LITERATURA INFANTIL: CONCEPÇÕES E IMPOTÂNCIA Fernanda Cristina BUENO1 RESUMO: Este trabalho envolve uma pesquisa bibliográfica, E tem como objetivo compreender melhor a importância da literatura infantil no Brasil e no mundo. Sua essência leva a criança à descoberta do mundo imaginário, em que sonhos e realidade caminham juntos. A Literatura Infantil na vida da criança é um grande auxiliador no processo de aprendizagem, favorecendo seu desenvolvimento. Palavras-chave: Literatura Infantil; Imaginação; Criatividade. 1 INTRODUÇÃO A literatura Infantil passou por diversas concepções até chegar à sua real funcionalidade. Sua concepção foi alterada juntamente com a concepção de infância. Porém, apenas uma parte da população tinha acesso a ela, sendo crianças e adultos da burguesia. Mesmo a Literatura Infantil ganhando um mero reconhecimento, as histórias não eram voltadas exclusivamente para o público infantil, eram feitas adaptações ao contarem as histórias. No século XVIII, a Literatura Infantil chega ao Brasil juntamente com a criação da escola, mas, ainda com acesso apenas a burguesia. No final do século XIX com as mudanças políticas, a criança passou ser reconhecida com sua essência, então a Literatura Infantil começou a ganhar gradativamente seu reconhecimento. Surgindo então grandes nomes de nossa Literatura. O tempo, as mudanças politica e pensamentos ideológicos, fizeram com que a Literatura Infantil fosse efetivamente valorizada. Desde então, as crianças passaram a usufruir da imaginação, da fantasia, do faz-de-conta enfim, passaram a desenvolver varias potencialidades, incluindo o prazer e o gosto pela leitura. A Literatura veio para efetivar e contribuir para o desenvolvendo da criança. 2 O QUE É LITERATURA INFANTIL De acordo com Cagneti (1996), é possível a literatura como uma arte, ou seja, através delas surge a criatividade capaz de representar o mundo, o homem e a vida por meio de palavras. A Literatura infantil leva a criança à descoberta do mundo imaginário, onde sonhos e realidades caminham paralelos, onde a realidade e a fantasia estão ligadas, despertando na criança a curiosidade de viajar, descobrir e atuar num mundo mágico e encantado, podendo assim modificar a realidade, sendo ela boa ou ruim. A história da Literatura infantil tem relativamente poucos capítulos. Começa a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta (CUNHA, 1999, p.22) Segundo Cunha (1999), como as crianças acompanhavam a vidas dos adultos, participava também de sua literatura. No século XVIII, haviam duas realidades, sendo elas, a criança da nobreza, que era orientada por seus educadores, mestres, e geralmente liam os grandes clássicos; e as outras crianças das classes baixas, sem condições financeiras que liam ou apenas ouviam as histórias de cavalarias, de aventuras. Diante disso, as lendas e os contos folclóricos deram o surgimento a uma literatura de grande interesse das classes populares. Juntamente à concepção da infância que estava em formação nesse período, uma nova configuração histórica trouxe como necessários novos meios para preparar a criança para enfrentar mais tarde a sociedade. Desde então que a escola tornou-se uma instituição aberta, não sendo só para a classe burguesa, mas sim para toda sociedade e, partir disso, a literatura infantil tem se tornado importante no processo de escolarização. Porém relata Cunha (1999), no decorrer do tempo à procura de uma literatura adequada para a infância e juventude, pode-se observar duas tendências próximas que influenciaram a leitura das crianças: dos clássicos, pois fizeram-se adaptações, e do folclore, do qual surgiram os contos de fadas, que até então quase nunca eram voltados exclusivamente para a criança. Na sua origem a literatura infantil foi conectada à diversão ou ao aprendizado das crianças, visto que seu conteúdo deveria ser adequado ao nível da compreensão e interesse do próprio receptor. No século XVIII a criança era vista como um adulto em miniatura, nesse período os primeiros textos infantis tornaramse adaptações ou a minimização de textos escritos para os adultos, ou seja, não tinha