UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA - UNIVAP FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E COMUNICAÇÃO - FCSAC CURSO DE JORNALISMO BRUNO CANDIDO DOS SANTOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO VOZES – MÚSICA E CULTURA São José dos Campos, SP 2009 2 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA - UNIVAP FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E COMUNICAÇÃO - FCSAC CURSO DE JORNALISMO VOZES – MÚSICA E CULTURA Relatório final apresentado como parte das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso à Banca Avaliadora da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação (FCSAC) da Universidade do Vale do Paraíba. Orientadora: Vânia Braz de Oliveira Co-orientador: Adriano Orlandi Pereira São José dos Campos, SP 2009 3 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA - UNIVAP FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E COMUNICAÇÃO – FCSAC TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TÍTULO: VOZES – MÚSICA E CULTURA ALUNO: BRUNO CANDIDO DOS SANTOS Orientador: Vânia Braz de Oliveira Co-orientador: Adriano Orlandi Pereira Banca Examinadora: ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ Nota do Trabalho: _________________________________ (________) São José dos Campos, SP 2009 4 AGRADECIMENTOS Acima de tudo queria colocar Deus que está ao nosso lado em todos os momentos, dando força coragem e sabedoria. Aos meus pais, pela oportunidade de concluir mais uma etapa de minha vida, aos professores que me prepararam para ser um bom profissional e aos familiares e amigos que acreditaram e apoiaram o meu projeto. 5 Dedicatória: Dedico a conclusão deste trabalho primeiramente a todos que me apoiaram e contribuíram para a minha formação. Aos que me deram força para desenvolver e aos familiares e amigos que me encorajaram a chegar ao fim dessa jornada. 6 RESUMO A revista VOZES é um veículo de comunicação responsável pela divulgação dos trabalhos musicais realizados na cidade de São José dos Campos. A revista foi elaborada por meio de observações e pesquisas de campo que proporcionaram o conhecimento do cenário musical da região. O objetivo é divulgar os trabalhos musicais como: bandas, projetos, profissionais, ícones, tudo relacionado à música e cultura da cidade, transformando-a em um importante canal de comunicação com a população de São José dos Campos. O conteúdo visa levar ao conhecimento do leitor o descobrimento da música e cultura realizada na cidade. A revista terá 20 páginas no formato 210x275 mm, colorida. Com uma periodicidade bimestral, será composta por entrevistas, artigos e publicidade, com espaço aberto para a livre expressão de opiniões. Palavras-chave: Jornalismo, Comunicação, Revista, Música, Bandas e Cultura. 7 ABSTRACT VOZES magazine is a communication vehicle responsible for the dissemination of musical works performed in the city of São José dos Campos. It was developed through observations and field-provided that the knowledge of the region's music scene. The objective is showing of the musical work in general as bands, projects, professional singers, icons, everything related to music and culture of the city, turning the magazine into an important channel of communication with the city's population. The content aims to bring to the attention of the reader the discovering of music and culture held in the city. The magazine has 20 pages in the format 210x275 mm, color. Is a bimonthly periodic, and will consist of interviews, articles and advertising. Key-words: Journalism, Communication, Magazine, Music, Bands and Culture. 8 GLOSSÁRIO Backing vocal – Vocal de apoio ou segunda voz. Black music – Música negra. Box – Caixa. Catira – Dança do folclore brasileiro, em que o ritmo musical é marcado pela batida dos pés e mãos dos dançarinos. Cavaquinista – Instrumentista que toca cavaquinho. CD – Abreviação de Compact Disc “disco compacto” em inglês. Congada – Manifestação cultural e religiosa de influência africana. Divino Espírito Santo – Festa da Igreja Católica. Drum n’bass – Estilo de música eletrônica que originou-se a partir do jungle. Surgiu na metade dos anos 90 na Inglaterra. Emocore – É um gênero de música derivado do Hardcore. O termo foi originalmente dado às bandas do cenário punk que compunham num lirismo mais emotivo que o habitual. Escala pentatônica – Conjunto de todas as escalas musicais formadas por cinco notas ou tons. Experimental – Estilo de música inovadora que originou-se no século XX, desafiando todas as concepções normais de como uma música deve ser. Fanzines – Abreviação de fanatc magazine. É, portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor. Engloba todo o tipo de temas, com especial incidência em histórias em quadrinhos, ficção científica, poesia, música, feminismo, vegetarianismo, cinema etc. FM – Frequência modulada. Folder – Impresso publicitário. Folias de reis – festejo de origem portuguesa. Forraggae – Mistura dos ritmos forró e reggae. Gringcore – Como estilo musica, é um caldeirão de extremismos. Nele cabem a Música Industrial, o Noise, o Death Metal e o Hardcore Punk. 9 Hardcore – Nome atribuído a uma variação extrema de algo. A palavra significa literalmente miolo, ou centro, núcleo duro, e era usada para designar militantes agressivos e também criminosos. Heavy metal – Gênero do rock que se desenvolveu no final da década de 1960 e no início da década de 1970, em grande parte, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Hip-hop – Movimento cultural iniciado no final da década de 1960 nos Estados Unidos como forma de reação aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas classes menos favorecidas da sociedade urbana. É uma espécie de cultura das ruas, um movimento de reivindicação de espaço e voz das periferias. Hydraulis – Antigo instrumento caseiro, apreciado pelos romanos abastados. Indie – Termo no diminutivo de independente, um estilo musical que caracteriza bandas que não são lançadas por grandes gravadoras. Jingle – Mensagem publicitária musicada e elaborada com um refrão simples e de curta duração. K7 – fita cassete ou compact cassete. É um padrão de fita para gravação de áudio. Logomarca – Todo elemento visual que identifica e diferencia de outros iguais ou semelhantes, ou certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. Logotipo – Forma particular como o nome da marca é representado graficamente. LP – Abreviatura do inglês Long Play. Pode significar um disco de vinil de longa duração. Modas de viola – Expressão da música caipira brasileira. MPB – Música Popular Brasileira. MP3 – Tipo de compressão de áudio. My Space – Serviço de rede social que utiliza a internet para comunicação on-line através de uma rede interativa de fotos, blogs e perfis de usuário. New metal – Gênero musical desenvolvido em meados da década de 90 que fundiu influências do grunge e do metal alternativo com funk, hip-hop, punk e vários subgêneros do heavy metal. Orkut – Rede social filiada ao Google com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades. Outdoor – Meio publicitário exterior, sobretudo em placas modulares, disposto em locais de grande visibilidade. 10 Palco MP3 – Diretório de bandas e artistas independentes que distribui mp3 gratuitamente. Pop/rock – Uma variação do estilo musical conhecido como rock, num estilo popular. Punk rock – Movimento musical heterogêneo que surgiu com força na Inglaterra e nos Estados Unidos na metade da década de 70. Raga – Modos usados na música clássica indiana. Rap – Originária das iniciais Rhythm And Poetry (Ritmo e Poesia), é o discurso rítmico com rimas. Reggae – Estilo de música originário da Jamaica. Rock’n’roll – Estilo de música que surgiu nos Estados Unidos da América no final dos anos 1940. Trama Virtual – Site brasileiro que divulga bandas independentes nacionais. UOL – Universo Online. You Tube – Website que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABMI - Associação Brasileira de Música Independente. FCCR - Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Ficart - Fundo de Investimento Cultural e Artístico. FNC - Fundo Nacional de Cultura. Pronac - Programa Nacional de Apoio à Cultura. Minc - Ministério da Cultura. OMB - Ordem dos Músicos do Brasil. 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Capas de revistas alternativas. Fonte – Internet. Figura 2 – Páginas 04 e 05 da revista VOZES. Editorial e Matéria. Fonte – Do autor. Figura 3 – Páginas 12 e 13 da revista VOZES. Matéria. Fonte – Do autor. Figura 4 – Páginas 08 e 09 da revista VOZES. Artigo. Fonte – Do autor. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tabela de projetos culturais da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Tabela 2 – Tabela com definição de cores. 12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................13 CAPÍTULO 1 – HISTÓRIA DA MÚSICA...................................................................14 1.1 Chegada da Música ao Brasil .......................................................................18 1.2 Música no Vale do Paraíba............................................................................21 CAPÍTULO 2 – MÚSICA INDEPENDENTE ..............................................................25 2.1 Música Independente em São José dos Campos .......................................28 CAPÍTULO 3 – INCENTIVO A MÚSICA E CULTURA EM S. J. CAMPOS ..............31 3.1 Leis de Incentivo............................................................................................34 CAPÍTULO 4 – JORNALISMO DE REVISTA...........................................................36 4.1 Revista no Brasil............................................................................................37 CAPÍTULO 5 – REVISTA VOZES ...........................................................................41 5.1 Significado do Nome .....................................................................................41 5.2 Modalidade .....................................................................................................42 5.3 Revista Alternativa ........................................................................................43 5.4 Projeto Editorial .............................................................................................44 5.5 Projeto Gráfico...............................................................................................46 ORÇAMENTO...........................................................................................................53 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................55 ANEXOS ...................................................................................................................60 Entrevista com Os Mininus.................................................................................61 Entrevista com Regra de Três ............................................................................68 13 Entrevista com Over Rage ..................................................................................74 Entrevista com Força e Resistência ..................................................................88 Entrevista com Ratatuia ......................................................................................97 Entrevista com Lauro Flessati..........................................................................104 INTRODUÇÃO 14 O presente Trabalho de Conclusão de Curso sobre o tema “Música e Cultura”, tem como objeto de estudo os trabalhos musicais realizados na cidade de São José dos Campos - SP. A região é favorecida pela riqueza e diversidade musical existente, entretanto não possui veículo impresso específico para esse determinado assunto. Por meio da revista, como veículo de comunicação, a idéia principal é criar um canal de informação entre os trabalhos musicais e a população da cidade. A revista, nomeada VOZES, tem o objetivo de levar e ampliar o conhecimento do joseense em relação à diversidade, a história e a realidade de cada trabalho. A escolha da modalidade veio por ser um veículo que possui maior atrativo visual e dá mais liberdade na edição e produção dos textos. Com circulação bimestral, a revista contém 20 páginas no tamanho 210X275 mm, colorido. A tipologia textual das entrevistas varia de acordo com o estilo utilizado de cada músico, levando ao público sua forma de se expressar. Nos casos de coluna, como críticos musicais, o texto é livre, para exaltar a liberdade de expressão em relação a música e a cultura da região. O trabalho foi realizado com base em pesquisa exploratória, documental e bibliográfica. Na primeira etapa foi feito um levantamento com personagens da cena musical na cidade de São José, como músicos, críticos musicais, apresentadores de TV e rádio, donos de bares e casas noturnas, produtores musicais e moradores da cidade. Na segunda e terceira etapa, as reportagens de jornais, revistas, documentos históricos, livros e documentários foram os meios de exploração do assunto. Desenvolvido com técnicas de entrevista informal, a fim de, “obter dados que não podem ser encontrados em registros e fontes documentais” (CERVO, Brevian 2002:46), a revista VOZES é direcionada a população de São José dos Campos para obter o máximo de informações sobre o cenário musical da cidade. CAPÍTULO 1 15 HISTÓRIA DA MÚSICA A música sempre existiu como produção cultural, mesmo sem entendimento dos “homens das cavernas”. Na pré-história já se produzia sons em forma de música que eram essenciais para utilização no dia-a-dia do homem, seja na comunicação ou na defesa. A música era produzida com um caráter religioso e ritualístico, capaz de traduzir os sentimentos e agradecer aos deuses. Acredita-se que a música tenha surgido há 50 mil anos. Segundo Mario de Andrade, é comum afirmarem que a música é tão velha quanto o homem, porém talvez seja mais acertado falar que, como Arte, tenha sido ela, entre as artes, a que mais tardiamente se caracterizou. Ele cita em seu livro, Pequena História da Música (1944), que: Os povos primitivos são forçados a reconhecer que, na grande maioria deles, a música é a menos organizada entre as artes, e a menos rica de possibilidades estéticas. Não a menos importante nem a menos estimada, mas a menos livre, a menos aproveitada em suas potencialidades técnicas e artísticas. As artes manufaturadas e quase tanto como elas, a dança, atingem frequentemente, entre os primitivos, uma verdadeira virtuosidade. As artes da palavra, na poesia das lendas e mitos, nas manifestações da oratória, se apresentam já bastante aproveitadas e tradicionalizadas como técnica. De tais manifestações já podemos, por nossa compreensão de civilizados à européia, dizer que são artes legítimas porque sujeitas a normas técnicas conscientemente definidas, e, embora sempre rituais, já dotadas de valor decorativo incontestável, que a nós, já nos é possível apreciar. Aspectos que a música dos primitivos apresenta em estado ainda muitíssimo precário. (ANDRADE, 1944:12) Não existem registros sobre como faziam os instrumentos na antiguidade. Entretanto a cultura egípcia, por volta de 4.000 anos a.C., chegou a um nível elevado de expressão musical. Com as cerimônias religiosas eram emitidos sons de pedaços de madeiras, harpas, percussão, flautas e o canto. Militares utilizavam trompetes e tambores nas solenidades oficiais. Registros em pintura, gravuras e escultura, deixaram gravados na história a presença de instrumentos, esses vestígios em diferentes formas de documentos mostram a presença de hinos e cantos utilizados há milhares de anos antes de 16 Cristo, influenciando as culturas que apareceriam mais tarde na região da babilônia, caldéia e judaica. Na China acreditavam que a música possuía poderes mágicos, refletindo na ordem do universo. Usavam a escala pentatônica com cinco diferentes sons, semelhantes as cinco teclas pretas do piano. Cítara, várias espécies de flauta e instrumentos de percussão eram utilizados pelos chineses. Por volta do século IV a.C. na Índia, já se elaborava as teorias musicais. Com instrumentos de sopro, cordas e percussão, era utilizado um sistema de tons e semitons, seguindo uma série de fórmulas chamadas “ragas”, que permitiam a escolha de certas notas, porém a omissão de outras. Criadores dos grupos de notas, os gregos começaram a utilizar de letras do alfabeto para representar os tons musicais, que quando agrupados formavam os acordes. Tornando-se os inventores das teorias musicais mais elaboradas que qualquer outro povo. Os gregos acabam com suas técnicas copiadas pelos romanos, que logo em seguida inventam novos instrumentos como o trompete reto, chamado de tuba e o hydraulis, primeiro órgão de tubos. No artigo A História da Música, Fábio Lindquist escreve que a arte é a que mais intrinsecamente permeia todas essas dimensões da existência humana. E de todas as artes, a mais antiga é a música: A música é nossa mais antiga forma de expressão, possivelmente até mais antiga que a linguagem. De fato, a música é o Homem, muito mais que as palavras, pois estas são símbolos abstratos. A música toca nossos sentimentos mais profundamente que a maioria das palavras e nos faz responder com todo nosso ser. Muito antes de o ser humano aprender a pintar, esculpir, escrever ou projetar algo, já sabia produzir e apreciar os sons. Obviamente esses sons seriam hoje considerados apenas ruídos, mas considerando que "música é a arte de manipular os sons", o que o Homem primitivo produzia era música, ou um "embrião" musical. O "instrumento" musical mais antigo que existe é a voz humana. Com ela, o homem aprendeu a produzir os mais diversos sons, e a agrupar esses sons, formando as primeiras linhas melódicas. Depois inventou os instrumentos musicais, que se multiplicaram e evoluíram ao longo da História. Muitos destes desapareceram, e a Música mudou muito em todo este tempo. Mas o gosto do ser humano pela música permanece intacto. (www.musicaeadoracao.com.br)1 1 Artigo de LINDQUIST, Fabio. A História da Música. 17 A história da música pode ser dividida em diferentes períodos, cada um marcado por um estilo: Música Medieval (até 1450): Primeiras manifestações artísticas de uma nova cultura, cria-se a pauta musical ocorrendo a transição da música oral para escrita. Este sistema é utilizado até os dias atuais. Música Renascentista (1451 – 1600): Caracterizou-se na Europa Ocidental, em um enorme interesse ao saber e à cultura. Compositores começam a ter mais interesse pela música fora da religião. For marcada por um estilo polifônico, onde várias melodias eram tocadas ou tocadas ao mesmo tempo. Música Barroca (1601 – 1750): Nome que era utilizado para estilos arquitetônicos e artísticos, passa a indicar o período musical que surge a ópera e o oratório. É marcada por ritmos enérgicos, melodias com muitos ornamentos, contrastes de timbres instrumentais e sonoridades. Música Clássica (1751 – 1810): Música orquestral com improvisações vocais a serviço da nobreza. Período de grandes nomes como Haydn, Mozart e Beethoven, que deu início ao pensamento romântico. Música Romântica (1811 – 1900): Pela busca de maior liberdade, as melodias começam a se tornar apaixonantes, semelhantes às canções, e as harmonias são mais valorizadas, crescendo o interesse do público. A música começa a se tornar uma mercadoria. Música Moderna (1901 em diante): Começa a criação de novos sons, uma mistura de muitas tendências que começam a ser vistas como idéias “anti-românticas”. (www.oliver.psc.br)2 A estética musical evolui e o homem começa a produzir não mais por acaso e sim algo inteligente. Zeny Oliveira Moraes escreve em seu artigo na revista Veritas (1988), que: Para que esse sentimento estético da beleza, de harmonia de vozes e/ou qualidades de timbres ocorra, exige-se do homem muito mais que uma simples ação ocasional tecnicamente mais bem feita. Isto provavelmente acontece porque a manifestação artística sonora opera com qualidades e relações alheias a qualquer representação figurativa, pois a música transcende as aparências exteriores da realidade, porque é puramente espiritual e, portanto, existente só no domínio das idéias, necessitando por esse motivo que seja concebida primeiro toda uma hierarquia ritmo-melódica organizada e pré-estabelecida como, por exemplo, a determinação de sons fixos, tonalidades, escalas e modos bem definidos, para que só então e, finalmente, o valor estético musical possa e venha a se manifestar. (MORAES, 1988:102).3 2 3 Artigo História da Música, retirado do site www.oliver.psc.br Revista Veritas, v. 33, nº 129, p. 102, Porto Alegre, março 1988. 18 A música passou a ser considerada uma arte, e conseqüentemente quem fosse músico estaria praticando e difundindo a cultura de alguma forma. Ela pode ser encontrada em todos os cantos do mundo, em meio a civilizações, em tribos indígenas, até nas geleiras do Pólo Norte. Como uma forma dos povos manifestarem suas diferentes culturas. Para Lindquist, a música sempre foi uma parte importante da vida cotidiana e da cultura geral do homem. Hoje vê-se a Música sendo transformada em mero produto pela "Indústria do Entretenimento". Muitas vezes ela se torna um simples ornamento que permite preencher noites vazias com idas a concertos ou shows, organizar festividades públicas, etc. Há um paradoxo, então: as pessoas ouvem, atualmente, muito mais música do que antes, mas esta representa, na prática, bem pouco, e possui, muitas vezes, não mais que uma mera função decorativa. (www.musicaeadoracao.com.br4) O século XX presenciou o desenvolvimento de quatro aspectos importantes na história da música. 1 - O Nacionalismo tornou-se marcante na música espanhola. Os compositores soviéticos, dominados pelo governo comunista, criaram uma perspectiva oficialmente anti-romântica, conhecida como realismo socialista. Os mestres húngaros escreveram obras calcadas em canções folclóricas, mas com um estilo pessoal. 2 - Novos compositores americanos começaram a expressar idéias de vanguarda de muita importância na música do século XX. A América Latina produziu compositores muito importantes como o mexicano Carlos Chávez e o brasileiro Heitor Villa Lobos5. 3 - Estilos internacionais. No início do século XX surgiu o Impressionismo, criado na França por Claude Debussy e mais tarde com Maurice Ravel. O compositor russo Igor Stravinsky, foi um inovador por excelência, criando vários estilos musicais. Suas criações levaram-no do nacionalismo e neoclassicismo até as composições dodecafônicas. Os primeiros balés de Stravinsky, 4 5 Artigo de LINDQUIST, Fabio. A História da Música. Maior compositor erudito brasileiro, com grande destaque internacional no cenário musical do século XX. Música de formação sólida, viajou durante anos pelo país pesquisando as manifestações folclóricas musicais de cada região, que mescladas ao estudo aprofundado das obras de Bach, Debussy e Stravinski, forjaram seu estilo vigoroso e inconfundível. Sua produção é vasta e desigual, com cerca de mil composições, englobando inúmeras obras-primas para violão, piano, conjuntos de câmara e sinfônicos. Dentre estas, encontram destaque as Bachianas Brasileiras. 19 especialmente A Sagração da Primavera, foram logo aceitos como clássicos contemporâneos. 4 - Novos princípios harmônicos: os músicos acreditavam que já haviam esgotado todos os recursos do sistema tônica-dominante e sentiam que a música precisava de uma estrutura harmônica nova. Muitas inovações foram feitas e despertaram uma reação violenta de protesto, tanto do público como de compositores conservadores e críticos. Fizeram experiências de atonalidade e de politonalidade (duas ou mais tonalidades mesmo tempo). Na década de 60, o nacionalismo deixou de representar uma força na música erudita. O mundo musical apresentava uma situação semelhante ao século XVII, quando estilos internacionais dominavam o cenário musical e compositores das mais diversas procedências e escolas podiam compartilhar dos mesmos pontos de vista artísticos. Nos países comunistas, o realismo socialista era o estilo oficial. (www.edukbr.com.br)6 A música passou a ser considerada uma arte, e conseqüentemente quem fosse músico estaria praticando e difundindo a cultura de alguma forma. Ela pode ser encontrada em todos os cantos do mundo, em meio a civilizações, em tribos indígenas, até nas geleiras do Pólo Norte. Tudo como forma dos povos manifestarem suas diferentes culturas. 