literatura infantil: concepções e impotância

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LITERATURA INFANTIL: CONCEPÇÕES E IMPOTÂNCIA
Fernanda Cristina BUENO1
RESUMO: Este trabalho envolve uma pesquisa bibliográfica, E tem como objetivo
compreender melhor a importância da literatura infantil no Brasil e no mundo. Sua
essência leva a criança à descoberta do mundo imaginário, em que sonhos e
realidade caminham juntos. A Literatura Infantil na vida da criança é um grande
auxiliador no processo de aprendizagem, favorecendo seu desenvolvimento.
Palavras-chave: Literatura Infantil; Imaginação; Criatividade.
1 INTRODUÇÃO
A literatura Infantil passou por diversas concepções até chegar à sua real
funcionalidade. Sua concepção foi alterada juntamente com a concepção de
infância.
Porém, apenas uma parte da população tinha acesso a ela, sendo crianças e
adultos
da
burguesia.
Mesmo
a
Literatura
Infantil
ganhando
um
mero
reconhecimento, as histórias não eram voltadas exclusivamente para o público
infantil, eram feitas adaptações ao contarem as histórias.
No século XVIII, a Literatura Infantil chega ao Brasil juntamente com a criação
da escola, mas, ainda com acesso apenas a burguesia. No final do século XIX com
as mudanças políticas, a criança passou ser reconhecida com sua essência, então a
Literatura Infantil começou a ganhar gradativamente seu reconhecimento. Surgindo
então grandes nomes de nossa Literatura.
O tempo, as mudanças politica e pensamentos ideológicos, fizeram com que
a Literatura Infantil fosse efetivamente valorizada. Desde então, as crianças
passaram a usufruir da imaginação, da fantasia, do faz-de-conta enfim, passaram a
desenvolver varias potencialidades, incluindo o prazer e o gosto pela leitura. A
Literatura veio para efetivar e contribuir para o desenvolvendo da criança.
2 O QUE É LITERATURA INFANTIL
De acordo com Cagneti (1996), é possível a literatura como uma arte, ou seja,
através delas surge a criatividade capaz de representar o mundo, o homem e a vida
por meio de palavras. A Literatura infantil leva a criança à descoberta do mundo
imaginário, onde sonhos e realidades caminham paralelos, onde a realidade e a
fantasia estão ligadas, despertando na criança a curiosidade de viajar, descobrir e
atuar num mundo mágico e encantado, podendo assim modificar a realidade, sendo
ela boa ou ruim.
A história da Literatura infantil tem relativamente poucos capítulos. Começa
a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança passa a ser
considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características
próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber
uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta (CUNHA,
1999, p.22)
Segundo Cunha (1999), como as crianças acompanhavam a vidas dos
adultos, participava também de sua literatura. No século XVIII, haviam duas
realidades, sendo elas, a criança da nobreza, que era orientada por seus
educadores, mestres, e geralmente liam os grandes clássicos; e as outras crianças
das classes baixas, sem condições financeiras que liam ou apenas ouviam as
histórias de cavalarias, de aventuras.
Diante disso, as lendas e os contos folclóricos deram o surgimento a uma
literatura de grande interesse das classes populares.
Juntamente à concepção da infância que estava em formação nesse período,
uma nova configuração histórica trouxe como necessários novos meios para
preparar a criança para enfrentar mais tarde a sociedade. Desde então que a escola
tornou-se uma instituição aberta, não sendo só para a classe burguesa, mas sim
para toda sociedade e, partir disso, a literatura infantil tem se tornado importante no
processo de escolarização.
Porém relata Cunha (1999), no decorrer do tempo à procura de uma literatura
adequada para a infância e juventude, pode-se observar duas tendências próximas
que influenciaram a leitura das crianças: dos clássicos, pois fizeram-se adaptações,
e do folclore, do qual surgiram os contos de fadas, que até então quase nunca eram
voltados exclusivamente para a criança.
