CONSENSO BRASILEIRO DE VIDEOENDOSCOPIA GINECOLÓGICA SÃO PAULO, 15 A 18 DE MAIO DE 2000 TEMA: BASES DA LAPAROSCOPIA COORDENADOR: REGINALDO GUEDES C. LOPES RELATORES: CARLOS ALBERTO SÁ MARQUES IVETE DE ÁVILA MARCELO ESTEVE MARINÊS RODRIGUES DOS SANTOS CEZAR PAULO GUIMARÃES WILSON NOGUEIRA SOARES JR. 1 CO-RELATORES: ADALBERTO CARVALHO VALLE NETTO ADERGICIA VITÓRIO CAVALCANTE ALBERTO VASCONCELOS ANA PAULA GUIMARÃES BARBOSA ANGELA DIAS NETTO DOS REIS ARINALDO VASCONCELOS DE ALENCAR CARLOS ALBERTO LEME CARLOS DUARTE CARMEM LÚCIA DE SOUZA CLÁUDIA RAMOS SANTOS CLAUDIO EMILIO BONDUK CLAUDIO LEAL RIBEIRO CORIVAL LISBOA ALVES DE CASTRO DARLEI DAWTON COLZANI DJANE MUNIZ DE MORAES DORA LOTAIF DULCE CRISTINA PEREIRA HENRIQUES ELIANA GONÇALVES LORDELLO ELIANA MARISA GANEM ELISIO RODRIGUES COELHO JUNIOR EMILLY SERAPIÃO DOS SANTOS ÉRICA LIMA ARAÚJO FÁBIO LUIZ MALISANO FÁBIO MACEDO FERNANDA DO REGO MATOS GABRIELA PRAZIAS SALLES DE MENEZES GERSON ANTÔNIO S. MOURÃO GIAN CARLO NERCOLINI GILSON BARROS DA CUNHA 2 HÉLIO FERNANDES COSTA HELVIO BERTOLOZZI HENRIQUE MATTOS DE OLIVEIRA IARA MARIA GOMES COELHO IVONE DIRK DE SOUSA FILOGONIO JOÃO SABINO PINHO NETO JOSÉ CARLOS RITTES JOSÉ FRANCISCO DÓRIA RAMOS JOSÉ OTÁVIO COSTA AULER JUNIOR JOSÉ WEYDSON BARROS LEAL JULIO ROBERTO DE MACEDO BERNARDES KATIA REJANE MARROQUIM LUIZ ALBERTO SOBRAL VIEIRA JR LUIZ CARLOS SANTOS LUIZ FERNANDO NEVES RIBEIRO MANOEL LUIZ MOREIRA DE SOUZA MANUEL MAURÍCIO GONÇALVES MARCELO LUIZ ABRAMIDES TORRES MARCO AURÉLIO PINHO DE OLIVEIRA MARCOS ARAÚJO DE MELO MARIA ALICE LOPES PEREIRA MARIA MADALENA PESSOA CALDAS MARIO ÍTALO PEREIRA DE MATOS MILTON BRANDÃO NETO MILTON RELTZFELD NESTOR DANIEL TURNER OACIR MONTEIRO DA SILVA JUNIOR OLIVIA MARIA DE ARRUDA OLIVEIRA PAULO ROBERTO MUSSEL BARROZO PEDRO CORDEIRO FILHO PETRUS AUGUSTO DORNELAS CÂMARA RENATO LAÉRCIO TEIXEIRA DOS SANTOS 3 RENATO MESTRINER STOCCHE RICARDO MEDEIROS ROBERTO N. CAVALCANTE ROBERTO RINALDO DE OLIVEIRA SANTOS ROSILDA JOSE DO NASCIMENTO RUI GILBERTO FERREIRA SALETE YATABE SERGIO DAHER JORGE SERGIO GALBINSKI SERGIO MARTINS PANDOLFO SONIA CRISTINA A. HINRICHSEN TELMA CURSINO DE MENEZES VILMA GUIMARÃES DE MENDONÇA 4 EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTAIS EM VIDEOLAPAROSCOPIA 1- INTRODUÇÃO O conhecimento dos equipamentos e do instrumental cirúrgico utilizado em videolaparoscopia é condição fundamental para o cirurgião dominar esta maneira de operar, totalmente dependente desta tecnologia. Nosso objetivo neste capítulo não é de aprofundar estudos de física, mecânica e eletrônica, mas sim, analisar as características técnicas importantes e, traduzir este detalhamento numa terminologia adaptada à prática operatória do ginecologista. O ginecologista vídeo cirurgião precisa conhecer as aplicações e limitações dos equipamentos que utiliza para explorá-los corretamente durante a operação. Estas informações são também de valia diante de sua análise de custo benefício ao adquirir ou escolher um material cirúrgico. Formulamos inicialmente uma composição do material mínimo necessário para procedimentos básicos e avançados em videolaparoscopia ginecológica. A seguir descrevemos cada um destes equipamentos e instrumentos, salientando os aspectos técnicos que repercutem na prática operatória. Apresentamos este assunto também esquematizado em quadros para facilitar consultas. Formulamos questões e problemas que podem ocorrer durante uma videolaparoscopia concernentes especialmente ao equipamento sugerindo condutas e soluções. Finalmente levantamos questões teóricas sobre robótica e novidades citando novas pesquisas da área. A tônica desta tecnologia é a dinâmica, a busca incessante de aprimoramento e de soluções técnicas para superar limitações cirúrgicas. Assim, querer esgotar este assunto seria um contra-senso, no entanto, tentamos mostrar simplesmente que estamos no limiar de uma tecnológica com perspectivas de uma evolução contínua sendo impossível vislumbrar seu limite. 2- ORGANIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTAL 2.1- Sistema básico É o conjunto de equipamento e instrumental operatório mínimo para realização de uma cirurgia laparoscópica de menor complexidade. 2.1.1- Equipamentos básicos: - Insuflador de CO2 - Fonte de Luz - Câmera - Cabos de iluminação - Monitor - Ótica O grau - Videocassete 5 2.1.2-Instrumentais básicos 1 agulha de Veress 1 trocarte de 10 mm para ótica 1 trocarte de 10 mm para extração de peça 2 trocartes de 5 mm 1 trocarte de Hasson 1 palpador 1 fórceps atraumático 1 fórceps de tração 1 fórceps de biópsia 1 tesoura Manipulador uterino Cânula de irrigação-aspiração Sistema bipolar: cautério e pinça 2.2 -Sistema avançado É o conjunto de equipamentos e instrumentais necessários para operações mais complexas ou avançadas 2.2.1-Equipamentos especiais: - todos aqueles citados no item 2.1.1 - sistema de morcelador elétrico 2.2.2-Instrumentais necessários para procedimentos avançados 2 trocartes de 10 mm 3 trocartes de 5 mm 1 trocarte de Hasson 1 palpador 2 fórceps atraumáticos 2 fórceps de tração 1 fórceps de biópsia 1 tesoura Cânula de irrigação-aspiração Sistema bipolar e monopolar: cautério e pinças Instrumentais específicos a procedimentos especiais: Saca-mioma Saca-útero Manipulador uterino para histerectomia (diversos modelos) Tubo vaginal para vedação de pneumoperitônio 6 2.3 -Sistema de Microlaparoscopia A microlaparoscopia permite incisões menores, melhores resultados cosméticos, fácil inserção de trocartes através da parede abdominal, com menos dor e desconforto no pósoperatório. As óticas