Utilização de Oximetria de Pulso em Ambientes de Ressonância Nuclear Magnética Ellen Pereira Zambalde Fabiano Valias Carvalho Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel [email protected] Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel [email protected] Resumo – O principal objetivo do trabalho foi investigar questões relacionadas ao uso do oxímetro em ambientes de ressonância nuclear magnética (RNM) visando o levantamento de limitações e a proposição de soluções seja no contexto de novas formas de uso e ou adoção de novas tecnologias. Uma pesquisa tecnológica e exploratória, fundamentada em referencial bibliográfico e documental. As principais limitações identificadas foram a interferência que o aparelho oxímetro causa na qualidade das imagens da ressonância e na segurança do paciente. Quanto a proposição de novas tecnologias o estudo aponta para o uso de fibras ópticas. A leitura do oxímetro é feita através da emissão de luz. Entretanto existem artefatos que comprometem a leitura da oximetria de pulso, como, por exemplo, a interferência na leitura pela emissão de radiofrequência durante a ressonância nuclear magnética [6]. Isto implica que os oxímetros usados neste ambiente também necessitam incorporar novas tecnologias, como cabos especialmente isolados quanto a radiação, reduzindo possíveis queimaduras no paciente e irregularidades nas imagens de ressonância nuclear magnética Neste contexto, o principal objetivo do trabalho foi investigar questões relacionadas ao uso do oxímetro em ambientes de ressonância nuclear magnética, visando o levantamento de limitações e a proposição de soluções, seja no contexto de novas formas de uso e ou com relação à adoção de novas tecnologias. Palavras-chaves - Oxímetro de Pulso; Ressonância Nuclear Magnética; Engenharia Biomédica. Abstract - The main objective of this study was to investigate issues related to the use of the oximeter in MRI environments seeking the lifting of limitations and propose solutions either in the context of new forms of use and or adoption of new technologies. A technology and exploratory research, based on documentary and bibliographic references. The main limitations were identified interferences that oximeter device causes on the quality of the MRI images and patient safety. Regarding the proposition of new technologies the study points to use optical fibers. II. OXÍMETROS EM AMBIENTES DE RESSONÂNCIA Um oxímetro de pulso é um dispositivo médico que mede indiretamente a quantidade de oxigênio no sangue de um paciente [8]. Devido à simplicidade, rapidez de resposta e facilidade de uso, oxímetros de pulso são de importância vital para a medicina de emergência, e são também muito utilizados para pacientes com problemas respiratórios, onde é necessária oxigenação adicional. As últimas gerações de oxímetros de pulso utilizam processamento digital de sinais para aumentar a precisão em condições clínicas adversas [8]. O princípio da oximetria de pulso é baseado nas características de absorção da luz vermelha e infravermelha da hemoglobina oxigenada e a desoxigenada. A hemoglobina oxigenada absorve mais luz infravermelha (850 – 1000nm) e permite que mais luz vermelha (600 – 750 nm) a atravesse. Já a hemoglobina desoxigenada apresenta comportamento inverso, absorvendo mais luz vermelha permitindo a passagem da luz infravermelha [10]. A equação a seguir (Figura 1) descreve o cálculo realizado pelo equipamento: Keywords – Pulse Oximeter; MRI; Biomedical Engineering. I. INTRODUÇÃO O oxímetro de pulso é um dispositivo médico que mede a saturação de oxigênio no sangue de forma não invasiva em um paciente. Em geral ele é anexado a um monitor para que os médicos possam ver a oxigenação em relação ao tempo. A maioria dos monitores também mostra a frequência cardíaca. A oximetria por ser uma técnica simples, indolor e que fornece o resultado imediato, tornou-se ferramenta fundamental para a condução de pacientes, principalmente