uma literatura exclusivamente votada para o público infantil (CUNHA, 1999). Diante das reflexões que estariam acima do que consideravam possível para a compreensão infantil, as situações de conflitos não exemplares e destacando principalmente as ações, às vezes perigosas, as obras literárias eram reduzidas em seu valor específico, mas que atingiam o seu objetivo: o público infantil, atraindo o pequeno leitor, levando-o para participar das grandes diferentes experiências que a vida pode apresentar às crianças, ou seja, a magia, abrindo as portas da inteligência e da sensibilidade, correlacionado o mundo real e o mundo encantando, infantilizado por elas (CUNHA, 1999). Mesmo sabendo da importância do pensar o conteúdo da literatura adaptado à faixa etária do leitor, não devemos deixar de considerar que o ato de ler em si já é educativo, pois: Ninguém ignora que pela Literatura conseguimos despertar as crianças para os valores estéticos e humanos, a par da recreação, além de oferecer entrosamento, recreação-aprendizagem. Todos conhecemos o valor educativo e mesmo terapêutico da Arte, na vida da criança, seja a Literatura, o Teatro, o Desenho, qualquer expressão artística com função recreativa. O que é preciso é que haja adequação. O importante na Literatura é interessar a criança, sob todos os aspectos: intelectual, emocional, social ou ambiental, psicológico, etc. Por essa razão, dar qualquer leitura a uma criança, sem conhece -lá, poderá tornar-se inócuo ou mesmo prejudicial. Alias não apenas à criança; para dar-se um livro é necessário conhecer aquele a quem se vai dar (CARVALHO, 1985, p.48). 2.1 A literatura infantil no Brasil nos séculos XVIII e XIX Segundo Carvalho (1985), a literatura infantil no Brasil é introduzida como uma atividade representada pelo jornalismo e por traduções, o que nos dá a liberdade de admiti-la com a primeira fase da literatura infantil, num período de preparação, de amadurecimento, onde citaremos alguns tradutores desse momento da Literatura destinada à criança, citemos algumas: Caetano de Lopes Moura, O Último dos Moicanos (1838), de Fenimore Cooper; Jovina Cardoso, obras de Júlio Verne; Ciro Cardoso, obras de Alexandre Dumas; Carlos Jansen, Robison Crusoé, de Daniel Defoe, (de Sílvio Romero); As Viagens de Gulliver e entre outros. Ainda segundo Carvalho (1985), para acontecer uma literatura infantil é importante que exista Criança e Escola, pois sem a escola não teria a possiblidade de ter livros, e por isso, ambas, crianças e escolas apareceram no século XVIII, onde tudo começou rumo à literatura da criança, mesmo sendo apenas para burguesia, no final do século XVIII e início do século XIX. A literatura infantil no Brasil descreve Cunha (1999), de iniciou com obras pedagógicas e com adaptações das obras de Portugal, já que foram os portugueses que colonizaram o Brasil. No final do século XIX, estava acontecendo uma grande mudança no regime politico do Brasil, a República adotada a partir de 1.889, substituindo a Monarquia, logo após o reinado de D. Pedro II, Imperador desde 1.840. Nesse período a criança passa a ser valorizada pela sua essência, após as investidas teóricas da psicologia infantil na Europa e, com a separação dos adultos e com a criação das primeiras escolas e a formação escolar, que ocorreu no início do século XVII e já na segunda metade do século XVIII. Vivia-se a revolução industrial e ascensão da burguesia, e o conceito de infância foi conquistando o seu lugar definitivamente na família e na sociedade burguesa. A sociedade pregava de individualidade, liberdade e direitos, tudo isso refletiria na infância, e era importante que na família burguesa a criança conquistasse seu espaço e encontrasse também os livros. Assim, na sociedade burguesa, os grupos se reuniam como nas sociedades feudais e patriarcais para ouvir os contadores de histórias, estabelecendo o hábito de ler individualmente ou para grupos distintos: para adultos e crianças, levando em consideração a adequação dos textos para crianças (CUNHA, 1999). Vale ressaltar que no século XVIII, Rousseau observou a individualidade da criança, que