Unidade II - UNIPVirtual

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MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Unidade II
A ECONOMIA E OS MERCADOS FINANCEIROS
Para entender os mercados financeiros é necessário conhecer
como a economia influencia e é influenciada por eles.
Alguns conceitos devem ser estudados para melhor
entendimento, como:
5
1. o que é moeda, como acontece a circulação da moeda,
como a moeda é colocada no mercado;
2. as políticas econômicas de governo, os objetivos de cada
política, como o mercado financeiro reage por causa
dessas políticas, entre outras;
10
3. Como os resultados das transações nacionais e
internacionais de mercadorias, serviços e produtos
financeiros influenciam a economia, os mercados
financeiros e os diversos agentes econômicos.
Superação de escambo: eliminação
do sistema de troca de mercadorias. O
sistema de troca de uma mercadoria
por outra era utilizado no início da Idade
Média, quando a moeda ainda não era
empregada nas transações de compra
e venda de quaisquer produtos.
2 MOEDA: CONCEITOS E FUNÇÕES
Moeda é o meio de pagamento legal utilizado não apenas
15 para facilitar as trocas de bens e serviços, mas também
para realizar transações e quitar obrigações contratuais.
Tudo aquilo que, geralmente, é aceito pelo público em
pagamento de bens, serviços, investimentos e dívidas é
convencionalmente conhecido como moeda. Esta exerce um
20 papel decisivo no desenvolvimento da atividade econômica
e se apresenta como papel-moeda, moeda metálica e moeda
escritural.
Meio circulante: Moeda emitida (-) moeda
retida.
Moeda escritural: valores em conta corrente
bancária.
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Unidade II
2.1 Funções da moeda
Além de ser o instrumento básico para intermediar trocas, a
moeda exerce funções relevantes no sistema econômico de um
país.
A tabela abaixo relaciona as principais funções da moeda.
• superação de escambo;
• operação de economia monetária;
Intermediação de
trocas
• melhor especificação e divisão social do trabalho;
• transações com menor tempo e esforço;
• melhor planejamento para aquisição e venda de bens
e serviços;
• unidade padronizada de medida de valor;
• denominador comum de valores;
Medida de valor
• racionaliza informação econômica;
• possibilita criar sistema agregado de contabilidade
social: produção – investimento e consumo
– poupança
• alternativa de acumular riqueza;
Reserva de valor
• liquidez por excelência;
• aceitação consensual;
• liquida débitos;
Função liberatória • salda dívidas;
• poder garantido pelo Estado;
Padrão de
pagamentos
• permite realizar pagamentos ao longo do tempo;
• permite crédito e adiantamento;
• viabiliza fluxos de produção e de renda.
Fonte: CNB, Mercado de capitais, p. 7.
5
10
A moeda é emitida mediante autorização legal das
autoridades monetárias após identificarem a necessidade
de fazê-lo. Nem toda moeda emitida encontra-se em
circulação, uma parte pode permanecer retida no Banco
Central, aguardando liberação futura.
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
O montante de moeda emitida numa economia, menos o
saldo retido no caixa das autoridades monetárias, é definido
como moeda em circulação ou meio circulante. Ela é representada
pelo papel-moeda e pela moeda metálica.
5
A moeda escritural representa o total de depósitos à vista
(valores em conta-corrente bancária) efetuados pelo público
nos bancos comerciais.
A soma desses meios de pagamento é denominada “M1”.
Dessa forma, temos:
Moeda emitida
(-) Moeda em poder das autoridades monetárias
_____________________________________
(=) Moeda em circulação (M1)
(-) Depósitos à vista dos bancos comerciais
_____________________________________
(=) Moeda em poder do público
Fonte: Assaf Neto, Alexandre, Mercado financeiro, p. 36
Moeda em poder do público
(+) Depósitos à vista dos bancos comerciais
_________________________________
(=) M1 (meios de pagamento)
Fonte: Assaf Neto, Alexandre, Mercado financeiro, p. 36
2.2 Meios de pagamento
10
Meios de pagamento (M1) representam o volume de recursos
disponíveis para pagamento de bens e serviços que podem
ser efetuados em papel-moeda, moeda metálica ou cheque.