1.1 Chegada da Música ao Brasil A chegada da música européia ao Brasil teve início com os colonizadores portugueses e escravos. Com todo intercâmbio cultural existente entre o nosso país e a Europa, começamos a sofrer influências que se tornaram importantes para evolução musical, predominada pelas músicas folclóricas das populações indígenas que habitavam o país antes da colonização. Os primeiros desempenhos da música no Brasil eram em cerimônias religiosas e um dos instrumentos pioneiros foi a flauta. Os escravos deixaram a herança de suas músicas, danças, idiomas, macumba e candomblé. Mas os portugueses, que além da civilização e dos princípios do catolicismo, passavam ensinamentos da música européia, apresentando instrumentos e influências que contribuíram para a história da música brasileira. Fernando de Azevedo cita em seu livro A Cultura Brasileira (1996), que: 6 Texto Música no século XX, retirado do site www.edukbr.com.br 20 Toda essa primeira fase da arte no Brasil, correspondente ao período colonial, foi a da arquitetura, da pintura e da estatuária religiosas; até D. João VI, a arte refugiara nas igrejas e nos conventos. Religiosa foi também a primeira manifestação da música artística brasileira; e, se por toda parte, escreve Mário de Andrade, “o som foi sempre elemento de edificação religiosa”, também aqui, pelo predomínio do catolicismo desde as origens de nossa formação social, nasceu misturado com a religião. Os cantos e os autos cantados que os padres ensinavam ou compunham para ensinar aos meninos índios constituíram, desde as primeiras missões de jesuítas, um instrumento de primeira ordem na obra de catequese; e, segundo Simão de Vasconcelos, as próprias cantigas de índios que continham a doutrina cristã eram postas em canto de órgão para servirem à propagação da fé, nas tribos americanas. Certamente, enquanto nas capelas e nas igrejas, em que em dias de festas já se celebravam missas cantadas, florescia a música gregoriana e se difundiam entre índios e africanos os cantos religiosos e os reisados (bailes pastoris, nau catarineta), formavam-se lentamente, nos engenhos e nas cidades, o canto e a música populares, sob a influência da música primitiva das senzalas, das tabas indígenas e das aldeias reinóis. (AZEVEDO, 1996: 436) Embora não se possa saber, no estado atual dos estudos folclóricos, em que medida influíram os elementos africano, indígena e português nessas cantigas e músicas populares, de que quase não nos resta documentação, parece ter predominado a influência portuguesa, “a mais vasta de todas”, e a fonte principal das melodias de nosso folclore de real beleza. Na opinião de Mário de Andrade, é a dos escravos negros em cujo contato a nossa rítmica “alcançou a variedade que tem, uma das nossas riquezas musicais”. Mas, se a música e o canto populares que deviam resultar da fusão das cantigas e danças do colonizador, do aborígine e do escravo negro, já tomavam corpo nos fins do século XVIII, foi a música religiosa que revestiu, nos três séculos coloniais. Alceu Maynard Araújo cita em seu livro Cultura popular brasileira (1973), trechos desta passagem histórica: Não se deve perder de vista a importância que a música e o canto tiveram na obra catequética no Brasil, cujo povoamento se deu na época do barroco, época das grandes festas da Igreja, razão pela qual as festas de grande pompa foram aqui usadas para se impor aos povos do Novo Mundo a religião Católica Romana (...) No Brasil havia na época da catequese três civilizações arcaicas conta as quais o catolicismo romano teria que lugar: portuguesa, ameríndia e africana (...). Foram, portanto, a música e o canto, fatores importantes na Catequese. (ARAÚJO, 1973: 117) 21 Resumindo o período colonial, Araújo refere-se à música e à linguagem nela empregada: Estava encerrado o único período da nossa história musical em que, sistematicamente, o idioma vernáculo ocupara o lugar a que tinha incontestável direito nos espetáculos da ópera, cuja plenitude artística deve supor uma generalizada compreensão da ficção dramática. Os anos seguintes, com a aproximação cada vez mais fácil e sempre crescente da arte, idéias e usos europeus, veriam o eclipse total da língua nacional cantada. Nunca o Brasil foi menos brasileiro, dos princípios e da política aos modelos de arte e ao idioma do canto, tudo vinha “made in Europe...” Uma reação só se tornou possível a partir do século XX, quando o gênio de novas gerações musicais levou aos concertos as canções brasileiras cantadas em português. (ARAÚJO, 1973: 66) No livro Aspectos da música brasileira (1975), Mario de Andrade faz uma rápida reflexão sobre o colonialismo e a independência da Música: Em seu desenvolvimento geral, a música brasileira segue, pois, obedientemente, a evolução musical de qualquer outra civilização: primeiro Deus, depois o amor, depois a nacionalidade. A colônia realmente não conseguiu nunca se libertar da religiosidade musical (...). Eis que se faz a independência, politicamente lógica, mas socialmente apenas numa aspiração (...) A falsa independência e a nova nobreza vieram, no entanto, contribuir decisoriamente, burguesas por excelência como eram, para o predomínio da protaneidade e da música amorosa (...). A modinha já era manifestação intrínseca da coisa nacional, pouco importando a sua falta de caráter étnico e as influências que faziam. Ela caracterizava perfeitamente, até mesmo nisso, a aristocracia à força, realmente burguesa pelo conceito e costumes, da classe predominante do Império. (ANDRADE, 1975: 19 -25) A igreja teve grande influência na música da produção musical do negro, do índio e do português, e foi somente no século XX que apareceram os traços de originalidade musical entre essas raças. Ana Terezinha da C. M. Munhoz cita no caderno de divulgação cultural, A música no processo cultural brasileiro: O poeta Chico Buarque, que foi através da criação do Conservatório Nacional, de Canto Orfeônico (1986), que tornou-se nacional a língua cantada no século XX e consequentemente a valorização da música. Luís Heitor, também relata no livro 22 Música e Músicos do Brasil (1950), sobre o avanço que iniciou ano de 1942. “A criação do Conservatório, por ato do governo, a estabilização da Orquestra Sinfônica Brasileira, depois de vencido um duro período de dificuldades e crise, e a inauguração do auditório e das novas dependências do Conservatório Brasileiro”, cita Heitor. A cultura assume aos poucos, a partir deste contexto, o papel da Indústria, enquanto produção e cultura. Quanto ao tipo de bens produzidos, os vários fatores da comunicação operam interligados, como público – emissor – canal. O que marca a fase contemporânea da música é a manifestação cultural mergulhada no social, numa criação mais nacional, inclusive por parte dos intelectuais como organizadores de uma comunicação diretiva. Contudo, imprescindível para a música foi o equilíbrio de experiências étnicas de ontem e hoje, partindo da simples caracterização folclórica (do povo) no contato diário em nosso meio. (MUNHOZ, 1986: 13) 1.2 Música no Vale do Paraíba O cenário musical do Vale do Paraíba ganha força nos anos 90. Alguns destaques da região que podemos citar são: Trem da Viração, Chico Oliveira (trompetista do Jô Soares), Margarete Machado, Beto Jaguary, Paranga, Tesouros da Terra, João Parahyba, Marcos Flecha, Deo Lopes, Capitão do Mato, Benoit Decharneux, Pedro Carpinetti, Lançastes, Joça Freire, Gabino, Libercanto, Panela Furada, Dennis Belik, Rio Acima, Cinthia Jardim, Cabelo de Milho, Elegia, Coral do Mosteiro, Peleco, Luxúria, Voltz, Mackzero 5, Trilhas e Raízes, Idirá, Oaska, Bill Puxos, Beto Quadros, etc, fazendo música independente. Segundo a Jornalista Vana Allas, o Vale do Paraíba é uma região de diversidade musical muito grande, devido à localização da cidade no eixo Rio de Janeiro – São Paulo, e as grandes diferenças de um interiorano que sobrevive aos costumes da moda de viola e ao mesmo tempo, em uma cidade tecnológica sofrendo fortes influências. O Vale do Paraíba sempre recebeu um variado universo de informações, costumes e ideologias. É a terra das Cidades Mortas, de Monteiro Lobato, e do mundo aéreo da Embraer, do INPE e do CTA. Do caipira com sua diversidade de crenças e do cientista que projeta e envia foguetes ao ar. Do Jeca Tatu e da mocidade urbana que aprendeu a conviver e crescer com o povo. Na cultura também é 23 inevitável a troca de informações, tamanha a riqueza. Na música, esta realidade se confirma, é perceptível. O ‘Vale, Violões e Violas – Uma Fotografia Musical do Vale do Paraíba’ retrata isto com exatidão. Um documento que reúne músicos individuais ou grupos (...) O documento não tem o objetivo de delimitar exatamente o que é nativo do Vale do Paraíba ou de fora. Encontrar tais fronteiras absolutas seria trabalho para um estudo sociológico mais aprofundado. (ALLAS, 2002: 15) Com toda essa mistura e influência, São José dos Campos, que cresce a cada dia recebe imigrantes de todas as partes do país e do mundo, gerando uma diversidade cultural na cidade. Esses nossos moradores trazem novos ritmos, costumes, hábitos, os quais acabam por influenciar a população do município musicalmente. Com isso, começa a diversificar os ritmos musicais da cidade, que antigamente era acostumada a ouvir a música regional, hoje vive essa diversidade de ritmos devido ao forte crescimento que ocorre na região. Surgem novos ritmos e consequentemente bandas e projetos musicais aparecem na cidade. Mas há anos esses músicos sofrem pela falta de divulgação desses trabalhos. Um grande exemplo disso é o músico Paranga que nasceu na década de 70 com a determinação de defender e divulgar os valores culturais do Vale do Paraíba. segundo Allas “ele foi fortemente influenciado por ritmos regionais como a congada, a catira, as modas de viola, as folias de Reis e do Divino Espírito Santo”. O músico Renato Teixeira, de Taubaté, fala sobre as dificuldades do músico no Vale do Paíba. No livro Vale, Violões e Violas (2002) de Vana Allas, ele cita: Nós que labutamos o lance da música no Vale, em diversos momentos do tempo e espaço, conhecemos as dificuldades que existem para que possamos exercer nossos ofícios e sobrevivermos dele como todo trabalhador. A política cultural que se pratica no Brasil está muito aquém das nossas necessidades. Historicamente, sempre coube ao artista a árdua sobrevivência reservada aos idealistas. A arte não paga e, se repararmos, poucos são os que conseguem viver da arte, que é como se diz. Desde que saí de Taubaté observo em cantos de todo o Brasil que, aos poucos, alguns setores estão sendo organizados e estão se criando espaços para os músicos. Os festivais dos gaúchos são um campo de trabalho qualificado; em Cuiabá o rasqueado7 toma conta da região e alguns artistas chegam a vender cem mil discos na região. O Vale do Parahyba tem rica cultura musical. A região tem infra-estrutura para 7 Dança popular mato-grossense. 24 criar espaços e para reaproveitar os que já existem, como nossos lindos teatros. (TEIXEIRA, 2002: contracapa) Com 25 anos na história da música de São José dos Campos, Lauro Flessati, fala que em termos de número, o cenário da cidade já foi melhor, mas atualmente os músicos e incentivadores estão trabalhando juntos para ver um crescimento nesta cena. Flessati trabalha com estúdio de gravação em São José há mais de 20 anos, quando se abria o primeiro estúdio de gravação de música fora de uma emissora de rádio, chamado Estúdio Mundial. Foi o primeiro estúdio independente que tinha condições de gravar uma banda e produzir um jingle. A partir da chegada do Estúdio Mundial foi aberta a primeira possibilidade de um músico ouvir como é que sua voz e seu instrumento ficavam gravados em um LP. Para Flessati, o cenário musical no Vale do Paraíba se resume nas “bandas de garagem”, que existem para fazer um desenvolvimento da música na região. Hoje a cena é mais forte do que há 25 anos atrás, vamos imaginar da seguinte forma. O pessoal que naquela época era mais garoto amadureceu mais a idéia fica firme. O cara não consegue realizar quando está na garagem, mas depois se profissionaliza consegue recursos e volta a gravar. Exemplos disso são Margarete Machado, Beto Jaguary, Trem da Viração, Rio Acima que gravou há 11 anos atrás e voltou a gravar um cd semana passada, Pedro Carpinetti, Almir Melo, Peleco, etc. (FLESSATI, 2009)8 Segundo Flessati, hoje existe uma fermentação musical muito grande no Vale do Paraíba. A banda Volts, por exemplo, ganhou o primeiro lugar no prêmio do Guaraná Antártica, que teve lançamento nacional. A banda Luxúria, que é um trabalho que está saindo do independente e participando profissionalmente no mercado. Nos anos 70, teve uma banda de rock pesado chamada Atômica, que chegou a gravar 3 CD`s com distribuição nacional. E Peleco, que recentemente (08.03.09) esteve no programa do Faustão, na Globo. 8 Entrevista pautada com Lauro Flessati no dia 18 de março de 2009, para obter informações sobre a música na região do Vale do Paraíba. 25 A idéia de independente que se tinha nos anos 60 e 70, era de produzir um trabalho, fazer um K7 e acabou. Hoje com toda tecnologia, é mais fácil fazer um disco razoável e prensa-lo ele uma fábrica comercial e colocar o disco à venda. Atualmente no Vale do Paraíba, existe o intercâmbio de bandas, a troca de datas de shows, a divisão de palco em eventos, a divulgação de trabalhos musicais de bandas “parceiras”, participações, etc. Isso acontece porque o vale ainda não tem um público para cada trabalho musical, fazendo com que os músicos se unam e somem suas forças para gerar um público maior, favorecendo patrocinadores e músicos. Isso para todos os gêneros musicais, no reggae, no rock, samba, mpb, pop, hardcore, música eletrônica, etc. Assim cada trabalho vai conquistando o público pelo estilo de som que faz, mostrando sua identidade e sendo aceito ou não pela sociedade. Este é o principal movimento que as bandas independentes trabalham para estar em atividade. 26 CAPÍTULO 2 MÚSICA INDEPENDENTE A escritora Maria Helena Pires Martins escreveu um artigo para a revista Comunicações e Artes, chamado de A Produção Independente no Âmbito da Música Popular (1984), no qual dissertava sobre o rótulo “independente”, que hoje, abrange as mais variadas áreas em artes e comunicação. Fala-se em show independente, em artistas independentes, em cinema independente, em disco independente, em vídeo independente. O que na década de 70 caracterizou a ideologia e o modo de produção de alguns artistas desejosos de manter as características individuais de seus trabalhos, e hoje é assimilado pelo mercado, tendo, inclusive um espaço dentro do sistema. Fazer uma música com a sua cara, ter um estilo próprio para sua banda e ser independente. Até pouco tempo atrás os músicos eram reféns de gravadoras que mandavam no trabalho do artista, os restringindo das origens e princípios que uma banda sempre sonha em sustentar quando se forma. Para o jornalista e crítico musical do jornal valeparaibano, de São José dos Campos – SP, Adriano Orlandi Pereira, a definição de música independente ficou atrelado aos músicos que não estão ligados aos grandes selos, ou seja, às grandes gravadoras. Este tipo de produção caracteriza-se por ser fundamentalmente uma opção de ordem econômica e ideológica, que congrega as mais variadas tendências estáticas. Martins escreveu em seu artigo, que: Se, por um lado, “produção independente” não é sinônimo de baixa qualidade técnica, de feito com poucos recursos no fundo do quintal, de amadorismo; por outro, esse mesmo rótulo não é garantia de qualidade estética. Estas duas tendências de explicar a criação musical independente confundem o econômico-ideológico e o estético. Alguns, na medida em que a produção independente é feita à margem do sistema da indústria cultura, sistema este que abrange a produção, a divulgação e a distribuição das obras, interpretam-na como sendo o restolho, ou seja, aquela parte da produção musical que não foi aceita pela indústria, seja pelo seu baixo nível estético, seja pelo seu baixo nível técnico. Outros, por seu lado, porém, ao analisarem os produtos da indústria cultural, percebem que estes tendem, para serem adequados à grande massa do público consumidor, a não ser inovadores, não se voltar para a pesquisa, a ser dirigidos para o gosto médio que garante o consumo. Dentro dessa ótica, portanto, a produção independente adquire novas 27 significações: é produção que, por ser inovadora, não tem público garantido, ou melhor, não tem garantida sua vendagem em larga escala; é produção que se opõe ao sistema (oposição ideológica, econômica e estética), que não se dirige ao gosto médio; enfim, produção de “vanguarda”, incompreendida pela grande maioria e da alta qualidade estética. E, assim, dentro do rótulo “independente”, passa a existir espaço para produtos de todos os níveis de qualidade (ou falta de); de todas as nuanças ideológicas; de todos os estilos: dos mais enquadrados aos mais inovadores. E passa despercebida a única ligação comum entre todos: a forma de produção autofinanciada, tanto dos shows quanto de discos e fitas. (MARTINS, 1984:87) Não faz muito tempo que um músico ou artista passava enormes dificuldades para gravar um CD com seu próprio dinheiro e esforço, pois o custo de produção era muito alto e os equipamentos não eram qualquer um que tinha, fazendo com que as gravadoras inflacionassem as produções, ficando viável apenas para profissionais. Das inúmeras bandas nacionais que batalham por projeção no underground, são raras as que conseguem viabilizar seu trabalho pelos meios convencionais. Investidores e selos ignoram o que difere da mesmice comercial, obrigando cada grupo a buscar alternativas. O percurso do Elegia, banda paulistana de São José dos Campos, é uma prova de que é possível driblar os problemas com boas idéias. Sem esperar que a oportunidade caísse do céu, a banda lançou um CD independente ao lado de outras bandas de sua cidade e produziu um videoclipe em parceria com uma TV do Japão, país que o vocalista Paulo Gotoh escolheu como residência. Os frutos destes esforços animam: a banda acaba de ser convidada para a nona edição do Wave-Gotik-Treffen (Leipzig-Alemanha), o maior festival gótico do mundo, com uma expectativa 9mínima de 25.000 visitantes. (Revista Carcasse)¹ Na atualidade, existem programas de estúdio e gravação que podem ser instalados em qualquer computador, e equipamentos de som a preços mais acessíveis. Hoje, um músico pode gravar seu próprio trabalho e lançar no mercado sem muitas dificuldades, tanto profissional quanto financeira. Assim, fazendo música independente surge a possibilidade de músicos mostrarem sua própria ideologia, seu estilo, suas origens e princípios que 9 Site da Revista Carcasse < http://www.carcasse.com/revista/passaros_negros/elegia/index.php> Acessado em agosto de 2008. 28 antigamente era um monopólio das grandes gravadoras sobre toda a cadeia de produção musical. Atualmente, não só os programas de edição “caseiros”, são uma arma para os músicos independentes, que contam com a expansão da internet para divulgar os seus trabalhos. Sites como: My Space, Trama Virtual, Palco MP3, You Tube, Orkut, entre outros, servem de vitrine para os músicos. Porém, ainda existe uma busca enorme para descobrir uma maneira de comercializar estes trabalhos via internet, mas naturalmente será o principal comércio do futuro. Enquanto isso os músicos procuram maneiras criativas de distribuir seus trabalhos. Existe uma discussão muito grande sobre a música independente no país, só que a distância entre músico profissional e amador ainda é muito grande. Estudar música e tocar por lazer são situações totalmente diferentes e incomparáveis, mas nos últimos tempos o público teve uma boa aceitação dos novos estilos criados, saindo dos padrões que a indústria cultural exige. Independência musical seria uma alternativa ou a realidade da maioria das bandas em nosso país? Por incrível que pareça as produções independentes chegaram a um nível altíssimo onde podemos dizer que “dá para se viver” fazendo música independente. Alguns músicos são independentes por opção, outros por não terem condições de produzir um trabalho profissional, que é o caso da maioria. Para essa preocupação com o futuro da música independente, os compositores Estrela Leminski e Téo Ruiz publicaram em 2006 o livro CONTRA-INDÚSTRIA, fruto de uma ampla pesquisa da dupla sobre o tema, reunindo aspectos históricos, discussões, tendências e também uma nova terminologia que se adequasse ao discurso atual desses artistas auto-produtores profissionais de hoje, independentes por opção, que não estão ligados a nenhum tipo de estrutura industrial. A Música Independente surge em meio a crises do setor e insatisfação de alguns artistas das grandes gravadoras (majors), e teve sua grande expansão a partir dos anos 80 com a vanguarda paulistana. A atitude do Faça Você Mesmo, já presente no Punk, começa então a fazer parte da MPB. O artista independente de hoje não corresponde mais a imagem de amador e marginal que adquiriu ao longo principalmente dos anos 70 e 80. Há algum tempo esses artistas produzem seu próprio trabalho com extrema qualidade e competência, e aproveitam alternativas de produção já existentes assim como propõe novos caminhos. As Leis de Incentivo à Cultura, mesmo com defeitos, constituíram uma importante ferramenta de trabalhos independentes de altíssima qualidade, e até hoje é uma alternativa de produção. O alto custo do monopólio das grandes 29 gravadoras através de compras dos meios de comunicação (jabá), a escassez de novidades, trabalhos apelativos e as novas alternativas independentes são as prováveis causas da crise instaurada em todo setor fonográfico mundial. Devido à nova configuração da Música Independente e a adequação de seu discurso, a Contra-Indústria se configura como o expoente dos artistas independentes do Brasil. (LEMINSKI, RUIZ, 2006: contracapa) A independência musical além de dar liberdade aos artistas, que não ficariam mais sujeitos a produzirem músicas comercializáveis, cria condições para nascerem novas canções, talentos, bandas e até mesmo novos ritmos. 2.1 Música Independente em São José dos Campos O independente hoje em dia tem que acreditar que o ser independente não é ser sozinho. Atrás de toda produção independente existe a figura do músico, do compositor, o responsável por redigir o show, o responsável pelo transporte, etc. Para Lauro Flessati, o que falta em São José dos Campos é uma maneira dos músicos trocarem experiências, para que a cada dia o trabalho se torne mais sério e profissional. Eu acho que falta um tipo de bolsa, um local de encontro de produtores, músicos, compositores, redatores, etc. É necessário ter essas figuras que estão faltando nos dias atuais. Você tem grandes músicos e grandes compositores, bandas com excelentes qualidades, mas falta a outra parte, e dentro desse conceito você tem que imaginar que agrega-se serviço e valor. A Fundação Cultural Cassiano Ricardo, a Prefeitura ou qualquer outro tipo de órgão poderia prestar este serviço. (FLESSATI, 2009)10 A cena independente na cidade de São José dos Campos vem ganhando força, uma prova disso são as constantes divulgações na internet, que é a principal arma das “bandas de garagem”. Por meio de portais específicos para apresentar músicas, vídeos e letras, como: Orkut, Palco MP3, My Space, etc, nota-se que existe um número crescente de trabalhos musicais na cidade. O site Palco mp3: Música independente divulgada de verdade, registrou no dia 11 de agosto de 2008, 124 trabalhos musicais independentes na cidade de São 10 Entrevista pautada com Lauro Flessati no dia 18 de março de 2009, para obter informações sobre a música na região do Vale do Paraíba. 