Na sua origem a literatura infantil foi conectada à diversão ou ao aprendizado
das crianças, visto que seu conteúdo deveria ser adequado ao nível da
compreensão e interesse do próprio receptor. No século XVIII a criança era vista
como um adulto em miniatura, nesse período os primeiros textos infantis tornaramse adaptações ou a minimização de textos escritos para os adultos, ou seja, não
tinha uma literatura exclusivamente votada para o público infantil (CUNHA, 1999).
Diante das reflexões que estariam acima do que consideravam possível para
a compreensão infantil, as situações de conflitos não exemplares e destacando
principalmente as ações, às vezes perigosas, as obras literárias eram reduzidas em
seu valor específico, mas que atingiam o seu objetivo: o público infantil, atraindo o
pequeno leitor, levando-o para participar das grandes diferentes experiências que a
vida pode apresentar às crianças, ou seja, a magia, abrindo as portas da inteligência
e da sensibilidade, correlacionado o mundo real e o mundo encantando, infantilizado
por elas (CUNHA, 1999).
Mesmo sabendo da importância do pensar o conteúdo da literatura adaptado
à faixa etária do leitor, não devemos deixar de considerar que o ato de ler em si já é
educativo, pois:
Ninguém ignora que pela Literatura conseguimos despertar as crianças para
os valores estéticos e humanos, a par da recreação, além de oferecer
entrosamento, recreação-aprendizagem. Todos conhecemos o valor
educativo e mesmo terapêutico da Arte, na vida da criança, seja a
Literatura, o Teatro, o Desenho, qualquer expressão artística com função
recreativa. O que é preciso é que haja adequação. O importante na
Literatura é interessar a criança, sob todos os aspectos: intelectual,
emocional, social ou ambiental, psicológico, etc. Por essa razão, dar
qualquer leitura a uma criança, sem conhece -lá, poderá tornar-se inócuo ou
mesmo prejudicial. Alias não apenas à criança; para dar-se um livro é
necessário conhecer aquele a quem se vai dar (CARVALHO, 1985, p.48).
2.1 A literatura infantil no Brasil nos séculos XVIII e XIX
Segundo Carvalho (1985), a literatura infantil no Brasil é introduzida como
uma atividade representada pelo jornalismo e por traduções, o que nos dá a
liberdade de admiti-la com a primeira fase da literatura infantil, num período de
preparação, de amadurecimento, onde citaremos alguns tradutores desse momento
da Literatura destinada à criança, citemos algumas: Caetano de Lopes Moura, O
Último dos Moicanos (1838), de Fenimore Cooper; Jovina Cardoso, obras de Júlio
Verne; Ciro Cardoso, obras de Alexandre Dumas; Carlos Jansen, Robison Crusoé,
de Daniel Defoe, (de Sílvio Romero); As Viagens de Gulliver e entre outros.
Ainda segundo Carvalho (1985), para acontecer uma literatura infantil é
importante que exista Criança e Escola, pois sem a escola não teria a possiblidade
de ter livros, e por isso, ambas, crianças e escolas apareceram no século XVIII,
onde tudo começou rumo à literatura da criança, mesmo sendo apenas para
burguesia, no final do século XVIII e início do século XIX.
A literatura infantil no Brasil descreve Cunha (1999), de iniciou com obras
pedagógicas e com adaptações das obras de Portugal, já que foram os portugueses
que colonizaram o Brasil.
No final do século XIX, estava acontecendo uma grande mudança no regime
politico do Brasil, a República adotada a partir de 1.889, substituindo a Monarquia,
logo após o reinado de D. Pedro II, Imperador desde 1.840.
Nesse período a criança passa a ser valorizada pela sua essência, após as
investidas teóricas da psicologia infantil na Europa e, com a separação dos adultos e
com a criação das primeiras escolas e a formação escolar, que ocorreu no início do
século XVII e já na segunda metade do século XVIII. Vivia-se a revolução industrial e
ascensão da burguesia, e o conceito de infância foi conquistando o seu lugar
definitivamente na família e na sociedade burguesa.
