Tema 15_Brasil Colônia_Pau Brasil, Ciclo do Açucar e Invasões

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BRASIL COLÔNIA: PAU BRASIL, CICLO DO AÇÚCAR E INVASÕES
CONTEÚDOS

Período de abandono e o escambo de pau-brasil

Colonização do Brasil e as Capitanias Hereditárias

O Pacto Colonial

Ciclo do açúcar

A mão de obra escrava

Os jesuítas, a catequese e a educação colonial

Invasões estrangeiras
AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS
Retomando o contexto das Grandes Navegações, relembre que após a assinatura
do Tratado de Tordesilhas que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha em 1494, o Brasil
foi oficialmente descoberto por Pedro Alvares Cabral em 1500.
Figura 1 – O Tratado de Tordesilhas de 1494
Fonte: Fundação Bradesco
Período de abandono e o escambo de pau-brasil
No início do século 16, os espanhóis encontraram ouro e prata em abundância, na
parte da América que os pertencia, ou seja, nos domínios dos Incas e Astecas. Esse fato
fez com que eles se dedicassem quase que imediatamente a conquista e a colonização
dessas áreas, abandonando o comércio das especiarias.
Por outro lado, as primeiras expedições portuguesas que vieram para a América,
explorar as riquezas naturais do Brasil (1500-1504), não encontraram ouro, prata ou pedras
preciosas. Na época o único recurso que os portugueses identificaram como uma possível
fonte de renda foi o pau-brasil (madeira de cor avermelhada utilizada para a produção de
móveis e, também, para tingir tecidos).
Vale destacar que quando comparado ao comércio das especiarias do oriente, o
pau-brasil era bem menos lucrativo. Assim, a falta de um produto capaz de gerar lucro, que
superasse os ganhos com os produtos trazidos das Índias, fez com que os portugueses
deixassem o território brasileiro abandonado por aproximadamente 34 anos (1500-1534).
Figura 2 - Mapa Terra Brasilis de 1519 que retrata a exploração do pau-brasil
Fonte: Wikimedia Commons
Nesse período, em que não houve a colonização efetiva do Brasil, nosso território
foi visitado por algumas expedições da coroa portuguesa, chamadas de “Guarda Costas”
(1516-1520), que tinham a finalidade de expulsar piratas e as povoações de outras nações
que tentavam se fixar no território brasileiro.
Alguns comerciantes portugueses também aportavam em terras brasileiras, em
expedições privadas, para extrair o pau-brasil. Para isso, eles exploravam a mão de obra
do indígena por meio do escambo (troca da madeira por objetos que não tinham grande
valor para os europeus, como por exemplo, espelhos, facas, cachaça e fumo).
Apesar da presença lusitana no Brasil, em nenhum dos casos houve uma ocupação
efetiva do território, ou seja, essas expedições vinham para a América temporariamente, e
não fixavam-se nesse território, não havendo, portanto, uma colonização.
Colonização do Brasil e as Capitanias Hereditárias
Países como Inglaterra, França e Holanda começam a sua expansão marítima
tardiamente e, por isso, todas as terras da América já pertenciam a Portugal e a Espanha.
Desse modo, para que esses países que foram excluídos da partilha do Novo Mundo,
conseguirem fixar suas colônias, era necessário invadir e conquistar essas áreas que
pertenciam aos países ibéricos.
As áreas que encontravam-se abandonadas, como era o caso do Brasil e do norte
da América, passaram a ser invadidas, uma vez que demandariam de um esforço menor
para se consolidar a ocupação. Para não perder parte do território brasileiro para essas
nações que estavam invadindo o Brasil, Portugal decidiu construir fortes pelo litoral e iniciar
a colonização de sua parte da América que havia sido determinada pelo Tratado de
Tordesilhas.
Figura 3 - Forte de Bertioga, um dos mais antigos e melhores preservados do Brasil
Fonte: Wikimedia Commons
A coroa portuguesa, para conseguir ocupar a maior parte possível das terras
brasileiras, precisava oferecer algum atrativo econômico para motivar os colonos lusitanos
a fixarem-se nesse território. Desse modo, surgiu a ideia de dividir o território em grandes
lotes que seriam distribuídos para a média nobreza (que passariam a ser os Capitães
Donatários) e sua posse só seria transferida de pai para filho, sendo proibida a venda
dessas terras. Nasceu, assim, as Capitanias Hereditárias do Brasil.
