64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 HORTO ESCOLAR DE PLANTAS MEDICINAIS COMO FERRAMENTA ETNOBOTÂNICA NO MUNICÍPIO DE RUSSAS, CEARÁ. 1 1 2 1 João de D. de O. Carmo *, Ana R. de O. Mano , Maria G. de F. Sousa , Samira B. Pinheiro , Diele K. da 1 1 Silva , Jocileuda O. dos Santos . 1 2 Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos – FAFIDAM/UECE (Universidade Estadual do Ceará), IFCE – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará. *[email protected] Introdução O horto escolar com plantas medicinais é um importante instrumento dentro das práticas pedagógicas, pois possibilita a criação de espaço de saúde, cidadania, aprendizagem e permite a conservação desse etnoconhecimento. Plantas medicinais são assim chamadas por apresentarem, por meio do uso popular e ou através de estudos científicos, propriedades curativas. O horto didático é uma unidade de referência de plantas bioativas catalogadas de acordo com a biodiversidade local, que serve pra orientar quanto classificação, identificação e uso [1]. A implantação de um horto medicinal permite ter as plantas mais indicadas para o tratamento de sintomas e doenças mais comuns e de menor gravidade, além da certeza da espécie que está sendo utilizada, e fornecimento de material fresco e de boa qualidade [2]. O horto de plantas medicinais consequentemente promove a conexão do saber científico com o saber popular valorizando esse etnoconhecimento. Assim, o objetivo deste trabalho foi implantar um horto escolar de plantas medicinais em uma escola pública no município de Russas, Ceará, com o intuito de auxiliar na conservação desse saber popular. Metodologia A montagem do horto de plantas medicinais aconteceu na Escola Municipal Maria Martins de Carvalho, município de Russas/CE, com 20 alunos do 6° ano do ensino fundamental, no período de fevereiro a abril de 2013. Para o desenvolvimento deste trabalho foram selecionadas pelos alunos dez espécies de plantas medicinais: Alfavaca-cravo (Ocimum graticimun), Babosa (Aloe vera), Boldo-do-chile (Peumus boldus), Capimsanto (Cymbopogon citratus), Erva Cidreira (Lippia alba), Colônia (Alpinia speciosa), Coirama (Kalanchoe brasiliensis), Gengibre (Zingiber officinale), Hortelã japonesa (Mentha arvensis) e Malva-santa (Plectranthus barbatus). A montagem dos canteiros foi realizada em um anexo da escola que está localizado vizinho a escola. Os alunos ajudaram a delimitar e cavar os dois canteiros (10 m x 2 m), a colocar a borda desses de garrafas pet e a encher os canteiros com substrato a base de solo e adubo orgânico (2:1). As mudas para preencher os canteiros foram adquiridas pelos alunos nas comunidades aonde residiam. O plantio e monitoramento diário das mudas foram realizados pelos estudantes. Antes da montagem do horto escolar medicinal o professor da turma trabalhou a parte teórica sobre a morfologia e ciclo das plantas que seriam cultivadas, além de suas propriedades fitoterápicas. Para a avaliação da aprendizagem sobre todo o conteúdo trabalhado os alunos realizaram uma apresentação oral para as suas famílias e comunidade escolar sobre o projeto com explanação sobre a utilização adequada das plantas cultivadas no horto. Vale ressaltar que as informações sobre cultivo e utilização foram obtidas por meio da literatura especializada [3, 4]. Resultados e Discussão O projeto para a implantação do horto escolar com plantas medicinais foi desenvolvido com sucesso, pois os alunos participaram de forma satisfatória em todas as atividades propostas. Observou-se durante a implantação do horto o desenvolvimento do senso de responsabilidade nos alunos com relação à execução das tarefas designadas, bem como um conhecimento conciso sobre os fitoterápicos. As plantas medicinais cultivadas se desenvolveram normalmente e foram utilizadas no momento da apresentação oral dos alunos sobre o projeto à comunidade escolar e famílias. Trabalhos dessa categoria possibilitam trocas de experiências que acarretam melhorias na qualidade de vida da comunidade, preservação dos seus conhecimentos e formação cidadã dos jovens [2]. O envolvimento direto dos alunos no processo ensino-aprendizagem propicia valorizar os conhecimentos escolares pela prática e incorporar novas posturas. O horto didático de plantas bioativas serve para demonstrar como identifica-las corretamente bem como sua utilização ensinando como preservar a biodiversidade, pois é formado com inúmeras espécies vegetais, com características medicinais que tem uma composição muito particular e serve para visitações [5]. Em similaridade a este trabalho em outro estudo constatou-se a necessidade de fundamentar o conhecimento existente em plantas bioativas, encontradas espontaneamente no cotidiano compondo nosso patrimônio vegetal [1]. Conclusões A implantação do horto escolar com plantas medicinais aconteceu de forma satisfatória com a participação efetiva dos alunos e confirmação desta ferramenta como adequada para conservação desses saberes populares. Agradecimentos Aos alunos do 6° ano da Escola Municipal Maria Martins de Carvalho, município de Russas/CE, e a comunidade escolar. Referências Bibliográficas [1] Lopes, J.M.D.C.; Link, D. 2011. Implantação de um horto didático de plantas bioativas no município de Tupanciretã. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental 2: 225 – 250. [2] Silva, N.C.de A.; Platão, G.R.; Gomes, P. A. Souza, J.I.T.de; Silva, L.F.; Honório, I.C.G.; Cruz, A. L. M.; Martins, E. R. 2007. Horto Medicinal Escolar: Ferramenta Agroecológica para a Inclusão Social. Revista Brasileira de Agroecologia 2: 436-439. [3] Matos, F.J.A. 2002. Farmácias Vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. 4 ed. Fortaleza, Edições Fortaleza. [4] Matos, F.J.A. 2007. Plantas Medicinais: guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. 3 ed. Fortaleza, Edições UFC. [5] Montanari JR, I. 2011. Aspectos do cultivo comercial de plantas medicinais nativas. Agroecologia hoje 2: 11.