de menos de três milímetros, com diâmetros mínimos de até 1 mm são geralmente constituídas de fibro-telescópios, com resolução, contraste e campo de visão limitados. Estes sistemas constituem a ultra-microlaparoscopia e atualmente são destinados a diagnóstico e verificação da punção. Os sistemas óticos de lentes miniaturizadas permitem uma qualidade de cor, contraste e campo de visão superiores em comparação com os fibro-telescópios. Com sistemas de 3,3mm pode-se realizar procedimentos com ótima qualidade de imagem. Estes sistemas são mais frágeis que os sistemas de 10mm e que os fibro-telescópios. A microlaparoscopia permite o diagnóstico e o tratamento de numerosas patologias como: dor pélvica crônica, lise de aderências, tratamento de endometriose, laqueadura tubária, salpingoplastia, neosalpingostomia, multipunção de ovário, ooforoplastia, re-anastomose tubária, second-look e outros procedimentos maiores, conforme a experiência do cirurgião com o instrumental miniaturizado. Os procedimentos menores podem ser realizados sob anestesia local e sedação. Os procedimentos são menos traumáticos, com curta hospitalização e rápido retorno ao trabalho. O sistema mínimo para microlaparoscopia deve incluir (equipamento e referências Karl Storz): Laparoscópio de 0º - Hopkins II 3 trocartes de 3,3 mm 1 pinça Kelly de dissecção e apreensão 1 pinça Reddick-Olsen de dissecção e apreensão 1 tesoura curva serrilhada 1 pinça Brakesley de biópsia e dissecção 1 eletrodo monopolar de coagulação e dissecção 1 eletrocautério bipolar 1 palpador 1 porta-agulhas 1 aspirador e irrigador 3- DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTAIS 3.1- Unidade Geradora de Imagem O sistema básico da unidade geradora de imagem tem por objetivo a captação e ampliação da região que se deseja operar, reproduzindo-a em um monitor de vídeo, e é composto de: Câmera de vídeo Fonte de luz Cabo de luz Ótica Monitor de vídeo 7 Videocassete Videoprinter 3.1.1- Câmera A câmera de vídeo é formada pelo conjunto de microcâmera e processador de imagem. A microcâmera contém um circuito integrado (chip) responsável pela transformação da imagem captada pela ótica num sinal eletrônico que será processado pelo processador de imagens. O número de chips (um a três) varia e isto determina a capacidade de proporcionar detalhes. A câmera de um chip significa que ela faz a aquisição e o processamento da imagem naquele único chip. Com dois chips esses processos são gerados em separado, resultando numa imagem de melhor definição. Utilizando três chips, além de ter processamento e aquisição de imagem gerados separadamente, há um terceiro chip para aquisição de cada uma das cores básicas (vermelho, azul e verde). Isto melhora a definição de cor e permite uma idéia melhor de profundidade. O processador de imagem recebe o sinal eletrônico da câmera, gera e envia sinais compatíveis com os diversos equipamentos. Também controla algumas funções da câmera, como o ajuste do branco (white balance), o controle do obturador da câmera (auto-shutter) e a geração do código de barras para ajuste das cores. Embora as câmeras possam ser imersas em solução química, esta conduta reduz o seu tempo de vida útil. Recomenda-se que se use sempre uma capa de material plástico, tubular, estéril. 3.1.2- Fonte de luz A iluminação é fundamental na geração de uma boa imagem. A luz emitida pela fonte é levada até a ótica por um cabo de fibra ótica ou de cristal líquido e pela ótica, até a cavidade. Os aparelhos mais modernos têm um ajuste de intensidade de iluminação controlado por microprocessador. Ao se aproximar ou se distanciar do objeto em foco, a intensidade da luz se reduz ou se intensifica. Os dois tipos básicos de fonte de luz mais utilizados estão relacionados com o tipo de lâmpada empregada: ou halógena ou de xenon. As lâmpadas halógenas foram as primeiras fontes de luz fria usadas na videocirurgia. Na videolaparoscopia a intensidade mínima para proporcionar boa luminosidade deve ser de 250W. A cor tem um tom levemente amarelado, pois, emitem uma temperatura de cor inferior a 3.600O K. Isso não significa que o filamento esteja nesta temperatura, mas que está gerando uma luz equivalente a um corpo aquecido até esta temperatura. As lâmpadas de xenon são de tecnologia mais recente e fornecem luz mais branca, de intensidade equivalente a 6.000o K. Proporcionam uma luminosidade maior que as halógenas e uma coloração sem fundo azulado. Sua desvantagem é o alto custo e a durabilidade limitada a 1000 horas. Atualmente, como as câmeras evoluíram com tecnologias mais avançadas e são altamente sensíveis, fornecem a mesma qualidade de imagem independente da fonte. Mas no mercado ficou o conceito que a luz xenon é melhor e os fabricantes estão investindo no desenvolvimento para reduzir seu custo. 8 3.1.3- Cabo de iluminação Os cabos de iluminação são os condutores da luz emitida pela fonte de luz até a ótica. Existem dois tipos de cabo: de fibra ótica ou de cristal líquido. O cabo de fibra ótica é composto por centenas de pequenos fios de um cristal especial que tem cada um a espessura de um fio de cabelo. Por isso, ao guardar ou esterilizar este cabo não deve ser dobrado e sim enrolado com cuidado, dando no máximo três voltas para não quebrar as fibras. Ao longo do tempo, estas fibras se partem e ocorre a diminuição da transmissão de luz. Com aproximadamente 20% de fibras quebradas há uma perda de 40% de passagem de luz. O cabo de cristal líquido é um “tubo” cheio de cristal líquido formando um meio homogêneo de transmissão de luz. Transmitem 30% a mais de luz, desde que com diâmetros iguais. Tem maior custo e menor durabilidade. Cabos que proporcionem menos de 70% de luminosidade devem ser trocados. 