Conforme o quadro acima, toda moeda em poder do público
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Unidade II
mais os depósitos à vista dos bancos comerciais formam os
meios de pagamento.
Além do conceito de moeda M1, os meios de pagamento
podem abranger outros conceitos, mais amplos, conhecidos por
5 M2, M3 e M4, que incluem diversos tipos de títulos (ativos) em
circulação no mercado financeiro, denominados quase-moeda
ou não monetários, conforme quadro a seguir:
M1 (meios de pagamento)
(+) Depósitos à vista nas caixas econômicas
(+) Títulos públicos colocados no mercado
(+) Saldo de fundos de aplicação financeira
_____________________________________
(=) M2 (meios de pagamento)
M2 (meios de pagamento)
(+) Depósitos em caderneta de poupança
______________________________________
(=) M3 (meios de pagamento)
M3 (meios de pagamento)
(+) Depósitos a prazo fixo, letras de câmbio e letras
imobiliárias
________________________________________
(=) M4 (meios de pagamento)
Fonte: Assaf Neto, Alexandre, Mercado financeiro, p. 37
3 POLÍTICAS ECONÔMICAS DE GOVERNO
O conjunto de ações de governo, com objetivos bem definidos,
é chamado de políticas de governo.
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MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
As políticas que têm por objetivo promover o desenvolvimento
econômico, atender as necessidades da sociedade, garantir
o pleno emprego e a estabilidade de preços são chamadas
de políticas econômicas. Para a aplicação dessas políticas, o
5 Estado utiliza-se de instrumentos que envolvem uma série de
variáveis econômicas, como taxas de juros, impostos, emissão
de moeda, entre outras.
As principais políticas econômicas são a monetária, a fiscal,
a cambial e a de rendas.
3.1 Política monetária
10
Consiste na gestão e controle da moeda e do crédito. São as
decisões da autoridade monetária sobre os meios de pagamento,
os títulos públicos e as taxas de juros. Essas decisões visam
controlar a liquidez, isto é, controlar a quantidade de moeda em
circulação e a velocidade com que circula na sociedade.
15
A gestão e controle da moeda e do crédito permitem ao
governo:
a. controlar a emissão da moeda para manter a atividade
econômica em expansão;
20
b. reduzir a oferta de moeda quando ocorrerem tendências
de sua desvalorização;
c. avaliar a moeda nacional em relação a outras, como
instrumento de política de comércio exterior.
Moeda física: dinheiro , isto é, papel
moeda.
O controle monetário, isto é, o controle da oferta e da
demanda da moeda, visa promover o crescimento econômico
25 por meio da estabilidade do padrão monetário, sem ocorrência
de processos inflacionários. Para tanto, algumas premissas
formam a base política monetária, como:
• a moeda é o centro da macroeconomia;
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Unidade II
• a oferta de moeda determina a demanda agregada no
setor real da economia;
• a demanda de moeda é função estável da renda;
5
• a velocidade da moeda é praticamente constante a curto
prazo;
• a política monetária é mais eficaz do que a política fiscal
para promover o crescimento econômico estável;
• moeda afeta, a curto prazo, a demanda agregada, e pode
fazer variar os níveis de produção e emprego;
10
• a longo prazo, a moeda determina apenas o nível geral de
preços.
Os objetivos da política monetária são: promover o
desenvolvimento econômico, manter o pleno emprego, a
estabilidade do padrão monetário, sem ocorrência de processos
15 inflacionários, e promover a distribuição da riqueza e das rendas.
Para atingir esses objetivos, o governo utiliza instrumentos
especiais de política monetária, como:
3.1.1 Emissão de moeda
Forma primária de política monetária pela qual a autoridade
intervém diretamente no mercado monetário, contraindo ou
20 expandindo o volume de moeda na economia. A ação básica
da autoridade dá-se tanto em termos de moeda física como
escritural.
Os bancos têm como característica essencial a geração
de moeda escritural, decorrente do fato de os depósitos
25 bancários não coincidirem, necessariamente, com as retiradas,
permanecendo o dinheiro por algum tempo à disposição do
banco para empréstimos.
14
Multiplicador bancário (k): é uma
variável que sintetiza o mecanismo de
multiplicação da base monetária pelo
processo de criação de moeda operado
pelos bancos comerciais , isto é, a maior
parte dos recursos depositados em
banco fica disponível para empréstimos,
enquanto a menor parte é mantida em
caixa.
