UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Luiz Fernando Franco Macedo Leão TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Curitiba 2010 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Curitiba 2010 Luiz Fernando Franco Macedo Leão TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Profº Esp. Lourenço Rolando Malucelli Neto. Orientador Profissional: Prof° Esp. Milton Mikio Morishin Filho. Curitiba 2010 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel dos Santos Pró-Reitor administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel dos Santos Pró-Reitoria Acadêmica Profª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão Profª. Elizabeth Teresa Brunini Sbardelini Secretario Geral Prof. João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª. Dra. Ana Laura Angeli Coordenador do Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profª. Dra. Ana Laura Angeli Orientador do Estágio Curricular Obrigatório Profº. Lourenço Rolando Malucelli Neto Orientador Profissional na Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do Paraná Prof° Milton Mikio Morishin Filho CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS Rua Sidney A. Rangel Santos, 238 ± Santo Inácio CEP: 82010-330 ± Curitiba ± Paraná Telefone: 3331-7700 TERMO DE APROVAÇÃO Luiz Fernando Franco Macedo Leão TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 03 de dezembro de 2010 Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná ________________________ Orientador: Profº Esp. Lourenço Rolando Malucelli Neto Universidade Tuiuti do Paraná _______________________ Profº Msc.Taís Marchand Rocha Moreira Universidade Tuiuti do Paraná ________________________ Prof°Esp. Milton Mikio Morishin Filho Universidade Tuiuti do Paraná APRESENTAÇÃO Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, Campus Barigui, pelo universitário Luiz Fernando Franco Macedo Leão, como requisito parcial para a obtenção de título de Médico Veterinário, é composto de Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 16 de agosto á 22 de outubro de 2010 na Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do Paraná, localizado no município de Curitiba ± PR, e relato de um caso clínico que versa sobre Atendimento Emergencial ao Paciente Crítico. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a minha família, por todos esses anos difíceis de universidade, e em seguida agradeço a todos meus amigos e professores, que sempre me incentivaram a continuar. RESUMO O estágio curricular supervisionado foi realizado na Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do Paraná, situado no município de Curitiba ± Pr. O período de estágio foi entre 16 de agosto e 22 de outubro de 2010, totalizando 360 horas. As atividades desenvolvidas na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais foram acompanhamento de consultas e retornos, realização de procedimentos ambulatoriais e cuidados com os pacientes internados, acompanhamento no setor de diagnóstico por imagem e anestesiologia, estas sob a orientação do professor especialista Milton Mikio Morishin Filho. O presente trabalho tem como objetivo discutir um caso clínico acompanhado durante o período de estágio com sua revisão bibliográfica, sendo ele sobre Atendimento Emergencial ao Paciente Crítico. Palavras- chave: emergência, paciente crítico, ABC, terapia intensiva. ABSTRACT The supervised probation was conducted at the School of Veterinary Medicine Small Animal Tuiuti University of Parana, located in Curitiba - Pr The probationary period was between August 16 and October 22, 2010, totaling 360 hours. The activities in the area of Medical and Surgical Clinic of Small Animals were tracking queries and returns, perform procedures and outpatient care for hospitalized patients, followed in the department of diagnostic imaging and anesthesiology, they work under the guidance of Milton Mikio Morishin Son. This paper aims to discuss a clinical case during the probationary period with their literature review, being on the Critical Patient Emergency Service. Keywords: emergency, critical patient, ABC, intensive care unit. LISTA DE ABREVEATURAS ABC: Vias aéreas, ventilação e circulação AINES: Antiinflamatórios não esteroidais BID: Administração a cada 12 horas (bis in die) Bpm: Batimentos por minuto Ca2+: Cálcio CID: Coagulação intravascular disseminada Cl-: Cloro cm: Centímetros cmH2O: Centímetros de água CO2: Dióxido de carbono DC: Débito cardíaco ECG: Eletrocardiograma FC: Frequência cardíaca fiO2: Fração de oxigênio no ar inspirado f: Frequência respiratória h: Horas IM: Intramuscular IV: Intravenoso K+: Potássio Kg: Kilograma Kg/cal: Kilograma por caloria L/min: Litros por minuto µg/Kg/min: Microgramas por kilo por minuto mg/dL: Miligramas por decilitro ml/Kg/min: Mililitros por kilo por minuto mmHg: Milimetros de mercúrio mmol/L: Milimol por litro mpm: Movimentos por minutos Na+ : Sódio NaCl 0,9%: Cloreto de sódio 0,9% PA: Pressão arterial PAD: Pressão arterial diastólica PaO2: Pressão parcial de oxigênio PAM: Pressão arterial média PAS: Pressão arterial sistólica PIC: Pressão intra-craniana PVC: Pressão venosa central O2: Oxigênio seg.: Segundos SIRS: Síndrome da resposta inflamatória sistêmica SNC: Sistema nervoso central SpO2: Saturação de oxigênio na hemoglobina TPC: Tempo de preenchimento capilar UTI: Unidade de terapia intensiva UTP: Universidade Tuiuti do Paraná VO: Via oral LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 - - - FACHADA DA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP .......................................................... 22 SALA DE ULTRASONOGRAFIA DA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............... . 22 SALA DE RADIOLOGIA DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP............ . 23 FIGURA 4 - FÁRMACIA DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ................................. 23 FIGURA 5 - CENTRO CIRÚRGICO DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............................................................................ 24 LABORATÓRIO DE SEMIOLOGIA, ANESTESIOLOGIA E TÉCNICA CIRÚRGICA DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............................................................................ 24 SALA DE EMERGÊNCIA DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............... 25 SALA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............... 25 AMBULATÓRIO 1 DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............................... 26 AMBULATÓRIO 2 DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............................... 26 AMBULATÓRIO 3 DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............................... 27 CONSULTÓRIO DE GATOS DA CLÍNICA ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS - UTP ............... 27 FIGURA 6 FIGURA 7 FIGURA 8 FIGURA 9 FIGURA 10 FIGURA 11 FIGURA 12 - - - - - - - FIGURA 13 - MUCOSA ORAL DO PACIENTE PERNINHA ........... 83 FIGURA 14 - PACIENTE SOB ESTABILIZAÇÃO SECUNDARIA ........ 84 FIGURA 15 - PACIENTE COM SONDAGEM VESICAL ................. 85 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - PACIENTES DA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DIVIDIDOS POR ESPECIALIDADES ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP NO PERÍODO DE 16/08/10 Á 22/10/10 .......................................................... 30 TABELA 2 - PACIENTES DA ÁREA DE CLÍNICA CIRÚRGICA DIVIDIDOS POR ESPECIALIDADES ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP NO PERÍODO DE 16/08/10 Á 22/10/10 ......................................................... 30 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - 1º PARTE DO MONITORAMENTO DO PACIENTE .... 83 QUADRO 2 - 2° PARTE DA MONITORAÇÃO DO PACIENTE .......... 84 QUADRO 3 - 3° PARTE DO MONITORAMENTO DO PACIENTE ..... 85 QUADRO 4 - ÚLTIMA PARTE DA MONITORAÇÃO DO PACIENTE .. 86 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - GRÁFICO 2 - TOTAL DE PACIENTES (CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA) ATENDIDOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP NO PERÍODO DE 16/08/10 Á 22/10/10 .. 29 TOTAL DE PACIENTES (CANINOS E FELINOS) ATENDIDOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP NO PERÍODO DE 16/08/10 Á 22/10/10 .................................. 29 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................ 20 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO ........................................................ 21 2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ..................................... 21 2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................ 28 2.2.1 CASUÍSTICA ............................................................................... 3 ATENDIMENTO EMERGENCIAL AO PACIENTE CRÍTICO 28 CANINO ................................................................................................ 32 3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................ 32 3.1.1 TRIAGEM DO PACIENTE CRÍTICO ........................................... 32 3.1.2 PRONTIDÃO DA EQUIPE .......................................................... 32 3.1.3 AVALIAÇÃO NO MOMENTO DA CHEGADA ............................. 34 3.1.4 EXAME FÍSICO ........................................................................... 34 3.1.5 VIAS ÁEREAS E VENTILAÇÃO .................................................. 35 3.1.6 CIRCULAÇÃO ............................................................................. 35 3.1.7 COLORAÇÃO DAS MUCOSAS .................................................. 36 3.1.8 FREQUÊNCIA CARDÍACA .......................................................... 36 3.1.9 AVALIAÇÃO DO TPC .................................................................. 37 3.1.10 QUALIDADE DO PULSO ............................................................. 38 3.1.11 AUSCULTAÇÃO CARDIORESPIRATÓRIA E CARDIOPULMONAR ........................................................................................ 39 3.1.12 NÍVEL DE CONSCIÊNCIA ........................................................... 40 3.1.13 TEMPERATURA .......................................................................... 41 3.1.14 HIDRATAÇÃO .............................................................................. 41 3.1.15 SISTEMA GASTROINTESTINAL ................................................. 42 3.1.16 CUIDADOS DE ENFERMAGEM ............................................... 43 3.2. EXAME PRIMÁRIO .................................................................... 43 A - VIAS ÁEREAS ...................................................................... 43 B - VENTILAÇÃO ....................................................................... 44 C - CIRCULAÇÃO ...................................................................... 45 D - DEFICIÊNCIA ....................................................................... 46 E - AVALIAÇÃO EXTERNA ........................................................ 47 3.2.1 OXIGÊNIO TERAPIA ................................................................. 47 3.2.2 HIPOTERMIA ............................................................................. 52 3.2.3 HIPOTENSÃO ............................................................................. 54 3.2.3.1 FISIOLOGIA DA PRESSÃO ARTERIAL .................................... 54 3.2.3.2 MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ........................................ 55 3.2.3.2.1MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL INDIRETA ..................... 56 3.2.3.2.2DOPPLER VASCULAR ............................................................. 56 3.2.3.2.3MÉTODO OSCILOMÉTRICO .................................................... 57 3.2.5.4 SIGNIFICADO CLÍNICO DE UMA HIPOTENSÃO ...................... 57 3.2.3.4 TERAPIA DA HIPOTENSÃO ....................................................... 58 3.2.4 HIPERTENSÃO ........................................................................... 58 3.2.5 ANEMIA ....................................................................................... 59 3.2.6 TRANSFUSÃO SANGUÍNEA ...................................................... 61 3.2.6.1 TRIAGEM TRANSFUSIONAL ..................................................... 62 3.2.6.2 REAÇÕES ADVERSAS .............................................................. 63 3.2.7 HIPOGLICEMIA ........................................................................... 64 3.2.8. DEPRESSÃO DO ESTADO MENTAL ........................................ 66 3.2.9 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE CRÍTICO ............................. 67 3.2.9.1 BALANÇO HÍDRICO ................................................................ 68 3.2.9.2 PRESSÃO COLOIDEOSMÓTICA ............................................ 69 3.2.9.3 GLICOSE.................................................................................... 69 3.2.9.4 ELETRÓLITOS E EQUILIBRIO ÁCIDO ± BASE ....................... 70 3.2.9.5 OXIGENAÇÃO E VENTILAÇÃO ............................................... 70 3.2.9.6 PRESSÃO ARTERIAL E PERFUSÃO ...................................... 71 3.2.9.7 FREQUÊNCIA CARDÍACA, RITMO E CONTRATILIDADE ..... 72 3.2.9.8 ALBUMINA ................................................................................ 