3.1.4- Ótica ou telescópio A ótica é um tubo composto por um sistema de lentes que conduz a luz e retorna a imagem para visualização e documentação. Fornece uma imagem ampliada da cavidade que se deseja operar ou visualizar. A ótica da laparoscopia é geralmente rígida. O que distingue as variedades diferentes de óticas é o número e a qualidade destas lentes interpostas ao longo do tubo. Um telescópio é de boa qualidade quando é fiel a cor real, e esta fidelidade depende do espectro de luz produzida e do espectro da ótica transmissora. Existem óticas de diâmetros e ângulos de visão diferentes. O diâmetro de 10 mm é o que melhor se adequa à cirurgia videolaparoscópica e à documentação, pela quantidade de luz que transmite. Óticas de 1,7 a 5 mm são adequadas para diagnóstico e deficientes para documentação da imagem. Os ângulos variam de 0 a 90 graus. A mais usadas são de 0 e 30 grau, dependendo da preferência do cirurgião e da região operada. 3.1.5- Monitores de vídeo São similares a um aparelho de televisão doméstico, mas o monitor profissional difere de uma televisão porque não tem seletor de canais e tem uma melhor definição de imagem. A definição é avaliada pelo número de linhas horizontais. Um televisor doméstico tem no máximo 350 linhas. Considera-se um monitor de boa definição aquele que tem mais de 700 linhas de resolução. Os monitores aceitam o sinal de vídeo vindo da câmera ou de outro equipamento como e videocassete ou o videoprinter. Dos cabos e conectores utilizados na conexão dos equipamentos de vídeo o mais adequado é o cabo coaxial que é formado por um único condutor isolado no centro, envolvido por uma malha de metal para blindagem, tudo dentro de uma capa plástica e o conector bayonet nut conecto ( BNC) O BNC é reconhecido por possuir uma ponta no centro e para encaixa-lo tem de se dar uma meia volta. O cabo coaxial pelo tipo de blindagem ajuda a 9 diminuir a interferência de outros aparelhos da sala de cirurgia no sinal de vídeo que esta sendo transmitido. Os monitores de 14 polegadas geram uma imagem de tamanho e qualidade suficientes para operar. Monitores maiores são úteis quando se opera a uma distância maior do campo cirúrgico ou em casos de demonstração. 3.1.6- Videocassete e videoprinter Uma grande vantagem da cirurgia videolaparoscópica é permitir sua documentação e reprodução utilizando a gravação em videocassete e fotografias. Assim, facilita-se o ensino e o controle futuro do caso. Temos os VHS (vídeo home system), que são os mais utilizados devido a sua grande divulgação no uso doméstico e, portanto, também mais acessíveis no preço. O sistema fornece uma qualidade de imagem de 220 a 300 linhas de resolução horizontal. O sistema S-VHS (Super VHS) tem custo maior, mas sua resolução é melhor, de 300 a 400 linhas. Há sistemas de videocassete equipados com gerador de caracteres que facilitam a identificação e descrição da gravação. O videoprinter é um equipamento que recebe a imagem da câmera, do monitor ou do videocassete e fornece uma cópia impressa de boa qualidade (fotografia). É prático e rápido para elaboração de laudos e arquivos dos casos. 3.2- Unidade Geradora do Pneumoperitônio 3.2.1- Agulha de Veress Embora de design moderno, a agulha de Veress data de 1938 e era utilizada para punção de tórax. É composta de dois tubos, um externo com extremidade em bisel e outro interno, mais longo, com extremidade romba, com orifício lateral e molejo que permite seu recolhimento frente a resistências (pele, fáscia, peritônio). Uma vez alcançada a cavidade, a parte romba se expõe, protegendo alças e vísceras. Tem comprimento e diâmetro variados. O diâmetro mais usado é de 2,1 mm. O comprimento padrão é 80 mm e, na maioria dos casos, é suficiente. Em pacientes obesas, agulhas mais longas (100 mm) são mais eficientes. Os modelos descartáveis têm dispositivos que permitem ajudar a reconhecer se a cavidade foi alcançada. Conforme a cor vermelha ou verde sabe-se a posição da cânula interna. 3.2.2- Insuflador de CO2 O insuflador é o aparelho que produz o pneumoperitônio e o mantém. Atualmente os aparelhos possuem um controle de fluxo que varia de 1 a 32 l/min. Controlam a pressão intraabdominal entre 4 a 30 mmHg. Os mostradores do insuflador informam a pressão intraabdominal, o fluxo, o volume infundido e o volume de CO2 da reserva do torpedo. O insuflador eletrônico possui controle automático para manter o pneumoperitônio estável em pressão previamente determinada pelo cirurgião. A laparoscopia diagnóstica pode ser 10 realizada com baixo fluxo, 1-3 l/min, mas a operatória exige pelo menos 6 l/min, sendo que o ideal é de 9 a 16 l/min, pois, em caso de perda do pneumoperitônio, a recuperação do mesmo será mais rápida. O recurso mais novo neste aparelhos é o aquecimento do gás antes da entrada no abdome. Teoricamente tem o efeito de evitar resfriamento do paciente e embaçamento do sistema ótico. Este efeito é obtido incorporando um tubo de aquecimento descartável e estéril ao insuflador, que por sua vez, eleva a temperatura do gás próxima à temperatura corporal. Há relatos de necessidade menor de analgésico no pós-operatório quando utilizado o sistema de gás aquecido. 