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Em resumo, a moeda injetada na economia pela autoridade
monetária transforma-se em moeda escritural devido ao poder
multiplicador dos bancos. Os valores deixados em caixa para
atender as retiradas diárias são chamados de encaixe.
3.1.2 Reservas compulsórias
5
Correspondem ao recolhimento feito pelos bancos à
autoridade monetária de valor relativo a um percentual sobre
seus depósitos à vista e/ou a prazo. Esse recolhimento também
chamado de encaixe legal, por ser obrigatório, pode ser feito
em moeda ou em títulos federais da dívida pública. Trata-se
10 de instrumento restritivo e pode ser utilizado pela autoridade
monetária para situações específicas como, por exemplo,
facilitar operações de crédito rural, formar estoques reguladores
e outras aplicações.
3.1.3 Redesconto bancário
Instrumento utilizado pelas autoridades monetárias para
15 assistência às instituições do Sistema Financeiro Nacional.
Ele corresponde à concessão de empréstimos destinados a
auxiliar eventuais problemas de liquidez das instituições
financeiras. Nessa assistência, o Banco Central funciona
como o banco dos bancos.
20
O redesconto também pode ser efetuado no mercado
interbancário para suprir as operações normais. Ele é feito
por meio de CDI – Certificado de Depósito Interbancário.
Dessa forma, a utilização do redesconto via autoridade
monetária restringe-se aos casos mais graves ou a valores
25 que o próprio sistema não pode financiar. Por meio do
redesconto, o Banco Central controla o nível de liquidez e
os meios de pagamento, promovendo alterações na taxa
de juros, nos prazos de crédito, nos limites de crédito e na
carteira de títulos descontáveis.
15
Unidade II
3.1.4 Operações no mercado aberto
No open market, a liquidez do sistema é regulada pela
compra e venda de títulos públicos. Nesse mercado, comprase e vende-se dinheiro e mercadoria do sistema financeiro. A
concorrência no setor financeiro faz com que as diferenças entre
5 os preços de compra e venda desses títulos se aproximem muito,
gerando spreads pequenos. Estes correspondem à diferença
percentual entre o preço de compra e o de venda dos títulos.
Os negociadores de títulos federais são chamados de dealers.
Semanalmente o Tesouro Nacional ou o próprio Banco Central
10 emite títulos que são leiloados aos dealers. Os tipos de operação
no open market são:
• compra/venda final: quando o investidor fica com o título
até a data de resgate final;
15
• em aberto: operação em que o prazo e/ou a taxa são
definidos quando do resgate;
• prazo fixo: operações de recompra fixada;
• taxa fixa: operações cuja taxa é fixada até a data de
recompra;
20
• operações compromissadas: venda competitiva de títulos
com compromisso de revenda assumido pelo comprador.
O open market tem importante papel nas políticas de governo,
pois, além da função básica de liquidez bancária, exerce funções
específicas, considerando o ponto de vista do Banco Central, das
instituições financeiras e das empresas, conforme abaixo:
25
• Do Banco Central
— adequar continuamente o volume dos meios de
pagamento às necessidades da economia, atuando
no curto prazo, com títulos cujo efeito é de quasemoeda;
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Spreads: diferença percentual entre
os preços de compra e venda dos
títulos.
Dealers: são os negociadores de títulos
federais.
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
— regular a taxa de juros;
— antecipar ações para controle da liquidez.
• Das instituições financeiras
— corresponde à reserva secundária da alta liquidez;
5
— ajusta instantaneamente sua própria liquidez;
— remunera disponibilidades de curtíssimo prazo.
• Das empresas
— induz à aplicação de recursos ociosos de curtíssimo
prazo;
10
— otimiza a administração do caixa.
Mercado primário: é aquele em que
são efetuadas as primeiras negociações
dos títulos. É a única vez que o emitente
dos títulos faz a negociação direta com
os adquirentes.
Mercado secundário: é aquele em
que ocorre a revenda dos títulos entre as
instituições financeiras e os poupadores.
