associação micorrízica em mangabeiras nativas, foram realizadas as seguintes ações : P op ul aç õe s de spe ci osa Gom ez Han c orni a Cole tas bime nsa is por 1 ano S ep ara ção, c lare am e nt o c oloraç ão de raíz es Avali aç ão da colo niz aç ão mic orr ízi ca Taxa e Avali aç ão d a Ef ic iê nc ia mic orr ízi ca So lo riz osf ér ico 2 área s, 4 períodos de amo st ra gem F ung os n at i vos (P opul açõ es e isolad os) Am ost ras P op ulaç ões d e F MA s Avali ação d a D i ve r sid ade de nsi dad e de es poros P ot enc ial de in ócu lo do s olo F ungos ef ici ent e s e ma is 21 Partindo-se da hipótese de que a mangabeira beneficia-se da associação micorrízica, devendo esta associação contribuir para sua nutrição direta em solos arenosos, com baixa disponibilidade de fósforo e bases trocáveis, o presente estudo tem por objetivos: 1. Avaliar e comparar a abundância e freqüência de fungos micorrízicos arbusculares, em diferentes épocas do ano, na rizosfera de H. speciosa, em duas populações nativas. 2. Investigar a influência das variáveis ambientais sobre a abundância das espécies de FMAs e taxa de colonização radicular nos períodos seco e chuvoso. 3. Avaliar o crescimento e resposta nutricional de mudas de H. speciosa inoculadas com fungos micorrízicos nativos e 4. Identificar os fungos mais benéficos para promover o crescimento das mudas de H. speciosa. Dessa forma, espera-se que os resultados possam ampliar o conhecimento da importância da associação micorrízica para a mangabeira, Hancornia speciosa, visando a obtenção de informações que viabilizem o desenvolvimento de tecnologias para inoculação com FMAs na fase de formação de mudas. 22 1.2. REFERENCIAL TEÓRICO O gênero Hancornia é considerado monotípico e sua única espécie, Hancornia speciosa foi identificada pelo botânico português Bernardino Antônio Gomes. As descrições botânicas das partes da planta a seguir foram baseadas no trabalho de Monachino (1945). A mangabeira é uma árvore de porte médio (4 a 7 m de altura), podendo chegar até 15 metros, de crescimento lento, copa ampla, às vezes mais espalhada que alta. O tronco é geralmente único, tortuoso ou reto. Toda a planta exsuda látex de cor branca ou róseopálida. As folhas são geralmente decíduas, opostas, simples, coriáceas, elípticas, oblongo ou elíptico-lanceoladas nas duas extremidades, às vezes obtuso-subacuminadas no ápice, glabras ou pubescentes. A inflorescência em dicásio terminal em ramos novos do ano, com 2 a 4 ou até 5 flores hermafroditas em forma de campânula ou ocasionalmente apresenta flores isoladas; corola hipocrateriforme, de pré-floração contorcida, branca e posteriormente rósea ou amarela, tubulosa, perfumada. O androceu possui 5 estames, epipétalos; as anteras são lanceoladas, de filetes curtos e deiscência rimosa. O gineceu possui ovário pequeno (aproximadamente 2 mm de comprimento), unicarpelar, pluriovular e glabro; o estilete é longo (2,5 cm de comprimento) com estigma típico da família (em carretel). O fruto do tipo baga é elipsoidal ou arredondado de 2,5 a 6,0 cm, com exocarpo amarelo com manchas ou estrias avermelhadas, polpa de sabor bastante suave, doce, carnoso-viscosa, ácida, contendo geralmente 2 a 15 ou até 30 sementes discóides (chatas) de 7 a 8 mm de diâmetro, castanho-claras, delgadas, rugosas, com o hilo no centro. Segundo Lorenzi (1992) Hancornia speciosa produz anualmente, as vezes duas vezes por ano, grande quantidade de sementes, disseminadas por animais; floresce durante os meses de setembro-novembro, ainda com os frutos da florada anterior na planta; os frutos amadurecem em novembro-janeiro. De acordo com Monachino (1945), em sua revisão do gênero, são aceitas seis variedades botânica: H. speciosa var. speciosa, H. speciosa var. maximiliani A. DC., H. speciosa var. cuyabensis Malme, H. speciosa var. lundii A. DC., H. speciosa var. gardneri (A. DC.) Muell. Arg., H. speciosa var. pubescens (Nees. et Martius) Muell. Arg.. As variedades botânicas se diferenciam por algumas características morfológicas, principalmente da folha e da flor. H. speciosa possui ampla distribuição geográfica, ocorrendo em várias regiões do Brasil, desde o Estado do Amapá até São Paulo. Sendo uma planta típica das áreas de 23 Cerrados, Tabuleiros Costeiros e Baixada Litorânea, ocorre em todos os Estados do Nordeste onde esses ecossistemas se apresentam (Silva Júnior, 2003). Ocorre em São Paulo e Mato Grosso do Sul no Cerrado, sendo também encontrada na região litorânea e em algumas regiões do Pará e no vale do Rio Tapajós na regiâo Amazônica (Lorenzi, 1992). Na América do Sul, H. speciosa é praticamente desconhecida e sua presença é registrada apenas no Paraguai, Bolívia e, possivelmente, no Chaco da Argentina (Monachino, 1945). Lederman et al. (2000) cita também sua ocorrência no Peru e Venezuela. No Brasil, Silva Júnior (2003) localizou populações nativas de H. speciosa desde o Maranhão até a divisa com o Espírito Santo. Espíndola et al. (2003) também realizaram estudos visando identificar populações remanescentes de mangabeiras no Estado de Alagoas, principalmente no Litoral Sul. Entretanto, a ocorrência e distribuição das diferentes variedades de H. speciosa nos Tabuleiros e Restingas do Nordeste ainda necessitam ser estudadas. H. speciosa var speciosa ocorre do Rio de Janeiro até o Norte do País; a var. maximiliani em Minas Gerais; a var. cuyabensis na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso; a var. lundii em Minas Gerais [segundo Pio-Corrêa (1969), também conhecida popularmente como mangabeira-de-minas], Pernambuco, Bahia e Goiás; a var. gardneri em Goiás e Brasil Central e; a var. pubescens em Goiás e Minas Gerais (Monachino, 1945). César (1956), em seu levantamento sobre a ocorrência da mangabeira, cita que a variedade lundii aparece também no Espírito Santo e que nas caatingas da Bahia e Pernambuco ocorre a variedade pubescens, conhecida como mangabinha-das-caatingas ou mangabeira-braba, cujos frutos não são saborosos para o homem, mas sim para os animais. Rizzo e Ferreira (1985) realizaram um estudo de ocorrência de variedades de mangabeira no estado de Goiás, incluindo o atual estado do Tocantins. Com base em caracteres morfológicos, os autores relatam a ocorrência de três variedades botânicas, quais sejam, H. speciosa var. speciosa, H. speciosa var. pubescens e H. speciosa var. gardernerii. No Cerrado do Centro-Oeste, Rizzo e Ferreira (1985) registraram a ocorrência da variedade speciosa nas regiões de Goiás e Tocantins próximas a Bahia, Piauí e Maranhão e podendo atingir a margem direita do rio Tocantins até a divisa com o Maranhão e, ao sul até o paralelo 13°. Entre os rios Tocantins e Araguaia essa variedade não foi encontrada. As variedades pubescens e gardnerii têm distribuição em quase todo o 24 Estado de Goiás, ocorrendo nos mesmos locais e muito próximas uma da outra. A variedade lundii não foi encontrada em Goiás, por aqueles autores, ao contrário do que relatou Monachino (1945). Há uma tendência de ocorrência em agregados, formando populações descontínuas no espaço. Essa descontinuidade tem se acentuado com a fragmentação das reservas pela ocupação agrícola, o que pode se refletir na viabilidade dessas populações a longo prazo (Chaves e Moura, 2003). Rieder et al. (2003) estudando a ocorrência natural de H. speciosa em Mato Grosso, constataram a ausência de mangabeiras novas (apenas foram encontradas plantas com perímetro maior que 15 cm, na altura de 1,2 m do tronco), o que pode estar indicar um alto risco de extinção desta espécie, em função da não renovação populacional. Rezende et al. (2003) estudando 12 locais de alta densidade de ocorrência natural de mangabeira na região do cerrado na Bahia, Minas Gerais e Goiás, visando caracterizar sua exigência edafoclimática e características fitotécnicas, encontraram grande variabilidade para os caracteres altura de plantas, diâmetro e número de frutos entre as regiões e entre populações dentro de regiões. Quanto à importância econômica, essa espécie tem uma importância econômica muito grande, principalmente pelos frutos comestíveis, que os indígenas chamavam de “coisa boa de comer”. O fruto possui polpa branca, fibrosa e sementes circulares e achatadas; os frutos maduros têm casca amarelada com manchas vermelhas e são comercializados em feiras livres; sua polpa amarela adocicada pode ser consumida “in natura”, ou utilizada na fabricação de doces, sorvetes, compotas, licores, vinagres, geléias e sucos (Heringer, 1958; Ferreira, 1973; Parente et al., 1985), e polpa congelada. Os frutos da mangabeira são consumidos em diferentes formas pelas populações locais e constituem, ainda, uma importante fonte de alimento para animais silvestres (pássaros, roedores, tatus, canídeos, etc.) e, mesmo para o gado. Os animais silvestres funcionam como dispersores naturais de suas sementes, podendo-se admitir que o caráter atrativo e alimentício dos frutos resulta de um processo de co-evolução entre plantas e animais, por um longo período de tempo (Chaves e Naves, 1998). O fruto verde é venenoso e impróprio para o consumo, causando intoxicações que podem levar à morte (Silva Junior, 2003; Braga, 1960; Bahia, 1979). Todas as partes da planta, inclusive raízes, produzem um látex branco. O látex extraído do tronco da mangabeira é utilizado para a produção de borracha. Pinheiro (2003) faz uma revisão dos estudos da produção de látex na Família Apocynaceae e relata que 25 quase nenhum estudo foi feito sobre as caracterícas do látex e sua produção na mangabeira. Uma grande parte do que se conhece resulta de inferência dos estudos realizados sobre a Funtunia elastica Stapp, também uma Apocynaceae, plantada de forma racional nas colônias alemães no continente africano no fim do século XIX. A mangabeira possui o sistema laticífero de vasos inarticulados (Pinheiro, 2003). Cada incisão no tronco, em termos médios, é capaz de esgotar uma área bem limitada de apenas 13 cm acima e 5 cm abaixo da superfície do corte. Como o sistema de vasos é restrito, exige tempo para recompor o látex e permitir outra sangria (Pinheiro, 2003). Quanto ao rendimento da mangabeira, Bekkedal e Saffioti (1948) afirmam que mangabeiras adultas, corretamente sangradas, em uma ou duas horas de escorrimento, produzem um litro de látex por sangria, produção equivalente a da seringueira. Mas enquanto a mangabeira é sangrada no máximo três vezes no ano, a seringueira é sangrada em média 60 vezes no ano. A madeira também é utilizada como lenha de boa qualidade (Silva Junior, 2003). Algumas partes da planta têm aplicação na medicina popular, como a casca, que possui propriedades adstringentes e o látex, que é empregado contra doenças pulmonares, tuberculose, úlceras e herpes (Silva Junior, 2003; Braga, 1960). Guarim Neto (1987) afirma que o látex pode ser usado no combate de cãimbras. Relatos coletados numa comunidade de catadores de mangaba, no Povoado de Pontal, Indiaroba, Sergipe, afirmam que a mistura do látex com água pode ser usada também para pancadas e inflamações (Silva Júnior, 2003). Os principais centros de diversidade genética associados à mangabeira, segundo Giacometti (1993), são: Costa Atlântica e Baixo Amazonas, principalmente Pará e Amapá; Nordeste, na Caatinga, sobretudo as áreas de Tabuleiros de Savana e zonas de transição Caatinga-Cerrado; Brasil Central no Cerrado; Mata Atlântica, nas áreas de Savanas Litorâneas e Restingas, da costa do Rio Grande do Norte a Alagoas e Bahia ao Espírito Santo. Segundo Silva Júnior (2003) em muitas áreas de ocorrência natural da mangabeira tem sido observada sensível erosão genética na espécie, devido à intensa atividade antrópica. O valor dos recursos genéticos de uma espécie, em dada região, está diretamente correlacionado com a magnitude da variabilidade genética disponível. Neste aspecto, informações sobre a estrutura da variabilidade genética de populações constituem uma base essencial para aproveitamento e conservação destes recursos. 26 A variabilidade genética de uma população pode ser estimada de várias formas: por meio de dados moleculares, bioquímicos e, também, por dados morfológicos. Em características com baixa herdabilidade, onde muitos genes estão influenciando a expressão do caráter, os dados morfológicos são menos eficientes, comparado aos dados moleculares e bioquímicos (Almeida, 2003). Entretanto, estimativas com dados morfológicos são utilizados para se detectar variabilidade em estudos iniciais de melhoramento (Almeida, 2003). A caracterização biométrica de frutos e sementes também pode fornecer subsídios importantes para a diferenciação de variações fenotípicas. Cruz et al. (2003) desenvolveram um estudo no município de Iramaia, Bahia, para verificar a variabilidade genética disponível mediante o agrupamento de genótipos de mangaba, para identificação dos mais divergentes, a fim de subsidiar o programa de melhoramento genético da espécie. Esses autores verificaram que os genótipos avaliados possuem ampla variabilidade genética, o que permitiu a formação de oito grupos distintos. Os genótipos que se mantiveram distantes, não fazendo parte de um mesmo grupo, podem ser considerados como promissores nas hibridações artificiais, com a finalidade de incrementar a variabilidade genética entre os caracteres estudados, desde que possuam características desejáveis (Cruz et al., 2003). Silva Junior et al. (2003) estudaram 97 plantas adultas de uma população nativa de mangabeira situada em uma área de preservação no Campo Experimental de Itaporanga, pertencente à Embrapa Tabuleiros Costeiros e localizada no Complexo Estuarino do Rio Vaza-Barris, Município de Itaporanga d’Ajuda, Sergipe. Esses autores concluíram que existe variabilidade genética entre os genótipos avaliados, podendo os mesmos serem utilizados em futuros trabalhos de melhoramento genético. A variabilidade genética detectada na população também permite considerar o Campo Experimental de Itaporanga como importante área para preservação e conservação in situ de mangabeira. Em outro estudo, envolvendo 12 populações de quatro regiões, Rezende et al. (2003) verificaram uma variação significativa entre regiões e entre populações para os caracteres diâmetro do tronco, altura da planta e número de frutos por planta. A diferenciação entre populações não se correlacionou com as distâncias entre elas, mostrando um padrão espacial aleatório. A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba – Emepa-PB, possui o maior banco de germoplasma de H. speciosa do país, instalado em João Pessoa, com 324 acessos, coletados na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte (Aguiar Filho et al., 27 1999). A Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e a Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA) também possuem bancos de germoplasma desta espécie. A formação de mais Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) visando ampliar a variabilidade genética através da coleta de amostras de frutos ou sementes de mangabas nas áreas de diversidade; a multiplicação; a caracterização morfológica, a avaliação quanto à resistência aos principais estresses bióticos e abióticos e a identificação de caracteres de interesse para melhoramento são etapas imprescindíveis para que H. speciosa mude sua condição silvestre para o estado domesticado, objetivando a sua exploração do ponto de vista comercial. 1.3.ASSOCIAÇÃO MICORRÍZICA E SUA IMPORTÂNCIA As plantas têm vários tipos de simbiose micotrófica que surgiram em tempos e eras diferentes, entre diferentes grupos de plantas e fungos. Alguns tipos de micorrizas são similares e compartilham linhagens de plantas, enquanto outras têm características anatômicas altamente distintas e histórias evolutivas separadas (Brundrett, 2002). Micorrizas, portanto, compreende diversas categorias morfológicas, funcionais e evolutivas (Smith e Read, 1997; Brundrett, 2002). Associações micorrízicas têm grandes diferenças nos processos de transferência de nutrientes, especifidade hospedeiro-fungo, etc. Conseqüentemente, o conhecimento obtido de uma categoria de fungo ou planta não pode ser indiscriminadamente aplicado a outros (Brundrett, 2002). O fato que a maioria das plantas hospedeiras beneficia-se substancialmente de associações micorrízicas é um paradigma científico bem estabelecido (Smith e Read, 1997). Processos de troca evoluíram porque ambos os parceiros permitiram liberar a troca por recursos limitantes. As plantas primitivas tinham abundância de compostos de carbono disponíveis. Contudo elas provavelmente foram limitadas pelos nutrientes minerais, devido a seus rizomas grosseiros serem ineficientes na absorção destes. O micobionte (fungo micorrízico) tem uma importante função de órgão absorvente ou sua extensão e, é possível que sua função e sua localização tenham sido influenciadas pelo curso da evolução da planta (fitobionte) (Raina et al., 2000). Provavelmente as primeiras plantas terrestres cresceram em solos que não são mais férteis que os usualmente encontrados hoje, devido à lixiviação e decomposição eficiente de matéria orgânica (Pirozynski e Malloch, 1975; Stubblefield e Taylor, 1988; Taylor e Osborn, 1996). A disponibilidade de nutrientes deve também ter sido muito menor nos 28 solos oxidados da terra seca, comparado aos ambientes aquáticos, onde as primeiras plantas surgiram (Gryndler, 1992). Os primeiros processos de troca entre a planta e o fungo micorrízico provavelmente começaram em uma zona de interface difusa dentro da planta onde certas células do fungo endofítico evoluíram para tornarem-se mais permeáveis (Brundrett, 2002). Provavelmente as associações micorrízicas iniciais foram baseadas na digestão do fungo ou colapso da hifa, antes que os processos de troca mútua evoluíssem. Digestão da hifa ou colapso da hifa não é considerada importante para a transferência de nutrientes em associações balanceadas (Smith e Smith, 1990), mas pode ser importante em plantas heterotróficas (exploitative) que exploram o fungo para obter energia. Nas plantas atuais, isso somente ocorre em algumas orquídeas e associações heterotróficas dentro de órgãos altamente reduzidos, mas esse mecanismo pode ter permitido às primeiras plantas terrestres um uso mais efetivo de seus rizomas grosseiros (Brundrett, 2002). Classificações morfológicas iniciais separaram as micorrizas em associações endomicorrízicas, ectomicorrízicas e ectoendomicorrízicas baseadas na localização relativa do fungo nas raízes (Peyronel et al., 1969). Atualmente reconhece-se que micorrizas arbusculares, ericóides e orquidóides são tipos pouco relacionados de associações “endomicorrízicas” com características anatômicas contrastantes e linhagens de hospedeiros e fungos separadas (Lewis, 1973; Brundrett, 2004). O termo “endomicorriza” é portanto, inválido porque engloba vários tipos de associações filogeneticamente e funcionalmente distantes. Brundrett (2002) reconhece sete tipos de micorrizas, mas vários deles são similares. Brundrett (2004) propõe os seguintes tipos de associações micorrízicas e subcategorias: 1. Micorrizas Arbusculares (MA): Linear e enovelado (“Coiling”), com as seguintes sub-categorias: em contas (“beaded”), córtex interno (“Inner cortex”) e heterotróficas (“Exploitative”). 2. Ectomicorriza: Cortical e Epidérmica (célula de transferência, Monotropóide, Arbutóide). 3. Orquidóide (radicular, caulinar, heterotrófica). 4. Ericóide. 5. Subepidermal. Outros trabalhos que tratam sobre classificação de micorrizas são os de Bhandari e Mukerji (1993); Harley e Smith (1983); Lewis (1975, 1976); Read (1982). 29 Nos trópicos, ectomicorrizas são características de condições marginais, em altas elevações e sobre solos muito pobres (Janzen, 1974). Em regiões temperadas, elas têm sido notadas como eficientes colonizadores sobre resíduos de mineração de antracita onde endótrofos não sobrevivem. Claramente, associações ectomicorrízicas têm valor seletivo em ambientes extremos, talvez por sua função direta em decompor o líter e reciclagem mais especializada e controlada de nutrientes para as plantas. Os micobiontes podem ter a habilidade que falta nos fitobiontes para absorver e utilizar N orgânico (tais como amônia) tomado diretamente de matéria orgânica em decomposição (Raina et al., 2000). Em associações ectomicorrízicas, o ectomicobionte é freqüentemente específico a um ou poucos tipos de fitobiontes. Estes selecionam os micobiontes de acordo com a fase de desenvolvimento, sendo que as plântulas, freqüentemente, têm micobiontes diferentes das plantas estabelecidas, sendo esses micobiontes substituídos quando as plantas tornamse adultas (Bowen e Theodorou, 1973). O fitobionte também seleciona os micobiontes de acordo com as condições ecológicas e possivelmente com as flutuações climáticas, a topografia e o tipo de solo (Meyer, 1973) e tem a capacidade de formar consórcio com uma larga faixa de micobiontes, geralmente simultaneamente (Trappe, 1979; Trappe e Fogel, 1977), evitando a competição direta com outras plantas, o que permite que elas cresçam muito próximas. Há evidência que a simbiose com um micobionte específico pode afetar a fisiologia da planta, por exemplo, aumentando sua tolerância a altas temperaturas do solo (Marx e Brian, 1975) ou sua resistência a patógenos (Marx, 1972). As linhagens de fungos envolvidos em micorrizas endotróficas não possuem, em geral, especifidade de hospedeiro, nem são geograficamente limitadas (Baylis, 1975; Janos, 1975; Tinker, 1975; Malloch et al.,1980), embora elas possam ser correlacionadas com características do solo (Kruckelmann, 1975) e microbiota (Mosse, 1975). Se a associação de um tipo particular de planta com um tipo particular de fungo é relativamente constante, indivíduos diferentes dessa planta podem provavelmente competir entre si (Whittaker e Levin, 1977). Isso pode levar a um espaçamento relativamente grande entre indivíduos em comunidades endotróficas e a uma alta diversidade de plantas. O agrupamento de árvores endomicorrízicas, onde isto ocorre, pode estar ligado com circunstâncias ecológicas excepcionais, tais como solos encharcados (Janzen, 1978). Atualmente, 95% das espécies de plantas são classificadas em famílias que são caracteristicamente micorrízicas, embora o status micorrízico tenha sido examinado somente em cerca de 3% do total de espécies (Smith e Read, 1997). 