Baixar - Unaerp

Propaganda
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
NA QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL DA BAIXADA SANTISTA
Patrícia Santos Vilaronga
Enfermeira
Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá
[email protected]
Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim
Professora do curso de Enfermagem
Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá
[email protected]
Dra. Mara Rúbia Ignácio de Freitas
Professora do curso de Enfermagem
Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá
[email protected]
Dinalva Casteli Santana Rodrigues
Enfermeira
Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá
[email protected]
Resumo: O presente artigo trata de estudo que verificou a forma como acontece a
competência comunicativa da equipe de enfermagem durante a assistência aos
pacientes em tratamento por quimioterapia antineoplásica. Na atualidade, é
presente um grande número de casos de câncer e a terapia quimioterápica é um
dos tratamentos utilizados, abrindo campo de atuação da enfermagem para
assistência neste período. A comunicação é um fator determinante na interação
entre o cuidador e paciente, gerando, através desta relação, uma prática de
assistência individualizada e humanística. Os resultados foram obtidos através de
uma entrevista semiestruturada com participação de duas enfermeiras e uma
técnica de enfermagem do setor de oncologia de um hospital da baixada santista.
Dentre outras verificações, observou-se que o estabelecimento de uma
comunicação competente interfere diretamente na cooperação emocional,
mitigação da dor e percepção de sentimentos. Foi feita uma pesquisa de campo,
realizada por meio de relato de experiência, com abordagem qualitativa.
Palavra chave: Equipe de enfermagem. Comunicação. Oncologia. Quimioterapia.
Área de conhecimento: Saúde.
1. Introdução.
De acordo com a organização mundial da saúde, 27 milhões de pessoas
terão algum tipo de câncer em 2030, atualmente é a segunda causa de morte no
Brasil, sendo superada apenas pelas doenças cardiovasculares. (INCA, 2013)
1
As células normais tem sua multiplicação mais lenta em relação às
cancerosas, de maneira desordenada adentram nos tecidos invadindo-os e
formando angiogênese. O câncer pode ser tratado com cirurgia, radioterapia,
quimioterapia ou transplante de medula óssea (INCA,2014:
GUYTON;
HALL,2011).
Os quimioterápicos antineoplásicos são a combinação de agentes químicos
ou isolados com a finalidade de tratar e curar os tumores cancerígenos,
melhorando
a
sobrevida
e
promovendo
os
efeitos
paliativos.
(BRUNNER;SUDDART,2012)
Na área da saúde a comunicação é um agente fundamental na assistência
ao paciente, é por ela que o enfermeiro conhece as suas necessidades, o uso
adequado permite ajudar o paciente a enfrentar seus medos e temores, além de
traçar um plano de cuidados. Para isso precisa o enfermeiro estar preparado,
utilizando técnicas de comunicação. (SILVA,2002:SILVA; ARAÚJO,2012)
Essa troca de informações entre as pessoas tem o objetivo de transmitir
pensamentos, ideias e valores, sendo realizada por meio da comunicação verbal e
da não-verbal. A verbal refere-se às palavras escritas ou faladas, enquanto a nãoverbal está presente em gestos, silêncio, toque, expressões corporais, faciais etc.
Assim, a comunicação não verbal é classificada da seguinte maneira: proxêmica
que se refere à distância mantida entre as pessoas, a tacêsica ao toque, a cinésica
ao gesto fazendo parte estas da comunicação não verbal. (SILVA,2002: SILVA;
ARAÚJO, 2012).
Estudos feitos sobre a comunicação não-verbal estimam que apenas 7% dos
pensamentos (das intenções) são transmitidos por palavras, 38% são transmitidos
por sinais paralinguísticos (entonação de voz, velocidade com que as palavras são
ditas) e 55% pelos sinais do corpo. ( SILVA, 2002, p.26 Apud Edwards, 1996, p.28)
Segundo Braga (2004), a competência comunicativa é uso correto da
linguagem em cada situação e esta deve estar embasada no conhecimento sobre
comunicação, é estar preocupado com a compreensão do receptor.
A
comunicação tanto verbal quanto não verbal deve ser consciente, e seu uso
proporciona a percepção do outro em relação à mensagem transmitida.
O tratamento quimioterápico além de causar inúmeros efeitos colaterais,
requer visitas frequentemente ao hospital implicando em uma mudança na rotina
habitual do paciente, modificando costumes, hábitos e atividades cotidianas.