não viu o homem na criança e sim o que ele é antes de ser um adulto, valorizando então a importância da infância, que brinquem, ajam como crianças, que não percam essa infância antes de serem adultos, que explorem sua imaginação, vivam essa doce e maravilhosa fase. Carvalho (1985) relata que Rousseau foi um grande revolucionário da educação, pois com a descoberta da essência da infância por Rousseau, foi possível informar e instruir, a Literatura Infantil então toma um novo rumo, criando-se a escola da Natureza, responsável pelas notáveis aventuras, que se identificaram com a filosofia e as teorias do mestre revolucionário da educação. Com tudo, o século XVIII distinguiu-se pela busca de conhecimentos, e a literatura Infantil adotou esses conhecimentos: a pedagogia e a informação científica foram os principais fatores. Era notável que a Literatura Infantil não era uma Literatura para criança e não colocava o lazer e a recreação em primeiro lugar, mas sim os planos que os adultos, tinham para pôr em prática uma educação pela leitura, assim, de certa forma, as leituras eram determinadas a uma classe privilegiada. Por fim, era uma Literatura de com o propósito de formação pedagógica e ética. A partir do século XVIII, a Literatura Infantil passa a ser identificada por contos e aventuras magnificas, a leitura tinha o objetivo de despertar o interesse e as obrigações que as crianças tinham que aprender, para desenvolver sua criatividade e usar a imaginação. No Brasil, o século XIX oferece várias formas de leituras infantis. No início a instrução dos tempos das colônias era impedimento natural ao uso dos livros, principalmente dessa espécie, assim como seu uso generalizado. E a leitura não era uma conquista popular. Segundo Carvalho (1985) foi nesta época em que se introduziram as leituras de Hans Christian Andersen, considerado o maior poeta da Literatura Infantil, escritor que tinha muitos admiradores, que por sua vez, a riqueza de sua obra encantava todas as idades. Todos os gêneros são encontrados em Andersen que dá a vida a todos os seres, animando desde os objetos mais simples, ou seja, os móveis, as flores e os animais. Notamos que tudo em Andersen tem alma e individualidade, sob o seu poder mágico, que transforma o maravilhoso, o fabuloso, o fantástico num clima natural. Sua moralidade nas obras é uma doce e leve mensagem. Não contendo lições doutrinárias e desagradáveis de moral, ele não as a cima da livre imaginação. O século XVIII foi, sem dúvida, marcado pelas grandes revoluções: a revolução científica que desencadeia a Revolução Industrial, no plano sócio econômico, atingindo o ponto mais alto com a Revolução Francesa, no plano político. Expondo os valores racionalistas e pragmatistas, a literatura de Rousseau revalorizando a infância, sendo então a maior revolução do século XVIII a magnífica descoberta da criança. E neste século a literatura foi encaminhada ao adolescente. 2.2 Século XX - A Literatura Infantil no Brasil De acordo com Coelho (1997), a Literatura Infantil começa nos anos de 1920, no período em que o modernismo de 1922 é consolidado através da semana de arte moderna. Foi nesta época que a Literatura Infantil Brasileira ganhou seu espaço. Num período de transição entre o tradicionalismo e o modernismo, com vários debates sobre reformas educacionais, impulsionadas dos métodos pedagógicos europeus. Diante disso, novos rumos são dados à Literatura Infantil. As décadas de 1930/1940 foram marcadas pelos esforços de reorganização política e reconstrução econômica. Nesse período, foram discutidas novas ideias pedagógicas e propostas para o novo planejamento da Educação Nacional, onde foi criada na década de 30 o Ministério da Educação, concretizando assim as novas diretrizes da educação pública, seria então um grande avanço (COELHO, 1997). Também nesta data mais precisamente em 1937, relata Coelho (1997) firmam-se as bases democráticas da Educação Nacional. Deste modo vários setores são atingidos por essa preocupação reformista (o da Cultura, por exemplo), e é ai que a Literatura Infantil se impõe às autoridades como umas das preocupações