COMPETÊNCIA COMUNICATIVA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL DA BAIXADA SANTISTA Patrícia Santos Vilaronga Enfermeira Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá [email protected] Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim Professora do curso de Enfermagem Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá [email protected] Dra. Mara Rúbia Ignácio de Freitas Professora do curso de Enfermagem Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá [email protected] Dinalva Casteli Santana Rodrigues Enfermeira Unaerp- Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá [email protected] Resumo: O presente artigo trata de estudo que verificou a forma como acontece a competência comunicativa da equipe de enfermagem durante a assistência aos pacientes em tratamento por quimioterapia antineoplásica. Na atualidade, é presente um grande número de casos de câncer e a terapia quimioterápica é um dos tratamentos utilizados, abrindo campo de atuação da enfermagem para assistência neste período. A comunicação é um fator determinante na interação entre o cuidador e paciente, gerando, através desta relação, uma prática de assistência individualizada e humanística. Os resultados foram obtidos através de uma entrevista semiestruturada com participação de duas enfermeiras e uma técnica de enfermagem do setor de oncologia de um hospital da baixada santista. Dentre outras verificações, observou-se que o estabelecimento de uma comunicação competente interfere diretamente na cooperação emocional, mitigação da dor e percepção de sentimentos. Foi feita uma pesquisa de campo, realizada por meio de relato de experiência, com abordagem qualitativa. Palavra chave: Equipe de enfermagem. Comunicação. Oncologia. Quimioterapia. Área de conhecimento: Saúde. 1. Introdução. De acordo com a organização mundial da saúde, 27 milhões de pessoas terão algum tipo de câncer em 2030, atualmente é a segunda causa de morte no Brasil, sendo superada apenas pelas doenças cardiovasculares. (INCA, 2013) 1 As células normais tem sua multiplicação mais lenta em relação às cancerosas, de maneira desordenada adentram nos tecidos invadindo-os e formando angiogênese. O câncer pode ser tratado com cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea (INCA,2014: GUYTON; HALL,2011). Os quimioterápicos antineoplásicos são a combinação de agentes químicos ou isolados com a finalidade de tratar e curar os tumores cancerígenos, melhorando a sobrevida e promovendo os efeitos paliativos. (BRUNNER;SUDDART,2012) Na área da saúde a comunicação é um agente fundamental na assistência ao paciente, é por ela que o enfermeiro conhece as suas necessidades, o uso adequado permite ajudar o paciente a enfrentar seus medos e temores, além de traçar um plano de cuidados. Para isso precisa o enfermeiro estar preparado, utilizando técnicas de comunicação. (SILVA,2002:SILVA; ARAÚJO,2012) Essa troca de informações entre as pessoas tem o objetivo de transmitir pensamentos, ideias e valores, sendo realizada por meio da comunicação verbal e da não-verbal. A verbal refere-se às palavras escritas ou faladas, enquanto a nãoverbal está presente em gestos, silêncio, toque, expressões corporais, faciais etc. Assim, a comunicação não verbal é classificada da seguinte maneira: proxêmica que se refere à distância mantida entre as pessoas, a tacêsica ao toque, a cinésica ao gesto fazendo parte estas da comunicação não verbal. (SILVA,2002: SILVA; ARAÚJO, 2012). Estudos feitos sobre a comunicação não-verbal estimam que apenas 7% dos pensamentos (das intenções) são transmitidos por palavras, 38% são transmitidos por sinais paralinguísticos (entonação de voz, velocidade com que as palavras são ditas) e 55% pelos sinais do corpo. ( SILVA, 2002, p.26 Apud Edwards, 1996, p.28) Segundo Braga (2004), a competência comunicativa é uso correto da linguagem em cada situação e esta deve estar embasada no conhecimento sobre comunicação, é estar preocupado com a compreensão do receptor. A comunicação tanto verbal quanto não verbal deve ser consciente, e seu uso proporciona a percepção do outro em relação à mensagem transmitida. O tratamento quimioterápico além de causar inúmeros efeitos colaterais, requer visitas frequentemente ao hospital implicando em uma mudança na rotina habitual do paciente, modificando costumes, hábitos e atividades cotidianas. (RODRIGUES; POLIDORI, 2012) Diante desse contexto o profissional enfermeiro além das competências técnicas e científicas desenvolvidas para o cuidado do paciente em quimioterapia antineoplásica este deve desenvolver a competência comunicativa.