30 José dos Campos. No estilo pop/rock 63 trabalhos, Brasil, 26, black music, 19, outros, 8, gospel e religiosa, 7 e eletrônico, 1. No dia 10 de fevereiro de 2009 um novo acesso contabilizou 148 bandas, 76 pop/rock, 25 Brasil, 22 black, 11 outros, 11 gospel e religiosa e 3 eletrônico, registrando um crescimento de 20% em sete meses. O concurso “Por essas Bandas” da Stéreo Vale FM do ano de 2007, teve um registro de mais de 100 inscrições sabendo-se que muitas bandas não se inscrevem por não terem o estilo específico. Em matéria no site sindicado dos metalúrgicos de São José dos Campos e Região, sindicato em família, edição 39, agosto/ setembro de 2003, relata que no gênero do pop rock, não há condições de apresentar um balanço preciso, pode-se dizer que passa de 20 o número de grupos, mas a quantidade de bandas jovens que estão surgindo não para de crescer. Isso há 5 anos e somente no gênero do pop rock. O site Bandas de Garagem (BDG) do UOL, em busca realizada no dia 12 de agosto de 2008, às 12:48, existia um número de 53 trabalhos musicais registrados de diferentes gêneros na cidade de São José dos Campos, nos estilos: pop/rock, emocore, rap, reggae, forró universitário, rock’n’roll, gospel, indie/ alternativo, drum n’’bass, punk/hardcore, hip-hop, experimental, samba, heavy metal, clássico, new metal, pop e grindcore. No decorrer das entrevistas realizadas, foi consultado com os músicos dos diferentes gêneros presentes na revista, um balanço de quantos trabalhos concorrentes existiam na cidade. A banda de samba raiz Ratatuia, disse existir dentro do estilo deles dois outros grupos concorrentes, que seriam os grupos: Glauce & Nossa Raiz e Escolha Certa, isso do conhecimento deles. Já no estilo Pagode, afirmaram que o número é bem maior, “hoje virou moda ter grupo de pagode, qualquer adolescente junta com amigos para fazer uma formação e tocar em churrascos e festas, sem mesmo saber o que estão fazendo”. Segundo Marcio de Andrade Cunha, cavaquinista do grupo, em um evento realizado na casa de show Deeck da Vila, estavam presentes 20 vocalistas de diferentes grupos. Leandro Viola, backing vocal e tecladista da banda Força e Resistência, diz não existir uma concorrente direta com o seu estilo, já que fazem um reggae raiz 31 moderno, mas dentro do reggae no último festival realizado no Bar Urbanus, no primeiro semestre de 2008, foram inscritas 15 bandas dentro desse gênero. O Regra de 3, que intitula seu estilo musical como nova mpb, também diz não existir uma concorrência dentro da ideologia da banda, mas no estilo pop rock dizem aproximar de 30 o número de trabalhos. Os Mininus foram mais exatos, “no forró pé de serra é só a gente e mais duas, já no forró universitário têm mais três e no Forreggae uma”. No estilo mais agressivo do Heavy Metal há diferentes definições para os ritmos tocados. Para Luciano Piovesan dos Santos, vocalista da banda Over Rage, existe um número entre 10 e 20 trabalhos em São José. “Não considero o meu estilo concorrente a outro trabalho na cidade, mas no estilo Metal a cidade tem um grande número de representantes”. Em São José dos Campos ainda existem dezenas de trabalhos musicais de gêneros diferentes a estes entrevistados, sem falar de bandas de garagem ou músicos que não tem espaço ou oportunidade de mostrar o seu talento. Então tornase praticamente impossível saber o número exato ou até aproximado desses trabalhos. Órgãos oficiais como ABMI (Associação Brasileira de Música Independente), OMB (Ordem dos Músicos do Brasil), tanto na delegacia de São Paulo quanto na regional de São José dos Campos, não souberam informar dados de registros oficiais e não-oficiais de trabalhos musicais da cidade. Adriano Pereira, crítico musical do jornal valeparaibano afirma que mesmo se provar um dado oficial, que seria a quantidade de carteiras de músicos profissionais ou de trabalhos musicais da cidade, não corresponderia à realidade, pois a maioria não possui o documento de registro. Para Lauro Flessati, “viver de música e cultura por aqui é um ato de coragem, de guerrilha, de paixão de se fazer o que se gosta”. Ele afirma que têm 27 trabalhos independentes da cidade para comercializar em sua loja, mas não pode afirmar se isso significa 1, 10 ou 100% dos trabalhos musicais que São José detém. Com tantos artistas espalhados pela nossa cidade os incentivos a música e a cultura ainda são poucos. Um dos principais projetos ligado aos trabalhos musicais da cidade é o “Show na Praça”, realizado uma vez por mês pela Fundação Cassiano Ricardo que é a responsável pela cultura em São José, mas não são todos que tem a oportunidade de ingressar. 32 CAPÍTULO 3 INCENTIVO A MÚSICA E CULTURA EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A falta de recursos é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos envolvidos nos setores responsáveis pela cultura. Com a falta de recursos para investimento, impede a ampliação de projetos culturais. Uma alternativa é o setor privado, que é visto como solução, por meio de patrocínios ou na participação de capital no financiamento das produções culturais, mas isso ainda é pouco utilizado. O crítico-musical Adriano Pereira, escreveu em um artigo para a Revista VOZES, que: Um amigo me escreveu que o trabalho de crítica musical em um jornal regional tira a realidade local daquela mesmice que deixa tudo acomodado, sem evolução. Quando comecei a fazer crítica musical, o primeiro impasse ético que me surgiu foi como criticar amigos que conheço há anos, ás vezes parceiros de palco, de composições, de bandas. Os primeiro discos desses amigos não demoraram a chegar. Enquanto pude, “empurrei com a barriga”, fiquei fazendo críticas de bandas famosas e músicos consagrados pela indústria fonográfica sem poupá-los. Lembro que em um dos textos falei que Renato Russo era depressivo. E era mesmo. Aliás, muito mais do que isso, era um imitador do Morissey. Do cabelo ao jeito de cantar, passando pela dança e pela flor vermelha na camisa. E ainda insistem em chamá-lo de gênio. Mas isso eu não escrevi no texto, pois só o fato de chamá-lo de depressivo, gerou uma torrente de e-mails me xingando. Isso só me acanhava a passar para a fase mais difícil, falar de músicos com os quais eu encontro quase todos os dias. Nas casas noturnas da região, estúdios, festas e bares. A primeira crítica que fiz de uma banda regional foi do trabalho do Mackzero5. Um desastre. Uma nota baixa fez com que todos, menos os próprios músicos criticados, me chamassem de “traidor”. O profissionalismo dos integrantes do Mackzero5 me surpreendeu. A humildade diante da crítica negativa me deixou mais intrigado. Será que eles concordavam com o que eu falei? Acredito que não. Mas um dia, Fábio Alba, um dos músicos do grupo, foi jurado em um concurso de bandas. Numa conversa rápida antes dele entrar para o julgamento final me olhou e disse que aquilo não era fácil. Concordei imediatamente. Isso não é nada fácil, ainda mais numa cidade que tem apenas um jornal, de grande circulação, e que nunca teve um crítico nessa área. (PEREIRA, 2008)11 Artigo escrito por Adriano Orlandi Pereira em maio de 2008, para a revista VOZES música e Cultura. 11 33 O município conta com alguns apoiadores dos trabalhos musicais realizados na cidade como: Leandro Salgado, que apresenta o programa de televisão Virada Musical todos os domingos à 00h, depois do programa canal livre. Exibido pela Band TV no canal 13 e 57 vhf e uhf, divulga os trabalhos musicais realizados na cidade de São José dos Campos e Região, único programa musical regional que a TV aberta possui no Vale do Paraíba, litoral norte e sul de Minas Gerais. Por meio desse programa já entrevistei diversos artistas da nossa região e também de todo país, dando resultado imediato para aqueles que são entrevistados. Um grande exemplo que temos é o Sr. Maestro Aloisio Pontes que está de viagem marcada para Dubai nos Emirados Árabes para fazer uma apresentação na Residência do proprietário da rede Blockbuster, que assistiu pela Internet a gravação do programa. (SALGADO, 2008)12 Beto Gomes, com o programa de rádio “Por essas Bandas” transmitido de segunda à sexta-feira às 19hs na 97,5, tem como objetivo principal dar espaços aos trabalhos musicais da região, com entrevistas ou com a divulgação de músicas. Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR), com a realização de projetos e cursos, é o órgão público responsável pela cultura e música da cidade. Com os espaços culturais: Clemente Gomes, Chico Triste, Cine Santana, Eugênia da Silva, Flávio Craveiro, Helena Calil, Jardim da Granja, Johann Gütlich, Julio Neme, Mário Covas, Rancho do Tropeiro e Tim Lês, abrem oportunidades para a população conhecer e estudar. Abaixo seguem os projetos de realização da FCCR: Projetos Culturais da FCCR 1. A Orquestra Sinfônica de São José dos Campos começou a partir das oficinas de cordas. Em seguida foi criada a Orquestra de Cordas, que foi sendo ampliada, incorporando novos instrumentos para configurar-se como uma Orquestra Sinfônica. A Orquestra Sinfônica foi reformulada com a contratação de músicos, e do próprio maestro, por meio de licitação e, hoje, é composta por 49 músicos, tendo como regente o maestro Marcello Stasi. 2. Projeto Villa-Lobos: Criado pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo em parceria com a Socem (Sociedade de Cultura e Educação Musical), com o objetivo de “popularizar” a música erudita, promovendo concertos mensais, ao longo do ano. Além do repertório variado, com músicos e cantores renomados, a partir de 2008, os concertos contarão com o projeto Arte Literária, que inclui declamação de poemas – sempre relacionadas à época das composições – na abertura de cada concerto. 12 Artigo escrito por Leandro Salgado em maio de 2008, para a revista VOZES música e Cultura. 34 3. Coro Jovem: O Coro Jovem de São José dos Campos dispõe de 150 vagas para jovens de 16 a 25 anos, que estejam estudando no ensino médio ou superior. O Coro é dividido em dois grupos: Coro Principal e Escola Preparatória, onde os alunos recebem aulas de teoria musical, solfejo e técnica vocal. O objetivo do Coro Jovem é educar através da música, formar platéia e futuros cantores profissionais. Quem não está estudando pode participar como voluntário. 4. Grupo Piraquara: Resgatar e preservar a riqueza da cultura popular brasileira é o principal objetivo do Piraquara desde que foi criado, em 1987. Sua “tarefa” é manter viva a cultura popular, trabalhando para isso, na pesquisa e na recriação artística das mais diversas manifestações folclóricas, como o moçambique, as folias, o congo, entre outras. 5. Danças folclóricas: Bumba-meu-boi, frevo e batuque. São algumas das danças que se pode aprender durante as aulas de danças folclóricas. 6. Percussão: O ritmo alegre dos tambores é uma das características mais marcantes da cultura brasileira. Por essa razão, nas aulas de percussão se aprende maracatu, afoxé, coco, entre várias outras sonoridades. 7. Sanfônica: Isso mesmo, você leu certo: é “sanfônica”, do instrumento sanfona. A idéia é criar uma orquestra de sanfoneiros e, para isso, o grupo oferece aulas gratuitas de sanfona. 8. Orquestra de viola: Um dos componentes que contribuem para a riqueza da cultura valeparaibana é a tradição caipira. Para valorizar esse aspecto, o Piraquara possui também sua própria orquestra de violas, o ensaio é aberto: a reunuão acontece às segundas-feiras, das 19h às 22 horas. 9. Piraquara Musical: Todo o repertório dos espetáculos apresentados, composto por profissionais, com grande experiência em cultura popular. 10. Bloco Pirô-Piraquara: Todos os anos, o bloco abre oficialmente o Carnaval de São José dos Campos. O bloco leva este nome porque, quando surgiu a idéia de brincarem o Carnaval há mais de 20 anos, alguns integrantes do grupo, na época, disseram: o Piraquara “pirô”. Bastou para o grupo não só formar o bloco como já batizá-lo de Pirô-Piraquara. 11. Show na Praça: Com o projeto Show na Praça são realizados, uma vez por mês, nos finais de semana, em várias praças e alguns parques, espetáculos de música, dança, teatro, literatura e circo. 12. Fundação Cultural - Oficinas Culturais 2008: Aulas de Acordeon, Canto Coral, Musicalização Infantil, Percussão, Teclado, Teoria Musical, Viola Caipira Violão 35 Iniciante e Violão Sertanejo. (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) Tabela 1 – Tabela de projetos culturais da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Com a disponibilidade destes cursos e oficinas a população de São José ganha a oportunidade de estar mais ligada à cultura regional. O incentivo ainda é pouco no quesito música independente, mas estes projetos já influenciam no crescimento social e cultural. 3.1 Leis de Incentivo No Brasil o órgão mais importante voltado para a cultura é o Minc (Ministério da Cultura), criado em 1985 pelo Decreto 91.144, reconhecendo a importância desta área que até então era tratada em conjunto com a educação. A cultura é um setor de grande destaque na economia do País como fonte de geração de empregos e renda. Segundo o site do Minc, o Plano Nacional de Cultura tem por finalidade o planejamento a implementação de políticas públicas voltadas à promoção da diversidade cultural brasileira. Com os seguintes objetivos: 1. Fortalecimento institucional e definição de políticas públicas que assegurem o direito constitucional à cultura. 2. Proteção e promoção do patrimônio e da diversidade étnica, artística e cultural. 3. Ampliação do acesso à produção e fruição da cultura em todo o território. 4. Inserção da cultura em modelos sustentáveis de desenvolvimento socioeconômico. 5. Estabelecimento de um sistema público e participativo de gestão, acompanhamento e avaliação das políticas culturais. O principal projeto na área da cultura é a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.685/93), que entrou em vigor em 1991. Ela pode ser usada por empresas e pessoas físicas que desejam financiar projetos culturais. Dentro da lei foi instituído o Pronac (Programa Nacional de Apoio à Cultura), que é formado por três mecanismos: 36 1) Pelo FNC (Fundo Nacional de Cultura) – Financiamento que permite ao Minc investir diretamente, por meio da celebração de convênios ou outros instrumentos similares. O FNC possibilita o financiamento de até 80% do projeto, sendo os 20% restantes contrapartida do proponente (pessoas físicas com atuação na área cultural e pessoas jurídicas, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos). 2) Pelo Mecenato (Incentivo Fiscal) – Financiamento por meio de incentivos ficais. Esse instrumento não permite a transferência direta de recursos para o projeto, mas possibilita aos investidores deduzir do imposto de renda o valor repassado. Por esse meio o projeto pode ser financiado em sua totalidade e cabe ao proponente querer ou não utilizar recursos de outras fontes. 3) Ficart (Fundo de Investimento Cultural e Artístico) – Autoriza a constituição de Fundos de Investimento, sob a forma de condomínio, sem personalidade jurídica, caracterizando comunhão de recursos destinados à aplicação em projetos culturais e artísticos. Desde a criação da Lei o mecanismo ainda não foi utilizado. Esses incentivos são direcionados para diferentes setores dentro da cultura como: artes, música, shows, patrimônio cultural, ciências, humanidades, etc. Um canal aberto como a Revista VOZES só vem a contribuir para a divulgação da música e cultura na cidade de São José dos Campos. Um veículo de comunicação que pode atingir, tanto visualmente com um projeto gráfico agradável ao leitor, como com artigos e entrevistas mais aprofundadas e completas com o jornalismo de revista, é uma excelente ferramenta de comunicação. 37 CAPÍTULO 4 JORNALISMO DE REVISTA A revista é um meio de comunicação que tem como principal fator de diferenciação dos demais o poder de análise e reflexão de determinado assunto. O texto para revista é praticamente uma “arte de contar a história”, a liberdade de escrita e expressão são fatores cruciais para se diferenciar do jornalismo padrão e quadrado que é de um jornal. Mesmo com essas liberdades não se deve fugir das regras de ter um lead que seduza o leitor, organizar as informações corretamente e ser uma matéria com lógica e fundamentos. O jornalismo de revista se diferencia do jornalismo diário, que é restringido a normas, tempo, pressão, formatações patrões, entre outros diversos fatores. A revista possibilita um visual mais diferenciado e sofisticado, um texto mais envolvente e livre, pode ser elegante, sedutor, crítico e até conciliar com o jornalismo literário. Texto de revista é diferente, sim, do texto do jornal, de internet, de televisão, de livro e de rádio. Principalmente, o texto de uma boa revista. Além de conter informações de qualidade, exclusivas e bem apuradas, o texto de revista precisa de um tempero a mais. Diferente do leitor de jornal, o de revistas espera, além de receber informações, recebê-la de forma prazerosa. Ele que a informação correta, simples e clara – seja o exercício para o abdômen, a receita de bolo, a nota política, o roteiro de viagem –, mas quer também um texto que não seja seco, como um aperto de mão. Resumindo: costume dizer que, em revista, bom texto é o que deixa o leitor feliz, além de suprir suas necessidades de informação, cultura e entretenimento. (SCALZO, 2004: 75) Alexander Goulart citou em um artigo no Observatório da Imprensa (2006), que: Algumas características do veículo: a variedade – muitos assuntos para fisgar o leitor e passar a sensação de janela do mundo; a especialização – centrada num determinado universo de expectativas, visto que conhece seu leitor; visão de mercado – por conhecer seu público, apresenta um produto de olho nos nichos de mercado; texto – o público é curioso, escolhe a revista, logo, se importa com o texto; imagem – o leitor é seduzido com apelo visual, com o bom fotojornalismo. Texto e imagem, traduzidos em matéria bem escrita e apresentação visual eficiente são as bases da revista. (www.observatoriodaimprensa.com.br)13 13 Artigo de GOULART, Alexander. Uma lupa sobre o jornalismo de revista. 38 Atualmente, com revistas semanais, revistas de bancas e customizadas, o texto para as reportagens, crônicas, críticas, artigos, editorial, entrevistas e matérias devem se distinguir dos veículos diários, como o jornal e internet, por possuir mais tempo de produção e de dedicação a determinado trabalho. A periodicidade das revistas, portanto, é um grande diferencial dos outros meios. Segundo Marília Scalzo, esse diferencial causa grande interferência no trabalho do jornalista diariamente: Fatos que rendem notícias acontecem todos os dias, a toda hora, a todo momento. E é justamente essa a matéria-prima dos meios de comunicação de massa. Rádios, Internet e televisão são capazes de veicular a notícia em tempo real, ou seja, no exato instante em que ela está acontecendo, enquanto os jornais a publicarão, com mais detalhes, no dia seguinte. Atualmente, diante da impossibilidade de concorrer com a velocidade das outras mídias, os jornais sentem-se obrigados a se repensar, a encontrar novos caminhos, a redefinir seu papel, a ir em busca de um jornalismo mais analítico, menos factual. (SCALZO, 2004: 41) Goulart completa: Mas, ao mesmo tempo, a variedade de publicações nos mostra que não é apenas o caráter informativo/educativo que existe. Há também o entretenimento, a diversão. Diferentemente do jornal, a revista funde informação, educação, serviço e entretenimento. E aqui reside um grande conflito, porque a revista não parte apenas do interesse público para decidir o que vai ser notícia, mas parte do interesse do público. Esse é um nó jornalístico, porque a chance de se invadir aquilo que é de caráter privado é grande. Temos muitos exemplos de revistas que publicam fofocas, boatos – especialmente sobre política e celebridades. Ou ainda páginas e páginas sobre pseudo-eventos que não são jornalísticos. (www.observatoriodaimprensa.com.br) Por esses motivos o jornalismo de revista deve ser diferenciado dos outros meios. As pautas vão de acordo com o critério de noticiabilidade e o enfoque a ser dado, para criar uma linha editorial do veículo que se identifique com o leitor. Em um extenso leque de leitores, o jornalismo de revista deve estabelecer sua segmentação para atingir a determinado grupo de pessoas. É a chamada “personalização”, onde cada grupo teria uma revista específica, própria para entretê-lo. Ao longo da história das revistas, logo se aprende a inevitável necessidade de estabelecer um foco preciso para cada publicação. Apesar da existência de títulos como Para Todos e Tudo, sabe-se que quem quer cobrir tudo acaba não cobrindo nada e quem quer falar com todo mundo acaba não falando com ninguém. Os tipos de 39 segmentação mais comuns são os por gênero (masculino e feminino),l por idade (infantil, adulta, adolescente), geográfica (cidade ou região) e por tema (cinema, esportes, ciência...). Dentro dessas grandes correntes, é possível existir o que já nos referimos como “segmentação da segmentação”. Por exemplo, partindo do público de pais e crianças, é possível fazer revistas para pais, para mães, para mães de bebês, para mães de bebês gêmeos, para mães de bebês gêmeos que moram em São Paulo... É possível estender e afunilar a lista até chegarmos a grupos muito pequenos – e se quisermos ir ao extremo, até chegar a cada indivíduo em particular. (SCALZO, 2004: 49) Com a necessidade da segmentação, as revistas começam a se identificar com os diferentes grupos e fazer um trabalho direcionado para eles. Essa mudança faz com que o conteúdo e a maneira de escrever sigam o interesse do leitor, Scalzo analisa: Entre as revistas, ao contrário, a segmentação por assunto e tipo de público faz parte da própria essência do veículo. Para ilustrar, podemos lançar mão da seguinte imagem: na televisão, fala-se para um imenso estádio de futebol, onde não se distinguem rostos na multidão; no jornal, fala-se para um grande teatro, mas ainda não consegue distinguir quem é quem na platéia; já numa revista semanal de informação, o teatro é menor, a platéia é selecionada, você tem uma idéia melhor do grupo, ainda que não consiga identificar um por um. É na revista segmentada, geralmente mensal, que de fato se conhece cada leitor, sabe-se exatamente com quem se está falando. (SCALZO, 2004: 14) Como o atrativo visual é a diferença na revista, a edição deve ser interativa com o leitor. Títulos chamativos e marcantes, olhos para chamar à atenção com frases importantes contidas no texto, legendas que interpretem a imagem ilustrada, Box para salientar algum assunto importante e um projeto gráfico e diagramação agradáveis ao leitor, que é o público alvo. 4.1 Revista no Brasil Sempre existiu uma dúvida sobre qual teria sido considerada a primeira revista do Brasil, pelo fato da bibliografia a respeito do tema ser escassa. No livro Revista Realidade 1966 – 1968, Tempo da reportagem na imprensa brasileira (1999), o autor, José Salvador Faro, cita que a bibliografia além de ser escassa, é apenas pontual, no sentido de que se restringe a momentos da produção jornalística, quase sempre desconexos com o traçado de uma possível linha de 40 coerência entre eles ou seus possíveis momentos de ruptura. Para Faro, os estudos na área da comunicação social ainda não produziram uma história do jornalismo brasileiro. Thomaz Souto Corrêa, um dos maiores ”revisteiros” do país, cita em seu artigo “Histórias das Revistas. Os Primórdios (2005), que: As brasileiras começaram com a dúvida sobre quem teria sido a primeira. Em 1808 saiu o Correio Brazilense ou Armazém Literário (perceberam o ou?). Quatro anos depois surgiu As Variedades ou Ensaios de Literatura (olha ele aí de novo...). Como ambos tinham aparência de livro, o Correio passou a ser o primeiro jornal, porque alguns historiadores acharam que Variedades obedecia mais a um espírito editorial de revista (seja lá o que isso for), e ela virou oficialmente a número um da categoria. (www.almanaquedacomunicacao.com.br)14 As Variedades, considerada a primeira revista do país, surgiu no ano de 1812, junto com a chegada da família real portuguesa. Foi a primeira revista de cunho literário publicada no Brasil, mais exatamente na em Salvador, na Bahia. Mas a revista ganhou força no Brasil com O Cruzeiro e Realidade, que criaram novos paradigmas para o jornalismo brasileiro. Surgida em 1928, O Cruzeiro, de Assis Chateaubriand, ampliou e diversificou seu quadro de profissionais durante a guerra. Publicou contos de José Lins do Rego e Marques Rebelo, artigos de Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira, ilustrações de Anita Malfati e Di Cavalcanti, colunas de José Candido de Carvalho e Rachel de Queiroz, além do humor de Millôr Fernandes. Foi a principal revista ilustrada brasileira do século XX, importante na introdução de novos meios gráficos e visuais na imprensa brasileira, citando entre suas inovações o fotojornalismo e a inauguração das duplas repórter-fotógrafo, a mais famosa sendo formada por David Nasser e Jean Manzon que, nos anos 40 e 50. Faro analisa esta mudança: Manzon, a quem a revista havia impressionado por sua baixa qualidade gráfica e jornalística, introduz “no Brasil um hábito da imprensa de reportagens européia: a dobradinha repórter-fotógrafo. Um só escrevia, o outro só se preocupava em fotografar”. Pouco tempo depois, O Cruzeiro já produzia o primeiro resultado dessas 14 Coluna de CORRÊA, Thomaz Souto. Primeira parte de uma breve história das revistas. 41 inovações: a reportagem Enfrentando os Chavantes (sic), que ocupou 18 páginas da revista, “com fotos jamais vistas de sevagens atacando a flechadas e golpes de borduna, a poucos metros de distância, um avião” onde estavam Manzon e Nasser sobra a serra do Roncador, na fronteira do Mato Grosso com o Pará, “em plena selva amazônica”. A reportagem tirou a revista do marasmo editorial em que se encontrava e o exemplar com a matéria sobre os Xavantes se esgotou rapidamente. “Para Antônio Callado, um dos pioneiros das viagens de brancos à Amazônia, aquela reportagem significou, no sentido cabal do termo, a descoberta do índio brasileiro. Para O Cruzeiro, ali estava a marca registrada que a acompanharia pelo resto de sua existência – a de uma revista de grandes reportagens. E, para os milhares e milhares de leitores, nascia quase um slogan que eles se habituariam a aguardar com ansiedade, todas as semanas, pelos quinze anos seguintes: Texto de David Nasser, fotos de Jean Manzon”. (FARO, 1999: 76) A revista Realidade, lançada em 1966 pela Editora Abril, é vista como um marco na história da imprensa brasileira e suas características são apontadas como tendências que deixaram um traço de qualidade que a produção jornalística não chegaria a repetir depois que a revista deixou de existir. Faro revela os principais fatores para a revista Realidade se tornar tão importante: Os marcos culturais que cercam o surgimento e o desenvolvimento da imprensa em meados dos anos 60 são vistos por Bernardo Kucinski como apêndice das lutas e platafirmas organizadas pelas forças de esquerda que atuavam no período. Na fundamentação de sua análise, o autor credita à revista Realidade a responsabilidade de ter sido uma das publicações que, por sua natureza e concepção, esteve na origem da imprensa que nos anos 70 foi a portadora de um estilo de resistência à ditadura militar. Em seu estudo, Kucinski afirma que duas das vertentes (duas “linhagens” uma existencial, outra política) que formaram as bases da imprensa alternativa vieram de Realidade. Segundo Kucinski, a revista da Abril surgiu “em plena revolução da sexualidade e introdução da pílula anticoncepcional”, e se tornou um êxito editorial “com um jornalismo baseado na reportagem social, na distcussão crítica da moral e dos costumes, mostrando um Brasil real, em profundas transformações. Era também um jornalismo com ambições estéticas, inspirado no new jornalism norte-americano, numa técnica narrativa baseada na vivência direta do jornalista com a realidade que se propunha a retratar”. (FARO, 1999: 81) A revista, no entanto, tinha outras características, entre elas – e de importância fundamental para que concretizasse como projeto avançado da imprensa brasileira -, a de funcionar com uma redação que gozava de grande autonomia na orientação de cada exemplar que ia às bancas. 