(RODRIGUES; POLIDORI, 2012)
Diante desse contexto o profissional enfermeiro além das competências
técnicas e científicas desenvolvidas para o cuidado do paciente em quimioterapia
antineoplásica este deve desenvolver a competência comunicativa.(BRAGA, 2004)
Em um estudo com enfermeiras de um setor oncológico em suas falas
citaram o despreparo emocional, a dificuldade para exercer a comunicação
terapêutica por falta de conhecimento de técnicas de comunicação o que causa
2
afastamento por parte dos profissionais por não saber enfrentar tal situação.
(PETERSON; CARVALHO, 2011)
Uma das teorias usadas como referência para o processo de comunicação é
a teoria da relação interpessoal de Hidelgard Peplau (1952) que propõe a
aproximação do enfermeiro e paciente de maneira que possam aprender e crescer
juntos como resultado dessa interação. A teorista ainda aponta que o processo
interpessoal está centralizado na enfermagem e no paciente, identificando quatro
fases nesse processo: orientação, identificação, exploração e resolução. Estas
fases estão inter-relacionadas mediante funções do enfermeiro e paciente
propiciando aos mesmos a enfrentar as situações encontradas de maneira a
resolvê-las conjuntamente. (SILVA et al., 2015)
A comunicação é elemento essencial para subsidiar a prática do enfermeiro
diante do paciente em tratamento quimioterápico antineoplásico, e esta deve ser
planejada e individualizada, a mesma não deve ser usada de forma intuitiva. Com o
desenvolvimento da relação interpessoal com base na teoria de Peplau a
enfermeira tem a oportunidade de tornar a comunicação eficaz reconhecendo
assim o comportamento das pessoas com base em sua história de vida, valores e
crenças.(SILVA et al., 2015)
Assim justificou-se esse estudo pela necessidade de reconhecimento de
técnicas de comunicação por parte dos profissionais de enfermagem sendo
essencial nos cuidados ao paciente oncológico em quimioterapia antineoplásica.
(PETERSON;CARVALHO, 2011)
O objetivo geral desse trabalho foi verificar as percepções da equipe de
enfermagem de terapia antineoplásica sobre competência comunicativa com os
pacientes em tratamento quimioterápico.
2. Objetivo.
O objetivo desse estudo foi verificar de que forma acontece a competência
comunicativa da equipe de enfermagem durante a assistência aos pacientes em
tratamento por quimioterapia antineoplásica.
3. Metodologia.
Trata-se de uma pesquisa de campo, realizada por meio de relato de
experiência, de abordagem qualitativa, que foi aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos, de acordo com a Resolução 196/96, protocolo:
CAAE 4308015100005498.
A coleta de dados foi realizada em novembro de 2015 em um hospital
filantrópico da Baixada Santista, por meio de uma entrevista semi-estruturada, com
a equipe de enfermagem assistencial da oncologia do referido hospital.
Participaram do estudo três integrantes da equipe de enfermagem que
concordaram participar da pesquisa, sendo preenchido o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, conforme modelo seguinte: “Pesquisa de campo é aquela
3
utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de
um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se
queira comprovar, ou, ainda de descobrir novos fenômenos ou as relações entre
eles”. (MARCONI: LAKATOS 2010, p.169).
4. Desenvolvimento.
Participaram da entrevista três integrantes da equipe de enfermagem da
oncologia do referido hospital do sexo feminino com idade variando entre33 e 45
anos sendo duas enfermeiras e uma técnica de enfermagem, das enfermeiras uma
possui pós-graduação e a técnica não possui nenhuma complementação.
A seguir descrevemos as questões e respectivas respostas de cada
participante:
1. Porque escolheu atuar na quimioterapia? O que ou quem influenciou sua
escolha?
Voluntariados.
P1 (Participante 1):
¨[...] comecei a ser voluntária e nesse voluntariado foram 6 meses foi um
ano, até que eu me efetivei como enfermeira.¨
Interesse pelo bom cuidado prestado
P2 (Participante 2):
¨[...] é que as enfermeiras aqui cuidavam dos pacientes muito bem e isso me
chamou a atenção... então foi essa dedicação esse amor que eu vi por parte das
funcionárias.¨
Oportunidade.
P3 (Participante 3):
¨Na verdade surgiu a oportunidade...¨
2. A Equipe de enfermagem tem algumas competências específicas em seu
trabalho assistencial na oncologia, quais são as competências
específicas do enfermeiro?
Foco na SAE.
¨[...] a sistematização que você vai fazer todo cuidado com o paciente [...]¨.