(BRAGA, 2004) Em um estudo com enfermeiras de um setor oncológico em suas falas citaram o despreparo emocional, a dificuldade para exercer a comunicação terapêutica por falta de conhecimento de técnicas de comunicação o que causa 2 afastamento por parte dos profissionais por não saber enfrentar tal situação. (PETERSON; CARVALHO, 2011) Uma das teorias usadas como referência para o processo de comunicação é a teoria da relação interpessoal de Hidelgard Peplau (1952) que propõe a aproximação do enfermeiro e paciente de maneira que possam aprender e crescer juntos como resultado dessa interação. A teorista ainda aponta que o processo interpessoal está centralizado na enfermagem e no paciente, identificando quatro fases nesse processo: orientação, identificação, exploração e resolução. Estas fases estão inter-relacionadas mediante funções do enfermeiro e paciente propiciando aos mesmos a enfrentar as situações encontradas de maneira a resolvê-las conjuntamente. (SILVA et al., 2015) A comunicação é elemento essencial para subsidiar a prática do enfermeiro diante do paciente em tratamento quimioterápico antineoplásico, e esta deve ser planejada e individualizada, a mesma não deve ser usada de forma intuitiva. Com o desenvolvimento da relação interpessoal com base na teoria de Peplau a enfermeira tem a oportunidade de tornar a comunicação eficaz reconhecendo assim o comportamento das pessoas com base em sua história de vida, valores e crenças.(SILVA et al., 2015) Assim justificou-se esse estudo pela necessidade de reconhecimento de técnicas de comunicação por parte dos profissionais de enfermagem sendo essencial nos cuidados ao paciente oncológico em quimioterapia antineoplásica. (PETERSON;CARVALHO, 2011) O objetivo geral desse trabalho foi verificar as percepções da equipe de enfermagem de terapia antineoplásica sobre competência comunicativa com os pacientes em tratamento quimioterápico. 2. Objetivo. O objetivo desse estudo foi verificar de que forma acontece a competência comunicativa da equipe de enfermagem durante a assistência aos pacientes em tratamento por quimioterapia antineoplásica. 3. Metodologia. Trata-se de uma pesquisa de campo, realizada por meio de relato de experiência, de abordagem qualitativa, que foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, de acordo com a Resolução 196/96, protocolo: CAAE 4308015100005498. A coleta de dados foi realizada em novembro de 2015 em um hospital filantrópico da Baixada Santista, por meio de uma entrevista semi-estruturada, com a equipe de enfermagem assistencial da oncologia do referido hospital. Participaram do estudo três integrantes da equipe de enfermagem que concordaram participar da pesquisa, sendo preenchido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme modelo seguinte: “Pesquisa de campo é aquela 3 utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda de descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles”. (MARCONI: LAKATOS 2010, p.169). 4. Desenvolvimento. Participaram da entrevista três integrantes da equipe de enfermagem da oncologia do referido hospital do sexo feminino com idade variando entre33 e 45 anos sendo duas enfermeiras e uma técnica de enfermagem, das enfermeiras uma possui pós-graduação e a técnica não possui nenhuma complementação. A seguir descrevemos as questões e respectivas respostas de cada participante: 1. Porque escolheu atuar na quimioterapia? O que ou quem influenciou sua escolha? Voluntariados. P1 (Participante 1): ¨[...] comecei a ser voluntária e nesse voluntariado foram 6 meses foi um ano, até que eu me efetivei como enfermeira.¨ Interesse pelo bom cuidado prestado P2 (Participante 2): ¨[...] é que as enfermeiras aqui cuidavam dos pacientes muito bem e isso me chamou a atenção... então foi essa dedicação esse amor que eu vi por parte das funcionárias.¨ Oportunidade. P3 (Participante 3): ¨Na verdade surgiu a oportunidade...¨ 2. A Equipe de enfermagem tem algumas competências específicas em seu trabalho assistencial na oncologia, quais são as competências específicas do enfermeiro? Foco na SAE. ¨[...] a sistematização que você vai fazer todo cuidado com o paciente [...]¨. (P1). Foco na Humanização da assistência. 