72 3.2.9.9 COAGULAÇÃO ......................................................................... 73 3.2.9.10 HEMOGLOBINA ....................................................................... 73 3.2.9.11 FUNÇÃO RENAL E DÉBITO URINÁRIO ................................. 73 3.2.9.12 STATUS IMUNOLÓGICO ......................................................... 74 3.2.9.13 GASTROINTESTINAL E INTEGRIDADE DA MUCOSA .......... 74 3.2.9.14 METABOLISMO, DROGAS E DOSAGENS ............................. 75 3.2.9.15 NUTRIÇÃO ............................................................................... 75 3.2.10 ANALGESIA NO PACIENTE CRÍTICO ...................................... 75 3.2.11 FISIOPATOLOGIA DA DOR ....................................................... 76 3.3 RELATO DE CASO .................................................................... 82 3.3.1 ANAMNESE ............................................................................... 3.3.2 EXAME FÍSICO .......................................................................... 82 3.3.3 TERAPIA EMERGENCIAL ......................................................... 83 3.4 DISCUSSÃO ............................................................................... 87 4 CONCLUSÃO ............................................................................. 90 5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 91 82 20 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso elaborado pelo acadêmico Luiz Fernando Franco Macedo Leão do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, irá apresentar um relatório de estágio e um relato de caso com levantamento bibliográfico com discussão durante, que foi realizado na Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do Paraná, durante o período de 16 de agosto a 22 de outubro de 2010, com orientação profissional do médico veterinário professor especialista Milton Mikio Morishin Filho, e orientação acadêmica do professor especialista Lourenço Malucelli Rolando Neto responsável pelas disciplinas de Anestesiologia Veterinária e Farmacologia Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. O estágio teve duração de 360 horas. Neste período foram acompanhadas e auxiliadas atividades na área de clínica médica, clínica cirúrgica, diagnóstico por imagem e anestesiologia. No presente relatório estão descritos o local de estágio, sua casuística acompanhada no período de estágio curricular, e o relato de um caso clínico acompanhado com a sua revisão bibliográfica. O estágio obrigatório é uma ótima oportunidade de colocar em prática toda a vivência teórica durante o período acadêmico, trabalhando em equipe e participando das decisões tomadas sendo de grande importância para o acadêmico. 21 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO 2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO A Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) fica localizada na Rua Sydnei A Rangel Santos, n.º 238, bairro Santo Inácio em Curitiba- PR, este presta atendimento clínico e cirúrgico na área de pequenos animais e animais selvagens. A Clínica Escola (FIGURA 1) conta com serviços de diagnóstico por imagem com ultrassonografia (FIGURA 2), e radiologia (FIGURA 3), possui uma farmácia com medicamentos e equipamentos de procedimentos cirúrgicos e clínicos (FIGURA 4), um centro cirúrgico (FIGURA 5), um laboratório de semiologia, anestesiologia e técnica cirúrgica (FIGURA 6), uma sala de emergência (FIGURA 7), uma sala de internamento (FIGURA 8), a clínica também dispõem de três ambulatórios, (FIGURAS 9,10,11) e um consultório para gatos domésticos (FIGURA 12). O corpo técnico compreende uma secretária, um auxiliar de enfermagem responsável pelo auxilio nos atendimentos clínicos, um técnico em enfermagem responsável pelas medicações, pela farmácia, reposição de fármacos da emergência alem de auxílios aos casos emergenciais, uma técnica de radiologia, quatro residentes sendo dois na clínica cirúrgica, um na clínica medica e um na anestesiologia, que fazem os atendimentos clínicos, internamento de pacientes e coleta de materiais para realização de exames de triagem, também conta com oito docentes que participam em consultas e procedimentos de rotina. 22 O atendimento na Clínica Escola de Pequenos Animais é realizado de segunda a sexta das 8 às 12h e das 14 às 18:00 h com plantão na recepção em horário de almoço. FIGURA 1 ± FACHADA DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 2 ± SALA DE ULTRASONOGRAFIA E INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 23 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 3 ± SALA DE RADIOLOGIA DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 4 ± FARMÁCIA DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. 24 FIGURA 5 ± CENTRO CIRÚRGICO DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 6 ± LABORATORIO DE SEMIOLOGIA, ANESTESIOLOGIA, E TÉCNICA CIRURGICA DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 25 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 7 ± SALA DE EMERGÊNCIAS DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 8 ± SALA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. 26 FIGURA 9 ± AMBULATÓRIO 1 DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 10 ± AMBULATÓRIO 2 DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. 27 FIGURA 11 ± AMBULATÓRIO 3 DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. FIGURA 12 ± CONSULTÓRIO DE GATOS DOMÉSTICOS DA CLÍNICA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA UTP, 2010 FONTE: Miranda, 2010. 28 2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS As atividades desenvolvidas na Clínica Escola de Pequenos Animais UTP neste período foram desde o acompanhamento das consultas e reconsultas, cuidados com os pacientes internados, acompanhamento dos procedimentos cirúrgicos e anestésicos, bem como o acompanhamento de exames complementares (radiografia, ultrassonografia e exames laboratoriais). Os estagiários realizavam suas atividades conforme os residentes e docentes determinavam diariamente durante o período de funcionamento da clínica (8:00 - 12:00 e das 14:00 -18:00 horas). 2.2.1 CASUÍSTICA Ao decorrer do estágio foram acompanhadas 86 consultas e 41 cirurgias (GRÁFICO 1). A grande maioria dos pacientes era da espécie canina conforme demonstra o gráfico 2. Os casos de clínica médica foram divididos por especialidades, sendo maior parte na área de dermatologia (TABELA 1). A tabela 2 mostra que a maioria das cirurgias foram maioria na área de teriogenologia que compreende ovariohisterectomias e orquiectomias eletivas, cesariana e ovariohisterectomias devido piometra. 29 GRÁFICO 1 ± TOTAL E PORCENTAGENS DE PACIENTES (CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA) ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP NO PERÍODO DE 16/08/10 Á 22/10/10 (41) 32% CLÍNICA MÉDICA CLÍNICA CIRÚRGICA 68% (86) FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. GRÁFICO 2 ± TOTAL E PORCENTAGENS DE PACIENTES DE ACORDO COM A ESPECIE ATENDIDA (CANINOS E FELINOS) ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP NO PERÍODO DE 16/08/10 Á 22/10/10 (15) 12% CANINOS FELINOS 88% (112) FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. 30 TABELA 1 ± PACIENTES DA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DIVIDIDOS POR ESPECIALIDADES NO PERIODO DE ESTAGIO ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP 16/08/10 Á 22/10/10 ESPECIALIDADE NÚMERO DE CASOS Dermatologia 30 Oncologia 20 Ortopedia 08 Neurologia 07 Gastroenterologia 05 Infectologia 04 Cardiologia 04 Oftalmologia 03 Emergência 03 Endocrinologia 02 Total 86 FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. TABELA 2 - PACIENTES DA ÁREA DE CLÍNICA CIRÚRGICA DIVIDIDOS POR ESPECIALIDADES ATENDIDOS NA CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS UTP NO PERÍODO DE 16/08/10 Á 22/10/10 ESPECIALIDADE NÚMERO DE CASOS Teriogenologia 18 Ortopedia 12 Oncologia 06 Odontologia 05 Total 41 FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. 31 Os dados inseridos nos gráficos e tabelas anteriores são referentes somente aos casos acompanhados na Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP no período de estágio e não, os valores totais de atendimentos da clínica neste período. 32 3 ATENDIMENTO EMERGENCIAL AO PACIENTE CRÍTICO CANINO 3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1.1 TRIAGEM DO PACIENTE CRÍTICO Os cuidados com os pacientes feridos gravemente ou doentes graves requererem instalações adequadas, suprimentos de fármacos, equipamentos e pessoal treinado. Podemos utilizar a triagem para priorização dos pacientes, existem aqueles que chegam em situação de emergência, animais internados sendo transferidos para UTI (unidade de terapia intensiva) e os pacientes da UTI atual que estão piorando. A prioridade é baseada no nível de urgência para manter perfusão tecidual e suas conseqüências celulares. Um ótimo desempenho é a associação de esforço coletivo de várias pessoas trabalhando ao mesmo tempo, com diagnóstico e tarefas terapêuticas executadas passo a passo (CROWE, 2009). 3.1.2 Prontidão da Equipe O número ideal de funcionários para ter uma boa equipe de reanimação na medicina veterinária ainda não foi estudado, porém, centros de trauma humanos incluem um médico e pelo menos dois técnicos de apoio (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). Para avaliação emergencial e estabilização do paciente são importantes que os membros da equipe sejam familiarizados com emergências, seus 33 próprios papeis e de seus colegas (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). A estabilização e reanimação de pacientes críticos exige um rápido restabelecimento da oferta de oxigênio (O2). Pesquisas demonstram que a hipóxia celular do trato gastrointestinal em cães que estão à uma hora em choque hemorrágico, terão um maior risco de disfunção de órgãos, sepse por translocação bacteriana e a passagem de endotoxinas através da parede do intestino, e este risco é persistente por vários dias. A velocidade da reanimação é fundamental para a vida do animal, no caso de choque, deve-se intervir rapidamente, para isso o planejamento é imperativo (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). Em uma área de pronto atendimento para reanimação imediata é necessário que o espaço tenha uma ótima iluminação, seja aberto ao público, organizada e tenha um circuito de ventilação aberto, sendo que, os outros itens que possam ser necessários tenham fácil acesso. É recomendado que se tenha um ambu com saco reservatório, máscaras de tamanho grande e pequeno, e um carrinho de emergência totalmente abastecido e preparado para uma parada cardiorrespiratória (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). Radiografia, ultrassonografia, exames de laboratório e cuidados intensivos contínuos são necessários para a maioria dos pacientes críticos. As análises laboratoriais são obrigatórias, principalmente: hemogasometria venosa e arterial, bioquímica do sangue (especialmente glicose, hemograma e leucograma), urinálise, avaliação da coagulação, hematócrito e sólidos totais, 34 estes devem ser disponíveis prontamente (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). 3.1.3 Avaliação no Momento da Chegada Pode-se realizar uma anamnese inicial, caso o paciente seja considerado relativamente estável, o controle da dor deve ser realizado rapidamente, com uso de analgésicos e sedativos com pouco potencial de alterar a parte hemodinâmica. Antiinflamatórios Não Esteróides (AINES) devem ser evitados até possa ser avaliado as funções gastrointestinais e renais. Opióides e benzodiazepínicos são os fármacos mais indicados para pacientes críticos por não gerarem grandes alterações cardiorrespiratórias (CROWE, 2009). 3.1.4 Exame Físico O exame físico do paciente crítico deve ter prioridade em examinar o sistema respiratório e cardíaco, seguindo os passos do ABC do trauma (vias aéreas, ventilação, circulação), focando assim um bom fornecimento de O2 aos tecidos (HACKETT, 2009). 35 3.1.5 Vias Aéreas e Respiração O animal adapta a ventilação para minimizar o trabalho respiratório frente á problemas nas vias aéreas superiores como obstrução, colapso e bronquite que geram uma respiração lenta e profunda aumentando a força da respiração. Essa forma de ventilação é conhecida como padrão respiratório obstrutivo, favorecendo o máximo fluxo respiratório através de vias aéreas estreitas com o mínimo de gasto energético. Já em animais com doenças do espaço pleural, atelectasia ou fibrose pulmonar vão adotar uma respiração diferente conhecida como padrão respiratório restritivo aumentando a frequência respiratória (f) e minimizando o volume inspirado, podendo assim manter a ventilação alveolar por minuto com menor amplitude respiratória (HACKETT, 2009). 3.1.6 Circulação A oxigenação alveolar é essencial para oferta de O2 aos tecidos, sendo necessário um sistema cardiovascular em bom estado de funcionamento. É importante a avaliação física do sistema circulatório que deve ser feito com a palpação de pulso arterial (avaliando sincronia da qualidade e frequência), o tempo de preenchimento capilar (TPC) que deve ser de aproximadamente 2 segundos (seg.), coloração das mucosas e ainda a ausculta cardíaca e pulmonar (HACKETT, 2009). 