42 CAPÍTULO 5 REVISTA VOZES Revista VOZES traz em sua filosofia o retrato do cenário musical da cidade de São José dos Campos. A linha editorial é composta por cinco entrevistas com bandas independentes de gêneros musicais diferentes e três colunistas, com o intuito de levar aos leitores os talentos musicais que a cidade proporciona. Registrando de forma ilustrativa e dinâmica com uma linguagem objetiva, atual e com grande interpretação textual, oferece-se aos leitores a diversidade dos talentos musicais encontrados em São José, relacionando com a dificuldade que os trabalhos independentes têm para atingir as mídias e chegar ao conhecimento da população. Isto com a finalidade de mostrar que a capital do Vale do Paraíba é uma fábrica de grandes talentos musicais. 5.1 Significado do nome O logotipo da revista é a palavra “VOZES”, que simboliza a manifestação dos músicos de São José dos Campos que têm pouco espaço para mostrar e divulgar os trabalhos que realizam. Para a edição de lançamento, o logotipo vem acompanhado da simbologia play, para indicar o início. Segundo o escritor Newton César, ao criar um logotipo, é preciso saber o que é a empresa, por que foi fundada, qual seu objetivo, para que serve, a quem se destina, qual sua história etc. Ele cita em seu livro Direção de Arte em Propaganda, de 2000, que é como ter que retratar uma pessoa. “Para mostrá-la de maneira correta, é preciso saber o máximo sobre ela; de outra forma, você não a retratará bem”. Logomarga ou logotipo, tanto faz, são a identidade da empresa. É o que assina o que representa a qualidade e a competência da empresa. Quando uma empresa presta um serviço, divulga ou vende um produto, ela espera que o consumidor se lembre do seu nome. É indispensável para ela que o nome seja associado à sua marca ou ao produto. Por isso, grandes empresas fazem grandes investimentos em suas marcas. (CESAR, 2000:117) 43 O logotipo VOZES tem o objetivo de criar uma familiarização como o público. É o elemento gráfico com a missão de marcar a imagem da revista associado à música e cultura realizada em São José dos Campos. 5.2 Modalidade Uma revista tem alguns princípios de definição que servem como argumento para se diferenciar de outros impressos. A primeira é a especialização, que se trata do público alvo que o veículo de comunicação estará direcionado, deve ser bem definido para essas pessoas, um projeto editorial onde se trarão: a missão do veículo, o público, características gráficas, editoriais, seções, tiragem e distribuição. A segunda é o projeto gráfico que se trata do formato do veículo. Papel, impressão, imagens utilizadas, artes, etc., pois o design de uma revista é o principal ponto e deve ser tratado diferenciado de outros produtos impressos de comunicação. Marília Scalzo cita no livro, Jornalismo de Revista (2004), que: Ela é fácil de carregar, de guardar, de colocar numa estante e colecionar. Não suja as mãos como os jornais, cabe na mochila e disfarçada dentro de um caderno, na hora da aula. Seu papel e impressão também garantem uma qualidade de leitura – do texto e da imagem – invejável. Dá para imaginar um jeito melhor de fornecer dicas de decoração ou de mostrar o novo desenho de um carro, por exemplo? (SCALZO, 2004: 39) A terceira é a periodicidade, que vai ditar o estilo de texto utilizado. As revistas semanais jornalísticas apresentam um texto mais aprofundado do que um jornal, devido ao espaço e liberdade de escrita. Mas, a revista mensal deve ter outro enfoque e aprofundamento, pois o período é maior, e assim por diante. Não dá para imaginar uma revista semanal de informações que se limita a apresentar para o leitor, no domingo, um mero resumo do que ele já viu e reviu durante a semana. É sempre necessário explorar novos ângulos, buscar notícias exclusivas, ajustar o foco para aquilo que se deseja saber, e entender o leitor de cada publicação. (SCALZO, 2004: 41) 44 Na produção de uma revista, não deve deixar de lado alguns princípios jornalísticos como um bom subtítulo, projeto gráfico da capa, boas fotografias, design diferenciado e um texto sem perder a qualidade. 5.3 Revista Alternativa O conceito da mídia alternativa foi criado para nomear os canais ou veículos de comunicação não tradicionais, ou seja, que contenha uma segmentação por especialidade, como: música, culinária, saúde, automóveis etc. Henrique Magalhães cita em seu livro, O rebuliço apaixonante dos fanzines (2003), que o veículo alternativo é, também, o canal de expressão dos setores oprimidos da sociedade, que não encontram espaço de reflexão e manifestação na imprensa convencional. Ele classifica a comunicação alternativa a partir da ênfase dada ao emissor, ao meio, ou ao receptor, aos objetivos que se deseja alcançar bem como à própria linguagem utilizada. Alguns exemplos de revistas alternativas: Acima, revistas destinadas à um público alvo específico, uma marca do veículo alternativo. Figura 1 – Capas de revistas alternativas. Fonte – Internet. 45 Os elementos alternativos da comunicação, por sua vez, podem ser classificados em linguagem, mensagem e forma de produção. Magalhães explica: Em princípio, todos os meios se prestam à comunicação alternativa, dos mais artesanais, como a impressão em mimeógrafo e serigrafia, aos meios eletrônicos, mais avançados em termos tecnológicos, como o rádio, a televisão e a informática. Nos anos 1980 assistimos a um verdadeiro assalto aos meios eletrônicos, subvertendo-se o sistema de produção estabelecido. Rádios e televisões livres entraram no ar por intermédio de cooperativas e de grupos independentes, fora das prerrogativas de concessões oficiais. A utilização desses meios, pelo caráter de contravenção e desobediência à concessão estatal das ondas eletromagnéticas, já poderia ser considerada alternativa. Além disso, essas cooperativas procuraram fugir à massificação das rádios FM e grandes redes de televisão, gerando uma linguagem irreverente, satírica e fora dos padrões do bom gosto habitual. Neste caso, temos a confluência dos três elementos que distinguem uma comunicação alternativa: a forma de produção associativa, administrada por cooperativas, a linguagem diferenciada dos padrões convencionais e a mensagem de contestação ao sistema estabelecido. (MAGALHÃES, 2003:23) Uma comunicação que se caracteriza como forma de resistência não pode ganhar o título de ser um trabalho amador por ser um empreendimento difícil de sobreviver dentro de um mercado capitalista, deve diferenciar de maneira positiva das demais produções. 5.4 Projeto Editorial A Revista VOZES é um canal de informação primeiramente sobre o cenário musical da cidade de São José dos Campos e tem como principal missão levar os trabalhos realizados ao conhecimento da população. O trabalho é destinado a todos envolvidos, à música e cultura, já que o objetivo é a divulgação dos mesmos em diferentes gêneros os quais são proporcionados pela cidade. A faixa etária é variada, pois a revista pode atingir um adolescente que tem preferência por um gosto musical específico, ou tem uma banda, até um senhor que vai aos bailes dançar ao som da Jovem Guarda. A Revista VOZES irá apresentar a cada edição diferentes trabalhos musicais e contará com artigos de personagens da música local a cada edição. 46 Nesta primeira edição as bandas Ratatuia com o samba raiz popular, Regra de Três e a nova mpb, Over Rage, heavy metal/ trash, Força e Resistência, reggae raiz moderno e Os Mininus com forró pé de serra, contam suas trajetórias, dificuldades, preconceitos e muito mais. Adriano Pereira, Marcel Soares e Leandro Salgado são nomes que chegam como colunistas e colaboradores ao incentivo do apoio a música local. Adriano é crítico musical do jornal valeparaibano, Marcel é produtor musical e técnico de som do estúdio Garagem Hermética e Leandro apresentador do programa Virada Musical da Band TV. Com circulação bimestral a revista é composta por 20 páginas no tamanho 210X275 mm, colorido. O material utilizado para impressão é o papel A3 90 g/m² couché fosco. A capa é composta pela fotografia da banda Regra de Três, que serve como cartão de visita e divulgação. As chamadas estão distribuídas de forma sistematizadas para causar uma identidade visual com o leitor, dando credibilidade e visibilidade à fotografia exposta na capa. Uma boa revista precisa de uma capa que a ajude a conquistar leitores e os convença a levá-la para casa. “Capa”, como dizia o jornalista Thomaz Souto Corrêa, “é feita para vender revista”. Por isso, precisa ser o resumo irresistível de cada edição, uma espécie de vitrine para o deleite e a sedução do leitor. (SCALZO, 2004: 62) A idéia principal de comunicação visual para com o leitor é informando o assunto a ser retratado na revista, a imagem da banda Regra de Três e as chamadas, estão presentes para causar o interesse do leitor em saber sobre o determinado trabalho, estabelecendo uma relação ou um interesse com o que é visto. A tipologia textual nas entrevistas varia de acordo com o estilo utilizado a cada “trabalho musical”, com o intuito de levar ao público a forma de se expressar de cada “tribo”, com um texto solto e envolvente, proporcionando uma leitura mais agradável nas entrevistas, exaltando a liberdade de expressão em relação à música e cultura da região. 47 Como tudo numa revista, é o leitor, também, quem vai determinar o tipo de linguagem gráfica a ser utilizada pela publicação. Não dá para imaginar uma revista de surf diagramada como uma semanal de informação, ou vice-versa. É o universo de valores e de interesses dos leitores que vai definir a tipologia, o corpo do texto, a entrelinha, a largura das colunas, as cores, o tipo de imagem e a forma como tudo isso será disposto na página. Por isso, o projeto gráfico tem que estar inserido num projeto editorial mais amplo. O projeto de uma revistade turismo certamente vai usar muitas fotos, já uma publicação sobre ciência talvez prefira usar infográficos, uma revista para pessoas mais velhas vai escolher um corpo e uma entrelinha maior para facilitar a leitura, enquanto uma revista para crianças terá necessariamente, textos mais curtos... (SCALZO, 2004: 67) 5.5 Projeto Gráfico O projeto gráfico define as características visuais do veículo, que é o principal ponto para existir uma boa comunicação e identificação com o leitor. Os elementos como: formato de papel, tipografia, segmentos etc., são pré-definidos para criar um padrão no design gráfico do material. A conexão com o público sempre será necessária, para isso deve manter sempre atualizado e rever os conceitos do projeto gráfico é de suma importância para manter o interesse do leitor com novas atrações. Portanto é imprescindível acompanhar o avanço das tecnologias, tendo em vista o que é novo e está na moda, para atender às necessidades do mercado. Um bom Projeto Gráfico é aquele que conduz a leitura sem se tornar o elemento principal da peça e nem causar interferência na qualidade da leitura. E qual é a receita para uma boa diagramação? Newton César cita em seu livro, Direção de Arte em Propaganda (2000), que a diagramação segue três características básicas: textos em colunas, o que facilita a leitura nos casos de um espaço muito grande ou textos em dois ou até um único bloco, geralmente usados em anúncios, pesos diferentes entre títulos, subtítulos e textos, e alinhamentos: centralização, justificação, texto à direita, texto à esquerda. 48 Imagem texto em colunas, pesos diferentes entre títulos e subtítulos da Revista VOZES. Figura 2 – Páginas 04 e 05 da revista VOZES. Editorial e Matéria. Fonte – Do autor. Os elementos visuais seguem os padrões de sofisticação e modernidade que a revista proporciona. Box em região de boa visibilidade para levar informações importantes, sempre seguindo um padrão do design gráfico criado na página. As letras dos textos estão distribuídas na família tipológica Futura para dar elegância ao projeto, utilizando fontes sem serifas, caixa alta e baixa, espaçamento simples e alinhamento de texto à esquerda, para dar ordem estrutural e forma à comunicação. Os textos devem sempre estar bem legíveis, salvo quando for nossa intenção provocar algum incômodo na leitura, e isso somente é cabível em raras exceções. Para deixar os textos bem cômodos para leitura, é necessário conhecer bem como trabalhamos com essas coisas chamadas famílias tipológicas, em grafiquês, ou fontes, no informatiquês. (FERNANDES, 2003: 30) 49 Imagem mostra alinhamento à esquerda, tipologia e box da Revista VOZES. Figura 3 – Páginas 12 e 13 da revista VOZES. Matéria. Fonte – Do autor. Para o escritor Robin Williams, o tipo é o material básico de qualquer impressa, e costuma ser irresistivelmente apelativo e, às vezes, absolutamente imperativo para a diagramação de uma página que contenha mais de uma fonte. Como saber quais fontes combinam entre si? Na vida, quando há mais de um em qualquer coisa, estabelece-se uma relação dinâmica. No Tipo, costuma haver mais de um elemento por página. Mesmo um documento com um simples texto corrido tem títulos, subtítulos ou, no mínimo, suas páginas numeradas. Nesta situação dinâmica da página (ou da vida), é estabelecida uma relação que pode ser concordante, conflitante ou contrastante. (WILLIAMS, 1995: 75) Sobre o alinhamento utilizado na revista, texto à esquerda, que são aqueles cujas linhas são sempre iniciadas no limite extremo à esquerda e seu final é irregular no lado direito da coluna, Fernandes explica: Este tipo de alinhamento também possui boa mecânica de leitura e pode ser utilizado mesmo para grandes volumes de texto, pois, como as linhas de texto começam sempre no mesmo ponto, ainda há 50 grande facilidade de se fazer o acompanhamento do texto quando da leitura. (FERNANDES, 2003: 43) Na letra inicial dos textos é utilizada em fonte maior na altura de seis linhas em negrito, causando efeito de literatura. Os títulos, que levam o nome do trabalho musical ou a logomarca, e as gravatas (linha fina) abaixo, sempre visíveis na parte superior da página como primeiro objeto de leitura. Imagem mostra a inicial com o efeito literatura e a definição do editorial pela cor da Revista VOZES. Figura 4 – Páginas 08 e 09 da revista VOZES. Artigo. Fonte – Do autor. Como característica gráfica, a revista exalta uma composição equilibrada e cores que marcam o editorial de cada página. Segundo o escritor Amaury Fernandes, o uso de cores em projetos devem seguir uma certa lógica já estabelecida pelos estudiosos do assunto: Quando vemos uma cor, ela nos causa uma série de impressões resultantes de sua vibração e dos componentes culturais que carregamos em nossas mentes. Cada cor tem as suas características psicológicas diferenciadas e peculiares, e são elas que nos interressam no momento. (FERNANDES, 2003: 217) 51 Ele analisa que dentre a infinidade de cores que vemos, existe um grupo de cerca de nove cores que potem ser classificadas como as principais em termos de projetos gráficos, e que, com suas variações, podem abranger uma gama suficiente satisfatória para análises. São elas: o vermelho, o amarelo, o verde, o cian, o violeta, o magenta, o marrom, o preto e o branco. Cada uma dessas cores tem suas significações, Fernandes explica: Tabela 2 – Tabela de classificação das cores. 52 A Revista VOZES tem como ponto de referência a sofisticação, traços modernos e arrojados, criando uma identidade visual bem apresentável. O tamanho é inferior ao famoso A4, com 210X275 mm é uma medida de revista prática para se ler em qualquer ambiente e fácil de ser transportada, se tratando de um produto leve e de medida razoável. “Um ponto que diferencia visivelmente a revista dos outros meios de comunicação impressa é o seu formato. É fácil de carregar, de guardar, de colocar numa estante e colecionar. Não suja as mãos como os jornais, cabe na mochila e disfarçada dentro de um caderno, na hora da aula. Seu papel e impressão também garantem uma qualidade de leitura – do texto e da imagem – invejável. Dá para imaginar um jeito melhor de fornecer dicas de decoração ou de mostrar o novo desenho de um carro, por exemplo?” (SCALZO, 2004: 39), Duas colunas estão de bom tamanho para não perder a estética e se tornar uma poluição visual para o leitor, que pode dividir sua atenção para o grande número de informações nas páginas. O objetivo principal é levar as informações junto à boa imagem. Por se tratar dos talentos da cidade, nada melhor que uma boa aparência para ser bem aceito. Tintas de diferentes cores e suas composições são instrumentos que auxiliam a transformação de um suporte em impresso. A película de tinta depositada sobre um suporte resulta na cor, intensidade e brilho da imagem. A relação tinta-papel abrange uma série de aspectos que devem ser cuidados para que seja obtido um resultado harmonioso. ( NETO, 1997: 53) Um método para contribuir com a preservação do meio ambiente no desenvolvimento desse projeto é a idéia que a revista seja lida e passada a diante. Com a seguinte frase no sumário, página 4 da revista, “Recicle, passe a diante”, atinge maior número de leitores com esta circulação do material e a diminuição no uso do papel, assim contribuindo para causar um dano menor à natureza. A fotografia é, se não for o principal, um dos atrativos visuais que chama em primeira mão a atenção do leitor. É a porta de entrada para uma reportagem, onde o leitor irá desviar o seu primeiro foco de atenção. Michael Busselle cita em seu livro Tudo sobre Fotografia, que a fotografia transcende a barreira da linguagem, aumenta imensuravelmente nossa 53 compreensão do mundo e de seus habitantes e incorpora às nossas vidas cotidianas uma sensibilidade mais aguçada em relação à beleza. Para Newton César, autor do livro Direção de Arte em Propaganda, a fotografia não apenas faz com que os consumidores se lembrem dos anunciantes, mas permite que desejem seu produto. Contudo, para que a imagem esteja adequada, o Diretor de Arte precisa analisá-la sobre vários aspectos: sensibilidade e observação, composição, dramaticidade e perspectiva, e luz e forma. No projeto gráfico da revista VOZES, trabalha-se com fotografias marcantes dos diferentes trabalhos musicais, contando a sua história e trajetória, assim fazendo com que o leitor tenha curiosidade em ler o que está exposto no texto. Hoje, os jornais tentam se parecer com as revistas, especialmente na parte gráfica. Numa revista, o primeiro elemento, é a fotografia, a imagem. O restante da diagramação parte da imagem, depois vem o texto. Um texto leve, agradável, que evita gerúndio, usa títulos criativos, sedutores. Uma característica muito importante é a divisão em seções, o que facilita a leitura, torna-a mais atraente. Seus recursos textuais e gráficos permitem que o leitor saboreie uma complexa reportagem. (www.observatoriodaimprensa.com.br)15 Fator importante para a concretização do projeto é a viabilidade econômica, que tem como idéia principal um sustento de anunciantes, já que a distribuição do produto é gratuita e em local pré-definido. De preferência, publicidades ligadas à música, cultura, instrumentos, equipamentos de som, bares, restaurantes, eventos e bebidas, mas aberto a outros tipos de clientes, caso não exista o número de anunciantes para sustentar a idéia e as necessidades iniciais. A parte técnica seria de realização e manutenção própria, correção de textos de um profissional qualificado, divulgação do material por uma equipe especializada e experiente, impressão em uma gráfica que proporcione alta qualidade da revista, folders, outdoors, rádio, televisão e internet. A distribuíção seria destinada a bares, restaurantes, casas noturnas, shows, etc., com foco principal em locais que oferecem música, cultura e entretenimento. Portanto, não basta ter um bom conteúdo se este não for apresentado ao leitor num formato que contribua para a sua aceitação e seja adequado ao leitor. 15 Artigo de GOULART, Alexander. Uma lupa sobre o jornalismo de revista 54 ORÇAMENTO Foi realizada uma pesquisa de mercado para se ter um orçamento inicial da impressão e realização dessa revista. Os preços foram orçados nas seguintes medidas: 10 páginas tamanho A3 colorida com papel couché fosco 90mm de gramatura. Para a realização de 10.000 revistas o preço seria de R$ 13.000,00. ficando a R$ 1,30 cada peça. 55 CONSIDERAÇÕES A Revista “VOZES – Música e Cultura”, baseada na necessidade de promover os trabalhos musicais realizados na cidade de São José dos Campos, é uma maneira de mostrar que na cidade tem grandes talentos na música. A falta de divulgação, apoio e incentivo são os principais problemas enfrentados. A produção de trabalhos musicais e toda forma de manifestação cultural são prejudicadas, sem obter recursos tanto de governo como de empresários. Essa falta de investimentos faz com que talentos regionais fiquem estacionados sem ganhar proporções nacionais Com este projeto os trabalhos musicais ganham espaço para divulgação e chegam ao conhecimento do joseense, que é pouco informado sobre a cena local. O principal referencial de pesquisa foram os ícones ligados à música da cidade. Cerca de 40 músicos entrevistados, um crítico musical de importância no Vale, um divulgador e apoiador das bandas da região e um produtor musical e técnico de som. Órgãos oficiais como OMB (Ordem dos Músicos do Brasil) de São José dos Campos e São Paulo não souberam informar dados de registros musicais da cidade. A ABMI (Associação Brasileira de Música Independente) disse ser impossível informar um número exato ou próximo, mas a estimativa é que hoje passa de 50 trabalhos. Com a realização deste projeto houve a possibilidade de compreender sobre a importância do jornalismo segmentado e especializado para servir de canal de informação para um determinado grupo. Não existe uma cultura superior ou inferior, existem culturas diferentes e sempre um público para admirar um novo trabalho ou estilo musical. 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLAS, Vana. Vale, Violões e Violas. Uma Fotografia Musical do Vale do Paraíba. Ed. JAC, São José dos Campos – SP, 2002; ANDRADE, Mario. Aspectos da Música Brasileira. Ed. Martins, São Paulo, 1975; ANDRADE, Mario. Pequena História da Música. Livraria Martins, São Paulo, 1944; ARAÚJO, Alceu Maynard. Cultura Popular Brasileira. Ed. Melhoramentos, São Paulo, 1973; ARON, Raymond. As etapas do pensamento Sociológico, 5º Edição. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2000; AZEVEDO, Fernando. A Cultura Brasileira, 6º Edição. Ed. UNB e UFRJ, Brasília e Rio de Janeiro, 1996; BOAS, Sergio Vilas. O Estilo Magazine – O Texto em Revista. Ed. 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Aí foram esses dois amigos nosso pra lá passar férias e passar o reveion né, conheceram o forró lá e pegaram bem ai voltaram com a idéia de lá pra cá de montar uma banda, e no meio do caminho de volta tinha uma vilazinha chamada vila Kayapó, onde eles pararam para conhecer a vila lá dos indígenas dos Kayapós ai voltaram com esse nome na cabeça ai chegando aqui chamaram eu e meu irmão a gente era amigo de forró assim tipo, a gente ia nos forrós juntos e meu irmão conhecia mas eles do que eu até ai chamou meu irmão e depois me chamou, daí a gente montou o Kayapó. VOZES: E vocês tocavam já? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Não, tocava nada, ninguém tocava nada, só pra fazer bagunça e no começo era só barulho era horrível era só barulho, ai o Kayapó ficou tipo dois anos tocando, ai por motivo particular de cada um, cada um foi fazendo um negócio indo pra lá, pra lá acabou, acabou em 2005 a gente parou de tocar, ai agora no final do ano que vem, do ano passado, 2006, é 2007, agora no final do ano passado, ai eu tipo vontade de tocar assim nunca acabou porque a gente sempre continua indo nos forró, gostava do negócio, ai no final do ano passado eu tive a idéia de montar de novo. VOZES: E da primeira formação quem participa ainda? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Eu e o Rafael só, só eu e o Rafael, ai eu tive a idéia juntamente com meu irmão de montar de novo. VOZES: Ai encontrou um sanfoneiro... OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Ah o Xiquinho (Triângulo) também já tava com a gente, era o nosso Staff. OS MININUS (Xiquinho Triângulo): Eu era o carrega caixa... 