(P1).
Foco na Humanização da assistência.
4
¨[...] competência maior é o amor e a dedicação, fazer o melhor
independente de como o paciente se encontra [...]¨. (P2).
Foco na SAE e nas habilidades técnicas.
¨A SAE, a instalação da quimioterapia, manutenção no decorrer [...]¨. (P3).
3. Durante o seu curso de enfermagem de que forma você adquiriu
conhecimento sobre técnicas de comunicação?
Disciplina na graduação.
¨Sim, teve uma disciplina, na qual foi abordada a comunicação interpessoal
foi a de psiquiatria [...]¨.(P1).
Não houve a disciplina no curso.
¨Não, no meu curso não, a única parte de comunicação que eu aprendi no
curso é se identificar para o paciente [...]¨. (P2).
Não se lembra.
¨[...] verdade eu não me recordo muito [...]¨. (P3).
4. O que você entende por competência comunicativa?
Linguagem correta.
¨É a linguagem correta, que se tem com o paciente [...] é a pessoa que tem
experiência de lhe dar com certas situações, como se fala [...]¨(P1).
Falar claro com o paciente.
¨É você falar claro com o paciente e explicar de uma maneira que ele
entenda o que você está dizendo.¨ (P2).
Liderança.
¨Saber liderar não só a equipe, mas as circunstâncias, o momento com o
paciente.¨ (P3).
5. Quais são as estratégias de comunicação usadas por você com seus
pacientes durante o tratamentoantineoplásico?
Comunicação Simples.
¨[...] procuro usar uma comunicação simples e especificamente falar pra ele
assim de uma forma que ele vai me entender na linguagem dele [...]¨. (P1).
Toque.
5
¨[...] eu seguro nas mãos dele pra sentir aquela segurança de que a gente
está ali pra cuidar [...]¨. (P2).
¨O toque aqui é muito importante, porque aqui eles são muitos carentes [...]¨.
(P3).
6. No contato com os pacientes que você atende, quais as dificuldades
percebidas por você em relação a comunicação?
Ficam alheios a informação.
¨Pra comunicar não é a dificuldade... eles ficam meio alheios as informações
parecem que eles não conseguem, parece que são muitas informações... porque
são muitas informações, parece que a parte emocional está mais pensativo em
relação a doença do que em relação as orientações que eu passo [...]¨. (P1).
Seriedade e timidez.
¨Eu sou uma pessoa séria, um pouco da timidez que dificulta¨. (P2).
Não encontra dificuldades.
¨[...] a gente precisa falar com palavras mais simples e tem pessoas mais
orientadas que a gente pode falar mais técnica, mas a maioria a gente fala com
bastante clareza.¨ (P3).
7. O que poderia ser feito para uma melhor implementação da comunicação
com o paciente na quimioterapia antineoplásica?
Interação com a equipe multiprofissional.
¨Uma interação antes do paciente começar o tratamento com uma equipe
multiprofissional [...]¨. (P1).
Não encontra dificuldades.
¨Por mais que eu seja tímida eu não percebo que precisa melhorar alguma
coisa [...]¨. (P2).
Ambiente inadequado.
¨Eu acho que talvez a logística do ambiente, porque como a gente acaba
colocando um paciente do lado do outro eles acabam ficando receosos de falar [...]¨
(P3)
8. Quais os sentimentos percebidos por você durante o tratamento?
Sentimentos de punição.
6
¨[...] sentimento de punição, como se estivesse sendo punido por algo,
punição, revolta, negação então esses são os sentimentos [...]¨.(P1).
Medo da morte.
¨Na cabecinha deles é que eles vão morrer, você percebe o dia inteiro [...]¨.
(P2).
¨O medo da morte, do tratamento [...]¨. (P3).
9. De que forma a comunicação contribui para mitigar a dor do paciente na
quimioterapia antineoplásica?
Expressão de sentimentos.
¨Quando o paciente se comunica ele expressa os sentimentos, então isso
contribui para que o paciente não venha a ficar guardando tudo aquilo que ele está
sentindo [...]¨.(P1).
Humanização.
¨É o que eu sempre falo é amor e dedicação e dar o seu melhor, ajuda muito
[...] a gente conversa, a gente está ali segurando a mão e acabam melhorando e
não precisam tomar a medicação para acalmá-los [...]¨.(P2).
Toque.
¨A comunicação diminui bastante, a parte do toque, você percebe que
depois que você fala com eles, eles choram, daqui a pouco eles já estão rindo, é
mágico¨. (P3).