aqueles com suspeita de hipoxemia aguda ou crônica [6]. SpO2 = [HbO2/(Hb+HbO2)] X 100% E. P. Zambalde ([email protected]) e F. V. Carvalho ([email protected]) pertencem ao Instituto Nacional de Telecomunicações Inatel. Av. João de Camargo, 510 - Santa Rita do Sapucaí - MG - Brasil 37540-000. Figura 1 – Equação do oxímetro 1 onde: - SpO2 é a saturação de oxigênio (%); - HbO2 é a quantidade de oxihemoglobina; - Hb é a quantidade total de hemoglobina. oxímetros é que eles venham a utilizar tecnologias, como o sensor de fibra óptica e o desenho especifico do cabo, no qual irão evitar queimaduras de radio frequência e os artefatos de imagem serão virtualmente eliminados. [13] Empresas como Nonin já tem projetos avançados de oxímetros, com abordagem ao uso em ambientes de ressonância magnética. Figura 2 – Oxímetro de Pulso [11] Figura 3 – Oxímetro de pulso para ambientes de ressonância nuclear magnética [13] Quanto ao uso de oximetros em ambientes de ressonância magnética (RNM), tem-se um ambiente de interação da radiação magnética com a matéria. Um paciente se submete a um exame de RNM para retratar imagens de seus órgãos e tecidos em alta definição. A Ressonância Magnética é um exame seguro, os únicos riscos conhecidos são aqueles que resultam de o campo magnético e as ondas de rádio interferir com objetos metálicos ou eletrônicos que o doente tenha na pele ou dentro do corpo, resultantes de cirurgia, ou fragmentos metálicos. Alguns objetos e dispositivos com os quais a Ressonância Magnética interfere são: [12] Marca passo cardíaco: dispositivo eletrônico que se destina a regularizar o ritmo cardíaco; Desfibrilador cardíaco: dispositivo eletrônico parecido com um marca passo, que faz uma descarga eléctrica quando o coração fibrila; Válvula cardíaca: algumas válvulas colocadas no coração têm anéis metálicos que são atraídos pelo campo magnético; Porta de acesso vascular ou cateter: usadas, por exemplo, em doentes que fazem quimioterapia, servem para administração repetida de medicamentos; Fragmento metálico nos olhos ou no corpo: os fragmentos metálicos podem deslocar-se e resultar em lesão. III. METODOLOGIA Conforme[1], [2], [3] e [4] a presente pesquisa caracteriza-se como tecnológica, exploratória e encontra-se fundamentada em referencial teórico e documental. O trabalho foi realizado no período de março/2012 a Janeiro/2013. Inicialmente foram levantados e selecionados artigos, textos de periódicos e livros relacionados basicamente aos temas oxímetro, oximetria, ressonância magnética e oxímetros em ambientes de ressonância. Na sequência, a partir do acesso e estudos a manuais e catálogos, sejam impressos ou disponíveis na Web, foram levantados dados sobre a estrutura, tecnologia e funcionamento de oxímetros. Ao final, buscou-se uma integração de conteúdos que permitissem identificar e listar problemas e limitações de uso de oxímetros em ambientes de ressonância magnética e, na sequência, apresentar sugestões de tecnologias associadas à oxímetros, com vistas a minimizar problemas e instigar a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos, com especificações para o ambiente de ressonância. IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tecnologia de oximetria de pulso oferece limitações em relação ao uso conjugado com equipamentos de tomografia e ressonância magnética. Ficou comprovado que nestes ambientes não somente a leitura de SpO2 foi alterada, como também os resultados dos mapeamentos. Também podem ocorrer queimaduras no local da aplicação do sensor. Mesmo que o oxímetro esteja desligado, se o sensor estiver posicionado no paciente, o risco de queimaduras existe. A fonte destes incidentes é devido à geração de radiofrequência pelo equipamento de ressonância [6]. Neste sentido, a tendência é o projeto de oxímetros de pulsos especialmente voltados ao uso em ambientes de ressonância magnética (Figura 3). O diferencial destes A partir da revisão de literatura e documental