que é mensagem. Diz ele: `São 10 mil famílias que ainda esperam

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Advento 2016
VIGIAI E ESTAI PREPARADOS
Georgino Rocha
Jesus quer despertar a consciência dos discípulos para o sentido do que vai
acontecendo e que, de algum modo, indicia por onde Deus “anda”. E a Igreja coloca
no início do Ano Litúrgico o desejo do seu Mestre e Senhor para exortar à vigilância
atenta e confiante, ao discernimento pessoal e comunitário. Com este espírito, a
celebração do 1º domingo do Advento “abre as portas” ao novo horizonte que tem
como pólo maior as festas do Natal e como realização plena a Páscoa da ressurreição
de Jesus, o morto que agora vive para sempre.
Mateus, o evangelista de serviço, vai fazendo desfilar figuras emblemáticas desta
atitude, destacando João Baptista que prepara os caminhos do Senhor, e Maria, a
noiva de José e mãe de Jesus. E deixa-nos o convite e a exortação: Vigiai e estai
preparados. O Senhor virá.
Jesus, na sua arte pedagógica, recorre a factos da vida quotidiana: as rotinas do tempo
de Noé que fazem adormecer a consciência e crescer a indiferença e a insensibilidade.
Os “folgazões” nem sequer advertem nos preparativos da arca e dos que nela entram.
Parece estarem totalmente “dopados”. Como agora em relação à ética humana em
certos âmbitos da sociedade: prazer ao minuto, êxito fácil e prestigiado, dinheiro que
é fruto da corrupção, caos do bem público em tantos países.
O arcebispo de Erbil (Iraque), D. Banhar Warda, esteve há dias entre nós na sessão da
apresentação do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no mundo, da responsabilidade
E deixou-nos o seu testemunho
que é mensagem. Diz ele: ‘São 10 mil famílias que ainda esperam
que a sua vida possa regressar ao normal e o vosso apoio é muito
importante’. E continua a falar da sua diocese apresentando-a
como uma comunidade que acolhe atualmente milhares de
cristãos perseguidos, vindos de outras regiões do país que foram
tomadas pelo Estado Islâmico. E como Erbil, tantas outras.
da Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre”.
Mateus também salienta o descuido de quem anda absorvido nas tarefas do campo e
da mó. O exagero de concentração faz com que não dê conta de que algo
surpreendente vai acontecer e a sorte será diferente para quem está na mesma
situação. A finalizar a sua exortação aduz o exemplo do dono da casa prevenido contra
a possibilidade de ser assaltado.
A urgência da vigilância na vida diária humaniza as pessoas, desperta a
responsabilidade, ajudá a tomar atitudes ponderadas, robustece a esperança
confiante no futuro que desabrocha a partir das sementes lançadas no presente.
A propósito das sementes lançadas pelo ano Jubilar encerrado no passado domingo
aconselha o bispo de Aveiro, António Moiteiro: “Interroguemo-nos sobre que
consequências tem a mensagem da misericórdia divina para a vida do cristão, para a
práxis pastoral da Igreja e para o contributo que os cristãos são chamados a dar para
a transformação deste mundo, a fim de ser mais justo e mais misericordioso”.
Oportuna interpelação.
Viver vigilante com Jesus é cultivar a melhor disposição em todas as circunstâncias,
sendo honrado no que se diz e faz, sendo responsável na profissão e na convivência
social, sendo compreensivo para com todos, sobretudo para com os mais frágeis e
esquecidos. Estar de vigia com Jesus é assumir a missão que nos confia, não com medo
do que possa acontecer, mas robustecidos pelas surpresas que o seu Espírito nos
prepara, mesmo nas horas da maior amargura. Como na agonia do Jardim das
Oliveiras.
Ser vigilante é cultivar a esperança e acreditar no Senhor que veio, que vem e que virá.
Virá quando cessar o tempo e se entrar definitivamente na eternidade. Vem nos sinais
da sua presença existencial no ser humano e nos vestígios naturais em toda a criação.
Veio na criança de Belém, filho de Maria confiado à protecção de José.
Ser homem/mulher de esperança é mobilizar todas as energias e activar todos os
sentidos para o ver na simplicidade dos humildes, o descobrir nos sinais existenciais,
o aguardar e abraçar na vinda gloriosa. É cooperar com Ele e estar preparados e
disposíveis para o que for necessário. É ter os olhos limpos e despertos para ler o
mistério da vida; os ouvidos afinados e abertos para escutar o clamor das vítimas e o
grito dos profetas; as mãos disponíveis e generosas para repartir os bens e distribuir
gestos de proximidade; o coração ardente que escuta a palavra, contagia optimismo e
se lança na acção solidária; os braços erguidos em atitude suplicante pois todo o dom
perfeito vem de Deus; o sentimento alegre e acolhedor do Senhor que vem sem tardar
a ensinar-nos a sermos humanos.
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