da época. Desta forma, um dos primeiros resultados dessa preocupação foi a criação da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, no ano de 1936, em São Paulo. Concomitantemente realizada a nova política educacional e a crescente expansão da rede escolar, nesse mesmo momento cresce a produção da Literatura Infantil, em que se baseava na intencionalidade pedagógica, ou seja, o saber através do estudo é o principal caminho na preparação do homem para a vida. Monteiro Lobato, teve o seu gosto pela leitura ainda despertado na infância, tanto que a escrita, a leitura e a pintura começam a fazer parte de sua vida desde cedo. Aos seis anos já escrevia bilhetes para seu avô, e quando era estudante em sua cidade natal, já colaborava com artigos em jornais escolares. José Bento Monteiro Lobato é conhecido como o mestre da Literatura Infantil. Nasceu em Taubaté (SP), no dia 18 de abril de 1882 e começou a publicar seus primeiros contos no jornal “O Estado de São Paulo”. Desde adolescente começara a lidar com as letras, escrevendo crônicas e artigos para a imprensa do interior e da capital paulista. Amante da leitura preocupava-se com a renovação da Literatura Brasileira, no sentido de buscar o nacional tanto na realidade, quanto na linguagem (COELHO, 1997). O escritor lutou pela descoberta e conquista da brasilidade ou da nacional. De início na área da Literatura, seja para adultos ou para crianças, e depois no campo econômico e político. Sua grande e rica produção na área de infanto-juvenil por Monteiro Lobato, reúne obras originais, adaptações e traduções. Citemos alguns deles: Originais: A menina do narizinho Arrebitado (1920), O Saci (1921), o marquês de rabicó (1922), A caçada da onça (1924), Emília no país da gramática (1933). Adaptações: O irmão de Pinóquio, o gato Félix (1927), História do mundo para as crianças (1933), História de tia Anastácia (1937). Traduções (anos 30): Alice no país das maravilhas (Lewis Carroll), O lobo do mar (Jack London), Pinóquio (Collodi), Pollyana e Pollyana Moça (Eleanor Porter). Monteiro Lobato foi um intelectual que valorizava nacionalismo, com grande compreensão do homem e da terra brasileira, renovou a arte da narrativa, encontrando caminho criador que a Literatura Infantil estava precisando. Então rompe com as convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e formas que o século XX exigia. Compreende-se que Lobato é considerado o gênio da Literatura Brasileira. No entanto, apenas na década de 1950 é que a literatura infantil começa a descobrir um mundo de fantasias. De acordo com Coelho (1997), nem tudo na área infantil se perdeu, porém alguns escritores da década de 1940 atingiram a dimensão criadora, indispensável à produção literária, em que a fantasia e a imaginação se faziam presentes. E foi nessa década de 1950 que finaliza o poder de Getúlio Vargas com seu suicídio em 1954. A política então dá continuidade com o governo de Juscelino Kubitschek. Então nos anos 60, no âmbito da educação durante o governo João Goulart, que foi voltada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o objetivo dessa lei era a democratização do ensino, para tornar a educação um direito de todos e uma obrigação do governo. (COELHO, 1997) Dessa maneira, a tão esperada chegada da década de 1970/1980, a explosão de criatividade, nasce mais claramente da Literatura Infantil/Juvenil, que dão asas à imaginação das crianças, expondo suas criatividades e seus desejos. Segundo Coelho (1997), a Literatura Infantil apresenta três tendências, são elas: a realista, a fantástica e a híbrida. A realista expressa o real e tem como objetivo relatar o mundo cotidiano familiar e atual, informar sobre costumes, hábitos e tradições populares, preparando psicologicamente os pequenos leitores para as dores e os sofrimentos da vida. Já a Literatura fantástica apresenta o mundo maravilhoso, criado pela imaginação, em que o lúdico prevalece. E neste universo a ficção ganha lugar sobre o real e os escritores escolhem os mais diversificados estilos para chamar atenção das crianças, como por exemplo, as histórias que contém personagens-animais (fábulas), que transcorrem no mundo do “Era uma vez” e entre outros. E então, a literatura híbrida parte do real, mas introduz nele o imaginário, que é talvez a mais fértil das diretrizes inovadoras, na qual contempla o realismo mágico. Os grandes nomes da literatura infantil contemporânea trabalham com as três tendências simultaneamente, fazendo um emaranhado uma ou outra em obras diferentes. Podemos citar como exemplos no Brasil as obras de Ana Maria Machado, Eva Funari, Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Maria Clara Machado e Ziraldo. 