pode-se afirmar que os principais problemas e limitações identificadas com relação ao uso de oxímetro em ambientes de ressonância magnética são os seguintes: alterações nas imagens geradas durante o exame de ressonância nuclear magnética e possíveis queimaduras devido à radiofrequência nos pacientes. Com o conhecimento específico relativo à estrutura e tecnologia dos oxímetros atuais, a indicação é para o uso de tecnologias como a fibra óptica, onde o direcionamento da luz para dentro do núcleo da fibra seria feito por um prisma. Cabos isolados também serão colocados para garantir a 2 segurança do paciente. Estes seriam incorporados aos novos projetos de oxímetro, considerando ambientes de ressonância. A adoção dessas tecnologias implica em solucionar as limitações citadas, reduzir queimaduras no paciente e evitar a ocorrência de interferências nas imagens. Além disso, cabe observar que devem ser mantidas a praticidade e usabilidade do equipamento – oxímetro. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos realizados, em caráter preliminar, apontam para a necessidade de uma evolução tecnológica no contexto do desenvolvimento de oxímetros para ambientes de ressonância magnética. Um dos elementos fundamentais desta evolução diz respeito à utilização de fibra óptica. A ideia é que um prisma acoplado direcione a luz para dentro do núcleo da fibra, buscando evitar perdas de potencia do sinal do oxímetro. Neste sentido, o oxímetro conservaria sua praticidade e eficiência proporcionando resultados dentro de parâmetros de confiabilidade adequados. Tudo isto dentro de um contexto de melhores resultados para a medicina e cuidado maior com a saúde do paciente. Finalizando, cabe ressaltar, que os resultados obtidos correspondem a uma premissa teórico-bibliográfica. Como trabalhos futuros, indica-se o desenvolvimento de um protótipo com fibra óptica para teste em ambientes de ressonância, ou seja, a validação do protótipo se daria em ambientes adequados de teste envolvendo os elementos de distorção de sinais presentes no contexto da radiofrequência. V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1987. [2] PINHEIRO, J. M. S. Da iniciação científica ao TCC: uma abordagem para os cursos de tecnologia. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2010. [3] ZAMBALDE, A. L. Metodologia científica. Lavras: DCC/UFLA, 2012 (Apostila de aula). [4] JUNG, C. F. Elaboração de artigos científicos – Materiais didáticos. Disponível em <http://www.jung. pro.br>. Consulta em 09/05/2012. [5] MORIYA, J. G. Manual de Instruções: Oxímetro de Pulso Portátil Modelo 1003. São Paulo: Novembro 2004. [6] TERAPIA DO MOVIMENTO. Oximetria de pulso e algumas condições que interferem na sua leitura. Disponível em <http://terapiadomovimento. blogspot. com/2010/06/oximetria-de-pulso-ealgumas-condicoes.html >. Consulta em 27/02/2012. [7] MOYLE, J. T. B. The use and abuse of pulse oximetry. Conference in London, 1996. [8] WIKIPEDIA, Oxímetro de Pulso. Disponível em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Ox%C3%ADmetro_de_pulso>. Consulta em 14/09/2012. [9] PHILIPS Medical Systems. SpO2 Monitoring. Understanding Pulse Oximetry SpO2 Concepts. Holand: 2003. [10] ANVISA, Desfribilador Externo. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br/boletim_tecno/boletim_tecno_fev2011/PDF/mat riz_desfibri_que_temos04fev2011.pdf>. Consulta em 23/01/2013 [11] LIGHT IN THE BOX. Oxímetro de pulso portátil. Disponível em: <http://www.lightinthebox.com/pt/oximetro-de-pulso-portatil-PM-60A--1207-0479-12-_p80694.html>. Consultado em 23/01/2013 [12] HOSPITAL DA BOA VISTA. Ressonância Magnética. Disponível em <http://www.hppboavista.pt/pt/ ExamesDiagnostico/Paginas/Resson%C3%A2nciaMagn%C3%A9tica.aspx >. Consultado em 23/01/2013. [13] INDUMED. 7500FO Oxímetro para ressonância. Disponível em <http://www.indumed.com.br/site/produtos.php?produto=7500FOOx%EDmetro-Para-Resson%E2ncia&pID=NDc=&s=Mg== >. Consultado em 20/08/2012. 3