4- INSTRUMENTAL O instrumental de cirurgia videolaparoscópica deve ser agrupado de acordo com sua função. Atualmente há uma diversidade de instrumentos e pinças. Não é nossa intenção esgotar o assunto. Vamos descrever e comentar os instrumentos fundamentais que possibilitam a realização de videolaparoscopia ginecológicos, desde procedimentos simples até os mais avançados. Embora haja vários de tipos de empunhadura, o modelo standard, ou seja, a que contém dois ramos terminando em anéis para os dedos, parece ser ainda o tipo de melhor aceitação e adaptação. O movimento de aproximação e afastamento dos dedos polegar e indicador / médio corresponde diretamente à abertura e fechamento das hastes funcionais do instrumento. A empunhadura com opção rotatória, tanto para pinças como para tesouras, facilita muito os tempos de dissecção e sutura. Recursos giratórios e desmontáveis das pinças vieram facilitar uma limpeza mais rigorosa das partes, tão necessária para os cuidados de esterilização e desinfecção. 4.1- Trocartes São instrumentos usados para transfixar a parede abdominal e manter vias de acesso à cavidade abdominal. São constituídos de duas partes, uma cânula externa, bainha ou camisa e a parte interna, ou seja, o trocarte propriamente dito. Esta parte tem a extremidade distal pontiaguda de formato cônico ou piramidal, para facilitar a penetração. O modelo piramidal, por ser mais cortante, requer menor força na introdução, proporcionando maior segurança. Na sua extremidade extracorpórea há dispositivos, tais como válvulas ou diafragmas, que impedem a saída de gás após a retirada do instrumental. Alguns têm uma conexão para entrada de gás. Existem diversos modelos que servem aos mais variados propósitos. O diâmetro varia de 3 a 15mm. Os mais utilizados são os de 5 e 10mm. Podem ser encontrados em material permanente (metal) ou descartáveis. Os descartáveis, embora de maior custo, oferecem maior segurança, pois são mais cortantes, o que exige menos força para introduzi-los. Também têm um escudo protetor que evita lesões de estruturas intraperitoneais e do retroperitônio. O trocarte de Hasson (1972) merece destaque, pois é usado quando fazemos a primeira entrada “a céu aberto” ou laparoscopia aberta. É utilizado principalmente nas pacientes que 11 têm cirurgias prévias, com cicatrizes medianas infra-umbilicais e risco de aderências de alças na região da primeira entrada. Trata-se de um trocarte de ponta romba, que contém um dispositivo que impede a perda de ar pelo orifício da parede abdominal. Há vários modelos, tanto permanentes quanto descartáveis. 4.2- Palpador O palpador é uma haste de metal com ponta romba que permite a manipulação dos órgãos pélvicos, inclusive alças intestinais, sem riscos de lesões. Geralmente é calibrado em centímetros, permitindo que se faça a medida das diversas estruturas pélvicas. 4.3- Pinças atraumáticas Os instrumentos mais utilizados em cirurgia laparoscópica são as pinças atraumáticas e de agarre (fórceps). 4.3.1- Maryland: pinça atraumática de 5mm de diâmetro, extremidade curva, com ranhuras e dupla ação, isto é, a dobradiça abre as duas partes. Geralmente pode ser conectada ao cautério monopolar, pois sua haste e empunhadura são eletricamente isoladas. Permite o manuseio de estruturas delicadas. 4.3.2- Pinça de fundo de vesícula biliar: atraumática, 5mm, extremidade reta e ponta arredondada, dupla ação é isolada eletricamente. 4.3.3- Pinça de tuba: atraumática, sem articulações entre suas hastes. 4.4- Pinças de agarre ou fórceps de tração 4.4.1- Claw: pode ser de 5 e 10 mm. É um tipo de pinça de agarre que tem uma dobradiça tipo mandíbula e aparência de presas de cobra. É particularmente efetiva para estabilizar peças que estão sendo cortadas e para extração de peças cirúrgicas. Não é isolada eletricamente. 4.4.2- Fórceps de biópsia: são construídos com as laterais afiadas para cortar o tecido durante a biópsia e não arrancá-lo. Alguns têm um dente na face interna de cada mandíbula para fixar a lesão que vai ser retirada. Em certas circunstâncias são úteis como pinças de agarre, especialmente do ovário. 4.5- Cânula de punção É um tubo de 5mm, cuja extremidade que permanece fora do abdome é adaptável a uma seringa, seja com rosca ou simples. A extremidade de punção é mais fina e termina e em forma de bisel cortante. Útil para punção e aspiração de cistos. 4.6- Tesouras Tesouras hook e Metzembauer são usadas para dissecção na cirurgia laparoscópica. A tesoura hook é útil para cortar tecidos de consistência rígida, suturas e pedículos ligados por 12 loop. Tesouras serrilhadas e retas tendem a deslizar entre os tecidos e são menos utilizadas. As micro-tesouras têm aplicação muito restrita em dissecções delicadas, como nas salpingoplastias. A Metzembauer é a preferida na dissecção, corte e secção até mesmo de grandes estruturas. Atualmente utilizamos com freqüência tesouras Metzembauer descartáveis, pelo seu fácil manuseio e eficiência. As tesouras em geral são isoladas eletricamente, mas sua utilização com corrente elétrica monopolar rapidamente as torna sem corte e, às vezes, em cirurgias longas se usam duas a três tesouras. Evite usá-las como cautério. 