30 A ampla distribuição geográfica e biológica de FMAs sugere a antiguidade da simbiose micorrízica (Trappe, 1987). Há uma forte relação entre a idade da associação planta-fungo e o grau de dependência dos fungos micorrízicos sobre seus hospedeiros, sendo que todos os fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) e alguns fungos ectomicorrízicos (ECM) são incapazes de crescer independentemente (na natureza ou em cultura axênica), enquanto outras categorias de fungos podem crescer sem as plantas hospedeiras (Brundrett, 2002). Brundrett (2002) define quatro categorias de fungos pelas diferenças em evolução ou pelo conhecimento sobre a fisiologia e ecologia destes organismos: (1) de idade similar a plantas terrestres; (2) de idade similar às angiospermas; (3) recrutados recentemente; ou (4) não coevoluiram com as plantas. Fungos micorrízicos com um alto grau de especifidade de hospedeiro provavelmente seguem a evolução de seus hospedeiros intimamente, enquanto outros evoluem provavelmente muito mais independentemente e em particular, fungos ECM (categoria 2) parecem evoluir mais rapidamente que seus hospedeiros, resultando em uma grande diversidade de taxa de fungos e estruturas radiculares ECM (Brundrett, 2002). A grande incerteza refere-se a fungos formando associação ericóide e orquidóide (categorias 3 e 4) capazes de crescer sem plantas, que provavelmente incluem linhagens de fungos do solo recrutadas recentemente. Algumas espécies de plantas podem continuar a adquirir novas linhagens de fungos (Brundrett, 2002). Muitas linhagens de fungos micorrízicos surgiram de saprófitas com enzimas que podiam penetrar as paredes das células vegetais, tornando-se endófitas. Novos tipos de micorrizas nem sempre resultam da adoção de novas linhagens de fungos, como algumas plantas mico-heterótrofas que exploram fungos ECM ou fungos saprófitas. Fungos micorrízicos de orquídeas podem não se beneficiar da associação com orquídeas e não devem ter coevoluido com as plantas ou formar linhagens separadas de seus parentes saprófitas ou parasitas. A natureza do fungo ericóide é também incerta (Brundrett, 2002). Modelos teóricos de evolução simbiótica são baseados em sistemas animais com transmissão vertical (co-dispersão) que evoluiu de interações parasíticas (Genkai-Kato e Yamamura, 1999). Contudo, estudos filogenéticos mostram que maioria dos fungos micorrízicos não tem ancestrais parasíticos (Brundrett, 2002). 31 1.4. FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (FMAs) Evidências fósseis suportam a existência de micorrizas nas primeiras plantas vasculares que viveram a mais de 400 milhões de anos atrás no Período Devoniano inferior (Simon et al., 1993; Remy et al., 1994). Há registros esporádicos de ocorrência de fungos aparentemente similares em orgãos subterrâneos de plantas do Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico (Raina et al., 2000). Associações MAs (ou algo muito similar) parecem ter mudado muito pouco em centenas de milhões de anos desde que as raízes evoluíram (Brundrett, 2002). Hoje a grande maioria das plantas abriga fungos intracelulares idênticos em suas raízes ou rizomas e parece óbvio que dependência mutualística confere existência independente de cada parceiro improvável ou impossível, especialmente em plantas ancestrais ou primitivas (Raina et al., 2000). Os fungos que formam associações micorrízicas arbusculares (FMAs) (Filo Glomeromycota, ordem Glomales) são considerados primitivos devido a: (1) seus esporos relativamente simples, (2) sua falta de reprodução sexual, (3) número relativamente baixo de espécies, associadas a grande diversidade de plantas (Morton, 1990). Os Glomales consistem de um número de linhagens antigas que podem ter divergido antes ou depois desses primeiros fungos tornarem-se micorrízicos (Redecker et al., 2000 a,b; Schüßler et al., 2001). Contudo eles formam uma linhagem coerente, única, onde diferenças dentro desta são contrastadas com a extensão de separação de outros fungos viventes (Brundrett, 2002). Os Glomales (Glomeromycota) são ainda pouco conhecidos. Falta conhecimento sobre sua genética, ciclo de vida, interações com outros organismos, capacidades para se ajustar a mudanças do solo ou climas, e ainda sobre questões como a definição de indivíduos e espécies (Brundrett, 2002). O padrão de distribuição ubíquo e pangeano (Raina et al., 2000) é explicado pela sua longa história evolutiva. A antiguidade de membros micorrízicos de Glomales é fortemente apoiada pela análise filogenética usando dados de seqüência de DNA de taxa viventes (Brundrett, 2002). Provavelmente o ancestral dos fungos endomicorrízicos foi provavelmente parecido com Glomus (Família Glomaceae) e surgiu na era Paleozóica, possivelmente no tempo do aparecimento das primeiras plantas terrestres (415 m.a. atrás) (Simon et al., 1993). 32 As famílias Acaulosporaceae e Gigasporaceae apareceram mais tarde e divergem das outras no Paleozóico superior, 250 m.a. atrás. A divisão entre Entrophospohora e Acaulospora ocorreu durante o Cretáceo (Simon et al., 1993). Fungos Glomales (Filo Glomeromycota) podem coevoluir lentamente com seus solos mais que com seus hospedeiros, tendo mostrado ajustes à mudança no clima quando da deriva dos continentes, idade do gelo e mudança de pólos (Brundrett, 2002). Talvez devêssemos considerar MA uma estratégia de longo prazo que incorpora uma flexibilidade para enfrentar as condições ambientais presentes e futuras (Brundrett, 2002). Em teoria, micorrizas podem ser definidas por características estruturais e fisiológicas. Contudo na prática, somente observações anatômicas podem realmente ser usadas para designar categorias dessas associações. Arbúsculos são normalmente usados para definir associações MA. Eles podem ser quantificados por observação em microscópio e sua abundância é usualmente correlacionada com o grau de colonização de raízes jovens por fungos MA (McGonigle et al., 1990; Toth et al., 1990). Contudo, arbúsculos são estruturas efêmeras que são frequentemente ausentes ou difíceis de observar (devido à idade da raiz e ao acúmulo de pigmentos) em raízes coletadas em campo (Brundrett et al., 1996). Associações MAs mais velhas podem ser consistentemente identificadas por padrões de ramificação das hifas em plantas hospedeiras. As categorias morfológicas e funcionais de associações formadas por fungos Glomeromycota em órgãos de plantas, encontradas em levantamento de campo, são as seguintes (Brundrett, 2004). (a) MA tipicamente balanceada em órgãos vegetais jovens, colonização de raízes por hifas com distinto padrão de crescimento e arbúsculo (comum). (b) MA balanceadas mais velhas em raízes com padrão de colonização hífica (como em a), mas sem arbúsculos intactos (muito comum). (c) associações endofíticas em raízes e outros órgãos de plantas não hospedeiras, com crescimento difuso de hifas, resultando em colonização esparsa, inconsistente, sem arbúsculos (muito espalhado, esporádico). (d) MA heterotrófica (exploitative) em plantas parcialmente ou totalmente mico-heterotróficas, com colonização intensa de raízes ou caules por hifas especializadas formando padrões distintos, faltando os arbúsculos em alguns casos (incomum e restrito a certas famílias).Vesículas podem estar presentes ou ausentes em todas estas categorias. Gallaud (1905) observou que associações MA em diferentes espécies de plantas apresentam dois tipos morfológicos distintos nomeando-os séries Arum e Paris. Em raízes com MA linear (Série Arum), hifas crescem longitudinalmente ao longo de canais de ar entre as células do córtex, enquanto na Série Paris hifas crescem como “novelos” dentro 33 das células (Brundrett et al., 1996). Esses autores propõem que as categorias Arum and Paris de MA sejam designadas como MAs “linear” e “coiling”, respectivamente. Categorias de associações micorrízicas não são sempre consistentes com os gêneros de plantas e pode haver diferenças fisiológicas entre MAs “linear” e “coiling” (Smith e Smith, 1997). 1.5. ECOLOGIA DOS FMAs Fatores climáticos, especialmente luminosidade e temperatura (Hayman, 1974) podem influenciar a associação micorrízica. A umidade, temperatura, luminosidade e aeração afetam diretamente o fungo micorrízico ou indiretamente a associação, pela interferência no desenvolvimento do hospedeiro (Silveira, 1992). As propriedades edáficas, como acidez, teor de matéria orgânica, disponibilidade de nutrientes, umidade, textura, compactação e aeração influenciam na associação micorrízica (Mosse, 1973; Hayman, 1970; Hayman e Tavares, 1985; Paula e Siqueira, 1987; Siqueira e Franco, 1988; Allen, 1991; Silveira, 1992, 1998). Os nutrientes do solo, especialmente nitrogênio e fósforo, influenciam no estabelecimento da simbiose (Silveira,1992), sendo que a maior taxa de colonização radicular ocorre em solos com baixa disponibilidade de fósforo, diminuindo com o aumento do fósforo (Cardoso et al., 1986; Silveira e Cardoso, 1987). Os fatores bióticos também são elementos moduladores da biologia dos FMA e da associação propriamente dita (Moore et al., 1985). Johnson et al. (2003) mostraram que comunidades microbianas do solo diferem significativamente entre diferentes comunidades de plantas e abundância de FMAs. Igualmente, a captura de recursos pelo hospedeiro pode ser influenciada pelas comunidades microbianas do solo (por exemplo, bactérias fixadoras de nitrogênio) (Rillig, 2004). Distúrbios naturais ou antrópicos podem causar mudanças estruturais importantes no ecossistema. Abbott e Gazey (1994) verificaram que determinadas alterações nas propriedades do solo modificam os padrões de abundância de determinado fungo, em detrimento de outros, durante o processo de formação de micorriza. A presença e diversidade de FMAs podem influenciar a composição da comunidade vegetal (Grime et al., 1987; Gange et al., 1993; van der Heijden et al., 1998, 2002; Hartnett e Wilson, 2002; Klironomos et al., 2000; O’Connor et al., 2002; Stampe e Daehler, 2003; Johnson et al., 2003). 34 A direção e a magnitude do efeito estão relacionadas com a dependência micorrízica das espécies de plantas dominantes e subordinadas de uma comunidade (Urcelay e Díaz, 2003). Por exemplo, se as espécies dominantes competitivamente em uma comunidade são altamente dependentes de micorrizas, então a eliminação da simbiose micorrízica pode aumentar a diversidade (igualdade), porque libera a competição sobre as subordinadas (Rillig, 2004). Propriedades das espécies vegetais com o potencial de influenciar os processos do ecossistema incluem peculiaridades que afetam o uso de recursos (por exemplo, associação com bactérias fixadoras de N, qualidade do líter, rizodeposição, acesso a certas fontes de nutrientes, por exemplo, via micorrizas; Cornelissen et al., 2001). FMAs podem influenciar diretamente ou indiretamente as comunidades microbianas do solo. Há dois principais caminhos pelos quais os FMAs podem provocar mudanças na composição da comunidade microbiana do solo: pelos efeitos diretos do micélio e seus produtos (Andrade et al., 1997; Filion et al., 1999; Marschner e Baumann, 2003) ou pela rizodeposição (Linderman, 1998), desse modo afetando indiretamente a microbiota do solo (Marschner e Baumann, 2003). O micélio intraradical provavelmente tem somente efeitos indiretos sobre os processos do ecossistema (por exemplo, pela modificação da fisiologia do hospedeiro). O micélio extraradical de FMAs pode também influenciar a comunidade do solo e absorção de nutrientes (Rillig, 2004), e contribui para a formação e manutenção da estrutura do solo (Tisdall e Oades, 1982; Miller e Jastrow, 1994, 2000), sendo que essa estrutura influencia virtualmente todos os processos de ciclagem de nutrientes e biota do solo (Diaz-Zorita et al., 2002). Os mecanismos pelos quais as hifas extraradicais de FMA ajudam a estabilizar os agregados do solo ainda não são claramente conhecidos. Supõe-se que tenha uma importante contribuição para a estabilização de macroagregados (>250 μm), onde devem ajudar a estabilizar agregados devido ao entrelaçamento da rede de hifas (mecanismo “string-bag”: Miller e Jastrow, 2000) e pela deposição de material orgânico. Um importante componente do material orgânico contido em ou liberado pelas hifas é a glomalina, uma proteína produzida pelos FMAs (Wright e Upadhyaya, 1996), de natureza bioquímica ainda desconhecida (Rillig, 2004). Mudanças mediadas por FMAs na fisiologia do hospedeiro (individual) e na captura de recursos podem levar a mudanças no ecossistema. Revisões disponíveis a respeito desse tema incluem as de Allen (1991, 1992); Koide (1991); Marschner (1995); 35 Smith e Read (1997); Varma e Hock (1999); Kalpunik e Douds (2000) e van der Heijden e Sanders (2002). A maioria das pesquisas tem se dedicado a função dos FMAs na aquisição de nutrientes minerais pelo hospedeiro (geralmente P). Além da sua função na nutrição da planta, FMAs estão também envolvidos na proteção contra patógenos da raiz (Newsham et al., 1995), melhoria das relações hídricas do hospedeiro incluindo tolerância a seca (Auge, 2001), mediação de efeitos de poluentes (Meharg e Cairney, 2000), resultando freqüentemente, mas nem sempre, em melhoria do crescimento da planta hospedeira e fitness (Johnson et al., 1997; Klironomos, 2003). É tentador assumir que os FMAs não têm especifidade ao hospedeiro (dado o número de hospedeiros potenciais e o número comparativamente pequeno de espécies de FMA descritas, e talvez funcionalmente equivalentes (Rillig, 2004). Recentemente, usando o enfoque molecular da ecologia microbiana, foram encontradas evidências de que a co-ocorrência de hospedeiros associam-se a um subconjunto não randômico da comunidade de FMA do solo (Bever et al., 1996; Vandenkoornhuyse et al., 2003), que espécies isoladas de FMA diferem em um número de características ecofisiológicas (Hart e Reader, 2002), e também diferem em seus efeitos sobre a fisiologia do hospedeiro e crescimento (Klironomos, 2003). Além disso, mudanças temporais podem ocorrer na comunidade de FMAs (Pringle e Bever, 2002). 1.6.EFEITOS DA SIMBIOSE MICORRÍZICA SOBRE O FITNESS DA PLANTA Pesquisas ecológicas sobre micorrizas arbusculares têm historicamente focado ao nível do organismo, onde a função da colonização micorrízica para a fisiologia da planta, crescimento e reprodução tem sido o principal interesse (Rillig, 2004). Os benefícios nutricionais das MAs resultam de interações dinâmicas e complexas entre as raízes e o micélio fúngico moduladas pelo ambiente (Saggin Júnior e Silva, 2005). Esses autores ressaltam o aumento da absorção de vários nutrientes, alterações fisiológicas nas raízes e alterações rizósfericas como alguns dos mecanismos básicos que melhoram a nutrição das plantas. O maior suprimento de nutrientes para a planta deve-se ao aumento da superfície de absorção em contato com o solo e aumento do volume e extensão do solo acessível à planta 36 micorrizada, que normalmente não estão disponíveis para a planta (Rillig, 2004; Saggin Júnior e Silva, 2005). A Colonização da raiz por fungos MA pode protegê-la de fungos parasíticos e nematódeos (Duchesne et al., 1989; Grandmaison et al., 1993; Newsham et al., 1995). O controle de doenças pelos FMAs não ocorre pela indução de resistência (Saggin Júnior e Silva, 2005). Os efeitos mais comuns são o aumento da tolerância das plantas e amenização dos danos provocados por patógenos radiculares (Azcon-Aguilar e Barea, 1996). Ocorre ainda benefícios não-nutricionais devido a mudanças nas relações hídricas, níveis de fitohormônios, assimilação de C, dentre outros (Brundrett, 1991; Smith e Read, 1997). Devido à sua natureza ubíqua, à ausência de especificidade hospedeira e à susceptibilidade generalizada das plantas à micorrização, os FMAs apresentam enorme potencial biotecnológico (Siqueira et al., 2003). De fato, o manejo do potencial de fungos micorrízicos indígenas ou a introdução de novas espécies pode fazer parte de uma abordagem no sentido de proporcionar um sistema de cultivo com ênfase na redução de custos, no manejo integrado de doenças e em variedades adaptadas aos diferentes ecossistemas (Trindade, 1998). Nos trópicos os FMAs são componentes importantes na recuperação de áreas degradadas, especialmente quando se emprega a fitorremediação (Siqueira et al., 2003). Em fruteira, o uso de FMA tem um grande potencial biotecnológico. Segundo Siqueira et al. (2003) o aumento da taxa de micorrização das plantas pode ser conseguido: pela inoculação com isolados fúngicos selecionados; por práticas de manejo seletivo da população fúngica indígena dos solos agrícolas e, mais recentemente, pela aplicação de compostos estimulantes da micorrização. Segundo Trindade (1998) a inoculação na fase de muda é o mais adequado, visto que é possível a produção de inóculo em quantidade suficiente, além de que mudas são normalmente produzidas em substrato isento de fungos MA. Ainda segundo este autor, as fruteiras, de modo geral, apresentam grande potencial de colonização radicular, principalmente aquelas que possuem sistema radicular pouco ramificado e elevada taxa de crescimento. As respostas da inoculação variam de 10% a 800% em aumento da biomassa vegetal (Siqueira e Franco, 1988). No entanto, a aplicação desses fungos em larga escala é ainda muito limitada, principalmente pela falta de inoculante aceito comercialmente. Segundo Siqueira et al. 37 (2003), o estabelecimento de padrões de qualidade de inoculantes, considerando-se aspectos de pureza e sanidade, é essencial para o desenvolvimento comercial desses fungos. Pacotes tecnológicos para aplicações diversas já foram desenvolvidos, como é o caso da inoculação do cafeeiro (Saggin Júnior e Siqueira, 1996), cuja viabilidade técnica já foi demonstrada no Brasil e sua aplicação é concretizada na Colômbia, onde existem várias empresas produtoras de inoculantes. Faz-se necessário ampliar a experimentação, em casa de vegetação e em campo, para obter resultados experimentais conclusivos, para diferentes espécies de interesse agrícola, além da realização de análise da consistência, longevidade e custo/benefício da inoculação. A aplicação dos FMAs como insumo biológico dependerá da produção de inoculantes, manipulação das populações indígenas através de manejo específico e/ou do emprego de produtos estimulantes da micorrização (Siqueira et al., 2003). Saggin Júnior e Silva (2005) ressaltam a grande importância de conhecer quanto a planta de interesse depende desta associação micorrízica para o seu crescimento normal. A dependência micorrízica de algumas espécies já é bem conhecida, como os citros (Menge et al., 1978), o cafeeiro (Saggin Júnior e Siqueira, 1996), algumas variedades de mamão (Trindade, 1998), entretanto a maioria das plantas, principalmente, nativas e com grande potencial econômico, não se conhece o quanto dependem das micorrizas arbusculares (MAs). Este estudo busca ampliar o conhecimento da importância da associação micorrízica para a mangabeira, Hancornia speciosa. 38 1.7.LINHAS GERAIS DESTE TRABALHO O trabalho constou de levantamento de campo e experimentos em condições de casa de vegetação e viveiro, realizados na Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, Bahia, e em Laboratório na Universidade do Estado da Bahia, UNEB, e na Universidade Federal da Bahia, UFBA. Uma curta descrição da estrutura geral deste trabalho é apresentada a seguir: Capítulo I. Referencial Teórico. Revisão bibliográfica sobre Hancornia speciosa Gomez e sobre associação micorrízica arbuscular. Capítulo II. Diversidade e abundância de Fungos Micorrízicos Arbusculares na rizosfera de Hancornia speciosa Gomez (mangabaeira) em duas populações nativas, Bahia, Brasil. Amostras de solo rizosférico e raízes de mangabeiras nativas foram coletadas para análise da diversidade de morfoespécies de esporos de fungos micorrízicos na rizosfera de plantas de duas populações, e sua variação temporal, em quatro períodos do ano, e avaliação da taxa de colonização radicular, bimensalmente, durante um ano. As amostras de solo foram caracterizadas química e fisicamente. Capítulo III. Eficiência micorrízica de fungos micorrízicos arbusculares nativos em Hancornia speciosa Gómez, Apocynaceae. Experimento para testar a eficiência micorrízica de alguns isolados de fungos micorrízicos arbusculares nativos, e avaliação do crescimento e resposta nutricional de mudas de H. speciosa inoculadas com estes fungos. A avaliação da eficiência micorrízica em solo autoclavado testou esporos nativos multiplicados por cultivo armadilha com H. speciosa e um consórcio de Sorghum bicolor L.Moench e Crotalaria juncea L.. Considerações finais Análise geral dos resultados encontrados nos diferentes capítulos e as conclusões deste estudo. 39 1.8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abbott, L. K.; Gazey, C. An ecological view of the formation of VA mycorrhizas. Plant and Soil, v.159, p. 69-78. 1994. Aguiar Filho, S. P. de; Bosco, J.; Araújo, I. A. de. Banco ativo de germoplasma de mangaba no estado da Paraíba. In: Workshop para Curadores de Banco de Germoplasma de Espécies Frutíferas, 1997, Brasília. Anais... Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, p. 156-159. 1999. Allen, M. F. 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Para tanto, foram coletados solos rizosféricos em uma área de tabuleiro, vegetação com fisionomia semelhante à savana arbórea aberta, próximo ao município de Alagoinhas, Bahia (12°08’ S e 38°26’ W), a 150 m, relevo plano a suavemente ondulado, clima úmido a subúmido, solos predominantemente ácidos, classificados como podzólico vermelho-amarelo álico, de baixa fertilidade, e uma área com vegetação de fisionomia semelhante às restingas arbustivas, 12°30’ e 12°32’ S e entre 41°23 e 41°27’ W, a 5 km do Município de Lençóis, a 450 m de altitude, clima tropical semi-úmido, solos de areias quartzozas, pouco desenvolvidos, profundos, excessivamente drenados. Foram coletados solos rizosféricos nos períodos seco e chuvoso nos dois locais de estudo. Os esporos de FMAs foram extraídos por peneiramento úmido e centrifugação em sacarose, sendo posteriormente montados em lâminas, para caracterização das morfoespécies. A contagem do número de esporos foi realizada em placa canaletada. A diversidade de espécies foi avaliada nos diferentes períodos de amostragem, e também antes e após cultivo com a própria mangabeira e com um consórcio de Sorghum bicolor L. Moench e Crotalaria juncea L.. O número de esporos foi sempre maior no solo de Lençóis do que em Alagoinhas. Em Lençóis houve uma variação significativa no número de esporos entre os períodos estudados. Em Alagoinhas não foi encontrada nenhuma variação significativa. Não foi encontrada correlação significativa entre o número de esporos e pluviosidade no período estudado (r s=0,1957, p=0,6423). Neste estudo não foi encontrada correlação entre o número de esporos e pH do solo. A correlação entre número de esporos e teor de fósforo foi positiva somente em janeiro de 2005 em Alagoinhas (rs= 0,6335, p=0,0492). Os teores de alumínio no solo correlacionaram-se negativamente com o número de esporos em Lençóis. Não foi encontrada correlação significativa entre número de esporos e taxa de colonização radicular em H. 50 speciosa Gomez. A taxa de colonização radicular foi sempre alta (maior que 60%) em todos os períodos estudados, nos dois locais de estudo. Houve uma correlação significativa (negativa) entre Temperatura Média e Temperatura Mínima e taxa de colonização radicular. As espécies de FMA de maior freqüência e abundância foram Gl. etunicatum Becker & Gerdemann em Lençóis, e Gl. etunicatum, Gl. macrocarpum Tulasne & Tulasne e Gl. aff deserticola Trappe, Bloss & Menge em Alagoinhas, com Índice de Constância de 90 a 100% nos dois locais, e Abundância Relativa acima de 10% do número de esporos. Essas espécies confirmam a condição micotrófica e podem estar participando mais efetivamente da colonização radicular. A riqueza de espécies e valores de equitatividade foram maiores em Alagoinhas do que em Lençóis, representando comunidades mais uniformes. A similaridade entre as duas áreas variou de 76 a 83% nos diferentes períodos. A mudança na composição de espécies de FMAs após cultivo não foi significativa. Houve mudanças apenas na representatividade das espécies em termos de número de esporos. A composição de espécies de FMAs nos solos de campo foram muito similares aquela após cultivo com as diferentes plantas-multiplicadoras. A espécie Glomus etunicatum apresentou uma boa esporulação usando a mangaba como planta multiplicadora. O número de esporos foi superior ao Número de Propágulos Infectivos (NPI) apenas em Lençóis. Palavras chave: fungos micorrízicos arbusculares, diversidade, abundância, Hancornia speciosa Gomez, Apocynaceae, cultivo armadilha. 