Figura 4 - Mapa das Capitanias Hereditárias
Fonte: Fundação Bradesco
O sistema de Capitanias Hereditárias, foi uma saída econômica para que a coroa
portuguesa pudesse colonizar o Brasil com poucos gastos, pois, ela transferia os custos da
colonização para a iniciativa privada, ou seja, caberia ao capitão donatário investir seu
capital para construir seu engenho e fazer a defesa das terras recebidas. Por outro lado, o
rei lucraria com os tributos cobrados sobre os gêneros agrícolas produzidos no Brasil que
eram exportados para Portugal.
No Brasil, esses donatários poderiam dividir sua capitania em grandes lotes
chamados de sesmarias (que eram latifúndios) redistribuindo algumas dessas terras a
outros colonos que quisessem investir seu capital na construção de um engenho no Brasil.
Vale lembrar que todos esses senhores de engenho, que recebiam a sesmaria do capitão
donatário, passaria a dever obediência a ele, assim como teriam que pagar a ele os tributos
que eram repassados a metrópole portuguesa, ou seja, politicamente a colônia tinha um
governo descentralizado, onde o Capitão Donatário reportava-se diretamente ao rei.
O Pacto Colonial
O Brasil foi pensado, desde o início da sua colonização como uma colônia de
exploração, ou seja, um território que deveria gerar riquezas para a sua metrópole. Dessa
forma, toda a estrutura colonial montada pelos portugueses visava a extração do máximo
de riquezas possível, sem que para isso fosse necessário fazer grandes investimentos de
infraestrutura.
Nesse contexto, a coroa portuguesa, com o intuito de garantir sua exclusividade
sobre o comércio colonial brasileiro, impôs o Pacto Colonial que determinava que todos os
produtos e riquezas naturais que fossem gerados pela colônia (Brasil), deveriam
obrigatoriamente serem vendidas à metrópole (Portugal). Da mesma forma, o Brasil
compraria todos os produtos que precisavam ser importados, para atenderem as
necessidades de consumo dos colonos, exclusivamente de Portugal.
Mesmo com a estreita aliança entre Portugal e Holanda, o monopólio português era
respeitado. Assim, a Holanda poderia financiar as safras, emprestando dinheiro à juros para
os senhores de engenho; poderiam transportar o excedente de açúcar produzido que os
navios portugueses não tivessem condição de levar e, também, refinar e distribuir esse
excedente, mas não poderia comercializar diretamente com o Brasil.
Os produtos que a metrópole não produzia, eram importados pelos portugueses e
depois vendidos para o Brasil. Por exemplo, anos mais tarde, com o rompimento da aliança
entre Portugal e Holanda e a assinatura do Tratado de Methuen, em que Portugal exportava
vinho e importava tecido da Inglaterra, os produtos ingleses passaram a chegar no Brasil,
mas sempre pelas mãos dos portugueses. Dessa forma a colônia não poderia comprar
diretamente dos ingleses, os portugueses tornavam-se os atravessadores dessas
mercadorias e garantiam o seu lucro sobre esse comércio de produtos que não era de
fabricação lusitana.
Figura 5 - Esquema que representa o Pacto Colonial
Fonte: Fundação Bradesco
Curiosidade: Como o vinho era um dos maiores produtos de exportação da economia
portuguesa, assim, para evitar a concorrência, proibiu-se o plantio de uvas no Brasil.
Dessa forma, os colonos brasileiros seriam obrigados a consumir o vinho fabricado pela
metrópole ao invés de produzi-lo em seus engenhos. Em síntese a colônia só estaria
autorizada a produzir o que a metrópole precisasse e não tivesse condição de fazê-lo.
Ciclo do açúcar
A escolha do açúcar como o produto que deveria ser cultivado em solo brasileiro
durante a colonização, não foi feita ao acaso. Na verdade, ele era extremamente raro na
Europa e, por isso, seria capaz de gerar elevados lucros a Portugal. Um outro fator
econômico que se deve levar em consideração é que o lucro das especiarias começou a
diminuir nesse período e, por isso, produzir o açúcar em larga escala no Brasil poderia
garantir que os ganhos da coroa portuguesa não fossem abalados.