2.3 Contação de história e sua importância Contar histórias é a mais antiga das artes, relata Abramovich (1997), tempos passados o povo tinha o hábito de sentava ao redor do fogo para esquentar, alegrar, conversar, contar casos, pessoas que vinham de longe das suas terras, contavam e repetiam histórias, pois essa prática fazia que as tradições e a língua fossem guardadas. Desde então as histórias se articula a nossa cultura. E é através dessas histórias que entraram em nossas vidas, através da voz materna, das babás, dos livros coloridos, para encantamento das crianças. Os professores, sempre em busca de novas maneiras e processos que se adeque a educação das crianças, foi então, que descobriram esta grande riqueza, que são as histórias. A Literatura Infantil é de suma importante na vida da criança desde a infância até a sua vida adulta, a literatura é um combustível muito precioso para sua alma. Conhecendo a criança e o enigma maravilhoso do seu mundo, que podemos estimar todo o valor da literatura tem sua formação. A criança em si tem um mundo peculiar, todo seu, cheios de sonhos e fantasias. Ao ouvir histórias acontece um momento único e agradável, que faz despertar a afeição das pessoas em todas as idades. No entanto, o interesse dos adultos em ouvir história, estimula a criança a se interessar, ter o prazer de ouvi-las, sendo sua habilidade de imaginação é mais acentuada, ou seja, criatividade total. Desde muito pequenas as crianças já mostram interesse pelas histórias, sendo acompanhando com palmas, sorrindo ou demostrando medo ou então, reproduzindo algum personagem. Portanto, é importante que a história esteja presente na vida da criança desde sua infância. (ABRAMOVICH, 1997) A história traz o abstrato ao entendimento das crianças, e com isso municiaas de experiências que aumentarão a sua vivencia, aumentando suas possibilidades dentro do relacionamento social. As histórias ensinam as crianças a crescer e pensar. (DOHME, 2011, p.18) Um grande instrumento para ser trabalho em sala de aula descreve Abramovichi (1997) são os contos de fadas, existe mais de uma versão para histórias de contos de fadas, isso pode ser um empecilho para os professores. Por intermédio do conto, é possível elaborar uma atividade de interação, fazendo desse momento um incentivo a leitura para as crianças. Há diversas maneiras de contar histórias para as crianças, sendo elas: na expressão vocal, facial e corporal, entretanto, as histórias a ser contadas, deve ser registrada no inconsciente, sendo assim é essencial ler as histórias diversas vezes, para não perder e ficar em busca de algum tópico. O uso de músicas é muito atraente, assim como desenhos, roupas ou algum acessório para história se torne algo extraordinário. A entonação do professor é muito importante, uma estruturação que uni o livro e a criança. As variações de voz é o que faz o diferencial no momento lúdico, são as modificações da voz, o ritmo da leitura, sons e silêncios, dão cor e temperatura, dando realidade ao livro. No momento da contação de histórias, é fundamental que a criança ouça alguém ler, já que ela pode aprimorar sua fala, e a cada nova leitura, correlacionar as palavras que saem da boca de quem lê com as letras no papel e as imagens das páginas estão sendo lidas. “A leitura de cada história tornada um hábito permite a formação de um leitor atento, sensível e capaz de compreender e interpretar textos, além de enriquecer o vocabulário e auxiliar no desenvolvimento da fala oral” (KRAEMER, 2008, p.13). Desde pequenas, as crianças