A sociedade pregava de individualidade, liberdade e direitos, tudo isso
refletiria na infância, e era importante que na família burguesa a criança
conquistasse seu espaço e encontrasse também os livros. Assim, na sociedade
burguesa, os grupos se reuniam como nas sociedades feudais e patriarcais para
ouvir os contadores de histórias, estabelecendo o hábito de ler individualmente ou
para grupos distintos: para adultos e crianças, levando em consideração a
adequação dos textos para crianças (CUNHA, 1999).
Vale ressaltar que no século XVIII, Rousseau observou a individualidade da
criança, que não viu o homem na criança e sim o que ele é antes de ser um adulto,
valorizando então a importância da infância, que brinquem, ajam como crianças, que
não percam essa infância antes de serem adultos, que explorem sua imaginação,
vivam essa doce e maravilhosa fase.
Carvalho (1985) relata que Rousseau foi um grande revolucionário da
educação, pois com a descoberta da essência da infância por Rousseau, foi possível
informar e instruir, a Literatura Infantil então toma um novo rumo, criando-se a
escola da Natureza, responsável pelas notáveis aventuras, que se identificaram com
a filosofia e as teorias do mestre revolucionário da educação. Com tudo, o século
XVIII distinguiu-se pela busca de conhecimentos, e a literatura Infantil adotou esses
conhecimentos: a pedagogia e a informação científica foram os principais fatores.
Era notável que a Literatura Infantil não era uma Literatura para criança e não
colocava o lazer e a recreação em primeiro lugar, mas sim os planos que os adultos,
tinham para pôr em prática uma educação pela leitura, assim, de certa forma, as
leituras eram determinadas a uma classe privilegiada. Por fim, era uma Literatura de
com o propósito de formação pedagógica e ética.
A partir do século XVIII, a Literatura Infantil passa a ser identificada por
contos e aventuras magnificas, a leitura tinha o objetivo de despertar o interesse e
as obrigações que as crianças tinham que aprender, para desenvolver sua
criatividade e usar a imaginação.
No Brasil, o século XIX oferece várias formas de leituras infantis. No início a
instrução dos tempos das colônias era impedimento natural ao uso dos livros,
principalmente dessa espécie, assim como seu uso generalizado. E a leitura não era
uma conquista popular.
Segundo Carvalho (1985) foi nesta época em que se introduziram as leituras
de Hans Christian Andersen, considerado o maior poeta da Literatura Infantil,
escritor que tinha muitos admiradores, que por sua vez, a riqueza de sua obra
encantava todas as idades. Todos os gêneros são encontrados em Andersen que dá
a vida a todos os seres, animando desde os objetos mais simples, ou seja, os
móveis, as flores e os animais. Notamos que tudo em Andersen tem alma e
individualidade, sob o seu poder mágico, que transforma o maravilhoso, o fabuloso,
o fantástico num clima natural. Sua moralidade nas obras é uma doce e leve
mensagem. Não contendo lições doutrinárias e desagradáveis de moral, ele não as
a cima da livre imaginação.
O século XVIII foi, sem dúvida, marcado pelas grandes revoluções: a
revolução científica que desencadeia a Revolução Industrial, no plano sócio
econômico, atingindo o ponto mais alto com a Revolução Francesa, no plano
político. Expondo os valores racionalistas e pragmatistas, a literatura de Rousseau
revalorizando a infância, sendo então a maior revolução do século XVIII a magnífica
descoberta da criança. E neste século a literatura foi encaminhada ao adolescente.
2.2 Século XX - A Literatura Infantil no Brasil
De acordo com Coelho (1997), a Literatura Infantil começa nos anos de 1920,
no período em que o modernismo de 1922 é consolidado através da semana de arte
moderna. Foi nesta época que a Literatura Infantil Brasileira ganhou seu espaço.
Num período de transição entre o tradicionalismo e o modernismo, com vários
debates sobre reformas educacionais, impulsionadas dos métodos pedagógicos
europeus. Diante disso, novos rumos são dados à Literatura Infantil.
As décadas de 1930/1940 foram marcadas pelos esforços de reorganização
política e reconstrução econômica. Nesse período, foram discutidas novas ideias
pedagógicas e propostas para o novo planejamento da Educação Nacional, onde foi
criada na década de 30 o Ministério da Educação, concretizando assim as novas
diretrizes da educação pública, seria então um grande avanço (COELHO, 1997).