10. Você acredita que consegue atingir seus objetivos quando se comunica
com os pacientes?
Encontra dificuldades.
¨Nem sempre, se eu disser que sempre eu vou estar mentindo, toda vez que
eu for orientar nem sempre ele está atento aquilo que eu estou falando, nem
sempre ele está aberto a receber a orientação [...]¨. (P1).
5. Discussão.
Conseguem atingir os objetivos
¨Sim, eles entendem, eu tenho essa trava só pra poder expressar, mas com
eles assim, eu percebo que eles entendem¨.(P2)
¨Sim, sempre, as vezes você está até na correria, porque as vezes a
quimioterapia dura 3 horas, mas tu sempre pega uma hora e vai lá e conversa e
você ver que realmente ajuda [...]¨. (P3).
7
Em relação às competências desenvolvidas pela equipe de enfermagem na
quimioterapia antineoplásica as participantes reconhecem a SAE, habilidades
técnicas e humanização.
Segundo Salimena et al. (2013), os profissionais que trabalham na
oncologia precisam além de desenvolver os procedimentos técnicos, interagir com
o paciente por meio da comunicação, presença e empatia.
A Política Nacional de Atenção Oncológica, portaria nº 874, de 16 de maio
de 2013, enfatiza a importância da comunicação, pois as maiores dificuldades
encontradas no percurso do tratamento está relacionada a comunicação de más
notícias. O diálogo e interação entre a enfermeira o cliente, é um processo
interativo que se estabelece o vínculo otimizando o cuidado. (FONTES; ALVIM,
2008:MS, 2013).
Quando questionadas sobre o conhecimento de técnicas de comunicação,
uma das entrevistadas relata que houve uma disciplina na graduação enquanto as
outras não se lembram e não teve conhecimento durante o curso.
Para Braga (2004), o aprendizado sobre comunicação deve se iniciar na
graduação, pois no campo da enfermagem encontram-se situações complexas que
exigem conhecimento teórico em comunicação servindo de sustentação ao
exercício do cuidar.
As entrevistadas entendem por competência comunicativa a linguagem
correta, falar claro com o paciente e liderança.
Para Braga (2004), Peterson e Carvalho (2011) a comunicação é
considerada competente quando há a preocupação com a compreensão do outro,
quando é usada de maneira adequada a cada situação, pessoa e tempo com a
finalidade de atingir um objetivo definido, que deve ser planejada e individualizada
e para isso é preciso conhecer as técnicas de comunicação, é preciso desenvolver
a competência comunicativa que pode ser adquirida por meio de conhecimento que
envolve os conceitos de comunicação.
A competência comunicativa é vivenciada no cotidiano, é o ouvir, prestar
atenção na comunicação não verbal, validar a mensagem emitida, demonstrar
interesse no que o outro fala, investir no auto-conhecimento. O conhecimento sobre
a competência comunicativa é estimulado desde a graduação, é por meio da leitura
para aprofundar o tema, na prática profissional e através de teorias.
Em relação às estratégias de comunicação, ressalta-se a percepção da
equipe de enfermagem como um agente fundamental do sucesso na comunicação.
A aproximação é ainda relatada como fator de afago.
Souza e Arcuri (2014) relatam que os profissionais de enfermagem são os
que permanecem por mais tempo ao lado do paciente, enfatizando a comunicação
como elemento essencial do cuidado, devendo a equipe ter conhecimento de
estratégias de comunicação, assim classificando os tipos de comunicação como
cinésica a que se refere ao gesto, a tacêsica ao toque e a proxêmica à
8
proximidade, o uso correto das estratégias proporciona satisfação do mensageiro e
receptor.
As técnicas de comunicação verbal se dividem em três: expressão,
clarificação e validação, fazem parte da expressão o ouvir, o silêncio, manter o
outro no mesmo assunto, usar o humor terapeuticamente, entre outros, na
clarificação faz-se comparações, e na validação é questionar ao outro o que ele
compreendeu. (BRAGA, 2004)
As entrevistadas relatam haver dificuldades em relação a comunicação com
os pacientes, já que os mesmos ficam alheios as informações e concentram sua
atenção apenas na doença, referem que uma interação entre a equipe
multiprofissional antes do tratamento e um ambiente adequado facilitariam as
informações e o cuidado prestado.