O clima tropical, o solo de massapé e as terras abundantes eram elementos naturais
que faziam do Brasil um território propício para o cultivo da cana-de-açúcar. Além disso, a
experiência que os portugueses adquiriram produzindo o açúcar na ilha da Madeira, davalhes a certeza de que esse plantio era o adequado para se promover a exploração
econômica da colônia brasileira.
Figura 6 - Engenho do Pernambuco pintado por Frans Post no século 17
Fonte: Wikimedia Commons
Nesse contexto, surgiu os engenhos de açúcar, construídos nas sesmarias de cada
uma das Capitanias Hereditárias do Brasil, de modo que fosse possível organizar no interior
deles uma estrutura responsável pelo plantio da cana, colheita, moagem e fabricação dos
torrões de açúcar, que seriam exportados para a metrópole onde seriam refinados e
comercializados. Assim, os colonos acabaram adotando o sistema de Plantation que era
estruturado na grande propriedade (latifúndio), produzindo apenas cana-de-açúcar
(monocultura), voltada para mercado externo (exclusivo comercial com a metrópole) e com
a utilização de mão de obra barata (escrava).
Por séculos, essa estrutura de produção açucareira de uma colônia de exploração
se manteve sem grandes alterações. Mas, no ano de 1548, numa tentativa de centralizar
as decisões na colônia, o rei de Portugal decidiu criar o Governo Geral. Esse governo,
conseguiu ter pouca força de atuação frente o poder dos grandes senhores de engenho,
tornando-se pouco eficiente. Por essa razão, em 1621 ele foi dividido em dois: o Estado do
Maranhão com a capital em Salvador e o Estado do Brasil com a Capital no Rio de Janeiro.
Vale destacar que durante todo esse período, onde houve essa tentativa de centralização
política da administração colonial, as Capitanias Hereditárias continuaram existindo e só
foram extintas em 1821 (um ano antes de se proclamar a independência do Brasil em 1822).
A mão de obra escrava
A escravidão é uma antiga forma de trabalho compulsória em que o ser humano é
reduzido ao status de coisa, de mera mercadoria, perdendo assim a sua liberdade. Na Idade
Antiga, esse tipo de exploração era comum e, mesmo depois de quase se extinguir na Idade
Média, retornou com força na Colonização da América pelos europeus, na Idade Moderna.
A vantagem econômica deste tipo de trabalho é muito maior do que a mera
exploração da força de trabalho não remunerada. O tráfico negreiro, por exemplo, é uma
atividade extremamente lucrativa, pois os negros eram capturados na África e vendidos a
baixo preço (muitas vezes a troco de fumo e cachaça) e depois eles eram vendidos por um
preço elevado na América como escravos.
Outro ponto vantajoso para os europeus utilizarem esse tipo de mão de obra é que
pelo tráfico negreiro, era possível deslocar de forma impositiva grandes continentes
populacionais para áreas que naturalmente não atrairiam a mão de obra livre e barata.
Figura 7 - Esquema do comércio triangular entre América Europa e África
Fonte: Fundação Bradesco
No Brasil, os escravos eram submetidos ao duro trabalho nas lavouras de cana-deaçúcar e no processo de sua fabricação nos engenhos. Eles não recebiam nenhuma
remuneração pelo seu trabalho além da alimentação e algumas vestimentas. Sempre que
os seus senhores julgassem necessário eram castigados com extrema violência. Os filhos
desses escravos eram de propriedade do senhor de engenho e comumente eram vendidos
na infância, de modo a afastá-los bem cedo da proteção materna.
Figura 8 - Escravo sendo punido (obra de Debret produzida no século 18)
Fonte: Wikimedia Commons
Em geral, a cultura do escravo era desvalorizada e até mesmo perseguida pelo seu
explorador e, por isso, esses grupos tentavam preservá-la por meio do sincretismo
(misturando a cultura afro a elementos da cultura portuguesa), como uma forma de
resistência a dominação que era capaz de lembra-los de suas raízes e da ideia de liberdade.
Por exemplo, a capoeira africana era considerada uma arte marcial de luta e defesa, por
isso, ela não apresentava a mesma ginga e musicalidade que se observa na capoeira
brasileira. A diferença, nesse caso, deu-se pelo fato dos escravos, no Brasil, precisarem
disfarçar a luta no formato de uma dança, para que não fossem punidos pelos seus feitores.
No campo religioso esse sincretismo também se deu, pois as religiões africanas foram
misturadas com algumas ideias do catolicismo e deram origem ao candomblé e à umbanda.