36 3.1.7 Coloração das Mucosas Apesar da coloração da mucosa ser um exame subjetivo, ela pode nos dar várias informações referentes ao paciente. Mucosas pálidas ou brancas são indícios de anemia ou choque vaso constritivo, mucosas vermelhas podem indicar vasodilatação sistêmica como em casos de inflamações ou hipertermias, a cianose das mucosas indica um volume normal de células, no entanto um volume menor de hemoglobina pode não apresentar cianose evidente e estar com hipóxia grave, e uma coloração mais amarelada indica aumento da bilirrubina sérica proveniente de doença hepática, colestase ou hemólise (HACKETT, 2009). 3.1.8 Frequência Cardíaca A frequência cardíaca (FC) em cães de pequeno porte variar fisiologicamente de 70 a 120 batimentos por minuto (bpm), já em cães de grande porte varia entre 60 a 120 bpm (HACKETT, 2009). Uma bradicardia pode resultar na diminuição do debito cardíaco (DC) e assim conseqüentemente diminuir a perfusão. A bradicardia não é um achado comum em pacientes críticos e as suas causas podem ser: o desequilíbrio eletrolítico (sendo o principal distúrbio eletrolítico a hipercalemia), doenças neurológicas com aumento da pressão intracraniana (PIC), distúrbios de condução elétrica como bloqueio atrioventricular ou overdose de drogas 37 analgésicas ou anestésicas neste caso é indicado à monitoração com eletrocardiografia (HACKETT, 2009). É considerada taquicardia quando há uma FC acima de 180 bpm no cão, que ocorre pela diminuição do volume sanguíneo, dor, ansiedade, hipoxemia ou até mesmo iatrogênico. A taquicardia vai aumentar temporariamente o DC e conseqüentemente a oferta de O2, porém, há uma limitação para essa resposta de alta da FC, a qual levará ao baixo enchimento diastólico e assim ofertando menos 02 ao miocárdio (HACKETT, 2009). 3.1.9 Avaliação do TPC A avaliação do TPC também é considerada subjetiva, podemos encontrar um TPC bom até mesmo em um paciente logo após o seu óbito (HACKETT, 2009). No entanto associado às outras informações do exame físico como esforço respiratório, qualidade do pulso, cor das mucosas e a FC poderão nos sugerir importantes informações com relação ao estado de saúde do paciente (HACKETT, 2009). O TPC pode nos referir o volume de sangue nos pacientes e sua perfusão periférica, o TPC normal é de 1 a 2 seg. o que corresponde a um volume adequado de sangue e boa perfusão. Um TPC acima de 2 seg. pode indicar má perfusão ou vasoconstrição periférica, isso ocorre por uma baixa resposta no volume de sangue e baixa circulação, dessa forma levando o sangue aos órgãos vitais. Pacientes em choque hipovolêmico ou cardiogênico 38 devemos esperar uma vasoconstrição periférica. A vasoconstrição periférica também é associada a extremidades frias e pode ser avaliada pela temperatura das extremidades distais dos membros. TPC com menos de 1 seg. pode indicar estado hiperdinâmico ou vasodilatação e estão associados à inflamação sistêmica, insolação, choque distributivo e hipertermia (HACKETT, 2009). 3.1.10 Qualidade do Pulso O pulso deve ser palpado junto com ausculta cardíaca ou palpação no ápice cardíaco. Um pulso forte sincronizado com um batimento cardíaco é indicativo de volume sanguíneo e DC adequado. A palpação digital do pulso dará um reflexo da pressão de pulso, sendo que esta pressão é a diferença entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD), portanto a pressão de pulso pode estar normal mesmo com pressão diastólica e sistólica anormais. Por esse motivo a palpação digital do pulso é um indicador muito pobre de pressão arterial. Mesmo que um pulso femoral esteja forte, não corresponderá á uma pressão de pelo menos 80 mmHg (milímetros de mercúrio), muitos pacientes hipotensos apresentam uma pressão de pulso normal (HACKETT, 2009). O pulso irregular não sincronizado com a FC ou ausculta cardíaca indica arritmias, deve-se então realizar um eletrocardiograma (ECG) para a confirmação deste dado. Com a ausculta cardíaca é possível identificar sopros e diferenciá-los em sistólicos ou diastólicos (HACKETT, 2009). 39 Pulsos fracos são achados comuns em pacientes críticos provavelmente devido à diminuição do DC. Lembrando que a pressão de pulso não refere dado algum da pressão arterial média (PAM) (HACKETT, 2009). 3.1.11 Ausculta cardiorrespiratória e cardiopulmonar É imprescindível a ausculta pulmonar e cardíaca no exame físico. A ausculta deve ser feita em toda a estadia do paciente no hospital. A equipe de enfermagem e médicos veterinários devem realizar a ausculta cardíaca e pulmonar pelo menos duas vezes ao dia (BID). Mudanças sutis nos sons respiratórios podem ajudar a identificar um problema precocemente, como edema pulmonar ou pneumonia aspirativa. O aparelho respiratório deve ser examinado desde os seios nasais passando pela laringe, traquéia e em todos os campos do pulmão. Crepitações e sibilos nas vias aéreas superiores, junto com crepitações leves no pulmão podem indicar sobrecarga de fluidos, e podem ter indicação de um exame radiográfico torácico. Pacientes críticos devem ser avaliados constantemente quanto à sua oferta de O2 com oximetro de pulso, hemogasometria ou ambos (HACKETT, 2009). Porém existem muitos artefatos que podem interferir na leitura da oximetria, como um fluxo sanguíneo pobre, tecido espesso, movimentação, pigmentação da pele e luzes fluorescentes. Sob qualquer alteração que houver nos sons respiratórios, o paciente deverá ser reavaliado sobre seu estado de oxigenação. O pulso deve ser palpado junto à ausculta cardíaca. Sons cardíacos anormais ou sem sincronicidade com o pulso devem ser 40 investigados, pois qualquer arritmia cardíaca no paciente critico é um dos primeiros achados de disfunção cardíaca (HACKETT, 2009). 3.1.12 Nível de Consciência O nível de consciência deve ser avaliado rotineiramente. O paciente que se encontra acordado e alerta pode nos sugerir que o estado neurológico e metabólico ainda está adequado. Caso o paciente se encontre deprimido o reconhecimento se torna difícil, pois o animal pode estar com um pequeno déficit de estímulo visual ou tátil, mas esse déficit pode não ser facilmente percebido. Animais em estupor são aqueles que só podem ser despertados com estimulo doloroso, e é um sinal de problema neurológico ou metabólico grave, já no coma, não é possível despertar o animal com qualquer estímulo (HACKETT, 2009). As convulsões indicam atividade elétrica cerebral anormal podendo ser de uma doença neurológica primária, secundária ou metabólica (HACKETT, 2009). Em pacientes com nível alterado de consciência a perda do reflexo da tosse é preocupante, pois esta perda pode gerar risco de aspiração e, portanto, será um paciente com um alto potencial de complicação pulmonar fatal. Neste caso a ingestão via oral (VO) deve ser interrompida imediatamente e se o reflexo estiver totalmente ausente deve-se então entubar imediatamente o paciente, protegendo as vias aéreas (HACKETT, 2009). 41 3.1.13 Temperatura A temperatura deve ser monitorada freqüentemente ou de forma contínua em pacientes críticos. A hipertermia deve ser diferenciada da febre. Animais em tratamento intensivo podem desenvolver hipertermia devido ao aquecimento exagerado, neste caso a febre verdadeira deve ser investigada imediatamente, pois são comuns inflamações e infecções sistêmicas em pacientes que estão em UTI (HACKETT, 2009). A maioria dos pacientes críticos tendem a não manter a temperatura fisiológica e então requerem suplementação de calor externo, que pode ser fornecido por bolsas de água quente, almofadas de aquecimento, porém, devem ser usadas com cautela com a temperatura não muito alta e cobrindo com uma manta evitando que o calor se perca para o meio externo, lâmpadas de calor que devem ser colocadas com uma distância mínima de 30 centímetros (cm) evitado assim queimaduras, sistema de ar quente, secadores de gaiola elétrica ou secadores de mão são indicados somente se o animal estiver molhado. Os animais devem ser cuidadosamente monitorados evitando hipertermia iatrogênica e queimaduras (HACKETT, 2009). 3.1.14 Hidratação A hidratação refere-se à quantidade de líquido intersticial do paciente, se utilizarmos esse dado juntamente com a avaliação de mucosas, TPC, FC que 42 são parâmetros de volemia podemos ter uma idéia da perfusão. É de grande importância avaliar o estado hídrico de pacientes críticos, o acompanhamento do peso corporal dia a dia é o caminho mais objetivo para monitorar a hidratação, pois um paciente desidratado deve ganhar peso durante a hidratação. A avaliação clínica da hidratação pode ser feita pela avaliação do turgor da pele, já sinais de corrimento nasal seroso e edema periférico demonstram hiperhidratação. O turgor da pele pode ser dificultado em animais com sobrepeso, os clínicos devem ser cautelosos quanto ao acúmulo de líquido no espaço extra vascular, pois esse líquido não contribui para a circulação. Efusões pleurais e abdominais podem levar a um aumento de peso corporal ou manutenção do peso enquanto o paciente se torna hipovolêmico. O cálculo de balanço hídrico é essencial para pacientes em estado crítico, porém requer uma medição precisa de toda ingestão e saída de líquido, incluindo alimentação, ingestão de água, urina, vômito e fezes, diferenças do volume de produção versus consumo deve ser imediatamente analisado e realizando assim uma reavaliação completa do paciente (HACKETT, 2009). 3.1.15 Sistema gastrointestinal O sistema gastrointestinal pode ser de difícil avaliação, mas a maioria dos pacientes em estado crítico tem problemas gastrointestinais. O volume de fezes deve ser monitorado, a fiscalização com termômetro retal é uma boa maneira de avaliar a coloração e aspecto das fezes, que podem ser sangue, 43 melena ou hematoquesia. devem ser diferenciados vômitos de regurgitação e monitorados (HACKETT, 2009). 3.1.16 Cuidados de Enfermagem Pacientes em decúbito necessitam de cuidados de enfermagem para evitar complicações, o animal deve ser virado de decúbito a cada quatro horas no máximo. Os animais devem ficar em locais acolchoados, os pontos de pressão sobre ossos devem ser massageados regularmente evitando escaras, que uma vez formadas, precisam ser debridadas e mantidas o mais limpo possível, se infectadas necessitarão de antibioticoterapia (HACKETT, 2009). Os pacientes devem ser mantidos limpos, secos, quentes, sem dor e o mais confortável possível. Curativos, drenos e necessidades nutricionais devem ser monitorados constantemente. Pacientes em pós-operatório devem receber no mínimo 30 cal/kg (calorias por quilogramas) dia. As visitas constantes dos proprietários ajudam a melhorar o estado comportamental e atitude do paciente (HACKETT, 2009). 3.2. Exame Primário O exame primário deve se iniciar pelo ABC A ± Vias Aéreas A avaliação da vias aéreas inclui precoce e agressivamente 44 suplementação de O2. Pode-se alcançar uma boa suplementação de O2 levando uma fonte até a boca ou narina do paciente através de uma máscara facial. Caso a função respiratória seja ausente ou comprometida deve-se realizar uma ventilação com máscara e ambu enquanto a equipe se prepara para entubar. A pré oxigenação com máscara e ambu antes da entubação pode reduzir a incidência de parada cardiorrespiratória. A entubação com ou sem anestesia é indicada se a via aérea estiver obstruída ou se o paciente não apresentar reflexo da glote, caso a entubação seja impedida por alguma obstrução é indicado à realização de traqueostomia ou cricotireoidostomia de emergência (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). B ± Ventilação Assim que as vias aéreas forem restabelecidas, o esforço respiratório deve ser observado. Caso não haja nenhum esforço visível, ou este seja muito fraco, o paciente deve ser entubado, caso não esteja à ventilação com pressão positiva manual deve ser iniciada imediatamente. Se o animal estiver ventilando adequadamente, deve ser reavaliada através de visualização e ausculta pulmonar a monitoração. A oxigenação deve ser determinada pela oximetria de pulso ou hemogasometria arterial. Essas alterações são mensuradas como parte do exame secundário (CROWE, 2009. FRAGATA & SANTOS, 2008). 