Peterson e Carvalho (2011) afirmam que o cuidado de enfermagem à
pacientes oncológicos deve ser individualizado, pois cada paciente apresenta uma
percepção da doença diferente do outro, e é através da comunicação que a equipe
de enfermagem estreita esse vínculo, melhorando à qualidade prestada a esse
paciente.
A grande maioria dos pacientes em tratamento quimioterápico apresenta
instabilidade emocional, a vivência de situações difíceis no setor da oncologia é
comum, é a partir de uma comunicação efetiva que os profissionais atuantes nesta
área conseguem transmitir confiança, solidariedade, e esclarecer o tratamento e a
doença manifestada, sendo indispensável um ambiente tranqüilo e seguro.
(SALIMENA et al., 2013;ARAÚJO:SILVA,2012)
Sentimentos de punição e medo da morte são referidos pelos entrevistados
como sentimentos percebidos pelos mesmos, acreditam que a comunicação mitiga
a dor do paciente, e fazem da humanização o toque e expressão dos sentimentos
como estratégias para amenizar a dor vivenciada.
Araújo e Silva, 2012 citam que em estudo realizado sobre o preparo da
equipe de enfermagem notou- se que o aprofundamento em comunicação coopera
diretamente na atenção a dimensão emocional do paciente, e que a comunicação
verbal e não verbal devem ser empregadas corretamente a fim de mitigar a dor do
paciente, no que dizer a respeito da comunicação não verbal permite a percepção
dos sentimentos relacionados a doença, expressões, olhares, olhares, condizentes
com pessoas que enfrentam o medo da morte, a dúvida do tratamento.
O paciente em quimioterapia antineoplásica enfrenta momentos de tristeza,
dor, dúvidas relacionadas ao tratamento, e é nessa perspectiva que a equipe de
enfermagem deve estar preparada em relação ao conhecimento das técnicas de
comunicação, pois as mesmas além de proporcionar confiança entre ambos
melhora a assistência direcionado ao cliente, deixá-los que expresse seus
sentimentos, temores, sanar dúvidas em relação ao tratamento, usar da
comunicação não verbal para emitir confiança e deixá-los que se expressem
ameniza a dor psicológica vivenciado nesse momento de mudanças. (PETERSON;
CARVALHO,2011:SALIMENA et al.,2013)
9
Uma das entrevistadas refere encontrar dificuldades para alcançar seus
objetivos quando se comunica com o paciente, pois nem sempre ele está aberto a
receber informações.
Para Braga (2004) a competência é definida como agir de forma eficaz
baseada em conhecimentos em certos tipos de situações, a comunicação é um
meio de se estabelecer vínculo com paciente durante o tratamento de maneira em
que se atinja o objetivo da mensagem a ser transmitida.
Cruz, Pedro e Fassarella (2013), define a comunicação como um ato de
transmitir e receber mensagens, precisando a equipe de enfermagem estar
preparada para fazer o uso correto em cada situação, permitindo ao paciente a
participar das decisões em relação ao cuidado direcionado ao mesmo.
A teoria de Peplau enfatiza que os profissionais de enfermagem devem fazer
da comunicação uma aliada na relação interpessoal, a fim de buscar resolver os
problemas levantados. (SILVA et al, 2015)
Peterson e Carvalho (2011) afirmam que a equipe de enfermagem além de
utilizar conhecimentos científicos, deve fazer o uso da comunicação como parte
primordial do cuidado, transmitindo informações claras e objetivas, sendo a
comunicação indispensável para uma assistência de qualidade.
6. Considerações Finais.
Há necessidade do aprofundamento em comunicação por parte dos
integrantes da equipe de saúde e, também de profissionais do setor de oncologia,
visto que este ambiente é vivenciado por situações difíceis, principalmente ao que
se refere ao lado emocional do paciente, que comparece ao tratamento com
angústia, medo e dúvidas referente a quimioterapia antineoplásica, que ficam
reflexivos apenas a doença e apáticos as orientações ministradas pela equipe.
A comunicação no âmbito da enfermagem é primordial para uma assistência
de qualidade. No que diz respeito ao setor oncólogico a equipe deve dispor de
técnicas de comunicação como parte do cuidado a esses pacientes.
A comunicação precisa ser reconhecida como competência entre os
profissionais de enfermagem que relatam dificuldades na interação
cuidador/paciente, poucas estratégias utilizadas pelos mesmos e falta de
conhecimento que acabam impedindo de prestar uma assistência de qualidade.