51 ABSTRACT The present study aimed to evaluate and compare the diversity, abundance and frequency of AMF species in the rhizosphere of Hancornia speciosa Gomez trees in two wild populations, and to investigate the influence of the environmental variables on the AMF species abundance in both study sites. Sampling was performed in two sites. The first one, a “tabuleiro” area, presented a vegetation physiognomic similar to an open tree savanna, near to Alagoinhas, Bahia (12°08’ - 12°15’ S and 38°23’ - 38°30’ W). This site is 150 m high, with a plain to slightly plain relief, and wet to sub-humid climate, soils mostly acid, red-yellow alic podzols, of low fertility. The other study site was an area with a vegetation alike the shruby “restingas” (12°30’ - 12°32’ S and 41°23 - 41°27’ W), 5 km far from Lençóis, 450 m high, with a tropical semi-wet climate and quartz sand soils, little developed, deep and excessively drained. Rhizosphere soil was sampled in the dry and rainy season in both study sites. AMF spores were extracted by wet sieving and centrifugation in sucrose, and prepared in microscopic slides to morphospecies characterization. Spore numbers counting were performed with the aid of a plate. Species diversity was assessed in the different sampling periods as well as before and after culturing with H. speciosa seedlings and with a mixture of Sorghum bicolor L. Moench e Crotalaria juncea L. Spore numbers were always higher in soils from Lençóis than from Alagoinhas. In Lençóis a significantly variation in spore numbers between the sampling periods was found, but not in Alagoinhas. No significantly correlation between spore numbers and rainfall within the sampling period was found (rs = 0.1957, p = 0.6423). In the present study no correlation between spore numbers and soil pH was found. Correlation between spore numbers and soil phosphor content was positive only in January 2005, in Alagoinhas (rs = 0.6335, p = 0.0492). Aluminum soil levels were negatively correlated with spore numbers in Lençóis. No significantly correlation was found between spore numbers and root colonization rate in H. speciosa trees. Root colonization rate was always high (higher than 60%) in all periods, in both sites. A significantly negative correlation between mean temperature and minimum temperature and the root colonization rate was also found. Most frequent and abundant AMF species were Gl. etunicatum Becker & Gerdemann in Lençóis, and Gl. etunicatum, Gl. macrocarpum Tulasne & Tulasne e Gl. aff deserticola Trappe, Bloss & Menge in Alagoinhas, with a Constancy Index of 90 to 100% in both sites, and Relative Abundance above 10% of spore numbers. These species confirm the mycotrophic condition and may have a more important role on the root colonization. Species 52 richness and equitativity were higher in Alagoinhas than in Lençóis, representing more uniform communities. Similarity between both sites varied from 76 to 83% in the different sampling periods. AMF species composition changes after culturing were not significantly. Only changes in the species spore numbers were observed. AMF species composition in field soils was very similar to the results obtained after culturing with the different trap plants used. Glomus etunicatum presented high sporulation when using H. speciosa as trap plant. Spore numbers was higher than the Most Probable Number (MPN) only in Lençóis. Keywords: arbuscular mycorhízal fungi, diversity, abundance, Hancornia speciosa Gomez, Apocynaceae, trap culture. 53 2.1. INTRODUÇÃO Há menos de 200 espécies descritas de fungos que formam Micorrizas Arbusculares (MAs) (Blaszkowski, 2007), sendo que este número deve aumentar, pois a cada levantamento realizado, novos tipos morfológicos de esporos são encontrados. Em 2001, Schüßler et al. propuseram novo arranjo filogenético para os FMAs, inserindo-os em um novo Filo (Glomeromycota), e criaram uma nova família (Diversisporaceae). No entanto, a classificação a nível específico ainda não está consolidada, como mostram os trabalhos de Oehl e Sieverding (2004), Walker et al., (2004) e Walker e Schüßler (2004), que propõem novas alterações para a classificação filogenética dos FMAs. A classificação mais recente, apresentada abaixo, é a de Schüßler et al., (2001) com emendas de Oehl e Sieverding (2004), Sieverding e Oehl (2006), Spain et al., (2006), e Walker e Schüßler (2004). De acordo com estas proposições, há um Filo - Glomeromycota C. Walker & Schüßler e uma classe – Glomeromycetes Cavalier Smith (Schüßler et al., 2001). Neste sistema de classificação contém quatro ordens: Archaeosporales C. Walker & Schüßler, Diversisporales C. Walker & Schüßler, Glomerales Morton & benny, e Paraglomerales C. Walker & Schüßler. A ordem Archaeosporales contém duas famílias, Archaeosporaceae com os gêneros Appendicispora, Archaeospora e Intraspora, e Geosiphonaceae com o gênero Geosiphon. A ordem Diversisporales é representada por cinco famílias, Diversisporaceae com o gênero Diversispora, Acaulosporaceae com os gêneros Acaulospora e Kuklospora, Entrophosporaceae com o gênero Entrophospora, Gigasporaceae com os gêneros Gigaspora e Scutellospora, e a família Pacisporaceae com o gênero Pacispora. A ordem Glomerales inclui uma família – Glomeraceae e um gênero – Glomus. A ordem Paraglomales é representada por uma família – Paraglomeraceae, contendo um gênero – Paraglomus. No presente trabalho, adotou-se a classificação proposta por Morton e Redecker (2001), onde a Ordem Glomerales possui sete gêneros: Archaeospora (Archaeosporaceae), Paraglomus (Paraglomaceae), Acaulospora e Entrophospora (Acaulosporaceae), Gigaspora e Scutellospora (Gigasporaceae), Glomus (Glomaceae). As chaves de classificação para as espécies de FMAs de Morton (1988) e Schenck e Pérez (1988), usadas mais comumente, evidenciam características como a ontogenia, tamanho, coloração e constituição das paredes dos esporos, tipo de hifa esporógena, tamanho 54 e forma das células auxiliares, baseando-se exclusivamente em caracteres morfológicos. Número e tipo de camadas das paredes dos esporos, espessura, pigmentação, ornamentação e reações histoquímicas são outras características usadas para a identificação dos FMAs. Estes aspectos são discutidos nos trabalhos de Walker (1983), Bentivenga e Morton (1994), e Morton et al. (1996), dentre outros. Barbosa (2004) traz uma revisão dos estudos realizados onde espécies novas de FMAs foram descritas a partir de coletas realizadas no Brasil, como Glomus brasilianum (Spain e Miranda, 1996a), a espécie-tipo do gênero Paraglomus (P. brasilianum) (Spain & Miranda) Morton & Redecker (Morton e Redecker, 2001), Gigaspora ramisporophora Spain, Sieverd & Schenck (Spain et al., 1989), Scutellospora cerradensis Spain & Miranda (Spain e Miranda, 1996b), Scutellospora scutata Walker & Dieder (Walker e Diederichs, 1989) e Scutellospora rubra Stürmer & Morton (Stürmer e Morton, 1999). No Nordeste, Yano Melo et al., (1998) realizaram um levantamento de FMAs na rizosfera de Angico (Anadenanthera macrocarpa), Aroeira (Myracrodum urundeuva) e Jurema (Mimosa hostilis) em áreas de caatinga, em Pernambuco. Santos et al., (2000) estudaram micorrizas em monocotiledôneas, das subclasses Alismatidae, Arecidae e Zingiberidae, em Pernambuco. Silva et al., (2001) estudaram a ocorrência de espécies de FMAs em Commelinidae (Liliopsida), em Pernambuco. Silva et al., (2006) avaliaram a diversidade de FMAs em áreas cultivadas com Leucena e Sabiá no Estado de Pernambuco. Landim (2003) avaliou a colonização micorrízica em plântulas e árvores e a distribuição espacial de inóculo micorrízico, em remanescentes de Mata Atlântica, Sergipe, e concluiu que a riqueza de espécies de esporos de FMA e níveis de colonização de raízes foram mais altos nas camadas superiores do solo, chamando atenção para o fato de que a retirada da camada superficial do solo removerá também o inóculo de FMA nativo, sendo este importante para o crescimento e a sobrevivência vegetal. Na Bahia, Weber e Oliveira (1994) avaliaram a ocorrência de FMAs em citros nos estados da Bahia e Sergipe. Santos et al. (2002) avaliaram a ocorrência de micorrizas em plântulas de Eucaliptos no litoral norte da Bahia, e Trindade et al. (2006) trabalharam com plantas comerciais de mamoeiro no oeste e sul do estado. Santos et al., (1995) determinaram a colonização radicular e a densidade de esporos em 26 espécies de plantas da APA das Lagoas e Dunas do Abaeté. Santos (2001) avaliou a colonização micorrízica e a diversidade de espécies de FMAs em solos de mata de eucaliptos e em remanescentes de Mata Atlântica do Litoral Norte do 55 Estado, concluindo que estes ambientes apresentaram muitas espécies de FMAs em comum, com similaridade elevada, sendo que o número de espécies variou de 10 a 21. Araújo et al., (2003), estudando a ocorrência de FMAs e a densidade de esporos na rizosfera de espécies da família Melastomaceae (Miconia albicans (Sw.) Triana, Miconia ciliata (L. C. Rich.) DC. e Clidemia hirta (L.) D. Don)) que apresentavam alta freqüência no Parque Metropolitano de Pituaçu,.encontraram um número de esporos, variando de 52 a 132 esporos/ 100 grama de solo e uma taxa de colonização radicular de 28% a 68%. Araújo et al., (2004), investigando MAs em plantações de Eucalyptus cloeziana F. Muell em seis municípios do litoral norte, Bahia, encontraram que a taxa de colonização variava de 10 a 96,6% e a densidade média de esporos foi de 110 esporos / 50 cm3 de solo. Barbosa (2004) avaliou e comparou a diversidade de espécies de FMAs em plantações de eucaliptos e em Mata Atlântica e verificou a existência de correlação entre o número total de esporos e a temperatura e umidade do ar, pH, matéria orgânica, bem como teores de fósforo, potássio e magnésio. A espécie mais abundante (54,43%) e freqüente (100%) foi G. macrocarpum Tulasne & Tulasne. A ocorrência natural de FMAs em fruteiras e os benefícios promovidos por esses fungos em mudas pré-inoculadas têm sido mencionados para aceroleiras (Costa et al., 2001), maracujazeiros amarelos (Cavalcante et al., 2002a; Cavalcante et al., 2002b), macieiras (Locatelli et al., 2002), bananeiras (Declerck et al., 1995, 2002; Yano-Melo et al., 1999, 2003; Trindade et al., 2003), mamoeiros (Auler, 1995; Trindade , 1998; Trindade et al., 2001), Citros (Weber e Oliveira, 1994; Graham, 1986, Oliveira et al., 1995; Rego et al., 2004); cafeeiros (Colozzi-Filho e Siqueira, 1986; Colozzi-Filho et al., 1994; Saggin-Júnior et al., 1994, 1995; Saggin Júnior e Siqueira, 1996), videiras (Paron e Morgado, 1996). De forma geral, estes trabalhos mostram resultados promissores, dependendo da combinação FMA x planta. A espécie escolhida para estudo, a mangabeira, Hancornia speciosa Gomez, Apocynaceae, é uma planta decídua, heliófita, xerófita, nativa de regiões de clima tropical, ocorrendo, sobretudo, em áreas de vegetação aberta (cerrados, cerradões, tabuleiros e restingas), com temperatura média ideal entre 24° e 26°C, embora se encontre em zonas com temperaturas mínimas e máximas de 15° e 43°C, respectivamente (Silva Júnior et al., 2003). É encontrada em várias altitudes, desde o nível do mar até em áreas com 1.500 m. A pluviosidade ideal pode estar entre 750 e 1.600 mm anuais, sendo esta espécie tolerante a períodos de déficit hídrico (Silva Júnior et al., 2003). 56 Nos locais de ocorrência natural da mangabeira, nota-se a predominância de solos ácidos, com baixa disponibilidade de fósforo e de bases trocáveis (Espíndola e Ferreira, 2003), de textura arenosa, predominantes da região de Cerrados, Tabuleiros Costeiros e Baixada Litorânea, indo desde os neossolos quartzarênicos (areias quartzosas) até os argissolos e latossolos (Wisniewski e Melo, 1982; Lederman et al., 2000). Em relação à ocorrência de FMAs na rizosfera de mangabeiras pouco se conhece. Um dos trabalhos pioneiros foi realizado por Maia et al., (2003) citando as espécies Acaulospora foveata Trappe e Janos, A. longula Spain e Schenck, A. mellea Spain e Schenck, A. scrobiculata Trappe, A. tuberculata Janos e Trappe, Archaeospora leptoticha (Schenck e Smith) Morton e Redecker, Entrophospora colombiana Spain e Schenck, Gigaspora gigantea (Nicolson e Gerdemann) Gerdemann e Trappe, Glomus etunicatum Becker e Gerdemann, G. fuegianum (Spegazzini) Trappe e Gerdemann (primeira referência para o Brasil), G. glomerulatum Sieverding, G. macrocarpum Tulasne e Tulasne, Glomus sp, como possivelmente associadas à mangabeira. Algumas das espécies encontradas por Maia et al., (2003), como Acaulospora mellea, A. scrobiculata, A. tuberculata, Entrophospora colombiana, Gigaspora gigantea e Glomus etunicatum, haviam sido anteriormente citadas por Miranda e Miranda (1997) em levantamento de FMAs em área de cerrado, tipo de vegetação à qual a mangabeira está, também, associada. Ainda investigando a associação micorrízica em mangabeiras, destacam-se os trabalhos de Costa et al., (2002), Andrade et al., (1999) e Lemos et al., (1997). A associação micorrízica beneficiou a planta, com maior incremento na biomassa seca da parte aérea e na área foliar (Costa et al., 2002). Pelos estudos realizados até o momento, conclui-se que as mangabeiras podem ser encontradas naturalmente em simbiose com FMAs. Experimentos realizados em casa de vegetação com essa fruteira demonstraram que a associação com FMAs proporciona benefícios no seu desenvolvimento, reduzindo o tempo de produção de mudas, principalmente quando o solo é previamente desinfestado. 57 2.1.1. OBJETIVOS O presente estudo teve por objetivos avaliar e comparar a diversidade, abundância e freqüência de espécies de FMAs na rizosfera de mangabeiras de duas populações nativas, nos períodos seco e chuvoso, e investigar a influência das variáveis ambientais sobre a abundância das espécies de FMAs nos dois locais de estudo. 58 2.2. MATERIAL E MÉTODOS 2.2.1. ÁREAS DE ESTUDO Os estudos foram realizados em duas áreas de ocorrência natural da mangabeira (Figura 2.1): (Área 1) situada dentro da APA Marimbús-Iraquara, Serra do Sincorá, borda leste da Chapada Diamantina, localizada entre as coordenadas geográficas 12º30' - 12º32' S e 41º23' - 41º27 'W, a 450m de altitude, a 5 Km da sede do município de Lençóis (Figura 2.2). (Área 2) área de tabuleiro, a 4,7 Km da sede do município de Alagoinhas, Bahia, Brasil, localizado entre as coordenadas 12°08’ - 12°15’ S e 38°23’ - 38°30’ W, a 150 m de altitude (Figura 2.3). Geologicamente, a área situa-se na Bacia do Recôncavo com sedimentos da Formação Marizal do Cretáceo Inferior, constituída por arenitos, folhelhos e conglomerados que recobrem o embasamento cristalino (RADAMBRASIL, 1981). O clima da área 1 é caracterizado como tropical semi-úmido, segundo a classificação de Köppen, com verão chuvoso e inverno seco (Ayoade, 1986). A temperatura máxima é de 29,8° C e mínima de 19,2° C (SEI, 2007). A precipitação média anual é de 1.236 mm (RADAMBRASIL, 1981). O regime de chuvas na região tem um máximo predominante no verão (novembro, dezembro e janeiro) e um máximo secundário em março-abril, devido à existência de dois sistemas de circulação de ar, um de origem continental (massa Equatorial Continental) e outro do litoral (correntes de W-NW) (RADAMBRASIL, 1981). A barreira física representada pela Serra do Sincorá provoca chuvas orográficas, freqüentes na região. Nos meses de inverno (maio–agosto), sob a influência do Atlântico Sul, as chuvas diminuem formando uma estação marcadamente seca de agosto a novembro (RADAMBRASIL, 1981). O clima da área 2 é úmido a subúmido, do tipo Cwa, segundo a classificação de Köppen. A temperatura máxima de 27,6° C e mínima de 18,6° C (SEI, 2007). A precipitação média anual é de 1.234 mm, com um máximo predominante no inverno (maio a julho). 59 46˚ 44˚ 42 ˚ 40˚ 38˚ 9˚ 9˚ 11˚ BAHIA 11˚ Alagoinhas Lençóis 13˚ 13˚ 15˚ 15˚ 17˚ 17º 46 ˚ 44 ˚ 42 ˚ 40 ˚ 38˚ Figura 2.1. Mapa do Estado da Bahia, Brasil, mostrando as duas regiões estudadas em laranja. Fonte: SEI. 2007. 60 8616000 Capitinga 8612000 Rio São José Rio Santo Antônio Rio Lençóis Bom Despacho 8608000 Rio Ribeirão 8604000 236000 240000 244000 248000 Figura 2.2. Mapa do Município de Lençóis, Bahia, evidenciando a área de estudo (Capitinga), indicada com um círculo. Fonte: Folha Topográfica. Escala 1:100.000. SUDENE. 1976. Recorte ampliado com escala aproximada de 1:80.000. 61 8664000 8660000 8656000 EBDA UNEB 556000 560000 564000 8648000 572000 Figura 2.3. Mapa do Município de Alagoinhas, Bahia, evidenciando a área de estudo (Calú) indicada com um círculo. Fonte: Folha Topográfica. Escala 1:100.000. IBGE. 1967. Recorte ampliado com escala aproximada de 1:80.000. 62 A precipitação pluviométrica reveste-se de grande importância na caracterização climática das áreas em estudo. O balanço hídrico, segundo Thornthwaite e Mather (1955), mostra a variação do armazenamento, retirada e reposição de água no solo. As Figuras 2.4 e 2.5 mostram o balanço hídrico em Lençóis e Alagoinhas, respectivamente. Em Lençóis um excedente de água ocorre nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril, seguindo-se um período de retirada de água do solo de maio a setembro, e meses de reposição desta água (novembro e dezembro) (RADAMBRASIL, 1981), um ciclo em que após o excedente começa a retirada e, consequentemente, deficiência, seguida de reposição e novamente excedente (Figura 2.4). Em Alagoinhas um déficit de água ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e março, seguindo-se um período de reposição de água no solo de abril a junho, e meses de excesso desta água (abril a agosto), um ciclo em que após o excedente começa a retirada e, consequentemente, deficiência, de outubro a março (Figura 2.5). A área 1 apresenta relevo plano, pouco ondulado e solos pouco desenvolvidos, profundos, excessivamente drenados e constituídos predominantemente de matérias quartzozas (RADAMBRASIL, 1981), distróficas, apresentando baixa fertilidade natural, baixa capacidade de retenção de água e pouca matéria orgânica. A área 2, próximo a cidade de Alagoinhas, posiciona-se numa depressão com assoalho plano, compreendendo vales, ligado aos residuais do tabuleiro por rampas arenosas coluviais convergentes (RADAMBRASIL, 1981). Os solos são predominantemente ácidos, contendo detritos de canga, areias e argilas de decomposição dos sedimentos cretáceos e da formação Barreiras, classificado como podzólico vermelho-amarelo álico, de baixa fertilidade, necessitando de adubação e correção da acidez trocável (RADAMBRASIL, 1981). Informações florísticas para a área 1 foram obtidas dos estudos de Rocha e Funch (2000, 2001) e Rocha (2004) que caracterizaram a vegetação herbáceo-arbustiva com fisionomia semelhante às restingas arbustivas, sensu Veloso et al. (1991), recebendo o termo regional de “Capitinga”. A vegetação apresenta indivíduos baixos agrupados em moitas densas e intricadas de Syagrus harleyi Glassman, Calliandra lutea Barneby, Anacardium humile Engl., Andira humilis Mart. e Stephanocereus luetzelburgii (Vampel) N.P.Taylor e Eggli e moitas formadas unicamente por Vellozia dasypus Seub. (Rocha e Funch, 2000, 2001; Rocha, 2004). A Figura 2.6. mostra o aspecto geral da vegetação na área. A vegetação presente na área 2 caracteriza-se por apresentar uma estrutura composta por árvores baixas, geralmente raquíticas, com altura em torno de 5 m, esparsamente 63 distribuídas sobre um contínuo tapete gramíneo-lenhoso, com fisionomia semelhante à savana arbórea aberta (RADAMBRASIL, 1981). Informações florísticas para a área foram obtidas do RADAMBRASIL (1981), sendo as espécies mais comuns: Curatella americana L., Bowdichia virgilioides H.B.K., Kielmeyera rugosa Choisy, Himatanthus obovata (muell. Arg.) Woods. Ocorrem nesta área, ainda, arbustos diversos como Miconia spp, Myrcia spp e Hancornia speciosa Gomez (arvoreta). A Figura 2.7. mostra o aspecto da vegetação na área. 64 Localidade: LENCOIS-BA Latitude: 12° 34' S Período 1931 à 1960 Altitude (m): 438.74 Longitude: 41° 23' W Período 1961 à 1990 Figura 2.4. Lençóis, Balanço hídrico. Fonte: INMET. http://www.inmet.gov.br. 2007. 65 Localidade: ALAGOINHAS-BA Latitude: 12° 17' S Período 1931 à 1960 Altitude (m): 130.92 Longitude: 38° 33' W Período 1961 à 1990 Figura 2.5. Alagoinhas, Balanço hídrico. Fonte: INMET. http://www.inmet.gov.br. 2007. 66 A B D C E Figura 2.6. Aspecto geral da Capitinga mostrando a fisionomia semelhante às restingas arbustivas (A, B, C, D, E). Em detalhe árvores de mangabeira (C, D e E). 67 A B C D E Figura 2.7. Aspecto geral da área de estudo mostrando sua fisionomia savânica (A, B,C), moitas mais densas de indivíduos de mangabeiras (D), e arvoretas de mangaba (D, E). (A) 68 2.2.2. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL Cada local foi representado por 10 unidades amostrais (rizosferas de mangabeiras), escolhidas aleatoriamente, ao longo de transectos. As amostras foram coletadas em quatro épocas ao longo dos anos de 2004 e 2005, abrangendo períodos de maior precipitação, março de 2004 (249,4 mm) e janeiro de 2005 (145,8mm) e mais secos, julho (27,6 mm) e setembro de 2004 (3,2 mm), em Lençóis. Em Alagoinhas, as coletas em períodos de maior precipitação foram realizadas em julho de 2004 (86,8 mm) e janeiro de 2005 (156,8 mm), e em períodos mais secos, março (32,6 mm) e setembro (48,0 mm) de 2004. 