63 OS MININUS (Xiquinho Zabumba): E o Léo (Sanfona) ele tocava com a banda de uns amigos nosso aqui também de São José já, e eu fazia aula de Acordeon com o pai dele também, ai rolou a idéia de montar Os Mininus cara, pé de serra mesmo. VOZES: Antes era pé de serra também? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Era um pé de serra mais pop assim, era uma coisa mais pop, a gente toca música que todo mundo conhecia todo mundo gostava sabe, mais pra agradar a galera, hoje em dia a gente toca o que a gente gosta e música mais nossa assim também, a gente não se preocupa tanto em tocar música dos outros, a gente quer mais fazer um trabalho nosso, tocar uma música raiz mesmo, um forró de verdade mesmo. VOZES: E vocês têm alguma produção independente, música de vocês mesmos? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Tem a gente tem umas duas músicas nossas gravadas já, no Kayapó a gente fez a gravação de um DVD, em 2005? OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Foi, na Kabum OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Em 2005 em São Paulo a gente gravou um DVD lá. OS MININUS (Rafael Cavaquinho): do Remelexo também né mano uma festival 4 anos teve já lá, festival do Remelexo a gente participou também. OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Festival do Remelexo que foi o primeiro festival de bandas de forró pé e serra do Brasil assim, que teve banda do Brasil inteiro, se não me engano foram 280 bandas participantes a gente ficou em 6º lugar, a música nossa se não me engano foi Sinais, saía no cd do Remelexo com vendagem em São Paulo. VOZES: O Remelexo foi o primeiro festival que teve...? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Primeiro festival de bandas de forró pé de serra do Brasil, e a gente ficou em 6º lugar, 280 e a gente conseguiu ficar em 6º, a única banda do Vale do Paraíba assim da região daqui que conseguiu se classificar. VOZES: Quantas bandas? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): 280 VOZES: Isso com a Kayapó? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Kayapó VOZES: Hoje vocês estão em 4 integrantes né, são no caso a.... OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Zabumba, triângulo, sanfona e cavaco. VOZES: E o resto dos integrantes, você (Léo Sanfona) sempre tocou? 64 OS MININUS (Léo Sanfona): Sempre toquei, faz uns 5 anos que eu toco, mas não esse tipo de forró um negócio mais pop. VOZES: E você (Rafael cavaquinho)? OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Comecei com 12 anos VOZES: Mas tocava forró também? OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Não, pagodão tipo com o cavaco, daí depois em 2004 eu fui pro forró e eu era até menor de idade, eu lembro que eu não podia entrar nos pico, era maior complicado que nóis entrasse né? Eu era menor, os caras tocavam e eu tinha que ficar entocadinho lá, não podia entrar. Mas daí eu comecei a tocar forró, não curtia muito mas depois eu comecei a pegar bem, daí saí, parei de tocar samba e pagode OS MININUS (Xiquinho Triângulo): Depois gostou mesmo né VOZES: Então você está no forró já há uns... OS MININUS (Rafael Cavaquinho): desde 2004 assim ó, faz maior cara já, faz uns 3 anos ai VOZES: E você era staff e foi promovido? OS MININUS (Xiquinho Triângulo): Eu fui promovido, mas toquei com outras bandas também né, tipo, fui na traseira do Luiz, Luizão que tocou no Kayapó também, ai ele deu essa oportunidade né, de tocar com outras bandas ai toquei com um pessoal lá no, lá em Campinas, ai comecei a aprende a tocar tocando zabumba ai pra rua, triângulo, percussão, fui aprendendo um pouco de cada, e agora eu voltei de novo com os caras. VOZES: Está com eles há quanto tempo? OS MININUS (Xiquinho Triângulo): desde quando começou o trio VOZES: Quarteto né! Desde o ano passado então, certo? OS MININUS (Xiquinho Triângulo): Foi né Chico? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): 2007 VOZES: Que mês exatamente você sabe? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Foi em novembro VOZES: Quais as maiores influências da banda? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Luiz Gonzaga e tem uns outros atual ai também agora que, Os 4 Mensageiros, Trio Meketrefe que é uma galera nova que faz um som do caramba, os caras da nossa geração. 65 VOZES: Então o repertório de vocês é basicamente isso e as composições próprias. Qual o espaço que vocês tem para tocar aqui em São José dos Campos? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Nenhum cara, a galera daqui dá muito valor a música de fora sabe, cultura brasileira aqui, hoje em dia até que o samba tá rolando em São José legal porque tipo virou uma coisa meio que modismo assim sabe, a galera de São José é meio modismo, agora é o samba daqui a pouco é psy, vai de momento, e o forró tipo teve uma onda ai de uns 3 anos atrás e agora é difícil ficar cara, aqui é complicado. VOZES: O Xiquinho (triângulo) me falou que tinha uma época que era boa? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Era do Forregae em 2003, 2004, tinha uma casa que chamava café Cancun aqui que nossa senhora arrepiava, tinha nesse 2003, 2003 qualquer casa que vinha você tocava, lotava, bombava. VOZES: Mas era mais Forregae e tal? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Quando via a gente tentando fazer um pé de serra a galera estranhava OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Hoje a galera já pega bem OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Hoje a galera já gosta e tipo assim a gente que colocou na cabeça da galera em São José, na região, o que que é forró pé de serra, que até então todo mundo fazia o forregae e a gente veio com o pé de serra, então no palco a gente falava: Forró pé de serra, forró pé de serra, e a galera: Que porra é essa de forró pé de serra, a galera não sabia diferenciar, hoje em dia nego aqui só curte forró pé de serra, se você falar pé de serra ele xinga. OS MININUS (Rafael Cavaquinho): O legal também é que tipo assim ó, a galera vem com um repertório mano, que tipo meio que igual, ta ligado? Igual as música que rolava assim a galera igual, ai a gente chegava no show cara com música que ninguém nunca tinha escutado, nós pegava música de uns cara loco e quando chegava no show a negada ficava olhando e nem dançava, isso que era legal. E depois a gente ia nos shows as bandas novas vinha com as nossas músicas, com as músicas que a gente tinha pegado, a galera tocava, putz ninguém escutava essas músicas ai os caras já estão tocando. VOZES: Então basicamente vocês são os pioneiros do forró pé de serra aqui de São José? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Pé de serra pode se dizer que sim, em São José sim. 66 VOZES: Então concorrentes de vocês aqui em São José não tem né? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): A nível não. VOZES: Então são só vocês? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Só nós OS MININUS (Xiquinho Triângulo): Nós somos a primeira banda pé de serra aqui do Vale do Paraíba, tem uma em Jacareí mas... VOZES: Ultimamente vocês estão tocando aonde? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): A gente tocou por muito tempo em São Paulo em Campinas na Cooperativa Brasil, em São Paulo no Remelexo, na verdade, praticamente quase todos o picos de forró que tem pra tocar a gente já tocou, agora hoje a gente ta concentrando mais o trabalho de ensaio, como a gente ta voltando a fazer negócio tudo de novo, um monte de música que agente na fazia, tamo voltando a trabalhar de ensaio porque a gente ta vendo um projeto agora pra gravar um dvdzinho e tal, estamos praticamente ensaiando, tocá necessariamente a gente nem tá tocando muito. VOZES: No caso de casas que vocês se apresentaram lá em São Paulo OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Pode colocar Remelexo Brasil em São Paulo, que é a maior casa de forró se não for de São Paulo do Brasil do estilo né pé de serra, Cooperativa Brasil que tem em Campinas uma outra casa grande também entre outros lugares, os dois principais são esses daí, onde todo mundo quer tocar e ninguém consegue. VOZES: Já participou de algum festival? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Festival do Remelexo, onde façamos em 6º lugar. VOZES: E não rolou uma gravação? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Rolou, os 6 primeiros lugares ganharam uma gravação que saiu no cd do festival. OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Tinha que mandar um demo pra ser selecionada a música. OS MININUS (Xiquinho Zabumba): E só música própria, então a gente ficou em 6º, então é música 6 do cd e do dvd. OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Eles falaram cantem a música, gravem e mandem pra gente, daí os caras foram lá e selecionaram as que eles achavam que teria como participar do festival. 67 OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Eles selecionaram 38 músicas, dessas 38 músicas ele selecionaram 24, dessas 24 selecionaram 12 e dessas 12 selecionaram 6. VOZES: Agora que mudou o nome da banda, qual o significado do nome? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Os Mininus porque! Tem um trio que chama Trio Virgulino, os caras são hoje no forró os caras mais antigos do forró assim, os caras que chegaram a tocar com Luiz Gonzaga sabe, então os caras tem 25 anos de trio de forró, são os caras que participaram da gravação do nosso dvd em São Paulo também na maior boa vontade, os caras foram de graça. VOZES: Os caras são de onde? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Os caras são cada um de um lugar e são pé de serra legítimo, e eles quando viam a gente eles falavam “Ó os mininu aí, ó os mininu chegô”, aí nesse negócio de os mininu, os mininu, veio na minha cabeça, e falei os mininus mano, vai ficar os mininus, mas por causa deles porque eles falavam ó os mininus, os mininus. VOZES: E as músicas de vocês, são de composição de quem? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Na verdade as músicas nossas assim tão, algumas músicas são minhas, outras são parcerias minha com o Luiz (exintegrante), e outras só do Luiz. Luiz é um cara que entregou a banda também e hoje ele está no Trio Classe A. VOZES: De onde que é, de São Paulo? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): BH, mas tem muita música dele assim também, rolou umas parcerias comigo e outras minhas. VOZES: Quantas músicas mais ou menos vocês tem? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Bastante né? OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Tocando algumas mas escrita tem um monte né! OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Ah põe umas 30 ai cara OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Talvez até mais, talvez tem um monte. VOZES: Então o objetivo desse ano pra banda é ensaiar para gravar né? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Gravar dvd e cd e fazer forró para o resto do mundo VOZES: Qual a visão de vocês do cenário aqui de São José? 68 OS MININUS (Xiquinho Zabumba): A galera gosta assim, te falar a verdade viu, um grande problema é os donos das casas noturnas, o maior preconceito é dos caras mesmo eu acho assim sabe, tipo os caras além de eles terem preconceito com o forró, quando eles põe o forró pra tocar eles querem te pagar tipo assim 50 reais assim sabe, ou então o cara te convida pra tocar a troco de lanche e pinga sabe bem assim, então o maior preconceito não é da galera, porque a galera se surge uma música legal independente de qual música for, a galera canta a galera ouve, agora o preconceito maior é dos donos das casas que não valorizam, os caras preferem trazer uma banda de sei lá pop rock lá da casa do chapéu pagar 10 mil pros caras do que pagar 500 real pra banda daqui que faz um som legal. VOZES: Já participaram de algum programa de Tv ou de rádio? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Já OS MININUS (Rafael Cavaquinho): O SPTV lá em Mogi das Cruzes é igual o SPTV Vanguarda, é igual Vanguarda só que é lá de Mogi cara, TV Mix. OS MININUS (Xiquinho Zabumba): E como se fosse Vanguarda Mix daqui só que é da rede lá de Mogi. OS MININUS (Rafael Cavaquinho): Tem o canal Univap aqui também que a gente já foi. OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Esses dois. VOZES: Ta e divulgação do trabalho de vocês mesmo só no orkut mesmo né? OS MININUS (Xiquinho Zabumba): Pelo orkut a gente tem o cd também né. VOZES: Contato mesmo é direto com você. OS MININUS (Xiquinho Zabumba): É, 012 – 8122-4371 OS MININUS (Xiquinho Triângulo): Acho que no mês que vem a gente vai tocar hein, lá no Tipuana em Taubaté. 69 REGRA DE TRÊS FITA 1 LADO 1 Tempo de entrevista: 20:08.9 VOZES: Como surgiu a banda? REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Então... era 2005, estava no segundo ano de publicidade lá na Univap né, ai eu comecei a entrar mais em contato com o Rafael Chamusca né, ele não está aqui agora, porque eu não falava muito com ele, ele era de outra turma. Ai a gente começou a engrenar tal, fui vê que tinha afinidade, e os dois tavam.... eu tava insatisfeito com a banda que eu tinha VOZES: Você tinha uma banda de que? REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Eu tinha uma banda... era cover de Rock´n Roll chamava Helter Skelter e era muito ruim (risos)... ai eu estava insatisfeito e desanimado ai eu comecei a falar com o Chamusca e a gente começou a discutir algumas coisas começou a ter umas idéias na faculdade mesmo, e ele tinha uma banda não sei se era muito firme a banda dele mas ele gravou algumas coisas com o pessoal e a gente mostrou um pro outro as nossas composições e gerou um clima assim de competição sabe, uma competição saudável assim, e a gente começou a ficar animado, ai o Alison ele ouviu a gente conversando sobre isso... e ele putz... VOZES: Estava na sala também? REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Ele era da nossa sala, ele putz... deixa eu entrar nessa também né, acho que você entrou como baterista na época né? Mas acabou que o Alisson virou compositor também, eu Gilherme, o Alison e o Rafael somos quem compõem na banda né, e foi basicamente assim que se formou, a gente... na verdade a banda ela se firmou mesmo quando chegou próximo do show dos Los Hermanos que ia ter em São José naquela época, foi 2005, setembro de 2005, colocou e disse... vamos gravar as nossas músicas pra mostrar pra eles e foi aquela correria só pra gente gravar mais para mostrar pra eles nosso trabalho, a gente gravou lá na época, tava bem mais tosco do que ta hoje assim, mas a gente putz... mas a qualidade das músicas apesar de não estar tão bem executadas a qualidade delas em termos assim de composição tal... elas são muito boas, e a gente se animou e começou a compor mais, gravar mais, na verdade esses dois anos que a 70 gente ficou até a gente fazer o nosso show na Secomtur, que foi o nosso debute...a gente... VOZES: Foi tipo um lançamento da banda né? REGRA DE 3 (Guilherme Maia): É, a gente gravou o álbum nesse período as 12 músicas sabe, a gente passou... então a gente não ficou parado, a gente passou muito tempo no estúdio... bastante tempo. VOZES: Mas então a idéia inicial da banda já era no caso lançar as músicas de vocês, uma música independente né? REGRA DE 3 (Alison do Vale): É, no show assim a gente toca um ou outro cover que tem a ver com o nosso som assim mas basicamente a gente toca mais as nossas músicas mesmo. VOZES: Então teve início a banda em 2007 né? REGRA DE 3 (Alison do Vale): Cinco, é 2005, 2007 foi nosso primeiro show e o lançamento do nosso disco. VOZES: Então da primeira no caso o que mudou? Da primeira formação pra agora? REGRA DE 3 (Alison do Vale): É que depois que a gente começou a compor e gravar, a gente viu que não dava pra tocar só nós três porque a gente colocava linha de piano, linha de violino, de sopro, o que fosse, ai começou a precisar de mais gente... então o que aconteceu.. a gente buscou ah... que a gente meio que transita entre os instrumentos assim né, e a idéia era que a gente conseguisse mais gente que pudesse trocar de instrumentos com a gente... então a gente ia passando o instrumento pra outro e tal. Só que realmente é mais difícil achar quem toque três ou quatro instrumentos, então a gente com o tempo a gente viu que era melhor se fixar num instrumento só e ir encontrando o pessoal exato, ai o Guilherme se firmou no contra-baixo, eu fiquei com a guitarra ai nisso entraram vários guitarristas, baixistas e tudo mais, mas os quatro primeiros, além de nós três foi o Vitor que é o baterista até hoje, que entrou e ficou ai depois passaram alguns e hoje a gente tem o quarto que é o tecladista VOZES: E o outro é o? REGRA DE 3 (Alison do Vale): Vitor VOZES: Não... é o Vitor e tem mais um... REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Rafael que é o Chamusca... 71 REGRA DE 3 (Alison do Vale): Tem ainda um percussionista que um free lance que é o Betão, mas ele não toca sempre porque ele trabalha a noite então é muito difícil ele tocar com a gente VOZES: E o Rafael é o vocalista então? REGRA DE 3 (Alison do Vale): É na verdade os três cantam e eles fazem base e vocal também VOZES: Quais as maiores influências da banda REGRA DE 3 (Alison do Vale): Beatles, Los Hermanos VOZES: O estilo de vocês é próximo ao que? REGRA DE 3 (Alison do Vale): É um rock misturado com os ritmos brasileiros basicamente assim mas... vai muito o que a música pede, se eu tiver num espírito sei lá romântico, terminei com a namorada e eu tiver ouvindo um samba que seja de chorar eu vou tentar compor um samba e tentar adequar ele ao que a banda pede, vou colocar uma guitarra distorcida no meio ou... é mais uma banda de música do que uma banda de um estilo musical. VOZES: Vocês estão criando um estilo pra vocês então, um estilo próprio? REGRA DE 3 (Alison do Vale): É a intenção e essa REGRA DE 3 (Guilherme Maia): É a gente faz, vamos dizer assim, a nossa própria versão assim de vários estilos assim certo... porque tem, ele falou tem música brasileira mas tem... ele mesmo o Alison fez um tango misturado com rock, tem muito samba, bossa nova, tem blues, a gente ta fazendo música nova, vai ter foxtrot por exemplo, então a gente gosta mais de fazer música bonita coisa que a gente acha que é bonita e divertido, bom de tocar que as pessoas vão gostar, porque se tocar um estilo... é uma coisa que limita a criatividade também sabe, uma forma muito específica. VOZES: Então o repertório da banda é basicamente as músicas próprias né? REGRA DE 3 (Alison do Vale): É que o que acontece é que é inevitável rolar cover porque infelizmente se não é quem já conhece.... então a gente precisa tocar alguma coisa pra dar uma agradada ai o pessoal para e ah legal tocaram Beatles, eu gosto de Beatles eu vou escutar o que eles tem a dizer, ai a gente toca o nosso, basicamente seria isso. VOZES: Até porque o espaço aqui em São José é foda né cara... REGRA DE 3 (Alison do Vale): É aqui não tem muita abertura pra coisa nova, a não ser que seja o de sempre porque o pop rock é o que vende né... e tem muita 72 banda de qualidade que faz pop rock, mas não é o estilo que a gente faz né, a gente queria tomar um rumo diferente com uma música aqui na... porque a gente vê banda fazendo som independente, fazendo um negócio legal, só que eles acabam tendo que sair daqui porque infelizmente não dão abertura, então a gente tentou... não vamo tentar fazer um som aqui vê se vira criando um público aqui que empurre a gente e lance a gente pra fora né... VOZES: E vocês têm uma definição para o som de vocês, um nome ou um estilo de vocês? REGRA DE 3 (Alison do Vale): Eu chamo de rock... na verdade vamos supor, se você pega Marisa Monte, se você pegar um disco dela você pode ouvir um samba no meio e você pode ouvir um pop rock, então vai ter uma variedade, eles chamam isso de Nova MPB, mas é um meio óbvio porque é música popular brasileira e é nova então vai....é... REGRA DE 3 (Guilherme Maia): É difícil, eu chamo de música VOZES: Então do surgimento da banda para o primeiro show foi...foram dois anos né? REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Foi... dois anos, quase dois anos VOZES: Locais que vocês já tocaram aqui em São José? REGRA DE 3 (Alison do Vale): Hocus Pocus, Mad Jack é... Ação Juventude, projeto da prefeitura é.. Espaço Cultural Tim Lopes... REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Tênis Clube também... VOZES: Fora de São José vocês tocaram já? REGRA DE 3 (Alison do Vale): Fora de São José acho que não (risos) REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Ah Univap... é isso. REGRA DE 3 (Alison do Vale): Na 975 também REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Programa de rádio tv REGRA DE 3 (Alison do Vale): É na tv Rede Mundial, na 975 chegou a tocar música nossa umas duas vezes, depois que a gente tocou no programa tocou umas duas vezes na própria rádio. VOZES: Já participaram de algum festival aqui? REGRA DE 3 (Guilherme Maia): Não, festival não... não não, na verdade não chega a ser um festival não sei eu não definiria, mas quando a gente tocou no Tênis Clube era um...é assim... a Fundação Cultural São José todo ano ela faz um mês inteiro 73 que chama “Viajam as Palavras” e no ano passado era o tema Cassiano Ricardo.. não, não, to viajando não era o tema Cassiano Ricardo (risos) REGRA DE 3 (Alison do Vale): Falava da música no Brasil, era... foi no outro ano. FITA 1 LADO 2 Tempo de entrevista: 03:50.6 REGRA DE 3 (Guilherme Maia): ... Isso tudo é porque a gente tem uma preocupação intensa com fidelidade na hora de executar as músicas, qualidade de execução mesmo sabe assim, então a gente precisa de gente suficiente pra tocar as músicas de uma forma satisfatória porque a gente gosta de trabalhar... é o que eu chamo de ícones sonoros, aquela coisa que marca, pode ser um rit de guitarra, pode ser um refrão, pode ser um sino, pode ser qualquer coisa, é que nem o somzinho da janela do Windows fechando sei lá esse tipo de coisa.. mas é coisa que marca e esse tipo de coisa tem que ter poder assim, a gente não pode ignorar isso sabe, fazer uma versão é... REGRA DE 3 (Alison do Vale): ... a pessoa houve aquilo ai ela tem aquela coisa de... como é que o Mateus chama é?.... memória afetiva, e é bem isso mesmo você gosta daquilo você nem sabe porque, sabe se toca pãpãpã pãpãpã você já pensa no tema da vitória mas você já pensa no Senna, você já pensa nele ganhando... REGRA DE 3 (Guilherme Maia): É... é muito forte REGRA DE 3 (Alison do Vale): É... só de ouvir o início do tema, então é parcialmente procurar criar esse tipo de memória afetiva também porque é legal, o que acontece, eu faço isso no disco chego no palco o cara espera ouvir aquela coisa e eu não faço porque faltava braço, não é muito justo. REGRA DE 3 (Guilherme Maia): E no nosso caso até a... se a gente tem muita... nossas melodias elas tem muito poder assim, são melodias bem marcantes, bem cantáveis e até a bateria no nosso caso ela é bem falante também, se eu posso colocar dessa maneira. É uma bateria se que você ouve ela, só a bateria, você sabe que música que é sabe, não é só o feijão com arroz, não... é uma coisa pensada, coisa que realça... REGRA DE 3 (Alison do Vale): é agora vai entrar um solo... ele vai crescer a música, então a bateria vai ter crescer junto ela vai mudar o que ela ta fazendo. A 74 música faz um gráfico, a pessoa ta ouvindo ela vai levando, buscando... não sei o que. A verdade essa é a intenção que a gente tem quando... VOZES: A música variar de acordo com a sintonia da música... REGRA DE 3 (Alison do Vale): Exato, tudo que a gente quer é exatamente isso, ter essa oportunidade de chegar e mostrar, é isso que a gente faz entendeu. Se você parar pra ouvir com certeza que você vai se identificar pelo menos com alguma coisa aqui que te agrade, e geralmente assim porque... por exemplo: quem gosta mais de rock, rock tradicional anos 50, anos 60, tem música pra esse estilo, é uma música que minha irmã que tem 18 anos gosta e meu pai que tem 40 gosta, não estou falando da minha família mas no caso não vejo nem questão de idade, você vai pra alguém que é de Minas Gerais ta acostumado com um tipo de som, alguém de Curitiba que é outro tipo de som, você mostra, cada um se identifica com uma parte que tem a ver com si e as vezes é a mesma música mas ela gosta de uma parte diferente uma frase diferente sabe, é bacana isso, as vezes você vê no MSN de alguém que gosta da banda e ta lá uma frase que é da música por que aquilo mexeu com ela isso é legal sabe, e você pensou não realmente isso aqui vai.. espero que isso atinja alguém tem uma frase de efeito sabe, “é pela dor que se conquista o amor” isso é muito forte, a pessoa dizer que é preciso sofrer pra reconhecer um amor, é muita verdade muita gente passa por isso mas nem para pra pensar e na hora que você fala isso se identifica, legal isso também, e não só jogar palavra pra vender. VOZES: E esse cd, vocês estão vendendo, como que é? REGRA DE 3 (Alison do Vale): A gente vende também, foram feitas mil cópias... VOZES: Mas só vocês que vendem ou está para vender em alguma loja? REGRA DE 3 (Alison do Vale): Na verdade por enquanto é com a gente só. 75 OVER RAGE FITA 1 LADO 1 Tempo de entrevista: 31:37.6 VOZES: Como surgiu