4 ¨[...] competência maior é o amor e a dedicação, fazer o melhor independente de como o paciente se encontra [...]¨. (P2). Foco na SAE e nas habilidades técnicas. ¨A SAE, a instalação da quimioterapia, manutenção no decorrer [...]¨. (P3). 3. Durante o seu curso de enfermagem de que forma você adquiriu conhecimento sobre técnicas de comunicação? Disciplina na graduação. ¨Sim, teve uma disciplina, na qual foi abordada a comunicação interpessoal foi a de psiquiatria [...]¨.(P1). Não houve a disciplina no curso. ¨Não, no meu curso não, a única parte de comunicação que eu aprendi no curso é se identificar para o paciente [...]¨. (P2). Não se lembra. ¨[...] verdade eu não me recordo muito [...]¨. (P3). 4. O que você entende por competência comunicativa? Linguagem correta. ¨É a linguagem correta, que se tem com o paciente [...] é a pessoa que tem experiência de lhe dar com certas situações, como se fala [...]¨(P1). Falar claro com o paciente. ¨É você falar claro com o paciente e explicar de uma maneira que ele entenda o que você está dizendo.¨ (P2). Liderança. ¨Saber liderar não só a equipe, mas as circunstâncias, o momento com o paciente.¨ (P3). 5. Quais são as estratégias de comunicação usadas por você com seus pacientes durante o tratamentoantineoplásico? Comunicação Simples. ¨[...] procuro usar uma comunicação simples e especificamente falar pra ele assim de uma forma que ele vai me entender na linguagem dele [...]¨. (P1). Toque. 5 ¨[...] eu seguro nas mãos dele pra sentir aquela segurança de que a gente está ali pra cuidar [...]¨. (P2). ¨O toque aqui é muito importante, porque aqui eles são muitos carentes [...]¨. (P3). 6. No contato com os pacientes que você atende, quais as dificuldades percebidas por você em relação a comunicação? Ficam alheios a informação. ¨Pra comunicar não é a dificuldade... eles ficam meio alheios as informações parecem que eles não conseguem, parece que são muitas informações... porque são muitas informações, parece que a parte emocional está mais pensativo em relação a doença do que em relação as orientações que eu passo [...]¨. (P1). Seriedade e timidez. ¨Eu sou uma pessoa séria, um pouco da timidez que dificulta¨. (P2). Não encontra dificuldades. ¨[...] a gente precisa falar com palavras mais simples e tem pessoas mais orientadas que a gente pode falar mais técnica, mas a maioria a gente fala com bastante clareza.¨ (P3). 7. O que poderia ser feito para uma melhor implementação da comunicação com o paciente na quimioterapia antineoplásica? Interação com a equipe multiprofissional. ¨Uma interação antes do paciente começar o tratamento com uma equipe multiprofissional [...]¨. (P1). Não encontra dificuldades. ¨Por mais que eu seja tímida eu não percebo que precisa melhorar alguma coisa [...]¨. (P2). Ambiente inadequado. ¨Eu acho que talvez a logística do ambiente, porque como a gente acaba colocando um paciente do lado do outro eles acabam ficando receosos de falar [...]¨ (P3) 8. Quais os sentimentos percebidos por você durante o tratamento? Sentimentos de punição. 6 ¨[...] sentimento de punição, como se estivesse sendo punido por algo, punição, revolta, negação então esses são os sentimentos [...]¨.(P1). Medo da morte. ¨Na cabecinha deles é que eles vão morrer, você percebe o dia inteiro [...]¨. (P2). ¨O medo da morte, do tratamento [...]¨. (P3). 9. De que forma a comunicação contribui para mitigar a dor do paciente na quimioterapia antineoplásica? Expressão de sentimentos. ¨Quando o paciente se comunica ele expressa os sentimentos, então isso contribui para que o paciente não venha a ficar guardando tudo aquilo que ele está sentindo [...]¨.(P1). Humanização. ¨É o que eu sempre falo é amor e dedicação e dar o seu melhor, ajuda muito [...] a gente conversa, a gente está ali segurando a mão e acabam melhorando e não precisam tomar a medicação para acalmá-los [...]¨.(P2). Toque. ¨A comunicação diminui bastante, a parte do toque, você percebe que depois que você fala com eles, eles choram, daqui a pouco eles já estão rindo, é mágico¨. (P3). 10. Você acredita que consegue atingir seus objetivos quando se comunica com os pacientes? Encontra dificuldades. ¨Nem sempre, se eu disser que sempre eu vou estar mentindo, toda vez que eu for orientar nem sempre ele está atento aquilo que eu estou falando, nem sempre ele está aberto a receber a orientação [...]¨. (P1). 5. Discussão. Conseguem atingir os objetivos ¨Sim, eles entendem, eu tenho essa trava só pra poder expressar, mas com eles assim, eu percebo que eles entendem¨.