Também nesta data mais precisamente em 1937, relata Coelho (1997)
firmam-se as bases democráticas da Educação Nacional. Deste modo vários setores
são atingidos por essa preocupação reformista (o da Cultura, por exemplo), e é ai
que a Literatura Infantil se impõe às autoridades como umas das preocupações da
época. Desta forma, um dos primeiros resultados dessa preocupação foi a criação
da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, no ano de 1936, em São Paulo.
Concomitantemente realizada a nova política educacional e a crescente expansão
da rede escolar, nesse mesmo momento cresce a produção da Literatura Infantil, em
que se baseava na intencionalidade pedagógica, ou seja, o saber através do estudo
é o principal caminho na preparação do homem para a vida.
Monteiro Lobato, teve o seu gosto pela leitura ainda despertado na infância,
tanto que a escrita, a leitura e a pintura começam a fazer parte de sua vida desde
cedo. Aos seis anos já escrevia bilhetes para seu avô, e quando era estudante em
sua cidade natal, já colaborava com artigos em jornais escolares.
José Bento Monteiro Lobato é conhecido como o mestre da Literatura Infantil.
Nasceu em Taubaté (SP), no dia 18 de abril de 1882 e começou a publicar seus
primeiros contos no jornal “O Estado de São Paulo”. Desde adolescente começara a
lidar com as letras, escrevendo crônicas e artigos para a imprensa do interior e da
capital paulista. Amante da leitura preocupava-se com a renovação da Literatura
Brasileira, no sentido de buscar o nacional tanto na realidade, quanto na linguagem
(COELHO, 1997).
O escritor lutou pela descoberta e conquista da brasilidade ou da nacional. De
início na área da Literatura, seja para adultos ou para crianças, e depois no campo
econômico e político.
Sua grande e rica produção na área de infanto-juvenil por Monteiro Lobato,
reúne obras originais, adaptações e traduções. Citemos alguns deles:

Originais: A menina do narizinho Arrebitado (1920),
O Saci (1921), o marquês de rabicó (1922), A caçada da onça
(1924), Emília no país da gramática (1933).

Adaptações: O irmão de Pinóquio, o gato Félix
(1927), História do mundo para as crianças (1933), História de
tia Anastácia (1937).

Traduções (anos 30): Alice no país das maravilhas
(Lewis Carroll), O lobo do mar (Jack London), Pinóquio (Collodi),
Pollyana e Pollyana Moça (Eleanor Porter).
Monteiro Lobato foi um intelectual que valorizava nacionalismo, com grande
compreensão do homem e da terra brasileira, renovou a arte da narrativa,
encontrando caminho criador que a Literatura Infantil estava precisando. Então
rompe com as convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e
formas que o século XX exigia. Compreende-se que Lobato é considerado o gênio
da Literatura Brasileira.
No entanto, apenas na década de 1950 é que a literatura infantil começa a
descobrir um mundo de fantasias. De acordo com Coelho (1997), nem tudo na área
infantil se perdeu, porém alguns escritores da década de 1940 atingiram a dimensão
criadora, indispensável à produção literária, em que a fantasia e a imaginação se
faziam presentes. E foi nessa década de 1950 que finaliza o poder de Getúlio
Vargas com seu suicídio em 1954. A política então dá continuidade com o governo
de Juscelino Kubitschek.
Então nos anos 60, no âmbito da educação durante o governo João Goulart,
que foi voltada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o objetivo dessa
lei era a democratização do ensino, para tornar a educação um direito de todos e
uma obrigação do governo. (COELHO, 1997)
Dessa maneira, a tão esperada chegada da década de 1970/1980, a
explosão de criatividade, nasce mais claramente da Literatura Infantil/Juvenil, que
dão asas à imaginação das crianças, expondo suas criatividades e seus desejos.