As operações no mercado aberto são processadas
inicialmente por meio da colocação ou do resgate de títulos
públicos. Quando essa colocação ocorre pela primeira vez,
dizemos que estamos atuando no mercado primário.
O mercado primário é aquele em que a negociação ocorre
diretamente entre o emitente dos títulos, o governo, e seus
adquirentes, as instituições financeiras. Já a transferência dos
referidos títulos a terceiros, isto é, a revenda deles, realizada
entre as instituições financeiras e os poupadores, chama-se
20 mercado secundário.
15
3.1.5 Formação do preço do dinheiro (taxa de juros)
A determinação da taxa de juros básica da economia faz
parte da política monetária e corresponde ao preço do dinheiro,
isto é, quanto irá custar a captação de recursos no mercado
financeiro.
25
Taxa Selic: corresponde à taxa média
ajustada dos financiamentos diários, com
lastro em títulos públicos, apurados no Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
Lastro em títulos públicos: a base são os
títulos públicos.
Pesquise mais sobre a palavra lastro.
A taxa de juros básica é determinada pelo Banco Central por
meio das decisões do Comitê de Política Monetária – Copom.
17
Unidade II
A taxa de juros é definida como a meta para a taxa Selic, que
corresponde à taxa média ajustada dos financiamentos diários,
com lastro em títulos públicos, apurados no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic). O período de vigência dessa taxa
5 ocorre entre as reuniões do Copom.
O Banco Central pode operar como comprador ou vendedor,
por meio de leilões eletrônicos ou formais com o objetivo de
injetar ou enxugar recursos no mercado. Todas as operações do
Selic são líquidas em dinheiro.
A taxa Selic serve como base para fixar o custo do dinheiro
para as demais operações do setor privado, como a taxa CDI
– Certificado de Depósito Interbancário, taxa de juros para
transações na BMF – Bolsa Mercantil e de Futuros, para prazos
longos, fixação da taxa de juros dos CDBs – Certificados de
15 Depósitos Bancários, acréscimos de custos dos impostos, margem
de lucro das instituições financeiras, entre outros. Em resumo, é
a partir da taxa de juros básica, definida na reunião periódica do
Copom, que é formada toda a estrutura de juros da economia.
10
3.2 Política fiscal
A política fiscal preocupa-se com os gastos do setor público
20 e os tributos cobrados da sociedade, visando ao equilíbrio entre
a arrecadação tributária e as despesas governamentais.
É com base na política fiscal que o governo define e aplica
impostos, taxas e contribuições sobre os agentes econômicos,
promovendo a receita fiscal. Também define os gastos do governo
25 e influi na política monetária, em especial no fluxo de caixa e na
concessão de crédito dos agentes econômicos.
As decisões de política fiscal afetam a vida dos agentes
econômicos. Por exemplo, uma alteração na carga tributária
dos consumidores afeta sua renda disponível, que por sua vez
30 atinge o nível de poupança. Já um acréscimo na carga tributária
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MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
das empresas acarreta a redução nos resultados, o que torna o
capital investido menos atraente e também menor a capacidade
de investimento, por acumular menores fluxos de caixa, podendo
tornar a empresa mais dependente de empréstimos para financiar
5 sua atividade. Portanto, uma alteração na política fiscal afeta a
economia para consumo, o investimento e o equilíbrio da renda
nacional.
Por outro lado, um acréscimo nos gastos do governo
geralmente promove um incremento na demanda agregada,
10 alterando de forma positiva a renda nacional.
Quando ocorre uma alteração na política fiscal, por meio
de impostos e gastos, ela afeta o orçamento do governo. É
no orçamento fiscal que estão inclusas as receitas tributárias
relativas às cobranças dos diversos impostos e taxas e as despesas
15 de consumo e investimento do governo. Quando as receitas com
impostos são menores que o volume de gastos, ocorre um déficit
no orçamento que deve ser coberto por meio de novas emissões
monetárias e títulos públicos, que por sua vez alteram os meios
de pagamento e o nível das taxas de juros em razão de uma
20 elevação na dívida pública.
3.2.1 Dívida pública
O governo custeia suas necessidades financeiras mediante o
aumento de impostos, através de emissões monetárias, inclusive
aquelas determinadas por empréstimos internacionais, e pela
colocação de títulos no mercado. Essas medidas, com exceção
25 do aumento dos impostos, criam dívidas para o Tesouro
Nacional.
