LEVANTAMENTO DE INSETOS EM PLANTAS DANINHAS NA ENTRESSAFRA DO ALGODÃO EM CASSILÂNDIA E CHAPADÃO DO SUL. Nilton Cezar Bellizzi1, Gustavo Haralampidou da Costa Vieira2, Crébio José Ávila3, Eliomar Sérgio Veloso4, Ronaldo Luis Gonzaga5, Fabio da Silva Tosta6, Gustavo Luiz Mamoré Martins7, Murilo Buzzolo Teixeira8. (1) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, Rodovia MS 306 km 6.4, 79540-000 Cassilândia, MS e-mail: [email protected] (2) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, Rodovia MS 306 km 6.4, 79540000 Cassilândia, MS. (3)Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agropecuária do Oeste, Rodovia BR 163 km 253.6 – Trecho Dourados –Caarapó, 79804-970 Dourados, MS (4) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, Rodovia MS 306 km 6.4, 79540-000 Cassilândia, MS (5) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, Rodovia MS 306 km 6.4, 79540-000 Cassilândia, MS (6) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, Rodovia MS 306 km 6.4, 79540-000 Cassilândia, MS (7) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, Rodovia MS 306 km 6.4, 79540-000 Cassilândia, MS (8) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, Rodovia MS 306 km 6.4, 79540000Cassilândia, MS. RESUMO Este trabalho tem como premissa a investigação sobre locais de refúgio dos insetos durante a entressafra da cultura do algodão. Os experimentos têm sido conduzidos na UEMS, Unidade de Cassilândia e na Fazenda Catléia em Chapadão do Sul, ambas no Mato Grosso do Sul. Seis tipos de armadilhas são utilizadas neste projeto: rede entomológica; cone entomológico; armadilha de Malaise; armadilha luminosa; armadilha de solo; armadilha adesiva e bandeja d’água. As avaliações estão sendo realizadas semanalmente, onde os insetos coletados são contados, montados, etiquetados, identificados e depositados em uma coleção entomológica, que está armazenada na UEMS, Unidade de Cassilândia. Foram coletadas diversas ordens de insetos, com predominância para HemipteraHeteroptera e Coleoptera. Dos Hemipteras-Heteropteras, a espécie que mais se destacou foi o percevejo manchador, cujo gênero é Dysdercus. Dentro dos Coleopteros, dois insetos se destacam pelos seus danos e freqüência que têm sido observados, são eles: Diabrotica speciosa e Anthonomus grandis. A presença de bicudo (Anthonomus grandis) chamou a atenção, porque a lavoura mais próxima da Unidade se encontra a 90 km e este foi o primeiro ano de plantio de algodão nesta área. Foram coletados, em média, 3 bicudos adultos e 2 larvas em cada coleta. INTRODUÇÃO A cultura do algodoeiro é uma das mais importantes no Mato Grosso do Sul. Na Safra 1991/92 a área plantada era de 73.363 ha com uma produtividade média de 1.208 kg/ha. Hoje, 10 anos depois, o Mato Grosso juntamente com o Mato Grosso do Sul respondem por 84% da produção de algodão do Centro-Oeste e 73% da produção brasileira, com cerca de 370 mil ha plantados no Mato Grosso, com produtividade média de 3.375 kg/ha e cerca de 50 mil ha plantados no Mato Grosso do Sul, com produtividade média de 3.200 kg/ha. No Mato Grosso do Sul a região de Chapadão do Sul e Costa Rica é a maior produtora de algodão (Fontoura & Freire, 2001). Santos (1999) afirma que a planta de algodão é conhecida mundialmente como uma das mais sujeitas ao ataque de pragas, algumas delas bastante nocivas à cultura. O algodoeiro atrai e hospeda um complexo significativo de insetos e ácaros, os quais atacam raízes, caules, folhas, botões florais, maças e capulhos. Os danos provocados pelas pragas podem reduzir a produtividade, como também afetar diretamente certas características importantes das sementes e fibras, depreciando-as consideravelmente para a utilização comercial Frizzas (1998) realizando levantamento de insetos em plantas daninhas na entressafra das culturas da soja e do milho em Jaboticabal, encontrou durante a entressafra da soja as seguintes pragas dominantes: Diabrotica speciosa Germ., Lagria villosa Fabr., Paranapiacaba significata (Gahn.), Xerophloea sp., Scaphitopius sp., Alydus sp., Piezodorus guildinii West. e Thyanta perditor (Fabr) e os inimigos naturais encontrados são Cycloneda sanguinea (L.), Delphastus sp., Eriopis connexa (Germ.), Hyperaspis notata (Muls.), Goecoris sp., Polybia sp. e Chrysoperla externa (Hagen). Já durante a entressafra do milho, as pragas predominantes nas plantas daninhas são D. speciosa, L. villosa, P. significata, Bucephalogonia xanthophis (Berg), Diedrocephala continua Sakakibara & Cavichioli e Xerophloea sp. Os inimigos naturais são C. sanguinea, Delphastus sp. e Goecoris sp. Dos insetos coletados durante a entressafra da soja e do milho, a maioria são insetos-praga e destes, D. speciosa é a única espécie predominante em todas as plantas daninhas avaliadas. O manejo integrado de pragas não deve se encerrar quando o algodão for colhido, mas deve ser constante, pois mesmo com o aparecimento das plantas daninhas na área que foi plantado o algodão, deve haver um constante monitoramento dos locais de refugio para os insetos-praga e um estímulo para os locais de esconderijo e alimentação dos inimigos naturais das pragas. Este trabalho tem como premissa a investigação sobre os locais de refúgio dos insetos em plantas daninhas na entressafra da cultura do algodão, realizando uma análise faunística e um teste de preferência para indicar as espécies de plantas daninhas mais procuradas pelos insetos. MATERIAl E MÉTODOS A pesquisa está dividida em duas fases, uma durante a safra do algodão, onde a cultura foi implantada e observada a infestação de pragas. A segunda fase será após a colheita da cultura, quando estarão sendo instalando as armadilhas para serem monitorados as pragas quando elas não estão na cultura. Esta é a fase principal do projeto e estará se iniciando no final de julho. Os materiais e métodos abaixo descritos são um resumo das atividades, que já estão descritas no projeto inicial, mas que estarão sendo implantadas após a colheita do algodão. a) Locais de instalação: Os experimentos têm sido conduzidos em dois locais, um na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Unidade de Ensino de Cassilândia, cujas coordenadas geográficas: altitude de 471 m, 19o06’48” S de latitude e 51o44’03” W Gr.de longitude, apresentando um clima tropical com estação chuvosa no verão e seca no inverno. A segunda área instalada com o ensaio é a Fazenda Catléia em Chapadão do Sul, cujas coordenadas são altitude de 816 m, 18o46’47” S de latitude e 52o38’40” W Gr.de longitude, apresentando um clima tropical com estação chuvosa no verão e seca no inverno. Nesta primeira área, o plantio de algodão não era feito há pelo menos 5 anos, podendo ser considerado, teoricamente, como uma área isenta de insetos relacionados com a cultura do algodão. A área plantada com algodão na Unidade de Cassilândia foi de 2 ha com três cultivares: Ita 90, Delta Opal e CD 406. O experimento iniciou com o plantio do algodão em outubro de 2002. O segundo lugar de implantação é uma fazenda que cultiva algodão intensivamente em aproximadamente 5000 ha e possui uma algodoeira exclusivamente para beneficiamento do algodão. As cultivares ali instaladas são a FiberMax, Delta Opal, Ita 90 e BRS – Ipê. O experimento iniciou em junho de 2003. A colheita do algodão nas duas áreas foi iniciada em junho de 2003 e na Unidade de Ensino de Cassilândia a infestação de plantas daninhas será feita em área total. Já na Fazenda Catléia a infestação de plantas daninhas será conduzida em faixas com soqueiras iscas com 10 m de largura por 650 m, totalizando 0,65 ha em cada soqueira isca. Serão monitoradas 10 soqueiras iscas em toda a Fazenda Catléia. b) Herbário: Após a colheita do algodão as plantas daninhas invadiram as áreas e será confeccionado um herbário com as plantas daninhas encontradas em cada das áreas. As plantas deste herbário serão coletadas com raiz, caule, folhas e flores se ela for herbácea, caso seja arbustiva ou arbórea será coletado apenas caule, folhas