Alguns escravos conseguiam escapar dos engenhos, formando no interior da mata
do Brasil os quilombos, que era um agrupamento de escravos fugidos que se uniam para
trabalhar coletivamente e defendiam-se de possíveis ataques dos indígenas e dos brancos
que pretendiam os recapturar. Dos quilombos que se formaram nessa época o mais
conhecido foi Palmares que resistiu sob o comando de Zumbi a diversos ataques, tornandose um símbolo da resistência negra a escravidão.
Figura 9 - Zumbi dos Palmares (pintado por Antônio Parreiras no século 19)
Fonte: Wikimedia Commons
Curiosidade: Na África algumas tribos eram inimigas, no Brasil, os negros mantinham
essa rivalidade, o que os enfraqueciam pois não havia a união entre eles para combater
o seu opressor. Nos quilombos, geralmente se reproduzia a estrutura dos reinos africanos
e, por isso, não eram todos os negros que eram aceitos nessas comunidades. Dessa
forma, os negros quando fugiam dos engenhos, geralmente procuravam os quilombos da
sua etnia e nessas comunidades os descendentes das famílias nobres tinham privilégios.
Os jesuítas, a catequese e a educação colonial
A sociedade do Brasil colonial era patriarcal e organizava-se com base nos padrões
europeus. Esse fator, explica a grande influência que a Igreja Católica tinha sobre as
famílias e sua moral. A educação dos filhos dos mais ricos e poderosos senhores de
engenho eram, por exemplo, confiadas aos padres que os alfabetizavam, ensinavam a
matemática elementar, além de um pouco de filosofia, teologia e latim.
Vale lembrar que nesse mesmo período a Europa passou pelas reformas religiosas
e a Igreja Católica perdeu muitos fiéis para o protestantismo, daí a importância de investir
na catequização dos indígenas para transformar a América em um continente Católico.
Esse fator é uma das explicações sobre os reais motivos da Igreja Católica ser contra a
escravização dos indígenas.
Saiba mais: A única forma de escravidão indígena que era autorizada pela Igreja Católica
era a Guerra Justa, que consistia em aprisionar como escravos, os indígenas que
atacassem povoamentos portugueses sem nenhum motivo.
O problema é que muitos colonos capturavam os indígenas na selva e os escravizavam,
alegando que eles tinham sido capturados por meio da Guerra Justa. Esse fato, fez com
que as relações entre os grandes senhores de engenho e os padres Jesuítas da Igreja
Católica se tornassem meio conflituosas.
Os jesuítas, que se dedicavam a catequese dos indígenas, além impor sua religião
e cultura aos indígenas, também exploravam sua mão de obra, forçando-os a trabalhar nos
aldeamentos que eles criavam. Assim, os indígenas que foram dominados pela Igreja
Católica, não estavam isentos do trabalho pesado e dos castigos, que eram típicos dos
trabalhadores escravos dos engenhos.
Figura 10 - Padre José de Anchieta
Fonte: Wikimedia Commons
Para facilitar a comunicação, esses padres aprendiam as línguas indígenas como o
tupi e o guarani, como foi o caso do padre José de Anchieta que chegou a escrever uma
gramática com as regras ortográficas do tupi.
Invasões estrangeiras
A grande extensão territorial do litoral brasileiro era um grande problema para que
a coroa portuguesa organizasse a sua defesa. Mesmo com a ocupação das Capitanias
Hereditárias e a construção de fortes, muitas áreas acabavam ficando desprotegidas,
possibilitando a sua ocupação pelos países que não tinham colônias na América.
Os franceses, que por duas vezes tentaram ocupar terras brasileiras com a
finalidade de fundar uma colônia que servisse de entreposto comercial entre a França e a
América, é um bom exemplo desses ataques a costa brasileira.
Entre os anos de 1555 e 1560 eles ocuparam a região onde hoje está localizada a
cidade do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro (na época denominada de França
Antártica) e entre os anos de 1612 e 1615 eles ocuparam a região onde hoje está localizada
a cidade de São Luís no estado do Maranhão (na época denominada de França Equinocial).