A receita líquida de impostos é que financia os gastos do
governo. Quando a receita é maior que o gasto de consumo
ocorre a formação da poupança em conta-corrente. O
30 superávit/déficit público é encontrado deduzindo-se os
investimentos públicos, conforme demonstrado abaixo:
Superávit: resultado positivo das receitas,
descontados os gastos e o investimento, ou o
excesso da receita sobre a despesa.
Déficit: resultado negativo das
receitas, descontados os gastos e os
investimentos, ou o excesso da despesa
sobre a receita.
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Unidade II
Receita bruta com impostos
(-) Transferências do governo1
__________________________________
(=) Receitas líquidas de impostos
(-) Gastos correntes de consumo do governo
__________________________________
(=) Poupança em conta-corrente
(-) Investimento governamental
__________________________________
(=) Superávit/Déficit público
Fonte: Assaf Neto, Alexandre, Mercados financeiros, p. 52
Outra medida que determina a eficiência do orçamento
público é o superávit/déficit primário, determinado conforme
segue:
Receita bruta com impostos
(-) Gastos correntes de consumo do governo
(-) Investimentos do governo
______________________________
(=) Superávit/Déficit primário
3.3 Política cambial
Corresponde à administração da taxa de câmbio, promovendo
5 alterações das cotações cambiais. A política cambial procura
controlar as transações internacionais executadas por um país e
é fixada de maneira a viabilizar as necessidades de expansão da
economia e promover seu desenvolvimento econômico.
A política cambial pode afetar o nível das exportações, que,
10 pela conversão de divisas em moeda nacional, pode promover
um processo inflacionário na economia, afetando assim o
controle dos juros.
Transferências do governo correspondem aos juros da dívida
pública, subsídios e gastos com a previdência social.
1
20
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
A taxa de câmbio corresponde ao valor com que a
autoridade monetária compra e vende moeda estrangeira
– deve adquirir moeda estrangeira e pagar com moeda
nacional aos exportadores de bens e serviços e aos devedores
5 que tenham obtido empréstimos no exterior. As moedas
estrangeiras são utilizadas no pagamento de transações
internacionais, como importações, pagamento de dívidas
internacionais, entre outras.
O câmbio segue diversos padrões monetários, destacando10 se na atualidade três: taxa de câmbio fixa, as taxas de câmbio
flutuantes e o currency board.
3.3.1 Taxa de câmbio fixa
O valor da moeda está atrelado a um referencial fixo,
como ouro, dólar ou até mesmo uma cesta de moedas de
diversas economias. Isso permite maior nível de certeza
15 ao comércio internacional, pois o valor futuro da moeda
é conhecido previamente. Para o governo, esse padrão
proporciona maior risco, pois em épocas de desequilíbrio é
obrigado a gastar elevadas somas de suas reservas cambiais
para manter a cotação de sua moeda.
3.3.2 Taxa de câmbio flutuante
20
As taxas de câmbio acompanham livremente as oscilações
da economia, ajustando-se mediante alterações de seus valores;
permitem maior liberdade às economias na execução de suas
políticas monetárias, além de maior agilidade em eventuais
desequilíbrios.
3.3.3 Padrão currency board
25
É um sistema em que a autoridade monetária assume o
compromisso legal de efetuar o câmbio de moeda nacional por
moeda estrangeira forte, a moeda âncora, a uma cotação fixa.
21
Unidade II
Nesse caso, a autoridade monetária corresponde a uma “caixa de
conversão” que mantém reserva em moeda forte, equivalendo
a pelo menos 100% da moeda nacional em circulação, o
que restringe a emissão de moeda até o limite das reservas
5 internacionais no país.
3.4 Política de rendas
Corresponde basicamente ao controle dos fatores que
influenciam a produção e o consumo da sociedade. É por
meio da política de renda que o governo controla os níveis de
salários, por meio do salário mínimo; os níveis dos encargos,
10 por meio da determinação de alíquotas de recolhimento
do INSS, FGTS, entre outros; o nível do sistema de preços,
por meio dos preços públicos e da prática dos preços de
setores considerados estratégicos, além da distribuição de
resultados da atividade econômica.