2.2.3. DADOS CLIMÁTICOS Os dados das variáveis meteorológicas foram obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), da estação localizada na cidade de Lençóis (Estação – 83242), 12º 34’ 00’’S e 41º 23’ 00’’ W, 439 m altitude, e da estação pertencente a COPENER Florestal Ltda. (Estação Aramari próximo 15 Km do Município de Alagoinhas), 12º 01’ 26’’S e 38º 29’ 58’’ W, 330 m altitude. 2.2.4. AMOSTRAGEM DO SOLO Em cada ponto de amostragem foram coletados aproximadamente 500 g de solo (5-20 cm de profundidade), próximo a raízes de mangabeiras, nos períodos seco e chuvoso. As amostras de solo, após secagem em temperatura ambiente, foram guardadas em câmara refrigerada, a 7ºC de temperatura, até avaliação da fertilidade do solo e extração e contagem do número de esporos. 2.2.5. EXTRAÇÃO DOS ESPOROS E MONTAGEM DAS LÂMINAS A extração dos esporos de FMA foi feita a partir de 50 g de solo seco de cada amostra, com duas repetições, segundo a técnica de decantação e peneiramento por via úmida (Gedermann e Nicolson, 1963), utilizando-se peneiras com abertura de malhas de 125 e 45 µm, combinada à técnica de centrifugação em solução de sacarose a 50% (Coolen, 1979; Jenkins, 1964). 69 A contagem do número de esporos foi realizada em placa canaletada. Foram preparadas lâminas permanentes seguindo as recomendações do International Culture Colletion of Arbuscular Mycorrhizal Fungi (URL:htpp://www.invam.caf.wvu.edu). 2.2.6. IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE FMA Os esporos foram medidos e fotografados com o auxílio de um microscópio óptico, com ocular micrométrica e câmara fotográfica acoplados, e suas características anotadas (tamanho, coloração, constituição da parede, presença de cicatrizes, poros, estruturas de germinação dos esporos), além do tipo de hifa esporógena. A caracterização das morfoespécies foi realizada utilizando-se o manual de Schenck e Pérez (1988), Trufem (1988), Carrenho (1998) e pelas descrições fornecidas pelo websites (URL:htpp://www.invam.caf.wvu.edu e URL:http:/www.agro.ar.szczecin.pl/~jblaszkowski/). 2.2.7. AVALIAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE FMAs USANDO DIFERENTES PLANTAS ARMADILHAS Neste estudo foi utilizado o cultivo armadilha para investigar a ocorrência de espécies de FMA. Este procedimento, similar aquele usado por Morton et al. (1993), é usado para iniciar cultura de fungos MA em vasos, e, geralmente, contém esporos mais viáveis que solos de campo dos quais são derivados. Frequentemente resulta em cultura mista que pode ser posteriormente purificada pela identificação e separação de esporos de diferentes fungos. A multiplicação dos esporos foi feita em vasos de 1 Kg de capacidade, contendo solo coletado na rizosfera de 20 plantas nativas de mangaba, com 3 repetições de cada amostra. A textura arenosa dos solos de campo estudados são favoráveis ao desenvolvimento dos esporos. Utilizou-se dois sistemas de cultivo-armadilha: plântulas (mudas pré-germinadas) de mangabeira e uma consorciação de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) e crotalaria (Crotalaria juncea L.). O solo foi coletado no mês de março de 2004. Utilizou-se areia (autoclavada e lavada) na parte inferior do vaso (100 g) e na parte superior (40 g) para cobrir o vaso, com os objetivos de melhorar a drenagem e evitar a contaminação, respectivamente. Nutrientes foram fornecidos pela aplicação de solução de Hoagland isenta de fósforo (15 ml) uma vez por semana. A irrigação foi feita diariamente, evitando-se encharcar o solo. Após 4 meses do plantio do consórcio (Sorghum bicolor L. Moench e Crotalaria juncea L.), e 8 meses do plantio das mudas de mangabeira, fez-se uma poda da porção aérea das plantas, as 70 quais foram submetidas a um estresse hídrico durante uma semana para estimular a esporulação dos FMA. Ao final, o solo do vaso foi coletado, seco ao ar e armazenado em câmara frigorífica a 7º C, até a extração dos esporos. Após extração, os esporos foram contados considerando a abundância relativa de cada morfoespécie em cada tratamento. *Solução de Hoagland: Soluções estoque: FeSO4 0,1 gL-1, KNO3 101,11 gL-1 H2O, Ca(NO3).4H2O 236,2 gL-1 H20, MgSO4.7H2O 246,5 gL-1 H2O, ácido tartárico 0,1 gL-1. Em outro frasco acrescentar a 1 litro de H2O, 0,572 g de H3BO3, 0,362 g de MnCl2.4H2O, 0,044 g de ZnSO4, 0,016 g de CuSO4.5H2O e 0,018 g de H2MoO4.4H2O. 2.2.8. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE INFECTIVIDADE ATRAVÉS DO NMP (NÚMERO MAIS PROVÁVEL) Empregou-se a técnica do NMP para estimar a densidade de propágulos infectivos (esporos, micélio extrarradicular e fragmentos de raízes colonizadas) de FMAs presentes no solo nativo de Alagoinhas e Lençóis. Esta técnica foi idealizada por McCrady (1915) para estimar densidade da população microbiana em tubos de fermentação e, desde então, vem sendo utilizada para estimar a densidade de vários microorganismos, sendo necessárias, em tais casos, algumas modificações na técnica original. De forma pioneira, Porter (1979) empregou a técnica do NMP para estimar o Número de propágulos Infectivos (NPI) de fungos micorrízicos arbusculares. Neste estudo foi utilizada a análise baseada na colonização micorrízica (Porter, 1979). Para montagem da parte experimental seguiu-se as recomendações de Souza e Guerra (1998). O solo teste foi coletado nas duas áreas de estudo, no período chuvoso e seco, com quatro repetições. Utilizou-se o solo do próprio local como diluente e na composição do bioensaio, para tanto as amostras foram peneiradas usando peneiras com malha de 4 mm, autoclavadas por 2h a 120°C a 1 atm, em dois dias consecutivos, para servir como diluente. Para cada amostra de solo foram feitas diluições até proceder a diluição 4 -8, com quatro repetições. Em tubetes com capacidade para 280 ml, com tampão de algodão na extremidade inferior, foram colocados 100 g de solo autoclavado. A esta foram adicionados 120 g da diluição (INÓCULO), e uma nova camada de 40 ml de substrato autoclavado. Em seguida foram semeadas 10 sementes de braquiária e sobre estas adicionada uma camada de 20 g de areia lavada e autoclavada. 71 Após a emergência das plântulas foi realizado o desbaste, deixando 3 plântulas por vaso. Os tubetes foram irrigados com água destilada, duas vezes ao dia. Procedeu-se a adubação com uma solução nutritiva de Hoagland isenta de fósforo, quinzenalmente; o P foi fornecido apenas uma vez por mês. Foi incluído um controle positivo (solo nativo não autoclavado) e um controle negativo (apenas solo autoclavado). O experimento foi mantido em casa de vegetação. As raízes foram coletadas após 8 semanas, depois de suspender a irrigação uma semana antes. As raízes foram coradas segundo a técnica de Phillips e Hayman (1970) e observadas ao microscópio para verificar a presença ou não da colonização micorrízica. A colonização foi considerada positiva quando a raiz apresentava uma das estruturas: hifas, arbúsculos, vesículas ou esporos. Para cálculo do NMP foi usada a equação de Sieverding (1991): modificada por Souza e Guerra (1998): Log Ώ = x loga – K Onde Ώ é o número de propágulos infectivos, x é a média do número de tubetes com colonização positiva. Assim, x = número de tubetes positivos/ número de repetições por diluição. y = s – x, onde y é necessário para definir o valor de K na Tabela de Fisher e Yates (1971); s é o número de diluições; a é o fator de diluição; K é encontrado na Tabela de Fisher e Yates (1971) para os valores determinados de x e y. 2.2.9. AVALIAÇÃO DA COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA EM H. speciosa GOMEZ Para avaliação da colonização micorrízica foram coletadas amostras de raízes finas de 10 árvores de mangabeiras, nos quatro quadrantes sob a área da copa. Para avaliação do efeito sazonal do ambiente sobre a intensidade de colonização foram realizadas coletas bimensais, de janeiro de 2004 a janeiro de 2005. As raízes foram lavadas, diafanizadas (KOH - 10%), coradas com azul de algodão segundo o método de Philliphs e Haymann (1970) para verificação da presença e análise morfológica das estruturas tipicamente formadas pelo fungo (arbúsculos e vesículas). 20 a 50 segmentos de raízes coradas foram examinadas com aumentos de 40X e 100X sob microscópio. O método da lâmina foi utilizado para determinar a percentagem de colonização. 72 2.2.10. ANÁLISE DOS DADOS A partir da contagem do número de esporos foram calculados os seguintes índices, conforme Harper (1999), utilizando-se o Programa Past versão 1.22, desenvolvido por Hammer e Harper (2004): a) Número de espécies ou Riqueza Numérica: número de táxons presentes em cada uma das áreas e/ou posições amostradas (S); b) Índice de Simpson (1949): mede a dominância de uma espécie na comunidade. c) Dominância = 1 – Índice de Simpson. d) Índice de Shannon (entropia): mede a diversidade de espécies em uma comunidade. e) Índice de Margalef (1972): mede a riqueza de espécies. f) Índice de Pielou (1975): mede a equitatividade das espécies, ou seja, quanto que as proporções das espécies estão igualmente distribuídas. Foram calculados também: g) Abundância Relativa: calculada pela fórmula: AR = (Na / NT) x 100, onde AR é a abundância relativa, Na é o número total de esporos de cada espécie obtidos nas amostras e NT é o número total de espécies; h) Freqüência Relativa: determinada pela expressão: FR = (NA / TA) x 100, onde FR é a freqüência relativa, NA é o número de amostras em que cada espécie de FMA ocorreu e TA o número total de amostras analisadas; h) Índice de Constância: mede a permanência de uma espécie dentro do total de amostras avaliadas. Tem como fórmula: IC = (p x 100) x P–1, onde IC é o índice de constância, p é número de coletas contendo a espécie e P é o número total de coletas efetuadas; i) Coeficiente de Sorensen: mede a similaridade qualitativa das áreas. Tem como fórmula: Cs = 2j x (a + b) –1 , onde j corresponde ao número de espécies comuns entre as áreas avaliadas; a corresponde ao número total de espécies da área A, e b, ao número total de espécies da área B. 2.2.11.ANÁLISES ESTATÍSTICAS: A Análise de Variância (ANOVA) foi empregada para verificar se existia ou não diferenças significativas entre as áreas e os diferentes períodos amostrados, e entre as amostras multiplicadas por cultivo armadilha e as amostras testemunhas. Para testar a normalidade da distribuição observada foi utilizado o teste de Kolmogorov & Smirnov e, para 73 verificar a homocedasticidade, foi utilizado o teste de Bartlett (1937) descrito em Beiguelman (1996). Para comparação de médias múltiplas, a posteriori, foi aplicado o teste de Tukey– Krame (paramétrico). Para dados não paramétricos foi aplicada uma ANOVA não Paramétrica associando-se os testes de Kruskal–Wallis e de Comparações Múltiplas de Dunn (Zar, 1999). As análises foram realizadas no Software GraphPad for Windows versão 3.06 (2003). Para determinar o grau de associação entre o número de esporos e as variáveis abióticas mensuradas foi empregado o Coeficiente de Correlação de Spearman. Utilizou-se o Programa BioEstat 4.0, desenvolvido por Ayres et al. (2005). Para a comparação dos quatro períodos de amostragem, através da comparação das espécies (morfoespécies) que compõem as áreas, foi utilizado uma combinação de Métodos de agrupamento hierárquico e o algoritmo não paramétrico NMDS (Non-metric MultiDimensional Scaling), através da matriz de dissimilaridade de Bray-Curtis, que é considerado um dos coeficientes mais robustos para análise de dados taxônomicos (Lovelock et al., 2003). Para tais análises foi utilizado o Programa Primer versão 6 for Windows, desenvolvido pelo Plymouth Marine Laboratory, Reino Unido (Clark e Warwick, 2001). A análise de agrupamento hierárquico (UPGMA) foi utlizada para gerar o dendrograma. Este método é mais aconselhável por atribuir similaridade entre pares de grupos de forma menos extrema (Romesburg, 1985). Os dados foram transformados pela log (x + 1) de forma a reduzir a influência das espécies raras (Lovelock et al., 2003). A contribuição de espécies que separam grupos de amostras foi realizada através do SIMPER (Similarity percentages). Esta análise descreve a decomposição dos índices de dissimilaridade (ou similaridade) de Bray-Curtis, e observa a contribuição percentual de cada espécie para a média da dissimilaridade (ou similaridade) estimada entre 2 grupos (amostras), testando as espécies em ordem decrescente de sua importância na discriminação das amostras pareadas. 74 2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.3.1. DENSIDADE DE ESPOROS DE FMAs O número médio de esporos por 100g de solo seco variou de 321 a 445, em Alagoinhas, e de 802 a 1.718, em Lençóis (Figura 2.9). Constatou-se diferença significativa no número de esporos entre Alagoinhas e Lençóis em todos os períodos estudados (p<0,001, pelo teste de Tukey-Kramer). Em Lençóis, houve uma variação significativa no número de esporos, sendo o menor número de esporos encontrado no período chuvoso (Figura 2.9 A). Em Alagoinhas, não foi encontrada variação significativa no número de esporos (Figura 2.9 B). Camargo-Ricalde e Esperón-Rodríguez (2005), estudando a heterogeneidade espacial e estacional do solo sobre a abundância de esporos de FMAs no vale semi-árido de TehuacánCuicatlán, México, observaram que flutuações no número de FMAs podem estar correlacionadas a fatores ambientais, sazonais e do solo, que afetam a esporulação, em adição à história de vida da planta hospedeira. Estes autores encontraram um maior número de esporos durante a estação das chuvas. Allen et al. (1998), trabalhando com a dinâmica sazonal de FMAs em uma floresta tropical decídua, também observaram que a colonização e esporulação durante a estação chuvosa eram maiores do que na estação seca. Neste estudo não foi encontrada relação significativa entre o número de esporos e a pluviosidade no período estudado (r=0,1957, p=0,6423). Também não foi encontrada relação entre a esporulação e a pluviosidade dos meses anteriores. O número de esporos foi maior em setembro em Alagoinhas (445 esporos por 100 g de solo) e março em Lençóis (1718 esporos por 100 g de solo), períodos com diferentes pluviosidades (148 mm e 249,4 mm em Alagoinhas e Lençóis, respectivamente). As grandes variações no número de esporos de FMAs podem estar ligadas a padrões estacionais de esporulação, a qual pode variar de acordo com a espécie de FMA ou da planta (Mosse e Bowen, 1968; Dhillion e Anderson, 1993; Dhillion et al., 1994; Jacobson, 1997). 75 Lençóis 1800 1500 1718 85.42 73.08 1332 100 93.21 81.65 1452 60 1200 802 900 600 0 0 1 mar/04 2 jul/04 3 set/04 % colonização raiz (B) 2100 N. de esporos 40 20 300 1800 80 4 jan/05 N. de esporos Alagoinhas 98 100 96.16 85.34 80.96 80 1500 1200 60 900 40 600 345 391 445 mar/04 1 jul/04 2 set/04 3 321 300 0 jan/05 4 20 % Colonização N. de esporos 2100 % colonização (A) 0 Figura 2.9. Número de esporos por 100 g de solo e taxa de colonização radicular em árvores nativas de H. speciosa, em diferentes períodos e locais de amostragem. (A) Lençóis, (B) Alagoinhas. 76 Cordeiro et al. (2005), estudando a colonização e densidade de esporos de FMAs em dois solos do cerrado, encontrou 424 e 368 esporos em Neossolo quatzarênico e Latossolo vermelho, respectivamente. Estes valores são semelhantes aos encontrados na rizosfera de mangabeiras nativas em Alagoinhas (vegetação de cerrado), mas menores do que os encontrados em Lençóis (vegetação com fisionomia semelhante às restingas arbustivas, sensu Veloso et al., 1991). Araújo et al. (2003) encontraram, na rizosfera de espécies de mata Atlântica, entre 52 e 132 esporos por 100 g de solo. Valores mais altos foram encontrados por Barbosa (2004) em áreas de plantações de eucaliptos e próximas de mata (283,3 e 2.930,6 esporos por 100 g de solo seco, respectivamente). Uma menor densidade de esporos de FMAs em ecossistemas naturais não perturbados foi observada por Munyanziz et al. (1997), Caproni (2001) e Cordeiro et al. (2005). Segundo Siqueira et al. (1989), isto decorre da estabilidade do ecossistema. Em Lençóis, os solos pouco desenvolvidos, não estruturados, podem levar a ecossistemas mais instáveis, e explicar o maior número de esporos encontrados. Os solos de Alagoinhas e Lençóis apresentam a mesma textura (arenosa). A textura arenosa é considerada ótima para o estabelecimento de MAs e para a atividade metabólica de FMAs, o que favorece sua esporulação (Silveira e Cardoso, 1987; Sieverding, 1991). A tabela 2.1. apresenta os resultados da caracterização dos solos estudados. Os dois locais apresentam solos com baixa fertilidade. Tanto em Alagoinhas, quanto em Lençóis, o solo apresenta acidez elevada (5,0 ou abaixo deste valor). Em Lençóis, o teor de matéria orgânica e fósforo no solo foram maiores do que em Alagoinhas, mas ainda é considerado baixo (Tabela 2.1). O teor de Al também foi maior em Lençóis, o que pode ter contribuído para o pH mais baixo (Tabela 2.1). Embora em circunstâncias naturais as plantas suportem estas condições, desconhece-se a resposta destas plantas à eliminação desses fatores limitantes e também a influência sobre a taxa de colonização radicular por FMAs. Em Lençóis, o valor do pH, do teor de fósforo e outras variáveis abióticas do solo não diferiram estatisticamente em nenhum dos períodos estudados (Tabela 2.2). Em Alagoinhas, o pH e o teor de P diferiram entre os períodos de julho (chuvoso) e setembro (seco) (Tabela 2.2). Os teores de Na e matéria orgânica também apresentaram diferenças significativas entre os períodos estudados. O mês de setembro (mais seco) apresentou valores maiores de Na e matéria orgânica. O valor de K foi menor em setembro do que em outros meses. 77 Comparando os dois locais os teores de P, K, H+Al, matéria orgânica e pH diferiram significativamente em pelos menos um período do ano (Tabela 2.2). Os dois locais não diferiram significativamente nos teores de Ca, Mg e Na, soma de bases (S), capacidade de troca catiônica (CTC) e saturação por bases (V) (Tabela 2.2). A Tabela 2.3 mostra a correlação entre o número de esporos e as variáveis do solo. Siqueira et al. (1984) verificaram que, em geral, quanto maior a acidez do solo, menor a quantidade de esporos. Barbosa (2004) e Santos (2001) observaram uma correlação entre o pH e o número de esporos. Entry et al. (2002) relatam a ocorrência de FMAs em solos com valores de pH muito altos e muito baixos, sendo que o número de esporos está correlacionado com as espécies de FMAs ocorrentes em cada sistema. Neste estudo não foi encontrada correlação entre o número de esporos e o pH do solo. Também neste estudo foi observada a existência de correlação negativa entre o número de esporos e o teor de matéria orgânica do solo (Tabela 2.3), mas esta somente foi significativa em janeiro de 2005, em Alagoinhas. Como já mencionado anteriormente, o solo de Alagoinhas difere significativamente do solo de Lençóis quanto ao teor de matéria orgânica e no número de esporos (p<0,01), sendo este número maior em Lençóis (Tabela 2.2). De acordo com Araújo et al. (2004), pode-se encontrar trabalhos com correlação direta ou inversa, e não há consenso quanto à influência da matéria orgânica do solo sobre a colonização radicular e produção de esporos de FMAs. Neste estudo não foi encontrada correlação significativa entre os teores de fósforo do solo e número de esporos (Tabela 2.3), exceto no mês de janeiro, em Alagoinhas, quando a correlação entre essas variáveis foi positiva (Tabela 2.3). Esse fato deve-se aos teores de fósforo muito baixos encontrados nesses solos, abaixo do nível mínimo crítico. Assim, qualquer aumento nesse teor influencia a nutrição da planta e as respostas da planta ao desenvolvimento dos FMAs. Outros autores encontraram uma relação inversa entre teor de fósforo e número de esporos. Menge et al. (1978) observaram um menor número de esporos em solos com altas concentrações de P, porém estes autores constataram que este efeito estava mais relacionado com a concentração de P nas raízes do que no solo propriamente dito. Trindade (1998), estudando a ocorrência de micorrizas arbusculares em agrossistemas de mamoeiro (Carica papaya L.), não encontrou correlação significativa entre o teor de P do solo e a densidade de esporos, mas demonstrou ser esta negativamente influenciada pelo pH do solo e positivamente, pelos teores de matéria orgânica. 78 Em Alagoinhas os teores de potássio, alumínio, alumínio e sódio correlacionaram-se negativamente com o número de esporos em pelo menos um dos períodos estudados (Tabela 2.3). Por serem áreas nativas, sem manejo ou adubação, os teores dos nutrientes de ambas as áreas estão bem abaixo de áreas cultivadas. 79 Tabela 2.1. Características químicas do solo nas rizosferas de mangabeiras nativas nos dois locais estudados, Lençóis e Alagoinhas, Bahia. Os dados de solo são médias de dez unidades amostrais de coleta para cada período. Ala goin has Len çóis MO P3 K+ Mg+2 Ca Al+3 H+Al+3 Na S CTC V g/Kg mg/Kg cmol/dm3 cmol/dm3 cmol/dm3 cmol/dm3 cmol/dm3 cmol/dm3 cmol/dm3 cmol/dm3 % 5,06 2,417 0,69 0,021 0,30 0,10 0,34 1,452 0,012 0,433 1,885 23,4 Jul/04 5,05 3,90 0,67 0,021 0,33 0,06 0,33 1,441 0,012 0,424 1,865 23,0 Set/04 4,9 4,50 1,21 0,014 0,27 0,05 0,33 1,287 0,015 0,340 1,627 21,6 Jan/05 Mar/04 4,88 4,55 1,357 17,20 0,79 3,8 0,019 0,037 0,29 0,42 0,05 0,36 0,35 1,03 1,441 6,028 0,010 0,023 0,372 0,840 1,813 6,868 21,7 13,5 Jul/04 4,9 13,50 2,89 0,044 0,40 0,57 0,78 5,192 0,022 1,036 6,228 17,8 Set/04 4,69 13,63 2,70 0,033 0,34 0,49 0,87 5,049 0,18 0,879 3,684 16,4 Jan/05 4,6 10,02 2,19 0,032 0,40 0,34 0,92 4,851 0,023 0,793 5,644 16,5 Alt (m) Períodos 115 Mar/04 450 pH MO = matéria orgânica; S = Soma de bases ; CTC = Capacidade de Troca Catiônica ; V = Saturação de bases 80 Tabela 2.2. Comparação dos valores médios das variáveis abióticas do solo nas duas áreas estudadas entre períodos e entre as duas áreas estudadas. Valores com a mesma letra (na coluna) não diferem significativamente pelo Teste de comparação múltipla de Dunn.