Em ambos os casos os franceses estabeleceram um intenso comércio com os
povos indígenas e receberam nessas povoações muitos dissidentes religiosos e criminosos
que foram expulsos da França. Por outro lado, em consequência dos poucos recursos e
investimento da coroa francesa, essas povoações não conseguiram resistir aos ataques
das tropas portuguesas (lideradas principalmente pela elite local do Brasil), que os
expulsaram e recuperaram os territórios invadidos.
Já o caso da invasão holandesa do território brasileiro, foi um caso um pouco mais
complexo. A Holanda lucrava indiretamente com a produção açucareira do Brasil,
emprestando dinheiros para financiar a produção, transportando, refinando e distribuindo o
excedente de açúcar que os portugueses não tinham condições de fazer. Assim, pode-se
dizer que não havia motivos para realizar uma invasão.
Porém, com a morte do rei português D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir
(combate onde o monarca enfrentava com suas tropas os mouros muçulmanos do norte da
África) em 1578, uma crise de sucessão do trono português desencadeou-se. Como D.
Sebastião não tinha herdeiros diretos, o trono lusitano passou a ser comandado pelo seu
primo Felipe III, o rei da Espanha, dando origem a União das Coroas Ibéricas. Desse modo,
no momento que os espanhóis passaram a comandar Portugal e consequentemente o
Brasil que era sua colônia, a aliança comercial com a Holanda foi rompida.
Figura 11 - D. Sebastião, rei de Portugal
Fonte: Wikimedia Commons
Foi nesse momento, que a Holanda se sentiu prejudicada devido à perda dos seus
ganhos com o açúcar, que esse país decidiu invadir o território brasileiro, passando a
controlar as principais áreas produtoras desse gênero. Assim eles invadiram a Bahia entre
os anos de 1624 e 1625, quando foram expulsos pelas topas locais dos ricos senhores de
engenho que não admitiam perder seus territórios.
Anos mais tarde, em 1630 eles invadiram o Pernambuco e ocuparam a região até
1654. Nessa invasão os holandeses estavam melhor estruturados e resistiram aos ataques
das elites locais, garantindo sua permanência na região. Algumas mudanças significativas
foram feitas pelos holandeses que passaram a beneficiar os antigos colonos e senhores de
engenho, o que fez com que eles enfrentassem uma menor resistência dos brasileiros. A
criação da companhia das Índias Ocidentais, por exemplo, facilitava que os produtos
manufaturados da Europa, chegassem ao Brasil a um preço muito menor do que o praticado
pelos portugueses pelo Pacto Colonial.
Para administrar as áreas invadidas pelos holandeses no Pernambuco veio ao Brasil
o Conde Maurício de Nassau, que realizou diversas obras na cidade de Recife endireitando
ruas, drenando terrenos, construindo pontes, abrindo canais e erguendo imponentes
prédios públicos. No campo da cultura ele investiu em um observatório astronômico, na
construção de um zoológico e um jardim botânico, trouxe para o Brasil diversas companhias
de dança, óperas e exposições de arte. Na administração pública criou um sistema de
coleta de lixo, garantiu a liberdade de culto de todas as religiões e organizou uma brigada
que servia como corpo de bombeiros da cidade. Dessa forma, ele conseguiu fortalecer o
apoio dos brasileiros ao domínio holandês e atrair novos imigrantes que pretendiam, tentar
a sorte na América fugindo das guerras e das perseguições religiosas de seus países.
Figura 12 - Maurício de Nassau
Fonte: Wikimedia Commons
Com a morte do rei espanhol Felipe III, o trono ibérico passaria para seu filho Felipe
IV e, com isso, os portugueses conseguiram organizar-se para realizar a separação das
coroas, lançando D. João IV como o novo rei de Portugal. Essa disputa fez com que
Portugal recuperasse sua autonomia política e o controle de suas colônias. Assim ele pode
mandar tropas da marinha lusitana para expulsar os holandeses do Brasil.
Aproveitando-se das insatisfações de alguns senhores de engenho que tinham
grandes dívidas com os bancos holandeses e das críticas da população sobre os tributos e
taxas praticados por esses dominadores, o governo português articulou-se com a elite
brasileira para realizar um levante contra os holandeses que controlavam essa região do
nordeste brasileiro. Desse modo, tropas portuguesas associadas as tropas brasileiras foram
mobilizadas e geraram uma grande insurreição que ficou conhecida como Batalha de
Guararapes. Nela, elites locais e de outras regiões do Brasil lutaram com o apoio das tropas
vindas de Portugal e esse confronto foi decisivo para que os holandeses fossem
definitivamente expulsos do território brasileiro, que voltou ao comando de Portugal.