4.7- Suturas Há situações onde é importante ou essencial suturar, como na ooforectomia, salpingoplastia, miomectomia e na histerectomia. O endoloop é um laço de categute previamente montado que é introduzido junto com um condutor (passa fio) num trocarte de 5 mm, e permite a ligadura endoscópica de pedículo vascular. Em procedimentos como ooforectomia, salpingectomia, salpingo-ooforectomia, aplica-se três endoloops em cada pedículo, segundo Semm. A sutura endoscópica pode ser realizada utilizando-se uma agulha reta ou em esqui com fio 00 ou 000 monofilamentar de absorção longa (é o que mais utilizamos), introduzida através do redutor, e o nó é dado intra-abdominal ou extracorporalmente, usando o nó de Roeder ou nó de amigdalectomia. Para suturas utilizamos porta-agulhas retos ou curvos, com empunhaduras tipo standard ou Matier. A escolha depende da adaptação de cada um. 4.8- Manipulador uterino Os manipuladores uterinos são instrumentos utilizados para movimentar o útero através da vagina. Existem em modelos variados, tanto em material descartável como permanente. Os tipos mais simples e originais derivam de cânulas uterinas de metal empregadas anteriormente para histerosalpingografia – cânulas de Cohen. Assim possibilitam realizar também testes de permeabilidade tubária (cromotubagem) além de mobilizar o útero. Os manipuladores uterinos são constituídos principalmente por uma haste central, geralmente tipo cânula, reta ou com curvatura para melhor amoldarem-se ao interior do útero. Esta parte deve ser introduzida através do canal cervical até atingir a cavidade uterina. Devem ser providos também de um sistema de fixação ao colo, pois isto evita sua saída inadvertida e previne perfurações uterinas. Há modelos com um balão de borracha para ser insuflado no interior da cavidade uterina e aí mantê-lo estático (descartáveis). Outros modelos tem fixação externa com ganchos e similares que prende o manipulador a uma pinça de colo (Pozzi). Alguns mais sofisticados são equipados com dispositivos que envolvem o colo uterino, delineiam o fundo de saco colaborando assim para impedir o escape do pneumoperitônio e facilitar a colpotomia na histerectomia laparoscópica (Valtchev, Vcare). 4.9- Morceladores Os Morceladores são instrumentos cortantes idealizados para retirar peças cirúrgicas na videolaparoscopia. Funcionam reduzindo a peça em pequenos pedaços, de diâmetro 13 suficiente para serem extraídos através do trocarte, que pode ser de 10 até 20 mm. São úteis principalmente nas miomectomias e histerectomias sub-totais. Os morceladores mecânicos trabalham sob comando manual do cirurgião, porém é um procedimento demorado e exaustivo e por isso estão em desuso. Os morceladores elétricos, desenvolvidos mais recentemente, são altamente eficazes. Possibilitam a retirada de fatias de peças cirúrgicas com relativa rapidez, utilizando inicialmente uma haste que tem, na sua extremidade, um saca-peças semelhante a um sacarolhas. Este instrumento permite que se fixe a peça cirúrgica e, com um sistema de lâminas giratórias e cortantes, movidas por energia elétrica, cria-se um espaço tubular dentro do mioma ou útero. O saca peças é então retirado e passa-se a utilizar uma pinça de Claw forte com empunhadura em cremalheira. Existem aqueles que são movidos a bateria e os movidos a eletricidade, de igual eficiência, porém há necessidade de sempre conferir as cargas das baterias. Este tipo de instrumental permite realizar miomectomias de miomas volumosos, com redução do tempo operatório, pois a extração de peças cirúrgicas tão grandes pode ser realizada em alguns minutos. 4.10- Sistema de irrigação-aspiração Uma maneira de limpar os resíduos e o sangue do interior do abdome é a irrigação com solução fisiológica ou Ringer Lactato e a aspiração através de cânula. Este equipamento varia de simples sondas de efeito gravitacional a bombas mais sofisticadas, que liberam soluções de irrigação em pressão de 100 até 750 mmHg e velocidade de fluxo de 2 a 3 ml/s. A capacidade de sucção adequada é um fator importante no sistema irrigação-aspiração. A sucção de parede é a fonte mais comum, mais simples e barata de pressão a vácuo e disponível na maioria das salas de cirurgia. Um sistema eficiente de aspiração-irrigação otimiza o tempo operatório. A irrigação é útil também como manobra de dissecção em alguns tempos cirúrgicos da enucleação de miomas e cistos ovarianos (hidrodissecção). Os instrumentos de irrigação-aspiração mais eficientes são constituídos de um tubo, geralmente de 5mm, acoplado a um sistema de trompete (uma saída de aspiração e outra de irrigação), e na extremidade oposta há, lateralmente ao tubo, três a cinco pequenos orifícios que têm por função impedir que se aspire estruturas adjacentes. 4.11- Sistema de eletrocirurgia A unidade geradora deve ter uma freqüência de corrente alternativa entre 500 kHz e 2 MHz, que são denominadas de alta freqüência. Os sistemas de eletrocirurgia são divididos em dois principais tipos: unipolar (monopolar) ou bipolar. Estes termos se referem à configuração do equipamento. Em ambos a corrente é alternada, isto é, a troca de elétrons é bidirecional, e as trocas de polaridade se fazem num padrão rítmico sinusoidal, e não existe ganho de elétrons em cada pólo do circuito elétrico. 14 Como neste circuito elétrico há sempre dois pólos, o que determina a diferença entre mono e bipolar é a distância entre estes pólos. No sistema monopolar, o segundo pólo é a placa, normalmente colocada sob a panturrilha (isto na cirurgia laparoscópica ginecológica), a distância entre os pólos é de centímetros e o paciente esta incluído no sistema. No sistema bipolar, a distância entre os dois pólos é medida em milímetros e a corrente elétrica circula e atua somente no tecido entre as duas extremidades da pinça (1 a 2mm). A distância entre pólos determina vantagens e desvantagens para os sistemas. Os instrumentos monopolares são três vezes mais potentes do que os bipolares. Isto torna a área de lesão maior quando os utilizamos para coagulação, mas são extremamente úteis para corte, desde que se utilize o cautério em corte puro (80 a 100 watts) e uma pinça de ponta bem fina. Assim aplicado, produzirá uma zona mínima de lesão tissular. Os instrumentos bipolares não são capazes de cortar os tecidos. Com alta freqüência e baixa voltagem (20 a 50 watts) são excelentes para coagulação. Por exemplo, realizam hemostasia segura dos vasos uterinos. As pinças utilizadas para corrente monopolar são tipo faca, hook e eletrodo em ponta de agulha. Para o sistema bipolar temos eletrodos com diferentes pontas: hastes finas de 1,5 e 3mm, com hastes em garra e puntiformes. 