α=0,05. Variáveis abióticas Período pH mar/04 Jul/04 set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 P K Ca Mg Al Na Alagoinhas média 5,06 a,b 5,05 a 4,9 b 4,88 a,b 0,69 a,b 0,67 a 1,21 b 0,79 a,b 0,021 a 0,021 a 0,014 b 0,019 a,b 0,10 a 0,06 a 0,04 a 0,05 a 0,30 a 0,33 a 0,27 a 0,29 a 0,34 a 0,33 a 0,33 a 0,35 a 0,012 a,b 0,012 a,b 0,015 a 0,010 b S 0,135 0,108 0,067 0,322 0,578 0,134 0,729 0,129 0,0057 0,0032 0,0052 0,0057 0,1633 0,0843 0,0516 0,0707 0,1491 0,1059 0,0949 0,0738 0,0966 0,0949 0,0675 0,0850 0,0042 0,0042 0,0053 0,0000 Lençóis média 4,55 a 4,9 a 4,69 a 4,6 a 3,8 a 2,89 a 2,70 a 2,19 a 0,037 a 0,044 a 0,033 a 0,032 a 0,36 a 0,57 a 0,49 a 0,34 a 0,42 a 0,40 a 0,34 a 0,40 a 1,03 a 0,78 a 0,87 a 0,92 a 0,023 a 0,022 a 0,018 a 0,023 a Comparação entre áreas (Alagoinhas X Lençóis) S 0,3171 0,4082 0,3143 0,2667 2,251 1,923 0,823 1,408 0,0067 0,0344 0,0067 0,0140 0,5461 0,6129 0,7564 0,3534 0,2700 0,1054 0,1506 0,1414 0,5272 0,3910 0,5376 0,4517 0,0149 0,0244 0,0092 0,0189 <0,01 ns ns ns <0,001 <0,001 ns ns <0,05 <0,05 <0,001 ns ns ns ns ns ns ns ns ns <0.05 ns ns ns ns ns ns ns 81 Tabela2.2. Continuação. Variáveia Período abióticas Matéria Alagoinhas Média Desvio Lençóis Média Desvio Comparação entre áreas Mar/04 2,417 a,c Padrão 1,0652 17,201 a Padrão 12,2120 <0,001 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 3,900 a,b 4,505 b 1,357 c 1,452 a 1,441 a 1,287 a 1,441 a 0,433 a 0,424 a 0,340 a 0,372 a 1,7861 1,4680 2,2944 0,4424 0,3719 0,3322 0,5854 0,1573 0,1193 0,0852 0,0874 13,505 a 13,631 a 10,021 a 6,028 a 5,192 a 5,049 a 4,851 a 0,840 a 1,036 a 0,879 a 0,793 a 10,6071 7,5207 5,9706 2,643 2,9841 2,3873 2,3709 0,6538 0,7284 0,8095 0,3492 ns ns <0,05 <0,01 <0,05 <0,05 <0,05 ns ns ns ns 1,865 a 1,627 a 1,813 a 23,4 a 23,0 a 21,6 a 21,7 a 0,4106 0,3299 0,6232 7,8344 6,2539 6,3979 5,4782 6,228 a 3,684 a 5,644 a 13,5 a 17,8 a 16,4 a 16,5 a 3,3181 2,5361 2,5072 8,8475 11,8865 12,8772 8,0726 ns ns ns ns ns ns ns orgânica H + Al S CTC V 82 Tabela 2.3. Dados de correlação do número de esporos (NE) com as variáveis do solo, nos dois locais estudados. Coeficiente de Spearman (rs). Valores em negrito significativos.α=0,05. NE x pH NE x P NE x K NE x Ca NE x Mg NE x Al NE x Na NE X MO NE x H+Al NE x S NE x CTC NE x V Período Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 Alagoinhas rs 0,5423 0,4940 0,0552 -0,0692 0,4137 -0,3097 0,5915 0,6335* -0,0674 -0,0580 -0,8198* -0,5618 0,0754 0,2752 -0,0356 -0,3190 0,2462 0,2799 0,2391 -0,3421 -0,5346 -0,8327* -0,7157* -0,6442* -0,4352 0,1741 -0,5587 0 -0,3100 0,1520 -0,3945 -0,6565* -0,1835 -0,6565* -0,7708* -0,7477* 0,1713 0,3171 -0,1831 -0,7755* -0,1515 -0,4282 -0,7200* -0,7333* Lençóis rs 0,00 -0,1255 0,3139 0,0185 -0,1969 -0,4784 -0,1053 -0,6027 -0,4221 -0,7370* 0,2076 -0,5702 -0,1358 -0,6890* -0,2523 -0,2462 0,4445 -0,5784 -0,4569 -0,0066 -0,1524 0,2744 -0,1159 -0,1534 -0,4869 -0,5695 -0,1206 -0,5366 -0,0608 -0,3333 -0,2249 -0,1641 -0,0061 -0,0182 -0,3951 -0,1273 0,2606 -0,6687* -0,2006 -0,1702 -0,1394 -0,0667 -0,6242 -0,0909 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 0,2970 0,7470* 0,6216 0,2622 0,2988 -0,6505* 0,0061 0,0549 são 83 2.3.2. TAXA DE COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA EM H. speciosa Gomez Os resultados da avaliação da colonização micorrízica das raízes de mangabeiras nativas nos dois locais encontram-se na Figura 2.9. Não foi encontrada correlação entre número de esporos e taxa de colonização radicular. Segundo Hayman e Stovold (1979) o número de esporos de FMA do solo não necessariamente se reflete na capacidade de colonização micorrízica da raiz. Cordeiro et al. (2005) discutem a relação entre colonização e esporulação. Esses autores encontraram que áreas sob cultura de gramíneas apresentaram maior número de esporos e também maior colonização micorrízica. Isto provavelmente se deve ao rápido crescimento radicular, e abundante sistema radicular, propiciando uma ampla superfície de contato entre raízes e propágulos de FMAs e uma grande capacidade de fornecer fotossintatos ao fungo. A Tabela 2.4 mostra a percentagem de colonização de raízes de mangabeiras adultas em Alagoinhas e lençóis nos períodos de estudo. Observa-se que a colonização sempre foi alta, em todos os períodos estudados, nos dois locais de estudo. Em Lençóis, a colonização em setembro foi maior do que em março (z=3,0825, p<0,05, Teste não paramétrico de Dunn) e em Alagoinhas, a colonização em julho foi maior do que em janeiro (z=3,888, p<0,05). Camargo–Ricalde et al. (2003) encontraram que 90% das 50 espécies de plantas vasculares estudadas por eles formavam micorrizas, com baixo percentual de colonização radicular. Ressalta-se a necessidade de se fazer observações em vários períodos do ano, pois a associação micorrízica pode variar através do tempo e do espaço. 84 Tabela. 2.4. Variação sazonal da taxa de colonização radicular por MA em Hancornia speciosa Gomez, em dois locais, usando o método da lâmina (20-50 segmentos/lâmina). Áreas em vermelho representam o período seco, em verde o chuvoso, e em azul um período chuvoso secundário, e em cinza um veranico. Alagoinhas Evento fenológico n Mínimo Máximo Média Aritmética Desvio Padrão Coeficiente de Variação Jan/04 Mar/04 Mai/04 Jul/04 Set/04 Nov/04 Jan/05 FR,FolN Fl, FR, FolN FolN FolN Fl, FolN Fl, FolN Fl, FolN 4 27,3 100 67,85 30,08 44.33% 20 41,7 100 77,43 15,49 20.01% 10 41,7 100 90,87 18,1 19.92% 10 86,8 100 95,32 5,14 5.39% 10 74,1 100 93,21 10,07 10.80% 10 60 100 92,38 12,5 13.53% 10 52,2 100 81,65 15,08 18.46% Set/04 Nov/04 Jan/05 FolN Fl, FR, FolN Fl, FR, FolN Lençóis Jan/04 Mar/04 Fl, FR, FolN Fl, FR, FolN Mai/04 Jul/04 Evento fenológico FR, FolN FolN n 8 20 8 10 Mínimo 72,2 7,14 88,9 80 Máximo 100 100 100 100 Média Aritmética 92,06 88,16 96,14 98 Desvio Padrão 9,77 10,05 4,76 6,32 Coeficiente de Variação 10.62% 11.40% 4.95% 6.45% Fl= floração; FR= frutos maduros; FolN= folhas novas. 10 91,3 100 96,12 3,61 3.75% 10 47,6 100 89,56 16,17 18.05% 10 64,3 96,8 80,96 11,22 13.86% Segundo Brundrett e Kendrick (1987) para determinar o status micorrízico de uma planta, essa deve ser amostrada em intervalos durante o ano. Neste estudo, de modo geral, os níveis de colonização mantiveram-se alto em todos os períodos estudados (Tabela 2.4). Os altos níveis de colonização, em alguns meses próxima a 100%, indicaria uma alta dependência sobre associação micorrízica, o que deve ser o caso da mangabeira. Trabalhos anteriores mostraram que a mangabeira é dependente de micorrizas. Experimentos realizados por Costa et al. (2003) utilizando Gigaspora albida Schenck & Smith e Glomus etunicatum Becker & Gerdemann mostraram que a mangabeira é dependente da micorrização quando em solo desinfestado e com baixo nível de fósforo (3mg P dm-3). Estes autores também constataram que a planta não responde à adubação fosfatada (até o nível de 183 mg P dm-3 no solo), o que indica que este nutriente é pouco exigido para o crescimento da planta. 85 Segundo Afek et al. (1990) a espécie vegetal, a idade da planta, a densidade de raízes e dos propágulos de FMA no solo, e outros fatores do solo, podem afetar a colonização micorrízica. As plantas nativas de cerrado observadas por Cordeiro et al. (2005) apresentaram níveis de colonização micorrízica em torno de 40%, bem menor do que as encontradas em H. speciosa no presente estudo. O teor de P no solo nativo, extremamente baixo, e a alta dependência micorrízica da mangabeira, talvez sejam os fatores que explicam os altos níveis de colonização micorrízica encontrados. A colonização micorrízica abundante tem sido correlacionado com a presença de raízes grossas sustentando poucos pelos radiculares (Baylis 1975; St. John, 1980), mas estas informações são conhecidas para poucas espécies. A mangabeira possui um sistema radicular com poucas raízes finas e poucas ordens de ramificação (Figuras 2.10 e 2.11). Raízes de espécies micorrízicas tipicamente têm diâmetro mais grosso e poucas ordens de ramificação que raízes de plantas não-micorrízicas. Estas diferenças consideráveis na área de superfície da raiz devem ser de valor em predizer a dependência sobre hifas micorrízicas para absorção de nutrientes, como Baylis (1975), Janos (1980), St. John (1980) e outros encontraram. Além disto, características morfológicas da raiz, tais como desenvolvimento da exoderme e taxas de renovação dessas raízes são importantes na determinação da dependência micorrízica da planta (Brundrett e Kendrick 1987). As raízes de plantas florestais micorrízicas são substituídas gradualmente ao longo dos anos, além disso, estas plantas têm também uma exoderme proeminente, uma característica radicular conhecida por reduzir a permeabilidade de raízes (Brundrett e Kendrick 1987) o que deve limitar sua exploração por nutrientes do solo. Em raízes mais velhas de H. speciosa a presença de látex e pigmentos torna difícil a visualização das estruturas micorrízicas (Figuras 2.12 e 2.13). Neste estudo, arbúsculos foram visualizados somente em raízes novas. Raízes velhas não possuem MA com arbúsculos ou pelos radiculares funcionais. As raízes mais velhas provavelmente não são responsáveis pela absorção de nutrientes, mas elas ainda são consideradas micorrízicas porque são possuem hifas de fungos MA. Estas hifas dentro de raízes velhas podem funcionar, a longo prazo, como fonte de inóculo micorrízico (Brundrett e Kendrick 1987). 86 Figura 2.10. Detalhe do solo rizosférico arenoso e raízes finas de indivíduos de mangabeiras que foram coletadas para estudo da taxa de colonização radicular por FMA. (A-B) Vista geral da área de estudo em Lençóis, mostrando o solo arenoso; (C) Raízes mais grossas de H. speciosa; (D-E) Raízes mais finas. 87 P P 10 um A B P P C D Figura 2.11 (A-D). Pelos radiculares (papilas) em Hancornia speciosa Gomez. A correlação entre os níveis de colonização micorrízica e as variáveis climáticas são apresentados na Tabela 2.5. Foi encontrado correlação negativa significativa somente entre temperaturas média e mínima com colonização (Tabela 2.5). Deve-se buscar esclarecer como a temperatura influência a colonização radicular nos trópicos. Em Alagoinhas, os níveis de colonização radicular encontrados diferiram significativamente entre os períodos de março e julho de 2004, e janeiro e julho de 2004. Em Lençóis, diferiram significativamente os períodos de março e julho de 2004 e julho de 2004 e janeiro de 2005.As maiores taxas de colonização radicular foram encontradas em julho de 2004 nas duas áreas estudadas. Neste período a pluviosidade e o balanço hídrico diferiram entre as áreas. Em Lençóis, os meses de maior pluviosidade foram janeiro e março (183 e 129,8 mm, respectivamente), e janeiro e julho (234,3 e 86,9 mm, respectivamente), em Alagoinhas (Figura 2.14). O balanço hídrico, em Lençóis, mostra um período de retirada de água do solo de maio a setembro, sendo julho, portanto, um período de déficit hídrico nesta área (Figura 2.4). Por outro lado, em Alagoinhas, de abril a junho ocorre um período de reposição de água do solo, sendo que o período de abril a agosto há um excedente de água no solo. Assim, nessa área o mês de julho apresentaria um excedente de água, o oposto do que 88 ocorreu em Lençóis. A partir desta constatação não é possível correlacionar pluviosidade e balanço hídrico com taxa de colonização radicular. Provavelmente variações sazonais da atividade ou crescimento da raiz e, também, da atividade do fungo, devem afetar os níveis de colonização. Estudando a variação sazonal da colonização em plantas de habitats úmidos (pântanos e brejos na região oeste central de Ohio, EUA, Bohrer et al. (2004) encontraram que fatores abióticos tem influência mínima sobre a variação da colonização por MA, e concluíram que a dinâmica sazonal foi em resposta a fenologia da planta. Os resultados diversos aqui encontrados podem estar relacionados as espécies de FMAs presentes e/ou a própria planta hospedeira. Além disso, as espécies de FMAs podem ter padrões estacionais de esporulação. Embora a precipitação pluviométrica nas áreas estudadas possa não constituir um fator limitante ao desenvolvimento das plantas adultas e da associação micorrízica, ressalta-se que a baixa capacidade de armazenamento de água do solo arenoso pode trazer problemas na fase de estabelecimento de plântulas de H. speciosa. Por esse motivo, a presença de FMAs pode ser vantajosa para as plantas desses ambientes. De fato, vários autores ressaltam a importância dos FMAs para plantas em ambientes com solos de baixa fertilidade e escassa precipitação (Dhillion e Zak, 1993; Camargo-Ricalde et al., 2002; Camargo-Ricalde e Dhillion, 2003; Camargo-Ricalde e Esperón-Rodriguez, 2005). Tabela 2.5. Coeficiente de Correlação de Postos de Spearman (rs) mostrando a relação entre colonização por micorriza arbuscular (MA) (em %) e variáveis climáticas Coeficientes foram determinados de médias de todos os períodos combinados (n=7). Valores em negrito são significativos a 5%. TM X colonização Tmáx X colonização Tmín colonização UR X colonização P X colonização Insolação X colonização Evaporação X colonização Alagoinhas Lençóis -0,6786 -0,5714 -0,8571 -0,1802 -0,3571 -0,1786 -0,50 -0,7748 -0,6071 -0,8571 0,0721 -0,5357 0,0714 -0,07 TM= temperatura média; Tmáx= temperatura máxima; Tmín= temperatura mínima; UR= umidade relativa, %; P= precipitação. 89 DSE V R HI HI A B HI HI V V C D Figura 2.12 (A-D). Detalhes da colonização micorrízica em Hancornia speciosa Gomez. V = vesícula, E = hifas enoveladas, HI = hifa interna, HE = hifa externa, AR = ápice radicular, DSE = Dark Septate Endophyte. 90 E E A V A A E A A E HI E HI HI HI E Figura 2.13. Detalhes da colonização micorrízica em Hancornia speciosa Gomez. V = vesícula, E = Hifas enoveladas, HI = hifa interna, A = arbúsculo. mm 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Precipitação jan/05 fev/05 Evaporação Piche 0 0 200 Alagoinhas horas/dia 250 200 30 25 20 Alagoinhas 5 Alagoinhas Alagoinhas 100 Temperatura média 10 0 Alagoinh 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 jul/05 jun/05 mai/05 abr/05 300 250 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 15 °C 50 mar/05 300 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 Umidade relativa dez/04 nov/04 out/04 set/04 ago/04 jul/04 jun/04 Insolação jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 % 50 mai/04 abr/04 100 mar/04 fev/04 jan/04 dez/03 nov/03 out/03 set/03 horas/dia 150 mm 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 0 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 TM °C 10 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 % 91 Insolação 150 Lençóis Temperatura média 30 25 20 15 5 Lençóis Umidade relativa Pluviosidade Lençóis Lençóis Lençóis Lençóis Eaporação Piche Figura 2.14. Valores médios de Insolação mensal (em horas), temperatura média mensal (°C), Umidade relativa (%), Precipitação (mm) e Evaporação de Piche mensal (mm) de Alagoinhas e Lençóis, Bahia, referente ao período de estudo (julho de 2003 a julho de 2005). Fonte: INMET e COPENER Florestal Ltda. 92 2.3.3. OCORRÊNCIA DE ESPÉCIES Foram identificadas um total de 23 morfoespécies de FMAs. A família com maior número de morfoespécies foi Glomeraceae (60,87 %), seguida de Gigasporaceae (21,74 %) e Acaulosporaceae (17,39 %). O número de espécies encontradas nas duas áreas estudadas variou segundo o período de coleta. Em Alagoinhas o maior número de espécies foi encontrado em março de 2004 (n=21), e em Lençóis no mês de setembro de 2004 (n=23), períodos com menor índice pluviométrico, a saber, 32,6 mm e 27,6 mm em Alagoinhas e Lençóis, respectivamente. Em relação à ocorrência de FMAs na rizosfera de mangabeiras, pouco se conhece. Um dos trabalhos pioneiros foi realizado por Maia et al. (2003) citando as espécies Acaulospora foveata Trappe & Janos, A. longula Spain & Schenck, A. mellea Spain & Schenck, A. scrobiculata Trappe, A. tuberculata Janos & Trappe, Archaeospora leptoticha (Schenck & Smith) Morton & Redecker, Entrophospora colombiana Spain & Schenck, Gigaspora gigantea (Nicolson & Gerdemann) Gerdemann & Trappe, Gl. etunicatum Becker & Gerdemann, Gl. fuegianum (Spegazzini) Trappe & Gerdemann, Gl. glomerulatum Sieverding, Gl. macrocarpum Tulasne & Tulasne, Glomus sp., possivelmente associadas a mangabeira. Algumas das espécies encontradas, como A. mellea, A. scrobiculata, A. tuberculata, Entrophospora colombiana, Gigaspora gigantea e Glomus etunicatum haviam sido anteriormente citadas em trabalhos realizados em área de cerrado (Miranda e Miranda, 1997), tipo de vegetação à qual a mangabeira está associada. Neste estudo também foram encontradas as espécies Entrophospora colombiana Spain & Schenck, Gl. etunicatum Becker & Gerdemann, Gl. macrocarpum Tulasne & Tulasne, Gl. glomerulatum Sieverding e Gigaspora gigantea (Nicolson & Gerdemann) Gerdemann & Trappe. A tabela 2.6 traz o número de esporos por 100 g de solo das diferentes morfoespécies nos períodos estudados. As espécies de maior ocorrência neste estudo foram Glomus etunicatum, em Lençóis, e Gl. etunicatum e Gl. macrocarpum, em Alagoinhas. A espécie Gl. macrocarpum também foi citada por Truffem et al. (1990) como de ocorrência comum em diversos estudos em diferentes ecossistemas e sob diversos hospedeiros. Também é o caso de Acaulospora. foveata e Scutellospora calospora. As morfoespécies com esporos de menor diâmetro foram mais abundantes (Tabelas 2.7 e 2.8). A espécie Gl. etunicatum foi a mais numerosa em Lençóis, variando de 30,6 a 93 60,8%, em Lençóis (Tabelas 2.7 e 2.8), e também a mais freqüente (100% em todos os períodos nas duas áreas). Em Alagoinhas a espécie Gl. macrocarpum variou de de 21,17% a 30,18% e Gl. etunicatum de 17,8 a 25,13 % do número total de indivíduos (Tabelas 2.7 e 2.8). Gl. etunicatum possui esporos com diâmetros que variam de 60 a 100 µm e Gl. macrocarpum variam de 60 a 110 µm. Carrenho et al. (2001) estudando as espécies de FMAs na rizosfera de fitobiontes de mata ciliar revegetada encontraram que Gl. macrocarpum e Gl. claroideum eram as mais abundantes. Segundo estes autores o sucesso destas espécies deve-se ao pequeno tamanho dos esporos, que podem ser carregados pela água para partes mais profundas do solo, ficando assim protegidas do ataque de parasitas e predadores que povoam as regiões mais superficiais do solo, o que pode ter contribuído para o sucesso destas espécies. Carrenho (1998) ressalta que, de forma geral, as espécies formadoras de esporos grandes apresentam uma maior probabilidade de ficarem retidos nas camadas superficiais do solo e, consequentemente, são mais suscetíveis ao ataque de bactérias, fungos e micófagos, diminuindo ainda mais sua representatividade, em termos de números de esporos. Além disso, há um maior gasto na produção destes propágulos, e parece provável que elas invistam na produção de outros propágulos, com menor biomassa (fragmentos de raízes micorrizadas, micélio extra-radicular) (Carrenho et al., 1998). Este argumento se aplica, principalmente a família Gigasporaceae que apresentam esporos com diâmetro variando, em média, de 200 a 600 μm, e que apresentam um número menor de esporos por 100 g de solo. Neste estudo a fórmula para cálculo do Índice de Constância (IC = (p x 100) x P–1), onde p é número de coletas contendo a espécie e P é o número total de coletas efetuadas, considerou o número total de períodos estudados. Esta modificação permitiu medir a permanência de uma espécie durante todo o ano estudado, e não apenas de forma pontual. Neste sentido, as espécies Gl. etunicatum, Gl. macrocarpum e Gl. deserticola apresentaram IC de 90 a 100% nos dois locais, ou seja estiveram presentes em todos os períodos, em todas as unidades amostrais (rizosferas) com grande número de esporos (abundância relativa igual ou acima de 10% do total de esporos) (Tabela 2.7, 2.8 e 2.9). Em Lençóis, a espécie Gl. etunicatum apresentou flutuação no número de esporos, alternando a dominância da população com Gl. macrocarpum. As espécies Glomus sp. 7 e Glomus sp. 8, em Alagoinhas, e Acaulospora sp. e Glomus. sp. 2, em Lençóis, apresentaram IC de 90 a 100%, mas com abundância relativa abaixo de 10% (Tabelas 2.7, 2.8 e 2.9), ou seja estiveram presentes em todos os períodos amostrados, mas com pequeno número de esporos. 