e flores. Também serão coletados frutos das plantas daninhas, caso ocorram durante o experimento. Estes frutos serão colocados em uma carpoteca e analisados os danos causados por insetos adultos ou imaturos, procurando investigar se estes frutos são fontes de alimentação alternativa para os insetos associados a cultura do algodoeiro. Após a prensagem e secagem, este material ficará depositado na Unidade de Ensino de Cassilândia e servirá como fonte de comparação entre as áreas estudadas e inferência sobre a preferência de determinados insetos em relação a uma planta hospedeira. c) Armadilhas, avaliações e levantamentos de insetos: Seis tipos de armadilhas são utilizadas neste projeto, a saber, rede entomológica; cone entomológico; armadilha de Malaise; armadilha luminosa; armadilha de solo; armadilha adesiva e bandeja d’água. As avaliações estão sendo realizadas através da coleta dos insetos nas plantas daninhas, as quais são efetuadas semanalmente, no período da entressafra da cultura do algodão. d) Identificação, coleção e criação dos insetos: Os insetos coletados durante a safra do algodão têm sido identificados pelos pesquisadores do projeto. Os insetos coletados são separados, contados, montados, etiquetados e identificados em laboratório e depositados em uma coleção entomológica, a qual está armazenada na UEMS, Unidade de Ensino de Cassilândia. RESULTADOS E DISCUSSÃO O algodão foi plantado dia 16/01/03 na Unidade de Ensino de Cassilândia, germinando dia 21. Quando começou o levantamento de insetos o algodão estava com 109 DAE (Dias após germinação) e no estágio final de floração e início de maturação. Esta floração estava ocorrendo no seu ponteiro, tendo já maçãs em seu baixeiro. Foram feitos 10 pontos de amostra por dia, sendo que em cada amostra foi vistoriada 10 plantas e em cada amostra foi passada a rede entomológica, para que fossem coletados insetos voadores. Nos primeiros 30 dias da cultura foram feitas duas aplicações para controle de pulgão, lagartas e cigarrinha, utilizando os produtos Actara e Orthene. Estas aplicações foram necessárias, pois estes cultivares eram susceptíveis a viroses (transmitidas pelos pulgões e cigarrinhas). No dia 20 de Março foi feita a adubação de cobertura, utilizando cloreto de potássio e superfosfato simples, após esta adubação o algodoeiro começou a florescer. Foram coletados diversas ordens de insetos, com predominância para Hemíptera-Heteroptera e Coleóptera. Dos Hemípteras-Heteropteras, a espécie que mais se destacou foi o percevejo manchador, cujo gênero é Dysdercus. Dentro dos Coleópteros, dois insetos se destacam pelos seus danos e freqüência que tem sido observados, são eles: Diabrotica speciosa e Anthonomus grandis. A presença de bicudo (Anthonomus grandis) nos chamou a atenção, porque a lavoura mais próxima da Unidade se encontra a 90 km, no município de Chapadão do Sul e este foi o primeiro ano de plantio de algodão na nossa Unidade. Foram coletados, em média, 3 bicudos adultos e 2 larvas em cada coleta. Neste projeto não ocorreram problemas com lagartas, sendo que a que teve maior incidência foi à lagarta rosada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAZOLIN, M. Análise faunística de insetos coletados em armadilhas luminosa em seringueira no Acre. Piracicaba, 1991. 236p. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. FERRAZ, C. T. Situação do manejo de pragas na cultura do algodoeiro em Mato Grosso do Sul. In: DEGRANDE, P. E. Bicudo do algodoeiro: manejo integrado. Dourados: UFMS/EMBRAPA. CPAO, 1991. p.81-90. FONTOURA, J. U. G.; FREIRE, E. C. Algodão: tecnologia de produção. Dourados: EMBRAPA CPAO, 2001. 296p. FRIZZAS, M. R. Levantamento de insetos em plantas daninhas na entressafra das culturas da soja e do milho em Jaboticabal. Piracicaba, 1998. 102p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. GRAVENA, S. Estratégias e táticas do MIP algodoeiro no Brasil. In: FERNANDES, O. 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