45 C- Circulação Em casos de hemorragia visível deve-se aplicar uma pressão manualmente e com curativos compressivos. Ocasionalmente em hemorragias severas que não cessam com compressão, pode-se expor o vaso e realizar uma oclusão temporária, nesse caso, a ligadura ou reparação dos vasos deve ser realizada posteriormente (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). A perfusão tecidual é avaliada pelo nível de consciência do animal, pulso femoral, mucosas, TPC, distensão da jugular e FC. Quando o pulso está ausente e não há batida do coração, deve-se iniciar a ressuscitação cardiopulmonar, se o animal ainda não foi entubado, deve ser realizado, além das compressões torácicas e a administração de fármacos adequados. Mucosas pálidas, TPC lento, e aumento na distensão da jugular são indicativos de má perfusão ou choque (CROWE, 2009; FRAGATA SANTOS, & 2008). PA, distenção da jugular junto com velocidade do TPC e esvaziamento da jugular também são usados para ajudar a determinar a perfusão. Lactato sérico, pressão parcial de O2 e excessos de base ajudarão na avaliação da perfusão tecidual. Pressão arterial parcial de O2 é um meio eficaz de avaliar a perfusão tecidual. Já a pressão parcial venosa de O2 abaixo de 35 mm/Hg pode indicar uma hiperperfusão. O uso do Doppler vascular colocado na superfície dos olhos dos pacientes tem se demonstrado um bom método de avaliação da função circulatória cerebral (CROWE, 2009). As principais causas de choque são: hipovolemia, vasodilatação e insuficiência cardíaca, porém existem outras causas. Nos pacientes 46 politraumatizados a maioria das causas do estado de choque é a perda sanguínea com causas secundárias associadas à perda de plasma, fluidos e perda do liquido intersticial. O paciente crítico pode estar hipovolêmico devido à desidratação grave. Outra conseqüência de choque é a vasodilatação que pode levar a mucosas hiperêmicas e pulso fraco, mas a maioria dos pacientes com choque ocasionado por vasodilatação podem ter hipovolemia, então devemos priorizar o tratamento da hipovolemia ao invés da vasodilatação e imediatamente iniciar uma reanimação adequada com fluidos (CROWE, 2009). A doença cardíaca primária é a causa mais comum de choque cardiogênico. O acesso intravenoso e feito enquanto se realiza o ABC. É indicada uma abertura na pele para facilitar o acesso à veia facilitando assim a cateterização, se a veia estiver colapsada deve-se realizar uma flebotomia, esse procedimento pode ser feito com o bisel de uma agulha realizando uma incisão sobre a veia após usa-se uma pinça hemostática curva pequena para isolar o vaso e em seguida introduzir o cateter. Feito isso é iniciada a reposição volêmica, para pacientes em choque em que a causa não seja por insuficiência cardíaca (CROWE, 2009; FRAGATA & SANTOS, 2008). Normalmente, a fluidoterapia visa restabelecer a normalidade dos parâmetros cardiovasculares. Em caso de hemorragia interna ativa, uma fluidoterapia menos agressiva e com hipotensores deve ser considerada (CROWE, 2009). D- Deficiência Atualmente além do ABC se instituiu as letras D e E, sendo a letra D = deficiência e E= avaliação externa. A avaliação do nível de consciência dos 47 pacientes, capacidade de se movimentar, capacidade de sentir dor em todos os membros, é descrita pela sigla AVUP podendo utilizar essas letras para uma classificação rápida, sendo A- alerta, V- Responsivo a estimulo verbal, Presponsivo a estimulação dolorosa U- Sem Resposta a estimulo doloroso. No caso de convulsões, a terapia anticonvulsionante deve ser iniciada antes do exame primário (CROWE, 2009). E- Avaliação Externa Essa avaliação é bastante importante principalmente nas vítimas de traumas. Os pacientes são avaliados por todo o corpo a procura de sangramento (inclusive nas mucosas e orifícios), arranhões, lacerações, perfurações, contusões, aumento de volume significativo, dor à palpação, crepitação, hérnias, fraturas expostas e deformidades em geral, a região umbilical é examinada à procura de equimose peri-umbilicais, pois podem indicar hemorragia de peritônio ou retroperitônio (CROWE, 2009). 3.2.1 Oxigênioterapia Existe uma variedade de doenças que podem levar à hipóxia, suplementando O2 podem-se melhorar a disponibilidade aos tecidos e evitar assim uma acidose lática. Este fornecimento deve ser realizado quando a pressão parcial de oxigênio arterial (PaO2), for inferior a 70 mmHg, saturação 48 de oxigênio (SpO2) abaixo de 93 mm/Hg em ar ambiente, e nos casos de anemia ou problemas cardiovasculares (MAZZAFERRO, 2009). Hipóxia pode ser definida como uma deficiência de O2 arterial pode ocorrer como resultado de hipoventilação, distúrbio de hipoperfusão, e diminuição da difusão (MAZZAFERRO, 2009). A diminuição do teor de O2 no ar inspirado pode ocorrer por uma série de doenças, como do parênquima pulmonar, cavidade pleural, parede torácica e doenças cardíacas. A hipoxemia resulta no inadequado fornecimento de O2 aos tecidos e consequentemente hipoxia celular, doenças sistêmicas (como sepse, SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica), anemia e desequilíbrio ácido base (alcalose ou acidose respiratória) (MAZZAFERRO, 2009). A administração de O2 pode ser realizada de forma invasiva ou não invasiva, sendo o método escolhido dependente do estado do paciente, sua tolerância, tamanho e grau de hipoxemia (MAZZAFERRO, 2009). A umidificação do O2 pode ser realizada por diversos métodos desde que a suplementação dure mais que algumas horas, caso contrário provavelmente o paciente apresente desidratação da mucosa nasal, degeneração do epitélio respiratório, insuficiência mucociliar e um aumento no risco de infecções (MAZZAFERRO, 2009). O borbulhamento é realizado através de um tubo que fica submerso em uma garrafa com solução salina estéril, o O2 umidificado então se acumula na superfície da solução e o gás acumulado pode ser entregue ao paciente (MAZZAFERRO, 2009). 49 Um fluxo de O2 é uma das maneiras mais simples de se suplementar oxigenação a um paciente em emergência, a mangueira com a fonte de O2 é colocada á 2 cm do paciente com uma taxa de 2 a 3 L/ min (litros por minuto) e normalmente fornece uma concentração de 25% a 40% de O2, sendo esta técnica bem tolerada pelos cães e pode, ser utilizada durante a triagem e a avaliação inicial, porém ocorre uma grande perda de O2 para o ambiente e não sendo adequada para uso prolongado (MAZZAFERRO, 2009). A suplementação por máscara facial é realizada através de uma máscara colocada sobre a boca do paciente e então ocorre a administração do O2 em um fluxo de 8 a 12 L/min gerando uma concentração de O2 de 50% a 60%, a desvantagem e que pode ocorrer é a reinalação do dióxido de carbono (CO2), e os animais podem não tolerar essa técnica (MAZZAFERRO, 2009). Tendas de O2 estão disponíveis no mercado, mas, podem ser fabricada facilmente com um colar elisabetano e um filme plástico. O plástico deve cobrir a área aberta do colar, uma pequena abertura e realizada para que se tenha a troca do CO2 com o ambiente, o colar é então colocado através do pescoço e a fonte de O2 é colocada pela parte de trás do colar de modo que não seja deslocada pela movimentação do paciente, uma vez que a tenda tenha sido preenchida com O2 um fluxo de O2 de 0,5 a 1 L/min pode levar a concentrações de 30% a 40% de O2, isso dependerá do tamanho do animal e das áreas de escapes na tenda, alguns pacientes podem não tolerar esse método e a tenda pode se tornar hipertermica ou se encher de CO2, e assim contribuir para angústia do paciente. Em geral é um método econômico e prático bem tolerado pelos pequenos animais (MAZZAFERRO, 2009). 50 Caixa de O2 é uma caixa de acrílico que existem no comércio com controle de temperatura, umidade e concentração de O2. As gaiolas são ventiladas para diminuir o acúmulo de CO2 e podem ser feitas a partir de incubadoras onde o O2 é fornecido através de uma tubulação, a concentração pode atingir até 60% de O2 dependendo do tamanho da caixa e do paciente, porém a concentração normalmente é mantida entre 40% e 50%. Alguns pacientes podem desenvolver hipertermias pelo aumento da temperatura na caixa se esta não for monitorada. Blocos de gelo podem ser colocados na caixa para umidificar e esfriar, mas não devem entrar em contato com o paciente, pois irá promover vasoconstrição periférica. Não devemos utilizar essa técnica em pacientes com obstrução das vias aéreas superiores, pois pode dificultar a identificação de sons estridores e crepitantes através da porta da caixa (MAZZAFERRO, 2009). Existem também técnicas invasivas de suplementação O2, como o O2 nasal e nasofaringeo que pode ser utilizado para oxigenação superior á 24 horas. O catéter nasal de O2 é facilmente colocado com o mínimo de equipamentos, e é bem tolerado pelos cães. Antes da colocação o animal deve ser anestesiado com lidocaína tópica a 2%, o cateter deve ter a medida da ponta da narina até o canto lateral dos olhos e assim é realizada uma marca no cateter para que se possa observar a migração, este deve ser lubrificado e delicadamente introduzido até a marca previamente realizada para fixá-lo junto à narina. Usam-se grampos ou sutura que impeçam o paciente do remover o cateter. O O2 deve ser fornecido a partir de uma fonte umidificada, o cateter nasal pode fornecer um acréscimo na FiO2 (fração de oxigênio no ar inspirado) dependendo do tamanho, f, sendo a respiração pela boca ou narinas e 51 tamanho do tubo. Um fluxo de 50 a 150 ml/kg/min (mililitro por kilo por minuto) pode fornecer uma FiO2 de 30% a 70%, um fluxo maior pode ser irritante ao paciente gerando espirros e intolerância, essa irritação pode ser aliviada com uma reaplicação do anestésico local ou introduzindo o cateter até a região nasofaringea (MAZZAFERRO, 2009). Câmara hiperbárica fornece O2 a 100% sob uma pressão de 760 mmHg aumentando a porcentagem de O2 dissolvido no sangue. Este O2 dissolvido pode se difundir rapidamente para os tecidos danificados ou que não tenham uma perfusão adequada. Este método tem sido recomendando para tratamentos de lesões em tecido mole incluindo queimaduras, rupturas, infecções, osteomelite. Já pneumotórax e rompimento do tímpano são alguns complicadores deste método. A câmara hiperbárica é raramente usada na medicina veterinária, provavelmente pela despesa com o equipamento e necessidade de espaço adequado. Outra desvantagem é que após a câmara estar pressurizada não se pode abri-la rapidamente, evitado o acesso imediato aos pacientes com complicações (MAZZAFERRO, 2009). A suplementação tem seus complicadores, a hipercapnia é o principal estímulo para a respiração em pacientes com doença respiratória crônica. A movimentação respiratória hipercapnemica é diminuída ou perdida, ficando o paciente dependente de hipóxia para o estimulo respiratório. A administração de O2 ao paciente pode deprimir a ventilação resultando em hipoventilação e insuficiência respiratória sendo necessária a ventilação mecânica para correção. O O2 pode ser tóxico para o epitélio pulmonar, a gravidade da intoxicação depende do tempo de exposição e da Fio2, esta toxidade pode ser dividida em 5 fases: fase inicial (liberando radicais livres como ânion 52 superóxido, peróxido e radicais hidroxila causando prejuízos diretos para as células epiteliais pulmonares), fase de iniciação (ocorre dentro de 24 a 72 horas de exposição ao O2 á 100%), fase de destruição (que gera a destruição do revestimento pulmonar, inflamações das vias aéreas e o recrutamento de células inflamatórias para o local), fase de liberação (onde ocorre uma liberação massiva de mediadores inflamatórios resultando em aumento da permeabilidade do tecido podendo se desenvolver edema pulmonar), e a fase grave (gerando destruição local e está associada à alta taxa de mortalidade). Se o paciente sobreviver a partir da fase de destruição a um aumento de pneumócitos tipo II e monócitos com deposição de colágeno gerando fibrose intersticial podendo resultar em danos permanentes ao pulmão. Uma FiO2 maior que 60% não deve ser administrada por um período acima de 24 horas evitando assim a toxicidade do O2, felizmente a maioria dos métodos de suplementação de O2 não atinge uma FiO2 maior que 60%. (CARDOSO, RIBEIRO, 2000; MAZZAFERRO, 2009). 3.2.2 Hipotermia É quando a temperatura corporal está á baixo dos parâmetros fisiológicos (37.5 °C á 39.2 °C), sendo causa qualquer condição que aumente a perda de calor ou anormalidades na termorregulação. A hipotermia é um achado comum em emergência com efeitos deletérios significativos, sendo esses cardiorrespiratórios, neurológicos, equilíbrio ácido básico, anormalidades 53 de eletrólitos e coagulopatias. O tratamento precoce da hipotermia pode diminuir o índice de morbidade e mortalidade (TODD, 2009). Estudos mostram um interesse na hipotermia terapêutica para tratamento de lesão cerebral traumática e choque hemorrágico, estudos em humanos têm mostrado que a hipotermia pode melhorar injúrias isquêmicas e traumáticas (TODD, 2009). A hipotermia pode ser classificada em primária ou secundária. Sendo a hipotermia primária ou acidental uma temperatura abaixo do normal pela exposição excessiva a baixa temperatura ambiente. A hipotermia secundária é resultante de alguma doença, trauma, cirurgia ou induzida por drogas. A hipotermia pode ser classificada como leve de 32°C a 37°C, moderada de 28°C a 32°C, grave abaixo de 28°C (TODD, 2009). A temperatura é mantida por um equilíbrio da produção metabólica de calor ou perda. O principal termostato do organismo é o hipotálamo, pacientes severamente debilitados tem uma diminuição da capacidade de responder a hipotermia devido à incapacidade de reter o calor. A hipotermia pode causar sérios efeitos deletérios ao organismo, essas complicações podem ser antecipadas reconhecendo o grau da hipotermia assim como seu efeito fisiológico (TODD, 2009). Hipotermia grave causa efeitos cardiovasculares, respiratórios, neurológicos e metabólicos. As alterações mais comuns com relação aos efeitos cardiovasculares são: bradicardia, hipotensão, arritmias, diminuição do debito cardíaco e assistolia. Já os efeitos respiratórios são: diminuição da freqüência e amplitude respiratória, lesão do tecido pulmonar e distúrbio de O2, a diminuição do metabolismo celular e a produção do CO2 podem reduzir o 54 estimulo respiratório e assim resultar em um menor volume corrente respiratório. Efeitos neurológicos: a perda de consciência é um achado comum em pacientes hipotérmicos, em seres humanos o metabolismo cerebral cai e 6% a 7% por cada grau a menos na temperatura corpórea, a combinação de inconsciência e grave bradicardia pode levar a um diagnóstico errado de morte. Efeitos metabólicos incluem efeitos renais, hepático, de equilíbrio ácido base, imunológicos e de coagulação. O efeito renal inicial observado em hipotermias de leve a moderado é uma diurese, mesmo com o paciente devidamente hidratado, isso ocorre porque inicialmente a hipotermia faz uma vasoconstrição periférica e consequentemente um maior volume sanguíneo, o organismo reconhece essa hipervolemia e começa então a inibir a produção de hormônio antidiurético assim, aumentando a taxa de filtração glomerular (TODD, 2009). 