15 5- Quadros esquemáticos Quadro 5.1: Equipamentos básicos geradores de imagem e pneumoperitônio Característica Padrão Equipamento Função Cuidado especial s de recomendado identificação Captar e gerar Número de 3 chips Não esterilizar Câmara a imagem chips e lux 1 a 3 lux Não dobrar Tipos: Luz branca 3 a Atenção à Fonte de Luz Gerar luz Halógena, 6.000° K (xenon) durabilidade e xenon e arco substituição metálico Fibra ótica Não dobrar Cabos de Condução da Tipos: luz Fibra ótica ou Integridade das iluminação Cristal liquido fibras acima de 80% Condução da Diâmetro e 10 mm Acondicionamento, Ótica luz e retorno ângulo 0° usá-la da imagem N.º de linhas Acima de 350 Monitores de Imagem linhas vídeo Sistema Ideal 700 linhas Tamanho NTSC 14 polegadas VHS suficiente Videocassete Documentaçã VHS: 200 a o 300 linhas para arquivo S-VHS: 300 a S-VHS melhor 400 linhas para reprodução Cabos coaxiais Diâmetro Sistema de molejo Corte afiado e mola Agulha de Perfurar a parede e Comprimento para alternar ponta funcionando Veress conduzir o romba e cortante gás 2,1 mm 80 mm 100 mm para obesos Controle Fluxo acima de 9, Calibragem dos Insuflador de Criar e manter o eletrônico do ideal 16 l/min. medidores e reserva CO2 pneumoperitô fluxo do gás e de CO2 pressão intranio abdominal Durabilidade Depende dos cuidados Xenon 500 a 1.000 horas Depende dos cuidado Variável + 4 anos Longa Longa Variável Longa 16 Quadro 5.2: Instrumental cirúrgico Característica Instrumental Função s de Cirúrgico identificação Criar e Diâmetros Trocartes manter acesso Extremidade à cavidade cortante peritoneal Dispositivos de segurança Sistema de vedação Palpador Pinças de agarre ou fórceps atraumáticas Manipulação atraumática e medição Tração suave e dissecção Pinças de agarre ou fórceps traumáticas Cânula de punção Tração e força Tesoura Dissecção Porta-agulha Endo-sutura Manipuladores uterinos vaginais Mobilizar o útero e conduzir líquido corante para teste tubário Punção e aspiração de cistos Padrão recomendado 5 e 10 mm Extremidade biselada, piramidal. Escudos de proteção na extremidade cortante Descartável, é ideal para a 1a entrada. Entrada de CO2 para 1a entrada 5 mm Traçado em centímetros 5 mm Maryland Pinça de fundo de vesícula biliar Pinça de tuba 5 e/ou 10 mm Claw Biópsia Haste de ponta romba e centígrado Diâmetro Extremidade interna e articulação variáveis Diâmetro Extremidade e articulações variáveis Extremidade 5 mm interna em bisel afiado bisel Extremidade distal adaptável à seringa Extremidade e 5 mm articulação Metzem Cuidados Durabilidade Manter corte afiado para minimizar força de introdução Variável Limpeza, manutenção Variável Limpeza, manutenção Variável Limpeza, manutenção Variável Limpeza, manutenção Variável Limpeza, manutenção Variável Limpeza, manutenção Variável Limpeza, manutenção Variável bauer Diâmetro Formato da extremidade Empunhadura 5 mm Extremidade interna curva Pessoal 17 Problemas e soluções Pode-se afirmar que a cirurgia laparoscópica é instrumental-dependente. A falha de um aparelho pode inviabilizar a cirurgia. É prudente conferir todo o funcionamento da aparelhagem no pré-operatório, antes do início da anestesia. Evitam-se, assim, surpresas desagradáveis durante a cirurgia. Falhas menores, tais como o esgotamento da reserva de CO2, lâmpadas ou fusíveis queimados e plug de conexão diferente são facilmente evitáveis, mas capazes de impedir a realização da videolaparoscopia. Um membro da equipe, de preferência o instrumentador, deve ser o responsável em conferir o funcionamento de todos os aparelhos e instrumentais. É conveniente ter uma estratégia planejada em caso de falha de um equipamento básico como a câmera, o insuflador de CO2 ou a fonte de luz. Para lâmpadas, fusíveis, cabos e similares, o ideal é ter duplicatas. No Quadro 1 sugerimos uma lista de verificação. Quadro 6.1. Ordem de verificação do funcionamento do equipamento. 1. Monitor, videocassete e fita, identificar a gravação. 2. Fonte de luz, câmera e insuflador. 3. Reserva de CO2 4. Sistema de irrigação/aspiração 5. Sistema de cauterização elétrica 6. Aquecimento da solução para irrigação intra-peritoneal 7. Montagem da mesa cirúrgica conferindo o funcionamento do instrumental A qualquer momento durante uma cirurgia podem ocorrer problemas de ordem técnica, independente de sua magnitude, pequena ou grande, e, são muitas vezes o suficiente para impedir o prosseguimento ou a harmonia da cirurgia. É preciso atenção e presteza na solução destes entraves. Assim, organizamos um quadro resumido dos obstáculos mais comuns durante um procedimento videolaparoscópico e sugerimos soluções práticas imediatas tentando atender principalmente ao vídeo cirurgião iniciante, ao instrumentador e ao estudante. Problema Solução Eletrocautério não funciona Conferir 1. O aparelho está ligado. 2. Os plugs estão conectados corretamente no aparelho e na pinça de cauterização. 3. A placa está corretamente instalada (em caso de monopolar). 