15
Essa política ajuda no controle da inflação por meio dos
níveis desejados de consumo e investimento, complementando
as demais políticas de governo.
4 BALANÇO DE PAGAMENTOS
O resultado do fluxo de recursos de uma economia é
demonstrado pelas autoridades monetárias mediante o balanço
20 de pagamentos.
No balanço de pagamentos são registrados os valores
de todas as transações internacionais efetuadas por um
país, inclusive as operações realizadas entre residentes e
não residentes, em determinado período. Uma importação
25 resulta em uma exportação de moeda estrangeira para seu
pagamento.
A estrutura do balanço de pagamentos segue a forma
abaixo:
22
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
a. Balança
comercial (1 – 2)
Sendo:
1 = exportação e
2 = importação
Corresponde ao saldo das
exportações, deduzidas as
importações de um país.
Sendo:
3 = viagens
internacionais
4 = transportes
b. Balança
de serviços
(2+3+4+5+6+7+8) 5 = seguros
6 = renda de capital
7 = serviços
governamentais
Pagamentos e recebimentos
de seguros, fretes, viagens,
lucros, entre outros,
realizados entre residentes
no país e os demais países.
8 = serviços diversos
Transferências de doações
de mercadorias e assistência,
remessas de imigrantes e
outras.
c. Transferências
unilaterais
d. Saldo em
conta-corrente
(a + b + c)
Sendo:
9 = investimentos
diretos
e. Movimentos
10 = reinvestimentos
de capitais
(9+10+11+12+13) 11 = empréstimos e
financiamentos
Recursos que entram
no país, referentes a
investimentos, empréstimos,
financiamentos, entre outros.
12 = amortizações
13 = outros
f. Erros e omissões
g. Saldo do balanço
de pagamentos
(d + e + f)
Resultado final das
transações realizadas entre
residentes e não residentes
do país.
O saldo em conta-corrente mostra que o país está exportando
ou importando poupança; se o saldo for negativo, mostra
que o país está financiando seus investimentos internos com
poupança externa, pois estará captando recursos no exterior
5 mediante empréstimos, financiamentos e investimentos diretos
para poder equilibrar seu balanço de pagamentos. Caso não
consiga recursos externos, deverá abrir mão de suas reservas
monetárias internacionais. Quando isso acontece, algumas
medidas podem ser tomadas: renegociação da dívida, negociação
Balança comercial: resultado das
transações de mercadorias entre os
países.
Balança de serviços: resultado dos
serviços prestados entre os países.
23
Unidade II
de novos empréstimos, medidas para conter as saídas de
divisas e desvalorização cambial para estimular a exportação e
desestimular a importação.
5 TAXA DE JUROS E RETORNO EXIGIDO
Como observado anteriormente, as intermediações
5 financeiras criam mecanismos de transferência de valores
entre os poupadores e investidores, resultando disso uma
interação entre os fatores econômicos como: oferta de
moeda, saldo da balança comercial e políticas econômicas
que influenciam o custo do dinheiro, representado pela taxa
10 de juros.
O juro identifica o preço do crédito, isto é, o preço de troca
de ativos disponíveis em diferentes momentos do tempo.
Corresponde à compensação que um demandante de fundos
deve pagar a seu fornecedor.
Quando ocorre empréstimo de recursos, o custo de sua
captação é a taxa de juros. Quando os recursos são obtidos
mediante uma transação de compra e venda de direito de
propriedade, como, por exemplo, a compra de ações de uma
empresa, o custo para o demandante (vendedor das ações)
20 dos recursos é chamado de retorno exigido e representa o
nível de ganho esperado pelo fornecedor (comprador das
ações).
15
O custo dos recursos, não considerando os fatores de risco
e a inflação, é representado pela taxa real de juros. Como
25 o risco está presente em qualquer decisão de investimento,
assim como a possibilidade de aumento de preços (inflação),
a taxa de juros praticada é aquela que inclui esses fatores e
é chamada de taxa nominal ou efetiva de juros.
As taxas nominal e efetiva de juros são, também,
30 consequência da taxa de juros básica determinada pelo governo,
pois como vimos no item específico, todas as transações de
investimento e financiamento de uma economia estão direta
ou indiretamente relacionadas com as políticas de governo.
24
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