3.2.3 Hipotensão 3.2.3.1 Fisiologia da pressão arterial A pressão arterial é a força com que o fluxo sanguíneo exerce sobre as paredes dos vasos, existem três medidas de pressão arterial (PA): PAS, PAD e PAM, sendo que a sistólica e diastólica correspondem cada uma a uma fase do ciclo cardíaco, e a média é calculada através da diferença entra a sistólica e diastólica dividida por 3 somando o resultado com o valor da PAD (pressão sistólica ± pressão diastólica / 3 + pressão diastólica). Quando se procura relacionar a perfusão com a pressão, a média deve ser considerada, no 55 entanto o enchimento da artéria coronária ocorre na pressão diastólica. A pressão arterial é determinada pelo DC e resistência vascular, logo uma hipotensão normalmente é resultado de uma diminuição da FC, volume de ejeção e baixa na resistência vascular (HOFMEISTER, 2010; SIMMONS & WOHL, 2009). A hipóxia ou hipercapnia resultante da hipotensão arterial estimula barroreceptores nos seios carotídeos e na aorta, as fibras aferentes vão estimular o centro vaso motor levando a liberação de vasopressores e a uma taquicardia. O aumento de vasopressores é uma resposta fisiológica inicial e muito importante a hipotensão, embora a secreção de catecolaminas pela adrenal seja maior, a liberação local de noradrenalina por fibras pós ganglionares é que é responsável pela vasoconstrição generalizada. A vasoconstrição é maior na pele, rins e intestinos, levando assim a maior parte do sangue da circulação sistêmica ao cérebro, pulmão e coração, sendo que cérebro e coração promovem uma vasodilatação na tentativa de maximizar o fluxo sangüíneo (HOFMEISTER, 2010; SIMMONS & WOHL, 2009). 3.2.3.2 Medição da pressão arterial Uma PAM abaixo de 60 mmHg é incapaz de manter a taxa de filtração glomerular e já pode prejudicar a perfusão cerebral. Não Há nenhuma correlação exata de valores da pressão sistólica e diastólica. Os valores de pressão arterial normais em cães são de sistólica ± 90 a 140 mm/Hg, pressão 56 diastólica ± 50 a 80mm/Hg e pressão média 60 a 100 mm/Hg (SIMMONS, & WOHL, 2009). 3.2.3.2.1 Medidas de Pressão arterial Indireta A medida indireta e o método mais fácil e rápido de se medir a pressão arterial, no entanto é menos fidedigno que os métodos diretos. Todos os métodos indiretos envolvem a colocação de um manguito de pressão sobre a artéria, deve se utilizar um manguito de tamanho adequado de 40% de circunferência do membro e deve estar na altura do coração. (SIMMONS & WOHL, 2009). 3.2.3.2.2 Ausculta por Doppler vascular Envolve o uso de um cristal piezolétrico colocado sobre uma artéria periférica para determinar o fluxo ao longo dessa artéria, a sonda de cristal é ligada a um amplificador que converte as ondas ultrassonicas em sons, o manguito é conectado a um esfignomanômetro este manguito é inflado até a artéria ser completamente ocluída causando assim a perda do som do fluxo sangüíneo, a pressão do manguito é reduzida gradativamente até que se obtenha o retorno do som neste instante a pressão do esfignomanômetro é equivalente a pressão sistólica, assim que se obter uma diferença de som temse á pressão diastólica. O método de Doppler é o mais preciso de todos os métodos indiretos (SIMMONS & WOHL, 2009). 57 3.2.3.2.3 Método Oscilométrico Envolve a ligação de um manguito posicionado a um aparelho que detecta oscilações produzidas por mudanças do pulso. O aparelho infla o manguito até o colapso da artéria à medida que o manguito é esvaziado o aparelho detecta oscilações e assim nos passa os valores de pressão sistólica e diastólica a pressão média, o aparelho calcula com base na fórmula. Sua principal vantagem é a facilidade e rapidez que se podem aferir às pressões, as principais desvantagens são altos custo e medições não verdadeiras (SIMMONS e WOHL, 2009). 3.2.3.3 Significado Clínico de uma Hipotensão A importância clínica de uma hipotensão depende da sua causa, gravidade e duração, o sinal clínico mais grave é a falências de órgãos causadas pela diminuição da oferta de O2. Suas manifestações incluem insuficiência renal aguda, melena, vômitos, arritmias, taquipnéia e coagulopatias, já os sinais são palidez de mucosas, pulso fraco (porém não fidedigno), TPC, alterações do estado mental, hipotermia, extremidades frias e diminuição da produção de urina (SIMMONS e WOHL, 2009). 58 3.2.3.4 Terapia da Hipotensão O aspecto mais importante para o tratamento da hipotensão corresponde à definição da sua causa principalmente se é ou não cardiogênica. A cardiomiopatia não responde a fluidos e normalmente pode piorar podendo resultar em edema pulmonar grave. As causas devem ser diferenciadas no exame físico, radiografia de tórax, ECG, e ecocardiografia. Sendo constatado uma causa cardiogênica a terapia pode incluir agentes inotrópicos positivos, diuréticos e até mesmo vasodilatadores. Sendo excluída a causa cardiogênica a terapia para hipotensão além de tratar a doença de base deve ser iniciar fluidoterapia venosa agressiva, com o objetivo de aumentar a pré carga e melhorar a perfusão cerebral. Se após fluidoterapia agressiva a hipotensão persistir a causa da hipotensão é definida como secundária sendo cardiogênica ou vasodilatadora. O tratamento para esta hipotensão normalmente requer suporte com inotrópicos. A opção e a estratégia terapêutica ficam por decisão do clínico, pois a diferenciação de uma vasodilatação uma hipocontratilidade sem a cateterização da artéria pulmonar é muito difícil, devido muitas doenças que geram vasodilatação poderem causar hipocontratilidade e vice versa. Com isso a decisão de administrar inotrópicos ou vasopressores é muitas vezes empírica (HOFMEISTER, 2010; SIMMONS & WOHL, 2009). 3.2.4 Hipertensão Elevações da PA podem danificar alguns tecidos, os principais órgãos que irão sofrer com uma PA alta são os rins, sistema cardiovascular, cérebro e 59 olhos. Em pacientes veterinários os principais órgãos a sofrer danos geralmente são olhos e cérebro. Lesões oculares geralmente são encontradas em animais com hipertensão danos esses como edema e degeneração de retina. O tratamento anti- hipertensivo deve ser realizado mesmo não podendo restaurar a visão (BROWN, 2009; STEPIEN, 2010). Uma pressão sistólica acima de 168 mmHg já pode lesionar tecidos oculares, porém quando temos uma pressão acima de 180 mm/Hg à probabilidade de lesão se triplica (BROWN, 2009). Os sinais desorientação, neurológicos letargia, causados convulsão, por inclinação uma da hipertensão cabeça, são nistagmo, anormalidades comportamentais e efeitos neurológicos focais. Quando temos uma pressão arterial acima de 180 mm/Hg não é raro o aparecimento de acidente vascular cerebral sistêmico em cães. Antes de tratar a hipertensão sistêmica temos que ter em mente o reflexo de cushinng, o qual se constitui a um aumento da pressão arterial sistêmica em resposta ao aumento da PIC e assim melhorando a perfusão cerebral. Nos rins a hipertensão normalmente se manifesta com taxa aumentada da função renal, proteinúria e um marcador de neuropatia hipertensiva (isto em humanos) e sua gravidade está diretamente relacionada ao grau de hipertensão (BROWN, 2009; STEPIEN, 2010). 3.2.5 Anemia Anemia é definida como a redução na capacidade carreadora de O 2 do sangue devido à diminuição da hemoglobina, certamente é umas das 60 alterações laboratoriais mais encontradas em pequenos animais. Existem três mecanismos que podem levar a anemia: perda de sangue, hemólise e redução da eritropoiese. Uma anamnese bem feita e a revisão de hemogramas anteriores podem fornecer dados sobre a duração e causa dessa anemia (GIGER, 2009). Os sinais clínicos de uma anemia variam muito dependendo do seu início, tipo e causa, mas é muito importante determinar se a anemia é hemorrágica por hemólise ou uma diminuição na produção hematopoiética, porém de qualquer forma a anemia deve ser associada à palidez das mucosas, pois esse pode ser o único sinal inicial. Em animais com perda sanguínea aguda os sinais são principalmente correlacionados com a hemorragia e hipovolemia, outros sinais são letargia, palidez, taquicardia e taquipnéia. Em hemorragias externas a visualização é possível, porém está fica dificultada em hemorragias internas. Hemorragias, petéquias e equimoses podem ser um indicio de distúrbio de plaquetas. Um quadro de icterícia aparece pelo menos um dia após o início da hemólise (GIGER, 2009). A hipóxia tecidual por anemia ativa vários mecanismos compensatórios em quadros agudos que iram resultar em sinais típicos de anemia, como desvio imediato do sangue de tecidos de baixa demanda de O 2, como a pele, indo diretamente para órgãos vitais como cérebro, rim e coração. A vasoconstrição periférica e contração esplênica contribuem para mucosas pálidas e tempo de preenchimento capilar alto. Em quadros crônicos aparece uma vasodilatação a uma adaptação a hipóxia tecidual local, aumento do DC inicialmente através de um aumento da FC, e posteriormente por uma cardiomegalia que servirá para 61 aumentar a oferta de sangue oxigenado ao tecido hipóxico e um sopro sistólico discreto (GIGER, 2009). Animais com qualquer tipo de anemia especialmente aqueles com anemias agudas irão demonstrar diminuição na atividade, intolerância ao exercício e letargia, estes pacientes devem ser manipulados cuidadosamente, pois podem descompensar a qualquer momento. Embora os sinais de anemia aguda sejam causados por hemólise ou perda sanguínea os sinais de anemia crônica são mais sutis, devido o tempo que o organismo desses pacientes tiveram para se adaptar ao menor transporte de O2. Apesar dos sinais clínicos serem fortemente sugestivos é necessários exames de laboratório para definir a causa e a gravidade da anemia, para assim instituir algum tratamento em pacientes emergenciais (GIGER, 2009). 3.2.6 Transfusão Sanguínea Desde anos 80 a administração de sangue para tratar pacientes críticos tem sido utilizada, não podendo esquecer que sangue é um produto biológico, ou seja, um recurso limitado e não está disponível em todas as situações (GIGER, 2009). O uso indiscriminado gera riscos de contaminação por doenças infecciosas ou reações imunológicas. O médico intensivista deve desempenhar um papel seguro e eficaz na terapia transfusional. As transfusões sanguíneas normalmente são indicadas para tratamento das anemias e coagulopatias sendo a decisão de transfundir dependente da avaliação clínica, estado geral 62 do paciente e resultado de testes laboratoriais. Por uma transfusão carregar riscos inerentes está não deve ser feita antes de esgotadas as alternativas. A causa mais comum para transfusão em cães são as anemias. As transfusões são normalmente necessárias após a perda da capacidade do sangue em transportar o O2, animais com anemia progressiva rápida com hematócrito abaixo de 20%, deve-se considerar a realização de uma transfusão sanguínea. Um paciente com anemia crônica não necessita de transfusão apesar de ter um hematócrito ainda menor. Animais saudáveis podem facilmente tolerar uma perda de 20% no volume de sangue sem qualquer complicação, no entanto animais com hemorragia aguda superior á 20% no volume de sangue podem necessitar de transfusão sanguínea total, além da terapia de fluidos para choque. Nota-se que animais em hemorragia aguda não mostram uma queda de valores de hematócrito até várias horas após a hemorragia ou até que a terapia de fluido seja estabelecida, sendo assim outros parâmetros são usados para decidir se a terapia de transfusão é ou não indicada, como coloração das mucosas, TPC, FC, pressão arterial, níveis de lactato sérico, hemogasometria arterial e venosa, f e temperatura (GIGER, 2009). 3.2.6.1 Triagem Transfusional Para assegurar uma transfusão eficaz e segura deve-se ter conhecimento dos principais tipos sanguíneos. Os cães têm diversos grupos sanguíneos conhecidos como DEAs, sendo o tipo mais importante canino o 63 DEA 1.1, o qual provoca uma resposta aloanticorpo após a sensibilização de um cão (GIGER, 2009). O DEA 1.1 negativo transfundindo com DEA 1.1 positivo pode levar a uma reação transfusional hemolítica aguda, porém DEA 1.1 negativo ou positivo transfundidos com outras DEAs são descritas raras reações transfusionais (GIGER, 2009). 