94 Tabela 2.6. Número de esporos por 100 g de solo rizosférico de H. speciosa Gomez, em Alagoinhas e Lençóis, Bahia, em diferentes períodos de amostragem. Espécies Alagoinhas Lençóis Mar/04 Acaulospora aff. spinosa Walker & Trappe 1,4 Acaulospora aff. morrowiae Spain & Schenck 0.4 Acaulospora sp. 1 2 Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck 2.1 Gigaspora aff. decipiens Hall & Abbott 0,9 Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe 7,3 Glomus aff. deserticola Trappe, Bloss & Menge 65,5 Glomus aff. diaphanum Morton & Walker 0 Glomus etunicatum Becker & Gerdemann 75,5 Glomus aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne 85,7 Glomus aff. microagreggatum Koske, Gemma & Olexia 3,2 Glomus aff. aggregatum Schenck & Smith emend. Koske 2 Glomus aff. microcarpum Tulasne & Tulasne 22,2 Glomus glomerulatum Sieverding 5,5 Glomus sp. 1 0,2 Glomus sp. 2 8,4 Glomus sp. 6 0,1 Glomus sp. 7 12,9 Glomus sp. 8 34,8 Glomus sp. 9 0 Scutellospora aff. calospora (Nicol. & Gerd.) Walker & Sanders 0 Scutellospora aff. dipurpurascens .Morton & Koske 2.1 Scutellospora aff. minuta (Ferrer & Herrera) Walker & Sanders 2,1 Scutellospora sp. 7 5,2 Outros 4,7 Jul/04 5,8 1.2 1,4 0 2 5,0 78,4 0 85,6 82,8 3,2 2 34,2 7 0 13 0,2 18,4 37 0 0 5,6 1,6 3,8 2,6 Set/04 3 2,8 1,6 0 0,8 5,8 77,2 0 111,8 102,8 4,8 7,6 36,6 3,4 0,4 5 0,4 20,2 45,2 0 0 2,2 0,4 5 8,8 Jan/05 1,4 0,2 0,6 0 0,8 6,6 74,8 0 57,2 97,0 2,4 1,4 13,6 14,2 0 4,6 0 15 14,8 0 0 2,4 0,2 1 13,2 Mar/04 1,7 0 20,5 7,6 2,1 1,2 225,5 3,4 1044,5 143,1 25,9 0 0 12,7 0,5 174,9 8,7 12,1 1,7 0,3 0 0,6 20,7 4,7 5,6 Jul/04 3,6 0 19,4 17,8 6,4 2,8 197,3 8,2 610,8 194,6 24 0 0 30,6 3,4 137,4 12,2 24,8 0 0 0 0 34,1 0,4 3,8 Set/04 2,6 3,4 8,4 34,4 6,2 15,2 344,8 0,4 444,6 244,0 19,2 3,4 9 47,4 0,4 53,8 6,6 34,2 117 1,6 0 13,8 23,4 7 11,2 Jan/05 0 0 12,4 26,6 4,6 7,6 270,8 9 101,8 181,0 4,8 0 0 7 0,2 86,2 0,2 26,6 18,6 4,6 0 3,4 18,6 10,2 7,8 Total 391,2 444,8 321,4 1718 1332,6 1452,2 802 344,8 95 Segundo Carrenho et al. (2001) espécies com elevado número de esporos, e estes sendo encontrados em diferentes etapas de desenvolvimento, confirmam a condição micotrófica e podem estar participando mais efetivamente da colonização radicular. Em relação ao Índice de Constância, 33,3% das espécies em Alagoinhas (n=21) e 13,6% das espécies em Lençóis (n=22) foram consideradas raras por ocorrerem em menos de 30% das amostras de solo rizosférico de mangabeiras nativas em diferentes períodos (Tabela 2.9). Analisando-se os dados de freqüência das espécies de FMA verifica-se apenas uma morfoespécie com ocorrência exclusiva (apenas em uma área): Glomus sp 9. Carrenho et al. (2001) avaliando a ocorrência de espécies de FMA na rizosfera de Croton urucurana Baill. encontraram que 73% das espécies ocorriam em menos de 20% das amostras, sugerindo que a baixa representatividade da maioria das espécies pode indicar que somente algumas espécies estavam colonizando as raízes na época da coleta. Espécies raras ou com IC abaixo de 60% podem estar presentes no ambiente sob outras formas (como células auxiliares, hifas, raízes colonizadas) ou como resquício de uma comunidade pré-estabelecida em planta de ciclo de vida curto, ou ainda terem sido dispersadas sem obterem êxito na ocupação do novo ambiente (Carrenho et al., 2001), e podem ter sido excluídas por competição. Da mesma forma o esporo pode não estar presente no solo, mas pode estar colonizando a raiz. 96 Tabela 2.7. Freqüência relativa de ocorrência e Abundância relativa (AR) de espécies de FMA em solo rizosférico (100 g) de Hancornia speciosa Gomez, em Alagoinhas, Bahia, em diferentes períodos de amostragem. ALAGOINHAS Acaulospora aff. spinosa Walker & Trappe Acaulospora aff. morrowiae Spain & Schenck Acaulospora sp. 1 Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck Gigaspora aff. decipiens Hall & Abbott Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe Glomus aff. deserticola Trappe, Bloss & Menge Glomus aff. diaphanum Morton & Walker Glomus etunicatum Becker & Gerdemann Glomus aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne Glomus aff. microagreggatum Koske, Gemma & Olexia Glomus aff. aggregatum Schenck & Smith emend. Koske Glomus aff. microcarpum Tulasne & Tulasne Glomus glomerulatum Sieverding Glomus sp. 1 Glomus sp. 2 Glomus sp. 6 Glomus sp. 7 Glomus sp. 8 Glomus sp. 9 Scutellospora aff. calospora (Nicol. & Gerd.) Walker & Sanders Scutellospora aff. dipurpurascens .Morton & Koske Scutellospora aff. minuta (Ferrer & Herrera) Walker & Sanders Scutellospora sp. 7 Outros Total Mar/04 F AR (%) (%) 35 0,41 15 0,12 35 0,58 25 0,61 30 0,26 85 2,12 100 18,99 0 0 100 21,88 100 24,55 55 0,93 5 0,58 60 6,43 45 1,59 5 0,06 75 2,43 5 0,03 90 3,74 90 10,09 0 0 0 0 70 0,78 45 0,61 35 1,51 15 1,36 99,95 Jul/04 F AR (%) (%) 70 1,48 20 0,3 30 0,36 0 0 30 0,51 60 1,28 100 20,04 0 0 100 21,88 100 21,17 60 0,82 10 0,51 90 8,74 20 1,79 0 0 90 3,32 10 0,05 100 4,70 100 9,46 0 0 0 0 100 1,43 40 0,41 60 0,97 15 0,66 99,9 Set/04 F AR (%) (%) 60 0,67 60 0,63 50 0,36 0 0 10 0,18 100 1,30 100 17,36 0 0 100 25,13 90 23,11 70 1,08 30 1,71 100 8,23 30 0,76 10 0,09 100 1,12 10 0,09 100 4,54 90 10,16 0 0 0 0 40 0,5 10 0,09 70 1,12 20 1,98 99,98 Jan/05 F AR (%) (%) 40 0,44 10 0,06 30 0,19 0 0 30 0,25 80 2,05 100 23,27 0 0 100 17,8 100 30,18 60 0,75 10 0,44 60 4,23 30 4,42 0 0 80 1,43 0 0 100 4,67 100 4,60 0 0 0 0 60 0,75 10 0,06 30 0,3 10 4,11 100 97 Tabela 2.8. Freqüência relativa de ocorrência e Abundância relativa (AR) de FMA em solo rizosférico (100 g) de Hancornia speciosa Gomez, em Lençóis, Bahia, em diferentes períodos de amostragem. Mar/04 Lençóis Acaulospora aff. spinosa Walker & Trappe Acaulospora aff. morrowiae Spain & Schenck Acaulospora sp. 1 Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck Gigaspora aff. decipiens Hall & Abbott Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe Glomus aff. deserticola Trappe, Bloss & Menge Glomus aff. diaphanum Morton & Walker Glomus etunicatum Becker & Gerdemann Glomus aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne Glomus aff. microagreggatum Koske, Gemma & Olexia Glomus aff. aggregatum Schenck & Smith emend. Koske Glomus aff. microcarpum Tulasne & Tulasne Glomus glomerulatum Sieverding Glomus sp. 1 Glomus sp. 2 Glomus sp. 6 Glomus sp. 7 Glomus sp. 8 Glomus sp. 9 Scutellospora sp. 7 Scutellospora aff. calospora (Nicol. & Gerd.) Walker & Sanders Scutellospora aff. dipurpurascens .Morton & Koske Scutellospora aff. minuta (Ferrer & Herrera) Walker & Sanders Outros Total F (%) 30 0 95 60 40 40 100 35 100 95 85 0 0 35 40 100 35 65 10 5 80 0 30 95 40 AR (%) 0.1 0 1.19 0.44 0.12 0.07 13.13 0.2 60.8 8,33 1.51 0 0 0.74 0,03 10.18 0.51 0.7 0.1 0.02 0.27 0 0,03 1.2 0,33 100 Jul/04 F (%) 30 0 80 100 60 40 100 80 100 100 80 0 0 40 60 100 90 50 0 0 10 0 0 90 30 AR (%) 0.27 0 1.46 1.34 0.48 0.21 14.84 0.62 45.81 14,6 1.8 0 0 2.3 0,25 10.31 0.92 1.86 0 0 0.03 0 0 2.57 0,07 100 Set/04 F (%) 60 20 100 80 70 80 90 20 100 100 100 20 40 60 10 100 20 90 100 30 60 0 100 90 60 AR (%) 0.18 0.23 0.58 2.37 0.43 1,05 23.73 0.03 30.6 16,8 1.32 0.23 0.62 3.26 003 3.7 0.45 2.35 8.05 0.11 0.52 0 0.95 1.61 0,77 100 jan/05 F (%) 0 0 90 100 60 30 100 30 100 90 40 0 0 60 10 100 10 60 80 50 60 0 40 90 20 AR (%) 0 0 0.72 1.55 0.27 0.44 15.82 0.6 59.1 10,57 0.28 0 0 0.41 001 5.04 0.01 1.55 1.09 0.27 0.6 0 0.2 1.09 0,46 100 98 Tabela 2.9. Índice de constância (IC) das espécies de FMA em solo rizosférico (100 g) de Hancornia speciosa Gomez. Alagoinhas Lençóis Espécies de FMA IC IC Acaulospora aff. spinosa Walker & Trappe Acaulospora aff. morrowiae Spain & Schenck Acaulospora sp. 1 Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck Gigaspora aff. decipiens Hall & Abbott Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe Glomus aff. deserticola Trappe, Bloss & Menge Glomus aff. diaphanum Morton & Walker Glomus etunicatum Becker & Gerdemann Glomus aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne Glomus aff. microagreggatum Koske, Gemma & Olexia Glomus aff. aggregatum Schenck & Smith emend. Koske Glomus aff. microcarpum Tulasne & Tulasne Glomus glomerulatum Sieverding Glomus sp.1 Glomus sp.2 Glomus sp.6 Glomus sp.7 Glomus sp.8 Glomus sp.9 Scutellospora aff. calospora (Nicol. & Gerd.) Walker & Sanders Scutellospora aff. dipurpurascens .Morton & Koske Scutellospora aff. minuta (Ferrer & Herrera) Walker & Sanders Scutellospora sp.7 51 26 36 6 25 81 100 0 100 97 61 14 78 31 4 86 6 97 95 0 0 67 26 49 30 5 91 85 57 55 97 40 100 96 76 5 10 49 0 100 39 66 47 21 0 32 91 35 99 2.3.4. ESTUDO COMPARATIVO DAS POPULAÇÕES DE FMAs A comparação dos índices de riqueza, diversidade, equitatividade e dominância demonstrou não haver diferenças significativas entre os períodos estudados em Alagoinhas (Tabela 2.10). Tabela 2.10. Número de espécies e Índice de diversidade obtidos em vários períodos de estudo na rizosfera de mangabeiras nativas, em Alagoinhas e Lençóis, Bahia Alagoinhas Lençóis Mar/04 N˚ de espécies Dominância D Índice Shannon Simpson 1-D Margalef Equitatividade Jul/04 Set/04 Jan/05 Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 21 19 20 18 20 17 23 19 0,17 0,156 0,173 0,202 0,407 0,269 0,193 0,1997 2,097 2,139 2,042 1,918 1,363 1,751 2,029 1,985 0,83 0,84 0,83 0,797 0,59 0,73 0,81 0,80 3,435 3,02 3,125 2,967 2,552 2,225 3,025 2,695 0,689 0,727 0,682 0,664 0,455 0,618 0,647 0,674 Para Lençóis, os períodos de setembro e janeiro diferiram dos outros em diversidade de Shannon e índice de Margalef (riqueza de espécies). A riqueza de espécies, medida pelo índice de Margalef foi maior em Alagoinhas (Tabela 2.10). O número de espécies e abundâncias relativas das mesmas encontram sua expressão na diversidade (Margalef, 1986) A partir destes índices as populações podem ser melhor avaliadas. Em Lençóis foram encontrados valores de equitatividade menores que em Alagoinhas, representando comunidades menos uniformes (Tabela 2.10). Dominância e diversidade são índices inversos, pois o aumento de um implica na redução do outro. Em Alagoinhas a dominância é geralmente menor que em Lençóis (Tabela 2.10). Em Lençóis, a dominância foi maior em março quando atingiu o maior valor (0,407) decrescendo nos outro períodos. A espécie Glomus etunicatum, neste período, apresentou o maior valor de abundância relativa (60,8%), mantendo sempre alta sua abundância nos outros períodos (acima de 30%) Em Alagoinhas, as espécies Glomus macrocarpum e Glomus etunicatum representaram, em janeiro de 2005, 69,67% do número total de esporos, mantendo esta representatividade sempre alta nos outros períodos de estudo (acima de 40%). Este fato reduziu a equitatividade nestas populações (Tabela 2.10). Só se pode falar de espécies dominantes em comunidades com baixa diversidade. O número de espécies representadas 100 cada uma delas por mais de 10% do total de indivíduos, está inversamente relacionado com a diversidade. As flutuações dos índices de diversidade medidos na mesma comunidade em tempos diferentes compreende mudanças na abundância e ciclo de vida de algumas espécies de FMAs, muito mais que na composição de espécies. Mudança na composição e abundância de espécies também deve ocorrer de ano para ano. Os estudos devem contemplar um maior número de amostras no tempo para compreender essas mudanças na comunidade. A correlação entre ocorrência de espécies, densidade de esporos, colonização micorrízica e fatores edáficos tem encontrado dificuldades. Quando a ocorrência de algumas espécies é correlacionado com classes de características do solo observa-se tendências diversas. Saggin-Júnior e Siqueira (1996) citam que as espécies A. morrowiae e E. colombiana tendem a ser favorecidas pelo aumento do nível de matéria orgânica do solo, enquanto que A. scrobiculata tem seu índice de ocorrência reduzido; em relação ao pH, A. morrowiae, A. mellea e E. colombiana têm seus índices de ocorrência reduzidos com o aumento do pH, ao contrário de A. scrobiculata e Gl. etunicatum que segundo Siqueira et al. (1984) são favorecidas pela elevação do pH. Saggin-Junior e Siqueira (1996), estudando as espécies de FMAs que ocorrem em plantações de café, concluiram que as espécies de Acaulospora e Glomus ocorrem em faixas mais amplas de pH do solo, sendo dominantes, enquanto que espécies de Scutellospora, Gigaspora e Entrophospora, tendem a ocorrer numa faixa estrita de pH baixo, sendo menos numerosas. Em relação aos teores de Zn e P as espécies tendem a reduzir com o aumento destes nutrientes no solo (Saggin-Junior e Siqueira, 1996) Os dados de ocorrência de FMAs foram utilizados para se calcular o grau de similaridade das populações, com base nos Coeficientes de Sorensen (Tabela 2.11). Verificou-se que os valores de associação entre os diferentes períodos de amostragem foram sempre altos, acima de 80%, o que sugere que as espécies presentes apresentam adaptabilidade e persistência nas condições ambientais das regiões estudadas, implicando também, alta capacidade competitiva e infectividade. A similaridade entre as duas áreas variou de 76% a 83% nos diferentes períodos. 101 Tabela 2.11. Similaridade, a partir do Coeficiente de Sorensen, entre as populações de FMAs, entre os períodos e áreas. Comparação Período Cs Alagoinhas X Lençóis Mar/04 Jul/04 Set/04 Jan/05 0,78 0,83 0,83 0,76 Alagoinhas Mar/04 X jul/04 Mar/04 X set/04 Mar/04 X Jan/05 Jul/04 X set/04 0,95 0,98 0,92 0,97 Jul/04 X jan/05 Set/04 X jan/05 0,97 0,95 Mar/04 X jul/04 Mar/04 X set/04 Mar/04 X Jan/05 Jul/04 X set/04 Jul/04 X jan/05 Set/04 X jan/05 0,92 0, 93 0,97 0,85 0,89 0,90 Lençóis 102 Os resultados da análise de cluster são apresentados nas figuras 2.15 a 2.18. O mapeamento multidimensional, adotando-se a ocorrência das espécies de FMA nos diferentes períodos, com base na dissimilaridade de Bray-Curtis corroborou o resultado obtido na avaliação pelos índices de similaridade. Segundo Clark e Warwick (2001) a confiabilidade na eficiência deste mapeamento é medida através do valor de “Stress”, utilizando-se uma escala de valores para o julgamento da ordenação bi-dimensional do mapa, sendo: “Stress” < 0,05 – confere uma excelente representação, sem a possibilidade de uma interpretação equivocada. “Stress” < 0,1 – corresponde a uma boa ordenação, sem a probabilidade real de conduzir a uma interpretação equivocada. “Stress” < 0,2 – ainda fornece um mapa bidimensional com grande potencialidade de uso, embora os valores no limite superior deste intervalo não confiram confiabilidade ao mapa. “Stress” > 0,3 – indica que os pontos estão sendo quase que arbitrariamente colocados no espaço bi-dimensional do mapa. Os resultados de ordenação, neste estudo, produziram um “mapa” com stress baixo. Para Alagoinhas observa-se que o período de julho e setembro de 2004 tem o menor índice de dissimilaridade (7,54%), ou seja uma similaridade de 92,46% na composição de espécies (Figura 2.15). A maior dissimilaridade foi observada entre março de 2004 e janeiro de 2005 (17,844%). Observa-se a segregação do período de janeiro de 2005 (dissimilaridade de 13,21%). Adicionalmente, três grupos podem ser formados (Figura 2.15). Espécies que só ocorreram em um período ou em número reduzido contribuíram para a dissimilaridade entre os grupos. As espécies que mais contribuíram para a dissimilaridade entre os meses de março e janeiro foram Gl. aff. aggregatum (12,26%), S. aff. minuta e Glomus sp. 1 (10,65% cada) e Glomus. sp. 2 (9,03%). A figura 2.16 representa uma tentativa de agrupar as espécies quanto a sua ocorrência. Um grande número de espécies ocorreram sempre juntas, apenas quatro espécies apareceram disjuntas (ocorrência esporádica) (Figura 2.16). 103 13,21% Dissimilaridade 10,22% 7,54% B A C Figura 2.15. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) entre diferentes períodos de amostragem em Alagoinhas, Bahia Similaridade 104 Similaridade A Figura 2.16. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) da presença e ausência de diferentes espécies de FMA na rizosfera de H. speciosa em Alagoinhas, Bahia. 105 Em Lençóis, os períodos de março e julho de 2004 tem o menor índice de dissimilaridade (9,88%) (Figura 2.17), ou seja uma similaridade de 90,12% na composição de espécies. A maior disssimilaridade foi entre os meses de julho e setembro (20,8%). As espécies que mais contribuíram para a dissimilaridade entre os meses de julho e setembro foram: Glomus sp.8 contribuiu com 17,29%, S. aff. dipurpurascens com 11,53%, Gl. aff. microcarpum com 10,39% e Gl. aff. aggregatum com 7,84%. A figura 2.18 representa uma tentativa de agrupar as espécies quanto a sua ocorrência. As espécies Gl. aff. aggregatum, Gl. aff. microcarpum. A. aff. morrowiae formaram o grupo C. Gl. sp. 9, Gl. sp. 8 e S. aff. dipurpurascens formaram o grupo B. S. aff. calospora ficou isolada. As outras espécies de FMAs formaram o grupo A. 106 18,04% Dissimilaridade 15,97% 9,88% A B C Figura 2.17. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) entre diferentes períodos de amostragem em Lençóis, Bahia. 107 Similaridade C B A Figura 2.18. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) da presença e ausência de diferentes espécies de FMA na rizosfera de H. speciosa em Lençóis, Bahia. 108 2.3.5. AVALIAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE FMAs USANDO DIFERENTES PLANTAS-ISCAS O número médio de esporos por 100 g de solo seco conseguidos com a multiplicação foi 2.748 em Lençóis e 425 em Alagoinhas, usando Sorghum bicolor L. Moench e Crotalaria juncea L., e 1.473 e 507 para Lençóis e Alagoinhas, respectivamente, usando a mangaba como planta multiplicadora. Um quadro sinóptico contendo as espécies de FMA presentes (representados pelo símbolo +) nos solos estudados (coletados em março de 2004) e na multiplicação com as diferentes plantas iscas facilita a visualização da distribuição das mesmas (Tabela 2.12). Em destaque as morfoespécies que apareceram após multiplicação (Tabela 2.12) A Tabela 2.13 traz o número de esporos, freqüência e abundância das morfoespécies encontradas após cultivo com as duas plantas iscas. A morfoespécie com maior abundância relativa foi Gl. etunicatum e a mais frequentemente observada, sendo que na multiplicação com mangaba no solo de Lençóis sua abundância relativa era de 72,14% do número de esporos (Tabela 2.13). Gl. macrocarpum e Gl. aff. deserticola também tiveram alta representatividade em todos os tratamentos (Tabela 2.13). 109 Tabela 2.12. Ocorrência das espécies de FMA nos locais de estudo e nas multiplicações com mangaba e com o consórcio sorgo mais leguminosa. Alagoinhas Mar/ Espécies de FMAs 04 + Acaulospora aff. spinosa Walker & Trappe + Acaulospora aff. morrowiae Spain & Schenck + Acaulospora sp. 1 Entrophospora aff. colombiana Spain & + Schenck + Gigaspora aff. decipiens Hall & Abbott Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) + Gerdemann & Trappe Glomus aff. deserticola Trappe, Bloss & + Menge Glomus aff. diaphanum Morton & Walker + Glomus etunicatum Becker & Gerdemann + Glomus aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne Glomus aff. microagreggatum Koske, Gemma + & Olexia Glomus aff. aggregatum Schenck & Smith + emend. Koske + Glomus aff. microcarpum Tulasne & Tulasne + Glomus glomerulatum Sieverding + Glomus sp. 1 + Glomus sp. 2 + Glomus sp. 6 + Glomus sp. 7 + Glomus sp. 8 Glomus sp. 9 Scutellospora aff. calospora (Nicol. & Gerd.) Walker & Sanders Scutellospora aff. dipurpurascens .Morton & + Koske Scutellospora aff. minuta (Ferrer & Herrera) + Walker & Sanders + Scutellospora sp. 1 Scutellospora sp.2 21 Total Lençóis Mang S+L Mar/ 04 Mang S+L + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + 24 23 22 21 20 110 Tabela 2.13. Número específico de esporos (NE), Freqüência relativa de ocorrência e Abundância relativa (AR) de FMA em solo rizosférico (100 g) de Hancornia speciosa Gomez, cultivado com diferentes culturas-armadilha. Alagoinhas Morfoespécies Acaulospora aff. spinosa Walker & Trappe Acaulospora aff. morrowiae Spain & Schenck Acaulospora sp. 1 Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck Gigaspora aff. decipiens Hall & Abbott Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe Glomus aff. deserticola Trappe, Bloss & Menge Glomus aff. diaphanum Morton & Walker Glomus etunicatum Becker & Gerdemann Glomus aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne Glomus aff. microagreggatum Koske, Gemma & Olexia Glomus aff. aggregatum Schenck & Smith emend. Koske Glomus aff. microcarpum Tulasne & Tulasne Glomus glomerulatum Sieverding Glomus sp. 1 Glomus sp. 2 Glomus sp. 6 Glomus sp. 7 Glomus sp. 8 Glomus sp. 9 Scutellospora aff. calospora (Nicol. & Gerd.) Walker & Sanders Scutellospora aff. dipurpurascens .Morton & Koske Scutellospora aff. minuta (Ferrer & Herrera) Walker & Sanders Scutellospora sp. 1 Scutellospora sp. 2 Outros Total Lençóis NE 2,5 25,6 0,3 4,2 0,7 5,1 52,4 0,2 93,3 67,9 8,7 0,6 22,4 2,7 1,0 6,6 1,1 6,7 13,0 0 S+L F 35 45 15 30 25 25 100 10 100 100 50 5 85 20 15 80 35 80 85 0 AR 0,73 7,47 0,09 1,23 0,20 1,49 15,29 0,06 27,23 19,82 2,54 0,18 6,54 0,79 0,29 1,93 0,32 1,96 3,79 0 NE 0,1 13,7 1,1 0,3 9,4 24,4 51,4 0,3 118,6 66,8 3,9 9,5 27,0 0,5 2,4 9,5 0,1 3,8 10,7 0 Mangaba F 5 55 15 10 35 40 100 10 100 85 60 35 75 10 25 95 5 65 90 0 AR 0,02 15,78 0,23 0,06 1,99 3,15 10,86 0,04 19,71 14,34 0,82 2,01 5,7 0,11 0,51 2,01 0,02 0,8 2,26 0 NE 1,6 0 5,6 8,8 1,6 19,2 180,9 1,7 779,9 233,0 31,1 0 0 8,8 2,2 70,0 0,7 3,2 0,4 0,3 S+L F 50 0 90 50 60 30 90 10 100 100 100 0 0 70 30 100 20 50 10 10 AR 0,12 0 0,41 0,64 0,12 1,4 13,17 0,12 56,76 16,96 2,26 0 0 0,64 0,16 5,09 0,05 0,23 0,03 0,02 NE 0,2 0,5 5,4 5,1 2,1 13,5 70,2 0,7 637,5 50,7 9,9 0 0 1,2 0,3 38,3 1,3 2,1 9,2 0,8 Mangaba F 8,3 8,3 91,7 33,3 58,3 41,7 100 33,3 100 100 66,7 0 0 16,7 16,7 100 25 25 91,7 8,3 AR 0,02 0,06 0,61 0,58 0,24 1,53 7,94 0,08 72,14 5,74 1,12 0 0 0,14 0,03 4,3 0,15 0,24 1,04 0,09 0 5,3 0 80 0 1,55 0,3 6,7 5 70 0,06 1,42 0 3,4 0 50 0 0,25 0 2,8 0 25 0 0,32 4,9 5,4 5,1 12,0 342,6 65 60 80 35 1,43 1,58 1,49 3,5 100 85,8 14,0 18,3 13,1 473,4 80 65 75 70 18,12 2,96 3,87 2,77 100 9,7 6,4 18,8 5,5 1373,6 70 80 60 40 0,71 0,47 1,37 0,37 100 21,0 9,4 4,5 1,5 883,7 100 58 66,7 8,3 2,38 1,06 0,51 1,05 100 111 A espécie S. aff. calospora foi registrada somente após multiplicação, em Alagoinhas. A espécie Gl. aff. diaphanum, presente no solo de Lençóis, foi registrada no solo de Alagoinhas somente após multiplicação (Tabela 2.12). A morfoespécie Gl. aff. microcarpum só ocorreu em Alagoinhas. A similaridade entre as populações nativas de campo e aquelas obtidas pela multiplicação foram mais altas em Lençóis (maior que 90%) (Tabela 2.14). Tabela 2.14. Matriz de similaridade, a partir do Coeficiente de Sorensen, entre as multiplicações e as populações nativas de FMAs. Local Comparações Índice de similaridade Sorensen Alagoinhas Populações nativas X Multiplicação S+L Populações nativas X Multiplicação Mangaba Multiplicação Mangaba X Multiplicação S+L 0,84 0,84 1,0 Lençóis Populações nativas X Multiplicação S+L Populações nativas X Multiplicação Mangaba Multiplicação Mangaba X Multiplicação S+L 0,95 0,95 0,90 Entre locais Populações nativas Multiplicação S+L Multiplicação Mangaba 0,78 0,84 0,85 S+L= multiplicação com sorgo e leguminosa O número de espécies aumentou após multiplicação, e consequentemente os índices de diversidade de Shannon e Margalef, exceto na multiplicação com mangaba, com o solo de Lençóis, devido a dominância da espécie Gl. etunicatum, representada por 72,14% dos esporos (Tabela 2.15). Tabela 2.15. Número de espécies e Índice de diversidade obtidos nas populações de campo e na multiplicação com mangaba e sorgo e leguminosa, em Alagoinhas e lençóis, Bahia. 112 S+L= multiplicação com sorgo e leguminosa; M= multiplicação com mangaba. As mudanças na composição de espécies de FMAs não foram significativas, não N˚ de espécies Dominância D Índice Shannon Simpson 1-D Margalef Equitatividade Mar/04 Alagoinhas S+L M Mar/04 Lençóis S+L M 21 0,17 2,097 0,83 3,435 0,689 23 0,1579 2,246 0,84 3,784 0,7164 24 0,1359 2,334 0,86 3,728 0,7344 20 0,407 1,363 0,59 2,552 0,455 21 0,3645 1,459 0,64 2,764 0,4792 22 0,5328 1,21 0,47 3,095 0,3914 havendo modificações nos índices ecológicos, exceto para a mudança na representatividade destas populações em termos de número de esporos. A espécie Gl. etunicatum foi a espécie dominante, sendo que outras morfoespécies, inicialmente presentes com poucos esporos, passaram a ter uma maior representatividade nas populações após o cultivo, como por exemplo, Gigaspora gigantea. Os solos de campo parecem ter influenciado a composição de espécies das comunidades após multiplicação com as plantas iscas. O solo de Alagoinhas e Lençóis foram dissimilares em 34,76% (Figura 2.19). A dissimilaridade entre a composição de espécies de FMAs dos solos antes e após o cultivo variou de 14,18% a 22,97%, em Lençóis e Alagoinhas, respectivamente (Figura 2.19). As espécies que contribuíram para dissimilaridade entre os grupos A e B (Figura 2.19) foram Gl. aff. diaphanum (12,22%), A. aff. morrowiae (10,81%), A. aff. myriocarpa (8,86%) e A. aff. denticulata (7,97%). As espécies que contribuíram para dissimilaridade entre os grupos C e D foram Gigaspora gigantea (10,48%), Glomus sp. 8 (8,71%), Gl. aff. glomerulatum (7,28%). A confiabilidade do mapeamento das relações de dissimilaridade, medido pelo valor de “Stress”, mostra que o valor encontrado aqui (próximo de 0), confere uma excelente representação. 