4. A pinça de cauterização está com as hastes íntegras e bem cooptadas (bipolar). 5. Trocar o fio condutor (pode estar rompido). Falha do sistema de irrigação Conferir: – aspiração: NÃO ASPIRA 1. As conexões da mangueira. 2. Compressão da mangueira. 3. Obstrução da cânula. 4. Vidro de aspiração cheio. 18 Falha do sistema de irrigação Conferir: – aspiração: NÃO IRRIGA 1. Conexões da mangueira. 2. Compressão da mangueira. 3. Obstrução da cânula. 4. Reserva de solução de acabou. irrigação não Falha ou distorção das cores Conferir: no monitor 1. Se o monitor é NTSC. 2. Se o sistema NTSC está selecionado. 3. Se a câmera exige “white balance” e este foi executado. 4. Se os cabos de conexão das imagens – coaxiais – e os plugs estão íntegros. Falta a imagem no monitor Conferir: 1. O monitor está ligado. 2. A câmera está ligada. 3. O cabo do CPD da câmera para o monitor está conectado. 4. O cabo da mini-câmera está conectado ao CPD da câmera. 5. A entrada do monitor está selecionada. Falta CO2 no aparelho Conferir: insuflador 1. A reserva de CO2 do cilindro ou parede. 2. Os registros estão todos abertos. 3. O aparelho está ligado. Falta de energia elétrica na Antes de começar a operar neste serviço certifiquesala de operação se com o responsável pelo bloco cirúrgico se está equipado com sistema de gerador de energia para esta eventualidade. Caso positivo, este sistema será acionado poucos minutos após a falha de energia, basta manter os instrumentais estáticos até voltar a imagem no monitor. Desaconselha-se realizar cirurgia videolaparoscopia em serviços não equipados com geradores elétricos para esta emergência. Falta gás na cavidade Conferir: peritoneal ou falha do 1. O aparelho insuflador está ligado e pneumoperitônio insuflando. 2. Tem reserva de gás no aparelho. 3. A mangueira de condução do gás está corretamente conectada. 4. A mangueira não está dobrada nem comprimida. 5. A torneira de entrada de gás do trocarte está toda aberta. 6. Está ocorrendo grande perda do gás em algum trocarte (válvula aberta, vedação 19 rasgada, etc). 7. O aspirador está funcionando inadvertidamente ou aspirando mais que a capacidade de reposição do insuflador devese interromper a sucção e esperar o pneumoperitônio se refazer. 8. A vagina ou alguma víscera oca foi aberta. Imagem escura e/ou de falta Conferir: luz na cavidade peritoneal 1. A fonte de luz está ligada. 2. O cabo de luz está conectado corretamente. 3. O botão stand by (repouso) está ativado. Interferências passageiras e Conferir se outro aparelho elétrico (geralmente repetidas na imagem – barras cautério) não está ligado na mesma tomada ou na móveis, tremores, etc. mesma rede elétrica mesmo em salas diferentes. Morcelador elétrico não gira Conferir: 1. Carga da bateria naqueles movidos a bateria. 2. Conexões elétricas naqueles ligados a rede elétrica. 3. Encaixamento correto das lâminas. Nenhum aparelho funciona Conferir: 1. A tomada da rede elétrica está funcionando. 2. A voltagem da tomada é compatível com a aparelhagem e os estabilizadores: 220 V ou 110 V. 3. O estabilizador está ligado. 4. Os fusíveis dos estabilizadores não estão queimados. 6- Novidades e perspectivas Não há limite nem fim nesta discussão. A cada instante os pesquisadores tentam aprimorar equipamentos e instrumentais inventando ou recriando. Há uma busca incessante pelo aprimoramento da precisão cirúrgica e da segurança, mas só a prática na sala de operação vivida dia a dia pelo vídeo cirurgião define a incorporação definitiva de um novo instrumento no arsenal cirúrgico ou seu descrédito. Assim, muitas vezes o que parece impossível é só uma questão de tempo para se tornar rotineiro. Certamente surgirão respostas tecnológicas tentando substituir ou minimizar a perda da sensibilidade tátil e a perda da visão tridimensional que o sistema de vídeo impõem atualmente à cirurgia laparoscópica. Serão pinças táteis, luvas virtuais, câmeras de 3 dimensões, cirurgia assistida por computadores? O futuro nos dirá. A robótica está no seu limiar acenando perspectivas muito interessantes de precisão cirúrgica. REMORGIDATM Storz Pinça bipolar de 10 e 5 mm capaz de prender a estrutura, coagular e cortar. Composto por duas hastes paralelas de coagulação bipolar e uma lâmina com mola que corta o tecido entre as hastes. Os limites são tecidos com espessura superior a 0,5 cm e a coagulação de vasos muito pequenos que podem consumir tempo e energia maior desnecessariamente, 20 coagulados muito bem pela pinça bipolar padrão. A lâmina de corte linear pode ser substituída, é auto-clavável e desmontável garantindo limpeza completa e reposição de partes. EndoTIP TM Storz Este nome é a abreviação de Threaded Imaging Port. Tem a proposta de substituir o trocarte convencional. Consiste num dispositivo com uma parte proximal valvulada e uma parte distal em cânula. A cânula é um tubo de aço com uma rosca em aspiral na superfície externa, com extremidade distal romba (cega). O instrumental está disponível em vários comprimentos e diâmetros. Pode ser usado no portal principal ou auxiliares e é introduzido através da parede abdominal com movimentos rotatórios com num tentativa de “parafusá-los” (Ternamian, 1999). EndoHand TM DAUM GmbH Protótipo de uma nova geração de instrumentais com empunhadura para 3 dedos desenvolvidos a partir dos instrumentais padrões de laparoscopia. Embora não tenham mostrado vantagem quanto à melhoria na destreza e na sensibilidade “tátil”, promete ser melhor para a realização de manipulações sofisticadas de objetos e oferece mais flexibilidade para trabalhar