3.2.6.2 Reações Adversas à Transfusão Mesmo sendo considerada uma forma segura de tratamento, a transfusão sanguínea tem seus riscos envolvidos, geralmente ocorrem durante ou logo após a transfusão e pode ser causada por qualquer componente do produto sanguíneo transfundido. A maioria das reações transfusionais pode ser evitada com doadores saudáveis, coleta adequada, armazenamento do sangue e administração de apenas quantidades necessárias. Os sinais clínicos mais comuns em uma reação são febre, vômito e hemólise. Qualquer uma dessas alterações deve levar a interrupção imediata da transfusão. As reações hemolíticas podem ser fatais sendo, portanto a reação adversa mais importante (GIGER, 2009). Os efeitos adversos de transfusão podem ser divididos em reações não imunológicas: febre mediada por transmissão de agente não infeccioso, vômitos, hemólise mecânica, insuficiência cardíaca congestiva, hipotermia e toxicidade ao citrato, já as reações imunológica são: reação transfusional hemolítica aguda ou tardia e reação alérgica grave (GIGER, 2009). 64 3.2.7 Hipoglicemia A glicemia é mantida por um balanço da produção, armazenamento e liberação da glicose, muitas doenças podem interferir nesse balanço e levar a hipoglicemia. A glicose pode ser adquirida de três maneiras no organismo: através da absorção intestinal de glicose provenientes da ingestão de carboidratos, repartição do glicogênio através de glicogenólise e produção de glicose através de precursores de lactato através da gliconeogênese. A homeostase da glicose é mantida através de um hormônio hipoglicemiante a insulina e hormônios de elevação da glicose principalmente glucagon, epinefrina, cortisol e hormônios de crescimento. A insulina é secretada pelas células betas do pâncreas em resposta ao aumento nas concentrações de glicose, a insulina inibe a gliconeogênese e a glicogenólise, promove armazenamento do glicogênio, estimula a captação de glicose e diminui a secreção de glucagon, promove a formação de triglicerídeos em tecido adiposo e na síntese de glicogênio em proteína muscular. A diminuição de insulina estimula a gliconeogênese. Quando as concentrações de glicose caem, adrenalina, glucagon, cortisol e hormônio do crescimento são liberados, sendo que esses hormônios têm um efeito transitório sobre a produção crescente de glicose, em relação ao cortisol e o hormônio do crescimento, esses têm um efeito posterior a produção de glicose que ocorre após algumas horas e seus efeitos são mais duradouros (KOENIG, 2009). A hipoglicemia é o resultado de quando a utilização da glicose é maior que sua entrada na circulação isto inclui dieta inadequada, excessiva utilização de glicose, disfunção glicogenólica ou gliconeogênica, ou anomalias endócrinas. No caso de uma ingestão inadequada esta não será causa de 65 hipoglicemia, pois a vias glicolíticas e gliconeogenicas irão assumir a função no período de jejum (KOENIG, 2009). A glicose é fonte de energia para o cérebro sendo que esse órgão tem capacidade limitada de utilizar outros substratos e pode armazenar apenas o mínimo de glicogênio, não podendo assim produzir a glicose, por esse motivo o cérebro depende de um aporte constante de glicose sanguínea. Os sinais neurológicos da hipoglicemia ocorrem como resultado direto ao sistema nervoso central (SNC), inclui alteração ou depressão mental, fraqueza, sonolência, apatia, ataxia, cegueira ou visão alterada, a neuroglicopenia prolongada pode levar a danos permanentes sendo o mais comum a cegueira que persiste após a correção das taxas de glicemia (KOENIG, 2009). A hipoglicemia é caracterizada sempre que houver um nível abaixo de 60 mg/dl (miligramas por decilitro) de glicose no sangue, mesmo os sinais clínicos se iniciem com glicemia abaixo de 50 mg/dl. Os glicosímetros portáteis tendem a subestimar a glicemia sendo assim, a glicose deve ser confirmada também através de outro método. Pode ocorrer uma pseudohipoglicemia caso o tempo de coleta e o exame seja maior que 30 minutos, pois nesse período os eritrócitos continuam a consumir a glicose, portanto a coleta deve ser feita em um tubo com fluoreto de sódio para que a glicose seja apreendida (KOENIG, 2009). O tratamento inicial para pacientes com hipoglicemia não dependerá de sua etiologia, geralmente é utilizado glicose venosa. No caso de ausência de uma via venosa pode ser utilizado xaropes ou mel que são rapidamente absorvidos pelas mucosas orais, cerca de 1 ou 2 minutos após a 66 suplementação são observados os sinais de melhora neurológica. Deve se cuidar com a administração de glicose em bolus nos pacientes com suspeitas de insulinoma ou outros tumores secretores de insulina, pois nesses pacientes um bolos de dextrose pode estimular a uma liberação ainda maior de insulina, levando um ciclo vicioso de infusão seguida de hipoglicemia de rebote. O Tratamento inicial para a hipoglicemia pode ser feito com um bolo de ml/kg de dextrose 50% que pode ser diluído em ½ ou ¼ e deve ser administrado em 5 minutos. (KOENIG, 2009). 3.2.8 Depressão do Estado Mental As alterações mentais nos pacientes críticos podem ser rápidas ou lentas e progressivas, sendo essas alterações de grande interesse ao médico intensivista podendo ser causadas por doenças primárias, secundárias a outras doenças sistêmicas ou por fármacos. O declínio do estado mental é caracterizado pela diminuição de resposta e interação ao meio ambiente, embora agitação e hiperatividade também possam indicar disfunção neurológica, a rápida avaliação do paciente em declínio mental juntamente com o conhecimento de doenças subjacentes e medicações vai permitir uma lista de possíveis causas diagnósticas, tratamento e prognóstico (KNIPE, 2009). O estado de consciência normal é considerado quando o paciente apresenta interações normais com meio ambiente, porém esse comportamento varia de paciente para paciente, sendo de grande importância o relato do responsável sobre as características do paciente (KNIPE, 2009). 67 Obnubilação é o estado de perturbação da consciência caracterizado por ofuscação da vista e obscurecimento do pensamento, sendo classificado como leve, moderada ou grave, já a letargia é um grau semelhante, mas refletindo a diminuição do nível da consciência levando a impotência e sonolência. Ainda há outros termos em medicina humana tais como confusão, delírio e demência. Na medicina veterinária esses são estados difíceis de ser avaliados e não comumente usados (KNIPE, 2009). Semi coma ou estupor significa que o paciente só responde a estímulos dolorosos, já no estado de coma o paciente não responde a qualquer estímulo. Há uma variedade de doenças sistêmicas e neurológicas que podem causar anormalidades de estado mental, portanto o tratamento deve ser realizado com base na sua causa. Os parâmetros metabólicos do paciente devem ser mantidos dentro dos valores normais. Pacientes com doenças neurológicas ou suspeitas de aumento da PIC devem receber terapia medicamentosa imediatamente. É importante a avaliação continua e repetitiva do estado mental destes pacientes, pois a identificação rápida da evolução do quadro pode significar mudanças no quadro de intervenção, diagnóstico, terapêutica e prognóstico (KNIPE, 2009). 3.2.9 Monitorização do Paciente Crítico Um bom atendimento é prestado com informações coletas durante a realização do exame físico, observação clínica integrada á informações com aparelhos tecnológicos. A combinação dessas informações devem ser usadas para desenvolver um plano diagnóstico, terapêutico e o acompanhamento do 68 doente durante sua estadia em unidade de terapia intensiva. A frequência da monitoração deve ser baseada na doença, reservas fisiológicas, e suspeita clínica, o clinico deve ser preparado para o de monitoramento de rotina. O acompanhamento adequado permite a detecção precoce de distúrbios metabólicos e fisiológicos, minimizarem os riscos iatrogênicos, despesas desnecessárias e o uso inadequado de recursos (BARTON, 2009). A seleção de aparelhos para a monitorização deve ser baseada na confiabilidade, disponibilidade, custo, praticidade e o valor das informações obtidas, especialmente quando decidimos por uma monitorização de maneira invasiva, nesse caso o risco deve ser avaliado. A utilidade dos aparelhos é maximizada quando a equipe esta familiarizada com esses equipamentos. Embora o monitoramento seja um ponto vital em unidade de terapia intensiva cabe nos lembrar que não é apenas o monitoramento sozinho que ira fazer com que o paciente melhore (BARTON, 2009). 3.2.9.1 Balanço hídrico O equilíbrio hídrico tende a ser algo muito complexo que exige avaliação dos compartimentos intravascular e intersticial, com base em achados no exame físico, então esses resultados são integrados com o conhecimento do consumo total de fluidos do paciente e a quantidade total de saída, coloração das membranas, TPC, FC, qualidade de pulso, temperatura das extremidades, pressão venosa central (PVC) e pressão arterial pode ser usada para avaliar o volume vascular. O equilíbrio hídrico intersticial pode ser avaliado pela umidade das mucosas, turgor da pele, volume globular, sólidos totais e medidas de peso 69 corporal, muitos pacientes críticos tem alterado a permeabilidade capilar ou baixa nos níveis de albumina, essas mudanças levam a diferenças entre o volume vascular e intersticial levando o líquido do espaço vascular para o espaço intersticial (BARTON, 2009). 3.2.9.2 Pressão coloidosmótica Serve para reter H2O dentro do espaço vascular, é exercida por moléculas grandes, inadequada pressão coloidosmótica que pode permitir extravasamento do líquido vascular para o interstício gerando edema. Os valores normais de pressão coloidosmótica é de 20 mmHg, pacientes com valores inferior á 15 estão sob risco de fazer edema periférico. A pressão coloidosmótica pode ser medida diretamente por um colóide osmometro, no entanto não é muito utilizada (BARTON, 2009). 3.2.9.3 Glicose A hiperglicemia pode aparecer de forma inesperada e rápida, por tanto a glicemia deve ser monitorada rotineiramente em pacientes críticos sendo a sua frequência dependente de cada caso, no entanto todo paciente considerado crítico a glicemia deve ser monitorada pelo menos a cada 12 horas, o aparecimento repentino de hiperglicemia deve se considerar sepse, já pacientes com hipoglicemia, a glicemia pode ser corrigida facilmente com glicose diluída juntamente á fluido terapia ou remanejamento da nutrição (BARTON, 2009). 70 Estudos em medicina intensiva em humanos têm demonstrado que a um aumento da mortalidade relacionada à hiperglicemia, porém em medicina veterinária estudos semelhantes ainda não foram realizados, devemos manter a glicemia sempre entre 80 e 140 mg/dL (BARTON, 2009). 3.2.9.4 Eletrólitos e Equilíbrio ácido - base Anormalidades em eletrólitos são comuns em pacientes críticos, e podem levar a consequências graves caso o médico não a identifique e corrija. O sódio (Na+), potássio (K+) e cálcio (Ca2+) devem ser monitorados e mantidos dentro dos padrões fisiológicos, a frequência da monitoração de eletrólitos depende da gravidade da doença podendo ser necessária até mesmo a cada hora. A monitoração do equilíbrio ácido-base tornou-se rotina após o desenvolvimento de aparelhos de gases sanguíneo. As amostras venosas são boas para avaliação do bicarbonato e excessos de base, pressão parcial de CO2 e ph, e devem ser avaliados juntamente com eletrólitos e lactato sérico (BARTON, 2009). A avaliação do equilíbrio ácido-base deve ser realizada pelo menos uma vez ao dia podendo chegar até cinco vezes ao dia dependendo da grávidade da doença (BARTON, 2009). 3.2.9.5 Oxigenação e Ventilação O comprometimento da função pulmonar é um problema comum encontrado em UTI, sendo a insuficiência pulmonar uma complicação bem conhecida da sepse e sirs. A f, amplitude respiratória e ausculta respiratória devem ser realizadas várias vezes ao dia. Uma avaliação mais subjetiva da 71 oxigenação arterial pode ser feita através da medição da pressão parcial de oxigênio arterial e ou saturação da hemoglobina com oximetro de pulso, a oximetria fornece dados de maneira não invasiva e indolor da oxigenação arterial permitindo assim frequentes avaliações ou até mesmo contínuas, porém o pulso oximetro não é um marcador sensível de alterações da função pulmonar, sendo então os gases sanguíneos arteriais a forma mais confiável de se avaliar a oxigenação pulmonar (BARTON, 2009). 3.2.9.6 Pressão Arterial e Perfusão Inadequada PA e perfusão são muito comuns em pacientes críticos e deve ser corrigido o mais rápido possível. A diminuição da pré carga pode ser causada pela perda aumentada de líquido gastrointestinal além de vazamento de fluido dos vasos pelo aumento da permeabilidade vascular, vasodilatação periférica levando a má distribuição sanguínea e consequentemente hipovolemia. Clinicamente os parâmetros usados para avaliar a perfusão são coloração das mucosas, TPC, FC, qualidade do pulso, temperatura das extremidades e pressão sanguínea sendo que essa deve ser medida pelo menos uma vez ao dia podendo depender do estado do paciente. É importante ressaltar que os pacientes podem ter hipoperfusão mesmo com pressão arterial adequada. Podemos avaliar a perfusão através de alguns marcadores metabólicos como lactato e excesso de base, sendo esses mais sensíveis a perfusão quando comparados a PA e avaliação física, quando esses marcadores foram avaliados em paciente humanos que tinham sido tratados 72 para choque hipovolêmico mais de 80% desses pacientes estavam com FC e PA adequadas e eram considerados hipoperfundidos (BARTON, 2009). 