já conseguem reconhecer pela voz do leitor, quando é o momento que devem mudar a página, permitir que elas ajudem, neste estágio, pode ser uma excelente ideia para que, desde infância, elas estejam envolvidas com a leitura, adaptando seus movimentos ao livro. É crucial que o professor crie intervalos, respeitando o tempo imaginário de cada criança, arquitetar seu cenário, imaginar seus monstros, adentrar pela casa, vestir-se de princesa, sentir o galope do cavalo e imaginar as características do bandido (ABRAMOVICH, 1997). No entanto a leitura compartilhada beneficia a relação entre as crianças, que além de dividir o momento, passam juntas por diversas pelas emoções, aflições, alegrias e surpresas que o livro vai mostrando. Todas as crianças pedem para que se leia várias vezes o mesmo livro. Em cada vez que ouvem uma nova leitura, elas podem praticar na apreensão e administração das emoções, na antecipação dos caminhos narrativos. É ouvindo histórias que podem sentir emoções importantes como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade e tantas outras mais, é viver profundamente tudo que as narrativas provocam em que as ouve com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou faz) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário. (ABRAMOVICH, 1997, p.17) Nem sempre ler duas vezes é ler a mesma coisa. As crianças que são apresentadas com regularidade aos livros e leituras desenvolvem espontaneamente a curiosidade em saber o que se esconde por trás das páginas de um novo livro, pois sua experiência mostra riqueza por estar esperando. O livro não tem a função de prender, e sim o oposto, faz com que a criança o veja como algo que cria alternativas de modificação e desafios contínuos, por isso escolher um livro de boa qualidade não é uma tarefa fácil. Para Abramovich (1997), ouvir histórias pode estimular várias aptidões como: o desenhar, musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, escrever entre outros. Sendo tudo pode nascer de uma história. Nem sempre olhando e achando uma capa bonita que ele irá agradar as crianças, não devemos catalogar o livro infantil por avaliação dos adultos, mas sim apresentá-los a criança, pois: “Contar histórias é uma arte... É tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro... Ela é o uso simples e harmônico e da voz” (ABRAMOVICH, 1997, p.18) Portanto, procurar despertar a fantasia e a imaginação, conceber um ambiente mágico que ajuda o desenvolvimento da criatividade e da expressão. É importante dar à criança a chance de sorrir, chorar, divertir-se, admirar-se e espantar-se com as histórias, essa extraordinária magia que vem dos contos de fadas. 2.4 Contos de Fadas Coelho (1997) nos relata que os Contos de Fadas são de natureza espiritual, ética, existencial e originou-se entre os celtas, com heróis e heroínas, cujas as aventuras estavam ligadas ao sobrenatural, ao mistério do além da vida e referiamse a realização interior do ser humano. Então surgem as fadas, cujo nome vem do termo latim “fatum”, que significa destino. Comprova-se que as fadas tiveram origem comum em função do próprio termo que as designa: ”fada”. Sua primeira menção documentada em textos novelescos foi em lingua latina: fata (oráculo, predição), derivada de fatum (destino, fatalidade). Nas línguas modernas: fadas (português); fata (italiano); fée (Frances); fairy (inglês); feen (alemão) e hada (espanhol). (COELHO, 2009, p.78). Desse modo, se há personagens que apesar dos séculos e da mudança de costumes continuam mantendo seus poderes de atração sobre homens e crianças; estamos falando das fadas. Fazendo parte da área dos mitos, a Fada ocupa um lugar privilegiado na estrutura fundamental que neles é representada: assume a possível realização dos sonhos ou ideias que faz parte da condição humana. Levado pela materialidade do seu corpo e do mundo , é natural que o homem tenha precisado sempre de mediadores mágicos. A possível realização de seus sonhos, fantasias, aspirações e imaginação necessita, por sua vez, de mediadores (fadas, varinhas mágicas, talismãs e entre outros...) e opositores (gigantes, bruxos, bruxas, feiticeiros, seres do mal...). Nota-se que até hoje nossa vida procede entre “mediadores” e “opositores” das mais variadas formas (COELHO, 1997). Apesar de muitas pesquisas, não foi possível determinar com certeza onde, quando ou por que elas nasceram. Na verdade as fadas pela sua primeira vez nasceram na imaginação dos homens, e a verdadeira origem desses seres imaginários, com poderes sobrenaturais, ficou esquecida no fundo misterioso dos tempos. Podemos deduzir que o pensamento mágico dominava a humanidade. Segundo Coelho (1997), diz à tradição que as fadas são seres imaginários, dotados de virtudes positivas e poderes sobrenaturais, que interferem na vida dos homens, para ajudá-los em situações- limite, quando nenhuma solução natural seria possível. Podemos pensar que a partir do momento em que se passa a ter o comportamento negativo, são transformados em bruxas. Já, a beleza, bondade e delicadeza são características comuns das fadas. Não há duvida que, em sua origem, as fadas estavam ligadas a cultos ou ritos religiosos. Em grande número de contos irlandeses (de origem celta, a heroína (sempre um ser sobrenatural) aparece como mensageira de Outro Mundo ou surge sob forma de um pássaro em geral, cisne), que está ligada ao mistério da morte. (COELHO, 2009, p.79) Nos registros míticos literários, teriam surgido entre os celtas, os primeiros contos de fadas, os povos bárbaros que, submetidos pelos romanos (século II a.C/ século I da era cristã), fixaram-se principalmente nas Gálias, Ilhas Britânicas e Irlanda. A essa herança histórica é atribuído o nome de maravilhoso, de fantasia, imaginação e encantamento que caracteriza as novelas de cavalaria do ciclo o Rei Artur e seus Cavaleiros da Távola Redonda e sua Dama Ginevra. De fato, foi nas novelas de cavalaria que as fadas teriam surgido como personagens, representando formas psíquicas ou metafísicas (COELHO, 2009). Com o passar do tempo, ao se transformarem e espalharem no meio popular entre as crianças, essas representações nasceram como expressão simbólica de preocupações éticas ou metafísicas, que perdem seu caráter esotérico e só conservam suas prerrogativas mais evidentes: o seu poder mágico. Magia e divindade são duas vertentes de uma mesma incógnita: o sobrenatural ou o explicável, o fantástico, o insondável, o mistério, enfim. Mistério é tudo o que ainda não foi desvendado. Se magia implica fantástico, divindade também o envolve: fantástico é um conto policial, e fantástico é também a concepção de um milagre, pois a proposições que nos parecem inexplicáveis e inverossímeis em ambos deixam de ser fantásticas, quando nos permitem explicá-las (CARVALHO, 1985, p.59). Para Coelho (2009) os contos de fadas pertencem ao mundo encantando, dos arquétipos, são míticos, simbólicos, que correspondem ao universo da criança e, sendo assim, torna-se possível assumir o real através da cultura do imaginário. Como a criança precisa de um estímulo para facilitar a sua aprendizagem, nada melhor que os contos de fadas para ajudar no seu desenvolvimento. Os contos de fadas proporcionam através da oralidade o primeiro contato das crianças com o texto. Por isso é importante a criança ouvir muitas e muitas histórias, pois além de ser um passo inicial no seu processo de aprendizagem, certamente ajudará no seu interesse e gosto pela leitura. Um gênero encontrado na literatura infantil o é narrativo, descreve Bettelheim (2002) seu conto é bem simples, rápido e certeiro. Sempre mantém aspectos próprios como: “Era uma vez...”, “Num reino encantado...”, “Num lugar não muito distante...”, essa forma narrativa mostra que as histórias tem um início, um meio e um fim e com isso é possível que a criança a percepção da presença de um tempo, sendo assim, um tempo que não é seu, e sim um tempo imaginário. É fundamental destacar que por meio da influência dos contos de fadas e sua essência que a criança tem a vasta chance de brincar com os impagáveis enigmas da vida, sem a preocupação de ser aprovada ou reprovada pelo adulto. Através do conto é possível efetivar o desenvolvimento da criança, incentivando-a ser generosa