Opinião do Especialista O Futuro da Uro-Oncologia no Brasil Divulgação Dr. Marcelo L. Bendhack* * Associação de Uro-Oncologia UROLA Latinoamérica & Brasil. Presidente Executivo da UROLA. Membro do Board da WUOF (Federação Mundial de UroOncologia). CRM-PR 13.525. CRM-SP 128.736. O “ futuro a Deus pertence.” Este é um ditado importante e frequentemente citado por inúmeras pessoas, no mundo inteiro. Uro-Oncologia é uma subespecialidade que consiste no estudo (principalmente diagnóstico, tratamento e prognóstico) de neoplasias benignas e malignas do trato urinário, genital e retroperitônio. Além deste último, são considerados os seguintes órgãos: adrenal, rim, ureter, bexiga, uretra, próstata, pênis e testículos, sem esquecer das vesículas seminais. Esta subespecialidade tem sua importância, sobretudo devido à incidência destes tumores, tão elevada no ser humano, especialmente no homem. Vinte e cinco por cento dos tumores malignos não cutâneos do homem são representados pela neoplasia maligna da próstata. O Brasil é um país absolutamente fantástico e especial, com uma população sofrida, porém, em geral, muito otimista. Suas dimensões são consideradas continentais. As diferenças socioeconômicas são impressionantes. A concentração do poder é evidente e os mecanismos regulatórios deste estão 6 Prática Hospitalar • Ano XIII • Nº 78 • Nov-Dez/2011 psicológica e economicamente vinculados aos grandes centros, infelizmente. Este aspecto é proporcional ao nosso subdesenvolvimento. Países desenvolvidos não se preocupam com o tamanho das cidades, mas sim com a qualidade dos profissionais. Assim, apresentar linhas, diretrizes sobre o que será o futuro da Uro-Oncologia em nosso país é algo que beira as raias da prepotência. No entanto, ao me deparar com este desafio, tenho intenção de manifestar algumas impressões pessoais e técnicas. Estas impressões são fruto do meu envolvimento com Uro-Oncologia, se me permitem colocar, desde minha infância. Meu pai, Donard Bendhack, falecido recentemente, recebe em outubro do corrente homenagem pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná, devido aos 50 anos de boas atividades profissionais na Urologia, em especial na Uro-Oncologia. O futuro da Uro-Oncologia está relacionado com a dedicação do profissional da saúde para com estas doenças. Os profissionais médicos mais envolvidos são, sem dúvida alguma, os urologistas, os oncologistas clínicos e os radioterapeutas. O futuro não será dominar tecnicamente – apenas e tão-somente – um tipo de cirurgia. O futuro não será saber “remover um órgão pela técnica aberta ou laparoscópica”. O futuro será conhecer profundamente a doença neoplásica, buscar conhecimentos em encontros de alto padrão, ser conhecedor do p. ex. “câncer da próstata”, do seu momento inicial até o óbito do paciente, as consequências de uma ou outra forma de conduta para a vida do paciente. Isto inclui conhecimento de biologia molecular, dos conceitos de “célula-tronco tumoral”, da história natural da doença e dos riscos e benefícios das diversas formas de tratamento que podemos aplicar aos nossos pacientes. Recomendo que, do ponto de vista prático, nossos colegas se dediquem ao aprendizado da ultrassonografia, das técnicas de biópsia, da endourologia, da cirurgia aberta, da laparoscopia, da robótica, dos novos métodos terapêuticos (p. ex. HIFU), da biologia molecular, dos “pathways” e mecanismos reguladores dos ciclos celulares, das novas medicações-alvo utilizadas em uro-oncologia e também da indicação, aplicação e consequências da quimioterapia. Atualmente é possível se dedicar apenas ao campo cirúrgico, em alguns centros, mas a facilidade de se dedicar, se envolver e se satisfazer com a Uro-Oncologia em tempo integral poderá ser mais facilmente atingida com o domínio destes conhecimentos, de forma mais ampla. Acredito ser perfeitamente possível se dedicar integralmente a esta subespecialidade. Ela é muito abrangente e absolutamente capaz de trazer uma realização profissional plena. A UROLA, Associação Latinoamericana de Uro-Oncologia, está vinculada à WUOF (Federação Mundial de Uro-Oncologia). No Brasil os trabalhos estão se desenvolvendo de forma lenta e gradual, porém muito concreta. Os profissionais que desejarem se vincular à UROLA podem procurar informações no site www.uro-onco.org. Gostaríamos também de abrir um canal de comunicação, receber e trocar sugestões e, para isto, colocamos o endereço [email protected] à disposição. Atualmente temos o vínculo e distribuição do “Journal of Urological Oncology” para a América Latina e estamos reativando a “UROLA News” no site já mencionado. Os diversos países da América Latina, especialmente América do Sul, estão sendo integrados para dar corpo à reestruturação da UROLA. Ela está pronta e reconhecida oficialmente. Ela será, ou melhor, é o futuro da Uro-Oncologia na América Latina. Os colegas Gerardo Lopez Secchi (Uruguai), vice-presidente, e Sergio Metrebian (Argentina), secretário científico e presidente do evento 2012, têm prestado excelente suporte para o desenvolvimento neste território. A WUOF tem trabalhado conjuntamente com a SIU (Société Internationale D’Urologie), a UROLA está no mesmo caminho com a CAU (Confederação Americana de Urologia) e com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). Alguns projetos em UroOncologia no Brasil já estão sendo vinculados à UROLA. Já temos o seu corpo administrativo instalado e registrado no Brasil. O encontro anual da WUOF deste ano (2011) será em Berlim e, em 2012, no Japão. O encontro da UROLA (a cada dois anos) será em junho de 2012, na cidade argentina de Córdoba. Gostaríamos de convidar todos os interessados a participar destes encontros, altamente especializados, focados em Uro-Oncologia. Sejam bem-vindos à WUOF, à UROLA, à UROLA Brasil e, enfim, à Uro-Oncologia! t O futuro será conhecer profundamente a doença neoplásica, buscar conhecimentos em encontros de alto padrão, ser conhecedor do p. ex. “câncer da próstata”, do seu momento inicial até o óbito do paciente Prática Hospitalar • Ano XIII • Nº 78 • Nov-Dez/2011 7