Prefeito não desistirá do asfalto na 7

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CIDADE
JP
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Sábado e domingo,
31 de março e 1º de abril de 2007
POLÊMICA
Prefeito não desistirá do asfalto na 7
Obra está confirmadíssima, o que não impede que seja o assunto do momento em Cachoeira
> PATRÍCIA MIRANDA
O leitor já tem a sua opinião sobre o
asfaltamento da Rua 7 de Setembro?
Provavelmente em algum momento de
suas próximas conversas, o leitor acabará questionado por um amigo ou
familiar sobre o que pensa do novo
tema palpitante de Cachoeira do Sul.
Desde que o secretário municipal de
Obras, Hélio Mercadante, divulgou o
plano da Prefeitura em asfaltar toda a
Rua 7 de Setembro, o assunto tem
mexido com os cachoeirenses.
Um dos principais pontos levanta-
dos por grande parte dos cachoeirenses para evitar o asfaltamento é a preservação da história da cidade. O trecho de calçamento entre a Avenida
Presidente Vargas e a Rua Ernesto
Alves possui o desenho em pedras escuras, que montam formas geométricas. Se esses desenhos não chamavam a atenção dos cachoeirenses até
a obra ser anunciada, passou desde
então a ser analisados pela comunidade.
Apesar de toda a polêmica em torno da obra de asfaltamento da Rua 7
de Setembro, o prefeito Marlon San-
tos já confirmou que não pretende desistir da obra. “Estamos investindo na
modernização da cidade. Não podemos viver de saudosismo”, disse. Ele
explicou que o asfaltamento é especial para ruas que já possuem paralelepípedo. Ele é mais barato e a sua colocação é bem mais rápida que os demais. “Em qualquer rua que formos
asfaltar, sempre terá alguém que
achará um motivo para tentar impedir”, lamentou ele.
AQUECIMENTO - O secretário de
Obras, Hélio Mercadante, antecipou
MULTIMÍDIA
MEMÓRIA
O asfaltamento
da Rua 7
Acesse www.jornaldopovo.com.br e
clique nesta reportagem para ver um vídeo dos
paralelepípedos históricos da Rua 7
OBRA DE JOÃO NEVES
> O calçamento da Rua 7
foi feito entre os anos de
1926 e 1927. A obra executada pelo intendente (prefeito) João Neves da
Fontoura marcou uma revolução na qualidade de vida
dos cachoeirenses, juntamente com a remodelação
das praças, melhoramento na iluminação e
arborização, incluindo o
plantio das tipuanas da Praça José Bonifácio.
O PROGRESSO
> De acordo com a historiadora Mirian Ritzel, até
1926 as principais ruas da
cidade
eram
macadamizadas, que consistia em compactar pedregulhos na rua e molhálos diariamente para evitar
a poeira, principalmente no
verão. “Era uma despesa
muito grande”, revela. A
Rua 7 de Setembro e outras ruas centrais foram as
primeiras da cidade a receber calçamento. Na 7, as
pedras ainda são originais
de 80 anos atrás.
TRÊS PERGUNTAS SOBRE
O asfalto da
7 de Setembro
O asfaltamento entre
a Rua Ernesto Alves e
Avenida Presidente
Vargas não será prejudicial para a estrutura
da rua?
Desenhos da Rua 7 de Setembro: polêmica em torno do assunto
Rua 7 é a
história da
família Tor
rano
Torrano
OS DESENHOS
> Segundo os historiadores, a arte no calçamento
teria servido como uma forma de saudação aos visitantes que chegavam a Cachoeira pela Estação Ferroviária, que ficava junto à
Praça Honorato até ser
desativada em 1975.
AS PEDRAS
> As pedras do calçamento das principais ruas de
Cachoeira do Sul na década de 20 vinham de Porto
Alegre em embarcações
chamadas de chatas.
Como no ano de 1927
ocorreu uma grande seca,
as embarcações não conseguiam navegar pelo Rio
Jacuí. A saída encontrada
por João Neves da
Fontoura foi comprar as
pedras na própria região,
porém elas tinham menor
qualidade. São essas as
pedras que hoje podem
ser encontradas no Bairro
Rio Branco, principalmente nas proximidades do
Colégio Sinodal Barão do
Rio Branco.
que, se for preciso, a Prefeitura melhorará toda a canalização do trecho
para evitar problemas futuros. Outro
problema que tem sido levantado pela
comunidade é o aquecimento do centro da cidade. “Se isso fosse problema, nenhuma cidade do mundo seria
asfaltada”, desconversou. O problema
do aquecimento foi levantado pelas
historiadoras Mirian Ritzel e Ione
Carlos e também pelo presidente do
Conselho Municipal do Patrimônio
Histórico e Cultural de Cachoeira do
Sul (Compahc), Miguel Felippe de
Moraes.
Jussara e a foto do avô: calçamento
tem importância para a família Torrano
O calçamento da Rua
7 de Setembro é um dos
marcos da história da
família Torrano, como
lembra com carinho a
professora aposentada
Jussara Torrano Lawall,
neta do calceteiro da
obra, José Torrano. “Meu
avô era italiano e veio
para o Brasil com sete
anos. Ele trabalhou como
calceteiro até se aposentar. Foi ele quem fez todo
o calçamento da Rua 7 de
Setembro e também em
volta do Château d’Eau,
onde há um desenho de
uma estrela”, revelou ela.
Seu pai, o também
calceteiro Élio Torrano,
sempre mostrou para os
filhos o trabalho do velho
José. “É uma pena que
venham a colocar asfalto
na 7. Aquele foi um trabalho artesanal feito pelo
meu avô e que é um marco para a minha família e
a nossa cidade”, lamentou.
Não. Segundo o secretário de Obras, Hélio
Mercadante
Mercadante, que é também engenheiro civil,
independente de ser
calçamento ou asfalto,
em uma descida a água
não é absorvida. Somente em calçamentos
em ruas planas é que a
água se infiltra entre as
pedras. Para a água que
desce com tanta força
são feitos bueiros.
Por que a Rua 7 ainda
não havia sido tombada?
De acordo com o presidente do Compahc,
Miguel Felippe de
Moraes, o conselho já
tinha idéia desde 2003
em montar um projeto
para o tombamento da
rua, porém outros assuntos acabavam entrando na pauta e este
sempre acabava ficando para outro momento.
Um asfaltamento na 7
não vai piorar o mau
cheiro que existe quase na esquina da Avenida
Presidente
Vargas?
Conforme o secretário
Mercadante, existem
duas canalizações no
local. Uma é para o esgoto e a outra para as
águas pluviais. Porém,
muitas casas e estabelecimentos fizeram ligações clandestinas na
canalização pluvial e
por isso existe aquele
mau cheiro. O responsável por essa fiscalização, segundo ele, é o
Departamento de Vigilância Ambiental, que
pode facilmente detectar o problema colocando corante nos vasos sanitários de todas as casas e estabelecimentos
suspeitos e verificar
após dar a descarga se
a água que chegou à
tubulação estava com o
corante.
>> IMPORTANTE
Nesta terça-feira, o Conselho Municipal do
Patrimônio Histórico e Cultural vai se reunir para
tratar do assunto e decidir quais podem ser os meios
para, se necessário, impedir a obra.
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