a banda, quanto tempo tem...? OVER RAGE (Renan de Andrade): A banda nasceu em 2006 mais ou menos a idéia foi do guitarrista que não pode vir porque ele mora em São Paulo é... ele tinha um projeto, ele criou acho que três músicas né que era... foi Amelica Air, Dince e a Nice Blath... isso a Nice Blath. Ele criou as músicas, ele escreveu, ele fez composição sozinho e gravou lá a trilhagem dessas músicas e começou a divulgar buscando gente pra gravar esse cd que ele... esse projeto que ele tinha, que chama Midnight Catastrophe que até tem no nosso site lá tem explicando certinho, então ele me convidou pra tocar baixo, pra gravar o baixo VOZES: Você conhecia ele da onde já? OVER RAGE (Renan de Andrade): Conheci ele de show, é... aqui na cidade mesmo, Dama Rock, no Hocus Pocus eu sempre via ele assim... desde os meus 14 anos, de vista eu já conhecia. Até que um dia ele veio, teve a ousadia de vir falar comigo (risos) ai ele convidou, perguntou se eu tava tocando e tal e ai eu topei, ai ele tava precisando também... ele não tinha banda nenhuma ele só tinha a idéia, ele tinha a idéia, ai eu conheci esse cara aqui que a gente tocou há uns 3 ou 4 anos... OVER RAGE (Luciano Piovesan): ...4 anos atrás a gente tinha uma banda... OVER RAGE (Renan de Andrade): A gente tinha uma banda, a gente tocava e essa banda por outros motivos tava parada né, então eu fiquei na espera do Luciano... VOZES: Luciano é o batera...? OVER RAGE (Renan de Andrade): Não… ele é o vocal, ai.. a gente ficou ai uns 3 meses procurando baterista isso que o João caiu do céu pelo site... OVER RAGE (Luciano Piovesan): tosembanda.com OVER RAGE (João Luiz): Não... vi no orkut daí mandei um e-mail lá, tinha um email do Aloísio VOZES: Precisa-se de baterista (risos)... OVER RAGE (João Luiz): cheguei lá mandei um e-mail, falei e tal... 76 OVER RAGE (Luciano Piovesan): Porque é muito difícil arranjar baterista, porque local pra ensaio ou baterista, a bateria... a gente encontrou um cara que era baterista mas nunca trazia a bateria e tinha que ensaiar na palma tipo... ai vira acústico, porque pá... num tenho esqueci cara, bom, tudo bem... ai a gente foi procurar um baterista que realmente tenha o instrumento, que seja um baterista, que saiba tocar... não, eu quero tocar com vocês ai ele falou... VOZES: Mas ele já tinha bateria já? OVER RAGE (Luciano Piovesan): Já, local pra ensaio, já tinha até a banda... esse cara é um músico... esse cara é bom... é um exímio drumer, e isso foi no final de 2006..? Foi no final de 2006, dezembro de 2006 a gente conseguiu fechar a banda toda e foi em janeiro que a gente começou a gravar não foi? OVER RAGE (Renan de Andrade): Foi.. OVER RAGE (Luciano Piovesan): Janeiro de 2007 então a gente começou a gravar a demo... OVER RAGE (João Luiz): Em março já tava tudo pronto... VOZES: Mas gravaram essas 3 músicas do.... OVER RAGE (Renan de Andrade): Isso, essas três músicas mais uma que nós criamos todos juntos, OVER RAGE (Luciano Piovesan): Que foi composta uma semana antes de terminar né o prazo...? OVER RAGE (Renan de Andrade): Isso, uma semana antes de gravar a gente conseguiu terminar uma música que é a que tem o nome da demo Midnight Catastrophe e a gente gravou no estúdio do Over Sonic aqui em São José dos Campos mesmo, a bateria foi gravada lá... agora guitarra, baixo e voz a gente gravou na casa do guitarrista porque ele tem um estudiozinho lá... VOZES: Lá em São Paulo? OVER RAGE (Renan de Andrade): É na época ele tava morando aqui, em 2007 ele estava aqui, então a gente terminou... em março já estava pronto né? OVER RAGE (João Luiz): Em março estava tudo certinho já pra começar a divulgar né daí a gente começou a fazer uns shows pra divulgar a demo VOZES: E rolou um lançamento? OVER RAGE (Luciano Piovesan): Rolou... foi no antigo Billys Bar, ai a gente entrou em contato com o proprietário, o Ângelo e falou... to com um material aqui e quero lançar ele ai... porque já eram conhecidos assim de longa data, ele o Aloísio e o 77 Ângelo, pô to com um projeto ai ta tudo pronto e tem uma banda ai que eu to querendo dar uma lançada no nosso primeiro trabalho, ai o Ao viu, gostou e chamou a gente pra lançar, ai chamou ai a gente foi fez um evento e tal, convidou outras bandas como Redchot, banda conhecida nossa já de amigos, foi chamado o instrumental de Jacareí né? OVER RAGE (Renan de Andrade): É uma banda de metal instrumental, tem até uma mina que toca batera.. toca pra caramba... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Ai foi um evento bacana que foi assim bem rápido, a gente terminou a idéia e no mês seguinte gravou e no mês seguinte lançou, se não me engano foi 29 de março que a gente estreou. OVER RAGE (Renan de Andrade): Foi 29 de março... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Que a gente pré-lançou, de 2007 que nós começamos os show, tem a data aqui no cd certinho. VOZES: Foi o lançamento do cd né? OVER RAGE (Luciano Piovesan): É nossa demo né, demo né não é nem um cd... é um cd demo. VOZES: Mas em shows assim vocês tocam as músicas de vocês mais cover né? OVER RAGE (Renan de Andrade): É… são quarto… ai a gente toca cover, Sepultura, Antrax até Ozzi VOZES: Mais na linha de Heavy Metal e Thrash OVER RAGE (Renan de Andrade): Isso é um Heavy/Thrash mesmo, não dá pra falar que é Thrash porque ai o cara que curti Thrash ele vai ouvir e falar que não tem aquela pegada de Thrash, ai se falar que é Heavy vai chegar é muito pesado algumas coisas pra quem curte só Heavy, então a gente coloca esse barra ai, eu particularmente odeio título assim, rótulo musical sabe... porque atrapalha muito a gente, até pra compor assim, tem título tem que compor no título, se tem que tentar seguir uma linha porque senão o pessoal... o pessoal cabeça mais fechada começa a falar mal, começa a falar que é Metal e que Metal é ruim... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Então a gente fala que o segredo ta na barra, na barra tem muitas coisas ali... Ah você toca o que? Toca Thrash ai vai lá realmente que nem o Renan falou, não é Thrash... porque o Thrash você tista deiária aquela coisa eisodo, dorção atlântica, slaier, dedádivo... então não é tão veloz quanto aquilo... ah Heavy Metal, não soa tão melodicamente como é Heavy Metal, por exemplo Iron Maiden, Judas Priest.. que mais é...Relice Cudra que o 78 pessoal fala, tem um tom meio Relice Cudra, não tem, a gente gosta independente de gostar mas a gente não impõe... é um... vou passar meu som pra você... OVER RAGE (Renan de Andrade): Porque hoje em dia de se fazer uma coisa que assim... nossa nunca ouvi nada parecido diria que é quase impossível porque existe muita coisa, mas a gente conseguiu fazer um estilo nosso OVER RAGE (Luciano Piovesan): Uma identidade... OVER RAGE (João Luiz): A gente conseguiu fazer pela distorção da guitarra, o jeito de tocar bateria, a voz assim... ficou um pouco diferente do que já existe assim... a pessoa vai ouvir e vai ver... esse aí é Over Rage pelo estilo mesmo... VOZES: Formaram um padrão de vocês então.... OVER RAGE (Renan de Andrade): É, apesar da antiguidade de criar uma coisa nova, na minha opinião a gente criou um som nosso... OVER RAGE (João Luiz): Acho que é por causa disso... porque a gente não tem um padrão definido... vamos fazer Thrash... acho que por isso que saiu isso... (risos) por isso que saiu o Over Rage... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Tirando a liberdade pra compor que é maravilhosa né... vamos fazer alguma coisa, então se reunir todo mundo pra fazer... porque a banda não é de um cara só... OVER RAGE (João Luiz): É você gostou da guita assim, você gostou da bateria assim... pô não deixa eu fazer assim.... não ah você gostou da guitarra assim.. OVER RAGE (Renan de Andrade): É a banda cresce muito mais… OVER RAGE (João Luiz): E ensaio também é das 3hs até umas 7h30, 8hs da noite, a gente fica um dia inteiro ensaiando, fazendo, tentando fazer alguma coisa nova... OVER RAGE (Luciano Piovesan): E a cabecinha sempre aberta, ouvindo de tudo OVER RAGE (Renan de Andrade): Claro OVER RAGE (Luciano Piovesan): É claro... descobrir coisas novas... e eu nem vou citar algumas obras musicais que a gente houve que é pra não gerar coisa (risos)... mas muita coisa que a gente houve querendo ou não ajuda.. muito diferente do Metal... ajudou a gente a compor, muita coisa que não tem nada a ver com o Metal, coisas tipo 1900 e revórvi...(risos)... VOZES: Muita coisa que você até inseri na música né... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Exatamente, uma letra, uma... você vai escrever uma coisa, você não pode escrever uma coisa... ah vou escrever totalmente sobre revolta... ta mais revoltado com o que? Você se revolta ao que você usa? É errado, 79 quando você vai se rebelar contra o que você é a favor só pra fazer marketing, já é errado. A gente procura compor sempre aquilo que incomoda a todos, tipo... o que, que te incomoda? VOZES: As composições na minha opinião, acho que tinham que ser de acordo com a realidade de cada um... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Exatamente... VOZES: Não adianta compor algo fora da sua realidade... OVER RAGE (Luciano Piovesan): É hipocrisia, você ta tocando e você não é aquilo, você está passando uma imagem falsa.... e a musica pra gente... bom pelo menos pra mima é passar a sua imagem, tudo aquilo... o que que os quatro fizeram? É isso que a gente ta sentindo... é isso que a gente está vendo. OVER RAGE (Renan de Andrade): E é isso que a gente está tentando fazer pra próxima demo que a gente espera lançar esse ano ainda, fazer um lance.... porque nas primeiras três só o guitarrista escreveu e compôs o som, exceto a música que tem o nome do cd, foi todos nós e até na opinião de nós da banda foi a que ficou melhor assim, porque uniu as nossas quatro cabeças entendeu... e é isso que a gente ta tentando fazer em todas as músicas a partir de agora VOZES: Agora que fechou o grupo também né... OVER RAGE (Renan de Andrade): Agora a parte instrumental, letra, agora ta mais definido VOZES: As influências da banda... Bom, não sei se cada integrante tem uma influência.... OVER RAGE (Luciano Piovesan): É... ás vezes você vai encontrar até algo em comum, eu por exemplo sou um exímio fã de Metálica, Pantera e Antrax pra mim é uma coisa assim... Megadeth, é o grupo que fecha o G4 pra mim, eu comecei com essas, quando eu comecei a ouvir som e pra mim ajuda muito porque em matérias de letras, sonoridade, criatividade é uma coisa muito bem... Judas Priest até a gente escuta assim... não é uma coisa que a gente é fã pra caramba mas a gente gosta porque... pra ter outras idéias tipo... as vezes ta falando alguma coisa legal... uma passagem de nota... mas pra mim particularmente são essas bandas ai... gosto de coisas muito mais leves... não tem nada a ver... mas eu gosto... é que na banda assim seria difícil você pegar uma coisa assim.... VOZES: É questão de músico também né, as vezes você um cara que é músico bom também só que toca um outro estilo que você pode captar alguma coisa... 80 OVER RAGE (Renan de Andrade): É exatamente, isso é ser músico... aliás é ser profissional, é que nem por exemplo na informática o Bill Gates ele não criou muita coisa, ele pegou um pouquinho de uma empresa que tinha, pegou um pouquinho da outra mudou a cara daquilo e.... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Deu um toque dele... OVER RAGE (Renan de Andrade): É e conseguiu criar aquilo ali entendeu…A música eu diria que a gente acaba pegando um pouquinho de cada estilo também, pouquinho de Rock´n Roll, pouquinho de Blues, pouquinho de Metal, todas essas diretrizes que existem né e a gente acaba...isso na minha opinião isso é ser profissional é criar claro do nada mas também saber usar o que existe, porque se a gente fosse intolerante uns com os outros só pelas influências musicais o pessoal já ia ficar meio opa perai... não ia bater né... se a gente fosse intolerante... VOZES: As vezes também o batera pode escutar um som sei lá... que leve um baterista bom... OVER RAGE (João Luiz): É eu escuto mesmo e sou bastante diferente, porque eu também tenho uma banda que ela toca mais Hardcore, musica um pouco mais melosinha assim né, mais pop, mas também curto ouvir pra caramba Sepultura o Igor Calavera, o Andriew, gosto pra caramba do Andriew também...tendo qualidade assim cara eu já ouço pra pegar.... eu vou mais pra qualidade mesmo pra.... e também já pego idéia OVER RAGE (Luciano Piovesan): É e esqueci de dizer também Sepultura acho que é geral da banda pelo menos é... OVER RAGE (Renan de Andrade): Minha primeira banda também foi Sepultura, vou morrer ouvindo o primeiro cd do Sepultura, minha mãe me xingando que eu só escuto aquilo.. não mentira eu escuto bastante coisa diferente eu também acabei pegando bastante coisa de Antrax por causa do Luciano... OVER RAGE (João Luiz): Eu também comecei a gostar um pouco mais de Antrax também por que ele falava... ah tira essa música e tal, legal tocar... dai eu comecei a ouvir.. comecei a gostar também... já é uma outra influência que agora que eu estou tendo na bateria... diferentes do que eu fazia quando eu entrei e tal... VOZES: Apesar de que o Sepultura é um exemplo de uma banda brasileira que fez sucesso no Metal.... 81 OVER RAGE (Luciano Piovesan): É um orgulho pra gente entrar em uma loja estrangeira e ver o pôster do Sepultura... qualquer coisa que é do Brasil que é reconhecido lá fora é um orgulho... OVER RAGE (Renan de Andrade): E o Sepultura sem dúvidas é o maior exemplo, na minha opinião, de música... e ainda mais por ser Metal... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Porque Metal no Brasil não tem outro, a trajetória do Sepultura é única... ninguém mais vai fazer o... do onde eles saíram, do que eles conquistaram assim... apenas fazendo o que muita banda se esquece que é tocar... ficar se preocupando com muita coisa e não ta se preocupando com tocar, escrever, compor e tocar.... eu vou tocar o que eu sei e o que eu gosto de tocar OVER RAGE (Renan de Andrade): Muita gente né... deixou de gostar por exemplo quando eles lançaram Lux né...que é um som mais Tribal... é um álbum bom... mas é diferente... mas conquistou muita gente por isso também...ai o pessoal vai criar preconceito... ah mudou muito, não... sinal que o músico é bom, porque se ele tem a cabeça aberta pra mudar o estilo musical é porque ele gosta ele ta afim de mudança... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Mas não critico quem ta afim de mudança, não claro que não... vai de cada um, mas eu sou da opinião de abrir a cabeça... VOZES: Como você (Luciano Piovesan) conheceu o Rock? OVER RAGE (Luciano Piovesan): Olha cara... foi família, eu tinha 8 anos de idade... eu tenho um tio... é homônimo né Luciano Piovesan também, meu nome é em homenagem ao dele, ai... ele sempre tava em contato em casa, ele é tio materno irmão da minha mãe. Ai ele em casa e tal, eu pequeno.. eu tinha 8 anos de idade... minha mãe também já gosta, ela gostava muito de Ramones... minha mãe gosta até hoje de Ramones... Ramones, Van Harlen, Led Zeppelin, quem não gostava de Led Zeppelin né... o Daz Tracy ela gostava bastante, até gosta hoje... então eu tive esse contato com ela tal... e eu comecei a ouvir por ela, eu ouvia música universal, aprendi pouco... hey ho let´s go, foi a primeira que eu gostei. Com 8 anos de idade pra completar 9 meu tio me deu um LP do Metálica o Kill E'm All, o primeiro do Metálica, era dele e ele falou... to vendo que você está gostando muito disso ai... isso aqui é pra você, então ele me deu esse LP... ai eu falei ah legal, então eu tive uma infância diferente, que nem uma criança normal brinquei mas eu sempre escutei Metal, as primeiras coisas que eu conheci foi Ramones, Garotos Podres e Camisa de Vênus, que eu conheci mas, não gostei de primeiro momento... achei muito 82 pesado Garotos, achei o Camisa de Vênus meio medonho porque tinha uma música lá chamada O Coyote, então eu ficava com medo de ouvir, eu era pequeno... ai com 8 anos o Ramones, meu tio me deu esse LP daí em diante eu comecei a me interessar mais, ai minha mãe também me ajudou a conhecer mais... ela é fã do Megadeth e eu sou fã do Megadeth também por ela, ela é fanática, até hoje ela gosta então sempre ela falou assim pra mim... nunca me pressionou a nada, meu pai por exemplo ele é do sertanejo, violero, sertanejo... então ele achou interessante bom... posso ensinar a tocar violão pra você tocar no Metal, só que no violão eu não peguei bem, ai ele cantava... eu aprendi a cantar com ele pra cantar pro Metal... ele me ensinava uma música sertaneja eu ia lá e cantava Ramones, ai ele ensinava eu saia imitando o James Hetfield... ai ele foi direto e falou.. um dia você vai ter sua banda, ai passou altos anos de produção, ouvindo, conhecendo coisas novas e ouvindo muito muito e ai quando eu completei 15 anos eu pensei em montar uma banda, chamava até Clipping Deth que é o nome da música o metálica que eu mais gostava, fiz essa banda só que ai era coisa de garoto né, só tocar na casa tal assim... mas foi com 16 que eu pensei, não... é isso que eu quero seguir porque eu já tava apaixonado era um caso de amor, ta na alma, ta na família e no sangue... VOZES: E você que é o baixista? OVER RAGE (Renan de Andrade): Eu comecei eu tinha 11 ou 12 anos, eu tava na 25 de março né lá de São Paulo famosa... gostava assim.... ouvia Titãs, ouvia... mas não era nada assim sabe... eu ouvia música tanto faz, ai a minha mãe a gente tava na 25 de março, eu, minha mãe e meu pai e ela viu era sei lá 3 cd´s por 5 reais né, ai ela pegou um que ela queria, meu pai não queria nenhum ela pegou mais um ai ela falou filho vai escolhe um...daí eu falei, ah não gosto de música, ouvia mais não gostava né... ai ela tinha um cd do Sepultura lá, ai ela insistiu pra mim... pega esse cd do Sepultura você vai gostar é música jovem, é rock pesado né.. ai eu... não, não quero, não gosto mãe... ai ela insistiu, insistiu, ta bom então eu levo, ai eu ouvi uma vez ou outra e não gostei do cd.. daí não sei que raios me deu eu comecei a ouvir mais aquilo e comecei a gostar e não parei de ouvir mais, ai eu comecei a comprar camisa de banda, deixar o cabelo crescer... ai um primo meu também viu que eu tava curtindo né e no natal ele me deu Vier Erman do Sepultura, otimo, um dos melhores cd´s na minha opinião... dali comecei a ouvir cara... e meu pai também curtia, a família do meu pai... todos... não é que são músicos, um que é músico, que vive disso mas todos tocam instrumentos, em festa de família essas coisas eles 83 tocam chorinho... eles são muito bons em chorinho. Meu tio que vive é o Dom, tio Dom.. ele vive de tocar, toca em barzinhos, eventos essas coisas, ele toca só música popular brasileira, erudita essas coisas... e eu comecei a ouvir essas outras coisas fora do Metal por causa da família também meu pai era fã de solo de guitarra, qualquer coisa que tinha solo de guitarra ele tinha então Led Zeppelin, Santana, essas coisas, Steve Way, Steve Bay....depois começando a pegar mais Jazz, Blues essas coisas bastante influência e... mas o Metal começou assim... na 25 de março... VOZES: E o batera que parece ser o mais novo da galera ai... OVER RAGE (João Luiz): É... eu tenho 19 mas o pessoal é todo dessa faixa etária só o guitarrista que tem 25 né.. o tio Aloísio. Então... a primeira vez que eu ouvi alguma coisa foi Guns né.. Guns N´Roses que meu irmão tava ouvindo no quarto lá, alto lá pra caramba lá... eu entrei no quarto ouvi mas não gostei muito não que eu não.... sabe... nem ligava muito... ai depois ele foi me mostrando e tal... ele não deixava eu mexer no cd, eu fui procurar no computador... ai meu pai que também gostava começou a ver que a gente estava gostando também...tem um irmão meu que ele já tinha... já conhecia mais também.. .daí ele começou a mostar Iron Maiden também, foi tudo meus irmãos que me ensinaram... meu pai também que foi mostrando as coisas mais antigas. Bateria... eu ganhei uma bateria bem humilde mesmo no começo, que na verdade o meu pai comprou para o meu irmão mais novo, que não era nem pra mim assim... ai eu comecei e na primeira semana já aprendi a tocar uma música do Guns, eu vi que tava pegado fácil e comecei a pegar as coisinhas assim... Raimundos que é uma coisa mais fácil que tava sucesso assim na épora, CPM22 pegava essas coisinhas mais fáceis... ai depois que eu fui aprimorando, vi que eu estava gostando... VOZES: Você estava com quantos anos? OVER RAGE (João Luiz): Eu estava com... 13 pra 14 anos... VOZES: Quais as bandas concorrentes que tem aqui em São José com o estilo de vocês? OVER RAGE (Luciano Piovesan): Concorrente...? Acho que é meio forte né porque a gente é... mas concorrente eu não vejo... OVER RAGE (Renan de Andrade): ...porque bandas que tocam o mesmo estilo eu não sei dizer.. mas bandas de Metal da região... tem aqui o Sinopse que toca um som mais porrada, tem a banda Tran que é uma das bandas mais... digamos assim 84 consagradas de São José...Morfolking é uma banda antiga também que toca metal, tem a Condromon.... que é Jacareí.. tem muita banda... aqui tem muita banda... VOZES: Mais concorrentes diretos com vocês aqui não tem então....? OVER RAGE (Renan de Andrade): Eu não vejo... batendo de frente... nenhum concorrente, exatamente o mesmo estilo não tem.. eu não lembro.... VOZES: Locais que vocês já tocaram, aqui em São José dos Campos ou fora? OVER RAGE (Luciano Piovesan): Em São José dos Campos Deek da Vila, na escola Anglo que teve um festival de bandas, lá foi um pré-pré-lançamento da banda. VOZES: No caso a primeira apresentação da banda? OVER RAGE (Renan de Andrade): O primeiro eu costume dizer que foi aquele dia 29 de março lá, oficial assim... VOZES: Tem muita gente que tem preconceito com o som mas muitas vezes nem sabe o que é... isso que eu quero levar com a minha revista... OVER RAGE (Luciano Piovesan): É... porque quando você fala é que é uma coisa mais pesada, quando fala pesado já acham que é uma coisa gritada é batida, não é... e que é drogado, e que bebe, que tem tatuagem, que é vagabundo... eu tenho tatuagem mais eu não bebo e não fumo... sem preconceito nenhum, mas acho que cada um usa pra si aquilo que se acha que se faz bem... eu não vou dizer... nunca vou beber.. mentira, nunca vou fumar... não sei, porque eu não quero, mas tatuagem eu amo... é uma tatuagem é uma arte que eu amo... eu tenho 3... mas paro na 9... o plano de vida é 9... OVER RAGE (Renan de Andrade): Mas o pessoal acha que também a maioria que toca som é gente ignorante, gente vagabundo.. sei lá.. toca pra se aparecer e ninguém... pelo menos aqui todo mundo estuda música, todo mundo estuda outras coisas também fora da música.. e a gente sempre ta tentando evoluir de outras maneiras... sempre estudando música porque todo mundo estuda do jeito que dá entendeu... o pessoal.... o preconceito vai sempre existir.... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Por exemplo... o pessoal acha que é vagabundo mas ninguém pensa que pra manter um instrumento, por exemplo uma viagem por enquanto tem que sair do nosso bolso, então no nosso trabalho é o sustento do nosso amor.. então no dia que o amor virar o trabalho, é a recompensa de um trabalho, entendeu.... VOZES: E projetos para esse ano? 85 OVER RAGE (Renan de Andrade): A gente vai ver se termina, faz um show ou outro pra fechar, pra parar... OVER RAGE (João Luiz): ... daí a gente vai entra em fase já de compor, compor algumas coisas novas pra poder lançar um cd já completo VOZES: Quem compõe na banda, todo mundo compõe? OVER RAGE (Renan de Andrade): É… eu e o Luciano escrevemos mais, o guitarrista ele escreveu as 3 primeiras mas ele prefere fazer o instrumental.... OVER RAGE (João Luiz): O instrumental todo mundo ajuda....cada um dá seu pitaco... VOZES: Certo.. e festival, tocaram em algum tirando o do colégio Anglo? OVER RAGE (Luciano Piovesan): Em São José foi, mas a gente tocou fora também, em São Paulo OVER RAGE (Renan de Andrade): A gente tocou foi no Carnametal, é um festival de carnaval que teve, a casa que nos recebeu foi o Blackmore Bar, um barzinho lá em São Paulo muito bom... aí nos fizemos show lá no começo desse ano... a dona da casa gostou da gente e nos convidou pra tocar de novo.... depois nos participamos no mesmo mês em março num festival lá no Manifesto, também em São Paulo, no bar Manifesto bar... FITA 1 LADO 2 Tempo de entrevista: 15:06.8 VOZES: Qual o significado do nome da banda? OVER RAGE (Luciano Piovesan): Over Rage né… na tradução seria “acima do ódio” pra mim seria algo bom, porque está acima de algo ruim...mas tem várias interpretações... então você odeia, você pode odiar mediocremente, ou você pode odiar com razão... você ta irado... então você tem várias interpretações... por iss que as vezes isso é ambíguo, você pode usar ela... realmente esse cara ta irado ou pode ser ma crítica, ou pode ser uma revelação, realmente ele tá irado... ou pode ser uma crítica ou uma ira... então a gente deixa no ar assim, ai a pessoa pode interpretar pra ela mesma... ah essa música tem a ver comigo, ou essa música é a minha vida, essa música é o dia que eu conheci a minha namorada, essa música é que eu vou dar no cara que eu odeio, vou bater na minha namorada... (risos) essas coisas... VOZES: Então suas composições também tem a ver com o ódio..? 86 OVER RAGE (Renan de Andrade): Olha… essa primera demo… a primeira música, aliás a segunda música chama-se arrogância né... e fala de um cara no ambiente de trabalho e ele ta furioso que tem alguém acima dele que ta dando ordens, não querendo fazer as coisas ele vai lá e faz, quem não passa por isso? Você não quer mas você vai lá e faz. A última música por exemplo fala do cara que vai explodir, a catástrofe da meia-noite, então fala... depois do ódio, depois de tudo, ele quer se livrar disso, ele quer ficar numa boa entendeu... depende... varia... VOZES: Qual a visão de vocês do cenário musical aqui de São José, vocês tem espaço pra tocar, como que é? OVER RAGE (Renan de Andrade): Já foi muito melhor, Dama Rock foi a melhor casa, ela era muito melhor do que muita casa em São Paulo... muita gente falava isso, o primeiro vocalista do Iron Maiden já tocou lá.. isso faz uns 2 ou 3 anos... aliás mais até... uns 4 anos por ai, então já foi muito melhor... e antes obviamente já tinha sido muito melhor.. o pessoal da antiga... a gente é mais novo né, mas assim.. também já foi pior, agora a cena ta melhorando... esse ano já ta rolando bastante festival, no ano passado Napalm Deth tocou aqui que é uma banda primordial de Deth, Grung... muito bom, é uma banda inglesa que tocou aqui em São José, o Matanza tem vindo bastante, o ano passado eles vieram, ano retrasado eles vieram, tocamos até com eles... foi maravilhoso a experiência pra gente... VOZES: Da onde é? OVER RAGE (Renan de Andrade): Rio de Janeiro... é uma banda que ta tocando bastante no Brasil,,, tem aparecido bastante na MTV... é uma banda legal... eles toca um Countrycore, que é uma mistura de Country com Hardcore... é uma coisa muito legal que eles fizeram VOZES: Isso que é legal... criar um estilo próprio... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Exatamente... você fala assim... que estilo que é... é o estilo Matanza, isso é muito loco OVER RAGE (João Luiz): Primeira nota que ele fizer a guitarra você vai saber que é Matanza... não tem como.. OVER RAGE (Renan de Andrade): Então…São José hoje em dia, vamos se dizer assim que ta melhorando de um tempo pra cá assim... depois que acabou o Dama Rock passou uma fossa, depressão... agora acho que São José ta conseguindo sair... ta rolando bastante coisa legal aqui... 87 OVER RAGE (Luciano Piovesan): Mas ainda há o grupo fechado, por exemplo... que não aceita os tipos de festivais, que não apóiam... ta faltando mais o apoio também... OVER RAGE (João Luiz): Ta faltando gente que acredita... OVER RAGE (Renan de Andrade): O ponto mais negativo daqui de São José, o que mais pesa... que deixa a cena ruim é a falta de público na verdade... Dama Rock fechou porque o pessoal começou a não ir mais... por que o pessoal molecada preferia ficar no supermercado tomando cachaça.... OVER RAGE (João Luiz): Isso que queimou um pouco o filme da imagem desse estilo Metal.... OVER RAGE (Luciano Piovesan): E isso em qualquer tribo eu ousaria dizer, porque se tem preconceito contra o pessoal do rock, eu curto Hip-Hop... tem o pessoal contra o Punk Rock porque é malandro, é maloqueiro, é pixador... OVER RAGE (Renan de Andrade): Ai São José começou a perder público por causa disso... molecada não entra em show, vai na porta de show... fica lá na porta tomando cachaça e não entra....mas tem o público fiel... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Com isso também da molecada, contribui também para o nome da casa ficar sujo porque são menores, ficam em frente, muitos deles vão lá apenas para beber, então tumultua ali na frente o que acontece... chama polícia, reclamação, passa mal tem... vandalismo e tem mesmo, e mesmo sem beber porque se reúnem tipo... nossa vou mostrar para... aquele pensamento... meu amigo ta olhando, aquela menina ta olhando... ai faz aquela anarquia e tal... em qualquer lugar isso... e pra que fazer isso? Se não ta dando certo com demagogia vai dar certo com destruição não dá... então eles chegam já quebram tudo e não tem um porque... eu não gosto disso, mas tem gente que vai só pra isso... VOZES: E divulgação do trabalho de vocês? OVER RAGE (Renan de Andrade): Tem um site oficial... que a gente teve um problema o ano passado e espero nesse segundo semestre poder colocar no ar...ma tem o myspace.com/overage lá tem vídeo da banda...músicas.. e tem comunidade no orkut essas coisas e perfil da banda também... porque ficou muito fácil divulgar com orkut e com myspace VOZES: Vocês tem alguma mensagem que queiram passar pra galera que curte som ai..? 88 OVER RAGE (Renan de Andrade): Eu diria… não desiste de curtir som, não desiste de tocar... entra no show por favor... da mas valor para o músico local, dar valor para coisa nacional e continuar freqüentando.. OVER RAGE (João Luiz): É isso ai mesmo, o pessoal tem que começar a entrar, ver o show... procurar a gente pra acompanhar nas viagens que fazemos pra tocar em outro lugar... a gente sempre chama o pessoal pra ir com a gente pra ir na van...e se não gostar não fala nada (risos) vai pela amizade mesmo... OVER RAGE (Luciano Piovesan): Eu gostaria e agradecer o pessoal que vai no nosso show, que gosta do nosso show porque tem um pessoal fiel... não só amigos... porque eu acho assim... quando você começar a curtir um som não vai pela amizade... porque amizade é amizade... negócios a parte.. porque tem amigo sincero que fala..não gostei essa música saiu ruim, eu gosto porque isso que é legal porque o pessoal prestou atenção... agradecer ao pessoal que vai... pro pessoal abrir a mente... porque se a gente não se rotula.. alguém vai rotular... mas vá tirar sua própria conclusão entendeu... entra, curte o som.. .entra lá pra conhecer a gente... tente conversar com a gente primeiro pra depois criar uma imagem... porque o show só sai bom quando a galera é boa, porque a energia é deles.. é o termômetro da alma, é um espelho da alma... coloca sua alma na sua voz, o seu instrumento porque quem ta ali quer ver alguma coisa boa.. ninguém saiu da sua casa pra ver nada ruim...continua estudando... faça aquilo que te der vontade.. que te faça feliz...e que te complete... músico completo é isso... Agradecendo, continue ouvindo som, envelheça ouvindo som.. não é uma fase.. a música é um espelho da vida é a canção da alma, por isso que sem música você não se move, o mundo para sem a música....porque o que te acalma, o que e alegra, o que te inspira querendo ou não é a música.. e pessoal... não creia na moda, a moda ela vai e volta... você fica... então faça você o seu ciclo... 89 FORÇA E RESISTÊNCIA FITA 1 LADO 1 Tempo de entrevista: 27:19.2 VOZES: Como surgiu a banda, como começou, contexto? Força e Resistência: A banda surgiu numa união de amigos, então todo mundo se juntou foi fazendo um trabalho de... musicalmente assim falando, todo mundo já queria fazer parte de uma banda, então quando você olha junto com os amigos e envolve todo mundo pra fazer uma parada só sai bem mais fácil... então a banda surgiu com a união de amigos... todo mundo está mais próximo um do outro... ai a gente fez isso. Mas a idéia principal de começar a banda foi do Sérgio percussionista e do Leonardo baixista, bom lembrar... e do guitarrista Claudinho também...ai (risos)... ai depois foi entrando. A idéia principal na verdade surgiu da cabeça assim da gente.... eu até fiz parte de uma outra banda de reggae... o Nova Raiz junto com o Casper, com o Viola, com o Claudinho também... daí a gente falou... pô vamos voltar com a banda, daí eu (Leonardo) e Sérgio a gente decidiu voltar com a banda... daí a gente chamou o pessoal da nossa ex banda Nova Raiz e tudo mais... daí chamamos o Rodrigo que era o primo.. daí foi... a gente achou a Mariana que é exvocal... ai foi assim.. uns foram chamando outros daí a banda ta aí hoje VOZES: Em que ano foi isso daí? Força e Resistência: Foi o ano passado, dia primeiro de setembro... não a banda surgiu em novembro, o pensamento surgiu em primeiro de setembro, a gente falou... vamos montar a banda de novo? Mas daí saiu em novembro só... a gente ficou ai uns 3 meses pensando. Em primeiro de setembro já tinha a galera todo mundo naquela... estavam várias pessoas ai foi saindo, foi saindo, foi saindo, daí quando firmou tudo foi em novembro. VOZES: Quantos integrantes que eram no começo? Força e Resistência: Eram dez VOZES: Até pouco tempo eram dez né? Força e Resistência: É, agora são 8... saíram 2, ao antigo baterista e a backing vocal saiu... daí o Leonardo que era percussionista tocou baixo e backing vocal a gente ta sem, eu mesmo (Leandro) estou fazendo. 90 VOZES: E quais instrumentos tem? Força e Resistência: Duas guitarras, contra-baixo, dois teclados, percussão, um batera e uma voz VOZES: E o que levou a galera a tocar? Não sei se todo mundo tocava já... ou quando juntou que resolveram tocar... Força e Resistência: Principal motivo? Da banda ou de cada integrante? VOZES: De cada integrante... Força e Resistência: Ah o meu (Leandro), teclado eu comecei a tocar por causa do reggae mesmo, da banda aqui... eu nunca toquei teclado nada... e eu peguei interesse pra tocar por causa da banda, porque os caras me chamaram pra tocar... vamos tocar teclado, está faltando um tecladista... eu não sabia tocar nada, eu aprendi duas notinhas ele me chamou.. daí eu comecei a tocar teclado, fui aprendendo, fui aprendendo... daí to aí tocando teclado... VOZES: Então faz um ano que você toca? Força e Resistência: Não... desde quando a banda começou mesmo, novembro. Eu peguei esse gosto pelo palco do meu irmão, que já é músico faz tempo e toca vários instrumentos, foi ele que me incentivou, comprou uma zabumba pra mim velha ai eu falei... ah vou começar a tocar... comecei tocando, aprendi bateria daí peguei gosto pela música ai já era. Eu (Gabriela) cantava desde menorzinha, pequenininha já eu ficava cantando... ai foi crescendo, foi crescendo, foi tendo uma afinidade já porque eu gostava de cantar...ai quando reunia todo mundo, todos os amigos eu ficava cantando a galera... nossa você canta bem... que não sei o que... ai uma banda também de Reggae me ouviu, chamou eu pra cantar com eles... ai eu cantei como backing... ai que surgiu aquela idéia séria de ter tipo... uma profissão como vocalista, de cantar, de fazer a música e cantar... e com aquilo fazer minha profissão e ganhar dinheiro com aquilo... ai depois surgiu a banda Força e Resistência, ai eu vim pra cá entrei como backing, depois passei pra segunda voz agora eu to primeira voz VOZES: Mas quem era o vocalista antes? Força e Resistência: Teve o Tiago que foi... o primeiro vocalista foi um homem, depois foi a Mariana, depois teve eu e a Mariana, depois eu fui pra primeira voz e ela foi pro backing e ficou... ai ela saiu agora.... VOZES: E você? 91 Força e Resistência: Eu (Sergio) comecei com a banda, com o Leonardo, o Viola, todos me ajudando e eu estou até hoje aí... aprendendo... vivendo e aprendendo. Eu (Claudinho) já faz um tempo já, uns 6 anos já que eu toco guitarra mas tocar mesmo assim com firmeza faz um ano, tipo comecei... primeira banda foi com Nova Raiz, como solo também e tipo sei lá... eu era maior Rock´n Roll.. daí depois eu fui abrindo a cabeça assim... e comecei a tocar Reggae e atora to firme no solo ai aprendendo... buscando pra caramba...Bom eu (Rodrigo) desde pequeno também tocava uns tambor lá, uns baldes.. quando eu fui ficando mais velho também que eu fui vendo o que eu tava fazendo... mas também eu era do Rock né.. bem do Rock... entrei no Reggae quando entrei na banda... já gostava um pouco mas eu não demonstrava, porque eu era do Rock né, se você fala do Pagode por exemplo...nossa que não sei o que.. ai a turma vai e ri de mim ta ligado, só que daí eu entrei no Reggae e já era o Rock... VOZES: Toca há quantos anos? Força e Resistência: Ah... eu toco desde os 6 anos nos baldes ai... VOZES: E o baixista? Força e Resistência: Ah eu comecei a tocar na cagada... na hora que eu vi eu já tava tocando já...(risos) foi meio que eu comecei a tocar por causa do pai do Rodrigo, porque o pai do Rodrigo já tinha uma banda... ai um dia o pai dele tava tocando e a molecada toda já sabia fazer barulho já, o Rodrigo já... eu não sabia fazer nada, eu ficava lá né... ai eu ia pegar um instrumento, nossa.... batia no instrumento mesmo... daí o pai do Rodrigo num dia...o moleque, você nunca vai conseguir tocar nada... daí eu cheguei pra ele... vou tocar sim mano que é isso, um dia eu vou tocar... com 18 anos eu vou estar tocando uns 20 instrumentos já... daí eu fui mano.. daí hoje em dia eu toco os baguio aí cara... ta ligado eu pego um baixo em um mês aprendo umas 5 notinhas e falo.. ah agora ta bom...ai eu pego uma guitarra aprendo mais 5 notinhas... agora ta bom... daí depois eu vou aprimorando cada um dos instrumentos VOZES: Mas quando começou a banda você já tocava baixo? Força e Resistência: Baixo não, tocava percussão... nem sabia tocar baixo... faz umas duas semanas que estou tocando baixo na banda... VOZES: E você (Weber)? Força e Resistência: Então... eu toco teclado, mas faz pouco tempo também... foi quando começou a banda que eu me interessei mais por teclado... poquinho antes 92 ta ligado... ai eu peguei o teclado me interessei e falei... ah vou tocar teclado... tanto que o Claudinho, o pessoal me chamou pra ser voz até mas eu recusei falei que ia tocar teclado, ai eu acabei tocando teclado mas faz pouco tempo também que eu toco... tanto que eu andava de skate e até parei de andar de skate por causa da música... foi mais forte do que... é além cara.. sei lá... VOZES: Quais as maiores influências da banda? Força e Resistência: Black you´re, José Rin.... ah é meio que pessoalmente... o instrumental da gente assim na preferência... todo mundo é Glandeichon... e tipo voz na minha (Gabriela) opinião feminina, melhor de todos pra mim é a Desarie... Porque todo mundo curte Reggae mas cada um, um estilo diferente... tem o Ragga, tem o Dubai.. tem tudo... eu (Claudinho) sou mais o Jamaicano bem pá.. raizão mesmo... eu (Leonardo) gosto de coisa mais pra frente aquela coisa assim Midnight assim sabe... só baixo, batera e teclado.. coisa simples assim.. Black you´re, Steel Pulse... todo mundo gosta.. James Brown... é uma mistura de Reggae jamaicano com Reggae moderno tipo Growdation... bandas assim a nossa música, mas o nosso pensamento é um dia chegar próximo ao Bob... mas a gente assim tipo.. colhe de todo mundo. Tem bandas nacionais assim que a gente também tem influências, tem o Jael, Reggae Style, Jayragga... algumas coisa do Brasil também a gente traz pra gente. VOZES: Então o estilo de vocês é um Reggae moderno? Força e Resistência: É... sem perder a essência do Reggae, o lado raiz do Reggae, mas pensando no além... uma coisa divertida, uma coisa alegre... pra fazer o pessoal dançar, se alegrar e não perder aquela coisa de raiz... perder o que o Reggae mesmo na verdade quer dizer... aquela coisa raiz.. tipo a musica Reggae a batida da batera, do baixo, das coisas da harmonia pra passar uma mensagem, a gente quer fazer isso sabe... mas não daquele jeito chato sabe... que o pessoal vai falar... pô esse negócio é música dos anos 30... a gente passa isso com alegria sem perder a verdadeira mensagem que é tipo, baixo, batera, os instrumentos e passar a mensagem além do que é a música... não falar só sobre coisas do... ah eu fui no sol, eu fui na praia lá, bar, vi o mar, sol, prainha, lual, a gente fala coisas do além... a realidade, tipo... um dia a vida vai continuar lá no céu... VOZES: No show são só músicas próprias ou rola uns covers? 93 Força e Resistência: A gente tenta mandar a maioria próprias, só que daí a gente sempre põe um cover ou outro assim pra... meio que pra gente assim dar uma distraída assim.... só que a gente gosta mesmo de mandar músicas próprias. VOZES: E o espaço que vocês tem aqui em São José? Força e Resistência: Com esse estilo de música é muito difícil ter qualquer espaço em qualquer lugar... porque ultimamente as casas noturnas procuram o que está na moda.. Funk, Hip-Hop...tipo Reggae não é moda... VOZES: Mas aqui em São José tem um público bom né?a Força e Resistência: Tem, tem um público grande...tipo e a gente ta fazendo isso aí... inclusive tava fazendo um projeto ai pra crescer o movimento do Reggae aqui em São José só que aqui é difícil, muito difícil ter espaço aqui em São José. VOZES: É difícil por quê? Vocês acham que rola preconceito? Força e Resistência: É.. rola preconceito também mas... mas isso aí a gente releva... é mais por.. tipo... como é que se diz?...É porque a visão que tem em cima do Reggae é... quem tem Dread é sujo, quem faz a música Reggae é maconheiro então acabam jogando isso pras pessoas mais autoritárias que vão fazer um projeto... e não fazem porque pensam isso... e muitas pessoas não vêem o lado bom do Reggae né... e hoje em dia eles estão preocupados mais em ganhar dinheiro e Reggae não é um som mais adequado pra se ganhar dinheiro, não é comercial... e agora o Funk já ta muito mais comercial... na verdade as casas de show fazem o que ta na moda, se ta na moda Funk eles estão colocando Funk todo final de semana, se estivesse na moda forró era todo final de semana forró, se tivesse na moda rock... era todo final de semana rock.. VOZES: Vocês nunca tentaram fazer um espaço para vocês? Força e Resistência: Então... a gente está com o pensamento de todas as bandas de São José, a gente ta fazendo um... bom até lembrar... a gente está reunindo todas as bandas... vai se chamar... o nome do evento vai se chamar Encontro das Raízes... daí todas as bandas de Reggae vai fazer acho que talvez, um evento por mês... em pavilhão... no tesouro... em cada lugar assim... ai a entrada dar um quilo de alimento, daí até pegar um público e a gente começar a cobrar o cachê da banda... pra divulgar o Reggae, o Reggae ter aquela força... aquela energia que vem de trás mesmo... lá da Jamaica VOZES: Lugares que vocês tocaram aqui em São José já? 94 Força e Resistência: Poucos cara... tocamos no Deek, Urbanus, Hocus Pocus no por essas bandas... tocamos acho que em 4 lugares porque a banda tem pouco tempo...é mais em festa, eventos.. como convidados... a te porque a gente está com um projeto... VOZES: Até porque a banda é nova né... Força e Resistência: É... tem 5 ou 6 meses... primeiro show grande da banda mesmo vai ser agora dia 17... vai ser a primeira oportunidade de mostrar o nosso trabalho pra São José inteiro... não só São José.. o Vale do Paraíba inteiro vai estar lá... VOZES: Vocês tem algum trabalho gravado? Força e Resistência: Tem... a gente tem uma Demo... a gente tem duas músicas gravadas VOZES: Quantas músicas próprias que a banda tem? Força e Resistência: Acho que tem umas 10, 11 ou 12.. a gente não sabe direito... tem umas que a gente tem mais ta guardadinha VOZES: Quem são os compositores da banda? Força e Resistência: A maioria é minha (Leandro), umas 8 músicas acho que são minhas.... (Leonardo) a maioria é dele mais quem tiver com idéia... é sempre assim... mas na verdade na banda tem músicas de nós três assim... minha (Leandro), do Leonardo e tem umas que é do Casper também.. tem umas do Rodrigo, da Gabriela mas ta tudo guardado ai....essas que estão no projeto assim.. que a gente ta tocando nos shows é da gente mesmo... tem música que todo mundo fez também que é Princípios... Princípio foi todo mundo que fez... (Weber) é.. o Princípio foi o principio mesmo né mano...(Gabriela) foi uma das primeiras músicas... que a gente mais gostou... que a gente mais se apegou VOZES: Vocês já participaram de algum festival? Força e Resistência: Festival ainda não... tem o E-Team que ta rolando, tem 20 bandas e a gente está em segundo lugar.. E-Team da rádio 20 20 fm VOZES: Ta rolando aqui em São José? Força e Resistência: É.. ta rolando no Urbanos, é da rádio 2020 fm, rádio da Internet online VOZES: E o nome da banda...? Força e Resistência: Foi o Claudião VOZES: Qual foi a idéia do nome? 95 Força e Resistência: A tipo o nome foi quando.. sei lá.. no começo assim teve vários nomes que eles estavam procurando ai... daí o único que acho que encaixou mesmo porque dois nomes mais..sei lá... paramo pensamo assim mais só que era nome de outra banda já, tipo Monte Sião e outra lá... A banda surgiu por força e resistência, a maioria é do Satélite, Bosque ela da Vila Industrial... a gente veio hoje, como hoje... veio a pé para o estúdio, com o instrumentão na mão... a gente vem ralando mas a gente mostra o que a gente está querendo fazer, porque a gente senta todo mundo e não tem aquele coisa de patifaria... todo mundo senta, faz a música ta ligado... todo mundo suando... todo mundo tem umas resistência dentro de você... ai todo mundo tem uma força muito grande e uma resistência muito grande, que sabe o que faz, faz bem feito, mostra que sabe, mostra que tem toda aquela força daquela resistência pra fazer uma música... pra fazer um som da hora. E o propósito da banda é esse também... passar... mostrar pro pessoal que todo mundo tem uma força e... que todo mundo tem resistência. Porque a gente faz uma música além... a gente faz uma base de Reggae, porque a gente curte Reggae... mas o nosso lance é além, não é passar uma coisa pra ganhar uma grana... tipo a gente ta bem, a gente ta fazendo Reggae... escrever lá, a gente é música Reggae, não... a gente quer passar um negócio além... VOZES: Questão de bandas concorrentes de vocês aqui em São José? Força e Resistência: Bom.. a gente não pode dizer concorrente... porque é amigas... VOZES: Concorrente eu digo no mesmo estilo.... Força e Resistência: A tem tem.. tem umas bandas... no nosso estilo mesmo tem o Estrela de Davi e União Persona.. tem o Jiroots, tem o Jiragga, tem o Sociedade Roots, tem o Brilho da Mata... devem ter vários so que os que a gente conhece, os nossos amigos são esses daí... que estão em atividade também...Não é que um quer superar o outro mas sempre tem um que mostra o trabalho mais que o outro, e quando mostra as vezes o outro que já está a muito tempo... ou a pouco tempo também, falam poxa mas eles já ta ali.. ou não... então rola um tratamento desse, meio não... meio malicioso vamos dizer assim.... mas rola uma coisinha.. sempre rola... porque algum ta satisfeito com outra pessoa por cima da outra... se uma ta em primeiro tu ta em segunda... um pessoa quer sempre superar a outra. VOZES: Já participaram de algum programa de tv ou rádio? 96 Força e Resistência: De rádio já... de rádio a gente fez o trabalho da rádio da Internet, a 2020 fm... o site é www.2020fm.com e pra ouvir nosso som é só colocar / forcaeresistencia e aparece duas das gravações que a gente fez na rádio, entrevista na rádio e tal... VOZES: Quais os objetivos da banda para esse ano? Força e Resistência: Pretende fazer firme o projeto ai da banda, o projeto da união das tribos lá.. .das raízes, a gente pretende tocar... ah se for pretender tudo que a gente quer a gente tava tocando lá na Jamaica esse ano em setembro... Vamos supor que a gente vai viver realizar... sei lá, tem algumas músicas a mais... gravar assim, poder mostrar o nosso trampo, quanto mais divulgação assim... mais apresentação também, acho que todo mundo aqui quer ter um espaço, na tv, na Internet, na rádio, então tudo ajuda uma divulgação boa... pra fazer um negócio legal. A gente não quer a mídia, a gente quer um trabalho reconhecido nacionalmente... não porque a galera quer dinheiro... é que todo mundo assumiu, a gente está fazendo um monte de correria pra fazer uma música, pra poder gravar, tirando que você esta vindo assim.. lá de qualquer lugar pra juntar pra gravar um ensaio, pra fazer qualquer coisa... então o que acontece... a gente ta construindo tudo isso pra gente ser reconhecido... pra todo mundo aqui chegar e falar pô.. hoje eu vou fazer isso e aquilo porque a minha profissão é a música, é uma coisa que eu pego bem fazer... e é por isso que a gente faz esse barato... a gente vai fazer o que gosta, vai ser músico de verdade... a gente ta faltando também é o patrocínio né cara, porque o patrocínio ajuda de mais a banda...Graças a Deus a gente já conseguiu uma produtora ai que já teve uma banda que foi... não famosa, famosa ente aspas, bem conhecida em São Paulo... ele veio de São Paulo e ta morando em Pinda se não me engano, não Guará... quer produzir a gente... e o cara é entendido de Reggae, o cara já tem 16 anos de Reggae... idade que o Sérgio tem, o cara tem de Reggae...manja de Reggae.. então uma porta pelo menos já está aberta pra gente. Graças a Deus o André Leitão agora é o nosso produtor e semi-empresário... VOZES: Divulgação do trabalho de vocês? Força e Resistência: Tem orkut, tem blog, tem palco mp3 que aparece todas as músicas, you tube também tem vídeo da gente, a partir de segunda feira vitrine do som... um site de.. é uma produtora chamada Use Maker lá de São Paulo, ela mora lá em São Bernardo do Campo e ela classifica algumas bandas que mandam pra ela cadastro coisa assim e ela ouviu a gente gostou muito a gente já conversou com ela, 97 vai ver segunda-feira eu acho que a gente vai ta já em páginas principais já do orkut... do orkut ó... do vitrine e o massa desse site é porque a galera que vai procurar uma banda independente, empresários, produtores, donos de casas noturnas coisa assim, eles já entrem no vitrine.... ai vai ser uma boa coisa pra gente VOZES: Qual é o endereço? Força e Resistência: vitrinedosom.com.br , e o do palco mp3 que é www.palcomp3.com.br/bandaforcaeresistencia VOZES: Contatos da banda é no seu telefone mesmo (Sérgio)? Força e Resistência: Sim VOZES: Tem alguma mensagem que vocês querem mandar ai pra galera? Força e Resistência: (Gabriela) bom vamos ser mais cabeça livre ai, vamos ser cabeça aberta, vamos ouvir de tudo, ver o que as bandas estão fazendo... não tem que se fechar em uma coisa só, vamos ouvir, vamos apreciar o que a galera ta fazendo de bom de melhor... é vamos fazer todo mundo o bem, sem malícia e sem maldade com ninguém, sem preconceito... 