3.2.9.7 Frequência cardíaca, ritmo e contratilidade Pacientes críticos frequentemente apresentavam alterações de FC no ritmo cardíaco ou na contratilidade. Sendo que a taquicardia pode ser o primeiro sinal de um comprometimento hemodinâmico e a bradicardia pode ser causa de um DC inadequado e indicar uma possível parada cardiorrespiratória, a FC deve ser monitorada frequentemente pela auscultação, pelo ECG ou monitorização eletrocardiográfica continua. Uma taquicardia secundária a hipovolemia deve ser diferenciada de uma taquicardia secundária a outras causas de estimulação simpática como, por exemplo: dor. Já arritmias são comuns em pacientes críticos e só devem ser tratadas caso sejam eletricamente instáveis ou a mesma esteja comprometendo a perfusão de alguma forma. A diminuição da contratilidade cardíaca pode ser de doenças cardíacas como cardiomiopatia ou podem ser secundárias a outros problemas como mediadores inflamatório como depressores do miocárdio sendo indicada então a ecocardiografia pra orientar o tratamento com inotrópicos (BARTON, 2009). 3.2.9.8 Albumina A hipoproteinemia é outro problema muito encontrado em pacientes críticos, e os sólidos totais deve ser então monitorados pelo menos diariamente. Pacientes em hipoalbunemia podem necessitar de reposição com colóides naturais ou sintéticos. Embora níveis abaixo de 2 mg/dl em humanos 73 tenha sido comparado com o aumento da mortalidade as transfusões de albumina por soro não tem sido relatas como aumento da sobrevida desses pacientes (BARTON, 2009). 3.2.9.9 Coagulação Alterações na coagulação podem ser encontradas em doentes críticos como resultado do processo de doença primária como intoxicações. A avaliação da coagulação deve ser realizada em todos os pacientes com hemorragia ativa, todos os pacientes que estão no pré operatório, e todos os pacientes com risco eminente de morte, os pacientes que recebem terapia anticoagulante também podem necessitar de avaliação da coagulação. Os testes devem ser escolhidos dependendo do histórico, do processo de doença primária e da disponibilidade da realização do teste. A CID (coagulação intravascular disseminada) deve ser antecipada sempre no paciente crítico. No início da CID os pacientes vão se encontrar em hipogoagulabilidade e levando a sinais como sangrento excessivo na pulsão venosa (BARTON, 2009). 3.2.9.10 Hemoglobina O teor de O2 do sangue arterial depende da quantidade de eritrócitos funcional no sangue, o grau de saturação e a quantidade de O2 dissolvido no sangue, porém, a parcela mais significativa do teor de O2 arterial é aquela ligada a hemoglobina. O hematócrito deve ser avaliado pelo menos uma vez ao dia em UTI (BARTON, 2009). 74 3.2.9.11 Função renal e Débito urinário O debito urinário deve ser avaliada cuidadosamente e diariamente, a diminuição na produção de urina pode indicar insuficiência renal, má perfusão renal e secreção inadequada de hormônio antidiurético os pacientes que passaram por um período de hipotensão podem desenvolver insuficiência renal aguda, além disso, pacientes críticos recebem potencialmente drogas nefro tóxicas. O balanço hídrico de todos os pacientes podem nos ajudar a guiar a fluido terapia. Devemos medir a produção urinaria por pelo menos 4 horas por dia, na ausência de um cateter urinário podemos pesar o paciente e ter uma estimativa assim como pesar fraldas e cobertores sujos. Creatinina e uréia ou ambos devem ser avaliados diariamente (BARTON, 2009). 3.2.9.12 Status imunológico E outro dado que deve ser avaliado diariamente através de leucogramas, pois doentes críticos podem desenvolver infecções sistêmicas como bacteremia e sepse. Sendo que nesses pacientes deve se realizar cultura e hemocultura para antibiograma (BARTON, 2009). 3.2.9.13 Gastrointestinal e Integridade da mucosa Vômitos e ulcerações gástricas devem ser evitados e a motilidade pode ser reforçada com infusão contínua de metoclopramida, porém devemos descartar qualquer tipo de obstrução antes de dar início a terapêutica. A sonda gástrica permite aspirar ao conteúdo estomacal e fornecer uma rota para a alimentação enteral sendo que a alimentação enteral protege de uma possível ulceração gástrica. A terapia anti emética deve ser considerado em vômitos 75 persistentes ou se estiver causado perda significativa perda de fluidos e eletrólito (BARTON, 2009). 3.2.9.14 Metabolismo, drogas e dosagens As dosagens das drogas devem ser revistas diariamente. Animais que tem disfunção hepática e renal devem ter alteração de metabolismo e suas dosagens devem ser ajustadas sempre, e devemos considerar as interações entre as drogas em animais que recebem terapia múltipla (BARTON, 2009). 3.2.9.15 Nutrição É um importante componente nas salas de terapia intensiva, mas comumente negligenciando (BARTON, 2009). Esses pacientes podem rapidamente desenvolver um balanço energético e protéico negativo. Levando então o paciente a comprometimento imunológico e ainda a perda da força muscular, atrofia, disfunção de órgãos viscerais, eventualmente ruptura da barreira gastrointestinal, pneumonia, sepse e então morte. O desuso do intestino tem sido descrito como possível causa de translocação bacteriana e possível sepse, tornando então a alimentação enteral a via preferível em pacientes críticos (BARTON, 2009). 3.2.10 Analgesia no Paciente Crítico A preocupação com analgesia fundamenta-se na prevenção de um sofrimento desnecessário, alem de oferecer inúmeros benefícios fisiológicos 76 principalmente sobre o sistema respiratório, cardiovascular, gastrointestinal e neuroendócrino. Recentemente, tem se atribuído grande importância a dor tendo inclusive elevado a categoria de quinto sinal vital. Para a VECCS (Veterinary Emergency and Critical Care Society) nenhum animal com dor pode ser considerado estabilizado (FLOR 2008 & FLOR 2008). Entre as alterações endócrino-metabólicas decorrentes da dor destacase a liberação de catecolaminas e cortisol, com conseqüente aumento no metabolismo basal, também aumenta o trabalho cardíaco dá resistência vascular periférica e aumento do consumo de O2 pelo miocárdio. Pode-se observar ainda prejuízo na função respiratória, que podem ocasionar complicações pulmonares como: atelectasia, pneumonia e distúrbios de coagulação (gerando trombo embolismo), a dor ainda pode provocar inapetência, emagrecimento, privação do sono e alterações comportamentais. Por tanto todo paciente crítico deve ser reconhecido e tratado o grau de dor adequadamente (FLOR 2008 & FLOR 2008). 3.2.11 Fisiopatologia da Dor Mesmo nos dias de hoje, resquícios do pensamento filosófico do século XVII de René Descartes aparecem. Ele propunha que a fisiologia do homem era diferente da dos animais e que nos animais o estímulo doloroso era apenas mecânico, por um reflexo de proteção e sem consciência de dor. No 77 século XX, Charles Darwin afirma que o homem descende dos animais, sendo suas sensações muito semelhantes entre si, onde a anatomia e a fisiologia de resposta a um estímulo nocivo e doloroso são muito parecidas. Isso nos leva ao antropomorfismo, nos colocando no lugar dos animais e tentando mensurar a dor sentida pelos mesmos (LEÃO et al, 2010; LUNA, 2008). Porém, já se sabe que a sensação de dor é presente nos animais e que a resposta aos estímulos dolorosos, bem como os mecanismos que desencadeiam essa resposta também são bastante semelhantes entre humanos e animais (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). Atualmente sabe-se que a dor não depende exclusivamente de fenômenos físicos, mas envolve aspectos biológicos, psíquicos e sociais do indivíduo, sendo também relacionada com o ambiente e às condições de tratamento pelos quais os animais passam. Sendo assim, a dor assume aspectos multifatoriais. Estatísticas têm mostrado que os animais recebem pouco analgésico, isso se deve provavelmente ao fato, de que os sinais clínicos de dor são pouco claros e/ou não há observação de dor em determinada espécie animal de maneira convencional às relatadas (LEÃO et al, 2010; LUNA, 2008). A Associação Internacional para Estudo da Dor definiu a dor coPR³XPDH[SHUL rQFLDVHQVRUL DOHRXHPRFL RQDOGHVDJUDGiYHO DVVRFLDGDRXQmRDO HVmRWHFLGXDO´ assim há uma dificuldade em se definir especificamente o que é a dor e como se manifesta precisamente, adicionado ao fato da impossibilidade de comunicação com nossos pacientes dificultando a interpretação de sinais. A dor informa ao indivíduo um perigo em potencial à sua integridade física. É uma resposta fisiológica, mas que pode se tornar uma resposta patológica, o clínico deve diferenciar um tipo de resposta do 78 outro, sendo a dor patológica aquela cuja informação transmitida não é real ou cujo alerta de perigo não pode ser evitado, a dor fisiológica é aquela que produz uma resposta protetora, reflexo de retirada ou reação de fuga frente a um estímulo nocivo. A dor pode também ser dividida em aguda, subaguda ou crônica. A aguda é produzida por estímulos constantes e intensos na superfície corpórea, sendo sua resposta a de luta ou fuga causada pelo aumento da secreção de glicocorticóides e ativação do sistema nervoso simpático, que aumentam transitoriamente o limiar da dor. A subaguda apresenta respostas adaptativas específicas, fazendo diminuição da atividade motora e hipoatividade, ocorre ainda indução da liberação de neuropeptídios e outras substâncias que geram UHVSRVWDVORFDLVGHQRPLQDGDVGH³LQIO DPDomR QHXURJrQLFD´RTXHDXPHQWDDLQIO DPDomRO RFDOHFRQVHTXHQWHPHQWH o processo de recuperação do tecido. Dor crônica também chamada de dor patológica pode durar de meses a anos e pode ser ocasionada por resposta psicológica (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). A transmissão da dor é realizada através de dois mecanismos. No primeiro deles as células liberam mensageiros químicos para a corrente sanguínea, no segundo há o desenvolvimento de células com prolongações que transferem a informação ao longo delas através de sinais elétricos (neurônios), porém, esses dois sistemas encontram-se correlacionados já que a informação nervosa é transformada em informação química nos transdutores neuroendócrinos. Os neurônios têm capacidade de transmitir informação à longa distância dependendo da sua capacidade de gerar mudanças de potencial, estas geradas através de correntes elétricas que passam pela membrana celular, DFHOHUD 79 essas correntes são geradas por íons como Na+, K+ (potássio), Cl- (cloro) e Ca2+ (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). Existem dois tipos de sinais utilizados pelos neurônios que são chamados de potenciais localizados e potenciais de ação. Os potenciais localizados são aqueles com alterações graduadas do potencial de membrana que só podem manter-se por curtas distâncias. Os potenciais de ação são conduzidos rapidamente através de longas distâncias (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). Assim que se tem uma lesão tecidual, o conteúdo das células é liberado, aumentando os níveis de substâncias alogênicas e inflamatórias que irão sensibilizar terminações nervosas, sendo o K+ um dos principais mediadores. Hidrogênio, histamina, bradicinina e óxido nitroso irão ativar células de defesa como mastócitos, macrófagos e linfócitos, ocasionando um processo inflamatório com ativação da via do ácido araquidônico, levando à produção de leucotrienos que ativam os nociceptores periféricos conduzindo então a dor (sopa sensibilizante), fazendo com que os nociceptores tenham um limiar reduzido e gerando resposta a estímulos de menor intensidade, mecanismo esse conhecido como hiperalgesia primária. Esse mecanismo isoladamente não parece ser responsável pela expansão da sensibilidade em outras regiões próximas a lesão. O aumento da sensibilidade da região da lesão onde não há alterações da sensibilidade nos nociceptores periféricos, mas apresentando hiperalgesia, pode ser explicada pela hipersensibilização central, que é a alteração da excitabilidade dos neurônios da medula espinhal causada por estímulos aferentes de longa duração. A dor pode ser bloqueada inibindo a transdução, ou seja, diminuindo a liberação de sustâncias 80 alogênicas ou inflamatórias ou com o uso de AINES, anestésicos locais ou opióides. A transmissão do impulso nervoso até o SNC pode ser inibida com anestésicos locais que bloqueiam esses impulsos. A modulação pode ser feita através da administração de opióides pela via sistêmica ou peridural, controlando a nocicepção de estímulos processados no corno dorsal da medula espinhal e a percepção que consiste em produzir menor consciência da dor, pode ser inibida empregando anestésicos gerais, opióides sistêmicos HDJRQLVWDVĮ -2 adrenérgicos (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). Existem situações em que se torna simples realizar o diagnóstico de dor, por exemplo, no pós-cirúrgico ou em pacientes com histórico de trauma. Também é possível prever a dor em pacientes com neoplasias e processos inflamatórios crônicos, porém, em contrapartida, existem inúmeros sinais vagos de dor que normalmente são mal expressados pelos nossos pacientes e/ou mal observados pelos clínicos. A dor pode levar a períodos de internamento maiores que o necessário e a complicações secundárias (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). De acordo com estudos recentes de saúde animal efetuado por técnicos do Canadá, Grã Bretanha, Austrália e África do Sul, os tratadores de animais doentes parecem administrar analgésicos com menor frequência em felinos que em caninos (MATHEUS, 2005 ap LEÃO et al, 2010). Tal fato pode ocorrer pela apreensão de alguns