e solidária, fazendo com que ela entenda que a bondade não está em todas as pessoas, e as situações são variáveis sendo elas agradáveis ou não. Portanto, a estrutura do conto de fadas é o de separar concepções que formam caráter, pois que compõe relação entre o “bem e o mal”, “certo ou errado”, entre outros. São muitos seus valores: respeito, bondade, justiça, amizade, amor, franqueza, humildade, diferença e outros mais. A constituição da moralidade da criança acontece quando a mesma faz uso de argumentação sobre os contos de fadas, desunindo as atitudes das personagens, e com isso construir as suas próprias, servindo como apoio base formação moral (COELHO, 1997) CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a literatura infantil é de extrema importância para a formação da criança. Pois desenvolve a criatividade, a imaginação, podendo ser trabalhada e discutida em qualquer etapa da sua vida. A literatura infantil deve ser trabalhada de forma bem lúdica, com um simples objetivo de despertar o prazer de ler e ouvir história. Ela é uma fonte riquíssima e inesgotável de conhecimentos e prazer, amplia a visão da criança e faz com que aprenda a lidar com seus medos, sonhos e frustações. Para quem queira ensinar a gostar de ler deve começar transformando a leitura numa atividade livre, pois tudo aquilo que fazemos por obrigação, tende a ficar desinteressante. Por fim, para que isso ocorra é interessante o educador propiciar às crianças um ambiente favorável, que estimule para a leitura. O professor como mediador do conhecimento deve levar para a sala de aula toda a sua experiência adquirida, não só profissional, mas também pessoal, que em contato com as experiências dos alunos, ajudam também na aprendizagem dos mesmos. A presença constante a cada dia de história na vida das crianças é algo imprescindível em suas vidas. Mesmo que a criança não conheça a escrita, ela deve ter contato com os livros, para que no decorrer da sua vida, ela adquira o hábito pela leitura. Pois é através da literatura, que eleva o potencial cognitivo da criança, tornando mais ágil e eficaz em seus pensamentos. E utilizando a literatura de forma lúdica, facilita o entendimento de conceitos, valores e conhecimentos trabalhados. Portanto, podemos notar que a literatura infantil tem uma grande influência no processo de ensino-aprendizagem, compreender, conhecer e reconhecer características particulares do pré-leitor é necessário de forma prazerosa, que o educador ofereça um ambiente que estimule, enriqueça e amplie suas possibilidades de entender, de ver as coisas e de ler o mundo, esses procedimentos são considerados grandes desafios da educação infantil e dos profissionais da educação para uma possível formação de crianças leitoras. Sendo a função da educação infantil de iniciar a criança na convivência em comum, o que exige apoiá-la a renunciar a percepção exclusiva do seu mundo pessoal, assumindo concepções de um pensar, sentir coletivamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ABRAMOVICH, Fanny.Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. 5ª edição. São Paulo: Scipione, 1997. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 16ªedição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. CAGNETI, Sueli de Souza. Livro que te quero livre. Rio de Janeiro: Nórdica , 1996. CARVALHO, Bárbara Vasconcelhos de. A literatura Infantil: Visão histórica e crítica. 4ª edição São Paulo: Global, 1985. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: Teoria, Análise, Didática. 6ª edição. São Paulo: Editora Ática, 1997. COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas: símbolos mitos arquéticos. São Paulo: Paulinas ,2009. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e prática.18ª edição. São Paulo: Cética, 1999. DOHME, Vania . Técnicas de contar histórias: um guia para desenvolver as suas habilidades e obter sucesso na apresentação de uma história. 2ª edição. Editora Vozes, 2011. KRAEMER, Maria Luiza. Histórias infantis e o lúdico encantam as crianças: atividades lúdicas em clássicos da literatura infantil: Editora. Autores Associados, 2008