(P2) ¨Sim, sempre, as vezes você está até na correria, porque as vezes a quimioterapia dura 3 horas, mas tu sempre pega uma hora e vai lá e conversa e você ver que realmente ajuda [...]¨. (P3). 7 Em relação às competências desenvolvidas pela equipe de enfermagem na quimioterapia antineoplásica as participantes reconhecem a SAE, habilidades técnicas e humanização. Segundo Salimena et al. (2013), os profissionais que trabalham na oncologia precisam além de desenvolver os procedimentos técnicos, interagir com o paciente por meio da comunicação, presença e empatia. A Política Nacional de Atenção Oncológica, portaria nº 874, de 16 de maio de 2013, enfatiza a importância da comunicação, pois as maiores dificuldades encontradas no percurso do tratamento está relacionada a comunicação de más notícias. O diálogo e interação entre a enfermeira o cliente, é um processo interativo que se estabelece o vínculo otimizando o cuidado. (FONTES; ALVIM, 2008:MS, 2013). Quando questionadas sobre o conhecimento de técnicas de comunicação, uma das entrevistadas relata que houve uma disciplina na graduação enquanto as outras não se lembram e não teve conhecimento durante o curso. Para Braga (2004), o aprendizado sobre comunicação deve se iniciar na graduação, pois no campo da enfermagem encontram-se situações complexas que exigem conhecimento teórico em comunicação servindo de sustentação ao exercício do cuidar. As entrevistadas entendem por competência comunicativa a linguagem correta, falar claro com o paciente e liderança. Para Braga (2004), Peterson e Carvalho (2011) a comunicação é considerada competente quando há a preocupação com a compreensão do outro, quando é usada de maneira adequada a cada situação, pessoa e tempo com a finalidade de atingir um objetivo definido, que deve ser planejada e individualizada e para isso é preciso conhecer as técnicas de comunicação, é preciso desenvolver a competência comunicativa que pode ser adquirida por meio de conhecimento que envolve os conceitos de comunicação. A competência comunicativa é vivenciada no cotidiano, é o ouvir, prestar atenção na comunicação não verbal, validar a mensagem emitida, demonstrar interesse no que o outro fala, investir no auto-conhecimento. O conhecimento sobre a competência comunicativa é estimulado desde a graduação, é por meio da leitura para aprofundar o tema, na prática profissional e através de teorias. Em relação às estratégias de comunicação, ressalta-se a percepção da equipe de enfermagem como um agente fundamental do sucesso na comunicação. A aproximação é ainda relatada como fator de afago. Souza e Arcuri (2014) relatam que os profissionais de enfermagem são os que permanecem por mais tempo ao lado do paciente, enfatizando a comunicação como elemento essencial do cuidado, devendo a equipe ter conhecimento de estratégias de comunicação, assim classificando os tipos de comunicação como cinésica a que se refere ao gesto, a tacêsica ao toque e a proxêmica à 8 proximidade, o uso correto das estratégias proporciona satisfação do mensageiro e receptor. As técnicas de comunicação verbal se dividem em três: expressão, clarificação e validação, fazem parte da expressão o ouvir, o silêncio, manter o outro no mesmo assunto, usar o humor terapeuticamente, entre outros, na clarificação faz-se comparações, e na validação é questionar ao outro o que ele compreendeu. (BRAGA, 2004) As entrevistadas relatam haver dificuldades em relação a comunicação com os pacientes, já que os mesmos ficam alheios as informações e concentram sua atenção apenas na doença, referem que uma interação entre a equipe multiprofissional antes do tratamento e um ambiente adequado facilitariam as informações e o cuidado prestado. Peterson e Carvalho (2011) afirmam que o cuidado de enfermagem à pacientes oncológicos deve ser individualizado, pois cada paciente apresenta uma percepção da doença diferente do outro, e é através da comunicação que a equipe de enfermagem estreita esse vínculo, melhorando à qualidade prestada a esse paciente. A grande maioria dos pacientes em tratamento quimioterápico apresenta instabilidade emocional, a vivência de situações difíceis no setor da oncologia é comum, é a partir de uma comunicação efetiva que os profissionais atuantes nesta área conseguem transmitir confiança, solidariedade, e esclarecer o tratamento e a doença manifestada, sendo indispensável um ambiente tranqüilo