veterinários em administrar determinados analgésicos com possível toxicidade ou ainda, pela dificuldade de se reconhecer a dor, ou de observar FC, f e pressão sistólica que podem ou não estar aumentadas na presença de dor. Existem diferenças nas maneiras de expressar a dor entre indivíduos da mesma espécie e entre o mesmo 81 indivíduo durante toda sua vida. Na medicina humana, o diagnóstico de dor é feito pelo próprio paciente, sendo que ele quantifica a dor que está sentindo, na medicina veterinária o diagnóstico de dor é feito pelos próprios médicos veterinários ou seus responsáveis através da interpretação de possíveis sinais de dor que os animais possam estar demonstrando, fato que fica dificultado por muitos dos pacientes. Para minimizar esse problema foram propostas algumas escalas para reconhecimento e quantificação da dor, mas sempre se deve buscar o histórico da causa da dor uma vez que os sinais entre cada indivíduo podem variar muito. Não se deve subestimar a dor em um paciente, pois os mesmos podem ocultar os sinais dolorosos resquícios esses que ficaram da antiguidade, onde mostrar vulnerabilidade a predadores significaria sua morte (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). Algumas alterações fisiológicas são o aumento da FC, ritmos anormais no ECG, aumento da f e diminuição da produção de urina, a dor pode ser classificada com níveis de 1 a 5, sendo 1 as causas mais leves como feridas e cistites, chegando a 5, no caso de hérnias de disco, tumor ósseo e fraturas múltiplas (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). Os fármacos analgésicos devem estar presentes na terapia sempre que o paciente manifestar sinais de dor. O sucesso da terapia se deve ao reconhecimento do mecanismo pelo qual a dor se expressa, por exemplo, as dores inflamatórias concomitante a uma dor visceral necessitam de fármacos específicos para cada uma delas (LEÃO et al, 2010; OTERO, 2005). O conhecimento da farmacologia é indispensável para o sucesso no tratamento, entre os principais fármacos usados encontram-se os opióides, que podem ser agonistas puros (morfina e fentanil), agonistas antagonistas 82 (butorfanol), antagonistas (nalaxona) HDJRQLVWDVĮ[LO D]LQDPHWRPLGLQDH romifidina). Podem-se usar também as fenciclinas (cetamina e tiletamina), anestésicos locais (lidocaína, bupivacaina, mepivacaina, ropivacaina), AINES (cetoprofeno, carprofeno, meloxicam, flunexim meglumine) e anestésicos gerais (oxido nitroso e halogenados) (LEÃO et al, 2010). 3.3 RELATO DE CASO Paciente: Perninha Espécie: Canino Sexo: Macho Idade: não referida Raça: Pinscher Peso: 1,5 kg 3.3.1 Anamnese O paciente deu entrada na Clínica Escola de Medicina Veterinária de pequenos animais UTP ás 10:00 h, para consulta generalista. O responsável relatou que encontrou o paciente no dia anterior em uma rodovia, relatava que o paciente estava com fraturas em membros torácicos e dermatite. 3.3.2 Exame Físico No exame físico foi observado que o paciente estava com pulso fraco, mucosas hipocoradas e TPC 3 seg. Frente a estes parâmetros foi constatado 83 que se tratava de um paciente crítico. Sendo assim este foi encaminhado á sala de emergência para iniciar as manobras do ABC do trauma visando a estabilização do mesmo (FIGURA 13). FIGURA 13 ± MUCOSA ORAL DO PACIENTE PERNINHA FONTE: Miranda, 2010. 3.3.3 Terapia Emergencial A terapia emergencial teve início com uma rápida suplementação de O2 com um volume de 1L/min por tenda de O2. Obteve-se um acesso venoso através da veia jugular. Foi realizado teste tegumentar (onde apresentou desidratação) iniciado fluidoterapia com (NaCl 0,9%) No exame fisico encontra-se FC de 40 bpm (bradicardia), temperatura de 27,6°C (hipotermia). O paciente foi colocado em monitoramento com ECG e de PA por método oscilométrico e temperatura contínua (QUADRO 1). 84 QUADRO 1 ± 1° PARTE DO MONITORAMENTO DO PACIENTE HORA 10:50 11:15 FC 80 40 TEMPERATURA 27.6°C - FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. Frente a este quadro as manobras de emergência para a estabilização do paciente foram instauradas, com aquecimento com bolsa de água quente (FIGURA 14), administração de sulfato de atropina pela via intravenosa (IV) dose de 0,044mg/kg no intuito de reverter a bradicardia, dopamina IV na dose de 10 µg/kg/min (microgramas por kilo por minuto) instituída com a finalidade de reverter à hipotensão e realizado cálculo para fluidoterapia perante uma desidratação de 10% (15 ml/hora) paciente continuava em monitoramento conforme quadro 2. FIGURA 14 ± PACIENTE DURANTE ESTABILIZAÇÃO SECUNDARIA FONTE: Miranda, 2010. QUADRO 2 ± 2° PARTE DA MONITORAÇÃO DO PACIENTE 85 HORA 11:20 11:30 11:45 11:55 FC 60 bpm 60 bpm 51bpm 50 bpm TEMPERATURA 29.6°C 30.1°C 31.9°C 32.8°C Fr - - - 20 mpm* PAM - - - 42 mm/Hg * movimentos por minuto FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. As 12h15min foi coleta do sangue pela veia auricular para realização de exames de glicemia e lactato sérico (QUADRO 3). Frente à constatação de hipoglicemia iniciou-se a suplementação de glicose 50% VO. Realizado sondagem vesical com luvas de procedimento e imobilização externa com tala de Robert Jones para as fraturas da porção medial dos membros torácicos (FIGURA 15). Foi observado também que o animal se encontrava com pulso jugular positivo. QUADRO 3 ± 3° PARTE DO MONITORAMENTO DO PACIENTE VALORES VALORES DE REFERÊNCIA GLICEMIA 17 mg/dL 60 ± 100 mg/Dl LACTATO 1.1mmol/L* 0.5 ± 2 mmol/L * milimol por litro FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. 86 FIGURA 15 ± PACIENTE COM SONDAGEM VESICAL FONTE: Miranda, 2010. Foi realizada uma nova coleta de sangue ao 12h50min para verificar novamente a glicemia e hematócrito que estava 7% (valor de referência: 37% ± 55%), desta vez pela veia jugular direita conforme dados referido no quadro 4. Visando a analgesia foi administrado tramadol pela via intramuscular (IM) na dose de 2mg/kg, novamente suplementou-se glicose 50% diluída em NaCl 0,9%, IV. QUADRO 4 ± ÚLTIMA PARTE DA MONITORAÇÃO DO PACIENTE HORA 12:30 12:50 FC 55 - TEMPERATURA 34.9 35.9 f - 12 PAM 45 50 GLICEMIA - 37 87 FONTE: Clínica Escola de Medicina Veterinária de Pequenos Animais UTP, 2010. Por volta de 15:00h deu-se início à monitoração da PVC que se apresentava abaixo de 0 cmH2O (valor de referência 0 ± 10 cmH2O). Já as 16:00h foi realizado a monitoração de PA pelo método indireto com Doppler, constatado hipertensão (pressão sistólica 220 mm/Hg), Ás 17:30h foi diagnosticado que o paciente se encontrava com babesiose por visualização direta de esfregaço saguineo sendo assim iniciado transfusão sanguínea sem teste de prova cruzada e sem tipagem sanguínea, sendo o cálculo realizado pela formula peso X 90 X hematócrito desejado ± hematócrito do receptor / hematócrito do doado, após a transfusão o paciente foi indicado pela médica responsável para internamento em uma clínica 24 horas, porém o responsável se recusou preferindo levar o paciente para casa, o qual entrou em óbito na madrugada seguinte. 3.4 DISCUSSÃO Conforme cita Crowe (2009) um ponto chave para atender o paciente crítico é a prontidão da equipe e a identificação do quadro clínico emergencial desse paciente. No caso do paciente relatado houve um pequeno atraso na sala de espera devido à falta de reconhecimento da equipe da recepção perceber que se tratava de um paciente crítico. Atualmente já se usa além do ABC as letras D e E para estabilização primária do paciente crítico. Considerando que a letra D significa deficiência 88 onde deve ser investigado o estado mental do paciente, e a letra E avaliação externa do paciente (Crowe 2009; Hackett, 2009; Knippe, 2009), neste caso seria interessante terem sido levados em consideração as letras D e E, pois poderia ter sido reconhecido melhor o estado mental do paciente e seu estado externo para assim ter um prognóstico inicial. E assim podendo antecipar as recomendações de cuidados intensivos prolongados, e dando uma idéia de custos gerais ao proprietário para a melhora do paciente, aumentando as chances de aceitação do proprietário A hipotensão iatrogênica pode ter sido precipitada pala avaliação da PA por métodos pouco fidedignos, visto que a aferição com o auxilio do Doppler vascular indicou hipertensão, ao mesmo tempo que a aferição de normotensão pelo método oscilométrico. E logo em seguida a constatação da hipertensão o paciente não recebeu nenhum tratamento para a correção da mesma. A hidratação está relacionada à quantidade de líquido intersticial do paciente, há avaliação da hidratação pode ser feita pelo exame de turgor da pele, porém devemos ser cautelosos sobre a quantidade de líquido no espaço extra vascular, pois este não contribui para a circulação (Hackett, 2009), sendo assim apenas o teste de hidratação para reposição de fluidoterapia pode ser considerado insuficiente, pois nenhum teste para identificar uma possível hipovolemia foi realizado. Após o início da monitoração da PVC (a qual estava com valores inferiores ao fisiológico) constatou ainda uma hipovolemia, provavelmente não corrigida pela fluidoterapia realizada até o momento. A glicose é uma fonte de energia para o SNC sendo o qual tem capacidade mínima de utilizar outros substratos para obter energia, portanto o 89 cérebro depende de um fluxo constante de glicemia. O tratamento inicial da hipoglicemia é realizado pela via IV, mas no caso de ausência desta pode-se suplementar pela VO utilizando xaropes ou mel (Koenig, 2009), já que o paciente encontrava-se com um acesso venoso poderia ter sido realizado o tratamento inicial para hipoglicemia IV ao invés de VO como foi utilizado, no exame posterior de dosagem da glicemia se constatou que o paciente ainda estava hipoglicêmico, acredito que pela ineficácia de suplementação VO de glicose. Segundo Otero (2007) fratura do membro torácico ocasiona dor intensa e são os pacientes que se encontram entre os graus mais altos da escala de dor, o mais adequado para esses pacientes é associação de opioídes e AINES. Sendo o tramadol um agonista µ sintético de pouca potência e seus efeitos incrementados por diversos mecanismos, este não tendo uma eficácia analgésica adequada para dor intensa como no caso referido onde o paciente apresentou fratura de membros anteriores, conforme o mesmo autor cita em sua literatura o mais adequado seria o uso de um opióide mais potente como a morfina associado à cetoprofeno. Conforme Giger (2009) nem todo o paciente com anemia crônica necessitará de transfusão sanguínea apesar de um hematócrito baixo mesmo abaixo de 10% além das complicações imediatas e tardias inerentes á transfusão, sendo recomendadas com cautela ao após esgotadas todas as alternativas. Alguns fatores como normopnéia e níveis de lactato sérico normais poderiam embasar a decisão de não transfundir antes de uma estabilização mais concreta e duradoura. 90 Segundo Ávila, et al 2008 a sondagem vesical em sistema fechado deve se realizar anti-sepsia da entrada do canal da uretra, sempre utilizar luvas estéril. Confrontando então a técnica utilizada no paciente relatado. O qual foi apenas realizado com luvas de procedimento. Ainda segundo (Patricio, Yamamoto, 2008) todo paciente critico sem a devida nutrição pode estar imunossupremido aumentando assim então as chances de uma contaminação pela técnica utilizada. 4 CONCLUSÃO O estágio obrigatório é uma ótima oportunidade de colocar em prática toda a vivência teórica durante o período acadêmico, trabalhando em equipe e participando das decisões tomadas sendo de grande importância para o acadêmico. A abordagem inicial do paciente crítico e multifatorial, extensa e complexa, sendo assim, em muitos tópicos deste levantamento bibliográfico foram restringidos a informações básicas, com a intenção de não tornar o presente trabalho demasiadamente extenso e maçante, não havendo pretensão de exaurir o tema, mas, contudo destacar os principais tópicos que devem ser primordialmente considerados quando estar-se diante de um paciente nas mesmas condições do caso em foco. 91 Dentre tais prioridades destacou se o ABC do trauma, triagem do paciente crítico, prontidão da equipe os quais são essenciais para a estabilização primária do paciente crítico e emergencial, visando obtenção do sucesso na terapia de emergência. A relevância do tema se dá em virtude de que, na atualidade da medicina veterinária brasileira, em casos práticos, evidência se pouco conhecimento entre clínicos sobre terapia de emergência e estabilização primária, aumentando a mortalidade de pacientes críticos em nosso país quando comparada a países desenvolvidos e que vem há vários anos utilizados protocolos de emergência muito bem definidos e claros. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÁVILA, el al. Monitoração da resposta a Fluidoterapia: Debito Urinário e Pressão Venosa Central . In: SANTOS, Mario Marcondes e, e FRAGATA, Fernanda da Silva. Emergência e Terapia Intensiva Veterinária em Pequenos Animais. 1 ed. São Paulo: Roca, 2008. 92 BARTON, Linda. Daily Assessment of the Critically Ill Patient In: SILVERSTEIN, Debora C e HOPPER, Kate. Small Animal Critical Care Medicine. 1 ed. St. Louis, Missouri: Saunders, 2009 BROW, Scot. Hypertensive Crisis In: SILVERSTEIN, Debora C e HOPPER, Kate. Small Animal Critical Care Medicine. 1 ed. 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