Segundo Coelho (1997), a Literatura Infantil apresenta três tendências, são
elas: a realista, a fantástica e a híbrida. A realista expressa o real e tem como
objetivo relatar o mundo cotidiano familiar e atual, informar sobre costumes, hábitos
e tradições populares, preparando psicologicamente os pequenos leitores para as
dores e os sofrimentos da vida. Já a Literatura fantástica apresenta o mundo
maravilhoso, criado pela imaginação, em que o lúdico prevalece. E neste universo a
ficção ganha lugar sobre o real e os escritores escolhem os mais diversificados
estilos para chamar atenção das crianças, como por exemplo, as histórias que
contém personagens-animais (fábulas), que transcorrem no mundo do “Era uma
vez” e entre outros.
E então, a literatura híbrida parte do real, mas introduz nele o imaginário, que
é talvez a mais fértil das diretrizes inovadoras, na qual contempla o realismo mágico.
Os grandes nomes da literatura infantil contemporânea trabalham com as
três tendências simultaneamente, fazendo um emaranhado uma ou outra em obras
diferentes.
Podemos citar como exemplos no Brasil as obras de Ana Maria
Machado, Eva Funari, Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Maria Clara Machado e Ziraldo.
2.3 Contação de história e sua importância
Contar histórias é a mais antiga das artes, relata Abramovich (1997), tempos
passados o povo tinha o hábito de sentava ao redor do fogo para esquentar, alegrar,
conversar, contar casos, pessoas que vinham de longe das suas terras, contavam e
repetiam histórias, pois essa prática fazia que as tradições e a língua fossem
guardadas. Desde então as histórias se articula a nossa cultura. E é através dessas
histórias que entraram em nossas vidas, através da voz materna, das babás, dos
livros coloridos, para encantamento das crianças. Os professores, sempre em busca
de novas maneiras e processos que se adeque a educação das crianças, foi então,
que descobriram esta grande riqueza, que são as histórias.
A Literatura Infantil é de suma importante na vida da criança desde a infância
até a sua vida adulta, a literatura é um combustível muito precioso para sua alma.
Conhecendo a criança e o enigma maravilhoso do seu mundo, que podemos estimar
todo o valor da literatura tem sua formação. A criança em si tem um mundo peculiar,
todo seu, cheios de sonhos e fantasias.
Ao ouvir histórias acontece um momento único e agradável, que faz
despertar a afeição das pessoas em todas as idades. No entanto, o interesse dos
adultos em ouvir história, estimula a criança a se interessar, ter o prazer de ouvi-las,
sendo sua habilidade de imaginação é mais acentuada, ou seja, criatividade total.
Desde muito pequenas as crianças já mostram interesse pelas histórias,
sendo acompanhando com palmas, sorrindo ou demostrando medo ou então,
reproduzindo algum personagem. Portanto, é importante que a história esteja
presente na vida da criança desde sua infância. (ABRAMOVICH, 1997)
A história traz o abstrato ao entendimento das crianças, e com isso municiaas de experiências que aumentarão a sua vivencia, aumentando suas
possibilidades dentro do relacionamento social. As histórias ensinam as
crianças a crescer e pensar. (DOHME, 2011, p.18)
Um grande instrumento para ser trabalho em sala de aula descreve
Abramovichi (1997) são os contos de fadas, existe mais de uma versão para
histórias de contos de fadas, isso pode ser um empecilho para os professores. Por
intermédio do conto, é possível elaborar uma atividade de interação, fazendo desse
momento um incentivo a leitura para as crianças. Há diversas maneiras de contar
histórias para as crianças, sendo elas: na expressão vocal, facial e corporal,
entretanto, as histórias a ser contadas, deve ser registrada no inconsciente, sendo
assim é essencial ler as histórias diversas vezes, para não perder e ficar em busca
de algum tópico.
O uso de músicas é muito atraente, assim como desenhos, roupas ou algum
acessório para história se torne algo extraordinário. A entonação do professor é
muito importante, uma estruturação que uni o livro e a criança. As variações de voz
é o que faz o diferencial no momento lúdico, são as modificações da voz, o ritmo da
leitura, sons e silêncios, dão cor e temperatura, dando realidade ao livro.