e seguro. (SALIMENA et al., 2013;ARAÚJO:SILVA,2012) Sentimentos de punição e medo da morte são referidos pelos entrevistados como sentimentos percebidos pelos mesmos, acreditam que a comunicação mitiga a dor do paciente, e fazem da humanização o toque e expressão dos sentimentos como estratégias para amenizar a dor vivenciada. Araújo e Silva, 2012 citam que em estudo realizado sobre o preparo da equipe de enfermagem notou- se que o aprofundamento em comunicação coopera diretamente na atenção a dimensão emocional do paciente, e que a comunicação verbal e não verbal devem ser empregadas corretamente a fim de mitigar a dor do paciente, no que dizer a respeito da comunicação não verbal permite a percepção dos sentimentos relacionados a doença, expressões, olhares, olhares, condizentes com pessoas que enfrentam o medo da morte, a dúvida do tratamento. O paciente em quimioterapia antineoplásica enfrenta momentos de tristeza, dor, dúvidas relacionadas ao tratamento, e é nessa perspectiva que a equipe de enfermagem deve estar preparada em relação ao conhecimento das técnicas de comunicação, pois as mesmas além de proporcionar confiança entre ambos melhora a assistência direcionado ao cliente, deixá-los que expresse seus sentimentos, temores, sanar dúvidas em relação ao tratamento, usar da comunicação não verbal para emitir confiança e deixá-los que se expressem ameniza a dor psicológica vivenciado nesse momento de mudanças. (PETERSON; CARVALHO,2011:SALIMENA et al.,2013) 9 Uma das entrevistadas refere encontrar dificuldades para alcançar seus objetivos quando se comunica com o paciente, pois nem sempre ele está aberto a receber informações. Para Braga (2004) a competência é definida como agir de forma eficaz baseada em conhecimentos em certos tipos de situações, a comunicação é um meio de se estabelecer vínculo com paciente durante o tratamento de maneira em que se atinja o objetivo da mensagem a ser transmitida. Cruz, Pedro e Fassarella (2013), define a comunicação como um ato de transmitir e receber mensagens, precisando a equipe de enfermagem estar preparada para fazer o uso correto em cada situação, permitindo ao paciente a participar das decisões em relação ao cuidado direcionado ao mesmo. A teoria de Peplau enfatiza que os profissionais de enfermagem devem fazer da comunicação uma aliada na relação interpessoal, a fim de buscar resolver os problemas levantados. (SILVA et al, 2015) Peterson e Carvalho (2011) afirmam que a equipe de enfermagem além de utilizar conhecimentos científicos, deve fazer o uso da comunicação como parte primordial do cuidado, transmitindo informações claras e objetivas, sendo a comunicação indispensável para uma assistência de qualidade. 6. Considerações Finais. Há necessidade do aprofundamento em comunicação por parte dos integrantes da equipe de saúde e, também de profissionais do setor de oncologia, visto que este ambiente é vivenciado por situações difíceis, principalmente ao que se refere ao lado emocional do paciente, que comparece ao tratamento com angústia, medo e dúvidas referente a quimioterapia antineoplásica, que ficam reflexivos apenas a doença e apáticos as orientações ministradas pela equipe. A comunicação no âmbito da enfermagem é primordial para uma assistência de qualidade. No que diz respeito ao setor oncólogico a equipe deve dispor de técnicas de comunicação como parte do cuidado a esses pacientes. A comunicação precisa ser reconhecida como competência entre os profissionais de enfermagem que relatam dificuldades na interação cuidador/paciente, poucas estratégias utilizadas pelos mesmos e falta de conhecimento que acabam impedindo de prestar uma assistência de qualidade. Faz-se necessário a busca do conhecimento em comunicação e esta deve se iniciar desde a graduação, o aprofundamento na leitura sobre o tema, pois os profissionais de enfermagem são os que permanecem por mais tempo ao lado do paciente. É importante que a equipe acredite que o cuidado vai além de procedimentos técnicos e que o setor de oncologia torna-se parte da rotina do paciente, devendo este prestar cuidado holístico e humanizado. 10 7. Referências. ARAÚJO, Monica Martins Trovo de; SILVA, Maria Júlia Paes da. O conhecimento de estratégias de comunicação no atendimento à dimensão emocional em cuidados paliativos. Texto e Contexto: enfermagem, Florianopolis, v. 21, n. 1, p.121-129, mar. 2012. 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