Faz-se necessário a busca do conhecimento em comunicação e esta deve
se iniciar desde a graduação, o aprofundamento na leitura sobre o tema, pois os
profissionais de enfermagem são os que permanecem por mais tempo ao lado do
paciente. É importante que a equipe acredite que o cuidado vai além de
procedimentos técnicos e que o setor de oncologia torna-se parte da rotina do
paciente, devendo este prestar cuidado holístico e humanizado.
10
7. Referências.
ARAÚJO, Monica Martins Trovo de; SILVA, Maria Júlia Paes da. O conhecimento
de estratégias de comunicação no atendimento à dimensão emocional em
cuidados paliativos. Texto e Contexto: enfermagem, Florianopolis, v. 21, n. 1,
p.121-129,
mar.
2012.
Disponível
em:
<http://pesquisa.bvsalud.org/enfermagem/resource/pt/lil-618535>. Acesso em: 10
out. 15.
BRAGA, Eliana Mara. Competência em comunicação: Uma ponte entre
aprendizado e ensino na enfermagem. 2004. 170 f. Tese (Doutorado) - Curso de
Enfermagem, Escola de Enfermagem da Universidade de Sao Paulo, São Paulo,
2004.
BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
CRUZ, Daniela Souza de Miranda da; PEDRO, Silvia Leticia Barbosa;
FASSARELLA, Cintia Silva. A comunicação entre equipe de enfermagem e
acompanhante visando á segurança do paciente oncológico durante o processo de
hospitalização. Revista Rede de Cuidados em Saúde, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1,
2013.
Disponível
em:
<http://publicacoes.unigranrio.br/index.php/rcs/article/view/1902>. Acesso em: 6
nov. 2015.
FONTES,Conceição Adriana Sales , ALVIM,Neide Aparecida Titonelli, A relação
humana no cuidado de enfermagem junto ao cliente com câncer submetido à
terapêutica antineoplásica. Acta Paulista Enfermagem;21(1):77-83, 2008.
disponivel em : http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n1/pt_11.pdf.
GUYTON, Arthur C.; HALL, John Edward. Tratado de fisiologia medica. 12. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
INCA e Ministério da Saúde apresentam estimativas de câncer para 2014. 2013.
Disponível
em:
<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site+/home+/noticias/20
13/inca_ministerio_saude_apresentam_estimativas_cancer_2014>. Acesso em: 27
set. 2015.
MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
metodologia científica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MS: PORTARIA Nº 874, DE 16 DE MAIO DE 2013. PORTARIA Nº 874, DE 16 DE
MAIO
DE
2013.
2013.
Disponível
em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0874_16_05_2013.html>.
Acesso em: 11 nov. 2015.
PETERSON, Line Azevedo; CARVALHO, Emília Campos de. Comunicação
terapêutica na Enfermagem: dificuldades para o cuidar de idosos com
câncer. Revista Brasileira de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 64, n. 4, p.692-697,
11
dez. 2011. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil614870>. Acesso em: 18 mar. 2015.
RODRIGUES, Fernanda Silva de Souza; POLIDORI, MarlisMorosini.
Enfrentamento e Resiliência de Pacientes em Tratamento Quimioterápico e seus
Familiares. Revista Brasileira de Cancerologia, Porto Alegre, v. 58, n. 4, p.619627, ago. 2012. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_58/v04/pdf/07-artigoenfrentamento-resiliencia-pacientes-tratamento-quimioterapico-familiares.pdf>.
Acesso em: 10 out. 15.
SALIMENA, Anna Maria de Oliveira et al. O VIVIDO DOS ENFERMEIROS NO
CUIDADO AO PACIENTE ONCOLÓGICO. Cogitare, Curitiba, v. 1, n. 18, p.142147, fev. 2013. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil698886>. Acesso em: 22 mar. 2015.
SILVA, Juliana Paiva Góes da et al. Consulta de enfermagem a idosos:
instrumentos da comunicação e papéis da enfermagem segundo Peplau. Escola
Ana Nery, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p.154-161, mar. 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141481452015000100154>. Acesso em: 10 out. 2015.
SILVA, Maria Julia Paes da. Comunicação tem remédio: a comunicação nas
relações interpessoal. São Paulo: Loyola, 2002. 133 p.
SOUZA, Regina Cláudia Silva; ARCURI, Edna Aparecida Moura. Estratégias de
comunicação da Equipe de Enfermagem na afasia decorrente de acidente vascular
encefálico. Escola de Enfermagem Usp, São Paulo, v. 2, n. 48, p.292-298, abr.
2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n2/pt_0080-6234-reeusp48-02-292.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2015.
12
Download