No momento da contação de histórias, é fundamental que a criança ouça
alguém ler, já que ela pode aprimorar sua fala, e a cada nova leitura, correlacionar
as palavras que saem da boca de quem lê com as letras no papel e as imagens das
páginas estão sendo lidas.
“A leitura de cada história tornada um hábito permite a formação de um leitor
atento, sensível e capaz de compreender e interpretar textos, além de enriquecer o
vocabulário e auxiliar no desenvolvimento da fala oral” (KRAEMER, 2008, p.13).
Desde pequenas, as crianças já conseguem reconhecer pela voz do leitor,
quando é o momento que devem mudar a página, permitir que elas ajudem, neste
estágio, pode ser uma excelente ideia para que, desde infância, elas estejam
envolvidas com a leitura, adaptando seus movimentos ao livro. É crucial que o
professor crie intervalos, respeitando o tempo imaginário de cada criança, arquitetar
seu cenário, imaginar seus monstros, adentrar pela casa, vestir-se de princesa,
sentir o galope do cavalo e imaginar as características do bandido (ABRAMOVICH,
1997).
No entanto a leitura compartilhada beneficia a relação entre as crianças, que
além de dividir o momento, passam juntas por diversas pelas emoções, aflições,
alegrias e surpresas que o livro vai mostrando. Todas as crianças pedem para que
se leia várias vezes o mesmo livro. Em cada vez que ouvem uma nova leitura, elas
podem praticar na apreensão e administração das emoções, na antecipação dos
caminhos narrativos.
É ouvindo histórias que podem sentir emoções importantes como a tristeza,
a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a
tranquilidade e tantas outras mais, é viver profundamente tudo que as
narrativas provocam em que as ouve com toda a amplitude, significância e
verdade que cada uma delas fez (ou faz) brotar... Pois é ouvir, sentir e
enxergar com os olhos do imaginário. (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
Nem sempre ler duas vezes é ler a mesma coisa. As crianças que são
apresentadas com regularidade aos livros e leituras desenvolvem espontaneamente
a curiosidade em saber o que se esconde por trás das páginas de um novo livro,
pois sua experiência mostra riqueza por estar esperando. O livro não tem a função
de prender, e sim o oposto, faz com que a criança o veja como algo que cria
alternativas de modificação e desafios contínuos, por isso escolher um livro de boa
qualidade não é uma tarefa fácil.
Para Abramovich (1997), ouvir histórias pode estimular várias aptidões como:
o desenhar, musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o
livro, escrever entre outros. Sendo tudo pode nascer de uma história. Nem sempre
olhando e achando uma capa bonita que ele irá agradar as crianças, não devemos
catalogar o livro infantil por avaliação dos adultos, mas sim apresentá-los a criança,
pois:
“Contar histórias é uma arte... É tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido
com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro... Ela
é o uso simples e harmônico e da voz” (ABRAMOVICH, 1997, p.18)
Portanto, procurar despertar a fantasia e a imaginação, conceber um
ambiente mágico que ajuda o desenvolvimento da criatividade e da expressão. É
importante dar à criança a chance de sorrir, chorar, divertir-se, admirar-se e
espantar-se com as histórias, essa extraordinária magia que vem dos contos de
fadas.
2.4 Contos de Fadas
Coelho (1997) nos relata que os Contos de Fadas são de natureza espiritual,
ética, existencial e originou-se entre os celtas, com heróis e heroínas, cujas as
aventuras estavam ligadas ao sobrenatural, ao mistério do além da vida e referiamse a realização interior do ser humano. Então surgem as fadas, cujo nome vem do
termo latim “fatum”, que significa destino.
Comprova-se que as fadas tiveram origem comum em função do próprio
termo que as designa: ”fada”. Sua primeira menção documentada em textos
novelescos foi em lingua latina: fata (oráculo, predição), derivada de fatum
(destino, fatalidade). Nas línguas modernas: fadas (português); fata
(italiano); fée (Frances); fairy (inglês); feen (alemão) e hada (espanhol).