98 RATATUIA FITA 1 LADO 1 Tempo de entrevista: 18:11.9 VOZES: Como surgiu a banda, que ano que foi? RATATUIA (Marcinho): Então... foi entre 2006 e 2007 ta certo? Aqui num pagode da zona sul, no Bar do Negão certo... VOZES: Pagode mesmo ou era samba? RATATUIA (Marcinho): Pagode é uma reunião, é uma festa né... onde rola samba né, hoje que eles usam esse termo comum nesse tipo de música mas... foi numa roda de samba que tinha aqui na zona sul e as rodas de samba tinham uma dimensão bem legal assim e os integrantes de hoje da banda, eram pessoas que participavam dessa roda de samba, e nessa roda de samba foi formado o grupo. VOZES: Certo, hoje quantos integrantes são na banda? RATATUIA (Marcinho): Hoje são cinco integrantes VOZES: O que levou essa galera a tocar? RATATUIA (Dadá): Eu comecei a tocar mesmo só pra tirar uma onda cara e acabei ficando VOZES: Quantos anos você tinha? RATATUIA (Dadá): Eu comecei a tocar em 1996, parei em 2001 e voltei agora em 2007... só pra tirar uma onda mesmo e to de novo ai na área velho... RATATUIA (Tiago): E comecei com uns 17 anos de idade, comecei a curtir samba, colar com a galera que curtia samba.. ai foi começando a pegar gosto, tocar e sair no meio da noite... VOZES: Hoje você tem quantos? RATATUIA (Tiago): Hoje eu to com 21, saindo na noite ai, conhecendo a rapaziada ai e começou a ganhar gosto no bagui... hoje em dia eu não vivo sem o samba... VOZES: E você que é o mais antigo componente ai? RATATUIA (Luiz Carlos): Na verdade é o seguinte... eu comecei bem novo... falar nisso com 14 anos eu comecei através de festivais estudantis nas escolas com meus colegas.. ai peguei gosto, armei a situação... e sempre tocando pandeiro e até 99 hoje tocando como ritimista né... ou melhor percussionista né vamos dizer assim, que quando precisa a gente toca outros instrumentos também.... RATATUIA (Marcinho): Toco desde 94, comecei com uns 11 anos mais ou menos, com o pagode do Silvão, um protagonista bem legal do samba daqui... ai eu me envolvi depois com o começo do grupo Divã que na época tinha uma linha de samba né, hoje em dia é outro seguimento, ai eu entrei no Clube de Choro Pixinguinha onde eu participei por mais ou menos uns 2 anos, ai depois do Clube de Choro Pixinguinha eu fui para o Ninho de Cobras, grupo do Danilo também, inclusive o grupo que deu a dimensão pra começar o Ratatuia né... e agora estou no Ratatuia, sempre mexendo com cavaquinho e com samba de raiz e chorinho... VOZES: Certo e o Magéla? RATATUIA (Magéla): Primavera... foi lá mesmo, primavera onde tinha um condomínio fechado né, fechado de bala (risos)... tinha um pagode num barzinho do lado de fora do condomínio e quem me jogou nessa parada ai foi o Luiz Carlos, que eu tocava com o sobrinho da minha esposa, que hoje é a atual esposa, e os caras falavam... deixa o Magéla entrar que o cara gosta, deixa o cara cantar...comecei a cantar ai e comecei a gostar da coisa ai... e tamo aí até hoje né... VOZES: Quais as maiores influências da banda? RATATUIA (Marcinho): Eu acho que principalmente o Cacique de Ramos em si cara... o Bloco Cacique de Ramos que é meio engraçado falar do Fundo de Quintal porque pode ser que a gente esteja copiando, mas não é não cara, porque que você tem como base assim, você acaba procurando fazer...tudo que você tem como ídolo, uma coisa legal... você tenta fazer igual ou melhor... então o movimento do cacique de ramos, sambas de 1980 pra cá, o jeito de fazer samba com repique de mão, tantan de corte, com a pegada.... então eu acho que a maior influência é o movimento do Cacique de Ramos, todos os adeptos o Cacique de Ramos... VOZES: Só ouvem samba ou tem outras influências pra ter uma base na música? RATATUIA (Marcinho): No grupo em si é só essa influência, musicalmente cada um deve ter uma influência particular, o Magéla quem conhece ele sabe que ele tem uma mensagem forte com o Zeca Pagodinho, cada um tem um... eu procuro muito me espelhar e beber da fonte de Mauro Diniz, a gente percebe em cada um assim... cada um tem uma influência particular né... RATATUIA (Luiz Carlos): É assim... pra chegar no nível onde a gente ta, buscando e onde a gente se encontra hoje... cada um com certeza tem a sua influência, teve a 100 sua influência. Eu quando comecei a tocar, quando eu comecei a participar de festivais, a minha influência foi Jorge Bem... entendeu... porque a gente tocava aquele estilo... Trio Mocotó aquelas coisas... inclusive o primeiro grupo que eu participei era trio RATATUIA (Dadá): A minha influência aqui cara... de tocar o tantan de corte... eu me espelho num cara que toca num grupo aqui de São José chamado Vale Sambar... VOZES: Defina o estilo de vocês, vocês têm um estilo próprio? RATATUIA (Luiz Carlos): Eu acho que não é exatamente só o samba raiz, lógico... o samba raiz é fundamental pra nós mas tem outras influências também, outros cantores assim mais recentes entendeu... que cantam um samba com letra, com fundamento entendeu... e é assim que a gente procura fazer o nosso trabalho RATATUIA (Marcinho): É um samba que destaca bastante a batucada, bastante alegria, pegada mesmo... mas o samba raiz acho que é um termo bem forte pra classificar o estilo do Ratatuia, samba de raiz é um pouco mais fundo do que a gente faz, em termos assim por exemplo... você vê grupos aí... Quinteto em Branco e Preto, Terreiro Grande, Panela Preta, é um grupo que eles fazem mesmo um samba raiz, porque é um grupo que só envolve compositores como, Candeia... os compositores mais antigos... Cartola, Silas de Oliveira... a gente faz isso também mas a gente faz coisas mais novas também... mas a gente procura fazer um samba com bastante pegada, com bastante batucada... VOZES: O repertório da banda? RATATUIA (Luiz Carlos): É baseado nesses compositores que ele acabou de comentar agora, começa desde lá de baixo por exemplo um Silas de Oliveira, um Cartola, até agora um Jorge Aragão por exemplo, um Arlindo Cruz, Fundo de Quintal entendeu.. VOZES: Qual o espaço que tem em São José dos Campos? RATATUIA (Marcinho): Eu posso definir, desculpe interferir uma pergunta sua, eu achei uma palavra legal, eu acho que eu acho, na minha opinião e não sei se vocês concordam, que a gente faz um Samba de Raiz Pop, samba popular, samba de raiz popular, que eu acho que é uma definição legal, porque existe o samba de raiz, mas existe o samba de raiz que não é popular eu acho, se estiver numa roda de samba e cantar uma determinada música de um Cartola assim... não é todo mundo que vai 101 conhecer então não seria popular. A gente toca um samba de raiz que o povo conhece, então é um samba de raiz popular... RATATUIA (Luiz Carlos): A gente traz esses sambas das antigas, esses sambas antigos desses compositores famosos numa pegada, numa roupagem mais moderna mantendo a tradição entendeu... é mais ou menos isso VOZES: Qual o espaço que tem aqui em São José? RATATUIA (Tiago): Muito pouco... RATATUIA (Luiz Carlos): Falando em espaço.. eu acho que assim... o espaço pro samba raiz, pro estilo de música que agente faz, não é só em São José, eu acho que no Brasil todo o espaço ele é um pouco reduzido, porque a grande massa o público em si... prefere mais a modinha entendeu... a gente até compreende isso... mas a partir do momento que a gente consegue esse espaço e apresenta o nosso trabalho, esse público acaba gostando do nosso trabalho e pedindo pra que a gente volte RATATUIA (Marcinho): Em São José dos Campos melhorou um pouco, mas não ta do jeito que a gente quer ainda não... A gente conseguiu entrar em lugares onde o samba não tinha entrado ainda, a gente conseguiu entrar... VOZES: Vocês têm quantos concorrentes ao estilo de vocês aqui em São José, vocês vêem alguma concorrência assim? RATATUIA (Marcinho): Eu vejo uma concorrência indireta, porque? Porque não chega a ser uma concorrência, é que aqui em São José dos Campos só tem duas bandas que fazem o mesmo estilo, o mesmo seguimento, com a mesma ideologia, com as mesmas características, então quando surge um espaço para esse tipo de música com certeza vão pensar nessas duas bandas, que é a gente e uma outra banda ai. Mas a gente sempre procura manter a amizade, a gente consegue ter uma relação bem legal com eles, e a gente consegue levar isso, essa concorrência indireta bem legal... VOZES: Questão do motivo do nome, a idéia do nome Ratatuia? RATATUIA (Luiz Carlos): Foi até engraçado, porque a gente tava assim... na época do Bar do Negão que a gente se formou... a gente estava procurando um nome porque já havia uma outra formação, as pessoas que começaram que era o Ninho de Cobras que o Marcinho tava analisando, já haviam saído... então... nós fomos formando um grupo realmente compacto, realmente afim de fazer um trabalho legal, ai nos tivemos a procura de um nome, então surgiram vários nomes e tal... mas aí 102 como a gente tem a pegada, a gente tem a ambientação do samba raiz, na realidade a gente procurou colocar o nome de uma música de um grande cantor, hoje aí ta na mídia, ta em emissoras nacionais, e o Zeca Pagodinho o nome da música do Zeca Pagodinho de um cd que ele lançou é Ratatuia, então nome Ratatuia justamente por causa da música, ai pegou até hoje nós estamos com ele... RATATUIA (Marcinho): E Ratatuia no Rio de Janeiro, eu tive uma informação que é um termo que eles usam pra cambada, pessoal, rapaziada, corja... RATATUIA (Luiz Carlos): Não que nós sejamos tudo isso... mas assim uma colocação carinhosa RATATUIA (Marcinho): Eles usam bastante o termo assim... ah chama a Ratatuia... eles falam Ratatuia pra juntar um monte de gente... e o nome é diferente o grupo é diferente entendeu.. então ficou bom... envolveu legal... VOZES: Questão de músicas próprias? RATATUIA (Marcinho): Sinceramente... a gente tem muita música própria, muita mesmo mas infelismente a gente acha que ainda não é a hora de expor... cara só eu, que sou compositor tenho mais de 500 sambas cara.... VOZES: 500? RATATUIA (Marcinho): Claro que em vários estilos... mas meus sambas como trabalho do grupo, claro que esses são alguns só, ver os que tem mais a cara do grupo claro.... mas eu acho que o Ratatuia tem a consciência que agora não é ainda a hora da gente trabalhar com isso, inclusive porque a gente ainda está tentando conquistar o espaço primeiro pra depois gravar... VOZES: Vocês não acham mais fácil conquistar um espaço com o trabalho de vocês? RATATUIA (Marcinho): Sinceramente eu acho que não.... RATATUIA (Luiz Carlos): É assim também... a gente entende que muitos grupo, muitas bandas já tentaram fazer isso.... e não chegaram a lugar nenhum, então a gente quer fazer isso ta... com os pés no chão, com consciência e com qualidade... porque quando for apresentar esse trabalho para o público, na mídia, ele ser um trabalho realmente bem feito... tanto que a gente não sofra como muitos grupos fizeram, sofreram, estão sofrendo, gravaram música e depois desapareceram do mercado, a nossa intenção não é essa... RATATUIA (Marcinho): Até porque na cabaça do pessoal que é as pessoas que a gente foca... vamos gravar nossa música e vamos tocar na rádio que vai dar certo, 103 não é assim que funciona, a música na verdade... pra ela virar primeiro a gente não tem que conquistar o público, a gente tem que conquistar uma gravadora, a gente tem que conquistar um produtor, um arranjador, umas coisas numas diretrizes desse tipo, pra depois a gente fazer um negócio....tanto que o Ratatuia... a gente já conseguiu um espaço em São José muito bom cara... eu particularmente vejo o Ratatuia com um puta nome ai já, sinceramente, onde a gente vai o pessoal conhece, o pessoal já sabe quem que é, o pessoal já pede... então a gente ta chegando onde a gente quer... porque daqui a pouco quando a gente tiver um espaço pra um trabalho legal aqui, pra lançar uma música vai ser muito mais fácil e vai ser dentro do que a gente quer... VOZES: Qual a visão de vocês do cenário musical aqui de São José? RATATUIA (Luiz Carlos): Você perguntou agora pouco com relação a isso, a questão de espaço. Com relação ao samba, o samba analisado ele é muito pequeno ainda, a gente conquista, tem conquistado mas ali... na força, na marra, insistência... ao contrário de outras cidades por exemplo, São Paulo por exemplo, tem vários espaços que.... qualquer lugar que você entra tem lá um samba... que você pode apresentar o seu trabalho e por ele ser adequado, coisa que São José ta começando agora e a gente espera com certeza daqui mais uns anos a gente ter mais espaço... não só pro Ratatuia... mas pra outros grupos também mostrar o trabalho. VOZES: Pra fechar, quais os objetivos da banda para esse ano? RATATUIA (Marcinho): Bom... alguns objetivos a gente já conquistou que é fechar o grupo né... reconhecimento a gente conseguiu, eu acho que a gente está num patamar legal, e pra esse ano eu creio que a gente... o objetivo maior do grupo é estabilizar em parte de shows, estabilizar uma agenda de shows legal para que ano que vem a gente tenha um projeto do primeiro trabalho, do primeiro cd. RATATUIA (Luiz Carlos): Com relação a nossa carreira, gravação que ele acabou de citar agora, a shows, a viagens, por exemplo, né... divulgar o trabalho não só em São José como nas cidades vizinhas também... que é o nosso objetivo também RATATUIA (Marcinho): É a primeira parte já está sendo feita, o Ratatuia já está sendo reconhecido aqui né, a segunda parte... como eu vou dizer.. a gente espera começar a gravar pra divulgar o trabalho ai... VOZES: Tem alguma mensagem que vocês querem mandar pra galera do samba? 104 RATATUIA (Luiz Carlos): Olha a nossa mensagem se resume no seguinte, nós gostaríamos imensamente que cada vez mais os grupos, os donos de casa que tem espaço para apresentar a música, tivessem assim mais condições, apresentassem mais condições pra gente, mais oportunidade... a palavra certa é essa, pra que a gente consiga apresentar mais o nosso trabalho, não só nós como as outras bandas que tem ai... que vão surgindo... que procuram espaço e acabam não achando... então a gente gostaria que esses donos de casas, pessoas que tem essas condições, os empresários, entendeu... olhassem mais pro samba, pra música popular brasileira de modo geral e pro músico em si também... 105 ENTREVISTA COM LAURO FLESSATI FITA 1 LADO 1 Tempo de entrevista: 28:12.2 FITA 1 LADO 2 Tempo de entrevista: 14:09.8 VOZES: Gostaria que você falasse um pouco sobre sua contribuição na musica de São José dos Campos? Lauro Flessati: Eu trabalhei com estúdio de gravação durante mais de 20 anos, há mais ou menos uns vinte e poucos anos, quase 30 anos atrás já abria o primeiro estúdio de gravação de música fora de uma emissora de rádio, chamava-se Estúdio Mundial. Esse estúdio tinha mais ou menos um ano de existência, quando eu cheguei pra trabalhar. Foi o primeiro estúdio independente que tinha condições de gravar uma banda, porque você tinha os estúdios da rádio onde se gravavam os comerciais, mas você não tinha a condição de produzir um jingle, você não tinha condições de produzir músicas, condições de mixar um CD na época não se falava nem em masteurizar, nem o vinil, pois essa época ainda era o vinil. Então a partir da chegada do Mundial em São José dos Campos, que era de propriedade do locutor Djalma Golçalves, aí foi aberta a primeira possibilidade de um músico ouvir como é que sua voz e seu instrumento ficava gravado em um lp em São José dos Campos. VOZES: A cena em São José era forte, já existia bastante banda interessada em gravar? Lauro Flessati: Sempre as cenas fortes são as bandas de garagem, que existem para se fazer um desenvolvimento musical. Hoje a cena é mais forte do que naquela época, vamos imaginar da seguinte forma. O pessoal que naquela época era mais garoto, amadureceu mais a idéia fica firme. O cara não consegue realizar quando está na garagem, mas depois o cara se profissionaliza e um dia ele resolve fazer. Temos uma série de bandas por aí. 106 Tem uma banda que foi formada só por professores de cursinho que chamava Bill Puxos, chegou a gravar um CD, é uma banda bastante escrachada, poderia ser até os irmão dos mamonas assassinas sé que eles eram mais velhos e eram professores de cursinho mesmo das várias áreas e méritos de exatas onde os caras foram e fizeram um CD. As músicas são uma esbórnia total né, e muita gente desta fase dos anos 80, amadurece, consegue recursos e depois volta a gravar. Aí você consegue ter Margarete Machado gravando, você tem o Beto Jaguary, você tem esse pessoal que ainda está na ativa, o Trem da Viração, você tem o grupo Rio Acima que gravou há 11 anos atrás e voltou a gravar um cd semana passada, você tem aqui na região também alguns professores que gravaram, tem o Pedro Carpinetti mora em Jacareí, então a cena hoje é mais forte, você tem bandas como a Volts, Peleco, Almir Melo que é um percussionista que chegou a gravar com 3 grupos DVD, você tem muitos instrumentistas que participam de grupos e que tem trabalhos independentes. O Márcio Oliveira é violonista do Trem da Viração, o Márcio tem um serviço independente junto com outro violonista de Jacareí, o Beto Quadros toca bandola e viola caipira deste o Trem da Viração, ele tem um trabalho instrumental que foi dirigido pelo André Braga, que é um baixista quem também participa do Trem da Viração. Existe hoje uma fermentação danada, essa banda Volts, por exemplo, ganhou o primeiro lugar no prêmio do Guaraná Antártica que teve lançamento nacional, você tem uma banda de rock pesado em Jacareí chamada Luxúria, já um pessoal que está saindo do independente e participando profissionalmente no mercado. Nos anos 70 teve uma banda de rock pesado que se chamava Atômica, que chegou a gravar 3 ou 4 CD`s com distribuição nacional no final. Então o independente é uma forma embrionária da coisa, ele está se organizando pra botar a cara pra valer, depois ele descobre que independente, a palavra independente, não explica direito a coisa. Ele precisa se profissionalizar, ele precisa de um cara que faça o som direito senão o show dele fica uma meleca, e depois ele começa a descobrir que não adianta só ter som ele precisa de um cara que faça a iluminação do show, depois precisa de um cara que divulgue o show, que contrate, que faça a venda... Então a idéia de independente que a gente tinha nos anos 60 e 70, você produzia um trabalho, fazia um K7 e acabou. Em compensação hoje, com toda tecnologia, é mais fácil você fazer um disco razoável e prensar ele numa fábrica comercial como 107 mundo e colocar o disco à venda, isso hoje em dia é bastante resolvido. Por outro lado, o problema de música independente não é um problema de São José dos Campos, de São Paulo e nem de Brasil, é um problema que existe no mundo todo, ou seja, você tem uma quantidade maior de pessoas querendo se expor em uma mídia que tem um tamanho, que tem um limite, ela não consegue absorver todo mundo. Então é mais ou menos o seguinte, o óvulo aqui e um milhão de espermatozóides, vai passar um. Essa é a minha visão sobre o independente, aquela visão do independente heróico dos anos 60 não existe mais. Hoje em dia você tem que estudar música porque hoje a moçada está correndo atrás, está muito mais consciente do que na minha época, na minha época era mais romântico, vamos ver como é que fica né, uma idéia na cabeça, uma câmera na mão e faça um filme, não é bem por aí. A gente tem acompanhado muita coisa independente da área de literatura, muita coisa na área de poesia, o pessoal da poesia tem usado muito o CD como forma de divulgação, tem a poesia impressa e a poesia declamada, interpretada, às vezes com música às vezes sem música somente interpretada, então você vê que a coisa está fermentando. Você tem outras mídias mais efêmeras como a internet que você escreve rápido e desaparece rápido, mas também não deixa de ser uma forma do cara poder se expressar. Banda passa muito hoje em dia pelo tal do mp3 e o Vale do Paraíba, eu posso dizer pra você muito mais na área de música do que nas outras áreas, cresceu bastante e o pessoal que faz música própria, hoje a gente pode considerar música independente o cara que faz a música própria e não regrava música de terceiros, é uma outra forma de chegar a esse tipo de trabalho, tem uma dificuldade de alcançar você como consumidor porque o produto dele já tem uma rejeição de que não é tocado, então a pessoa tem que ouvir com mais carinho, com mais tempo, tem que comentar, tem que parar e pensar pra ver se é bom, se ele agrada ou não pra ser até melhor do que bom, mas é o caminho. Então hoje eu acho que você pode classificar também o pessoal independente como o que desenvolve um trabalho próprio. VOZES: Você acha que falta algum tipo de incentivo? Lauro Flessati: O independente hoje em dia ele tem que acreditar que o ser independente não é ser sozinho. Então você vai ter a figura do músico, do 108 compositor, o cara que vai redigir o show, porque show não é só música, você tem que parar e tem que conversar com o público entendeu. Então eu acho que está faltando em São José mais um tipo de uma bolsa, um local de encontro de produtores, músicos, compositores, redatores... porque o seguinte, eu fiz a banda, quem que vai fazer o release da minha banda? Minha vozinha não dá, ela vai escrever ai que bandinha linda mas não tem a ver. Você tem que ter essas figuras que estão faltando hoje em dia. Você tem grandes músicos e grandes compositores, bandas com excelentes qualidades, mas falta a outra parte, se você puder usar a palavra do show business está faltando a outra parte, quem é que vai vender a banda... E dentro desse conceito você tem que imaginar que você agrega serviço e que você agrega valor, no Vale do Paraíba tem muito assim né, o músico tira uma parte do cachê para pagar o som, e não é bem por aí. Você tendo uma estrutura regular, formal, cachê é cachê, músico é músico, transporte é transporte, alimentação é alimentação e quem estiver fazendo o show vai pagar por isso, é mais ou menos essa estrutura. Então o pessoal vem se desdobrando acho que de uma forma bastante forte a coisa ta crescendo forte. É uma questão do pessoal se abrir e agregar, porque aquela história quando junta o baterista com o guitarrista e o cantor, de repente, ninguém ta pagando o cachê pra ninguém, você vai ensaiar pra fazer um trabalho. Então acho que você pode agregar ai, por exemplo, uma pessoa pra fazer RP, você pode agregar alguém pra fazer os textos, alguém pra enviar o release de forma correta, quem é o cara que vai fazer o cartaz. Então você tem essa mão de obra, você tem o pessoal que estuda que está desenvolvendo essa área e até o pessoal que está no mercado desses eventos até para expor o seu trabalho, por isso que eu te digo que está faltando a bolsa, talvez a Fundação poderia fazer o papel da bolsa. Não é uma bolsa de valores que você vende ações, mas você reúne as pessoas, então você tem uma bolsa onde você, se a tua banda está precisando de um guitarrista e o guitarrista está precisando trabalhar ou desenvolver um trabalho, ele se inscreve na bolsa com os dados corretos, o que você está precisando, aí você vai lá: tem 3 guitarristas aqui, dois marmanjos e uma marmanjinha aqui, vamos ver quem é que faz o nosso estilo. Estou procurando um guitarrista de Blues, aí não é o cara é a menina, por exemplo, que faz. 109 Aí você tem possibilidade de mais fácil entrar em contato com o músico ou o profissional que você precise. Você tem uma banda, você vai fazer um show, você não entende pichironga de como regular o som do show, você acha que entende mais não entende porque não é a sua função, tem uma figura nesse meio de caminho chamado roalding, o que é o roalding?, o roalding ele regula o som da sua batera junto com os microfones pro som sair legal lá na ponta, e você vai encontrar um monte de gente que estuda esse tipo de função, mas que não consegue, no primeiro momento, ele está na mesma posição do músico independente, ele não consegue mostrar que ele é capaz de fazer um bom show. Então eu acho que de repente um serviço público, através da Fundação, da Prefeitura ou de qualquer outro tipo de órgão, poderia prestar um serviço oferecendo em primeira mão de repente uma situação, eu, é meu ponto de vista, outros vão aparecer pelo caminho, eu acho eu falta bolsa onde você encontra um operador de som, um iluminador, porque não é só ligar a lâmpada, o cara tem que saber qual é a função da hora que vai fazer, qual lâmpada vai sincronizar como o evento o brilho na festa, então a coisa rola mais ou menos nessa linha.