num alcance angular maior dos tecidos. Será muito útil para o cirurgião usá-los na mão não dominante (Jackman et al, 1999). Veress ótica A primeira Veress ótica foi desenvolvida em meados da década de 90 e, posteriormente aprimoradas com objetivo principal de aumentar a segurança na laparoscopia minimizando as injúrias associadas à entrada “às cegas” da agulha de Veress e do primeiro trocarte. Geralmente tem diâmetro de 2,1mm e comprimento de 10,5 cm. São introduzidas pela técnica convencional e usam um minilaparoscópio de fibra ótica semi-rígido de 1,2mm. Embora teoricamente haja vantagens deste sistema sobre a agulha de Veress convencional, ainda não há estudos comparativos para confirmarem (McGugan & O´Donovan, 1999). Trocartes óticos Há dois tipos disponíveis: Optiview da Ethicon e Visaport da Auto-Suture. O Optiview tem extremidade redonda transparente. Com a ótica introduzida dentro do obturador a perfuração de todas as camadas abdominais é feita sob visão do cirurgião. A empunhadura axial facilita a manipulação do obturador e movimentos giratórios de 360 graus. O Visaport permite uma visão direta enquanto penetra as diferentes camadas da parede abdominal. Quando presssiona-se com as mãos a lâmina prossegue 1 mm e imediatamente retrai para dentro de uma janela do trocarte (Mettler et al, 1999). 7.1- Robótica em Videolaparoscopia O estágio evolutivo mais recente da cirurgia é a intermediação do computador no ato operatório. A intenção desta tecnologia é compensar a deficiência humana, seja cerebral, seja mecânica. Os benefícios serão dimensionados através da redução do tempo operatório, melhoria dos resultados, menor morbidade, redução do número de profissionais e eliminação 21 de outros instrumentais. As pesquisas inicias da tecnologia robótica vêm sendo desenvolvidas pela companhia “Computer Motion” sediada em Santa Bárbara USA. AESOP ® AESOP é abreviação de Automted Endoscopic System for Optimal Positioning, ou seja, sistema automático para posicionamento correto do endoscópio. Este robô foi desenhado especificamente para cirurgiões endoscópicos com objetivo de segurar e movimentar o laparoscópio sob controle direto do cirurgião. Já foi testado em vários procedimentos laparoscópicos provando desempenho satisfatório na função de manobrar a câmera durante a vídeo cirurgia, além de fazê-lo com redução de movimentos errados evitando contato acidental da lente do endoscópio com os órgãos internos. Pode ser controlado através de três tipos de sistemas: manual, com pedal e por comando verbal. Foi demonstrado que o controle verbal é mais apropriado ao cirurgião enquanto o pedal pode ser adequado aos auxiliares. O custo do AESOP 2000 (que obedece a comando verbal) e da nova versão AESOP 3000 (mais articulado e movimentos mais fáceis) está em torno de US$60.000 (Mettler, 1999). HERMESTM O HERMESTM é um sistema de integração dos equipamentos dentro de uma sala de cirurgia, ou seja, trata-se de uma plataforma que possibilita ao cirurgião e sua equipe um acesso rápido às informações dos aparelhos da sala de cirurgia, facilitando o controle dos mesmos. O HERMESTM torna a sala de operações toda interligada, fazendo com que a mesa operatória, os focos de luz, as câmeras e demais equipamentos médicos fiquem conectados em rede e possam ser gerenciados e comandados pela voz do cirurgião ou através de toque numa touch-screem. ZEUSTM O ZEUSTM permitirá ao cirurgião ultrapassar os limites da cirurgia de invasão mínima tornando possível a realização de procedimentos delicados até então impossíveis. Usando o ZEUSTM o cirurgião terá mais destreza, mais precisão, maior percepção e ergonomia melhor durante a cirurgia. No console (painel de controle) o cirurgião controla os instrumentos manualmente e visualiza o local da operação através do monitor. Com a interface do computador, os instrumentos operatórios imitam os movimentos do cirurgião no local operatório simultaneamente. ZEUSTM elimina os tremores das mãos do cirurgião e possibilita re-escalonar seus movimentos para corresponder à micro-movimentos dentro do corpo humano. Espera-se que esta tecnologia venha colaborar para reduzir o trauma e a dor do paciente, com tempo de convalescença mais curto e redução dos custos. O sistema ZEUSTM já executou anastomose término-terminal de vasos do coração com grande exatidão. 7- CONCLUSÃO É importante que o ginecologista conheça esta tecnologia para explorar corretamente as aplicações e as limitações desta material. Visando equacionar adequadamente o equipamento e instrumental à realidade do cirurgião e à proposta do serviço, sugerimos que ao adquiri-los, o ginecologista consulte sua sociedade 22 para se informar sobre qualidade, durabilidade e assistência técnica do material, fatores imprescindíveis ao sucesso da cirurgia. 23 8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAGL, Tecnical Boletim, jan 1995. Ávila, I. & Filogonio, I.D.S. Sistema Básico de Videocirurgia. Noções práticas de Cirurgia Videolaparoscópica em Ginecologia. Medsi, 2000. Cap.1 Pag. 1- 16. Borten, M. Laparoscopic complications, prevention and management. B.C. Decker, Toronto, 1986. PCE Pró-Cirurgia Especializada. Cuidados e manuseio equipamentos médicos para vídeo –cirurgia,1996. Dorsey,JA. Lasers em ginecologia. Clínicas Obstétricas e Ginecológicas da América do Norte, 3. 1991. Duppler, D.W. Instrumentação laparoscópica, vídeoimagens e desinfecção e esterilização do equipamento. Clinicas Cirúrgicas da America do Norte, 5: 1039-50, 1992. 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