(COELHO, 2009, p.78).
Desse modo, se há personagens que apesar dos séculos e da mudança de
costumes continuam mantendo seus poderes de atração sobre homens e crianças;
estamos falando das fadas. Fazendo parte da área dos mitos, a Fada ocupa um
lugar privilegiado na estrutura fundamental que neles é representada: assume a
possível realização dos sonhos ou ideias que faz parte da condição humana.
Levado pela materialidade do seu corpo e do mundo , é natural que o homem
tenha precisado sempre de mediadores mágicos. A possível realização de seus
sonhos, fantasias, aspirações e imaginação necessita, por sua vez, de mediadores
(fadas, varinhas mágicas, talismãs e entre outros...) e opositores (gigantes, bruxos,
bruxas, feiticeiros, seres do mal...). Nota-se que até hoje nossa vida procede entre
“mediadores” e “opositores” das mais variadas formas (COELHO, 1997).
Apesar de muitas pesquisas, não foi possível determinar com certeza onde,
quando ou por que elas nasceram. Na verdade as fadas pela sua primeira vez
nasceram na imaginação dos homens, e a verdadeira origem desses seres
imaginários, com poderes sobrenaturais, ficou esquecida no fundo misterioso dos
tempos. Podemos deduzir que o pensamento mágico dominava a humanidade.
Segundo Coelho (1997), diz à tradição que as fadas são seres imaginários,
dotados de virtudes positivas e poderes sobrenaturais, que interferem na vida dos
homens, para ajudá-los em situações- limite, quando nenhuma solução natural seria
possível.
Podemos pensar que a partir do momento em que se passa a ter o
comportamento negativo, são transformados em bruxas. Já, a beleza, bondade e
delicadeza são características comuns das fadas.
Não há duvida que, em sua origem, as fadas estavam ligadas a
cultos ou ritos religiosos. Em grande número de contos irlandeses
(de origem celta, a heroína (sempre um ser sobrenatural) aparece
como mensageira de Outro Mundo ou surge sob forma de um
pássaro em geral, cisne), que está ligada ao mistério da morte.
(COELHO, 2009, p.79)
Nos registros míticos literários, teriam surgido entre os celtas, os primeiros
contos de fadas, os povos bárbaros que, submetidos pelos romanos (século II a.C/
século I da era cristã), fixaram-se principalmente nas Gálias, Ilhas Britânicas e
Irlanda. A essa herança histórica é atribuído o nome de maravilhoso, de fantasia,
imaginação e encantamento que caracteriza as novelas de cavalaria do ciclo o Rei
Artur e seus Cavaleiros da Távola Redonda e sua Dama Ginevra. De fato, foi nas
novelas de cavalaria que as fadas teriam surgido como personagens, representando
formas psíquicas ou metafísicas (COELHO, 2009).
Com o passar do tempo, ao se transformarem e espalharem no meio popular
entre as crianças, essas representações nasceram como expressão simbólica de
preocupações éticas ou metafísicas, que perdem seu caráter esotérico e só
conservam suas prerrogativas mais evidentes: o seu poder mágico.
Magia e divindade são duas vertentes de uma mesma incógnita: o
sobrenatural ou o explicável, o fantástico, o insondável, o mistério, enfim.
Mistério é tudo o que ainda não foi desvendado. Se magia implica
fantástico, divindade também o envolve: fantástico é um conto policial, e
fantástico é também a concepção de um milagre, pois a proposições que
nos parecem inexplicáveis e inverossímeis em ambos deixam de ser
fantásticas, quando nos permitem explicá-las (CARVALHO, 1985, p.59).
Para Coelho (2009) os contos de fadas pertencem ao mundo encantando,
dos arquétipos, são míticos, simbólicos, que correspondem ao universo da criança e,
sendo assim, torna-se possível assumir o real através da cultura do imaginário.
Como a criança precisa de um estímulo para facilitar a sua aprendizagem, nada
melhor que os contos de fadas para ajudar no seu desenvolvimento.