113 2.3.6. NÚMERO DE PROPÁGULOS INFECTIVOS O número de esporos no solo de Lençóis foi sempre superior ao número de propágulos infectivos (Tabela 2.16), sendo que os valores encontrados nas duas áreas estudadas foram superiores aos valores por Souza et al. (2003) para áreas de caatinga. Tabela 2.16. Número médio de esporos e número mais provável (NMP) de propágulos infectivos em 100g de solo na rizosfera de mangabeiras adultas, em Alagoinhas e Lençóis. Local Período Pluviosidade Temperatura N°. de NMP/100g (mm) Média (°C) esporos/100g Alagoinhas Seco (mar/04) Chuvoso (jul/04) 32,6 95,6 24,2 24,3 290 273 200-400 200-400 Lençóis 27,6 249,6 20,9 24,2 595 431 240 200-400 Seco (jul/04) Chuvoso(mar/04) Sieverding (1991) discute a relação entre a densidade de esporos e o número de propágulos infectivos e que nem sempre é possível estabelecer uma correlação. An et al. (1990) mencionam que esta relação depende da espécie de FMA. Silva et al. (2001) estudando o potencial de infectividade de FMAs em duas áreas de vegetação de caatinga, preservada e degradada por mineração, no Estado da Bahia, encontraram também um maior número de esporos em relação aos propágulos infectivos. Entretanto, Souza et al. (2003) encontraram um número de propágulos infectivos maior que o número de esporos na rizosfera de plantas de caatinga na região do semi-árido do Nordeste do Brasil. Segundo estes autores, este número pode estar relacionado com a existência de diferentes mecanismos de sobrevivência dos FMA. Segundo Hart et al. (2001) as espécies de FMA utilizam estratégias diferentes, algumas espécies são mais hábeis para colonizar novos hospedeiros, e outras utilizam a estratégia da persistência do esporo por período maior no sistema solo/raiz. A discrepância entre o número de esporos contados de forma direta na amostra pode estar relacionado a contagem de esporos não viáveis, ou a esporos dormentes utilizados na estratégia de persistência no ambiente. 114 34,76% 22,97% 19,63% 18,5% 14,18% B C A D Figura 2.19. Dendrograma (a) e ordenação MDS (b) Dendrograma (a) entre as populaçõs nativas do solo de campo de Alagoinhas e Lençóis, Bahia, e as multiplicações com mangaba e sorgo+leguminosa. S+L= cultivo com sorgo e leguminosa. 115 2.7. CONCLUSÕES 1. O número de esporos foi sempre maior no solo de Lençóis do que em Alagoinhas. 2. Em Lençóis houve uma variação significativa no número de esporos entre os períodos estudados. Em Alagoinhas não foi encontrada nenhuma variação significativa. 3. Não foi encontrada correlação significativa entre o número de esporos e pluviosidade no período estudado (rs= 0,1957, p=0,6423). 4. Neste estudo não foi encontrada correlação entre o número de esporos e pH do solo. A correlação entre número de esporos e teor de fósforo foi positiva somente em janeiro de 2005 em Alagoinhas (rs= 0,6335, p= 0,0492). 5. Os teores de alumínio no solo correlacionaram-se negativamente com o número de esporos em Lençóis. 6. Não foi encontrada correlação significativa entre número de esporos e taxa de colonização radicular em H. speciosa Gomez. 7. A taxa de colonização radicular foi sempre alta (maior que 60%) em todos os períodos estudados, nos dois licais de estudo. 8. Houve uma correlação significativa (negativa) entre Temperatura Média e Temperatura Mínima e taxa de colonização radicular. 9. As espécies de FMA de maior freqüência e abundância foram Gl. etunicatum em Lençóis, e Gl. etunicatum, Gl. macrocarpum e Gl. deserticola em Alagoinhas, com Índice de Constância de 90 a 100% nos dois locais, e Abundância Relativa acima de 10% do número de esporos. 10. Essas espécies confirmam a condição micotrófica e podem estar participando mais efetivamente da colonização radicular. 11. A riqueza de espécis e valores de equitatividade foram maiores em Alagoinhas do que em Lençóis, representando comunidades mais uniformes. 12. A similaridade entre as duas áreas variou de 76 a 83% nos diferentes períodos. 116 13. A mudança na composição de espécies de FMAs após cultivo não foi significativa. Houve mudanças apenas na representatividade das espécies em termos de número de esporos. 14. A composição de espécies de FMAs nos solos de campo foram muito similares aquela após cultivo com as diferentes plantas-multiplicadoras. 15. A espécie Glomus etunicatum apresentou uma boa esporulação usando a mangaba como planta multiplicadora. 16. O número de esporos foi superior ao Número de Propágulos Infectivos (NPI) apenas em Lençóis. 117 2.5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Afek, U.; Reinaldelli, E.; Menge, J.A.; Johnson, E.L.V.; Pond, E. Mycorrhizal inoculum of cotton, onion and pepper seedlings. J. Amer. Soc. Hort. Sci., v.115, n.1, p. 938-942.1990. Allen, E.B.; Rincón, E.; Allen, M.F.; Pérez-Jimenez, A.; Huante, P. Disturbance and seasonal dynamics of mycorrhizae in a tropical deciduous forest in Mexico. Biotropica, v.30, p. 261-274. 1998. Andrade, L.R.M.; Junqueira, N.T.V.; Silva, J.A. da; Barbosa, D.; Leão, A.P.; Barros, L.H. Fertilização do substrato e inoculação de fungos micorrízicos arbusculares em mudas de mangaba (Hancornia speciosa). In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 27, 1999, Brasília. Anais... Planaltina, DF: Embrapa Cerrados. Disponível em CD-ROM. 1999. Araújo, C. V. M.; Alves, L. J.; Santos, O. 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O solo coletado na profundidade de 0-15 cm, apresentava a seguinte caracterização: textura arenosa; pH 4,4; 0,7 mg.dm3 de P (Mehlich-1); 0,02 mg.dm3 de K (Mehlich-1); 0,2 mmolc. dm3 de Ca; 0,7 mmolc. dm3 de Mg; 0,4 mmolc. dm3 de Al e 0,10 g/kg de solo de matéria orgânica. O solo foi seco ao ar e peneirado com malha de 4 mm de diâmetro, submetido a autoclavagem por duas horas a pressão de 1,5 atm., em dois ciclos consecutivos. Utilizou-se vasos com capacidade de 4,5 kg com solo autoclavado. Forneceu-se uma única dose de 20 mg.dm3 de P ao solo (na forma de superfosfato triplo). Aplicou-se também 80 mg.dm3 de K (na forma de KCl), 20 mg.dm3 de N e 23 mg.dm3 de S [(NH4)2SO4]. Aos 10, 20 e 30 dias fez-se a aplicação de nitrogênio em cobertura, usando-se solução de NH4NO3, fornecendo um total de 20 mg.dm3. Após incubação o solo apresentou pH 7,5 (solo onde o pH foi corrigido) e pH 5 (solo não corrigido) , 19,2 mg.dm3 de P (Mehlich-1), 0,13 mg.dm3 de K (Mehlich-1), 1,6 mmolc. dm3 de Ca, 0,5 mmolc. dm3 de Mg, 0,0 mmolc. dm3 de Al. Durante a condução do experimento foram feitas aplicações complementares de micronutrientes (0,81 mg.dm3 de B, 3,6 mg.dm3 de Mn, 32 mg.dm3 de Cu, 3,9 mg.dm3 de Zn, 0,15 mg.dm3 de Mo e 1,56 mg.dm3 de Fe). Avaliou-se a eficiência micorrízica de fungos nativos selecionados a partir de cultivo armadilha com a própria mangabeira. As espécies utilizadas na inoculação foram: Glomus etunicatum Becker & Gerdemann, Glomus sp., Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe, Scutellospora sp. e Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck. O percentual de colonização encontrado neste experimento foi baixo, variando de 2% a 5,8%. Os maiores valores foram observados na inoculação com Glomus sp. e Scutellospora sp. O experimento demostrou que existem populações nativas eficientes para a mangabeira. Plantas de 129 mangabeira micorrizadas apresentaram maior crescimento em altura, comprimento radicular e biomassa seca. A máxima eficiência micorrízica foi obtida pela inoculação com populações nativas em solo com pH corrigido. Plantas micorrizadas absorveram mais P, Cu e Mg. Palavras-chave: Hancornia speciosa Gómez, FMA, eficiência micorrízica. 130 ABSTRACT This work was carried out aiming to obtain basic information to support controlled inoculation programs with arbuscular mycorrhizal fungi (AMF) in H. speciosa Gomez. The experiment was performed in glasshouse in the Embrapa Mandioca e Fruticultura station, in Cruz das Almas, Bahia. A dystrophic quartz sand soil sample from Lençóis, with low natural fertility and low water retention capacity, was used. This soil sample, collected 0-30 cm deep, presented the following characteristics: pH of 4,4; P content of 0,7 mg.dm3 (Mehlich-1); K content of 0,02 mg.dm3 (Mehlich-1); Ca content of 0,2 mmolc. dm3; Mg content of 0,7 mmolc. dm3; Al content of 0,4 mmolc. dm3 and organic matter content of 0,10 g/kg. Soil was air dried and sieved with a 4 mm mesh sieve, autoclavated for 2 hours at 1,5 atm, in two consecutive cycles. Pots with 4,5 kg autoclavated soil were used. A single dose of P (20 mg.dm3) was added to soil (as triple superphosphate). It was also added 80 mg.dm 3 of K (as KCl), 20 mg.dm3 of N and 23 mg.dm3 of S (as [(NH4)2SO4]). After 10, 20 and 30 days N was added, using a NH4NO3 solution (20 mg.dm3). After incubation soil presented pH equal to 7.5 (where soil pH had been adjusted) and 5.0 (where soil pH had not been adjusted), 19.2 mg.dm 3 of P (Mehlich-1), 0.13 mg.dm3 of K (Mehlich-1), 1.6 mmolc.dm3 of Ca, 0.5 mmolc.dm3 of Mg, 0.0 mmolc.dm3 of Al. During the experiment conduction extra applications of micronutrients (0.81 mg.dm3 of B, 3.6 mg.dm3 of Mn, 32 mg.dm3 of Cu, 3.9 mg.dm3 of Zn, 0.15 mg.dm3 of Mo, and 1.56 mg.dm3 of Fe) were made. The mycorrhizal efficiency of AMF species selected in trap cultures with H. speciosa, was assessed. Species used in the inoculation were: Glomus etunicatum Becker & Gerdemann, Glomus sp., Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe, Scutellospora sp., and Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck. Colonization rates found were low, varying from 2% to 5.8%. The highest values were found when using Glomus sp. and Scutellospora sp. The experiment showed that native AMF populations are efficient to H. speciosa plants. Mycorrhizal H. speciosa plants presented higher shoot growth, root lenght and dry biomass. Scutellospora sp., Acaulospora cf. denticulata Sieverding & Toro and Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe were the most efficient in soil where pH was not adjusted. Mycorrhizal plants absorbed more P, Cu, and Mg. 131 Keywords: Hancornia speciosa Gómez, AMF, mycorrhizal efficiency. 132 3.1. INTRODUÇÃO Os estudos da biologia reprodutiva e ecologia de espécies de interesse ecológico e econômico nativas da Bahia são de grande relevância e fornecerão subsídios para o estabelecimento de bancos de germoplasma, programas de melhoramento vegetal e plantios para exploração econômica de frutos, madeira e produtos medicinais, além de subsidiar programas de recuperação de áreas degradadas, sendo condição essencial para sua conservação. A insuficiência de dados relativos à propagação, desenvolvimento, exigências hídricas e nutricionais, adubação e práticas culturais tem limitado a exploração e o desenvolvimento do cultivo comercial da mangabeira (Hancornia speciosa Gomez, Apocynaceae). Esta espécie tem aproveitamento restrito por ser explorada apenas de forma extrativista e vem sofrendo redução da área onde ocorre na forma nativa, o que vem provocando uma grande erosão genética e perda de germoplasma de interesse. A mangaba ocorre em solos ácidos, com baixa disponibilidade de fósforo e de bases trocáveis. Embora em circunstâncias naturais as plantas suportem estas condições, desconhece-se a sua resposta à eliminação desses fatores limitantes à produção comercial, e não existem estudos conclusivos sobre a adubação da cultura, planta ainda em fase de domesticação (Espíndola e Ferreira, 2003). A simbiose micorrízica exerce papel importante na aquisição de nutrientes minerais pela planta hospedeira, principalmente aqueles com baixa mobilidade no solo, como o fósforo, o zinco e o cobre (Hayman, 1983), resultando em maiores taxas de crescimento, aumentos na taxa fotossintética, aumentos na síntese de proteínas e substâncias de crescimento e maior resistência a patógenos e estresses diversos (Siqueira, 1984; Silveira, 1992; Smith e Read, 1997). Mais ainda faltam informações sobre a vantagem da inoculação de essências florestais com FMAs e sua aplicabilidade em escala comercial, principalmente em campo. O emprego de FMAs em culturas perenes tem despertado interesse, uma vez que estas são produzidas em sementeiras e mantidas em viveiros durante o início do desenvolvimento, podendo ser mais facilmente inoculadas. A associação com FMAs pode favorecer a absorção de nutrientes pelas plantas, melhorar o estado fitossanitário destas e a agregação do solo (Trindade 1998), produzindo o crescimento de mudas mais vigorosas, com melhor poder de pegamento e maiores possibilidades de resistir a 133 estresses bióticos e abióticos, além de minimizar os custos com fertilizantes em solos com deficiência em P (Hall, 1988; Diederichs e Moawad, 1993), antecipando ainda o tempo de transplante para o campo (Cavalcante et al., 2002b). Para a introdução de fungos MAs na agricultura pode-se utilizar a seleção de fungos introduzidos de outras regiões ou selecionar espécies isoladas do próprio ecossistema onde se pretende explorar a micorrização (Abbott e Robson, 1984). A ocorrência natural de FMAs em fruteiras (Medeiros e Grisi, 1988; Ribeiro Filho et al.,1991; Weber e Oliveira,1994; Oliveira e Coelho, 1995; Maia, 2003; Yano Melo et al., 2003a) e os benefícios promovidos por esses fungos em mudas préinoculadas têm sido mencionados para aceroleiras (Costa et al., 2001), maracujazeiros amarelos (Cavalcante et al., 2002a; Cavalcante et al., 2002b), macieiras (Locatelli et al., 2002), bananeiras (Declerck et al., 2002; Yano-Melo et al., 1999, 2003b; Trindade et al., 2003), mamoeiros (Auler, 1995; Trindade, 1998; Trindade et al., 2001), Citros (Weber e Oliveira, 1994; Graham, 1986; Rego et al., 2004); cafeeiros (Colozzi-Filho e Siqueira, 1986; Colozzi-Filho et al., 1994; Saggin-Júnior et al., 1994, 1995; Saggin Júnior e Siqueira, 1995, 1996), videiras (Paron e Morgado, 2006). De forma geral, estes trabalhos mostram resultados promissores, dependendo da combinação FMA x planta. Poucos estudos sobre as relações simbióticas da mangabeira com os FMA foram realizados; destacam-se os trabalhos de Costa et al. (2000, 2002, 2003, 2005), Andrade et al. (1999) e Lemos et al. (1997). A associação micorrízica beneficiou a planta, com maior incremento na biomassa seca da parte aérea e na área foliar (Costa et al., 2002). Andrade et al. (1999) avaliaram as respostas de mudas de mangabeira à fertilização do substrato e inoculação com FMA nativos em condições de viveiro. Após 12 meses os autores observaram que as maiores taxas de desenvolvimento e sobrevivência ocorreram nas plântulas inoculadas com os fungos micorrízicos, evidenciando a eficiência desta associação para a mangabeira. Costa et al. (2003) avaliaram a densidade de esporos no inóculo necessários para promover o crescimento de plântulas de H. speciosa, e concluíram que a inoculação com Glomus etunicatum Becker & Gerdeman não influenciou o crescimento, e que Gigaspora albida Schenck & Smith , com inóculo de 100 esporos por planta, apresentou os maiores incrementos em altura, biomassa seca e área foliar. Experimentos realizados por Costa et al. (2005) utilizando Gigaspora albida Schenck & Smith e Glomus etunicatum Becker & Gerdemann mostraram que a mangabeira é dependente da micorrização quando em solo desinfestado e com baixo nível (3mg P dm-3) de fósforo. 134 Neste projeto foi estudada a eficiência simbiótica de algumas espécies de FMAs nativos visando a obtenção de informações que viabilizem o desenvolvimento de tecnologias para inoculação com FMAs na fase de formação de mudas. 135 3.2. MATERIAL E MÉTODOS As sementes e o solo foram coletados em uma área entre 12°30’ e 12°32’ de latitude sul e entre 41°23 e 41°27’ de longitude oeste, próximo ao Município de Lençóis, Bahia, a 450 m de altitude. O experimento foi desenvolvido em condição de viveiro da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas, Bahia. No experimento utilizou-se uma amostra do solo arenoso, coletado na profundidade de 0-15 cm, em Lençóis, proveniente de areias quatzozas distróficas, apresentando a seguinte caracterização: textura arenosa; pH 4,4 , 0,7 mg.dm3 de P (Mehlich-1), 0,02 mg.dm 3 de K (Mehlich-1), 0,2 mmolc. dm3 de Ca, 0,7 mmolc. dm3 de Mg, 0,4 mmolc. dm3 de Al e 0,10 g/kg de solo de matéria orgânica. O solo foi seco ao ar e peneirado com malha de 4 mm de diâmetro, submetido a autoclavagem por duas horas a pressão de 1,5 atm., em dois ciclos seguidos, o segundo 24 horas após o primeiro. O experimento constituiu-se de um fatorial 2 (pH) X 5 (inóculos), com quatro repetições. Uma parte do experimento recebeu calagem em dose equivalente a 1,6 t/ha com base no cálculo do alumínio trocável (NC = Al3+ X 2), utilizando-se uma mistura de CaCo3 + MgCO3 p.a., na proporção de Ca:Mg 4:1 (em cmol c+), e na outra parte do experimento o pH não foi corrigido. Forneceu-se uma única dose de 20 mg.dm3 de P ao solo (na forma de superfosfato triplo). Aplicou-se também 80 mg.dm3 de K (na forma de KCl), 20 mg.dm3 de N e 23 mg.dm3 de S [(NH4)2SO4]. Aos 10, 20 e 30 dias fez-se a aplicação de nitrogênio em cobertura, usando-se solução de NH4NO3. Após incubação o solo apresentou pH 7,5 (solo onde o pH foi corrigido) e pH 5 (solo não corrigido) , 19,2 mg.dm3 de P (Mehlich-1), 0,13 mg.dm3 de K (Mehlich-1), 1,6 mmolc. dm3 de Ca, 0,5 mmolc. dm3 de Mg, 0,0 mmolc. dm3 de Al. Durante a condução do experimento foram feitas aplicações de micronutrientes ( 0,81 mg.dm3 de B, 3,6 mg.dm3 de Mn, 32 mg.dm3 de Cu, 3,9 mg.dm3 de Zn, 0,15 mg.dm3 de Mo e 1,56 mg.dm3 de Fe). As mudas de mangabeira foram produzidas a partir de sementes, desinfestadas superficialmente com uma solução de 0,2% de hipoclorito de sódio, por 10 minutos, pré-germinadas em bandejas de plástico com substrato autoclavado, sendo depois transferidas para vasos de 4,5 dm3. 136 Foram testados cinco isolados nativos: Glomus etunicatum Becker & Gerdemann, Glomus sp. 2, Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe, Scutellospora sp e Entrophospora aff. Colombiana Spain & Schenck. Além destes utilizou-se um tratamento com solo autoclavado não inoculado, e outro com solo não autoclavado contendo a população de esporos nativos (as espécies encontradas neste solo são relatadas no Capítulo 2), totalizando 7 tratamentos. Os fungos foram selecionados e extraídos a partir de populações multiplicadas em sistema de cultivo armadilha utilizando como planta-isca plântulas de H. speciosa. Para isto, utilizou-se potes plásticos com capacidade para 500 g. No seu preenchimento colocou-se inicialmente uma camada de areia (1/5 da capacidade do recipiente) e em seguida preencheu-se 3/5 da capacidade do recipiente com o solo nativo e completou-se o pote com uma segunda camada de areia (1/5), para isolar o solo e evitar posterior contaminação com esporos vindos do ar. Após 6 meses, a parte aérea da plântula foi descartada, o solo destorroado, as raízes cortadas e incorporadas ao solo, sendo seco à sombra, e posteriormente armazenado em câmara fria (7°C) para posterior extração dos esporos. Após a extração (Gerdemann e Nicolson, 1963; Coolen, 1979; Jenkins, 1964) os esporos foram separados, transferidos para tubos de ensaio contendo água destilada e colocados em geladeira (5-10ºC) por 48 horas. A inoculação foi realizada no ato da repicagem utlizando-se 80 esporos por planta em cada tratamento. No tratamento controle aplicou-se a mesma quantidade de água que nos demais. As determinações em cada parcela experimental foram: área foliar, medidas pelo medidor de área foliar, altura da muda medindo-se do colo da plântula até a gema apical, obtida com uma régua milimétrica para avaliar o crescimento das plantas com e sem inoculação, aos 30, 60, 90, 120 e 150, dias após a repicagem; número de folhas partindo-se da folha basal até a última folha aberta; O comprimento do sistema radicular foi determinado pelo programa de análise de raízes GS ROOT, após terem sido digitalizadas com scanner a 100 DPI; comprimento da raiz pivotante obtido com o auxílio de uma régua milimétrica, medindo-se do colo até a extremidade da raiz; coleta da parte aérea para a obtenção da biomassa úmida e biomassa seca da parte aérea e raiz obtida através da coleta da parte aérea das plantas rente ao solo e secagem em estufa de circulação forçada de ar a 65-70ºC por um mínimo de 72 horas até peso constante, para obtenção do peso seco e determinação dos teores de nutrientes. 137 Baseando-se no peso de matéria seca da parte aérea, estimou-se a eficiência dos FMA’s, mediante a fórmula proposta por Plenchette et al. (1983): EM = M – NM/M X 100, onde M = planta inoculada, NM = planta nãoinoculada. Também foi realizada a avaliação nutricional de folhas para quantificar os teores de P, Mg, Ca, Zn, Cu, K e N. O preparo do material vegetal e dosagem de nutrientes foliares foram realizados segundo os padrões da EMBRAPA(1999). A taxa de colonização micorrízica foi avaliada seguindo-se amostragem em três pontos, coloração em azul de algodão, segundo a técnica de Phillips e Hayman (1970), e avaliação do percentual do comprimento de raiz colonizada pelo método da interseção linear, em placa reticulada (Ambler e Young, 1977). As análises estatísticas descritivas foram realizadas utilizando o Programa BioEstat 4.0, desenvolvido por Ayres et al. (2005). A Análise de Variância (ANOVA) foi empregada para verificar se existia ou não diferenças significativas entre os diferentes tratamentos. Para testar a normalidade da distribuição observada foi utilizado o teste de Kolmogorov & Smirnov, e para verificar a homocedasticidade foi utilizado o teste de Bartlett (1937) descrito em Beiguelman (1996). Quando o resultado da ANOVA foi significativo aplicou-se a posteriori o teste de Tukey–Krame (paramétrico). Para dados não paramétricos foi aplicada uma ANOVA Não Paramétrica associando-se os testes de Kruskal–Wallis e de Comparações Múltiplas de Dunn (Zar, 1999). Para as análises de variância utilizou-se o Software GraphPad for Windows versão 3.06 (2003). 138 3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.3.1. EFEITO DA INOCULAÇÃO SOBRE O CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE BIOMASSA A inoculação por FMAs resultou em plantas com maior crescimento em altura (Figura 3.1). Este efeito ocorreu a partir do 30° dia do experimento, aumentando com o tempo. Este estudo revela a existência de populações eficientes de fungos MA indígenas na rizosfera de mangabeira nativas, e que o solo nativo não autoclavado possui um potencial elevado de inoculação. Costa et al. (2005) também estudando a mangabeira confirmaram a eficiência de espécies de FMAs nativos existentes em pomar de mangabeiras, que promoveram maior crescimento em altura e produção de biomassa seca em solo não desinfestado, A eficiência da população de FMAs pode ser influenciada não só pelas espécies que compõem esta população, mas também pela sua capacidade infectiva. Trindade (1998) estudando a eficiência de FMAs em pomares de mamoeiro (Carica papaya) verificou que populações provenientes de áreas com uso intenso de pesticidas e adubação nitrogenada podem ter influenciado a seleção de espécies de FMAs menos eficientes. Assim, estas populações quando inoculadas em mudas de mamoeiro não promoveram um crescimento significativo em relação ao tratamento controle O solo utilizado nesse experimento nunca foi manejado para cultivo, ou seja não recebeu adubação. Portanto, as espécies de FMAs presentes devem ter sido favorecidas pela seleção natural, obtendo sucesso aquelas espécies mais adaptadas para se multiplicarem e reproduzirem na rizosfera e/ou raízes de diferentes plantas. Aspectos característicos da co-evolução entre os sistemas radiculares e fungos arbusculares são observados, sendo que, de forma geral, plantas que apresentam raízes de maiores diâmetros, pouco ramificadas e com poucos pêlos absorventes são mais dependentes de micorrizas do que aquelas plantas cujos sistemas radiculares são mais extensos, abundantemente ramificados ou fasciculados e/ou que produzem pêlos radiculares longos e abundantes (Baylis, 1975; Crush, 1974). Como já foi relatado, o sistema radicular da mangabeira tem poucas raízes finas, com poucas ordens de ramificação e pêlos radiculares curtos, portanto apresenta características de dependência de micorrizas. 