OS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES NA REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ Letícia Król Santos (Aluna do curso de Geografia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, campus de Irati-PR, bolsista BIC-Unicentro, membro do Gepes – Grupo de pesquisas espaciais sobre a dinâmica política, econômica e social). Prof. Dr. Roberto França da Silva Junior (Departamento de Geografia da Unicentro, campus de Irati-PR, líder do Gepes) Historicamente as comunicações são responsáveis pelas interações espaciais mais significativas entre os homens, proporcionando o alargamento do ecúmeno em função das possibilidades de ocupação do espaço, trocas de mercadorias e fluxos de pessoas. Há de se ressaltar que estamos tratando da circulação, pois, até a invenção e disseminação do telégrafo (segunda metade do século XIX), afora formas tribais de comunicação a distância (prefixo tele) como o uso da fumaça e o som tambores, o ato de comunicar se realizava no ato de circular. Henri Pirenne (1966), por exemplo, atesta que a circulação foi um dos fatos capitais para a decomposição da ordem feudal e para a emergência de uma classe capitalista no fim do período de expansão medieval, entre os séculos XIV e XV. O comércio de longa distância pelo mar e por grandes rotas terrestres, a expansão das feiras, a importância das ligas de comércio e o aumento do crédito no período medieval proporcionaram o alicerce para o desenvolvimento de novas práticas espaciais (econômicas, políticas e sociais) que culminaria com a industrialização e a urbanização (dois dos principais sedimentos do capitalismo). Atualmente, a circulação ganha ainda mais vulto com as tecnologias da informação e das comunicações (TIC), podendo enquadrá-la no sistema de comunicações em tempo real. Segundo Mattelart (2002), este sistema determina a “estrutura de organização do planeta”. Da “aldeia global” de Marshall McLuhan (1967) ao “fim da geografia” (Paul Virilio), várias metáforas foram elaboradas para expressar esta “situação de encurtamento abrupto” das distâncias-tempo. No atual paradigma da circulação, denominado logístico-telemático (SILVA JUNIOR, 2009), as telecomunicações formam redes mundiais visando sempre o aumento de velocidade de transmissão dos dados e informações, elevando a espessura dos sistemas de objetos por meio da progressiva inovação técnica. No entanto, a partir do exercício de articulação de escalas geográficas, verifica-se um desenvolvimento desigual das técnicas de circulação no mundo, tanto em densidade quanto em qualidade dos sistemas. No Brasil, os sistemas de telecomunicações também começaram a ser constituídos no século XIX, mas se desenvolveram de modo lento, comparativamente aos países centrais, mas possibilitaram a ocupação do território e a ligação mais estreita com o exterior. Além disso, a sua realização criou uma nova forma de domínio e controle do território, a partir da técnica e da ciência aplicada para obtenção de maior velocidade dos fluxos imateriais. Todavia, até 1969, as telecomunicações brasileiras se realizavam por meio de ondas curtas e cabos submarinos de baixa capacidade de transmissão. Hoje, apesar de algumas limitações frente aos países centrais, o Brasil dispõe de um considerável aparato técnico para a realização das telecomunicações, mas o território ainda apresenta diversas áreas em que os sistemas de telecomunicações não estão plenamente desenvolvidos. Este é o caso da microrregião Centro-Sul do Paraná, uma das regiões mais pobres deste Estado e que possui sérias limitações técnicas, onde a deficiência das telecomunicações é um dos reflexos do processo de desenvolvimento desigual e consequente divisão territorial do trabalho. A partir deste Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicações no território brasileiro, cabe analisar a implantação das telecomunicações na Região Centro-Sul do Paraná, tendo como recorte espacial as cidades de Irati e Rebouças, com base no desenvolvimento das infraestruturas implantadas e o seu grau de desenvolvimento em relação ao território brasileiro. Para tanto, estamos buscando dados e informações referentes a telefones fixos, telefones celulares, internet (banda larga e discada) etc. A China, em 2008, possuía 341 milhões de telefones fixos, ocupando a primeira colocação, seguida dos Estados Unidos com 150 milhões. Em 2008, o Brasil estava em sexto lugar com 41.141 milhões de telefones fixos (TELECO, 2009). No ano de 2007, o Paraná possuía 2.467 milhões de telefones fixos, sendo 1.512 em Rebouças e 11.425 em Irati (IBGE, 2009). Em 2009, existiam 4,5 bilhões de celulares no mundo, onde 174 milhões encontram-se no Brasil, sendo 7 milhões com Tecnologia 3G (TELECO, 2009), porém, na região Centro-Sul do Paraná não há cobertura, diferentemente de centros próximos como Ponta Grossa. Esta pesquisa está no início, sendo necessária uma pesquisa empírica mais aprofundada tanto do ponto de vista histórico, quanto do ponto de vista dos dados mais recentes, demonstrando o quão defasado estágio se encontra a região Centro-Sul em relação à outras regiões do Paraná, entre outras informações relevantes para a compreensão dos sistemas de objetos e dos sistemas de ações, o estágio das técnicas e a problemática do período logístico-telemático. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2