Os contos de fadas proporcionam através da oralidade o primeiro contato das
crianças com o texto. Por isso é importante a criança ouvir muitas e muitas histórias,
pois além de ser um passo inicial no seu processo de aprendizagem, certamente
ajudará no seu interesse e gosto pela leitura.
Um gênero encontrado na literatura infantil o é narrativo, descreve Bettelheim
(2002) seu conto é bem simples, rápido e certeiro. Sempre mantém aspectos
próprios como: “Era uma vez...”, “Num reino encantado...”, “Num lugar não muito
distante...”, essa forma narrativa mostra que as histórias tem um início, um meio e
um fim e com isso é possível que a criança a percepção da presença de um tempo,
sendo assim, um tempo que não é seu, e sim um tempo imaginário.
É fundamental destacar que por meio da influência dos contos de fadas e sua
essência que a criança tem a vasta chance de brincar com os impagáveis enigmas
da vida, sem a preocupação de ser aprovada ou reprovada pelo adulto.
Através do conto é possível efetivar o desenvolvimento da criança,
incentivando-a ser generosa e solidária, fazendo com que ela entenda que a
bondade não está em todas as pessoas, e as situações são variáveis sendo elas
agradáveis ou não.
Portanto, a estrutura do conto de fadas é o de separar concepções que
formam caráter, pois que compõe relação entre o “bem e o mal”, “certo ou errado”,
entre outros. São muitos seus valores: respeito, bondade, justiça, amizade, amor,
franqueza, humildade, diferença e outros mais. A constituição da moralidade da
criança acontece quando a mesma faz uso de argumentação sobre os contos de
fadas, desunindo as atitudes das personagens, e com isso construir as suas
próprias, servindo como apoio base formação moral (COELHO, 1997)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a literatura infantil é de extrema importância para a formação
da criança. Pois desenvolve a criatividade, a imaginação, podendo ser trabalhada e
discutida em qualquer etapa da sua vida.
A literatura infantil deve ser trabalhada de forma bem lúdica, com um simples
objetivo de despertar o prazer de ler e ouvir história. Ela é uma fonte riquíssima e
inesgotável de conhecimentos e prazer, amplia a visão da criança e faz com que
aprenda a lidar com seus medos, sonhos e frustações.
Para quem queira ensinar a gostar de ler deve começar transformando a
leitura numa atividade livre, pois tudo aquilo que fazemos por obrigação, tende a
ficar desinteressante.
Por fim, para que isso ocorra é interessante o educador propiciar às crianças
um ambiente favorável, que estimule para a leitura.
O professor como mediador do conhecimento deve levar para a sala de aula
toda a sua experiência adquirida, não só profissional, mas também pessoal, que em
contato com as experiências dos alunos, ajudam também na aprendizagem dos
mesmos. A presença constante a cada dia de história na vida das crianças é algo
imprescindível em suas vidas.
Mesmo que a criança não conheça a escrita, ela deve ter contato com os
livros, para que no decorrer da sua vida, ela adquira o hábito pela leitura. Pois é
através da literatura, que eleva o potencial cognitivo da criança, tornando mais ágil e
eficaz em seus pensamentos.
E utilizando a literatura de forma lúdica, facilita o entendimento de conceitos,
valores e conhecimentos trabalhados. Portanto, podemos notar que a literatura
infantil tem uma grande influência no processo de ensino-aprendizagem,
compreender, conhecer e reconhecer características particulares do pré-leitor é
necessário de forma prazerosa, que o educador ofereça um ambiente que estimule,
enriqueça e amplie suas possibilidades de entender, de ver as coisas e de ler o
mundo, esses procedimentos são considerados grandes desafios da educação
infantil e dos profissionais da educação para uma possível formação de crianças
leitoras. Sendo a função da educação infantil de iniciar a criança na convivência em
comum, o que exige apoiá-la a renunciar a percepção exclusiva do seu mundo
pessoal, assumindo concepções de um pensar, sentir coletivamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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KRAEMER, Maria Luiza. Histórias infantis e o lúdico encantam as crianças:
atividades lúdicas em clássicos da literatura infantil: Editora. Autores Associados,
2008
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