Figura 13 - Batalha dos Guararapes (Obra de Victor Meirelles do século 19)
Fonte: Wikimedia Commons
A consequência dessa expulsão, foi que os holandeses passaram a produzir açúcar
nas Antilhas, concorrendo com o açúcar brasileiro no mercado internacional. Esse fato, fez
com que o ciclo açucareiro entrasse em crise depois de praticamente dois séculos.
ATIVIDADES
1. Explique porque durante o período colonial os brasileiros eram obrigados a comprar os
produtos manufaturados de Portugal, mesmo que eles fossem mais caros.
2. Assinale a afirmação correta quanto ao tipo de colonização adotada pelos portugueses
para ocupar o Brasil a partir de 1524.
[ ] Colônia de exploração, por meio de latifúndios escravistas voltados ao mercado externo.
[ ] Colônia de povoamento, por meio de pequenas propriedades e comércio interno.
[ ] Colônia de metropolização, por meio da transferência da corte real o sul da América.
3. Observe a imagem e responda:
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o_no_Brasil#/media/File:Pelourinho.jpg>.
Acesso em: 31 mar. 2016. 15h.
Como eram as condições de trabalho dos escravos no Brasil Colonial?
4. (FUVEST-2010) Os primeiros jesuítas chegaram à Bahia com o governador-geral Tomé
de Sousa, em 1549, e em pouco tempo se espalharam por outras regiões da colônia,
permanecendo até sua expulsão, pelo governo de Portugal, em 1759. Sobre as ações dos
jesuítas nesse período, é correto afirmar que
a) criaram escolas de arte que foram responsáveis pelo desenvolvimento do barroco
mineiro.
b) defenderam os princípios humanistas e lutaram pelo reconhecimento dos direitos civis
dos nativos.
c) foram responsáveis pela educação dos filhos dos colonos, por meio da criação de
colégios secundários e escolas de “ler e escrever”.
d) causaram constantes atritos com os colonos por defenderem, esses religiosos, a
preservação das culturas indígenas.
e) formularam acordos políticos e diplomáticos que garantiram a incorporação da região
amazônica ao domínio português.
5. Pode-se dizer que a invasão holandesa dos territórios produtores de cana-de-açúcar no
nordeste e sua posterior expulsão foram motivadas respectivamente pelo(a)
a) envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e o atrito entre Maurício de Nassau e os
jesuítas da Igreja Católica.
b) participação da Holanda na economia do açúcar e o endividamento dos senhores de
engenho com a Companhia das Índias Ocidentais.
c) interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência nacionalista que não aceitava
o domínio de povos não portugueses.
d) tentativa da Holanda em monopolizar todo o comércio colonial Latino Americano e o fim
da dominação espanhola em Portugal.
e) a exclusão da Holanda do Tratado de Tordesilhas e o seu envolvimento na Guerra dos
100 anos contra a Inglaterra.
LEITURA COMPLEMENTAR
A mulher no mundo colonial
Ao falar da condição da mulher na sociedade colonial, vemos que diversas obras
apenas enfocam a supremacia determinada por uma sociedade de traço patriarcal. De fato,
grande parte das mulheres estava subordinada ao mando de seus pais e maridos. Muitos
documentos descreviam episódios de agressão, clausura e perseguição. No entanto,
devemos também revelar a participação das mulheres de outras formas que escapam da
lógica da dominação.
No período da economia aurífera, os centros urbanos coloniais foram
progressivamente tomados por estabelecimentos comerciais que abasteciam a população
local. Segundo recentes pesquisas realizadas pela historiadora brasileira Mary Del Priore,
uma farta documentação do século 18 indica que o número de mulheres envolvidas no
comércio era bastante significativo. No ano de 1776, o comércio de Vila Rica tinha setenta
por cento de seus estabelecimentos administrados por mulheres.
Alguns relatos reforçam outra perspectiva ao falarem dos casos de mulheres que
rompiam com a relação matrimonial e buscavam uma vida autônoma. Apesar de
moralmente marginalizadas, essas mulheres não deixavam de impressionar pelas
estratégias e ações que determinavam a sua sobrevivência em um mundo tomado pela
figura masculina. Não raro, a prostituição aparecia como uma forma de sobrevivência à
exclusão e à miséria.
