Leite de vaca no primeiro ano de vida

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Leite de vaca no primeiro ano de vida A nutrição de bebê, principalmente quando se trata do primeiro ano de vida do lactente (de 0 a 12 meses), ainda é um tema muito debatido por diversas associações médica, tanto no âmbito nacional, como no âmbito internacional. Esta preocupação não é para menos: em nenhum outro momento da vida do ser humano ocorre um ganho de peso, um crescimento na estatura, e um desenvolvimento neuorpsicomotor de forma tão intensa. Nesta fase da vida da criança, o leite (materno, de vaca ou fórmula infantil) chega a representar de 35 a 100% da ingestão total de alimentos, dependendo da idade do bebê. Assim, a escolha por um leite adequado que será oferecido é fundamental. Dentre as possibilidades temos: o leite materno, o leite de vaca integral (LVI) ou fórmulas lácteas infantis. No entanto, estes leites diferem bastante entre si. Sem dúvida, o leite materno preenche todas as necessidades nutricionais do lactente até o 6º mês de vida, sendo também recomendado como o leite de escolha entre o 6º e o 12º mês junto à alimentação complementar. Ele não é apenas uma fonte de nutrientes especificamente adaptada à capacidade metabólica do bebê, como também uma substância viva de grande complexidade biológica, ativamente protetora de infecções e alergias, por exemplo. Na impossibilidade do uso do leite materno, surgem várias questões sobre a adequação do leite de vaca integral (LVI) como fonte de nutrientes para o lactente. No Brasil, o leite de vaca é a principal alternativa para as mães que não podem amamentar seus filhos. Esta realidade existe principalmente em populações com um poder econômico reduzido, visto o menor custo deste produto frente às fórmulas infantis. Entretanto, quando se trata da oferta de LVI para nossas crianças, não podemos deixar de lado os cuidados a serem tomados nesta prática. Já há alguns anos têm sido descrito por diversos profissionais da área que o consumo de LVI por crianças menores de 1 ano está associado ao aparecimento da anemia ferropriva (anemia por deficiência de ferro). Além do baixo teor, o ferro do leite de vaca não é bem absorvido pelo organismo de lactente. Outro fator agravante que contribui o aumento do risco de deficiência de ferro e anemia no 1º ano de vida é o fato de que o consumo de leite de vaca está associado à perda de sangue pelas fezes de uma maneira despercebida pelas mães e cuidadores. Tal evento cessa após a criança completar 1 ano, idade esta em que o trato gastrointestinal já está mais desenvolvido. Ainda também em virtude de um trata gastrointestinal não totalmente desenvolvido, o consumo de LVI por crianças menos de 12 meses têm sido relacionado como um fator predisponente no aparecimento da alergia a proteína do leite de vaca, uma condição que afeta 0,4% a 7,5% das crianças de 0 a 2 ano de idade. Além disso, a exposição precoce da criança ao LVI aumenta o risco não somente de reações adversas a este leite, como também de alergias a outros alimentos. Outro risco associado a sua ingestão é o de desenvolver uma sobrecarga renal, com distúrbios de eletrólitos e com elevação de sódio no sangue. Apesar das funções metabólicas e excretoras do lactente normal acima de 6 meses de idade estarem mais maduras e, na maioria das vezes, poder suportar bem esta sobrecarga, a margem de segurança continua sendo maior quando o alimento é o leite materno ou algum fórmula modificada. Existe ainda o risco de deficiência de cobre, zinco, vitamina A, C, E e ácido fólico e gorduras essenciais (ômega 3 e ômega 6) principalmente quando se utiliza o LVI muito diluído, prática esta comumente observada. Deficiência de algumas vitaminas pode ser ainda agravada pelo processamento térmico do leite. Dada as evidências, não se recomenda então a utilização do leite de vaca integral na alimentação da criança durante o primeiro na de vida. Contudo, esta realidade nem sempre é possível, visto que o poder aquisitivo da maioria da população brasileira é baixo. Quando da utilização do LVI, esta prática irá requerer cuidados com determinadas modificações, no intuito de reduzir a possibilidade de riscos para a saúde da criança. Para aquelas crianças impossibilitadas de serem alimentadas com leite materno desde o nascimento, recomenda‐se que o LVI seja diluído preferencialmente até o 5º mês do lactente. No 1º mês, preconiza‐se uma diluição de 50%, isto é 1 parte de LVI em 1 parte de água. Do 2º ao 4º mês, 2 partes de LVI em 1 parte de água. Essa diluição visa à redução do excesso de proteínas e eletrólitos. Contudo, qualquer que seja a diluição adotada, concomitantemente haverá sempre a redução na quantidade de energia fornecida ao lactente, sendo que esta deve ser corrigida a fim de suprir as necessidades do pequeno. Usualmente, a correção é feita com o acréscimo de carboidratos, como as farinhas. Deve‐se evitar a utilização do açúcar simples devido ao poder em potencial de provocar diarréia nesta fase da vida. Atenção! •
O leite desnatado é contra‐indicado para a criança, pois além de possuir densidade energética muito baixa, pode causar deficiências severas de gorduras essenciais e determinadas vitaminas. •
Os leites achocolatados também devem ser evitados durante o 1º ano e vida devido à presença de alguns fatores antinutricionais do chocolate, os quais podem comprometer a utilização da proteína e do cálcio do leite. •
E por fim, o leite de vaca não submetido a processamento térmico prévio é desaconselhável. Leites in natura expõem a criança ao risco de doenças como tuberculose, dentre outras, podendo este leite ter uma condição de higiênico‐sanitária precária. Nutr. Flávia De Conti Nutrociência Assessoria em Nutrologia 
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