139 Trindade (1998) sugere um manejo que venha a aumentar o número de propágulos onde existam populações eficientes de FMAs, visando aumentar a produção vegetal. Esse autor ressalta também que a adubação deve ser feita de modo compatível com a resposta micorrízica. Para o mamoeiro, a aplicação de 140 mg.dm-3 de fósforo reduziu a colonização e a eficiência micorrízica, produzindo inclusive efeitos deletérios. Portanto, é possível reduzir o fornecimento de fósforo, e também os custos, e manter o rendimento na produção em função dos benefícios da micorrização com populações de FMAs nativos (Trindade, 1998). Os resultados encontrados por Costa et al. (2005) indicam que a mangabeira é dependente da micorrização em solo desinfestado e com baixo teor de fósforo (3 mg/dm3). Em níveis mais elevados de fósforo (183 mg.dm-3 de P no solo) a planta não respondeu à adubação fosfatada (Costa et al., 2005), o que indica que esse nutriente é pouco exigido para o crescimento da planta. Pode-se recomendar, então, quantidades menores de elementos nutritivos na adubação de plantas micorrizadas de mangabeiras. A avaliação de FMAs em condições controladas é indicada como uma primeira etapa num programa de seleção (Abbott e Robson, 1982). Os inóculos isolados foram testados em condições sem competição. Neste estudo, alguns isolados diferiram na eficiência micorrízica e também na capacidade infectiva, e estas modificaram-se nos diferentes pH testados. Em solo com pH não corrigido as plantas apresentaram valores maiores de crescimento, biomassa seca, e todas as outras variáveis analisadas (Tabelas 3.1 e 3.2). A inoculação com Scutellospora sp. promoveu o maior crescimento em altura (Figura 3.1), seguida da inoculação com populações nativas presentes no solo, Gigaspora gigantea e Entrophospora aff. colombiana , todos em solo com pH não corrigido (pH igual a 5). Estudos anteriores realizados por Costa et al. (2005) avaliando os efeitos da inoculação em mangabeira com Gigaspora albida e Glomus etunicatum, em solo desinfestado, concluíram que G. albida é mais efetivo e competitivo que Glomus etunicatum no desenvolvimento de mudas de mangabeira. Nas populações nativas de FMAs utilizadas neste estudo (solo de Lençóis) há predominância das espécies Glomus etunicatum Becker e Gerdemann, Glomus aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne e Glomus aff. deserticola Trappe, Bloss & Menge, com 49%, 13% e 17% de abundância relativa (valores médios), respectivamente (ver Capítulo 2). 140 Dos fungos testados apenas Glomus etunicatum e Glomus sp2 não promoveram crescimento significativo em relação ao controle, apesar destas duas espécies juntas constituírem quase 60% do número total de esporos nas populações estudadas. Para o comprimento radicular total, os aumentos maiores também foram observados no tratamento com pH do solo não corrigido, com a inoculação de populações nativas e Gigaspora gigantea (Tabela 3.2). O tratamento controle não inoculado apresentou, no entanto, valores altos. O maior investimento no sistema radicular foi em raízes com diâmetro na faixa de 0,01 a 0,04 mm (Tabela 3.2). Segundo Baylis (1975) em plantas tropicais que crescem em solos ácidos e distróficos, a maximização do sistema radicular é uma vantagem seletiva para a sobrevivência. Comparando os diferentes tratamentos, o comprimento da raiz pivotante foi maior em solo não autoclavado, com pH corrigido e não corrigido, contendo as populações nativas de FMAs (Tabela 3.2 ). Os maiores valores de produção de matéria seca das raízes foram observados na inoculação com populações nativas, Scutellospora sp. e Gigaspora gigantea (Tabela 3.1). A produção de matéria seca da parte aérea também foi maior nos tratamentos com pH do solo não corrigido, inclusive no tratamento controle (Tabela 3.1), resultando em eficiência micorrízica baixa ou negativa. Em solo com pH corrigido todos os fungos também promoveram um aumento na produção de matéria seca, inclusive a população nativa. Nesta condição o pH atingiu 7,5, o que pode ter reduzido a disponibilidade de nutrientes como o Zn e Cu, tornando a planta mais dependente da condição micorrízica. Plantas micorrizadas absorveram mais P, Cu e Mg. A máxima eficiência micorrízica foi obtida pela inoculação com populações nativas em solo com pH corrigido, atingindo valores de 80,81% de incremento em altura. A eficiência micorrízica de Scutellospora sp. em solo com pH corrigido comparado ao solo com pH não corrigido, diferiu significativamente (q= 5,024, p<0,05) nos dois tratamentos, sendo maior no solo com pH não corrigido (tabela 3.3). Comparando a área foliar entre os diferentes tratamentos, a inoculação com Scutellospora sp. também diferiu entre o solo com pH corrigido e não corrigido, pelo teste de Tukey-Kramer (q=5,039, p<0,001). A diferença encontrada nos tratamentos 141 indica que a correção do pH do solo influenciou a associação micorrízica e seus efeitos sobre a planta. FMAs têm sido encontrados em pH variando de 2,7 a 9,2, ocorrendo, entretanto diferenças entre as espécies e isolados de fungos quanto à sua capacidade de germinar e colonizar o hospedeiro em função do pH do solo (Maluf et al., 1998; Siqueira et al., 1986). Modificações do pH alteram o índice de ocorrência das espécies de FMAs e a densidade dos esporos na rizosfera da planta hospedeira (Trufem et al., 1990), e o pH do solo afeta também a associação micorrízica, seja pelos efeitos diretos sobre a permeabilidade das membranas do fungo e da planta, seja pelos seus efeitos indiretos na disponibilidade dos nutrientes (Silveira, 1992), principalmente nos solos distróficos, uma vez que altera a solubilidade do alumínio, manganês, ferro, cobre e zinco. Em níveis elevados podem ser tóxicos aos FMAs, reduzindo a geminação dos esporos e o crescimento do tubo germinativo (Silveira, 1998). Segundo Siqueira et al. (1986) o efeito da calagem sobre MVA é, em geral, positivo. A elevação do pH em substratos para mudas de plantas nativas do cerrado deve ser melhor estudado, não só quanto ao efeito no crescimento da planta, mas também quanto ao estabelecimento da associação micorrízica com diferentes espécies de FMAs. Por tratar-se de uma planta nativa que ocorre preferencialmente em solos ácidos, supõe-se haver uma estreita relação entre as espécies de FMAs indígenas, coletados no solo rizosférico de mangabeiras, a planta hospedeira e o pH do solo. 142 Tabela 3.1. Matéria seca da parte aérea e raiz, colonização radicular e área foliar de plantas de mangabeira em função da inoculação de diferentes fungos MA. Tratamentos Solo Aci N Matéria seca (g) dez PA Colonização Área Foliar radicular (%) (cm2) Raiz NA NA C NC 4 0,766(0,7921) 4 1,297(0,7738) 0,442(0,1866) 3,245 (0,6226) 52,6(64,119) 0,434(0,2711) 3,725 (2,397) 107(53,559) Entrophospora aff. colombiana Gigaspora gigantea Glomus aff. etunicatum Glomus sp. 2 Scutellospora sp. Sem inoculação Controle A A A A A A NC NC NC NC NC NC 4 4 2 4 4 2 0,878(0,4784) 0,355(0,0789) 4,255(0,4879) 64,25(51,389) 1,155(1,0093) 0,969(0,8462) 3,582(2,7702) 68,75(63,688) 0,286(0,0919) 0,139(0,0912) 4,14(1,2162) 165,66(41,549) 0,707(0,4942) 0,269(0,0691) 4,187(3,6666) 21,5(23,334) 1,594(0,7197) 0,9105(0,2711) 5,795(6,1209) 153(69,509) 1,005(0,1061) 0,436(0,2609) - 80,67(42,004) Entrophospora aff. colombiana Gigaspora gigantea Glomus aff. etunicatum Glomus sp. 2 Scutellospora sp. Sem inoculação Controle A A A A A A C C C C C C 4 4 4 4 4 4 0,366(0,3117) 0,427(0,2201) 3,852(3,7609) 27,4(26,254) 0,487(0,4631) 0,424(0,2377) 1,66(1,1576) 23(13,416) 0,436(0,3841) 0,230(0,0377) 4,317(5,3088) 39(44,714) 0,477(0,3422) 0,367(0,2473) 4,6422,8482) 47(46,157) 0,232(0,0996) 0,298(0,166) 1,517(2,0636) 55(29,866) 0,147(0,0874) 0,16(0,0111) - 10(13,856) Populações nativas Valores de médias seguido pelo Desvio Padrão entre parênteses 143 25 Incremento altura (%) 20 15 10 5 0 1 2 3 4 Populações nativas NA C Populações nativas NA NC Inoculação Scutellospora A NC Sem inoculação Controle A NC Inoculação Acaulospora A C Inoculação Gigaspora A C Inoculação Glomus sp1 A C Inoculação Glomus sp 2 A C Inoculação Scutellospora A C Sem inoculação Controle A C 5 Figura 3.1. Incremento em altura de mudas de Inoculação mangabeira em função do tempo (em meses) para os diferentes fungos Inoculação Acaulospora A NC Gigaspora A NC micorrízicos inoculados (NA = solo não autoclavado; A = solo autoclavado; NC = pH não corrigido; C = pH corrigido). Inoculação Glomus sp1 A NC Inoculação Glomus sp 2 A NC 144 Tabela 3.2. Valor percentual das faixas de diâmetro em relação ao comprimento total da raiz nos diferentes tratamentos. N=4. TRATAMENTOS pH <0,005 0,005<D<0,01 0,01<D<0,04 0,04<D<0,06 0,06<D<0,08 0,08<D<0,15 D>0,15 Comprimento total (cm) Média (desvio padrão) Raiz pivotante (cm) Média (desvio padrão) Populações nativas NA C 0.8 0.8 54.5 16.7 10.7 13.2 3.5 1.059,22(399,01) 30,8(5,572) Populações nativas Entrophospora aff. colombiana NA NC 1.1 0.9 57.5 18.1 9.7 10.1 2.6 1.236,51(459,44) 35,95(7,646) A A NC NC 1.2 0.9 54.2 17.2 10.0 12.6 3.8 1.099,76(175,49) 27,82(10,459) 0.9 1.0 59.2 18.0 8.6 8.9 3.0 1.427,85(662,94) Gl. aff. etunicatum A NC 1.1 0.6 51.0 18.2 10.4 15.5 3.3 Glomus sp. 2 A NC 1.4 1.1 63.2 15.6 8.8 7.9 1.9 615,57(125,36) 1.058,48(361,01) 33,9(5,765) 23,35(10,677) Scutellospora sp A NC 1.0 1.0 58.7 18.2 9.0 9.1 2.9 1792,56(197,80) 28,65(2,769) Sem inoculação A NC 0.8 0.8 60.7 15.3 8.7 10.8 2.8 1556,37(466,557) 28,53(4,922) C C 0.6 0.6 46.3 19.7 12.9 16.0 3.5 Gigaspora gigantea A A 0.5 0.3 45.1 19.9 14.2 16.7 3.2 984,00(405,54) 952,10(443,21) 35,9(8,654) 31,3(2,591) Gl. aff. etunicatum A C 0.7 0.6 48.3 18.3 12.1 15.8 4.0 623,33(175,54) 31,82(5,855) Glomus sp. 2 A C 2.3 0.6 45.0 19.7 13.9 16.0 3.9 825,18(395,26) 32,45(4,058) Scutellospora sp A C 0.6 0.4 43.5 17.6 14.6 19.5 3.8 635,75(14,643) 28,02(9,454) Sem inoculação A C 0.4 0.4 35.7 22.8 19.2 19.2 2.3 500,81(149,14) 26,67(10,312) Gigaspora gigantea Entrophospora aff. colombiana NA = solo não autoclavado; A = solo autoclavado; NC= pH não corrigido; C= pH corrigido 29,97(3,364) 145 Tabela 3.3. Eficiência micorrízica em mangabeira, em solo com pH corrigido e não corrigido. Eficiência Tratamentos Solo pH micorrízica (%) Populações nativas Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerd. & Trappe Glomus aff. etunicatum Tulasne & Tulasne Glomus sp. 2 Scutellospora sp. NA A A A A A NC NC NC NC NC NC 22,51 -14,46 12,99 -71,54 -42,15 36,95 Populações nativas Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenck Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerd. & Trappe Glomus aff. etunicatum Tulasne & Tulasne Glomus sp. 2 Scutellospora sp. NA A A A A A C C C C C C 80,81 59,84 69,82 66,28 69,18 36,64 NA= solo não autoclavado; A= solo autoclavado; NC= pH não corrigido; C= pH corrigido. 146 Neste estudo, a utilização de esporos como única fonte de inóculo pode ter retardado o início da colonização e seus efeitos. Em um trabalho de seleção espera-se que o fungo apresente colonização intensa e rápida, e apresente efeitos maiores e mais rápidos sobre o crescimento. Como discutido por Trindade (1998) é difícil avaliar um fungo quando este apresenta uma colonização radicular baixa. Nesse caso, não se pode inferir que estes não tenham sido eficientes, mas sim pouco infectivos. As sugestões de alternativas neste caso incluem testar não o esporo isolado, mas o solo-inóculo onde estarão presentes hifas viáveis em segmentos de raízes, além dos esporos. Neste estudo a escolha de esporos como inóculo deveu-se a não existência de cultivos puros disponíveis para que o solo fosse utilizado como inóculo e aos poucos estudos sobre os esporos nativos presentes na rizosferas de mangabeiras nativas. Trindade (1998) discutindo sobre os baixos valores de colonização e produção de matéria seca de isolados nativos no agrossistema do mamoeiro chama a atenção para dois fatores que devem ter contribuído para isto: (1) o menor potencial de inóculo proporcionado por esporos, e (2) a provável dormência apresentada por esporos recentemente formados e que compõem os isolados. Este autor ressalta ainda a importância de uma colonização rápida e intensa pelo fungo MA em um programa de seleção de fungos mais eficientes. Segundo Hepper e Smith (1976) esporos mais velhos de algumas espécies apresentam taxas de germinação mais rápidas do que aqueles formados recentemente. Segundo Tommerup e Abbott (1981) a importância relativa de cada tipo de propágulo na colonização pode variar com a espécie de fungo. Novos experimentos devem ser realizados para testar a eficiência do inóculo, principalmente avaliar a rapidez de colonização, que é uma característica determinante da habilidade competitiva do fungo (Hepper et al., 1988) com populações indígenas. 147 3.3.2. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Plantas micorrizadas, de modo geral, apresentam maior absorção de nutrientes, em especial Zn, Cu, Ca e S, podendo, no entanto, serem encontrados resultados conflitantes (Silveira, 1992). Neste estudo os valores de P, K, Ca, Mg, S e Zn nas folhas não diferiram significativamente entre os tratamentos de inoculação (Tabela 3.4). Neste estudo os valores de N nas folhas foram maiores nos tratamentos em solo com pH não corrigido, sendo o maior valor observado na inoculação com Glomus sp.2 (Tabela 3.4). Espíndola et al. (1999) encontraram que o aumento das doses de calcário no solo proporcionou decréscimos nos teores e nos conteúdos de Zn e Mn nas folhas. Nesse estudo a correção do pH também diminuiu a concentração de Mn nas folhas (Tabela 3.4), e alguns tratamentos diferiram significativamente. Em relação aos valores de Zn, esses não diferiram nos diferentes tratamentos. As concentrações de Cu e Fe nas folhas foram maiores nos tratamentos com pH corrigido (Tabela 3.4), sendo que a a maior concentração de Fe foi encontrada no tratamento com Entrophospora aff. colombiana (Tabela 3.4). A elevação do pH em substratos para plantas nativas do cerrado deve ser melhor estudado, não só quanto ao efeito no crescimento da planta, mas também seu efeito sobre a associação micorrízica e as diferentes espécies de FMAs. 148 Tabela 3.4. Teor de macro e micronutrientes nas folhas de H. speciosa em função da inoculação de diferentes fungos micorrízicos. Valores médios seguidos de desvio padrão entre parênteses. kg-1) Tratamentos N (g. População Nativa C NA População Nativa NC NA 19,23(2,237) 24,47(2,676) P(g. kg-1) 1,1(0,1) (1,2764) K(g. kg-1) 20,67(3,403) Ca(g. kg-1) 11,83(1,301) 12,87(2,323) 8,825(19,619) Mg(g. kg-1) 2,47(0,252) 2,37(0,759) S (g.K-1) 2,1(0,346) 2,77(0,929) Cu (mg. K-1) 5,67(1,527) 6(3,162) Fe(mg. K-1) 189,33(40,809) 171,25(48,958) Mn (mg. K-1) 123(27,074) Zn (mg. K-1) 33,67(10,408) 303,75(75,146) 42,75(7,1356) Entrophospora aff. colombiana NC A Gigaspora gigantea NC A Glomus aff. etunicatum NC A Glomus sp 2 NC A Scutellospora sp sp NC A Sem inoculação NC Aa 24,67(2,649) 1,45(0,751) 11,5(2,739) 7,87(1,021) 1,77(0,359) 2,75(0,238) 4,75(2,217) 124,75(37,268) 222,5(39,72) 37,75(7,632) 21,83(4,479) (2,192) 11,5(4,95) 7,3(1,131) 1,45(0,212) 2,25(0,636) 6,5(2,121) 193,5(10,607) 305(38,184) 49,5(0,707) 28,6 - - - - - - - - - 32,4(6,081) 2,2(1,539) 13,5(2,291) 8,67(2,281) 2,57(0,569) 3,27(0,289) 5,67(0,577) 125(23,388) 338,33(60,468) 47(14,107) 22,92(5,806) 1,56(1,205) 12,6(5,91) 7,84(1,489) 1,9(0,187) 2,32(0,295) 5,8(1,304) 172,4(30,583) 227,8(79,713) 39(7,778) 24,53(4,441) (0,2517) 15(1,323) 7,2(0,872) 1,7(0,3) 2,83(0,907) 5(1,732) 150,67(46,264) 256,33(34,487) 39,67(3,055) 21* 0,65(0,071) 21,25(1,061) 12,4(15,556) 2,4(0,141) 2,15(0,071) 10 311,5(60,104) 163(41,012) 54,5(6,364) 19,65(0,495) 0,7* 11* 7,2* 2* - - - - - 18,03(2,558) (0,071) 14,5(0,707) 6,6(0,566) 1,55(0,071 1,9* 7* 252* 106* 38* 19,65(0,778) 1,7(1,273) 19,75(1,061) 7,95(2,334) 2,25(0,636) 2,15(0,778) 14(8,485) 158,5(61,52) 91,5(60,1) 40,5(6,364) 18,55 - - - - 2,1(0,424) 7,5(2,121) 211,5(37,48) 94(39,6) 39(2,828) - - - - - - - - - - Entrophospora aff. colombiana NC A Gigaspora gigantea NC A Glomus aff. etunicatum NC A Glomus sp 2 NC A Scutellospora sp sp NC A Sem inoculação C A NC= pH não corrigido; C= pH corrigido; NA = solo não autoclavado; A = solo autoclavado. * valor único. – ausência de dados devido a pouco material biológico para análise. 149 3.4. CONCLUSÕES 1) O experimento demonstrou a eficiência micorrízica de populações nativas de FMAs para a mangabeira. 2) Plantas de mangabeira micorrizadas apresentaram maior crescimento em altura, comprimento radicular e biomassa seca em relação a plantas não micorrizadas. 3) A máxima eficiência micorrízica foi obtida pela inoculação com populações nativas em solo com pH corrigido, atingindo valores de 80,81% de incremento em altura. 4) Os fungos Scutellospora sp.e Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe foram os mais eficientes em solo com pH não corrigido. 5) Plantas micorrizadas absorveram mais P, Cu e Mg. 150 3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abbott, L.K.; Robson, A.D. The role of vesicular arbuscular mycorrhizal fungi in agriculture and the selection of fungi for inoculation. Australian Journal of Agricultural Research, Victoria, v. 33, n.3, p. 389-408. 1982. Ambler, J.R.; Young, J.L. Techniques for determining root lenght infected by vesiculararbuscular mycorrhiza. 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Neste estudo ficou evidente a importância da associação micorrízica para esta planta nativa de solos ácidos, pobres em nutrientes e bases trocáveis, principalmente o fósforo. Os altos níveis de colonização radicular de mangabeiras nativas, em vários períodos amostrados, confirmaram a condição micotrófica e a alta dependência micorrízica desta espécie. Comprovou-se a existência de populações nativas eficientes de FMAs para a mangabeira, que poderão ser usadas através do manejo das populações já existentes no solo nativo, ou por meio da criação de um programa de inoculação de mudas em viveiro, visando reduzir o déficit de nutrientes na planta e aumentar a produção vegetal. Entre as populações eficientes detectou-se a dominância das espécies Glomus etunicatum Becker & Gerdemann, Gl. aff. macrocarpum Tulasne & Tulasne e Gl. aff. deserticola Trappe, Bloss & Menge que apresentaram um Índice de Constância (IC) de 90 a 100% nos dois locais, ou seja estiveram presentes em todos os períodos, em todas as unidades amostrais (rizosferas) com grande número de esporos (abundância relativa igual ou acima de 10% do total de esporos). No cultivo armadilha, a própria mangabeira mostrou-se uma eficiente planta multiplicadora para espécies como Entrophospora aff. colombiana Spain & Schenk, Gigaspora gigantea (Nicol. & Gerd.) Gerdemann & Trappe e Scutellospora sp. Foi investigada a eficiência micorrízica das espécies nativas mais representativas. As espécies utilizadas foram: Glomus etunicatum, Glomus sp.2, Gigaspora gigantea, Scutellospora sp. e Entrophospora aff. colombiana. Dos fungos testados apenas Glomus etunicatum e Glomus sp2 não promoveram crescimento significativo em relação ao controle não inoculado, apesar destas duas espécies juntas constituírem quase 60% do número total de esporos nas populações estudadas. Disso conclui-se a necessidade de considerar a taxa de germinação dos esporos no processo de seleção de fungos MA para inoculação, escolhendo aqueles fungos que germinem rapidamente, e que tenham hifas que cresçam bem no solo e que sejam capazes de colonizar extensivamente o hospedeiro. Neste experimento optou-se por autoclavar o solo como tratamento de desinfestação do solo, em contraparte a aplicação de brometo de metila. No entanto, 156 esporos de fungos não inoculados foram observados em alguns tratamentos, o que pode ter sido proveniente de contaminação em casa de vegetação, ou a resistência de alguns propágulos, o que pode ter ocasionado a reinvasão por FMAs que não foram eliminados. Devido a isto, algumas repetições nos tratamentos sem inoculação foram eliminados, o que diminuiu o número de repetições e impossibilitou a análise estatística e/ou a detecção de diferenças entre tratamentos. O pH do solo mostrou-se um modulador da eficiência micorrízica, no experimento sobre Eficiência Micorrízica, em condições sem competição. Em um sistema de cultivo, onde possivelmente a correção do pH do solo a ser cultivado será modificado, pode-se diminuir a eficiência de algumas espécies de FMAs nativos. Neste estudo a espécie Scutellospora sp. modificou a sua efetividade devido a mudanças no pH do solo. Neste sentido, as variáveis edáficas devem ser manejadas visando o aumento do potencial de inóculo do solo, característica importante para a expressão da eficiência do fungo, e que seja viável em termos agronômicos e econômicos. Poucos trabalhos com a mangabeira foram realizados. Ainda não existem variedades comerciais desta espécie, e os poucos pomares mostram alta variabilidade genética, sendo que quando essas variedades forem estabelecidas, serão necessários mais estudos para entender a relação de causa-efeito da resposta da planta ao fungo, bem como as características de cada variedade que conferem um maior ou menor grau de dependência micorrízica. Os fungos nativos, devidamente avaliados em um programa de seleção, poderão ajudar muito na manutenção destas plantas em solos pobres, onde a mangabeira ocorre de forma nativa, e em adensamentos populacionais que quase se constituem “pomares naturais”. Em função do exposto, propõem-se novos estudos: 1) Identificação a nível específico e confirmação das espécies de FMAs na rizosfera desta espécie. 2) Avaliação de FMAs na rizosferas de mangabeiras nativas, em outras áreas de ocorrência natural da espécie. 3) Faz-se necessário novos estudos sobre a eficiência micorrízica de outras espécies nativas e exóticas de FMAs, e com diferentes doses de P aplicados ao solo, bem como experimentos em condições de competição. 157 4) Avaliação de um maior número de genótipos de mangabeira para estabelecer parâmetros quanto às características que conferem maior ou menor dependência micorrízica. 5) Ensaios de campo, utilizando-se mudas pré-inoculadas.