No ambiente doméstico, também podemos ver que a influência feminina poder ser
vista no trato com a criadagem ou, até mesmo, na negociação de direitos e tarefas a serem
delegadas ou permitidas pelo marido. Além disso, relatos fantasiosos conferiam poder a
mulheres capazes de fabricar poções mágicas, invocar orações secretas, rogar pragas ou
determinar a cura de doentes. Sendo assim, vemos que o lugar da mulher no ambiente
colonial foi mais diverso do que talvez possamos pensar.
SOUSA, Rainer Gonçalves. A mulher no mundo colonial. Mundo Educação.
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/a-mulher-no-mundo-colonial.htm>.
Acesso em: 31 mar. 2016. 16h30min.
INDICAÇÕES
FUNDAÇÃO BRADESCO. Portal EJ@ - Microaula: A Questão Indígena. Disponível em:
<http://www.eja.educacao.org.br>. Acesso em: 31 mar. 2016. 10h.
FUNDAÇÃO BRADESCO. Portal EJ@ - Podcast: A Escravidão no Brasil. Disponível em:
<http://www.eja.educacao.org.br>. Acesso em: 31 mar. 2016. 9h.
FUNDAÇÃO BRADESCO. Portal EJ@ - Web aula: Brasil: períodos históricos e ciclos
econômicos. Disponível em: <http://www.eja.educacao.org.br>. Acesso em: 31 mar. 2016.
12h.
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Disponível
em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Ant%C3%B4nio_Parreiras_-_Zumbi_2.jpg>. Acesso em: 30 mar. 2016. 9h30min.
GABARITO
1. Comentário: O Pacto Colonial, que foi imposto pela metrópole portuguesa ao Brasil
colonial, determinava que todos os produtos gerados no território brasileiro eram
comercializados exclusivamente com Portugal, assim como, todos os produtos que o Brasil
importasse deveriam ser comprados dos portugueses. Dessa forma, a metrópole garantiria
o monopólio comercial sobre a sua colônia.
2. Comentário: O monarca português queria ocupar o território Brasileiro, transferindo o
ônus da colonização para a iniciativa privada. Para tanto ele precisava criar condições para
que a média nobreza se sentisse atraída à investir seus capitais na colônia. Desse modo,
o açúcar surge como uma solução capaz de gerar grandes lucros para a aqueles que se
dedicassem ao seu cultivo por meio da Plantation. Assim, a afirmativa correta é:
“Colônia de exploração, por meio de latifúndios escravistas voltados ao mercado externo”.
3. Comentário: Os escravos trabalhavam em péssimas condições nas lavouras de canade-açúcar e na produção dos engenhos. Sempre vigiados por um feitor que os cobrava
produtividade em um trabalho pesado e árduo, eles trabalhavam de sol a sol sem nenhum
direito a descanso ou folga. Sua alimentação era feita com base na farinha de mandioca
alguns legumes e as carnes pouco nobres, que eram rejeitadas pelos senhores de
engenho. Recebiam algumas peças de roupa que usavam até virarem trapos e dormiam
amontoados nas senzalas. Os escravos rebeldes ou que tentassem fugir, geralmente eram
punidos em locais públicos com severas surras de chicote.
4. Alternativa C.
Comentário: A educação formal na colônia era uma atribuição que ficava a cargo da Igreja
Católica. Assim, os padres jesuítas se dividiam entre a catequese dos indígenas e o
letramento dos filhos da elite. Aqueles senhores que pretendiam que seus filhos dessem
sequência ao estudo, além do ensino fundamental oferecido por esses religiosos, na época,
teriam que enviar esses jovens para a Europa, onde existiam as escolas secundárias e as
universidades.
5. Alternativa B.
Comentário: A questão aponta as motivações centrais para a invasão e a expulsão dos
holandeses no Brasil. No primeiro momento, mostra que com a União das Coroas Ibéricas
os holandeses teriam seus interesses ameaçados e, por isso, a invasão seria a única
alternativa viável para que seus investimentos e lucros com a economia açucareira do Brasil
não fossem perdidos. No segundo momento, mostra que a cobrança dos empréstimos
contraídos pelos senhores de engenho acabou por desestabilizar as relações entre os
colonos e a Companhia das Índias, motivando essa elite a reatar com Portugal para
expulsar os holandeses do Brasil.
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