PERFIL DE USO DE MEDICAMENTOS EM PACIENTES INTERNADOS NO SETOR DE PEDIATRIA DE UM HOSPITAL DO SUL DE SANTA CATARINA Débora Motta Dal Bó Leguizamon1, Alessandra de Sá Soares2, Dayani Galato3 INTRODUÇÃO O uso de medicamentos sempre deve ser realizado de forma racional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2012) o uso racional de medicamentos ocorre quando os pacientes utilizam medicamentos adequados as suas necessidades clínicas, nas doses e tempos de tratamento adequados e no menor custo para os pacientes e para a sociedade. No entanto, só é possível que haja uso racional de medicamentos quando se há informações sobre a segurança e efetividade dos medicamentos (WHO, 2010). Desta forma, é necessário que os medicamentos sejam desenvolvidos e testados nos públicos a que se destinam. Sendo assim, o uso de medicamentos na pediatria torna-se um grande problema, pois existe atualmente uma grande quantidade de medicamentos sendo utilizados na pediatria sem terem sido suficientemente estudados neste público (DUARTE; FONSECA, 2008). Segundo Yewale e Dharmapalan (2012) cerca de 50 a 90% dos medicamentos utilizados na pediatria nunca foram estudados neste público. Este fato fomenta a utilização de medicamentos considerados inapropriados nesta faixa etária, seja em ambiente ambulatorial (DUARTE; FONSECA, 2008; WHO, 2010; GALATO et al, 2011), seja em ambiente hospitalar (WHO, 2010). OBJETIVOS O objetivo do presente estudo foi determinar o perfil de uso de medicamentos no setor de pediatria de um hospital do Sul de Santa Catarina. _____________________ 1 Acadêmico de Farmácia da Unisul. Bolsista do PUIC. Professora do Curso de Farmácia da Unisul. 3 Professora do Curso de Farmácia e do Programa de Mestrado em Ciências da Saúde. Núcleo de pesquisa em Atenção Farmacêutica e Estudos de Utilização de Medicamentos (NAFEUM). E-mail: [email protected] 2 MÉTODOS Trata-se de um estudo epidemiológico de delineamento transversal adotando-se a técnica de análise documental de prontuários de crianças internadas no hospital no ano de 2012. O trabalho foi desenvolvido no setor de pediatria do Hospital Nossa Senhora da Conceição. Para o cálculo de amostra será levantado o número de pacientes de zero a 12 anos de idade internados neste setor no ano de 2011. Posteriormente, com base nesta informação e adotando-se um erro de 5%, uma prevalência estimada de uso inadequado de medicamentos de 50% (maximiza a amostra) e um nível de confiança de 95% será possível calcular a amostra mínima para compor este estudo. Como critério de inclusão na pesquisa será adotado ser paciente com idade até 12 anos de idade e ter sido internado no hospital no período da pesquisa. Para a pesquisa será adotado um instrumento de coleta de dados onde serão registrados as informações referentes à criança (idade e sexo), sobre o perfil nosológico (motivo da internação) e uso de medicamentos (medicamentos e via de administração). Os medicamentos identificados serão analisados de acordo com o primeiro nível da classificação anatomic Therapeutic Chemical (ATC). O instrumento desenvolvido foi incialmente testado. Os dados coletados foram organizados em um banco de dados no programa EpiData e analisados no Programa EpiInfo e no SPSS 19.0. As variáveis quantitativas foram analisadas através da amplitude, medida de tendência central e de dispersão. As variáveis qualitativas foram determinadas em frequências absolutas e relativas. Este trabalho foi construído de acordo com as recomendações da Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde sendo submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Unisul (Código 12.299.4.03.11). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisados os prontuários de 215 crianças que estiveram internadas entre 1 e 99 (6,8±10,0) dias. A idade das mesmas variou de zero a 168 (42,4±47,1) meses. A maioria (51,6%) era do sexo masculino. Os problemas respiratórios, cirurgias, prematuridade e transtornos gastrointestinais foram os principais motivos de internação. O número de medicamentos por crianças variou de zero a 24, tendo como média 5,7 (±4,6) medicamentos. Das crianças, 51,2% foram expostas a cinco ou mais diferentes medicamentos durante o período de internação. A via de administração de quase metade dos medicamentos prescritos foi a parenteral (48,8%), seguida das vias oral (25,1%), inalatória (14,9%) e tópica (7,8%). Os 1208 medicamentos analisados, pertenciam em especial aos grupos anatômicos relacionados ao Sistema Nervoso (35,5%), seguido do alimentar e metabólico (13,6%), respiratório (10,9%) e anti-infecciosos de uso sistêmico (9,9%). As principais classes terapêuticas adotadas foram medicamentos analgésicos (19,8%), anestésicos (11,9%), para as doenças obstrutivas das vias aéreas (10,5%), antibacterianos de uso sistêmico (9,8%), para desordens gastrointestinais (6,4%), corticoides de uso sistêmico (5,5%). CONCLUSÕES O perfil de uso de medicamentos em ambientes hospitalar difere bastante daquele em uso em ambiente ambulatorial, tanto na quantidade, quanto na via de administração e classes farmacoterapêutica. É necessário avaliar as doses administradas e a indicação de uso nesta faixa etária (uso off label). REFERÊNCIAS DUARTE, D; FONSECA, H. Melhores medicamentos em pediatria. Acta pediátrica portuguesa, v.39, n. 1, p. 17-22, 2008. GALATO, D.; OTTERSBACH, F.; PEREIRA, D.C.; MEDEIROS, F.; SCHUELTERTREVISOL, F. Prescrições pediátricas em uma Unidade Básica de Saúde do Sul de Santa Catarina: Avaliação do uso de antibacterianos. Pediatria Moderna. v. XLVIII, p.186-191, 2011. YEWALE. V.N.; DHARMAPALAN, D. Promoting appropriate use of drug in clidren. International Journal of Pediatrics., 2012. Available of: http://www.hindawi.com/journals/ijped/2012/906570/ Accessed: May 31, 2012. WHO, Medicines: medicines for children. Fact Sheet 341, World Health Organization, Geneva, Switzerland, 2010. Fomento: Programa Unisul de Iniciação científica - PUIC